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MARIA KAROLINA PALITOT TEIXEIRA DE CARVALHO DEBORAH CRISTINA NASCIMENTO DE OLIVEIRA MedEasy Primeira unidade Saúde do Adulto Índice MedEasy Farmacologia Patologia Pneumologia Gastroenterologia Reumatologia Oncologia Cardiologia Saúde do adulto DEBORAH OLIVEIRA MARIA KAROLINA PALITOT * Cada subdivisão tem o seu próprio índice Índice MedEasy Fármacos usados na ICC Farmacologia MARIA KAROLINA PALITOT DEBORAH OLIVEIRA Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Farmacoterapia da Insuficiência Cardíaca Definição de Insuficiência Cardíaca: ● Coração é incapaz de bombear sangue a uma taxa compatível com os requisitos dos tecidos do corpo ou pode fazer apenas a pressão de enchimento elevada ● Débito cardíaco baixo reduz fluxo sanguíneo→ gera congestão nos vasos de “capacitância” venosos Congestão na insuficiência cardíaca → edema pulmonar e de membros inferiores Causas: ● Doença cardíaca isquêmica (provoca → IAM) ● Hipertensão ● Infecções virais ● Toxinas ● Drogas (cocaína, anfetaminas, álcool) ● Fármacos anticancerígenos tóxicos Sintomas: ● Fadiga ● Tontura ● Fraqueza muscular ● Falta de ar (agravada pelo exercício físico) ● Congestionamento periférico e pulmonar Fisiopatologia: ● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) (<50%) → anormalidades no componente sistólico ● Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) (>50%) → anormalidades no componente diastólico. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Fisiopatologia IC FE preservada: • Ecocardiografia → 50% pacientes com IC não tem ↓ da FE (FE > 50%) → tem sintomas de IC e prognóstico de sobrevivência semelhante aos pacientes com ICFER. • Associada a HAS, isquemia cardíaca, diabetes mellitus e obesidade (síndrome metabólica). • É mais frequente em mulheres e tem forte aumento na prevalência com a idade. IC FE preservada: • Coração geralmente não está dilatado, espessura parede é aumentada (hipertrofia), átrio esquerdo é frequentemente aumentado (pressões diastólicas cronicamente elevadas) • Comprometimento relaxamento diastólico do VE → causa congestão do pulmão (edema), dispneia. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Fisiopatologia IC com FE reduzida: Farmacoterapia (ICFEP): ● Ausência de dados de ensaio clínico baseados em evidência ● Tratamento das doenças subjacentes (IECA/BRA, BCC, diuréticos, βbloqueadores, antagonistas da aldosterona) Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Farmacoterapia (ICFER): Terapia da IC (passado): ● Medicamentos eram usados para melhorar os sintomas → com base em considerações fisiopatológicas da insuficiência cardíaca aguda sistólica ● Melhora a curto prazo da função hemodinâmica. Terapia da IC (atual): ● Com a era de ensaios clínicos randomizados→ testou-se principalmente os efeitos de drogas em longo prazo ● Redução taxas de morbidade (hospitalizações) e mortalidade Farmacoterapia preventiva (IC estágio A): Aspectos gerais: ➢ Pacientes em estágio A → hipertenso, doença aterosclerótica, diabetes mellitus, obeso, síndrome metabólica, usa drogas cardiotóxicas ➢ Pacientes em estágio A → alto risco de IC ➢ Terapia farmacológica → drogas com efeito sobre o curso natural dessas doenças + mudanças de estilo de vida Fármacos: IECA BRA Estatinas Hipoglicemiantes ● Tratamento (IC crônica - estágios B e C): IECA → indicação para todos os pacientes com IC nos estágios B e C ↓ nível circulante de angII → ↓ efeitos deletérios da ang II Ações cardiovasculares da ang II: ➢ Vasoconstrição ➢ Estimulação da liberação de aldosterona pelas suprarrenais ➢ Efeitos hipertróficos (cardiomiócitos) e proliferativos (fibroblastos) ➢ Estimulação da liberação de NE pelas terminações nervosas simpáticas e pela medula suprarrenal. ● IECA → vasodilatação, ↓ níveis de aldosterona, efeito de anti-remodelamento cardiovascular, efeitos simpaticolíticos (modera a taquicardia reflexa que acompanha vasodilatação e diminuição da pressão arterial) ↑ bradicinina pode contribuir para a eficácia terapêutica de IECA Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Atenção!!! ➔ Início usar dose ↓ → pacientes com IC frequentemente apresentam ↓ pressões de perfusão renal (tratamento agressivo com IECA pode induzir insuficiência renal aguda) ➔ Monitorar a pressão arterial e níveis sanguíneos de creatinina e K+ ➔ Dose de IECA → lentamente aumentada ao longo de várias semanas até alcançar o nível-alvo ➔ Benefícios a longo prazo → efeitos agudos potencialmente perigosos tornam-se benéficos com o uso prolongado. BRA: Melhor tolerados que IECA 2ª opção BRAs → não aumentam a bradicinina (não causam tosse) e não foram consistentemente associados a melhora da sobrevida em pacientes com HFrEF IECA + BRA → não afeta prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca, mas aumenta hipotensão, hipercalemia e disfunção renal. Sistema nervoso simpático (SNS): NE (liberado em varicosidades de nervo adrenérgico) e EPI (secretada pela medula suprarenal) → fortes estímulos da função cardíaca Efeitos → cronotrópico (+), inotrópico (+) e dromotropismo (+) → ↑ débito cardíaco Efeitos extracardíacos → broncodilatação (β2), vasoconstrição (α1), ↑ metabolismo hepático glicogênio e gliconeogênese (β2) e ↑ liberação de renina (β1) β-bloqueadores (SNS): Como um medicamento cardiodepressor pode ser benéfico em uma situação clínica em que o coração já está disfuncional e dependendo das catecolaminas manter o débito cardíaco??? ➔ Grandes ensaios clínicos mostraram prolongamento de 35% da expectativa de vida em pacientes com IC e tratados com β-bloqueadores ➔ Protegem o coração das consequências adversas a longo prazo da superestimulação adrenérgica (↑consumo de energia, fibrose, arritmias e morte celular) Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ➔ Menores frequências cardíacas → economizam energia, melhora a função contrátil, melhoram perfusão do miocárdio por prolongar a diástole, reduzindo a isquemia β-bloqueadores (fármacos): Paciente estável β-bloqueador em baixa dose (1/8 da dose alvo) e dobrar dose 1xmês Indicação→ todos os pacientes com IC sintomática (estágio C) e todos os pacientes com disfunção do VE (estágio B) após IM Antagonistas da aldosterona (aspectos gerais): Devem ser administrados em doses baixas a todos os pacientes IC (estágio C) Usado em dose baixa (usar máximo 50 mg, a dose padrão é 100mg) Que droga é usada? Porque usar? ➔ Espironolactona antagonista mineralocorticóide inespecífico (atua sobre receptores de progesterona e androgênio) ➔ Bloqueio receptores para progesterona e andrógenos → ginecomastia (inchaço doloroso dos seios em 10% dos pacientes) em homens e dismenorréia em mulheres ➔ Eplerenona é seletiva para receptores mineralocorticóide Inibidores de neprilisina e AT1 (INRA): ● Sacubitril/valsartana → ↑ peptídeos natriuréticos e inibe SRAA Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ● Grande estudo comparativo em pacientes com insuficiência cardíaca estável → superioridade dosacubitril/valsartana vs enalapril ● Sacubitril (pró-fármaco que após ativação inibe neprilisina) ● Neprilisina → enzima que degrada e inativa peptídeos natriuréticos (ANP, BNP), bradicinina e substância P → ↓ ANP / BNP ● Sacubitril → ↑ ANP / BNP → ↑ diurese, ↑ vasodilatação, efeitos anti-hipertrófico e antifibrótico. Redução da pré-carga (aspectos gerais): ● Ativação do SRAA e ↓ perfusão renal→ promove sobrecarga de fluido com aumento da pressão de enchimento (↑ pré-carga) e dilatação dos ventrículos na IC ● Edema pulmões e periferia ● Importância dos diuréticos ● Diuréticos não devem ser administrados aos pacientes sem congestão porque eles ativam o SRAA Redução da pré-carga (fármacos): ➢ Diuréticos de alça ➢ Tiazídicos Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ➢ Poupadores de K+ Redução da pós-carga (aspectos gerais): ● Vasodilatadores → prazosina, BCC di-hidropiridina, dinitrato de isossorbida (efeitos insatisfatórios) ● Os prováveis motivos incluem taquicardia reflexa e tolerância (prazosina, dinitrato de isossorbida) e efeitos inotrópicos negativos (antagonistas dos canais de cálcio de di-hidropiridina). ● Benefícios mais satisfatórios → ISRA (1ª opção) ● Hidralazina + mononitrato de isossorbida → eficácia moderada (2ª opção) ● Efeitos adversos frequentes (hidralazina + mononitrato de isossorbida) → tontura e dor de cabeça. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Inotropismo (+): ➢ Uso limitado e em pacientes selecionados ➢ Glicosídeos cardíacos → únicos inotrópicos (+) usados no tratamento da IC crônica ➢ Digoxina reduziu a taxa de hospitalização por IC ➢ Atenção (uso crônico)→ não melhorou expectativa de vida e aumentou taxas de mortalidade. Inotropismo (+) (fármaco): Digoxina IT estreito (Atenção!!!!) Interações importantes → hipocalemia, hipomagnesemia e hipercalcemia Tratamento da IC (resumo) Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Tratamento da IC aguda (estágio D) Fármacos: Diuréticos Inotrópicos (+) Vasodilatadores Vasoconstritores Diuréticos ➢ De alça são mais importantes ➢ Alça + tiazídico (atenção ao monitoramento K+ ) ➢ Redução rápida no volume efetivo em circulação → hipotensão e redução na perfusão renal ➢ Monitoramento níveis plasmáticos de Na+ , K+ , Mg2+ Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Inotrópicos (+) Representantes → dobutamina, dopamina e milrinona Problemas graves → hipotensão e arritmias Aumento de mortalidade a longo prazo Dobutamina (ações): ● Ativa os receptores β1, α1 , β2 ● Inotropismo (+) ● Certo efeito vasodilatador ● Pouco cronotropismo (+) ● Dose (2,5 a 5 µg/Kg/min) → é o agonista βadrenérgico de escolha no tratamento de pacientes com IC com disfunção sistólica ● Efeito principal é o potente inotropismo + (sem alterar a frequência cardíaca de forma significante) → aumento do volume sistólico ● Agonista β2 → vasodilatação arterial (↓ pós-carga) ● Infusão crônica por > 72h → pacientes desenvolvem tolerância Dobutamina (indicações): ★ IC aguda (é a amina mais comumente usada) ★ Choque cardiogênico ★ Choque hipovolêmico ★ Choque séptico (uso de antibióticos) Dobutamina (efeitos indesejáveis): Arritmia Redução da perfusão renal → isquemia Dopamina (ações): Ativa os receptores D1 , β1 , α1 Efeito desejado é dependente de dose Receptores D1 , β1 , α1 Doses (≤ 2 µg/Kg/min) (receptores D1 ) → vasodilatação especialmente nos leitos arteriais esplâncnicos e renais → aumento do fluxo sanguíneo renal e mantém TFG adequada em pacientes com IC Doses (2-5 µg/Kg/min) (receptores β1 ) → inotropismo + → elevação do DC com pouca ou nenhuma alteração na FC ou na RVS Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Dose (5-15 µg/Kg/min) (receptores α1 ) → vasoconstrição arterial e venosa Dose alta → importância em pacientes com hipotensão sistêmica acentuada ou choque cardiogênico → aumento da PAS Dopamina (indicações): ICC grave Choque cardiogênico (↑ menos a FC que noradrenalina) Choque hipovolêmico (antes usar cristalóides/coloides/sangue) Choque séptico (uso de antibióticos) Dopamina (efeitos indesejáveis): Arritmia I-PDE: ● Milrinona ● Uso EV-BIC hospitalar ● Inibe a degradação do cAMP nos miócitos cardíacos → aumenta o cálcio intracelular e a contratilidade → inotropismo + ● Vasos → dilatação tanto dos vasos de resistência arteriolares quanto dos vasos de capacitância venosos → diminuição da pós-carga e pré-carga ● Denominada também de inodilatador Vasodilatadores Doadores de NO são os de maior importância clínica Nitroglicerina Nitroprussiato de sódio Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Nitroglicerina: ● Droga preferível para ↓ pré-carga ● Importante para ↓ congestão pulmonar ● Vasodilatação coronariana potente → efeitos benéficos sobre demanda e suprimento de O2 do miocárdio ● Vasodilatador de escolha → IC grave e doença cardíaca isquêmica EV: (início de ação 1-2 min, duração 3-5 min) → uso em BIC IC aguda → redução da pré-carga (promovem redução da congestão pulmonar. Importância da associação com diuréticos) AI/IMSEST (diminui consumo de O2 )→ usada nas primeiras 24h após início. Após 24h, o paciente assintomático pode passar para uma apresentação oral de nitrato de ação longa. Nitroprussiato de sódio: Potente vasodilatador Uso em BIC Atividade mista sobre os vasos Proteção da luz Indicação → emergências hipertensivas e IC grave Liberação do NO independe de enzimas (decomposição espontânea)→ liberação de NO e cianeto Acúmulo de cianeto (sistema renal??) → arritmias cardíacas, desequilíbrio ácido base, morte Uso a curto prazo ~ 72h Doadores de NO (contra-indicação): Hipotensão Aumento da pressão intracraniana Usuários de I-PDE para tratar disfunção erétil Vasoconstritores ● Fenilefrina ● Noradrenalina ● Usados quando há hipotensão intensa ➔ Não esqueça que você é importante para o mundo! Índice MedEasy Patologia do Câncer Gástrico Patologia MARIA KAROLINA PALITOT DEBORAH OLIVEIRA Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Patologia do Câncer Gástrico ANATOMIA Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ➔ O Adenocarcinoma constitui 90% dos tumores gástricos Pequena percentagem: Tumores neuroendócrinos Linfomas gástricos (MALT – 5%) Tumores mesenquimais (GIST) ● Câncer gástrico precoce – até a camada submucosa ● Câncer gástrico avançado – infiltra a camada muscular própria ETIOPATOGÊNESE: Doença multifatorial: Fatores ambientais (dieta, infecção por H. pylori) Fatores individuais (grupo sanguíneo, polimorfismo de citocinas) Interação ambiente-hospedeiro (condições pré-cancerosas, lesões pré-cancerosas) Fatores ambientais: Dieta Alimentos salgados Contendo compostos mutagênicos: nitratos, benzopireno e derivados (defumados), tanino Dieta escassa em antioxidantes (vitaminas C e E) Atrofia gástrica – acloridria – aumento ph – proliferação bacteriana – conversão de nitratos – nitritos + aminas (nitrosaminas ) – tudo isso é impedido pela ação de antioxidantes! Fatores ambientais: Infecção por Helicobacter pylori: Aumento risco tanto intestinal quanto difuso; Cepas CagA+ Desencadeia: gastrite crônica atrófica Inflamação ativa com neutrófilos que aumentam os níveis de substâncias carcinogênicas indutoras de proliferação celular (derivados da inflamação, radicais livres...) ★ Associação com Linfoma MALTDeborah Oliveira Maria Karolina Palitot Interação ambiente-hospedeiro (condições pré-cancerosas, lesões pré-cancerosas): Condições pré-cancerosas: ● Gastrite crônica atrófica, sobretudo associada à metaplasia intestinal ● Úlcera gástrica (pelo aumento da proliferação celular no reparo) ● Adenomas ● Gastrectomia parcial (possivelmente pelo refluxo intestinal no côto) ● Metaplasia intestinal (quase sempre associada à GCA; sobretudo a MI tipo III é a que aumenta o risco) – é uma resposta adaptativa da mucosa à agressão prolongada por agentes ● Displasia epitelial ● Leve ● Moderada ● Acentuada ASPECTOS MORFOLÓGICOS ➔ MACROSCOPIA ➔ MICROSCOPIA Macroscopia Localização mais comum: Antro Pequena curvatura Corpo Fundo ou cárdia CARCINOMA GÁSTRICO PRECOCE (incipiente): Invasão até a mucosa ou submucosa Diagnóstico é estritamente patológico, baseado na profundidade da invasão CARCINOMA GÁSTRICO AVANÇADO (BORMANN): Invasão já atinge a muscular própria É a forma mais diagnosticada Por que? Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot MACROSCOPIA - BORMANN ● BORMANN I - polipóide ● BORMANN II – ulcerada, predominantemente expansiva ● BORMANN III – úlcero-infiltrativa ● BORMANN IV – linite plástica CARCINOMA GÁSTRICO DA CÁRDIA: ❏ Sua incidência tem aumentado, ao contrário da redução do carcinoma intestinal antral ❏ Podem originar-se no Esôfago de Barrett • Linite : advém da infiltração da parede muscular • Plástica : redução da capacidade e perda dos movimentos peristálticos Microscopia Classificação de Laurén (1965): Adenocarcinoma tipo intestinal Adenocarcinoma tipo difuso Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot CLASSIFICAÇÃO OMS: ● Adenocarcinoma Tubular ● Adenocarcinoma Papilífero ● Adenocarcinoma Mucinoso ● Carcinomas pouco coesos, incluindo carcinoma com células em anel de sinete Adenocarcinoma tipo intestinal Homens Por volta dos 60 anos Associação com GCA e metaplasia intestinal Glândulas mais ou menos diferenciadas, escassa secreção de muco Adenocarcinoma tipo difuso Igualmente ambos os sexos Aproximadamente 50 anos Sem relação com GCA e metaplasia intestinal Células isoladas, com tendência a produzir e acumular muco intracelular – CÉLULAS EM ANEL DE SINETE Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot EVOLUÇÃO LOCAL: Início assintomática ou com sintomas inespecíficos Evolui infiltrando a parede gástrica, à medida que isso ocorre: ● Aumento da probabilidade de metástases ● Diminuição da sobrevida em 5 anos ● CG precoce, por ex., apresenta sobrevida de 99% em 5 anos ● CG avançados, com extensão à serosa, sobrevida cai para 8-20% em 5 anos EVOLUÇÃO POR CONTINUIDADE OU CONTIGUIDADE Invasão de estruturas vizinhas: Peritônio Duodeno Esôfago Omentos Pâncreas Linfáticas: Linfonodos regionais Linfonodos à distância Linfonodo supraclavicular (sinal de Troisier ) Linfonodo periumbilical (nódulo da irmã Maria José) Hematogênicas: Fígado Pulmões Ossos PROGNÓSTICO: ESTADIAMENTO TNM : T : T1, T2, T3, T4 N : Nx, N0, N1, N2, N3 M : Mx, M0, M1 Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Índice MedEasy DPOC e tabagismo Asma brônquica Bronquectasia Abcesso pulmonar Pneumologia MARIA KAROLINA PALITOT DEBORAH OLIVEIRA Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Definição: ● A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma limitação do fluxo aéreo das vias aéreas inferiores, não totalmente reversível, provocada por uma resposta inflamatória a toxinas inalatórias, principalmente a fumaça de cigarro. O processo inflamatório crônico pode provocar alterações nos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). ● “DPOC é uma doença prevenível e tratável. ● É caracterizada por persistente limitação do fluxo aéreo que é usualmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória crônica aumentada das vias aéreas e dos pulmões a partículas ou gases nocivos. ● Exacerbações, comorbidades contribuem para a gravidade nos pacientes individualmente Cerca de 15% dos tabagistas desenvolvem DPOC. Além disso, a DPOC tem uma relação comprovada com atividades laborais específicas, como exposição nas indústrias de borracha, plásticos, couro, têxtil, moagem de grãos, produtos alimentícios, etc. Dos fatores genéticos que podem causar esta doença, inclui a deficiência de alfa-1- antitripsina, que é uma causa importante de enfisema em não tabagistas. O QUE SÃO EXACERBAÇÕES? • Evento agudo. • Mudanças nos sintomas habituais (dispneia, tosse e/ou expectoração). • Justifica alteração na medicação habitual, atendimento em PS e/ou internação. O QUE É EXACERBAÇÃO? • Comumente causada por infecção bacteriana ou viral • Associada a aumento dos marcadores inflamatórios - Frequentemente a exacerbação está associada a piora e progressão da doença: • Piora da qualidade de vida • Acelera a queda da função pulmonar • Aumenta o risco de hospitalização e mortalidade Exacerbação da DPOC é definida como um evento no curso natural da doença caracterizado por uma mudança na dispnéia basal do paciente, tosse e/ou Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot expectoração que está além das variações normais do dia-a-dia, de início agudo, e que pode justificar uma mudança na medicação habitual de um paciente com DPOC. CAUSAS DE EXACERBAÇÃO ★ Respiratórias: infecções, poluentes, pneumotórax, TEP, depressão respiratória (álcool ou drogas), CA. ★ Não respiratórias: IC, cardiopatia isquêmica, infecções em outros sítios, RGE, colapso vertebral, desnutrição, miopatia, pânico. Conduta nas exacerbações: Pontos fundamentais: ★ As exacerbações de sintomas respiratórios que requerem intervenção médica são eventos clínicos importantes na DPOC. ★ As causas mais comuns de uma exacerbação são a infecção das vias aéreas e a poluição do ar; no entanto, a causa de um terço dos casos das exacerbações graves não pode ser identificada (Evidência B). ★ Os broncodilatadores inalatórios (beta2 agonistas e/ou anticolinérgicos), a teofilina e os corticóides sistêmicos, de preferência por via oral, são efetivos no tratamento da exacerbação da DPOC (Evidência A). ★ A ventilação não-invasiva por pressão positiva intermitente (VNPPI) nas exacerbações agudas melhora os gases arteriais e o pH, reduz a mortalidade hospitalar, diminui a necessidade de intubação e ventilação mecânica invasiva e reduz a permanência hospitalar (Evidência A). ★ Pacientes que apresentam exacerbação da DPOC, com sinais clínicos de infecção das vias aéreas (aumento do volume e mudança da cor da expectoração e/ou febre) podem se beneficiar do tratamento antibiótico (Evidência B). Fatores de risco: Tabagismo Poluição extra e intradomiciliar Idade superior a 40 anos. Inalação de gases irritantes ou de material particulado em ambiente ocupacional ou domiciliar (por exemplo, fogões a lenha). Espirometria VEF1/CVF inferior a 0,7 pós-BD. Fatores individuais, como deficiência de alfa-1antitripsina. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Epidemiologia: • O tabagismo é a principal causa de DPOC.• Nos EUA, há 47,2 milhões de fumantes (28% dos homens e 23% das mulheres). • A OMS estima em 1,1 bilhão o número de tabagistas em todo o mundo, com aumento para 1,6 bilhão em 2025. • Em relação à mortalidade, a OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que no ano de 2020 a DPOC será a terceira causa de morte em todo o mundo. • No Brasil, a DPOC é responsável por cerca de 30 mil óbitos por ano. ESTUDO PLATINO • Estudo multicêntrico, transversal de base populacional, para se avaliar a prevalência da DPOC e analisar o impacto desta doença nesta amostra. • Realizado em cinco grandes cidades da América Latina (Projeto Platino : São Paulo, Cidade do México, Montevidéu, Santiago e Caracas. • O estudo constou de aplicação de questionários e espirometria pré e pós-broncodilatador em indivíduos com idade acima de 40 anos, vivendo em residências escolhidas de forma randômica. • Foi utilizada como definição de DPOC a relação VEF1/CVF<0,7 após o uso de broncodilatador. OBS.: Neste estudo a prevaência total da DPOC foi de 15,8%, sendo 18% nos homens e 14% nas mulheres. A distribuição dos pacientes de acordo com o estado de gravidade da DPOC e sendo a classificação do GOLD e da SBPT, mostrou os seguintes resultados de prevalência Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot A inflamação causa estreitamento e obstrução das vias respiratórias, além de hipersecreção de muco, espasmo brônquico, fibrose peribrônquica e destruição das pequenas vias respiratórias. Dois modos de inflamação na DPOC: 1) Doença das pequenas vias aéreas: Inflamação das vias aéreas, remodelamento das vias aéreas 2) Destruição do parênquima: Ruptura das ligações alveolares, redução do recolhimento elástico AMBOS CAUSAM LIMITAÇÃO DO FLUXO AÉREO! Asma e DPOC Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot A presença de hiper-reatividade brônquica na DPOC é frequentemente encontrada, sendo denominada por alguns “bronquite asmática obstrutiva crônica”. A DPOC não acomete somente o trato respiratório, existem efeitos sistémicos devido a doença como a perda de massa corporal. A base do tratamento da asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) repousa sobre broncodilatadores (BD) e glicocorticosteroides inalatórios (GCSi). Na asma, os GCSi são mais importantes; na DPOC, os BD têm maior valor. IMPORTANTE! A asma difere da DPOC em muitos aspectos, desde a epidemiologia (infância e adolescência, associado a história familiar de asma) até o processo inflamatório e, principalmente, pela resposta ao tratamento com corticoide inalatório. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot - Asmáticos com doença não controlada em longo prazo podem ter obstrução ao fluxo aéreo de caráter não reversível (remodelamento brônquico). A normalização dos parâmetros espirométricos após curso de corticoterapia oral ou inalatória exclui o diagnóstico de DPOC. Causas de limitação do fluxo aéreo ● Limitação irreversível Fibrose e estreitamento das vias aéreas Perda do recolhimento elástico devido à destruição dos alvéolos Destruição do suporte alveolar que mantém as vias aéreas desobstruídas ● Limitação reversível Acúmulo de células inflamatórias, muco e exsudato plasmático nos brônquios Contração da musculatura lisa das vias aéreas centrais e periféricas Hiperinsuflação dinâmica durante exercícios físicos Diagnóstico clínico: A presença de sintomas respiratórios em pacientes tabagistas deve sempre levantar a suspeita para o DPOC. A história de exposição à fumaça de combustão da lenha, a poeiras e à fumaça ocupacional deve ser pesquisada. Paciente com história de: ★ Tosse ★ Dispnéia ★ Sibilos ★ Tabagismo Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ★ Exposição ambiental OBS.: O diagnóstico da DPOC é baseado na história e na espirometria Exame físico: ★ Normal / quase Hiperinsuflação ★ MV diminuído ★ Sinais de cor pulmonale OBS.: A DPOC também é uma das principais causas de cor pulmonale, que significa disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar. Isso ocorre pela hipóxia crônica, pois as arteríolas pulmonares sofrem vasoconstrição, levando à Hipertensão Arterial Pulmonar. Radiografia de tórax: ★ Excluir outras doenças ★ Bolhas Hiperinsuflação Espirometria: ★ VEF1/CVF <70% ★ VEF1 < 80% OBS.: Avaliação espirométrica: A espirometria com obtenção da curva expiratória volume-tempo é obrigatória na suspeita clínica de DPOC, devendo ser realizada antes e após administração de broncodilatador, de preferência em fase estável da doença. Os parâmetros mais importantes avaliados são a capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre esses parâmetros (VEF1∕CVF). A limitação ao fluxo aéreo é definida quando esta relação é <0,70 pós broncodilatador. OBS.: O VEF1 é a medida mais simples do grau de obstrução das vias aéreas na DPOC. A redução do VEF1 associa-se com o aumento da mortalidade em DPOC, além Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot do seu papel na identificação da doença e classificação da gravidade. Também se associa à qualidade de vida nesses pacientes. Os sinais de DPOC incluem sibilos, uma fase expiratória prolongada da respiração; hiperinsuflação pulmonar que se manifesta pela atenuação dos sons cardíacos e pulmonares; e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax (tórax em barril). A doença avançada se manifesta com sinais de esforço respiratório (lábios cerrados, uso de musculatura acessória), respiração paradoxal (sinal de Hoover) e cianose. Os sinais de cor pulmonale incluem distensão das veias jugulares; desdobramento da segunda bulha cardíaca, com hiperfonese do componente pulmonar; sopro de insuficiência tricúspide; e edema periférico. Existem dois estereótipos dos pacientes com DPOC: • Pink Puffers: Corresponde aos pacientes enfisematosos. São magros, apresentam pletora e tórax em tonel. A dispneia é tipo expiratória e a ausculta pulmonar revela diminuição dos murmúrios vesiculares. • Blue Bloaters: Corresponde aos pacientes com bronquite. Apresentam hipoxemia grave (cianose) associada ao cor pulmonale, que leva a insuficiência ventricular direita e edema. A ausculta pulmonar é rica em ruídos adventícios. Os pacientes geralmente apresentam uma combinação dos dois estereótipos. Na imagem temos a diferenciação entre paciente Pink Puffer e Blue Bloater. ● Exacerbador frequente ● Caquexia pulmonar ● Respondedores a corticóide inalado Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ● Declinadores rápidos do VEF1 ● Enfisema pulmonar Radiografia de tórax na DPOC ● Excluir, ou definir, outras condições diferenciais ou associadas ● Não exclui a presença de doença ● Não define gravidade da doença - A radiografia pode ainda identificar bolhas, com possível indicação cirúrgica. A tomografia computadorizada é indicada nos casos com suspeita de bronquiectasias ou bolhas. Radiografia nas incidências póstero-anterior e perfil de uma mulher de 71 anos com enfisema, mostrando aumento do volume pulmonar com retificação das cúpulas diafragmáticas. A artéria pulmonar proeminente na incidência póstero-anteriordemonstra hipertensão arterial pulmonar secundária. Diagnóstico da DPOC Associa os sintomas (Tosse Expectoração Dispnéia) com a exposição a fatores de risco (Tabagismo Ocupação Poluição extra e intradomiciliar), realiza-se a espirometria Estadiamento Com base na espirometria, pode-se realizar o estadiamento da DPOC: Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Os pacientes no estádio 1 e 2 devem ser acompanhados pelo clínico generalista. Os pacientes no estádio 3 (pacientes com hipoxemia intensa, mas sem hipercapnia) devem ser acompanhados por especialista. Os pacientes no estádio 4 tem mau prognóstico, devido a apresentarem hipercapnia, ou sinais de insuficiência cardíaca ou ainda dispnéia incapacitante. Exacerbações frequentes levam à progressão da doença: ★ A infecção respiratória é a principal causa de exacerbação da DPOC. Nesses casos, observa-se mudança do padrão de secreção do paciente (de mucoide para purulenta ou) e piora na dispneia. Os agentes etiológicos mais comuns são: Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Moraxella catarrhalis e os vírus respiratórios. ★ Deve-se suspeitar de tromboembolismo pulmonar quando ocorrer a exacerbação da DPOC sem causa evidente ou que não responda à terapêutica instituída. ★ A suspeita de pneumotórax deve ser levantada quando paciente apresenta deterioração grave e rápida. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Aspectos importantes no GOLD ( Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease) 2011 ★ Futuros riscos para exacerbações ★ Sintomas ★ Grau de obstrução na espirometría ★ Presença de comorbidades Classificação de Gravidade Um sistema de avaliação de múltiplos componentes foi desenvolvido pela GOLD para orientar a terapia para a DPOC. O sistema GOLD categoriza os pacientes com base na avaliação dos sintomas e no risco de futuras exacerbações e hospitalizações. Cada paciente é classificado em uma das quatro categorias (A, B, C, D), com base nessas características: ● Os sintomas são avaliados por meio de um instrumento validado, como a escala de dispnéia modificada do Medical Research Council (mMRC) ou o Teste de Avaliação da DPOC (CAT); OBS.: Em lugar de estádio I,II,III e IV são adotados: A, B, C e D Avaliação dos sintomas por meio de questionários Avaliação da dispneia (MRC) Qualidade de vida e sintomas (CAT) Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Exemplo de CAT Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Associação entre sintomas, classificação espirométrica e futuros riscos de exacerbação Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Tratamento da DPOC ★ Objetivos do tratamento: Reduzir sintomas Reduzir risco futuro Redução dispnéia Melhorar capacidade de exercício Melhorar qualidade de vida Redução da queda da função pulmonar Redução das exacerbações Redução da mortalidade É recomendado iniciar a terapêutica broncodilatadora inalatória da exacerbação aguda com o uso associado do brometo de ipratrópio a um β-2 de ação curta. Os corticoides reduzem a taxa de falha terapêutica e o tempo de permanência hospitalar. A medicação mais recomendada é a prednisona via oral 30 mg∕dia ou metilprednisolona 0,5 mg∕kg∕dia. O suporte ventilatório não invasivo está indicado nas exacerbações com hipoventilação alveolar e acidemia. Ela reduz a necessidade de intubação traqueal. Se o paciente encontra-se sonolento e não colaborativo, a intubação traqueal e a ventilação mecânica devem ser consideradas. Hipoxemia refratária à suplementação de oxigênio não é habitual na exacerbação da DPOC, mas se ocorrer também indica a ventilação mecânica. ★ Legenda de medicamentos SABA – Beta-agonista de curta duração SAMA – Anti-colinérgico de curta duração LABA – Beta-Agonista de longa duração LAMA- Anti-colinérgico de longa duração ICS – Corticosteroides inalatórios. PDE-4 inib.- Inibidores fosfodiasterase 4 Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ★ ★ É recomendado iniciar a terapêutica broncodilatadora inalatória da exacerbação aguda com o uso associado do brometo de ipratrópio a um β-2 de ação curta. Os corticoides reduzem a taxa de falha terapêutica e o tempo de permanência hospitalar. A medicação mais recomendada é a prednisona via oral 30 mg∕dia ou metilprednisolona 0,5 mg∕kg∕dia. O suporte ventilatório não invasivo está indicado nas exacerbações com hipoventilação alveolar e acidemia. Ela reduz a necessidade de intubação traqueal. Se o paciente encontra-se sonolento e não colaborativo, a intubação traqueal e a ventilação mecânica devem ser consideradas. Hipoxemia refratária à suplementação de oxigênio não é habitual na exacerbação da DPOC, mas se ocorrer também indica a ventilação mecânica. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ★ Conduta na DPOC Estável: Não-farmacológica Paciente A: Essencial: cessação do tabagismo Recomendada: Atividade física Dependendo das diretrizes locais: Vacinação antigripal e antipneumocócica Paciente B, C, D: Essencial: Cessação do tabagismo e reabilitação pulmonar Recomendada: Atividade física Dependendo das diretrizes locais: Vacinação antigripal e antipneumocócica Pacientes com DPOC têm risco aumentado de: • Doenças Cardiovasculares • Osteoporose • Infecções Respiratórias • Ansiedade e Depressão • Diabetes • Câncer de Pulmão OBS.: Estas comorbidades podem influenciar mortalidade e hospitalizações e deveriam ser investigadas rotineiramente e tratadas apropriadamente. Redução dos fatores de risco: - Pontos fundamentais • A redução da exposição à fumaça do tabaco, a poeiras e produtos químicos ocupacionais e à poluição extra e intradomiciliar são metas importantes para a prevenção do surgimento e da progressão da DPOC. • A cessação do tabagismo é a medida mais efetiva e com melhor custo-efetividade na redução do risco de desenvolvimento de DPOC e na interrupção de sua progressão (Evidência A). Tratamento Farmacológico: ★ Broncodilatadores Os broncodilatadores são a base do tratamento sintomático da DPOC. Drogas inalatórias devem ser preferidas. Os broncodilatadores de ação prolongada são mais convenientes. ★ Corticóides: Corticóide na DPOC estável - Corticóide inalatório VEF1 < 50% e exacerbações freqüentes Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot - Corticóide sistêmico O uso crônico de corticóide sistêmico deve ser evitado devido à relação risco-efetividade desfavorável OBS.: a associação do corticóide com beta-agonistas de ação prolongada, mostra redução da mortalidade, das exacerbações e melhora a qualidade de vida desses pacientes. Oxigenoterapia na DPOC estável A oxigenoterapia tem se mostrado como o principal tratamento para melhorar a sobrevida de pacientes hipoxêmicos portadores de DPOC, com o objetivo de manter SaO2 ≥ 90%. As indicações de oxigenoterapia prolongada domiciliar de baixo fluxo seguem os seguintes achados: • PaO2 ≤55 mmHg ou saturação ≤88% em repouso; • PaO2 entre 56 e 60 mmHg spO2 = 89% com evidências de cor pulmonale ou poliglobulia. Reabilitação pulmonar: Todos os pacientes com DPOC se beneficiam dos programas de treinamento com exercícios, melhorando não só a tolerância ao exercíciomas também reduzindo os sintomas de fadiga e dispnéia. Fatores de mortalidade na DPOC: ↑ Mortalidade = ↓ PaO2 ↑ PaCO2 ↓ Capacidade exercício (TC6’) ↑ Dispnéia ↓ IMC ↓ VEF1 Curva de sobrevida segundo Índice BODE O índice BODE é um sistema de classificação multidimensional que fornece uma informação prognóstica útil em pacientes com DPOC e poderá medir o estado de saúde. No entanto, desconhece-se se o índice BODE é uma ferramenta sensível para predizer o impacto da qualidade de vida nesses indivíduos. Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Material e Métodos Seleção de variáveis para o Índice: B ody-Mass Index IMC Airflow O bstruction VEF1 D yspnea MRC E xercise Capacity TC6’ “Heterogeneidade da DPOC”: Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Tabagismo: Tabagismo mata mais pessoas a cada ano do que: AIDS Álcool Incêndio Homicídio Drogas TUDO ISSO COMBINADO! O cigarro possui mais de 4.700 substâncias. Porém, somente uma vicia: NICOTINA Ação da nicotina no cérebro 1) Nicotina se liga nos receptores cerebrais 2) Estímulo e liberação de substâncias (dopamina) na região de bem estar do cérebro 3) Quando acaba o efeito da nicotina, há redução da dopamina e isto faz com que a pessoa queira fumar novamente: DEPENDÊNCIA Por estes motivos, na maioria das pessoas é necessário uso de medicação para controlar estes efeitos químicos A dependência química da nicotina • Quando há redução dos níveis de nicotina no cérebro, há diminuição da dopamina. • A redução de dopamina gera o desejo intenso de fumar para se obter mais nicotina e levar novamente à sensação de bem estar. Isto vira um círculo vicioso! • Na falta do cigarro por maior tempo, a pessoa apresenta sinais de abstinência: Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot - Tontura - Dores de cabeça - Dificuldade de concentração - Aumento do apetite - Alterações do sono (sonolência/insônia) - Irritabilidade - Depressão OBS.: Por causa dos sinais da abstinência, torna-se muito difícil parar de fumar. Conseqüências do tabagismo ● Repercussões pulmonares • Acelera a queda da capacidade respiratória com a idade • Aumenta o risco de: - • Tosse - • Chiado - • Falta de ar - • DPOC - • Crises de asma - • Infecções respiratórias ● Repercussões cardiovasculares - • Angina • Infarto - • Má circulação periférica - • Trombose venosa profunda (TVP) - • Impotência sexual - • Acidente vascular cerebral - • Tromboangeíte obliterante (amputação de extremidades) ● Fumo e câncer - • Mais de 60 substâncias cancerígenas - • Aumenta risco de câncer em: Boca, língua, gengiva, garganta e traquéia Pulmões Esôfago e estômago Rins e bexiga Colo do útero Outro ● Repercussões na pele - • Rugas prematuras - • Envelhecimento precoce - • Celulite - • Dificuldade de cicatrização Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot ● Fumo e gravidez - • Infertilidade - • Descolamento prematuro de placenta - • Prematuridade - • Baixo peso ao nascer - • Amamentação insuficiente - • Infecções Tabagismo passivo • Fumantes passivos em ambientes fechados inalam mais de 400 substâncias. • Maior risco de câncer de pulmão e IAM. • Crianças têm maior risco de otites, amigdalites, bronquiolites, infecções respiratórias de repetição e crises de asma. Medicamentos para cessação do tabagismo • Terapia de reposição de nicotina Ação longa - Adesivo Ação curta - Goma de mascar • Bupropiona • Nortriptilina • Vareniclina O Tabagismo é uma doença... 10º Código Internacional de Doenças CID F17.1 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo -uso nocivo para a saúde Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Asma Introdução: A asma é uma doença crônica das vias aéreas inferiores, de etiologia desconhecida, e com presença de várias células e elementos celulares. É caracterizada pela inflamação crônica e hiper-reatividade brônquica, além de episódios recorrentes de obstrução generalizada das vias aéreas – que se reverte espontaneamente ou com tratamento. Cursa com broncoconstrição e hiperresponsividade. A hiper-reatividade brônquica se expressa como uma resposta broncoconstritora exagerada a estímulos que, em situações normais, não causariam qualquer sintoma em indivíduos normais. CONCEITO! Asma é uma doença crônica das vias aéreas inferiores caracterizada pela inflamação, hiper-reatividade brônquica e episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas – que se reverte espontaneamente ou com tratamento Características: Doença respiratória crônica: - Inflamação: eosinofílica com ativação de mastócitos liberação de mediadores inflamatórios e resposta imediata e tardia - Hiperresponsividade brônquica - Broncoconstricção Epidemiologia: ★ A asma é um distúrbio extremamente comum. ★ O Brasil ocupa a 8a posição em prevalência de asma ★ O Brasil teve 160 mil internações por asma em 2011, colocando a asma como quarta causa de internações. ★ 330.000 hospitalizações/ano, o que totaliza um custo de 106 milhões (Muito caro) ★ Os meses de outono e inverno possuem taxas maiores de internação, o que destaca o caráter sazonal da doença. Por isso, o local de maior prevalência é o Rio Grande do Sul ★ Aumentou nos últimos 15 anos, explica-se pela teoria da higiene e o uso de aromatizantes e transgênicos; OBS.: A hipótese da higiene propõe que uma falta da exposição aos organismos microbianos (micróbios, ou aos “germes ") nos primeiros anos de uma criança contribua à revelação da asma e de doenças alérgicas ★ Em 2013: - 130.000 hospitalizações - 2.047 mortes ★ Prevalência: - Brasil: 20 % - Mundial: 1,6 a 36,8% ★ Há aumento mundial da prevalência : - Habitação, qualidade do ar Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Fatores de risco: ★ Medicação – não-uso de CI inalatório, má-adesão, técnica incorreta do uso do inalador, uso excessivo de β2-agonista de curta duração. ★ Comorbidades – obesidade, rinossinusite crônica, DRGE, alergia a alimento confirmada, ansiedade, depressão, gravidez. ★ Exposições – fumo, alérgeno, poluição atmosférica. Fisiopatologia e Etiologia: Ainda não se sabe exatamente o que causa a asma, mas sabe-se que existem diversos fatores envolvidos na fisiopatologia da doença, como a hereditariedade – diversos genes são envolvidos na sua patogênese, embora não se tenha encontrado um que isoladamente precipite a doença – fatores ambientais e a obesidade. ★ A principal característica da asma é a inflamação dos brônquios, presente mesmo naqueles oligossintomáticos ou assintomáticos. A mucosa brônquica inflamada gera hiper-reatividade a diversos estímulos, que podem variar entre cada indivíduo. ★ A atopia é o fator predisponente identificável mais forte para a asma. Em mais de 90% das crianças e 60% dos adultos, a asma tem origem alérgica e seu mecanismo envolve a produção de imunoglobulinas IgE. ★ Apesar de a asma alérgica ser o principal mecanismo de patogênese da doença, existem ainda vias que estimulam eosinófilos sem contato com aeroalérgenos, gerando quadro clínico asmático. São substâncias irritantes como cigarro, fármacos poluição, atmosférica, alterações climáticas, exercícios, infecções de vias aéreas, exposições ocupacionais e outros agentes físico-químicos. ★ Já com relação às alterações fisiológicas decorrentes desse quadro, temos que a obstrução do fluxo de ar geraaumento da resistência das vias aéreas e redução da velocidade de fluxo em toda a capacidade vital. Fatores desencadeantes: ★ Poeira doméstica: ácaros, epitélio, barata; maior contato à noite (colchão e travesseiro) ★ Fumaça: tabagismo ativo e passivo, fogão à lenha, queima do lixo; ★ Pólen ★ Fungos ★ AAS, betabloqueadores ★ Mudança climática ★ Infecção das Vias Aéreas Superiores ★ Queima de diesel ★ Exercício físico ★ Fatores ocupacionais Tipos de Asma: 1. Alérgica (Mais comum) Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira A asma alérgica ocorre quando nosso corpo “enxerga” o alérgeno como uma substância potencialmente hostil (embora, na verdade, não seja), e produz o IgE para se defender. O problema é que a IgE em excesso pode desencadear uma inflamação nas vias aéreas, levando a uma crise ou ao agravamento da asma. 2. Não alérgica Processo inflamatório por infiltração do eosinófilo Não possui sensibilidade a um alérgeno em específico. 3. Criptogênica Não tem sensibilidade a alérgeno. 4. Asma ocupacional Relacionada ao trabalho Quadro clínico: ★ Dispnéia, tosse seca, sibilância '' aperto no peito '' ★ Pode haver melhora espontânea ou pelo uso de broncodilatadores ou corticoides Nos períodos intercrise permanece assintomático, exceto na asma grave ★ Há história de atopia em até 80 % dos casos e história familiar de asma e atopia Exame físico não traduz gravidade e pode ser normal, ou apresentar: roncos, sibilos, aumento do tempo expiratório ou silêncio torácico ( grave ) OBS.: Como o quadro clínico pode ser muito variável, um ou outro sintoma podem estar ausentes. ★ Ao exame físico, características comuns são a taquipneia (frequentemente entre 25ipm e 40ipm), taquicardia e pulso paradoxal (queda exagerada da PAS durante a inspiração). A magnitude do pulso se correlaciona com a gravidade da crise. À oximetria de pulso, comumente a saturação se encontra próxima dos 90%. ★ Ao exame do tórax, encontramos uso da musculatura acessória, hiper-insuflação torácica, fase expiratória prolongada, hipertimpanismo à percussão, frêmito toraco-vocal diminuído e presença de sibilos à ausculta. Os sibilos costumam ser difusos e polifônicos, sendo que sua ausência constitui sinal de gravidade, indicando obstrução grave das vias aéreas. OBS.: A associação entre Asma e Rinite alérgica é grande, então é comum achar também sintomas altos, como dupla prega palpebral, fácies de respirador bucal, obstrução nasal, rinorreia. ★ Os achados relacionados a crises graves incluem: ansiedade, sudorese, tiragem intercostal ou supraesternal, inquietação, pulso paradoxal, alteração do nível de consciência e “tórax silencioso”. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira OBS.: Os sintomas são associados com limitação variável do fluxo expiratório, devido a broncoconstrição, espessamento da parede das vias aéreas, aumento na produção de muco. Pode melhorar espontaneamente ou usar corticosteróides. Diagnóstico: ★ Espirometria A espirometria é um exame que avalia a função pulmonar e serve para diagnosticar e monitorar pacientes com asma. Ela documenta a função pulmonar basal, faz avaliação diagnóstica e serve para monitorar os pacientes. Em pacientes asmáticos, a FEV1 diminui com a piora clínica da obstrução aérea e aumenta com o tratamento bem-sucedido. Deve ser utilizada para determinar o grau de obstrução e acompanhar a evolução do paciente. 1. Normal VEF1 = 4L CVF = 5L VEF1/CVF = 4/5 = 0,8 ou 80% 2. Obstrução VEF1 = 1,8L CVF = 3,2L VEF1/CVF = 1,8/3,2 = 0,5 ou 50% Diagnóstico de asma é confirmado pela presença de obstrução ao fluxo aéreo que desaparece ou melhora significativamente após broncodilatador (aumento do VEF1 de 7% em relação ao valor previsto e 200 ml em valor absoluto, após inalação de beta-2 agonista de curta duração) Testes adicionais (quando a espirometria for inconclusiva ou normal) Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira 1. Teste de broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina, carbacol) para demonstrar a presença de hiperresponsividade brônquica Há redução de 20% no VEF1 inicial tem asma. OBS.: Reverte o quadro de broncoconstrição medicando o paciente com broncodilatador no fim do exame. 2. Medidas de VEF1 antes e após o teste de exercício, demonstrando-se após o esforço queda significativa da função pulmonar (acima de 10% a 15%) ★ Medida de pico de fluxo expiratório Esse exame apresenta menos acurácia do que a espirometria, podendo ser utilizado quando esta não está disponível. A medida é feita em equipamentos portáteis que documentam o fluxo em litros por minuto. Não é tão fidedigno ★ Raio-x de tórax É um diagnóstico diferencial, usando principalmente para afastar complicações. A asma no RX tem característica radiotransparente Classificação da gravidade: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Tratamento: 1. Tratamento - controle ambiental Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira 2. VIA PREFERENCIAL DE ADMINISTRAÇÃO ★ Inalatória: - Menor dose: 30 vezes menos - Início de ação mais rápido - Menos efeitos colaterais ★ Dispositivos: - Nebulizadores - Spray - Aerossol dosimetrado - Inaladores de pó seco Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Etapas do tratamento: 3. Antileucotrienos Montelucaste e o Zafirlucaste - diminuem o processo inflamatório - - Utilizados em asma leve, asma induzida por aspirina e exercício físico, asma em crianças, asma associada a rinite e asma grave (poupador de corticóide) 4. Medicação de resgate: ★ SABA (B2 Agonista de Curta Ação) - salbutamol, fenoterol, terbutalina ★ Anti-colinérgico - brometo de ipratrópio (potencializa o B2 e diminui as hospitalizações, escolha na asma induzida por b-bloqueador) ★ LABA (B2 Agonista de Longa Ação) - Formoterol – início de ação em 01 min - Salmeterol – início de ação em 20 min 5. EFEITOS COLATERAIS DOS B2 AGONISTAS ★ Tremores ★ Taquicardia ★ Cefaléia ★ Ansiedade Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Hipocalemia ★ Arritmias graves 6. TRATAMENTO DA CRISE AGUDA ★ BRONCODILATADORES: - SABA - repetido a cada 20 minutos por via inalatória com espaçador. - Pode ser associado a brometo de ipratrópio. ★ CORTICÓIDE SISTÊMICO: - Equivalente a 0,5-1 mg/kg de prednisona - Na alta 20-40 mg de prednisona por 3 a 5 dias ★ OXIGÊNIO CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DA CRISE ASMÁTICA: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Bronquiectasias Introdução: Separa as bronquiectasias entre secundárias à fibrose cística e aquelas não associadas à fibrose cística, denominadas bronquiectasias não fibrocística. Muitas causas podem levar ao desenvolvimento de bronquiectasias, e o paciente geralmente tem sintomas crônicos de vias aéreas, infecções recorrentes e alterações tomográficas compatíveis com a condição. Definição: Dilatação PERMANENTE das vias aéreas O termo bronquiectasia se refere à evidência de dilatação brônquica irreversível, usualmente notada em uma TC de tórax. Existem muitas condições congênitas e adquiridas relacionadas ao aparecimento de bronquiectasias. A hipótese mais aceita para explicar seu surgimento é a que propõe a interação, em diferentes níveis de intensidade, entre uma agressão ambiental e um indivíduo com pulmões congenitamente susceptíveis. A susceptibilidade mais frequente é um comprometimento dos mecanismos de defesa pulmonares, tais como transporte mucociliar e disponibilidade de IgG e anti proteases nos espaços aéreos distais Etiologia: A evidência de bronquiectasias na TCAR costuma ocorrer na investigação de pacientes com tosseprodutiva crônica e/ou repetidas infecções respiratórias em vias aéreas superiores e inferiores, podendo ou não haver alterações no raio X de tórax. Para esses pacientes, recomenda-se a investigação etiológica após a confirmação do diagnóstico pela TCAR. Mais valorizado nas congênitas: fibrose cística Mais valorizado nas adquiridas: Pós infecciosas OBS.: No Brasil, destaca-se ainda a tuberculose pulmonar por se tratar de uma doença de alta incidência e prevalência e que deixa como sequela nos pulmões áreas de extensão variável de dilatações brônquicas crônicas Condições que afetam diretamente a limpeza das vias aéreas, como a discinesia ciliar ou a fibrose cística, também podem ser desencadeantes dos eventos que Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira levam às bronquiectasias difusas. A discinesia ciliar compromete o funcionamento do aparato ciliar e leva ao acúmulo de secreções, sobretudo em pequenas vias aéreas. A fibrose cística, cujo defeito genético resulta em secreções respiratórias mais espessas e de difícil limpeza, apresenta tendência ao acúmulo dessas secreções nas pequenas vias aéreas e maior risco de contaminação bacteriana Um centro de referência em bronquiectasias não fibrocísticas deve ter recursos para realizar uma investigação etiológica adequada que possibilite chegar ao diagnóstico correto, assim como expertise para o manejo terapêutico medicamentoso e não medicamentoso para os diversos níveis de gravidade. A equipe multidisciplinar deve incluir profissionais médicos (pneumologistas e cirurgiões de tórax), enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais. Além disso, deve estar associada a laboratórios de função pulmonar e de microbiologia qualificados e ter acesso a programas de reabilitação pulmonar Epidemiologia: ★ Nas últimas duas décadas ocorreu o aumento da prevalência de bronquiectasia O aumento ocorreu pelos seguintes motivos: 1. Aumento do diagnóstico, antes não havia tanta tomografia e hoje em dia com a TC disponível o diagnóstico aumentou 2. Bronquiectasia ocorre mais na população idosa, e a população tem envelhecido. 3. Aumento de outras condições patológicas que podem se associar ao surgimento de bronquiectasias e uma maior difusão da suspeita diagnóstica Fisiopatologia: O prejuízo dos mecanismos de defesa torna menos eficiente a eliminação de partículas biológicas e não biológicas e gases tóxicos inalados. Esses agentes permanecem nas vias aéreas tanto proximais como distais. Bactérias e vírus retidos proliferam no interior das vias aéreas, mudam a constituição do microbioma normal do pulmão e desencadeiam inflamação. A inflamação prolongada causa lesão estrutural pulmonar e piora ainda mais os mecanismos de limpeza das vias aéreas. Dessa forma, estabelece-se o famoso “círculo vicioso” implicado na fisiopatogenia das bronquiectasias. Uma característica comum a várias das condições associadas ao aparecimento de bronquiectasias é a lesão concomitante de pequenas e grandes vias aéreas. Nem sempre a condição que dispara o círculo vicioso acima descrito pode ser identificada. Nesses casos, os pacientes têm um diagnóstico presumido de bronquiectasias idiopáticas. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ★ Infecções bacterianas: Pneumonias, infecções de via aérea de repetição. tuberculose, essas infecções faz com que ocorra uma inflamação crônica das vias aéreas ★ Mas também há doenças que já iniciam na inflamação das vias aéreas como: Aspergilose broncopulmonar alérgica, doenças do tec. conjuntivo, doenças inflamatórias intestinais, refluxo gastroesofágico ★ Independente da doença de base e de como surgiu a inflamação nas vias aéreas leva a um dano estrutural. OBS.: Esse dano estrutural pode ser também por defeito anatômico congênito, doenças do tec. conjuntivo e doenças inflamatórias intestinais ★ Por consequência do dano estrutural, ocorre ineficiência dos mecanismos de limpeza das vias aéreas que leva a novas inflamações e isso se torna um ciclo vicioso Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Quadro clínico: ★ Tosse crônica produtiva ★ Infecções respiratórias de repetição ★ Condições associadas à etiologia (associada a doença de base) Diagnóstico: Quadro clínico + TC de tórax Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira O diagnóstico se define pela presença de dilatações brônquicas (não reversíveis) na TCAR, de modo que esse é o exame necessário e suficiente para confirmar ou excluir o diagnóstico. ★ E a etiologia?? - Muito importante saber a doença de base pois há tratamentos específicos para cada uma. - Investigação recomendada para descobrir a etiologia: Sangue: IgM, IgG, IgA, IgE total, alfa-1-antitripsina, hemograma Escarro: Investigação para micobactérias, fungos e bactérias Outros: cloro no suor, espermograma (se paciente for do sex. masculino e sem filhos) Cloro no suor: Fibrose cística Espermograma: Discinesia ciliar primária - Atenção para quadro clínico e condições associadas ★ Imagem: Dependendo da gravidade da obliteração bronquiolar, os achados bronco gráficos eram de bronquiectasias cilíndricas (obliteração bronquiolar menos frequente), varicosas (obliteração mais frequente) ou císticas/saculares, nas quais acontecia a obliteração de todas as vias aéreas de menor calibre. Na imagem, faz o comparativo da via aérea com o vaso sanguíneo Sabe-se que o paciente tem dilatação das vias aéreas a partir de quando ele tem uma relação maior do que 1:1 com o vaso sanguíneo adjacente. EX.: o que está de vermelho na imagem é o vaso, o ponto todo branco e ao lado (roxo) tem a via aérea, e percebe-se que quando comparado essa via aérea com o vaso sanguíneo do seu lado tem uma relação maior do que 1:1, ou seja, a via aérea está maior do que o vaso sanguíneo. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Forma cilíndrica/tubulares Forma varicosa: vasos tortuosos, você não consegue identificar direito o que é vaso Forma Sacular/Cística: Muito semelhante a cilíndrica, mas possui paredes finas Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Achados adicionais na TCAR podem sugerir alguma causa específica: ★ Presença de enfisema concomitante é sugestiva de DPOC ★ Evidência de situs inversus ou profusão de nódulos sugestivos de impacção mucóide bronquiolar e em campos inferiores deve remeter à discinesia ciliar, ★ Evidência de traqueomegalia ou pseudodivertículos nas paredes traqueobronquiais deve lembrar a síndrome de Mounier-Kuhn Importante! A distribuição regional das bronquiectasias pode dar informações úteis para o diagnóstico etiológico sobretudo quando seu predomínio é em lobos superiores, achado comum na fibrose cística. O envolvimentopredominante em regiões anteriores (lobo médio e língula) deve remeter a micobactérias não tuberculosas ou panbronquiolite difusa, essa última descrita classicamente em orientais e rara em Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira nosso meio. O predomínio em campos inferiores é comum a várias condições, tais como discinesia ciliar, quadros associados à aspiração crônica (causa que deve ser lembrada em pacientes com alterações do estado mental), comprometimento da deglutição ou doença do refluxo gastroesofágico, bronquiectasias secundárias à hipogamaglobulinemia, imunossupressão e rejeição crônica em pacientes receptores de transplantes (pulmão; medula óssea). O predomínio central com grandes impacções de muco (sinal do dedo de luva) é sugestivo de aspergilose broncopulmonar alérgica. Desafio da imagem: ★ Paciente masculino, 37 anos, com múltiplas infecções respiratórias na infancia, atualmente com quadro de pneumonia comunitária, apresentando a seguinte imagem: a) O paciente tem bronquiectasia? Se sim, qual tipo da bronquiectasia na TC? RESPOSTA: Sim há uma bronquiectasia. Bronquiectasia cilíndrica. na Primeira seta de baixo do lado direito, reparem o tamanho do vaso sanguíneo adjacente e o tamanho da via aérea, a relação está bem maior do que 1:1. É cilíndrica porque a parede é grossa, se fosse cística teria a parede da via aérea bem fina Tratamento: ➔ Acompanhamento do paciente: ★ Avaliação funcional Todos os pacientes com bronquiectasias devem ter avaliação funcional periódica a fim de se detectar o declínio da função pulmonar tão logo haja algum sinal. Para tal, Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira a espirometria com o uso de broncodilatador é satisfatória para a grande maioria dos pacientes. Distúrbio obstrutivo é o achado mais frequente, mas reduções significativas da CVF podem ser encontradas em doença mais avançada, com maior destruição do parênquima pulmonar. Aproximadamente 33% dos pacientes com bronquiectasias apresentam resultados positivos para o teste de broncoprovocação induzida por metacolina ou histamina. O teste de DLCO geralmente é normal, podendo estar reduzido em doença avançada e quando há enfisema associado. O teste de caminhada de seis minutos e o teste incremental de caminhada com velocidade controlada (incremental shuttle walk test) podem adicionar informações funcionais à espirometria. - Prova de função pulmonar com broncodilatador de 6 em 6 meses - Avaliação dos volumes pulmonares anualmente - Teste de caminhada de 6 minutos (ACM) ★ Avaliação Microbiológica: A identificação de micro-organismos potencialmente patogênicos (MPP) nas vias aéreas de pacientes com bronquiectasias é um achado comum que está relacionado a maior inflamação brônquica e, consequentemente, deterioração clínica progressiva. Entende-se por colonização a presença, crescimento e multiplicação de um micro-organismo em um hospedeiro sem que haja qualquer expressão clínica ou detecção de resposta imunológica.(54) Dentro desse contexto, o termo “colonização brônquica” deve ser evitado, pois a presença de MPP em vias aéreas inferiores não é inócua, e, nessas condições, seria mais adequado o emprego do termo “infecção brônquica crônica”. Existem fortes evidências de que esses microrganismos estão associados a declínio acelerado da função pulmonar, maior número de exacerbações, piora da qualidade de vida e maior mortalidade. Entende-se por MPP diversas espécies de bactérias Gram negativas e positivas, micobactérias e fungos que possuem a habilidade de causar diretamente uma agressão pulmonar ● Identificação de microrganismos potencialmente patogênicos ● Quando? Aeróbios procura a cada 3 a 4 meses + exacerbações; Micobactéria/fungos: 6-12 meses ● 4 tipos de infecção que podem ser identificadas pela cultura: 1. Primoinfecção: quando uma primeira cultura positiva é identificada para um MPP que não foi isolado em exames periódicos prévios 2. Infecção brônquica intermitente: quando resultados de cultura para um determinado MPP apresentam-se ora positivos ora negativos em amostras coletadas com intervalos de pelo menos 1 mês após uma primoinfecção 3. Infecção brônquica crônica: quando duas ou mais culturas positivas para o mesmo MPP são encontradas em um período de 12 meses em amostras coletadas com intervalos de pelo menos 3 meses Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira 4. Erradicação: quando um determinado MPP deixa de ser identificado em ao menos duas amostras consecutivas coletadas com intervalo de pelo menos 1 mês num período de 6 meses OBS.: O escarro é o espécime de escolha para a realização de cultura com o intuito de se identificar MPP em pacientes com bronquiectasias. As amostras devem ser entregues imediatamente ao laboratório ou mantidas sob refrigeração sem ultrapassar 3 h de intervalo a partir da coleta ★ Marcadores sistêmicos Os marcadores de inflamação, como a proteína C reativa (PCR) e o número de leucócitos totais, têm relação com a extensão de doença e com função pulmonar mais comprometida. Nos pacientes estáveis, um estudo demonstrou que a maior gravidade das bronquiectasias, avaliada pelo Bronchiectasis Severity Index (BSI) e escore FACED, correlacionou-se com níveis mais elevados de PCR, mas não com a contagem de leucócitos totais ou a razão neutrófilos/linfócitos. A inflamação de vias aéreas tem a predominância de neutrófilos, de modo que algumas citocinas inflamatórias, como IL-1, IL-6, e TNF-α, estão aumentadas, mas a IL-10 está diminuída. No entanto, essas citocinas não são marcadores usados na prática clínica. ➔ Escores de gravidades: ★ FACED e E-FACED: O escore FACED utiliza as seguintes variáveis: VEF1 em % do predito, idade, colonização crônica por P. aeruginosa, extensão de imagem na TCAR de tórax (número de lobos afetados, sendo que a língula conta como lobo independente) e dispneia, avaliada por meio da escala mMRC. O escore E-FACED incluiu exacerbação grave no último ano às demais variáveis do FACED e mostrou-se capaz de predizer, além da mortalidade, o risco de exacerbação. Os escores FACED e E-FACED são fáceis de usar e foram validados em pacientes no Brasil OBS.: Deve-se calcular um escore de gravidade e a estimativa de prognóstico ao diagnóstico do paciente com bronquiectasias. A obtenção periódica do escore (anualmente, por exemplo) auxilia no manejo terapêutico. Até o momento atual, os escores FACED e E-FACED estão validados para a população brasileira. Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Quanto maioro escore, pior prognóstico do paciente ➔ MANEJO TERAPÊUTICO DO PACIENTE ESTÁVEL: Apesar da falta de medicações aprovadas em agências regulatórias para o tratamento de pacientes com bronquiectasias, diversas drogas e estratégias mostraram benefícios na melhora tanto da qualidade de vida como de desfechos clínicos. Por se tratar de uma doença complexa e heterogênea, o tratamento deve ser individualizado considerando as diversas peculiaridades e manifestações clínicas do paciente, além do tratamento para algumas condições específicas. Entretanto, algumas recomendações são importantes para todos os pacientes com bronquiectasias, assim como intervenções direcionadas a fenótipos específicos da doença ➔ Para todos os pacientes, independente da etiologia da doença: - Vacinação para influenza e pneumococo - Cuidado com exposição ambiental/tabagismo - Fisioterapia diária + reabilitação pulmonar - Mucolíticos Para etiologias específicas: Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira ➔ Infecção crônica das vias aéreas ★ Primoinfecção: Existe um consenso entre os especialistas sobre a necessidade de se tentar a erradicação nos casos de primo infecção por P. aeruginosa. Diferentemente da fibrose cística, na qual protocolos de erradicação para P. aeruginosa já foram adequadamente estabelecidos em diversos ensaios clínicos, há escassez de evidências para indivíduos com bronquiectasias não fibrocísticas. No contexto da fibrose cística, os protocolos de erradicação de P. aeruginosa têm sido simplificados a esquemas isolados de antibióticos inalatórios de apenas 28 dias, mantendo-se a mesma taxa de eficácia. Entretanto, a maior parte dessas intervenções ocorre na faixa etária pediátrica, em pacientes com arquitetura pulmonar ainda preservada. Ao contrário, pacientes com bronquiectasias não fibrocísticas comumente apresentam acometimento pulmonar extenso e difuso no momento do reconhecimento da primo infecção por P. aeruginosa. Sugerimos um esquema combinado de antibiótico sistêmico (14-21 dias) associado a um antibiótico inalatório por um tempo maior que 3 meses. Caso o paciente apresente cepa de P. aeruginosa sensível a quinolona, sugere-se iniciar tratamento com ciprofloxacino por via oral, mas esquemas endovenosos podem ser usados, por exemplo, a associação de um beta-lactâmico com ação antipseudomonas e um aminoglicosídeo. No caso de indisponibilidade de antibióticos inalatórios, o tratamento deve ser feito apenas com antibióticos sistêmicos. Recomenda-se a realização de cultura de escarro de controle no período de 2-4 semanas após o término do tratamento. Caso o paciente mantenha a cultura positiva, novo protocolo pode ser tentado até que sejam alcançadas três tentativas de erradicação. ★ Infecção brônquica crônica: Em pacientes com bronquiectasias e infecção brônquica crônica por P. aeruginosa, o uso de antibiótico está associado à redução da densidade bacteriana no escarro, melhora de sintomas e de qualidade de vida, assim como potencial efeito na redução do número de exacerbações pulmonares. Diversas classes de antibióticos e Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira formulações testadas demonstraram benefícios clínicos, sobretudo naqueles pacientes com perfil exacerbador.Entretanto, ensaios clínicos randomizados recentes apresentaram resultados contraditórios quanto à eficácia da via inalatória. No Brasil, a tobramicina e o colistimetato estão aprovados para tratamento da fibrose cística pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e são comercializados no país; outras classes de antibióticos para uso inalatório, como aztreonam e ciprofloxacino (tanto na formulação em pó como nebulizador em lipossomos) não estão disponíveis. ➔ Corticoide inalatório Pacientes com bronquiectasias apresentam inflamação das vias aéreas e, muitas vezes, sintomas semelhantes aos de asma ou DPOC. Uma revisão recente encontrou apenas sete estudos randomizados e controlados por placebo sobre o uso de corticoide inalatório em bronquiectasias. Todos os estudos foram em adultos com doença estável, apenas um deles com mais de 6 meses de duração, e não houve evidências suficientes para a indicação do uso rotineiro de corticoide inalatório. Não há estudos em fase de exacerbação da doença ou em crianças, e os dados sobre efeitos colaterais indesejados são insuficientes.Segundo as diretrizes já citadas, os corticoides inalatórios não têm um papel no manejo rotineiro das bronquiectasias. É recomendado o tratamento rotineiro com esses apenas quando houver associação com asma ou no subgrupo de pacientes com DPOC e indicação para o uso de corticoides inalatórios ➔ Obstrução ao fluxo aéreo ★ Broncodilatadores A maioria dos pacientes com bronquiectasias apresenta obstrução ao fluxo aéreo, mas outros padrões espirométricos (redução de CVF, padrões mistos ou função pulmonar preservada) também podem ser observados. Existem poucos estudos controlados para avaliar a terapia com broncodilatadores em bronquiectasias. Não há evidências para o seu uso rotineiro em pacientes sem dispneia ou sintomas respiratórios, pois não há estudos randomizados e controlados investigando a efetividade do uso de β2-agonistas de curta ou longa duração. Há evidências limitadas e indiretas para o benefício do tratamento de longo prazo com broncodilatadores extraídas de um estudo que comparou altas doses de corticoide inalatório com doses médias da combinação deβ2-agonistas de longa duração com corticoide inalatório ➔ Clearance das vias aéreas Maria Karolina Palitot Deborah Oliveira Nas bronquiectasias, as alterações no clearance mucociliar contribuem para a retenção de secreção e formação de tampões mucosos nas vias aéreas; uma variedade de técnicas foi desenvolvida de forma a otimizar a sua remoção ★ Fisioterapia respiratória ★ Exercício físico/reabilitação pulmonar ★ Agentes osmóticos: Infecção e inflamação reduzem a altura do líquido de superfície das vias aéreas, prejudicando o clearance mucociliar. Há dois agentes hiperosmolares que são mucoativos: solução salina hipertônica e manitol. ★ Mucolíticos ★ Vacinas: Pacientes com bronquiectasias apresentam risco aumentado para pneumonia e elevado número de exacerbações de etiologia viral ➔ Para pacientes graves: Insuficiência respiratória crônica Indicação em: VEF1 menor que 30%, HAP, Hipoxemia crônica ★ Transplante pulmonar: O transplante pulmonar está indicado para indivíduos adultos com doença pulmonar crônica terminal ou evidência de progressão da doença, com risco maior que 50% de mortalidade em 2 anos,
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