Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bruna Costa Wanderley Pediatria Maio/2019 1 PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE 1. CONCEITO: • O termo Pneumonia ou Pneumonite representa qualquer condição inflamatória que envolva os pulmões: – Pleura visceral; – Tecido conjuntivo; – Vias aéreas; – Alvéolos; – Estruturas vasculares. • Pneumonia é uma condição associada a febre, sintomas respiratórios e evidência de envolvimento do parênquima pulmonar (exame físico ou radiografia de tórax). 2. EPIDEMIOLOGIA: OMS • 156 milhões de casos por ano em crianças menores de 5 anos; • 20 milhões necessitam de internação hospitalar; • A maioria das crianças tem de 4 a 6 infecções respiratórias agudas (IRA) por ano; • Apenas 2-‐3% evoluem para pneumonia; • 80% das mortes por IRA é devido à pneumonia. Obs: é muito comum pegar IRA, pouco comum evoluir para pneumonia mas quando evolui a chance de morte é alta. 3. FATORES DE RISCO: • Baixo nível sócio-‐econômico; • Cardiopatia congênita; • Displasia broncopulmonar; • Fibrose cística; • Asma; • Anemia falciforme; • Doenças neuromusculares; • DRGE e fístula traqueoesofágica; • Imunodeficiências primárias; • Tabagismo. 4. PATOGENIA è Proteção respiratória natural: • Nariz o Filtração das partículas • Boca o Produção de IgA e complemento • Faringe, laringe e traquéia o Reflexo da epiglote o Reflexo da tosse o Adesão e expulsão de partículas pelo muco secretado pelas células ciliadas • Pulmão o Substâncias imunes locais (complemento, antiproteases, Ig, lisoenzimas e fibronectina) o Neutrófilos e macrófagos è A infecção ocorre quando um ou mais desses mecanismos estão alterados e/ou são suplantados pela virulência do agente infeccioso. o Infecção viral prévia: § ↑ secreção; § ↓ atividade ciliar; § ↓ da ação bactericida dos macrófagos alveolares; § Alteração da produção de anticorpos. Obs: Quando o paciente possui uma IRA, o corpo se “dedica” a combater essa infecção e as vezes deixa “escapar” outra infecção e por isso se instala a pneumonia. Obs: A ausculta é prejudicava tanto na inspiração quanto na expiração. Como tem líquido no alvéolo, auscultamos estertores. 5. ETIOLOGIA – precisa saber a tabela. • Qual o agente etiológico mais comum nas Pneumonias??? Vírus • Qual agente etiológico BACTERIANO mais comum nas Pneumonias??? Pneumococo • Numa pneumonia complicada com derrame pleural, qual o agente etiológico mais comum? Pneumococo • S. pneumoniae é o agente mais comum de pneumonia bacteriana em crianças. • Vírus podem corresponder de 14 a 35% dos casos de pneumonia, podendo chegar a 50% em crianças menores. • Em crianças maiores de 5 anos, Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae são comuns. 6. CLASSIFICAÇÕES: a) Pneumonia afebril do lactente: o Menores de 1 ano de idade (2 semanas – 4 meses de idade). o Etiologia: Chlamydia trachomatis. b) Pneumonia aspirativa – ppt para o brônquio fonte-‐ direito. o Crise convulsiva o Anestesia o Rebaixamento do nível de consciência o Doença neurológica Bruna Costa Wanderley Pediatria Maio/2019 2 o DRGE o Alcoolismo e abuso de substâncias o Aspiração de corpo estranho Caso: Wilklesom, tem 2 anos de idade. Nas últimas 6 semanas vem apresentando tosse produtiva. Ele foi duas vezes ao HGE e foi tratado como tendo Pneumonia. Na ausculta ele apresenta sons normais em HTE. No HTD você ausculta murmúrios diminuídos durante a inspiração e não ausculta murmúrios durante a expiração. Radiografias de tórax na inspiração (A) e na expiração (B) são mostradas abaixo. Qual a conduta mais apropriada para se chegar a um diagnóstico para Wilklesom? Solicitar broncoscopia – corpo estranho. Etiologia: • Estreptococos anaeróbicos (Ex: Peptostreptococcus) • Fusobacterium spp • Bacteroides spp • Prevotella melaninogenica 7. DIAGNÓSTICO: História Clínica: • Geralmente precedida por uma IVAS • Episódio recente de engasgo • Duração dos sintomas • Vacinação • Contactantes com TB Exame Clínico: • Febre o Não é específico e pode estar ausente; o É um sinal importante para Pneumonia; o Estudo com n=146 pacientes (<5 anos), com febre >39ºC e leucócitos > 20.000, sem nenhum sinal clínico de Pneumonia tinham alterações radiológicas compatíveis com Pneumonia. • Taquipnéia – OBRIGATORIO TER!!!! o Sinal clínico mais sensível e específico em crianças com imagem radiológica compatível com Pneumonia. o É o único sinal que, se ausente, pode excluir Pneumonia. o A FR pode aumentar 10 ipm para cada grau celsius de febre em criança sem Pneumonia. Idade Frequência respiratória <2 meses > 60 ipm 2 – 12 meses > 50 ipm 1 – 5 anos > 40 ipm >5 anos > 20 ipm • Desconforto respiratório – utilizado como critério de gravidade. – Taquipnéia, hipoxemia, uso de musculatura acessória, apnéia e alteração do estado mental. – É mais específico que febre ou tosse para infecção de via aérea inferior. (E:93% -‐ S:59%) – A ausência de desconforto respiratório NÃO EXCLUI o diagnóstico de Pneumonia. • Ausculta pulmonar • Exame pulmonar – Crepitação – Diminuição do MV – Sibilância: agentes atípicos e vírus. – Frêmito tóraco-‐vocal: aumentado nas consolidações e diminuído nos derrames. – Percussão: macicez. SINAIS DE GRAVIDADE • Pneumonia em pacientes <2 meses à SEMPRE Internação!! • Pneumonia em pacientes >2meses Interna SE: – Falha terapêutica ambulatorial; – Doença grave concomitante; – Sinais radiológicos de gravidade; – Desidratação; – Toxemia; – Evidência de Pneumonia por S. aureus. Internação em UTI • Sat O2 < 92% com fração inspirada de oxigênio > 60% • Hipotensão arterial • Evidência clínica de grave falência respiratória e exaustão Bruna Costa Wanderley Pediatria Maio/2019 3 • Apnéia recorrente ou respiração irregular EXAMES PARA DIAGNOSTICO: • Radiografia de tórax – Comprovar diagnóstico. – NÃO FAZER PARA CONTROLE TERAPÊUTICO!!! Porque a imagem da pneumonia, mesmo que tratada, permanece por 6 semanas após o tratamento. – Obrigatório na piora apesar do tratamento clínico. • Hemograma – Não necessário em casos leves. – Leuco < 15.000 è etiologia não bacteriana – Leuco > 15.000 è etiologia bacteriana (M. pneumoniae, Influenza e Adenovirus) – Eosinofilia è pneumonia afebril do lactente – Proteína C reativa: Viral (6x o valor de referencia) x Bacteriana (acima de 6x o valor de referencia). • Hemocultura – para saber o agente etiológico. – Positivo em 10-‐12% dos pacientes. – Aumenta para 30-‐40% se houver empiema ou derrame pleural. – Demora até 7 diaspara ficar pronto. • Culturas: – Nasofaringe – não adianta muito. – Escarro – não adianta muito. – Líquido pleural – é para ser asséptico, se tiver alguma coisa está alterado. • Testes rápidos: – VSR; – Influenza; – Parainfluenza; – Adenovírus; – M. pneumoniae; – Chlamydia spp; – Metapneumovírus humano; • Broncoscopia com lavado broncoaoveolar; faz em ultimo caso. • Punção pulmonar aspirativa; ultimo caso. • Biópsia pulmonar; ultimo caso Para trabalhos científicos. 8. PADRÕES DE PNEUMONIAS BACTERIANAS • Pneumonia lobar; • Broncopneumonia; com brocograma aéreo. (ar dentro da pneumonia) • Pneumonia redonda: causada ppt por pneumococo. • Pneumonia necrotizante; • Granuloma caseoso; • Pneumonia intersticial. 9. TRATAMENTO • Suporte ventilatório, se necessário, para manter saturação igual ou maior de 94%; • Hidratação via oral ou endovenosa. • Nutrição • Fisioterapia • Tratamento febre e dor Tratamento ambulatorial – apenas a partir de 2m de idade. Idade Antibiótico inicial 2 meses a 5 anos Amoxicilina ou Penicilina procaína 6 a 18 anos Amoxicilina ou Penicilina procaína Segunda opção: Macrolídeos Macrolídeos (ex: eritromicina, azitromicina) – utilizado para tratar quadros mais arrastados de pneumonia. Ex: por clamídia. ANTIBIOTICOTERAPIA Bruna Costa Wanderley Pediatria Maio/2019 4 10. COMPLICAÇÕES DAS PNEUMONIAS: • Derrame pleural e empiema; • Pneumonia necrotizante; • Abscesso pulmonar; • Pneumatocele – agente etiológico mais comum Estafilococos. Obs: Abcesso: infiltrado inflamatório ao redor e liquido livre dentro. è Derrame Pleural • Toda criança com derrame deve ser puncionada. • Indicação de drenagem torácica: o Derrames purulentos: todos o Derrames citrinos de grande volume que necessitem de repetidas punções ou com cultura positiva. o Derrames citrinos que preencham 3 ou + dos seguintes critérios: – pH < 7,2 – Celularidade > 10.000 células/mm³ – Glicose < 40 mg/dL – Proteína > 3,5 g/Dl – LDH > 1.000 U.I. É mycoplasma por se tratar de um quadro mais arrastado, menos grave. Normalmente S. pneumoniae não tem simbilância e é mais grave.
Compartilhar