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Apostila Didatica_Geral

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Prévia do material em texto

C) DIDÁTICA GERAL
AUTORES
MARIA DE NAZARÉ DE LIMA RAMOS
CARLOS VICTOR LAMARÃO PEREIRA
Didática Geral
125
Introdução
Palavras dos 
professores autores
Introdução
A Disciplina Didática Geral apresenta-se como uma importante 
contribuição no processo de formação do professor através de conhecimentos 
e fundamentos teóricos, buscando possibilitar a compreensão da 
relevância de uma prática pedagógica consciente, criativa e democrática, 
consubstanciada na valorização de si e do outro.
Para tanto, faz-se necessário que saibamos a origem do termo 
e sua significação bem como refletirmos sobre as diversas tendências que 
professores e educadores adotaram no contexto educacional ao longo da 
história.
Um dos pontos relevantes da disciplina é a reflexão da Didática 
enquanto elemento fundamental no processo ensino e aprendizagem, 
em busca de se compreender como o trabalho pedagógico pode ser 
desenvolvido a partir da concepção de que a práxis somente ocorre através 
do entendimento de que o professor, o aluno e o conhecimento não podem 
ser compreendidos de forma dissociada. 
Dessa forma, os fundamentos teóricos trabalhados nesta 
disciplina são conhecimentos pertinentes à reflexão de que a ação do 
professor consciente jamais pode ser concebida como uma ação neutra e 
descomprometida, mas antes uma prática consubstanciada no saber fazer, 
gostar de fazer e no sentir prazer nesse fazer com os outros, de forma 
crítica, criativa e participativa.
Palavras dos professores autores
Caro aluno,
A disciplina que iremos trabalhar apresenta-se como um 
excelente momento para que possamos refletir juntos sobre as diversas 
formas de atuação do professor em sala de aula, além de reconhecermos 
a relevância da tecnologia como instrumento viável e facilitador de nossa 
comunicação pedagógica.
Através de nossas leituras e discussões, espero que você possa 
perceber como as salas de aula podem se transformar em um acontecer 
dinâmico, em cujo espaço transpareça a cumplicidade entre alunos (as) 
e professor (a), nesse eterno buscar, criar, recriar, errar, acertar, vibrar, 
contestar, ousar, assumir, expor-se e sorrir.
Nesse sentido, é válido salientar que para que você assuma 
realmente uma postura crítica e dialógica, faz-se necessário que se sinta 
disponível a adentrar no mundo invisível da criatividade e do virtual, além 
de mostrar sutileza para perceber e entender que a beleza do mundo 
Didática Geral
126
Ementa
Orientações para 
estudo
sensível e criativo não pode ser ensinada, mas despertada e motivada à 
medida que facilitamos a entrada e permanência dos que ousam habitá-lo 
e à medida que oportunizamos aos outros a experimentarem e descobrirem 
suas potencialidades.
Um abraço.
Maria de Nazaré de Lima Ramos
Carlos Victor Lamarão Pereira
Ementa 
A Didática e o processo ensino-aprendizagem. Planejamento didático: 
estudo dos componentes básicos, objetivos, conteúdos, procedimentos, 
recursos e avaliação. Operações de planejamento.
Objetivos de ensino-aprendizagem
1.Compreender o objeto e papel da didática, considerando suas 
diversas concepções e práticas no contexto histórico educacional.
2.Analisar as diferentes concepções pedagógicas;
3.Demonstrar através de atividades compreensão do processo 
evolutivo da didática, considerando a relação intrínseca entre teoria e 
prática;
4.Identificar os componentes do plano escolar, reconhecendo 
sua importância para a sistematização e organização da atuação do 
professor em sala de aula.
5.Refletir sobre a importância do saber fazer, do gostar de fazer 
e fazer com prazer, tanto para aquele que ensina como para o que aprende.
Orientações para o estudo
Caro aluno,
O impresso que você está recebendo está estruturado em 
unidades e subunidades que o auxiliarão na reflexão da atuação do professor 
em sala de aula, buscando promover sua compreensão e identificação 
do objeto da Didática e as diversas concepções e práticas pedagógicas 
adotadas ao longo do contexto histórico educacional.
Para que você possa compreender melhor como esses conteúdos 
estão dispostos e de que forma poderá realizar as atividades solicitadas pelo 
professor, apresentaremos a seguir as unidades do caderno, explicitando 
os caminhos que você deverá seguir para realizar o que lhe for solicitado.
Didádica Geral
127
Unidade 1
Didática
Na primeira unidade, conheceremos a etimologia, o objeto e o 
papel da Didática, através de leitura de texto. 
A segunda unidade apresenta as posturas assumidas pelos 
professores, considerando as diversas tendências vivenciadas no contexto 
pedagógico. É um estudo interessante e motivará você à reflexão da 
prática do professor em sala de aula; sendo, portanto, lembrá-lo de que 
para uma das atividades desta unidade, é necessário que você assista aos 
filmes indicados e disponibilizados no ambiente virtual.
Na terceira unidade, estudaremos os componentes básicos da 
Didática buscando compreender a atuação e a importância de cada um 
no acontecer pedagógico. Após a leitura do texto, participe aos colegas a 
sua compreensão sobre o assunto, através da sala de bate papo e exponha 
suas possíveis dúvidas. As atividades referentes a esta unidade, como as 
outras, deverão ser postadas no ambiente para que o professor (a) possa 
avaliá-las.
Na quarta unidade, refletiremos sobre a relevância do 
planejamento para o professor e os variados tipos de planos que este 
pode utilizar na efetivação e organização de seu trabalho em sala de aula. 
Ao término desta unidade, as atividade solicitadas deverão ser enviadas 
ao professor (a) e as dúvidas poderão ser tiradas através de consultas no 
ambiente.
Na quinta unidade, para que possamos fechar a disciplina de 
forma bastante reflexiva e participativa, discutiremos a diferença entre 
prática e práxis e a diferença que podemos fazer na sala de aula quando 
realmente nos identificamos com o que estamos realizando e, também, 
quando nos comprometemos com todos aqueles que estão realizando 
junto conosco. 
Assim, esperamos que você ao participar de atividades no 
ambiente, socialize suas idéias e reflexões e possíveis dúvidas. Um ótimo 
estudo para você!
Unidade 1 Didática
Síntese: Nessa unidade, você verá uma breve análise histórica da 
ferramenta didática, principal tema de debate de sua disciplina.
O objetivo maior de nossa disciplina é compreender o objeto e 
o papel da Didática, considerando suas diversas concepções e práticas no 
contexto histórico educacional. Para tanto, será necessário que façamos 
Didática Geral
128
Unidade 1
Didática
uma rápida trajetória histórica sobre sua origem e a forma que foi 
compreendida no contexto educativo.
Preparado? Então vamos lá!
De acordo com dados históricos, o termo “didática” vem da 
expressão grega Τεχνή διδακτική. Calma, não presisa se assustar. Pronuncie 
comigo: techné didaktiké; ou seja, arte ou técnica de ensinar. A Didática é 
o componente da pedagogia que tem como objeto os métodos e as técnicas 
pedagógicas experenciadas no processo de ensino e aprendizagem.
Historicamente, Jan Amos Komenský (Figura 1), mais conhecido 
como Comenius - ou mesmo Comênio – consagrou-se como o pai da 
Didática, no secúlo XVII, ao escrever o livro Didática Magna, propondo 
uma educação na qual todos tivessem acesso às ciências e às artes, e as 
experiências do cotidiano fossem consideradas e respeitadas.
Figura 1 - Jan Amos Komenský.
Fonte: Palmer (2011).
Então, de repente até você pode se questionar: quer dizer que 
antes de Comênio não havia Didática?
Ora, certamente que havia. Entretanto, não de forma 
sistematizada, ordenada, e tampouco como uma disciplina pedagógica. 
Os professores até então ensinavam de maneira puramente intuitiva. 
Você pode, então, imaginar a ousadia e a contribuição de 
Comênio à pedagogia ao afirmar e defender que as crianças não poderiam 
ser compreendidas como adultos em miniaturas, e que a escola, não mais 
somente a família, através do ensino formal, auxilia no processo de sua 
formação. 
Pois é, não foi fácil.Mas esse professor de origem checa, 
revolucionou a pedagogia ao apresentar-se como sendo o primeiro 
educador a expressar preocupação em estabelecer a diferença entre o ato 
de ensinar e o ato de aprender. A partir daí, a infância foi concebida de 
outra forma, e as escolas maternais tiveram sua preconização. 
Surge assim, a era da Didática moderna. Atualmente, a Didática 
é mais que uma parte da pedagogia que apenas tem a preocupação com 
Didádica Geral
129
Unidade 1
Didática
método e técnicas de ensino que promovam a praticidade de toda e 
qualquer teoria pedagógica. 
A Didática é mais que isso. Diz respeito à forma como o 
professor observa e compreende o mundo; como se aceita neste mundo 
e compreende os outros que vivem com ele. Diz respeito a saber buscar 
caminhos e sentir-se disposto a caminhá-los. Além disso, é não ter medo 
de mostrar-se sensível e disponível ao outro; é reconhecer que existem 
diversas maneiras de se ver o mundo e que as verdades não podem ser 
compreendidas como absolutas. Segundo Freire (2006) estar disponível é 
estar sensível aos chamamentos que nos chegam, aos sinais mais diversos 
que nos apelam, ao canto do pássaro, à chuva que cai ou que se anuncia 
na nuvem escura, ao riso manso da inocência, à cara carrancuda de 
reprovação, aos braços que se abrem para acolher ou ao corpo que se 
fecha na recusa.
Mas longe de ser um dom, a didática é um acontecer 
esquematizado, organizado e que exige reflexão. Para se concretizar é 
necessário que o ato de ensinar e o de aprender não sejam compreendidos 
como situações consecutivas; ou seja, primeiro o professor ensina para 
que depois o aluno aprenda. O aprender e o ensinar são atos simultâneos, 
pois à medida que ensinamos também aprendemos, seja através de um 
questionamento em sala de aula, uma experiência relatada ou mesmo um 
simples olhar. 
Nas Ciências Agrárias, um exemplo do exposto acima, relaciona-
se a duas situações que comumente o profissional de licenciatura em 
Ciências Agrárias encontrará em sala de aula, onde uma refere-se ao 
conhecimento de senso comum e outra ao conhecimento científico. 
O aluno de Ciências Agrárias traz em si um know how que foi 
passado de geração em geração, por exemplo, sobre um determinado modo 
de manejar uma cultura de mandioca no campo (conhecimento de senso 
comum), sendo que quase sempre tal conhecimento é baseado apenas em 
experiências adquiridas ao longo do tempo. 
Porém, através de uma didática bem desenvolvida e direcionada 
a este aluno, o professor terá que tentar somar esse conhecimento 
adquirido pelo aluno a partir de experiências próprias oriundas do dia-
a-dia no campo ao saber técnico, ou melhor, ao saber da agronomia 
(conhecimento científico). Assim, o aluno terá condições de aplicar, em 
seu cotidiano durante o manejo da mandioca, por exemplo, novas técnicas 
que aprimorarão sua produtividade.
Nesse sentido, podemos dizer que a ação didática encontra-
se estruturada a partir de cincos elementos: o professor, o aluno, os 
Didática Geral
130
Unidade 1
Didática
conteúdos trabalhados, a realidade pedagógica e as metodologias 
utilizadas no contexto escolar. Esses cinco elementos tornam-se fatores 
fundamentais de reflexão quando realmente percebemos e compreendemos 
a responsabilidade que um professor assume ao adentrar a sala de aula.
Tem que partir dele a compreensão de que ensinar é um verdadeiro 
ato de conquista, e que o aluno não é uma presa. Fundamentalmente 
necessita perceber que o ensinar e o aprender merecem um envolvimento 
com olhos nos olhos, com diálogo, com confiança e respeito mútuos.
Só assim o aluno das Ciências Agrárias terá confiança suficiente 
para entender que o ato de preparar a terra para receber as sementes 
deve ser uma ação que necessita estar baseada em estudos profundos 
advindos do conhecimento científico, por exemplo.
Quanto a isso, Freire (2006) diz que o fundamental é o professor 
e os alunos saberem que a postura deles é dialógica, aberta, curiosa, 
indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que 
importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente 
curiosos.
Por tudo isso, ser professor e ser didático não é tarefa tão fácil, 
pois implica em ser ao mesmo tempo compromissado, atualizado, crítico, 
dialógico, dinâmico e, principalmente, capaz de despertar o querer saber 
e o gostar desse querer. Pois, antes de qualquer tentativa de discussão 
de técnicas, de materiais, de métodos para uma aula dinâmica assim, 
é preciso, indispensável mesmo, que o professor se ache “repousado” 
no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É 
ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, re-conhecer 
(FREIRE, 2006).
Então, por que muitos professores não oferecem oportunidade 
para que os alunos se sintam encorajados a perguntar? 
Você já parou para refletir por que vários são os professores 
que ainda deixam claramente evidente à turma que aquele que muito 
pergunta é justamente o que menos sabe na sala de aula? Qual aluno 
gostaria de ganhar tal título? 
Assim, infelizmente, a pedagogia do silêncio toma espaço e a 
pedagogia da pergunta cala diante de tamanha barbárie pedagógica. Por 
isso, refletir sobre a importância da Didática no processo educativo se faz 
tão importante. 
E, para tanto, necessitamos compreender que nós não nascemos 
humanos; nós nos humanizamos à medida que nos relacionamos com os 
outros, mais ainda, à medida que nos tornamos capazes de perceber os 
outros em nós. 
Didádica Geral
131
Unidade 1
Didática
No espaço pedagógico, portanto, não podemos admitir o ato de 
ensinar sem considerar a ação de aprender; pois ambos se concretizam 
através de uma concepção de unidade. Ensinar e aprender são ações de 
um processo de significado real, belo, afetivo e prazeroso. É como Freire 
(2006), em sua Pedagogia da Autonomia, postula que a alegria não chega 
apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. 
E ensinar e aprender não podem acontecer fora da procura, fora 
da beleza e da alegria. O desrespeito quanto à educação, aos educandos, 
aos educadores e às educadoras corrói ou deteriora em nós, de um lado, 
a sensibilidade ou a abertura ao bem querer da própria prática educativa, 
de outro, a alegria necessária ao que-fazer docente. É digna de nota a 
capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular e 
desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria sem a qual 
a prática educativa perde o sentido.
E Snyders (1993) ressalta que é por meio da alegria assim 
sentida – e que provoca o desejo de se envolver numa “interpretação” – 
que o aluno deixa de ser submisso e dominado. Ele concilia em si a parcela 
do sujeito autônomo e a parcela da herança recebida, das influências 
sofridas, da autoridade.
Nesse sentido, professores e alunos devem participar, no cenário 
pedagógico, como atores, atuando sem máscaras. Além disso, eles devem 
utilizar a alegria, o compromisso para consigo e os outros, a confiança e a 
compreensão de que se a sala de aula pode ser percebida como um palco, 
não há atuação solitária, mas atores que agem e interagem, personagens 
de igual significância; palco-platéia, sem mocinhos e bandidos, sem 
vencidos e vencedores.
Quão interessante será quando a partir de uma didática bem 
elaborada e que considere aluno e professor como atores que interagem 
nessa relação importante. No curso de licenciatura de Ciências Agrárias, 
você, professor, poderá ai observar que seus pupilos começam a 
compreender que entender, por exemplo, quais nutrientes e a quantidade 
deles necessários para o bom desenvolvimento de um dado cultivo, não é 
uma escolha aleatória e baseada apenas em percepções; pelo contrário, 
é uma escolha fundamentada em cálculos matemáticos e estudos de solo. 
Em outras palavras, sua didática será aprovada quando esses 
alunos notarem da importância de realizarem pesquisas, tomando o solo 
para se conhecer a concentração de potássio, uréia e outrassubstâncias 
químicas no solo; pois, quando isto ocorrer, eles estarão se servindo de 
cálculos matemáticos para terem noção das necessidades desses nutrientes 
para alavancar a produtividade de uma cultura, como a da banana, por 
exemplo. 
Didática Geral
132
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
Você se recorda de algum momento assim em sua vida 
acadêmica? Espero que sim. Em nossa próxima unidade, você verá como as 
posturas pedagógicas se registraram ao longo de nosso processo histórico 
pedagógico. 
Observará também, através das leituras, que a Didática, assim 
como a Filosofia, deve ser compreendida não como um amontoado de 
teorias, mas pura prática. Afinal de contas, pensar, refletir e procurar por 
respostas, são ações de todo aquele que não aceita o mundo como um 
espaço imutável. 
Até lá!
Unidade 2 Tendências pedagógicas
Síntese: Você estudará nessa unidade o binômio importante existente na 
relação entre comportamento do professor em sala de aula a partir de 
cada tendência pedagógica existente no processo histórico da sociedade.
Na unidade anterior você conheceu como foi importante a 
comtribuição de Comênio no processo educativo e a relevância da Didática 
no processo de ensino e aprendizagem.
Nesta segunda unidade, estendo o convite a você para juntos 
conhcermos e refletirmos sobre o comportamento dos professores a partir 
de cada tendência pedagógica registrada em nossa História, considerando 
principalmente a postura dos professores que atuavam no ensino das Artes.
Mas, antes de adentrarmos nosso estudo, você sabe o que 
significa a expressão tendência pedagógica? 
Se sua resposta for positiva, muito bem. Se você ainda tem 
dúvidas a esse respeito, não se aflija; começaremos nosso estudo dando 
explicação dessa expressão.
Tendência pedagógica nada mais é do que a expressão 
das concepções e práticas, de forma mais ou menos sistematizadas, 
constituidas de diferentes alternativas de organização do processo ensino-
aprendizagem.
Para que possamos, então, compreender como esse fenômeno 
pedagógico ocorre, iniciaremos nosso estudo dizendo que existem 
fundamentalmente duas tendências pedagógicas: uma idealista-liberal e 
outra denominada realista-progressista.
Didática Geral
133
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
Tendência idealista-liberal
A tendência idealista-liberal sustenta que a educação escolar 
por si só pode operar mudanças nas práticas sociais, podendo ser 
compreendida como uma manifestação advinda do sistema capitalista. 
Apresenta-se composta pelas seguintes pedagogias: tradicional, nova e 
tecnicista. 
O acontecer pedagógico em cada uma delas deu-se da seguinte 
forma:
Pedagogia tradicional
Por volta do século XIX, fortificada pelos ideais liberais, a prática 
pedagógica seguiu-se fundamentada numa pedagogia que compreendia a 
escola como sendo a instituição principal e capaz de realizar tarefa de 
educar o homem a partir dos objetivos que o Estado acreditava como 
certos. 
Dessa forma, a grande maioria dos educadores acreditaram e 
defenderam o pensamento de que a escola apresentava-se como o caminho 
mais adequado para o fortalecimento da ideologia do Estado e o resgate 
da moralidade. Esse fato, favoreceu diretamente para que a pedagogia 
tradicional adquirisse caráter de tendência pedagógica.
Assim, essa tendência se fez valer da seguinte forma: em 
sala de aula, os conteúdos eram trabalhados de forma mecanizada, sem 
relação com o cotidiano do aluno, centrado exclusivamente na pessoa do 
professor, assumindo, por sua vez, o papel de dono da verdade. 
A didática nesse período era concebida, segundo Libâneo 
(1994), como uma disciplina normativa, constituindo-se em um conjunto 
de princípios e regras que regulam o ensino. Nesse período, a atividade de 
ensinar é centrada no professor que expõe e interpreta a matéria. Quanto 
ao aluno; bem, ele é um recebedor da matéria e sua tarefa é decorar as 
informações recebidas. Os objetivos explícitos ou implícitos referem-se 
à formação de um aluno ideal, desvinculados da realidade. A matéria de 
ensino é tratada isoladamente, isto é, desvinculada dos interesses dos 
alunos e dos problemas reais e da vida.
A sala de aula era um lugar austero e sem alegria. Era um 
espaço no qual os conhecimentos eram apenas repassados, tidos como 
informações verdadeiras e sem chances de contestação. A esse proceder 
Freire (1981) intitulou de educação bancária, prevalecendo a pedagogia 
do oprimido.
Você já ouviu falar a respeito disso? Pois bem. A educação 
bancária é o processo em que a escola é entendida como uma agência 
Didática Geral
134
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
bancária, o professor é o eterno e único depositante, sendo o aluno 
uma espécie de caixa, com a função única e exclusiva de receber. Daí a 
expressão pedagogia do oprimido. Você pode imaginar um lugar tão triste 
assim? 
Nesse contexto, durante as aulas de história e evolução da 
agricultura, por exemplo, o professor apresentava a ideia de que este 
período foi dividido em antigo, medieval, moderno e contemporâneo, e 
o aluno, sem contestar, tinha que copiá-lo e/ou memorizá-lo por diversas 
vezes, para que, assim, conseguisse compreender esse assunto. Porém, não 
caberia a este aluno indagar o por quê dessa divisão e o que caracterizou 
cada época da história e evolução da agricultura.
O método de ensino, nas palavras de Libâneo (1994), era 
calcado na lógica e sequência da matéria. Isto fazia com que o método se 
consitutisse no meio para que o professor simplesmente comunicasse os 
conteúdos da matéria, não havendo, na realidade, uma preocupação com 
a aprendizagem real dos alunos. Fusari e Ferraz (1993) reforçam essa ideia 
quando colocam que, do ponto de vista metodológico, os professores eram 
simples elementos que informavam conteúdos, sendo eles apreendidos por 
atividades que podiam ser repetitivas, e que tinha por finalidade exercitar 
a vista, a mão, a inteligência, a memorização , o gosto e o senso moral”.
Esta prática pedagógica era fundamentada nos preceitos 
teóricos da estética mimética; ou seja, tentativa de se imitar a natureza. 
Para que você compreenda a origem dessas idéias, basta dizer que surgiram 
de critérios estéticos impostos pela Missão Francesa e diretamente 
influênciados pela concepção do ensino jesuítico. 
Assim sendo, quando o conhecimento era centrado na transmissão 
de padrões inquestionáveis e modelos indicados pelas classes dominantes, 
o ensino em nosso país, infelizmente, apenas tratava em atender a uma 
realidade a qual impunha a valorização do desenvolvimento de habilidades 
técnicas e gráficas, exigência fundamental das indústrias que ansiavam 
por desenvolvimento, por volta de 1816.
Desse modo, geralmente os professores utilizavam exercícios 
e textos padronizados, anteriormente selecionados por eles; o ensino 
era voltado totalmente para o domínio de técnicas e o conhecimento era 
centrado naquele que ensinava. Restava, portanto, aos alunos submeterem-
se à severa autoridade de seu mestre. 
Vale ressaltar que, considerando tal realidade pedagógica, 
o conhecimento técnico não era entendido pelo professor como uma 
junção de meios e atuações necessárias no acontecer expressivo dos 
alunos, mas, contraditoriamente, interpretado como verdades absolutas e 
Didática Geral
135
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
procedimentos altamente corretos. Fundamentava-se com isso a relevância 
do fazer técnico e científico, através de uma pedagogia fortemente 
embasada no reprodutivismo, autoritarismo e necessidades de mercado. 
Pedagogia Nova
Diante do que acabamos de ler sobre a pedagogia tradicional, 
espero que você esteja curioso para saber qual a nova postura adotada 
pelos educadores no século seguinte.
Pois bem, vamos lá. Como uma resposta negativa aos anos e 
anos de tortura pedagógica, na qual o professor garantia a obdiência e 
a passividade dos alunos, um novo pensamento pedagógico propagou-se 
e tomou espaço significativo, na tentativa de se fazer uma verdadeira 
renovaçãono processo de ensino. 
Também conhecida como Renovadora Progressiva, a pedagogia 
nova surgiu no Brasil por volta de 1930, sendo realmente propagada 
durante as décadas de 50 e 60.
Esta tendência expressou-se como uma contradição à pedagogia 
tradicional e abertamente apresentou uma nova dimensão acerca do 
ensino, da aprendizagem, da experimentação e do papel do professor. 
Dentre os mais diversos defensores deste pensamento pedagógico, 
podemos destacar os nomes de Dewey, Decroly e Montessori.
Na concepção de Saviani (1992), essa pedagogia deslocou o eixo 
da questão pedagógica do intelecto para o sentimento; do aspecto lógico 
para o psicológico; dos conteúdos cognitivos para os métodos ou processos 
pedagógicos; do professor para o aluno; do esforço para o inerente; da 
disciplina para a espontaneidade; do diretivismo para o não diretivismo; da 
quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de inspiração filosófica centrada 
na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração experimental, baseada, 
principalmente, nas contribuições da Biologia e da Psicologia.
Na pedagogia novista, foi dado ênfase à expressão como um 
dado subjetivo e individual em toda atividade desempenhada na escola, 
já que os aspectos afetivos ganharam espaço e interesse em detrimento 
dos aspectos intelectuais.
Para que você possa entender melhor a Escola Nova, apontaremos 
três principais aspectos que fundamentalmente a caracterizaram:
* a nova concepção de infância e, respectivamente, a repercussão 
que esta concepção teve no processo educativo;
* a nova concepção do professor e seu papel na educação;
* a renovação da metodologia.
Didática Geral
136
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
A partir desses pressupostos, o ensino, então, preocupou-se 
com o desenvolvimento natural da criança, respeitando suas necessidades 
e aspirações, além de valorizar as variadas formas dela expressar sua 
interpretação de mundo. Razão pela qual muitos educadores procuraram 
conhecer e aprofundar estudos nas idéias de John Dewey, a fim de que 
pudessem melhor compreender o que realmente viria a ser aprender 
fazendo.
 Mas é bom que você compreenda que esse “aprender fazendo” 
não se tratava meramente de “colocar a mão na massa”. 
A esse respeito, Libâneo (1994) diz que a idéia é a de que o 
aluno aprende melhor o que faz por si próprio.
 Não se trata apenas de aprender fazendo, no sentido manual, 
ações de manipulação de objetos. Trata-se de colocar o aluno em situações 
em que seja mobilizada a sua atividade global e que se manifeste em 
atividade intelectual, atividade de criação, de expressão verbal, escrita, 
plástica ou de outro tipo. 
Nesse sentido, numa tentativa de se desvincular, a nova 
concepção de ensino, busca amparar-se numa visão moderna de educação, 
assim, a pedagogia moderna demonstrou interesse relevante pela 
inspiração, sensibilidade, subjetividade e individualidade do aluno. 
É nesse contexto que se valoriza o fazer criativo, a individualidade 
do sujeito, e os envolvidos no processo pedagógico. 
Com isso, o acontecer nas salas de aulas se contextualizam 
assumindo condição mais expressiva, buscando valorizar o crescimento 
ativo e gradual do educando assim como sua espontaneidade nesse 
processo. Durante essas aulas todas as atividades se apresentavam como 
momento oportuno e convidativo a descobertas, autonomia, liberdade de 
expressão e aprender experimentando. 
Sobre isso, Fusari e Ferraz (1992) se colocam dizendo que 
conhecer significa conhecer a si mesmo. Visto como ser criativo, o aluno 
recebe todas as estimulações possíveis para expressar-se. Esse aprender 
fazendo o capacitaria a atuar cooperativamente na sociedade.
A didática da Escola Nova ou Didática ativa, portanto, 
segundo Libâneo (1994), é entendida como “direção da aprendizagem”, 
considerando o aluno como sujeito da aprendizagem. O centro da atividade 
ecolar não é o professor nem a matéria, é o aluno ativo e investigador. 
O professor o incentiva, orienta, organiza as situações de aprendizagem, 
adequando-as às capacidades de características individuais dos alunos.
Em seu discurso ainda sobre a Didática, o autor sabiamente 
expressa que o melhor método é aquele que atende as exigências 
psicológicas do aprender.
Didática Geral
137
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
Você concorda com Libâneo? Espero que sim.
Para que haja uma estreita relação com o que estamos estudando 
e a sua vida, você consegue recordar dos momentos em que sua professora 
oportunizava a hora na qual poderia elaborar uma composição, contar uma 
história de sua autoria, narrar um filme, desenhar, pintar, recortar e colar? 
Pode analisar esses momentos como momentos de prazer, criatividade e 
liberdade de expressão? 
De fato, durante a aula podem sim haver momentos onde o 
prazer e a critividade andam lado a lado. Pensem, por exemplo, em uma 
aula sobre a origem da agricultura. Já sabemos que as mesmas foram 
pontuadas por épocas distintas, mas antes da existência da agricultura, 
como a sociedade se portava ou se organizava para poder se alimentar?
Eis um exemplo de aula que permite a participação dos alunos 
de maneira irrestrita, pois as literaturas da área dão inúmeras informações 
que os alunos de licenciatura em Ciências Agrárias podem utilizar para 
fundamentar seus pensamentos e assim realizar uma discussão bem 
acalorada.
De fato, essa discussão, mesmo sendo para uma área tão 
técnica, pode acontecer não apenas a partir de seminários e conversas, 
mas também a partir de poesias, desenhos, maquetes e muitas outras 
ferramentas.
Mas não pense que já encerramos. Antes mesmo de passarmos 
para a próxima tendência pedagógica, faremos uma breve apresentação dos 
principais defensores da Escola Nova, citados no início desta explicação.
●John Dewey (Figura 2) nasceu em 1859 e até hoje é considerado 
por muitos educadores como o pai do movimento escolanovista ao defender 
que a criança deve ser a meta principal da educação, e que esta, por sua 
vez, atua como transmissor dos ideais sociais.
Dewey sempre defendeu a importância do papel social do 
professor no ambiente escolar, acentuando sua atuação no que diz respeito 
ao favorecer um clima de colaboração de ajuda mútua. 
Figura 2 – Jhon Dewey.
Fonte:Lima (2010).
Didática Geral
138
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
Para ele, a escola podia ser considerada e compreendida como 
uma pequena sociedade e, para tanto, exaltou a relevância da educação 
voltada para o trabalho, a utilização de ferramentas, o trabalho manual, 
as atividades recreativas e o jogo. Afinal de contas, o importante era 
aprender fazendo, e o papel primordial do professor deveria ser o de 
proporcionar um meio que despertasse o aluno a buscar as respostas e ou 
possíveis soluções para a necessidade apresentada.
Em uma forma sistemática de caracterizarmos a pedagogia de 
Dewey, podemos dizer que apresenta-se estruturada em três partes: a 
genética, a funcional e a social.
Sua pedagogia pode ser considerada genética porque defende 
que o processo educativo tem seu ponto de partida no instinto infantil, 
sendo tal processo guiado unicamente pela casualidade e o interesse do 
aluno.
É funcional porque preocupa-se com o desenvolvimento dos 
processos mentais do aluno, considerando essas atividades psíquicas como 
instrumentos necessários no acontecer de sua vida.
 E, por fim, adquire seu caráter social, no momento em que 
entende que o aluno deve experimentar situações que o ajudem a preparar-
se para se sentir capaz de atuar na sociedade.
Dewey foi filósofo e pedagogo, colocou suas idéias em prática 
por volta de 1896 e faleceu aos 93 anos.
●Montessori (Figura 3) tinha origem italiana e nasceu em 1870. 
Diferentemente de Dewey, era médica e seu trabalho inicial foi com 
crianças que apresentavam deficiência mental.
Justamente por isso, seu interesse maior foi buscar meios 
que pudessem proporcionar a essas crianças, condições de se sentirem 
inseridas socialmente, defendendo que o toque apresentava-se comosendo o movimento impulsionador do intelecto, porque é exatamente 
através das mãos que a criança explora tudo a seu redor e torna-se capaz 
de conhecer os elementos que fazem parte de seu mundo.
Figura 3 – Montessori.
Fonte: Grandes... (2008).
Didática Geral
139
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
Acreditando firmemente que assim como a vida, a educação 
jamais poderia ser limitadamente justificada pelas conquistas materiais, 
defendia que todos nós temos um lugar na sociedade e que o trabalho 
gratificante era a base para encontrarmos a paz interior e o caminho para 
encontrarmos nossa capacidade de amar.
A pedagogia de Montessori tem seu ponto de partida no concreto, 
e está fundamentada na idéia de que através da observação a criança que 
experimenta, e se sente estimulada a descobrir, aprende melhor e mais 
rapidamente.
A médica italiana, buscando favorecer um processo de 
aprendizagem mais rico e estimulante, desenvolveu diversos materiais 
didáticos, os quais tornaram-se elementos fundamentais na caracterização 
de seu trabalho. Lamentavelmente e coincidentemente, assim como 
Dewey, faleceu em 1952, aos 82 anos.
● Decroly (Figura 4) foi um médico belga e era um ano mais 
novo que Montessori. Como princípio fundamental de sua teoria, defendeu 
a educação individual, considerando os aspectos físico e psicológico de 
cada criança. 
Dessa forma, postulava que o interesse natural infantil era a 
alavanca principal para o processo educativo acontecer enquanto tal, e 
que isso somente se daria se a infância fosse estruturada num ambiente 
de completa liberdade, capaz de mostrar-se como elemento estimulador 
às atividades criativas.
 
 
 
A pedagogia decroliana, de forma clara e direta, tinha como 
princípio a globalização; ou seja, Decroly acreditava que tornava-se mais 
fácil a criança aprender do todo para as partes, do caos à desordem. 
Nesse sentido, defendia que a aprendizagem da leitura iniciava-se a partir 
de associações de significados, de sentenças completas, desvalorizando 
totalmente os métodos silábico e alfabético. Em 1871, infelizmente, deixa 
sua contibuição registrada na história da pedagogia mundial ao falecer aos 
61 anos. 
Figura 4 – Decroly.
Fonte:Paiva (2007).
Didática Geral
140
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
Pedagogia Tecnicista
Essa pedagogia marcou fortemente o Brasil durante as décadas 
de 60 e 70, momento este em que a educação no país era entendida como 
insuficiente no concernente ao preparo de profissionais que deveriam 
atender à demanda do mercado tecnológico em expansão. 
Desta forma, sob a orientação de uma pedagogia cuja técnica 
era o eixo norteador, os professores sistematizaram de forma racional e 
mecânica, os elementos curriculares mais essenciais à operacionalização 
de seus planos de curso; ou seja, os objetivos, os conteúdos, as estratégias, 
os procedimentos e a avaliação. 
Além disso, como se objetivava expandir a eficiência da escola 
face ao crescimento tecnológico e demonstrar a modernização do ensino, 
o fazer pedagógico não poderia concretizar-se sem o auxílio dos recursos 
audiovisuais oferecidos pela tecnologia.
O ensino centrou-se nas técnicas que deveriam ser utilizadas 
em sala e nas habilidades que poderiam ser desenvolvidas nos alunos; 
sendo delegado ao professor a função de trabalhar conjuntamente com 
seu aluno, o domínio dos materiais que seriam manuseados e utilizados 
nas atividades de “auto-expressão”.
Assim, em sala de aula, os professores interpretavam 
os conteúdos de forma operacional, considerando como aspectos 
fundamentais a serem trabalhados nas atividades em sala (uso de tesouras 
e/ou pincéis) a coordenação motora do educando. 
Em síntese, pode-se dizer que as aulas na pedagogia tecnicista, 
ocorreram de forma fragmentada e superficiais; pois, se por um lado se 
enfatizava um saber baseado na ‘construção’- mas que estava reduzido 
aos aspectos técnicos e uso de material diversificado – por outro, buscava-
se um saber centrado na expressão espontânea – mas que, por sua 
vez, se apresentava grandemente carente de aprofundamento teórico-
metodológico. 
Diante disso tudo, você acredita que os instrumentos tecnológicos 
podem ser utilizados no ambiente escolar de outra forma? Acredito que 
você deva ter muito a pensar sobre isso. Para tanto, reflita sobre o poema:
O homem é técnica.
Os outros são apenas cópias.
São homens-caixa cuja ação é funcional.
Não sabem ser poetas.
Não conseguem romper amarras
Com o pensar e o fazer tradicional.
Didática Geral
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Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
O homem respira.
Mas não exala a liberdade
Do criativo e de pensar o seu fazer
De um jeito novo,
Diferente do já feito,
Fundamentado na essência do prazer.
Tendência realista-progressista
A tendência realista-progressista, por sua vez, mostrando-
se contraditoriamente à primeira, defendeu que a educação escolar, 
embora possua elementos capazes de promover mudanças sociais, jamais 
será auto-suficiente a ponto de conseguir sozinha essa transformação. O 
pensamento defendido é o de que a educação é determinada pela sociedade 
e suas práticas. Esta tendência originou-se a partir das preocupações de 
educadores em relação ao rumo que a educação escolar estava tomando. 
Assim, na tentativa de se estabelecer caminhos que pudessem 
apontar para a melhoria das práticas sociais e o adeus ao pensamento liberal, 
deu-se espaço a novas teorias que, enfim, viessem oferecer condições de 
mobilizar propostas pedagógicas mais críticas e democráticas.
Sua composição apresenta o seguinte grupo de pedagogias: 
libertadora, libertária e histórico-crítica.
Pedagogia Libertadora
Foi proposta pelo educador Paulo Freire (Figura 5) na década de 
60, e o objetivo principal da mesma é a transformação da prática social 
das classes populares através da conscientização e da alfabetização dos 
que se encontram em idade avançada.
Figura 5 – Paulo Freire. 
Fonte: Matuck (2007).
Didática Geral
142
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
Freire acreditava que através da leitura da palavra associada 
à leitura da vida, poderia chegar-se à libertação da ignorância e, por 
conseguinte, da opressão da dominação. Com metodologia dialógica, 
propõe uma relação de confiança, compromisso e respeito mútuo em sala 
de aula, onde a relação professor-aluno aconteça em clima de igualdade 
e consciência crítica.
Consciente de sua prática, o professor deve ser aquele que 
convida e estimula seu alunoseu aluno a compreender que a conscência do 
saber que se sabe encontra-se exatamente na conciência da humildade em 
reconhecer que pouco sabemos e que aprendemos todos os dias, mesmo 
com aquele que é inconsciente de seu próprio saber. 
Ele, o professor, deve encontrar-se sempre disposto a junto com 
seus alunos propiciar, por meio da contextualização histórica e da reflexão 
crítica. Com isso, o professor estaria favoredendo um clima estimulador 
ao debate crítico e à compreensão das relações de classe e poder. 
É correto dizer que ao aluno de licenciatura em ciências 
agrárias exigi-se não apenas o conhecimento teórico, mas também um 
conhecimento mais abrangente sobre a agronomia e sua implicação na 
sociedade e economia regional ou nacional. Portanto, o professor em 
sala de aula, assim como Freire diz, deve sim estimular em seus alunos o 
nascimento de um senso crítico mais apurado no que concerne as ciências 
agrárias.
Através dessa metodologia, durante as atividades realizadas, o 
aluno poderia perceber a importância de participar fazendo; apreendendo 
que através da arte, por exemplo, o homem pode deixar registrados seus 
pensamentos, aspectos culturais e políticos; conseguindo visualizar, ainda, 
que através das diversas modalidades artísticas, o indivíduo pode expressar 
suas alegrias, seus medos, contradições e compreensão do mundo que o 
rodeia. 
Além disso, contextualizando para as Ciências Agrárias, o homem 
também deixou suas impressões, pois na época da agricultura na era 
medieval, por exemplo, a agriculturapassou por mudanças importantes, 
onde a tração animal passou a ser mais utilizada; houve os primeiros 
implementos (uso) de ferro na agricutura, e isso facilitou o preparo do 
solo; o uso de adubo orgânico passou a ser mais utilizado e os habitantes 
daquela época passaram a utilizar com mais frequência a adubação verde. 
Ou seja, os alunos (por quê não considerá-los alunos?) daquela 
época medieval aprenderam novas técnicas e mais ainda, colocaram as 
mesmas em práticas que de certa forma definiram a agricultura de hoje, 
pois houve um aumento da fertilidade do solo e, consequentemente, da 
produção. 
Didática Geral
143
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
Assim, o “aprender fazendo” defendido por Freire pode ser 
perfeitamente aplicado hoje em dia, pois a agricultura carece de alunos 
que ponham em práticas suas ideias muitas vezes restritas a ensaios 
laboratoriais. É papel do professor em licenciatura em ciências agrárias 
despertar esse interesse em seus alunos.
Pedagogia Libertária
Tem como principais representantes, Celéstin Freinet, Maurício 
Tragtemberg, Michel Lobrot e Miguel Arroyo. Seu eixo norteador foi a 
relevância às experiências de autogestão, a não diretividade e autonomia 
experimentadas no contexto escolar. 
Os professores que tiveram suas práticas pautadas na pedagogia 
libertária, depositaram plena credibilidade na independência teórica e 
metodológica, sem mais vínculos às práticas tradicionais e autoritárias 
vividas no passado.
Para melhor entendermos tais postulados pedagógicos, 
citaremos o acontecer de aula segundo os ideais de Freinet (Figura 6).
Toda atividade realizada pelo aluno não incorpora objetivo 
de nota, mas como uma atividade criativa a qual, finalizada, receberá 
comentários críticos e sugestões.
Como a livre expressão, em suas mais diversas formas, é 
concebida como ponto fundamental para qualquer ação educativa, é 
desenvolvida através de atividades prazerosas, dinâmicas e criativas.
Figura 6 – Freinet. 
Fonte: Freinet (s.d.)
 
Na concepção freiniana, a livre expressão é estimulada 
e percebida como elemento propulsor de toda atividade realizada na 
escola; e, embora o professor assuma o papel de assessor técnico em sala 
de aula, esta se configura em uma espécie de oficina, onde quem decide o 
que o vai ser produzido (criado ou pesquisado) é exatamente aqueles que 
vão produzi-lo; ou seja, os próprios alunos.
Didática Geral
144
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas
Esse proceder está fundamentado no pensamento de que tal 
metodologia favorece o respeito aos interesses e ritmos de cada aluno, 
estimula o manuseio de materiais variados, além de proporcionar 
condições, através da livre escolha de atividades, para o exercício de sua 
autonomia e trocas de experiências.
Pedagogia Histórico-Crítica
É também conhecida como Pedagogia Sóciopolítica ou Crítico-
Social dos Conteúdos e teve origens no final da década de 70, quando 
um grupo de professores começou a denunciar a escola sendo um veículo 
reprodutor das desigualdades sociais. 
No início dos anos 80, esses professores perceberam que 
denunciar apenas não mudaria os rumos da educação escolar pública, 
mas que se faziam necessárias a mobilização política dos professores e a 
conscientização da importância para a escola das práticas sociais; passos 
esses de fundamental importância para se alcançar uma educação escolar 
realmente competente.
A pedagogia histórico-crítica, segundo Saviani (1980), 
apresenta-se revestida de métodos que estimulam as iniciativas do aluno 
e professor, assim como a relação dialógica entre a cultura acumulada 
ao longo da história e as práticas sociais em processo (saber socialmente 
significativo).
É uma tendência pedagógica que procura respeitar o aluno 
partindo do ponto de vista que ele é um ser consciente e crítico de suas 
ações, e pode participar do processo educativo de forma mais ativa e 
critica.
Nesse contexto, o professor articula o conteúdo programático 
à contextualização histórica, estimulando o aluno a viajar na história e 
a perceber as infinitas possibilidades de expressão humana, através das 
variadas formas de se estimular a expressão. 
Até hoje, a pedagogia histórico-crítica é tema de discussões 
e amplos debates por grupos de educadores interessados em encontrar 
caminhos que indiquem possibilidades de transformação, contextualização, 
conscientização e qualidade do ensino na escola pública.
Você já pensou como seria prazeroso aprender Formas de 
Agricultura a partir de outras linguagens? Sabe-se que a agricultura pode 
ser apresentada através de diferentes fases de seu aperfeiçoamento, e 
mostrar as formas que correspondem aos vários estágios de sua evolução. 
A partir disso, a literatura diz que existem três tipos de 
agricultura, sendo elas: agricultura extensiva (Figura 7), agricultura 
intensiva (Figura 8) e agricultura itinerante (Figura 9). 
Didática Geral
145
Unidade 2
Tendências 
pedagógicas 
Figura 7 – Agricultura extensiva. 
Fonte: Mabiala (2010).
Figura 8 – Agricultura Intensiva. 
Fonte: Agricultura... (2002).
Figura 9 – Agricultura itinerante. 
Fonte: Torres (2011). 
Assim, a partir da observação dos exemplos, há possibilidade 
de caracterizar cada tipo de agricultura apenas pela observação de 
fotogramas? Você identifica a aplicação de uma delas em sua cidade? O 
conhecimento adquirido em sala de aula sobre esse tema não pode ser 
medido com uso dessa metodologia de ensino?
 Essa mesma metodologia pode ser aplicada para diferentes 
assuntos das ciências agrárias, querem ver?
Didática Geral
146
Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
Pensem em como seria interessante estudar o tópico Limpeza 
da área para plantio a partir da observação de fotogramas de áreas de 
palntio já existentes. 
O tópico Tipos de vegetação natural também pode ser 
ensinado a partir desse novo tipo de metodologia, pois pela observação de 
fotogramas, os alunos saberiam reconhecer mata virgem, mata secundária, 
capoeira, cerradão, cerrado e campo limpo.
A sugestão aqui não é o suprimento da aula teórica, mas tornar 
esta mais divertida ao aluno. Os exemplo citados servem para ressaltar a 
característica da pedagogia discutida nesse subtópico.
Gostaram desse experimento? Não é tão fácil deixar a aula de 
agronomia mais envolvente!
Em nossa próxima unidade estudaremos os componentes básicos 
da Didática. Você sabe quais são?
Não responda agora. Isso é assunto para nossa próxima unidade. 
Até lá.
Unidade 3 Os Componentes básicos da Didática
Síntese: Nesta unidade você terá acesso às características principais da 
diática e sua estreita correlação com o ensino.
Agora que você já sabe como se caracterizou a postura dos 
professores de acordo com cada uma das tendências pedagógicas, 
passaremos a estudar os componentes básicos da Didática.
Para tanto, se faz necessário lembrar que o objeto da Didática, 
ou seja, o tema principal da Didática é o processo de ensino. Ainda não 
sabe o porquê?
Ora, simplesmente porque é justamente no processo de ensino 
que se evidenciam as atividades pedagógicas articuladas pelos professores, 
a relação professor/aluno, as posturas desses profissionais, os métodos 
que eles utilizam, quais os objetivos apontados e almejados, além dos 
caminhos que norteiam a prática e o processo educativos.
Sendo assim, para que você compreenda de uma forma bem 
simples, começaremos nosso estudo por partes. Preparado? Então, vamos 
lá.
A palavra educação advém da conjunção de dois verbos latinos: 
educere + educare. E se formos tentar entender seu significado da forma 
mais pura possível, podemos dizer que, na verdade, há duas formas 
etimológicas.
Didática Geral
147
Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
A primeira concebe o termo educar como sendo o ato de “tirar 
de dentro”; ou seja, colocar para fora o que o indivíduo guarda dentro de 
si.
A segunda, por sua vez, buscando a raiz etimológica da palavra, 
indica que seu significado encontra-se no ato decuidar, amar, amamentar. 
Assim, os termos educador (educator) e educadora (educatrix) têm suas 
origens no verbo educare (educar).
Mas, você deve estar perguntando aos seus “botões”: e a palavra 
professor? De onde vem? Ser professor é o mesmo que ser educador? Reflita 
um pouquinho sobre isso, mas não se desespere se não conseguir chegar a 
uma resposta definitiva. Lembre-se de que para tudo há uma explicação. 
Por isso, respire fundo e vamos continuar nossa leitura.
Pois bem, embora muitos compreendam que o termo professor 
significa “jardineiro”, e que também advenha do termo latino educatore, 
é mais certo dizer que esta palavra tem origem no verbo latino profiteri 
que, por sua vez, está diretamente relacionado com o ato de confessar 
os votos religiosos ou mesmo escolher e declarar um determinado estilo 
de vida; forma de vida esta que ao ser adotada exigia total dedicação e 
doação, daí estar ligada diretamente à questão religiosa. 
Segundo Rossato (2002), no começo, portanto, professor era 
aquele que se identificava por um modo de vida próprio e que tinha um 
estilo próprio de viver. Havia, pois, uma identidade entre profissão e vida, 
e professor era aquele que tinha uma doutrina própria e oferecia algo de 
novo aos seus alunos, formando discípulos e seguidores. Somente mais 
tarde, passou-se a aceitar e designar como professor todo aquele que se 
dedicava ao ensino.
Dá para imaginar agora de onde surgiu aquela velha idéia de 
que o “magistério é um sacerdócio”? Talvez seja exatamente por isso que 
algumas pessoas queiram acreditar até hoje que nosso salário deva ser 
apenas uma contribuição pastoral mensal.
Mas, e você? Considerando a explicação dos termos professor e 
educador, consegue encontrar diferença?
Para que tudo fique exatamente claro, podemos dizer que, numa 
visão atual, o termo professor está direcionado àquele que tem a profissão 
de ensinar, e o educador àquele que, sem ter a intenção de ministrar aula, 
orienta e cuida. Por exemplo, nossos pais podem não ser professores, mas 
nos indicam os caminhos que acreditam ser os certos a seguir, procuram 
nos proteger de qualquer mal, explicam como compreendem o mundo 
e se responsabilizam por nosso bem estar geral. Assumem, portanto, a 
condição de educadores em nossas vidas.
Didática Geral
148
Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
Ao fazermos parte de uma instituição denominada escola, quem 
nos orienta é aquele que estudou para isso. É aquele que além de fortificar 
os conceitos e regras sociais já introduzidos em casa, estimula novos 
caminhos para novos saberes, utilizando-se de métodos e metodologias 
que favoreçam e despertem novas formas de se entender o mundo além 
das de nossos pais.
Mas você ainda pode estar se perguntando: pode um professor 
ser educador? Obviamente que sim, embora não necessariamente. Você 
em algum momento já foi os dois? 
Bem, mas como ainda estamos trabalhando em cima de 
conceitos, e agora já discutimos sobre o que é ser educador e professor, 
vamos conhecer a origem do termo educando.
Se formos buscar a origem etimológica desta palavra, iremos 
novamente encontrá-la no verbo latino educare. E se nos ativermos apenas 
ao Aurélio, poderemos simplesmente dizer que educando é aquele que 
“está sendo educado”.
Então educando é o mesmo que aluno? Num sentido de 
designação, sim. Mas no etimológico, não. Compliquei? Então, não fique 
nervoso. Procure esticar o corpo, dê um suspiro profundo e tenha fé. Sua 
explicação vem agora.
Preparado? Pois bem. Quando disse que educando e aluno 
possuem origens etimológicas bem diferentes, foi porque realmente têm.
Etimologicamente, a palavra aluno tem origem latina (a = 
sem, ausente / luno = luz), significando, portanto, aquele que não tem 
conhecimento, aquele sem luz.
Mas se há muito Piaget comprovou cientificamente que quando 
nascemos jamais poderemos ser considerados tábulas rasas, então 
também não podemos da mesma forma aceitar a idéia de que ao irmos 
para a escola não sabemos absolutamente de nada; ou seja, não possuímos 
nenhum saber ou experiência que nos leve a tal.
Assim, como em todos os momentos de nossas vidas estamos 
aprendendo a conhecer o mundo e os outros e, mesmo sem percebermos, 
estamos mostrando algo novo para alguém, indicando algum caminho, 
ou promovendo mudanças, indiscutivelmente, jamais deixaremos de ser 
alunos e professores, jamais poderemos deixar de reconhecer que à medida 
que promovemos mudanças nos outros, estamos, conseqüentemente, 
também nos mudando. 
Segundo Freire (2006), ensinar inexiste sem aprender e vice-
versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e 
homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente 
Didática Geral
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Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que 
era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de 
ensinar.
Mas para que isso aconteça de forma consciente, se faz necessário 
aceitarmos o fato de que não conhecemos tudo e que tampouco alguém 
tem desconhecimento total de algo. É preciso que sejamos sensíveis o 
bastante para percebermos que o processo ensinar e aprender só ocorre 
plenamente quando quem ensina tem a humildade de reconhecer seus 
próprios limites, e quem aprende necessita estar disposto e aberto a esse 
aprender. 
Pois, quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina 
ao aprender. Quem ensina alguma coisa ensina a alguém. Por isso é que, do 
ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. 
Verbo que pede um objeto direto – alguma coisa – e um objeto indireto – a 
alguém (FREIRE, 2006).
Assim, se formos analisar a ação pedagógica, podemos chegar 
à conclusão de que esta pode ser considerada num verdadeiro ato de 
conquista; pois professor e aluno precisam do “olho no olho”, da confiança 
mútua, do querer ficar com, do gostar de estar junto, de demonstrar 
interesse pelo interesse do outro, do procurar chamar a atenção e desejar 
fazer parte fazendo sua parte junto. 
É como eu disse: verdadeiro ato de sedução. Mas uma sedução 
crítica, pedagógica, democrática e consciente de seu próprio poder e 
extensão. Do contrário, está tudo perdido e a relação transforma-se em 
puro ódio e desejo de extermínio. Sim, porque se isso acontece, acaba-se 
com o desejo de descoberta, com o incentivo à construção, a vontade de 
aprender fica terrivelmente abalada e a motivação para ensinar apresenta-
se seriamente comprometida.
E é exatamente neste momento que podemos começar a falar 
sobre a importância do método. O que é método? Você já parou para 
refletir se existe diferença entre método e metodologia?
Se recorrermos a Ferreira (1993, p.56), veremos que entre os 
vários conceitos do termo método, podendo destacar os seguintes: “[...] 
procedimento organizado que conduz a um certo resultado”, e “[...] 
processo ou técnica de ensino”. 
Quanto à palavra metodologia, o autor citado explica que 
podemos entender como sendo “[...] conjunto de métodos, regras e 
postulados utilizados em determinada disciplina e sua aplicação”. (1993, 
p.56).
Assim, em uma linguagem mais simplificada, podemos 
compreender método como um determinado caminho que alguém nos 
Didática Geral
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Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
indica para chegarmos a algum lugar desejado; e metodologia como 
sendo a forma que iremos realizar nossa caminhada, pois ao fazê-la 
estaremos considerando nossas experiências, concepções que já temos e 
o conhecimento adquirido em outros caminhos anteriormente percorridos.
Vejam um exemplo prático em ciências agrárias, no que 
concerne, por exemplo, ao ensino da propagação vegetativa assexuada das 
plantas correlacionada com método e metodologia. Em um experimento 
em campo, como trabalhar isso? Qual (is) método (s) pode (m) (riam) ser 
utilizados pelo professor para fazer o aluno entender esse assunto?
É fácil, vejam só: de fato existem diversos métodos que o 
professor de licenciaturaem ciências agrárias pode trabalhar com seus 
alunos para enfatizar esse assunto, entre eles: estaquia, enxertia, 
mergulhia, alporquia, divisão de touceira, brotações laterais e 
poliembrionia. Mas e a metodologia, de que forma ela estaria embutida 
em cada um desses métodos de propagação vegetativa assexuada das 
plantas? É simples, a metodologia vai estar inserida no roteiro preparado 
pelo professor aos alunos durante a condução prática de cada método. Por 
exemplo, a metodologia para o método de mergulhia (Figura 10) consiste 
em se dobrar os ramos da planta até o solo e enterrar uma parte deste 
ramo para que o mesmo forme raízes. 
Figura 10 – Técnica de Mergulhia.
Fonte: Oliveira (2010). 
Após a formação das raízes, o ramo é separado da planta matriz, 
e ele enraizado passa a formar uma muda, que será plantada para formar 
uma nova planta.
Ficou claro agora? Espero que sim. Mas se ainda lhe resta 
alguma dúvida, assista ao filme “O clube do Imperador” e perceberá que, 
embora o método de ensino adotado pela Escola “San Beneditict” tenha 
sido o tradicional, a metodologia utilizada pelo professor H. respeitava 
uma concepção metodológica bem mais moderna.
Você pode lembrar-se do método que sua professora ou professor 
utilizou quando aprendeu ler as primeiras palavras? Foi pelas sílabas, pelo 
alfabeto, pelos sons ou por sentenças? Poderia recordar a forma como 
Didática Geral
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Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
ela tomava sua lição, o jeito que tratava a turma e a forma como ela 
costumava falar? Às vezes, essa relação nos marcou como um acontecer 
tão gratificante e saudoso, que chegamos até a lembrar-lhe do nome.
Por isso, a prática pedagógica deve ser sempre um eterno 
refletir. O professor educador é aquele que tenta sempre fazer o certo sem 
ter medo de analisar mais tarde o que fez de errado. É aquele que está 
constantemente buscando respostas reconhecendo, ao mesmo tempo, que 
as verdades não são absolutas; que não existe um só caminho, mas sim 
muitas maneiras deste caminho ser percorrido.
Entretanto, infelizmente, o número de profissionais da educação 
adeptos da “pedagogia cuscuz” ainda é reconhecidamente grande. 
Você já ouviu falar da pedagogia cuscuz? Acredito que não, 
embora já deva haver experimentado tal processo. 
Bem, é muito simples: na pedagogia cuscuz o professor na sala 
de aula acredita firmemente que sua postura pedagógica está abafando. 
E está, só que os outros. A sala de aula torna-se um ambiente sufocante, 
onde os alunos se sentem reféns do professor – e este, indiferente ao 
contexto, ainda sai com a consciência tranqüila, acreditando que fez 
tudo isso para o bem dos educandos e que seu fazer em sala de aula é 
simplesmente o “máximo”.
Tente lembrar-se de uma situação assim. Não precisa ser 
exatamente em uma sala de aula; pode haver acontecido num grupo de 
amigos ou mesmo em casa com sua família. Contudo, seja onde for que 
tenha sucedido, não esqueça que a melhor coisa para não sermos adeptos 
da pedagogia cuscuz é perguntarmos sempre que possível: será que estou 
abafando alguém? Será que de alguma forma estou contribuindo para que 
alguém esteja se sentindo abafado, sem espaço para refletir e expressar-
se?
Mas voltemos ao nosso estudo sobre mais um dos componentes 
básicos da Didática: o conteúdo programático.
Vale ressaltar que o método de ensino adotado pelo professor 
tem muito a ver com o que ele planejou para ser trabalhado em sala 
de aula, considerando sua devida importância para seus alunos e, 
conseqüentemente, o que ele espera conseguir ao final de seu trabalho. 
Portanto, o método, os conteúdos e os objetivos jamais poderão ser 
pensados e planejados de forma isolada.
No momento de planejar, o professor deve sempre se ater às 
seguintes questões:
- para quem ensino?
- o que ensino?
Didática Geral
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Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
- Por que ensino?
- Como ensino?
E para que toda essa reflexão? Para que seu trabalho não seja 
apenas um período de meras repetições de teorias; para que tudo que for 
trabalhado e vivenciado em sala de aula seja do interesse dos alunos e 
seja útil na vida de cada um deles.
Além disso, toda essa reflexão se faz devidamente necessária 
para que o professor não perca de vista seus objetivos enquanto profissional 
crítico e compromissado com o processo educativo, estando alerta para as 
novas metodologias, novos caminhos e novas descobertas. Afinal de contas, 
ele tem que estar pronto para perceber e conhecer o novo, considerando 
criticamente suas vantagens, avanços e possíveis desvantagens.
Os objetivos pedagógicos, como você já deve saber, é a meta 
que se deseja alcançar ao final de determinada aula, unidade ou uma 
simples atividade. Se estes forem metas de conteúdos trabalhados ao 
final de uma aula ou mesmo uma atividade, então são denominados de 
objetivos específicos; pois se tratam de objetivos que o professor deseja 
alcançar diretamente ao final daquele conteúdo específico trabalhado, ou 
daquela atividade realizada naquele momento.
Em outras palavras, você pode compreender os objetivos 
específicos do planejamento pedagógico como sendo pequenos 
desdobramentos do objetivo geral. 
O objetivo geral, por sua vez, é a meta maior que se deseja 
alcançar ao final de todo o trabalho realizado, seja este um projeto de 
pequena ou grande extensão, um plano de ensino ou qualquer atividade 
que abranja etapas menores para sua total execução.
Gostaria de um exemplo? Então vamos lá. Imagine que você 
possui um terreno e quer construir uma casa. Para isso, terá que, no 
mínimo, planejar considerando sua possibilidade econômica, tempo 
para dedicação ou fiscalização da obra, contratação de mão-de-obra e 
qualidade dos materiais necessários. 
Ao fazer isso, você terá bastante claro que, embora surjam 
dificuldades e o trabalho não seja fácil, seu objetivo maior é o de construir 
uma casa naquele terreno. Este, então, é seu objetivo geral.
Consultar preços, efetuar compras de material em lugares que 
ofereçam um valor mais em conta, providenciar o material para que não 
haja atraso no trabalho do pedreiro ou carpinteiro, podem ser identificados 
como sendo seus respectivos objetivos específicos; pois, nada mais são 
que etapas perseguidas e alcançadas para que você, enfim, possa ter seu 
desejo maior realizado: sua casa prontinha.
Didática Geral
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Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
Uma aplicação prática desse assunto nas Ciências Agrárias 
também pode ser explicitado, por exemplo, no estudo da propagação por 
sementes, onde, aqui, o objetivo principal do tópico de estudo é considerar 
os elementos necessários para a propagação das sementes, enquanto que 
os objetivos específicos correlacionam-se ao ato de conhecer a qualidade 
das sementes, compreender o processo de formação, germinação e 
deterioração das sementes das sementes, entre outros. E agora, esse 
exemplo facilitou a vida de vocês?
Nesse sentido, é necessário que o professor compreenda a 
relevância do planejamento e saiba identificar a importância de cada etapa 
e a ligação que uma tem com a outra, reconhecendo, principalmente, que 
o ato de planejar é um fazer político, crítico, dialógico e revolucionário.
É um fazer político porque se tratando de educação não há 
neutralidade. Pois, para que a educação fosse neutra era preciso que não 
houvesse discordância nenhuma entre as pessoas com relação aos modos 
de vida individual e social, com relação ao estilo político a ser posto em 
prática e aos valores a serem encarnados. Era preciso que não houvesse, 
em nosso caso, por exemplo, nenhuma divergência em face da fome e da 
miséria no Brasil e no mundo. Para que a educação não fosse uma forma 
política de intervenção no mundo era indispensável que o mundo em que 
ela se desse não fosse humano (FREIRE, 2006).
É um fazer crítico exatamente porque – ele, o professor - 
reconhece seu papel na educação e admite-se como um ser reflexivo, 
pesquisador e grandemente curioso; sendo, porisso mesmo, capaz de 
diferenciar o discurso da prática e, conseqüentemente, perceber quando 
sua prática é estruturada em seu discurso. 
Torna-se um fazer dialógico quando sente a necessidade de 
agir em parceria, de coletivizar pensamentos, argumentos e sugestões 
de mudança; quando percebe que as diferenças são absolutamente 
necessárias para sua identificação e identificação de outros; quando lida 
de forma certa com a democracia, o diferente e a importância de estar 
disponível a mais ouvir que a falar. 
E é nessa construção do ser crítico e dialógico que se encontra 
o fazer revolucionário. O fazer consciente de que a inquietude é parte 
necessária à compreensão de que as mudanças somente acontecem 
quando estamos disponíveis a ela, e que, acima de tudo, não se dão de 
forma unilateral. 
Ser revolucionário exige ser paciente e tolerante, pois implica 
diretamente em saber lidar com o inacabado, com a consciência de que 
as mudanças precisam existir, mas que não podem se dar de um momento 
para o outro. 
Didática Geral
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Unidade 3
Os Componetes 
básicos da Didática
Você percebe, então, a importância do planejamento na 
concretização da ação docente? É muita responsabilidade e compromisso, 
não é mesmo? Planejar exige tempo, pesquisa, prática e reflexão dessa 
prática. 
É, consequentemente, através da prática e sua constante 
análise, que o educador consegue discernir que a alegria de ensinar pode 
muito bem representar a extinção da tristeza no momento do aprender; 
que o ato de ensinar e o de aprender jamais podem ocorrer de forma 
solitária e egoísta. 
Sabe-se que por muito tempo o fazer pedagógico tradicional 
permaneceu substanciado no poder do professor, na submissão do aluno 
e, por conseguinte, na concepção de que o ato de aprender e a ação 
de ensinar tinham como características inerentes, respectivamente, o 
sofrimento e a dificuldade, a opressão e a austeridade.
Isso ocorreu, pode-se até mesmo dizer, porque um dia 
“educadores” entenderam que ensinar, teria, necessariamente, que 
ser um ato austero; que aprender, obrigatoriamente, seria um eterno 
subjugar-se. Fazer pedagógico este que inspirou gerações de professores 
a transformarem o ato de ensinar numa eterna tortura pedagógica; 
onde atuavam como algozes e os alunos como vítimas inquestionáveis do 
processo educativo.
Dessa feita, durante anos, ensinar significou empunhar a espada 
e espetá-la devagarzinho, de forma a fazer com que o aluno aceitasse que 
cada estocada era uma necessidade; que as dores, os castigos impostos 
pelo professor, nada mais eram que instrumentos indicados e necessários 
à aprendizagem e crescimento intelectual do mesmo. 
Acreditou-se, assim, por tempo demais, que a escola jamais 
poderia ser o local onde qualquer pessoa pudesse esboçar o sorriso brejeiro 
de quem aprende ou o sorriso de satisfação daquele que ensina. Ignorou-
se, também, por um longo período, que quando um professor é percebido 
pela turma como autoritário ou “carrasco” em sala de aula, a dificuldade 
dos alunos em se envolverem e realmente se interessarem pela matéria, 
torna-se cada vez maior e evidente. 
Esses momentos, como já discutimos anteriormente, não 
passarão de uma grande tortura pedagógica. Além disso, tais momentos 
contribuirão diretamente à construção de uma perigosa barreira à 
aprendizagem e ao prazer em estar na escola. 
Entretanto, se o professor conquistar a turma através de seu 
comportamento envolvente, democrático, amigo e responsável, terá 
subsídios suficientes para, a cada aula, fortalecer um clima de afetuosidade, 
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Os Componetes 
básicos da Didática
respeito, cumplicidade e bem-estar; fatores estes, sem sombra de dúvida, 
essenciais à produtividade, aprendizagem, criatividade e criticidade; pois 
ensinar requer um processo de conquista, análise e paciência.
Torna-se válido ressaltar, que alguns estudos realizados 
demonstraram claramente que, enquanto crianças cujos professores têm 
comportamento autoritário, ao se sentirem livres de seu controle tendem, 
através da insubordinação e brincadeiras de mau gosto, a comportamentos 
explicitamente violentos; enquanto que outras, cujos professores agem de 
forma democrática em sala de aula, comportam-se menos agressivas e 
irritáveis, além de manifestarem maior expressão de diferenças individuais.
Hoje se torna facilmente perceptível que o medo em se permitir 
que a escola possa ser um ambiente aprazível do saber, implica no terror 
da perda do controle, do autoritarismo e do descrédito no próprio ato de 
ensinar. Por que será que, até em nossos dias, encontramos professores 
que confundem satisfação com anarquia, e que interpretam um gesto de 
amizade entre professor e aluno, como um sinal de desrespeito ou má 
postura pedagógica?
É necessário que, enfim, se compreenda que quando o professor 
já tem despertado um clima de confiança, carinho e respeito na sala de 
aula, o processo de ensino e aprendizagem acontece sem perdas e de forma 
gratificante para todos. Mas para tanto, torna-se imprescindível que ele 
perceba que antes mesmo de querer conquistar alguém nesse processo, se 
faz necessário que se sinta conquistado, carente do outro, aberto a novas 
experiências, mas fiel e compromissado com o já conquistado.
Felizmente, a cada dia cresce o número de professores que 
acredita que através da humildade, do não ter medo de ousar, da vontade 
de acreditar no outro e no querer facilitar, pode proporcionar um clima que 
desperte o interesse de seus alunos pelo o que está sendo trabalhado em 
sala de aula, humanizar o ambiente escolar, além de, inteligentemente, 
trabalhar as diferenças fazendo relação com o que acontece em sala e a 
realidade do mundo lá fora.
Daí a importância do educador, consciente de sua ação, 
constantemente refletir sobre sua prática para não cair na tentação de 
trabalhar de forma solitária e ausente no ambiente escolar. É necessário 
que ele perceba a importância de seu papel no acontecer pedagógico 
dessa instituição; sua responsabilidade para com aqueles que esperam 
mais que “blá-blá-blá” e atividades quase ou sem nenhuma originalidade.
Num contexto escolar, onde uma das metas principais apresenta-
se como o desenvolver integral do aluno, atividades prazerosas e dinâmicas, 
não devem ser descartadas, ou simplesmente ser consideradas elementos 
Didática Geral
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Os Componetes 
básicos da Didática
supérfluos. Pois é exatamente nesse ponto que a necessidade do gostar 
de, querer que, e realizar e sentir com, no acontecer pedagógico fincam 
argumentação indiscutivelmente relevante. 
Há alguns anos, seria muitíssimo difícil um professor de 
matemática entrar em sala de aula de “bem com a vida”, ou mesmo 
realizar uma atividade que convidasse ao prazer.
Atualmente, não se constitui em novidade e nem mesmo caso 
de espanto, professores (dessa disciplina) trabalharem a geometria por 
meio de atividades artísticas ou utilizarem recursos do gênero, a fim de 
garantir interesse, qualidade, maior aprendizado e satisfação sua e de seus 
alunos; como se o triângulo amoroso (ensino, aprendizagem e satisfação) 
pudesse harmoniosamente somar seus catetos, sem risco de perdas ou 
falsas equações.
Para enfatizar esse posicionamento, consideremos o que Freire 
(2000) em seus livros nos diz sobre o assunto. Para ele, o bom professor é o 
que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento 
de seu pensamento. A aula dele é assim um desafio e não uma “cantiga de 
ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as 
idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, 
suas incertezas. 
Ser um bom professor, assim, é contextualizar pedagogicamente, 
é contribuir, oferecendo ao mesmo tempo oportunidade de contribuição 
aos outros. É reconhecer a importância do diálogo e o significado real do 
silêncio. É criar e recriar, é falar e ouvir, é descobrir-se num palco como 
ser integrante da ação e capaz de mudar o próximo ato.Desse modo, pode-se dizer que o quadrilátero da sala de aula 
pode extrapolar suas dimensões e realmente fazer parte do círculo da 
vida daquele que, por muitas vezes, encontra-se em posição paralela ao 
despertar crítico e reflexivo do acontecer pedagógico, como, talvez, a 
esperar esse encontro no infinito.
 Pois o que torna o ato de aprender prazeroso, não é apenas a 
novidade do que está sendo tratado, mas a forma pela qual o tema está 
sendo abordado.
É certo dizer, portanto, que o número dos professores que 
acreditam que a educação é um processo dinâmico que pode e deve 
acontecer de forma prazerosa, se torna cada vez maior a cada momento de 
reflexão pedagógica, intensificando a legião de educadores que percebem 
e propõem uma pedagogia cujo prazer e a criticidade apresentem-se como 
elementos beneficentes à aprendizagem, à curiosidade e a permanência 
do aluno no ambiente escolar.
Didática Geral
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Unidade 4
Planejamento 
escolar
Por tudo isso, é extremamente necessário que se perceba que 
trabalhar tais elementos em sala de aula é, atualmente, o grande passo a 
ser dado e, ao mesmo tempo, o grande desafio do acontecer pedagógico.
Você considera estar pronto para enfrentar esse desafio?
Em nossa próxima unidade, estaremos estudando sobre 
planejamento. Mas, por enquanto, procure participar das atividades 
propostas nesta unidade e no ambiente virtual. 
Até lá.
Unidade 4 Planejamento escolar
Síntese: Nesta unidade você aprenderá sobre a importância da prática 
do planejamento durante a didática.
Na unidade anterior, você conheceu os elementos essenciais da 
Didática e a importância de cada um no processo ensino e aprendizagem. 
Mas, para que a ação do professor aconteça de forma comprometida com 
um acontecer dinâmico, participativo e competente, se faz necessário 
que ele, o professor, reconheça a relevância do planejamento escolar 
como elemento constitutivo de sua prática.
E o que é planejar. Ora, nada mais, nada menos, que refletir 
sobre as ações que devemos tomar; levantarmos possíveis questionamentos 
e suas possíveis soluções.
Planejar pedagogicamente é pesquisar; é saber associar a teoria 
à prática. É reconhecer o significado de flexibilidade, e estabelecer relação 
direta entre o texto estudado e o contexto apresentado. É nessa ação que 
os valores culturais, morais e sociais se fazem transparentes na prática 
pedagógica; pois se trata de uma ação fundamentada no entendimento de 
que a escola é uma instituição social e real. Em outras palavras, jamais 
poderá ficar à parte dos acontecimentos sociais (econômicos, culturais e 
políticos).
 O professor que não planeja, portanto, não consegue 
dar continuidade a seu trabalho, tendo, consequentemente, maiores 
chances de se perder em seu próprio território; ou seja, sua sala de aula. 
Quanto ao planejamento escolar, Libâneo (1994) nos coloca que ele vem 
a se constituir em uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das 
atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face 
dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do 
processo de ensino. Em sendo assim, podemos dizer que o planejamento é 
Didática Geral
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Unidade 4
Planejamento 
escolar
um meio para se programar as ações docentes, levando-se em conta que 
ai pode-se conceber a pesquisa e a reflexão, as quais nos permitirão fazer 
uma melhor avaliação do processo educativo.
Dessa maneira, pode-se compreender o planejamento 
escolar como uma etapa que destacará quais os objetivos que se quer 
alcançar no contexto pedagógico e, por conseguinte, as estratégias que 
devem ser efetuadas nesse processo, considerando as possibilidades e a 
realidade apresentada. Para tanto, ao planejar, o professor deverá estar 
constantemente atualizado, ser criativo, reflexivo, sentir-se aberto ao 
novo e capaz de colocar-se no lugar do outro – o outro aluno, o outro colega 
de trabalho, o outro que não se sabe o nome, mas se tem consciência de 
sua existência enquanto sujeito de mudança.
Para Libâneo, as principais funções do planejamento escolar, 
são:
a) Explicitar princípios, diretrizes e procedimentos de 
trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas 
da escola e as exigências do contexto social e do processo de 
participação democrática.
b) Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, 
político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o 
professor irá realizar na sala de aula, através de objetivos, 
conteúdos e formas organizadas de ensino.
c) Assegurar a racionalização, organização e coordenação 
do trabalho docente, de forma que a previsão das ações 
docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de 
qualidade e evite a improvisação e a rotina.
d) Prever objetivos conteúdos e métodos a partir da 
consideração das exigências postas pela realidade social, do 
nível de preparo e das condições sócio-culturais e individuais 
dos alunos.
e) Assegurar a unidade e coerência do trabalho docente, 
uma vez que torna possível inter-relacionar, num plano, os 
elementos que compõem o processo de ensino [...].
f) Atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, 
aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de 
conhecimentos, adequando-os às condições de aprendizagem 
dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de ensino que vão 
sendo incorporados na experiência cotidiana.
g) Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material 
didático em tempo hábil, saber que tarefas o professor e alunos 
devem executar, replanejar o trabalho frente a novas situações 
que aparecem no decorrer das aulas. (1994, p.65).
Mas para que você perceba as características principais do 
planejamento escolar, podemos dizer simplesmente que ele deve:
● orientar - pois não se trata de um guia de receita - a prática 
do professor, tendo como ponto de partida seu fazer pedagógico;
● oferecer uma sequência lógica de ações;
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Unidade 4
Planejamento 
escolar
● apresentar objetividade; ou seja, o plano tem que estar 
voltado para a realidade;
● estabelecer efetiva coerência entre os elementos constitutivos 
do plano (objetivos gerais, objetivos específicos, conteúdos, metodologias 
e formas de avaliação);
● proporcionar compreensão de flexibilidade.
Vale ainda salientar que para o professor conseguir planejar suas 
ações pedagógicas, necessita considerar o que se propõe ensinar; como irá 
proporcionar esse ensino (metodologias); quando o processo acontecerá; 
e, não menos importante, quais as formas que utilizará para avaliar, o que 
fará parte dessa avaliação e quando esta etapa poderá efetivar-se. 
Agora você está esclarecido quanto à importância do 
planejamento para a nossa prática pedagógica? Espero que sim, pois a 
partir de agora veremos os tipos de planos que podemos executar no 
contexto escolar.
Plano escolar
O plano escolar ou plano da escola. Caracteriza-se em ser um 
documento que apresenta a relação que existente entre os objetivos 
da escola e o sistema educacional, orientando ainda acerca do projeto 
político pedagógico e como este se encontra relacionado com os demais 
planos pedagógicos. 
Para que você tenha maior compreensão e não fique com a idéia 
de que o plano da escola é um “bicho de sete cabeças”, apresentaremos 
como basicamente é composto:
• nome da instituição
• nível de ensino
• nome do plano (plano escolar)
• sumário
• identificação da escola
• fins e objetivos da instituição
• apresentação da autorização de funcionamento
• alunos e comunidade
• organização administrativa e técnica
• organização pedagógica
• corpo docente
• organização física da escola
• conselhos escolares e de representação
• organização da vida escolar
• fins e objetivos dos cursos oferecidos
• duração dos cursos e carga horária
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Unidade 4
Planejamento 
escolar
• calendário escolar 
• grade curricular
• organização e composição curriculares
• avaliação – verificação do rendimento escolar
• matrículas
• transferências
• proposta pedagógica

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