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Psicopedagogia_ jogos, brinquedos e brincadeiras

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
PsicoPedagogia: 
jogos, brinquedos e 
brincadeiras
Prof.a Cristiane Theiss Lopes
Prof.a Nislândia Santos Evangelista
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.a Cristiane Theiss Lopes
Prof.a Nislândia Santos Evangelista
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L864p
 Lopes, Cristiane Theiss
 Psicopedagogia: jogos, brinquedos e brincadeiras. / Cristia-
ne Theiss Lopes; Nislândia Santos Evangelista. – Indaial: UNIASSELVI, 
2020.
 187 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-221-6
 ISBN Digital 978-65-5663-222-3
1. Desenvolvimento infantil. - Brasil. I. Evangelista, Nislândia San-
tos. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 155.4
aPresentação
Acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Pscicopedagogia: jogos, brin-
quedos e brincadeiras. Na Unidade 1, dividida em três tópicos, abordaremos 
com maior ênfase o brincar e o desenvolvimento infantil. Iniciaremos discutin-
do os primórdios dos jogos e brincadeiras, trazendo suas origens desde a Gré-
cia Antiga, perpassando pelo período medieval até o momento, denominado 
Modernidade. Entenderemos como a brincadeira é um componente cultural, 
socialmente construída, assim como a infância. No segundo tópico, delineare-
mos alguns conceitos, entenderemos as diferenças de jogos e brincadeiras, as-
sim como seus diversos tipos. Finalizaremos entendendo as diversas etapas do 
desenvolvimento infantil e qual a importância da brincadeira nesta fase da vida. 
Na Unidade 2, continuaremos a discutir sobre as brincadeiras, po-
rém com um foco sociológico e antropológico, apresentando, assim, alguns 
elos entre o teor dos jogos, o valor dos brinquedos e as características das 
brincadeiras e a reprodução social incutidos nesses fenômenos. Ademais, 
nesta unidade, falaremos sobre as culturas infantis como algo próprio das 
crianças, especialmente em ambientes em que elas passam tempos juntas 
com maior frequência, como é o caso das escolas e das creches. Por último, 
destacaremos a importância destas perspectivas para o ensino-aprendizado 
e como isso pode ser útil para o campo da psicopedagogia, afinal, compreen-
der aspectos sociais tanto das brincadeiras como da aprendizagem permitem 
maior riqueza na atuação do profissional psicopedagogo. 
Por fim, na Unidade 3, a última deste livro, abordaremos com mais 
ênfase sobre a importância de uma aprendizagem lúdica como uma ferra-
menta na prática psicopedagógica. Nesta unidade, também discutiremos 
sobre a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) no que diz respeito à 
Educação Infantil, as competências e os campos de experiência que devem 
ser explorados para esta faixa etária. Com isso, também serão apresentados 
alguns exemplos de práticas lúdicas aplicadas voltadas para determindas 
habilidades. Por fim, nesta unidade, abordaremos sobre o uso das mídias 
digitais no processo de ensino aprendizagem. 
Esperamos que esses conteúdos sejam gratificantes para você! 
Prof.a Cristiane Theiss Lopes
Prof.a Nislândia Santos Evangelista
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ...................................................... 1
TÓPICO 1 — JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: 
 O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO ................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 ORIGEM DO JOGO ............................................................................................................................ 3
3 ORIGEM DOS BRINQUEDOS E SUA ASSOCIAÇÃO COM A CULTURA .......................... 7
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12
TÓPICO 2 — O QUE SÃO JOGOS E BRINCADEIRAS? DELINEANDO CONCEITOS ..... 15
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
2 JOGO .................................................................................................................................................... 15
3 BRINQUEDO ...................................................................................................................................... 20
4 BRINCADEIRA .................................................................................................................................. 22
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26
TÓPICO 3 — JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: 
 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL, A IMPORTÂNCIA 
 DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINCADEIRA LIVRE ................ 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 29
3 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PARA JEAN PIAGET ................................................. 31
3.1 FASE SENSÓRIO MOTORA: 0 A 2 ANOS ................................................................................ 32
3.2 FASE PRÉ-OPERACIONAL: 2 A 7 ANOS ................................................................................ 33
3.3 ESTÁGIO OPERACIONAL CONCRETO: 7 A 11 ANOS .......................................................34
3.4 ESTÁGIO OPERACIONAL FORMAL: 11 ANOS OU MAIS ................................................. 35
4 ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PARA HENRI WALLON ......................................... 37
 4.1 ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL ..................................................................................... 38
4.2 ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO ........................................................................ 39
4.3 ESTÁGIO DO PERSONALISMO................................................................................................ 40
4.4 ESTÁGIO CATEGORIAL ............................................................................................................ 41
4.5 ESTÁGIO DA ADOLESCÊNCIA ............................................................................................... 41
5 JOGOS E BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO ......................................................... 42
6 O FAZ DE CONTA: BRINCADEIRAS LIVRES OU ESPONTÂNEAS ................................... 45
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 49
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 62
UNIDADE 2 — AS BRINCADEIRAS DAS CRIANÇAS COMO 
 PRODUÇÕES DE CULTURAS ............................................................................. 65
TÓPICO 1 — JOGOS E BRINCADEIRAS: SENTIDOS, 
 SIGNIFICADOS E CULTURA .................................................................................. 67
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 67
2 AS INFÂNCIAS E O BRINCAR ...................................................................................................... 68
3 INFÂNCIA BRINCANTE NOS DIVERSOS SIGNIFICADOS CULTURAIS ....................... 74
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 78
TÓPICO 2 — REPRODUÇÃO SOCIAL E CRIATIVIDADE CULTURAL 
 A PARTIR DAS BRINCADEIRAS ........................................................................... 79
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79
2 REPRODUÇÃO INTERPRETATIVA ............................................................................................. 79
3 ROTINAS CULTURAIS E LINGUAGENS .................................................................................. 80
4 INFLUÊNCIA DA MÍDIA ................................................................................................................ 83
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 86
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 87
TÓPICO 3 — CULTURAS PRODUZIDAS PELAS CRIANÇAS 
 E A PSICOPEDAGOGIA ............................................................................................ 89
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89
2 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DAS CULTURAS INFANTIS..................................... 89
3 CARACTERÍSTICAS DAS CULTURAS INFANTIS ................................................................. 93
4 O BRINCAR E A PSICOPEDAGOGIA ......................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 114
UNIDADE 3 —JOGOS E BRINCADEIRAS NA PRÁTICA DA PSICOPEDAGOGIA ........ 115
TÓPICO 1 — BRINCADEIRAS E JOGOS PARA UMA APRENDIZAGEM LÚDICA ....... 117
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 117
2 JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: 
 O QUE DIZ A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ................................................. 117
2.1 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ..................................................................................... 119
2.2 PRÁTICAS LÚDICAS: VIVÊNCIAS POSSÍVEIS NOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS... 123
3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO INSTRUMENTO PISCOPEDAGÓGICO ...... 129
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 134
TÓPICO 2 — O JOGO COMO FERRAMENTA PSICOPEDAGÓGICA ................................. 137
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 137
2 A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA ........................................................................................... 137
3 O JOGO NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS ...... 142
3.1 ALGUNS EXEMPLOS DE JOGOS E BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO 
DE HABILIDADES SÓCIOEMOCIONAIS ............................................................................. 146
3.1.1 Memória .................................................................................................................................... 148
3.1.2 Dobradura ................................................................................................................................. 149
3.1.3 Caça-palavras ........................................................................................................................... 151
3.1.4 Tabuleiro ................................................................................................................................... 152
3.1.5 O rabo da serpente ................................................................................................................... 153
3.1.6 Desenho ..................................................................................................................................... 154
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 156
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 157
TÓPICO 3 —USO DE MÍDIAS NA PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA .................................. 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159
2 METODOLOGIAS ATIVAS .......................................................................................................... 159
3 JOGOS DIGITAIS ........................................................................................................................... 163
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 168
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 171
1
UNIDADE 1 —JOGOS, BRINQUEDOS E 
BRINCADEIRAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer o desenvolvimento histórico dos jogos e brincadeiras;
• compreender os conceitos de jogos, brinquedos e brincadeiras;
•	 refletir	acerca	da	utilização	dos	jogos,	brinquedos	e	das	brincadeiras	na	
atuação	do	psicopedagogo;
• compreender a importância do dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento;
•	 identificar	a	importância	do	faz	de	conta	e	do	brincar	espontâneo.
Esta	 unidade	 está	dividida	 em	 três	 tópicos.	No	decorrer	 da	unidade,	 você	
encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	JOGOS,	BRINQUEDOS	E	BRINCADEIRAS:	
	 O	DESENVOLVIMENTO	HISTÓRICO
TÓPICO	2	–	O	QUE	SÃO	JOGOS,	BRINQUEDOS	E	BRINCADEIRAS?	
	 DELINEANDO	CONCEITOS
TÓPICO	3	–	JOGOS,	BRINQUEDOS	E	BRINCADEIRAS:	AS	FASES	DO
	 DESENVOLVIMENTO	INFANTIL,	A	IMPORTÂNCIA	DO	
	 BRINCAR,	DO	FAZ	DE	CONTA	E	DA	BRINCADEIRA	LIVRE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorve-
rá melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: O 
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
1 INTRODUÇÃO
A	leitura	desta	unidade	lhe	trará	maiores	subsídios	para	entender	a	im-
portância	dos	jogos,	dos	brinquedos	e	das	brincadeiras	na	atuação	do	psicopeda-
gogo.	Assim,	começaremos	entendendo	como	surgiram	os	jogos	e	as	brincadeiras	
na	história.	O	 contexto	histórico,	desde	 a	Grécia	 antiga	 até	 os	dias	 atuais,	 nos	
permitirá	aprofundarmos,	posteriormente,	os	conceitos	enunciados.
Evidencia-se,	assim,	que	as	civilizações,	desde	muito	cedo,	brincam	e	utili-
zam	brinquedos	para	isso.	O	jogo	faz	parte	da	sociedade	atual	e,	a	psicopedagogia,	
pode	e	deve	apropriar-se	deste	artefato	cultural	para	desenvolver	suas	práticas	co-
tidianas.	Você	se	lembra	de	brincadeiras	de	sua	infância?	Pois	então,	muitas	dessas	
brincadeiras	que	vieram	a	sua	mente	já	eram	brincadas	por	crianças	na	Idade	Média.	
Aprendemos	a	brincar	e	a	jogar	desde	muito	cedo.	Quando	ainda	bebês,	
estamos	inseridos	dentro	de	um	determinado	contexto	social	e	cultural	que, cer-
tamente,	influenciará	em	nosso	modo	de	brincar	posteriormente.	Isso	aconteceu	
também	na	história	da	humanidade	e	nem	sempre	brincar	 foi	visto	como	algo	
normal.	Ficou	curioso	para	saber	por	quê?	Então	vamos	começar!	Afinal,	como	
surgiram	os	“jogos	e	as	brincadeiras”?	Sempre	 se	utilizou	de	brinquedos	para	
brincar?	Chegou	o	momento	de	pensarmos	este	contexto	histórico!
2 ORIGEM DO JOGO
Iniciamos	nossa	unidade,	 que	visa	 conhecer	 a	 história	 e	 a	 evolução	do	
jogo	e	da	brincadeira	desde	épocas	primitivas	até	os	dias	atuais.
 
As	pesquisas	recentes	afirmam	que	os	primeiros	jogos	surgiram	na	Grécia	
antiga	e	 tinham	o	propósito	de	ajudar	no	ensino	das	 letras.	Posteriormente,	os	
jogos	foram	tornando-se	competitivos	e	o	país	foi	palco	do	primeiro	“Jogos	Olím-
picos”.	Deles,	 inicialmente,	 só	poderiam	participar	homens	gregos,	 falantes	da	
língua	grega,	com	os	deveres	de	cidadãos	sendo	exercidos	plenamente.	
Para	Huizinga	(1991),	o	jogo	é	mais	antigo	que	a	própria	cultura.	O	ato	de	
jogar	é	tão	antigo	quanto	a	própria	existência	humana.	
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
4
Segundo	Falkenbach	(1997,	p.	16),	“a	cultura	surge	sob	forma	de	jogo,	sen-
do	que	a	tendência	lúdica	do	ser	humano	está	na	base	de	muitas	realizações	na	
esfera	da	filosofia,	da	ciência,	da	arte,	no	campo	militar	e	político	e	mesmo	na	área	
judicial”. Como elemento de cultura nos jogos e brinquedos está ligado a outros 
aspectos,	como	religião,	trabalho,	mitos	e	ritos	(ALVES,	1995).
Com	relação	a	isso,	não	tem	como	falar	de	lúdico,	de	lazer	e	de	jogo	sem	
antes	 saber	a	origem	da	própria	história	humana,	onde	 tudo	começou:	no	ho-
mem.	Foi	a	evolução	da	espécie	humana	que	possibilitou	a	evolução	também	das	
linguagens,	do	lúdico	e	também	do	jogo.	O	homem	primitivo	recebeu	diversas	
denominações	de	acordo	com	sua	evolução,	exemplificadas	no	quadro	a	seguir.
QUADRO 1 – DENOMINAÇÕES DO HOMEM PRIMITIVO
FONTE: A autora
Homo	Sapiens Sobrevivia	por	meio	da	 caça	 e	da	pesca,	defendendo-se	
de	animais	ferozes.	Esse	homem	ocupava	grande	parte	do	
seu tempo tentando se proteger e pensando em uma ma-
neira	eficaz	de	adquirir	seu	alimento.	
Homo	Faber Homem	que	começa	a	se	comunicar	e	a	produzir	objetos	e	
utensílios	para	utilização	no	dia	a	dia.	Inicia-se	a	utilização	
da	criatividade	para	produzir	vasos,	pinturas	e	flechas.
Homo	Ludens O	homem	o	qual	podemos	denominar	de	atual.	Dedica-se	
a	atividades	lúdicas	e	aos	jogos,	necessitando	criar	o	brin-
quedo	para	que	a	brincadeira	se	torne	mais	interessante.	
Sabe-se	que	o	homem	joga	desde	os	primórdios	de	sua	existência.	No	iní-
cio,	este	“jogo”	era	totalmente	diferente	do	que	entendemos	hoje	por	jogar.	
Por	isso,	é	na	fase	do	Homo Ludens que	o	jogo	começa	a	tornar-se	um	ele-
mento	cultural.	O	Homo Ludens	é	o	homem	que	começa	a	utilizar	da	criatividade	
para	produzir,	também,	jogos	e	brincadeiras.	Esse	homem	começou	a	utilizar	da	
imaginação	para	procurar	ocupar	o	tempo	em	que	não	estava	fazendo	suas	tare-
fas	diárias.	Começou,	então,	a	surgir	a	recreação.	
 
O	jogo,	atividade	lúdica	infantil	desde	a	antiguidade,	possui	momentos	
importantes na história social da humanidade, principalmente durante o percur-
so	do	desenvolvimento	humano,	como	veremos	a	seguir.	Grande	parte	dos	jogos	
e	brincadeiras	datados	atualmente	surgiram	na	Grécia	Antiga	e	no	Antigo	Impé-
rio	Romano.	Isso	acontece,	possivelmente,	por	essas	duas	civilizações	terem	um	
grande	material	histórico	conhecido	atualmente.	
TÓPICO 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
5
Para expandir seu conhecimento sobre a temática Homo Ludens e sua re-
lação com o jogo cultural, recomendamos a leitura do livro Homo Ludens de autoria de 
Johan Huizinga (1991). Boa leitura!
FIGURA – CAPA DO LIVRO HOMO LUDENS
FONTE: <https://bit.ly/3ggbPhy>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
Quando	pensamos	nos	jogos,	nas	brincadeiras	e	nos	brinquedos,	são	diver-
sas	as	fontes	bibliográficas	que	retratam	como	as	crianças	brincavam	na	antiguida-
de.	Para	Áries	(1981),	os	jogos	e	as	brincadeiras	eram	comuns	aos	adultos	e	às	crian-
ças	na	antiguidade,	ou	seja,	não	havia	distinção	de	brincadeiras	por	conta	da	idade.	
Na	Grécia	antiga,	a	tradição	tratava	o	jogo	como	uma	possibilidade,	ou	seja,	
qualquer	atividade	que	fosse	cultural	ou	esportiva	era	vista	como	jogo.	Nas	tradi-
ções	Romanas,	o	jogo	aparecia	mais	como	uma	forma	de	recreação,	relacionado	a	
diversão	e	passatempo.	
Na	Idade	Média,	o	jogo	foi	considerado	uma	manifestação	“não	séria”,	ou	
seja,	de	certo	modo	desprezível,	por	estar	associado	a	muitos	 jogos	de	azar.	O	
Cristianismo	na	época	medieval	proibiu	todas	as	formas	de	 jogos	e	recreações.	
“A	recreação	deve	ser	proibida	em	todas	as	formas.	As	crianças	deverão	aprender	
que	a	recreação	afastará	de	Deus	o	eterno	bem,	seu	coração	e	mente	e	fará	se	não	
mal	a	sua	vida	espiritual”	(MIRANDA,	1992,	p.	28).
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
6
Nessa	concepção,	Áries	(1981)	apresentou	dois	aspectos	que	se	tornaram	
contraditórios	aos	jogos	nesta	época.	Os	jogos	foram	admitidos	e	pela	maioria	e,	
ao	mesmo	tempo,	condenados	devido	a	sua	imoralidade,	por	uma	elite	poderosa.	
Diante	disso,	os	jogos	foram	classificados	por	dois	elementos:	maus	e	bons.	
 
Segundo	Miranda	(1992),	no	século	IV	consolidou-se	a	Constituição	de	Santo	
Agostinho	na	sociedade.	Santo	Agostinho	viveu	o	conflito	de	conciliar	o	cristianismo	
e	o	espírito	da	época.	Santo	Agostinho,	na	época,	retratou	sua	paixão	pelos	brinque-
dos	e	a	repudição	de	sofreu	dos	adultos	quando	criança.	Os	jogos	mais	citados	na	
obra	de	Santo	Agostinho	são	o	jogo	de	bola	e	o	jogo	de	nozes	(adivinhações).	Foi	um	
dos	marcos	históricos	que	entendeu	o	brinquedo	e	o	brincar	como	algo	bom.
Senhor,	não	era	a	memória	ou	a	inteligência	que	me	faltava,pois	me	
dotastes	como	suficiente	para	aquela	idade.	Mas	gostaria	de	jogar,	e	
aqueles	que	me	castigavam	prosseguiram	de	modo	idêntico.	[...]	um	
juiz	reto	aprovaria	os	castigos	que	me	dava,	por	eu,	em	pequeno,	jogar	
a bola e o jogo ser um obstáculo ao meu aproveitamento nos estudos, 
com os quais eu havia de jogar menos inocentemente quando chegasse 
a	homem?	(SANTO	AGOSTINHO,	2013,	p.	158)
As	mudanças	advindas	do	início	do	Renascimento	foram	de	suma	impor-
tância	para	as	condutas	do	jogo	até	os	dias	de	hoje,	pois	a	brincadeira	passa	a	ser	
vista	como	de	conduta	livre,	que	favorece	o	desenvolvimento	da	inteligência	e	
facilita	o	estudo.	No	renascimento,	o	jogo	torna-se	um	meio	para	atingir	as	neces-
sidades	infantis	e	uma	forma	para	a	aprendizagem	de	conteúdos	escolares.	
 
No	Romantismo	surge	como	uma	nova	concepção	da	infância	e, conse-
quentemente,	uma	nova	concepção	sobre	o	jogo	e	o	brincar.	Isso	porque,	na	épo-
ca,	já	havia	a	ideia	de	que	brincar	“era	coisa	de	criança”.	A	criança	é	vista	como	
um	 ser	 positivo,	 de	 uma	 natureza	 boa,	 que	 se	 expressa	 espontaneamente	 por	
meio	do	jogo.	Dentro	do	Romantismo	é	que	o	jogo	aparece	como	conduta	típica	e	
espontânea	da	criança	e	considera	o	jogar	como	forma	de	expressão.
TÓPICO 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
7
Para compreender melhor as diferentes épocas e os jogos retratados em cada 
uma, recomendamos a leitura do livro Jogos e Brincadeiras: tempos, espaços e diversi-
dades de organização de Tizuko Morchida Kishimoto e Maria Walburga dos Santos. Nele, 
você encontrará uma junção de diversos trabalhos históricos sobre o tema. O livro está 
disponível gratuitamente na internet! Boa leitura!
FIGURA – CAPA DO LIVRO JOGOS E BRINCADEIRAS: TEMPOS, ESPAÇOS E DIVERSIDADES.
FONTE: <https://bit.ly/2D3XGWm>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
3 ORIGEM DOS BRINQUEDOS E SUA ASSOCIAÇÃO COM 
A CULTURA
Os	brinquedos,	 como	vimos	 anteriormente,	 começam	a	 surgir	 junto	 ao	
“Homo Ludens”, pois	o	homem	viu	nascer	a	necessidade	de	aperfeiçoar	suas	brin-
cadeiras.	Na	antiguidade,	crianças	egípcias	 já	utilizavam	brinquedos	tais	quais	
encontramos hoje, como,	por	exemplo, animais de madeira, bonecas e soldadi-
nhos.	Acredita-se	que	no	Egito	surgiram	as	primeiras	bonecas	parecidas	com	as	
da	atualidade.	
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
8
Sabe-se,	também,	que	na	Grécia	antiga,	as	crianças	brincavam	com	bolas	
que	eram	feitas	de	bexigas	de	porcos	infladas,	revestidas	com	couro.	Além	disso,	
também	existiam	cavalos	de	madeira	e	balanços.	
Já	as	 crianças	 romanas	brincavam	com	bonecas	e	arcos	de	madeira.	Os	
meninos,	especificamente,	brincavam	com	soldados	feitas	com	argila.	Mais	tarde,	
em	Roma,	surgiram	os	primeiros	jogos	de	tabuleiro.
A	boneca	em	Atenas	era	utilizada	como	nos	dias	de	hoje,	um	brinquedo,	
exceto	pelo	 simbolismo	que	a	boneca	exercia	durante	o	 casamento,	 em	que	as	
mulheres	atenienses	consagravam	suas	bonecas	à	deusa	Afrodite,	que	represen-
tava	o	amor	e	a	beleza,	pois	esperavam	ter	sorte	no	amor.	Este	legado	ateniense	
permaneceu	forte	na	cultura	do	brincar.
Na	Grécia	e	em	Roma, as bonecas eram chamadas de outros nomes: nym-
pha e puma,	que	significava	moça	pequena.	Na	Idade	Média,	os	estilistas	usavam	
as	bonecas	com	seus	modelos	para	as	vestir	com	suas	criações	onde	as	pessoas	de	
posse	(rainhas	e	damas)	escolhiam	seus	vestidos.
Na	Babilônia	surgiram	os	primeiros	piões,	feitos	com	argila	e	com	as	bor-
das	decoradas	com	formas	de	animais	e	humanos	e	em	relevo.	Hoje, geralmente, 
são	feitos	de	madeira,	é	um	objeto	cônico	e,	em	sua	extremidade,	apresenta	uma	
ponta	de	metal.	Quando	torcido,	com	um	fio,	faz	o	movimento	de	giro.
 
Para	 Brougère	 (1995),	muitos	 pesquisadores	 dos	 brinquedos	 ainda	 não	
os	associam	com	a	cultura.	O	brinquedo	tem	uma	função	social,	dotado	de	sig-
nificados	que	permitem	compreender	certa	sociedade	e	cultura.	“O	brinquedo	é	
um	objeto	distinto	e	específico,	com	a	imagem	projetada	em	três	dimensões,	cuja	
função	parece	vaga.	Com	certeza	podemos	dizer	que	a	 função	do	brinquedo	é	
a	brincadeira”	(BROUGÈRE,	1995,	p.	13).	Para	o	autor,	ainda,	o	brinquedo	abre	
possibilidades	de	representação,	ampliando	e	estimulando	a	brincadeira.	
A	modernidade	gerou	mudanças	no	brincar	e	nos	brinquedos,	ou	seja,	as	
crianças	que	perpassam	pela	infância	moderna	brincam	de	outras	formas	e	com	
outros	brinquedos.	Pensemos	aqui,	acadêmico	de	psicopedagogia,	quando	você	
era	pequeno	existia	a	quantidade	de	brinquedos	que	existe	hoje	nas	 lojas?	 Isto	
se	dá,	também,	pela	influência	da	sociedade	no	brincar	das	crianças.	Os	adultos	
modernos	pensam	que	precisam	ofertar	uma	grande	quantidade	de	brinquedos	
para	o	desenvolvimento	infantil,	quando, na verdade,	estão	tirando-lhes	a	chance	
de	criar	e	imaginar.	Se	a	criança	recebe	um	brinquedo	pronto	e	com	mil	funções,	
a	criança	não	precisa	utilizar	da	imaginação.	
TÓPICO 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
9
Fica aqui a sugestão para a leitura do artigo A modernidade da infância e a 
infância da modernidade em Walter Benjamin de autoria de Eduardo Oliveira Sanches e 
Divino José da Silva (2018), para aprofundar o entendimento da criança na modernidade! 
Boa Leitura! Link do artigo: https://bit.ly/316hMqL.
Outra sugestão de leitura deste tópico é o livro A História do Brinquedo, ela-
borado por Cristina Von. No livro, além de trazer a história de variados brinquedos, a autora 
conta o percurso histórico que fizeram 12 fábricas brasileiras de brinquedos, que hoje são 
consolidadas no mercado nacional. Boa leitura!
FIGURA – CAPA DO LIVRO “A HISTÓRIA DO BRINQUEDO”
FONTE: <https://bit.ly/2EuA4KM>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
DICAS
Até o final desta unidade retomaremos os brinquedos para pensarmos na uti-
lização destes para os psicopedagogos. Aguarde!
ESTUDOS FU
TUROS
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
10
Fica a sugestão da leitura de uma matéria publicada no NCultura, apresentan-
do os brinquedos mais conhecidos na atualidade (bonecas, bolas, carrinhos etc.) e seu país 
de origem, assim como algumas curiosidades! Link para acesso: https://ncultura.pt/a-ori-
gem-e-curiosidades-dos-nossos-brinquedos-de-infancia/. 
DICAS
11
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 Jogo	faz	parte	da	sociedade	atual	e,	a	psicopedagogia,	pode	e	deve	apropriar-se	
deste	artefato	cultural	para	desenvolver	suas	práticas	cotidianas.
 
• Homo Ludens	é	o	homem	que	começa	a	utilizar	da	criatividade	para	produzir,	
também,	jogos	e	brincadeiras.	Esse	homem	começou	a	utilizar	da	imaginação	
para	procurar	ocupar	o	tempo	em	que	não	estava	fazendo	suas	tarefas	diárias.	
Começou,	então,	a	surgir	a	recreação.
•	 As	pesquisas	recentes	afirmam	que	os	primeiros	jogos	surgiram	na	Grécia	an-
tiga	e	 tinham	o	propósito	de	ajudar	no	ensino	das	 letras.	Posteriormente,	os	
jogos	 foram	 tornando-se	 competitivos	 e	o	país	 foi	palco	do	primeiro	 “Jogos	
Olímpicos”.	Deles,	inicialmente,	só	poderiam	participar	homens	gregos,	falan-
tes	da	língua	grega,	com	os	deveres	de	cidadãos	sendo	exercidos	plenamente.	
•	 Segundo	Miranda	(1992),	no	século	IV	consolidou-se	a	Constituição	de	Santo	
Agostinho	na	sociedade.
•	 O	Cristianismo	na	época	medieval	proibiu	todas	as	formas	de	jogos	e	recreações.
•	 As	mudanças	advindas	do	início	do	Renascimento	foram	de	suma	importân-
cia	para	as	condutas	do	jogo	até	os	dias	de	hoje,	pois	a	brincadeira	passa	a	ser	
vista	como	de	conduta	livre,	que	favorece	o	desenvolvimento	da	inteligência	e	
facilita	o	estudo.	No	renascimento,	o	jogo	torna-se	um	meio	para	atingir	as	ne-
cessidades	infantis	e	uma	forma	para	a	aprendizagem	de	conteúdos	escolares.	
•	Na	antiguidade,	crianças	egípcias	já	utilizavam	brinquedos	tais	quais	encontra-
mos	hoje,	como,	por	exemplo,	animais	de	madeira,	bonecas	e	soldadinhos.
•	 O	jogo	faz	parte	da	sociedade	atual	e,	a	psicopedagogia,	pode	e	deve	apropriar-
-se	deste	artefato	cultural	para	desenvolver	suas	práticas	cotidianas.
RESUMO DO TÓPICO 1
12
1Não	podemos	falar	do	lúdico	e	do	jogo	sem	antes	entendermos,	primeira-
mente, como o homem se desenvolveu no decorrer da história, pois a partir 
da	evolução	da	espécie	humana	evoluíram	também	as	linguagens,	o	lúdico	
e	também	o	jogo.	O	homem	primitivo	recebeu	diversas	denominações,	mas	
estudamos	neste	tópico	três	denominações.	Relacione	as	colunas	a	seguir	
com	a	descrição	CORRETA	de	cada	“homo”:
 
(1)	HOMO 
LUDENS
( )	Sobrevivia	por	meio	da	caça	e	da	pesca,	defendendo-se	
de	animais	ferozes.	Este	homem	ocupava	grande	parte	
do seu tempo tentando se proteger e pensando em uma 
maneira	eficaz	de	adquirir	seu	alimento.
(2)	HOMO 
SAPIENS
( )	Sobrevivia	por	meio	da	caça	e	da	pesca,	defendendo-se	
de	animais	ferozes.	Este	homem	ocupava	grande	parte	
do seu tempo tentando se proteger e pensando em uma 
maneira	eficaz	de	adquirir	seu	alimento.
(3)	HOMO 
FABER
( )	Homem	que	começa	a	se	comunicar	e	a	produzir	ob-
jetos	e	utensílios	para	utilização	no	dia	a	dia.	Inicia-se	a	
utilização	da	criatividade	para	produzir	vasos,	pinturas	
e	flechas.
2	 Sobre	os	aspectos	históricos	do	jogo,	assinale	V	para	verdadeiro	e	F	para	
falso.
 
(	 )	 No	romantismo,	a	brincadeira	passa	a	ser	condenada	como	uma	ação	que	
não	favorecia	o	ensino	e	a	aprendizagem.
(	 )	 A	Constituição	de	Santo	Agostinho	consolidou	os	jogos	e	as	brincadeiras	
como	atitudes	boas	para	o	seu	humano.
(	 )	 É	na	fase	do	Homo Ludens que o jogo torna-se um elemento cultural, ou 
seja,	parte	da	cultura.
(	 )	 Jogar	é	tão	antigo	quanto	a	própria	existência	humana.
(	 )	 Pesquisas	apontam	que	os	primeiros	jogos	surgiram	na	China	e	posterior-
mente	na	Grécia.
 
Agora,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(	 )	 F	–	V	–	V	–	V	–	V.
b)	(	 )	 F	–	F	–	V	–	V	–	V.
c)	(	 )	V	–	V	–	V	–	F	–	F.
d)	(	 )	 F	–	V	–V	–	V	–	F.
e)	(	 )	V	–	F	–	F	–	V	–V.
AUTOATIVIDADE
13
3	 Assinale	a	alternativa	em	que	contém	uma	sentença	CORRETA	sobre	o	his-
tórico	dos	brinquedos.
a)	(	 )	 A	boneca	em	Atenas	era	utilizada	como	nos	dias	de	hoje,	um	brinque-
do,	exceto	pelo	simbolismo	que	a	boneca	exercia	durante	o	aniversário,	em	
que	as	mulheres	atenienses	consagravam	suas	bonecas	à	deusa	Ísis.
b)	(	 )	 Na	Turquia,	 surgiram	os	primeiros	piões,	 feitos	com	argila	e	 com	as	
bordas	decoradas	com	formas	de	animais	e	humanos	e	em	relevo.
c)	(	 )	 A	modernidade	gerou	mudanças	no	brincar	e	nos	brinquedos,	ou	seja,	
as	crianças	que	perpassam	pela	infância	moderna	brincam	de	outras	for-
mas	e	com	outros	brinquedos.
d)	(	 )	 As	crianças	americanas	brincavam	com	bonecas	e	arcos	de	madeira.	Os	
meninos,	especificamente,	brincavam	com	soldados	feitos	com	argila.	Mais	
tarde,	nos	EUA,	surgiram	os	primeiros	jogos	de	tabuleiro.
e)	(	 )	 Acredita-se	que	no	Brasil	surgiram	as	primeiras	bonecas	parecidas	com	
as	que	existem	hoje	na	atualidade.
14
15
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
O QUE SÃO JOGOS E BRINCADEIRAS? 
DELINEANDO CONCEITOS
1 INTRODUÇÃO
Neste	 tópico, nos concentraremos nos termos jogos, brinquedos e brin-
cadeiras.	Delimitaremos	os	conceitos,	para	entendermos	o	contexto	de	cada	um.	
Trataremos	 cada	 uma	 das	 definições,	 trazendo	 características	 e	 objetivos	 para	
melhor	entendimento.	Afinal,	 jogar	e	brincar	são	palavras	que	têm	um	mesmo	
significado?	Quando	a	criança	brinca,	ela	também	está	 jogando?	Ou,	quando	o	
adulto	joga,	ele	está	também	brincando?	Por	que	o	brinquedo	tem	uma	função	tão	
importante	na	brincadeira?
 
Talvez	 nunca	paramos	para	 pensar	 nessas	 questões,	 porém,	 para	 você, 
futuro	psicopedagogo,	é	de	extrema	importância	ter	a	clareza	sobre	cada	termo	e	
a	resposta	para	as	perguntas	colocadas	acima.	Porém,	atenção!	Neste	tópico,	de-
correremos	nos	atentando	às	definições	dos	conceitos.	No	tópico	seguinte	desta	
unidade,	trataremos	exclusivamente	dos	jogos	e	brincadeiras	para	a	atuação	do	
psicopedagogo	na	prática!	
 
O	tópico	está	dividido	em	apenas	três	subtópicos,	como	não	poderia	ser	
diferente:	 Jogo;	Brinquedo	e	Brincadeira.	Ao	final,	pretendemos	deixar	 claro	o	
conceito	de	cada	para	que	você	possa	ter	uma	prática	futura	consistente.
Está	curioso	para	saber	mais	sobre	estes	conceitos?	Vamos	lá!
2 JOGO
 
O	jogo	é	uma	das	formas	de	expressão	do	ser	humano.	A	criança	utiliza	
do jogo,	para	estabelecer	relações	com	a	cultura	adulta	e	com	a	realidade	social	
no	qual	ela	está	inserida.	
 
O jogo vem do latim jocu,	que	significa	gracejo,	zombaria.	O	ato	de	jogar	
é	tão	antigo	quanto	a	própria	história	do	homem.	É	uma	atividade	fundamental-
mente	lúdica,	contendo	regras	que	podem	ser	competitivas	ou	não	e	que	possui	
uma	característica	principal,	a	espontaneidade,	e	possibilita	a	expressão	de	vivên-
cias	cultural	de	forma	intensa	e	total	(HUIZINGA,	1991).
Negrine	(2001,	p.	42)	define	o	termo	jogo	como	“tudo	aquilo	que	diverte,	sem	
causar	estresse,	constitui-se	em	atividade	lúdica.	Entretanto,	umas	têm	melhor	quali-
dade	que	outras,	quando	vistas	a	partir	do	nível	de	envolvimento	nas	relações”.
16
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
Ferreira	 (1999,	p.	 23)	 conceitua	que	o	 jogo	“é	 também	conhecido	 como	
uma	atividade	física	ou	mental,	organizada	por	sistemas	de	regras	que	definem	a	
perda	ou	ganho”.	Para	o	filósofo	Huizinga	(1991),	toda	a	ação	humana	dentro	da	
sociedade	é	um	jogo.	
No	Brasil,	o	lúdico,	o	jogo,	o	brinquedo	e	a	brincadeira	possuem	significa-
dos	de	certa	forma	indistintos.	De	acordo	com	Freire	(1997,	p.	116),	“existe	muita	
confusão	a	respeito	dos	termos	brinquedo,	brincadeira,	jogo	e	lúdico.	As	defini-
ções	dessas	palavras	em	nossa	 língua	pouco	se	diferenciam.	Brincadeira,	brin-
quedo	e	jogo	significam	a	mesma	coisa”.	Essa	“confusão”	feita	no	Brasil	recebeu	
algumas	críticas	no	âmbito	internacional.	Ainda	não	há	consenso	na	academia	so-
bre	estas	diferenciações	na	língua	portuguesa.	Por	isso,	caro	leitor,	utilizaremos,	
neste	livro,	as	definições	mais	aceitas	hoje	para	conceituar	cada	termo.	Buscare-
mos	deixar	claro	o	significado	de	cada	um,	para	que	você	possa	entender	e	criar	
sua	própria	visão	sobre	cada	um.
Para entender melhorar estas diferenciações e aproximações na língua portu-
guesa, sugerimos a leitura do livro Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação, de organi-
zação de Tizuko Morchida Kishimoto.
FIGURA – CAPA DO LIVRO JOGO, BRINQUEDO, BRINCADEIRA E A EDUCAÇÃO
FONTE: <https://bit.ly/3hWJVrn>. Acesso em: 17 jun. 2020. 
DICAS
TÓPICO 2 – O QUE SÃO JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS? DELINEANDO CONCEITOS
17
Tentar	definir	jogo	não	é	tarefa	fácil.	Quando	se	pronuncia	a	palavra	jogo,	cada	
um	pode	entendê-la	de	modo	diferente,	assim,	o	jogo	é	um	campo	rico	para	integrar	as	
diferentes	áreas	de	desenvolvimento	infantil	dentro	de	um	processo	vivencial.
Mello	(2003)	caracteriza	o	jogo	como	sendo	uma	atividade	intrínseca	na	
vida	do	ser	humano.	O	jogo	possui	uma	grande	carga	afetiva,	e	é	marcado	por	
questões	identitárias	e	culturais.	Em	resumo,	o	jogo	é	uma	assimilação	funcional,	
em	um	exercício	de	ações	que	são	individuais	e	aprendidas.	São	gerados	senti-
mentos	e	o	lúdico	determina	o	grau	de	aceitação	do	jogo.	Os	jogos	possuem	tem-
po,	regras	e	espaços	definidos.	
A	classificação	dos	jogos	é	feita	de	diferentes	formas,	por	diferentes	au-
tores	na	literatura	especializada.	Trabalharemos	aqui	com	alguns	destes	autores.	
Piaget considera três tipos de jogos: os jogos práticos, os jogos simbólicos e os 
jogos	de	regras	(MEDEIROS,	2013).	
Os	jogos	práticos	podem	ser	caracterizados	como	continuidade	do	pro-
cesso	 de	 imitação	 e	 conduzem	 ao	 aprimoramento	 motor	 (exemplos:	
arremessar	pedras,	pular	corda,	empilhar	blocos).	Estes	evoluem	para	
jogos	simbólicos,	o	faz	-	de	-	conta	infantil,	que	implica	na	representa-
ção,	imaginação	e	expressão	criativa	da	criança.	Estes	desaparecem	gra-
dualmente	à	medida	que	a	criança	se	acomoda	ao	mundo	ao	seu	redor,	
dando	lugar	aos	jogos	dotados	de	regras	(MEDEIROS,	2013,	p.	23859).
A	seguir,	apresentamos	uma	leitura,	recorte	de	uma	dissertação	de	mes-
trado	de	autoria	de	Antônia	Pereira	da	Silva	(2007),	em	que	a	autora	estudou	a	
importânciados	jogos	e	brincadeiras	para	as	crianças.	No	recorte,	adiante,	temos	
algumas	divisões	dos	jogos	para	alguns	estudiosos	da	área.	
Sugerimos a leitura da dissertação a qual trouxemos, intitulada A importância 
dos jogos/brincadeiras para a aprendizagem dos esportes nas aulas de Educação Física. O 
link para encontrar a dissertação inteira é: https://bit.ly/3jPRWjs.
DICAS
18
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS/BRINCADEIRAS PARA A APRENDI-
ZAGEM DOS ESPORTES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Os	jogos	podem	ser	classificados	em	diferentes	formas.	No	entanto,	
para o presente estudo, adotaremos somente as que entendemos se coadu-
narem	com	os	objetivos	do	mesmo.
Teixeira	(1997,	p.	34)	classifica	os	jogos	em	três	formas,	de	acordo	com	
suas	finalidades	e	maneiras	de	jogar:
• Sensoriais	–	são	aquelas	que	ajudam	a	desenvolver	os	sentidos.	Ex.:	cabra-cego,	
pois	neste	jogo	o	sentido	da	audição	é	essencial.
• Raciocínio	–	desenvolve	o	raciocínio.	Ex.:	xadrez,	palavras	cruzadas	entre	ou-
tros.
• Motoras	–	é	aquelas	que	exigem	a	participação	de	todo	o	corpo,	mais	depen-
dem	principalmente	dos	músculos.	Ex.:	pega-pega.
Para	Machado	(1986,	p.	85),	classificam-se	das	seguintes	formas:
• Grande	jogo	ou	desporto	–	realizado	com	as	equipes	e	com	regras	interna-
cionais	e	longa	duração.
• Pequeno	jogo	de	curta	duração	e	de	poucas	regras	–	as	regras	dos	jogos	
variam	de	um	lugar	para	outro,	segundo	os	costumes	do	local.	São	jogos	
motores	ativos	que	convém	a	todas	as	crianças	menores.
• Jogos	dirigidos	–	apresentam	características	educativas	e	são	orientados	
pelo	professor.	São	submetidos	a	regras	e	cumprimentos,	havendo	mais	
respeito aos direitos do companheiro, obedecendo a uma seqüência nor-
mal	do	seu	processo	do	desenvolvimento	e	crescimento.
• Jogo	livre	–	são	jogos	escolhidos	livremente	pelo	interesse	do	grupo.
• Jogos	individuais	–	os	jogadores	agem	sem	companheiros.	Esta	forma	de	
jogo	é	própria	das	crianças	pequenas	entre	dois	a	seis	anos	de	idade.
• Jogos	coletivos	–	são	aqueles	em	que	a	presença	do	companheiro	é	de	fun-
damental	importância.	
Claparede	e	Groas	(apud	RIZZI;	HAYDT,	1986,	p.	10)	adotam	como	
critério	classificatório	a	função,	e	dividem	os	jogos	em	duas	grandes	catego-
rias,	que	comportam	várias	subdivisões:
1.	Jogos	de	experimentação	ou	jogos	de	funções	gerais:	
Jogos	sensoriais	(assobio,	gritos	etc.).	
Jogos	motores	(bolas,	corridas,	outros).	
Jogos	afetivos	(amor	e	sexo).
Jogos	intelectuais	(imaginação	e	curiosidade).	
Exercício	de	vontade	(sustentar	uma	posição	difícil	o	máximo	de	tempo	possível).	
2.	Jogos	de	funções	especiais:
Jogos	de	luta,	perseguição,	cortesia,	imitação,	jogos	sociais	e	familiares;	
TÓPICO 2 – O QUE SÃO JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS? DELINEANDO CONCEITOS
19
Jean	Piaget	(apud	RIZZI;	HAYDAT,	1986,	p.	11),	também	se	dedicou	à	
elaboração	de	uma	classificação	de	jogos,	tendo	utilizado	anteriormente,	os	
seguintes procedimentos: 
• Observação	e	registro	dos	jogos	praticados	pelas	crianças	em	casa,	na	es-
cola	e	na	rua,	tentado	relacionar	o	maior	número	dos	jogos	infantis.
• A	análise	das	classificações	já	existentes	e	aplicações	dessas	classificações	
conhecidas	à	relação	de	jogos	coletados.
Tendo	adotado	como	critério	 classificatório	o	grau	de	complexida-
de	mental,	Piaget	verificou	que	existem	basicamente	três	tipos	de	estruturas	
que	caracterizam	os	jogos:	o	exercício,	simbólico	e	de	regras.	
A	partir	 dessas	 premissas,	 ele	 distribuiu	 os	 jogos	 em	 três	 grandes	
categorias,	cada	uma	delas	correspondendo	a	um	tipo	estrutura	mental.	
1-	Jogo	de	exercício	sensório	motor.
2-	Jogos	simbólicos	(de	ficção	ou	imaginação	e	de	imitação).
3-	Jogos	de	regras.	
As	três	classes	de	jogos	(exercício,	simbólico	e	regras)	correspondem	
às	três	fases	do	desenvolvimento	mental	ou	cognitivo.	Chateau	(1987),	afir-
ma	que	há	uma	ordem	de	aparecimento	dos	 jogos,	como	fez	Piaget.	Esses	
estágios	incluem:	jogos	funcionais	da	primeira	infância;	jogos	simbólicos	que	
aparecem	pouco	antes	dos	três	anos;	jogo	de	proezas	que	cobrem	principal-
mente	os	primeiros	anos	da	escola	primária;	jogos	sociais	que	se	organizam	
mais	no	fim	da	infância.
FONTE: <https://bit.ly/3jPRWjs>. Acesso em: 17 jun. 2020. 
Como podemos observar acadêmico, os jogos possuem diversas classi-
ficações	de	variados	autores.	Porém,	com	a	leitura	atenta	de	cada	um,	podemos	
também	perceber	que	os	autores	têm	grandes	aproximações	em	suas	classifica-
ções	e	um,	em	alguns	aspectos,	complementa	sempre	o	outro.	
20
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
Para um aprofundamento do tema até aqui estudado, como os jogos e as 
diferentes classificações, indicamos o livro Jogos, Brinquedos e Brincadeiras de autoria de 
Roselene Crepaldi.
FIGURA – CAPA DO LIVRO “JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS”
FONTE: <https://bit.ly/2BITavG>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
3 BRINQUEDO
Já vimos, anteriormente, que o brinquedo se desenvolveu com o passar 
dos	anos,	tendo	sido	criado	na	antiguidade	e	chegando	aos	dias	atuais.	Agora,	
nos	atentaremos	para	o	conceito	do	brinquedo.	
O	brinquedo,	nada	mais	é	do	que	um	objeto	com	o	qual	se	brinca.	Objeto	
que	é	sempre	suporte	de	brincadeira,	é	o	material	com	o	qual	se	tem	a	intenção	
de	se	fazer	fluir	o	imaginário	infantil,	e	tem	como	função	a	própria	brincadeira.
De	acordo	com	Brougère	(1995),	o	brinquedo	é	um	objeto	cujo	seu	valor	
é	simbólico	atrelado	sempre	a	uma	função.	Sem	função	o	objeto	perde	seu	valor	
e	seu	sentido,	deixando	de	ser	um	brinquedo.	Um	brinquedo	só	é	um	brinquedo	
TÓPICO 2 – O QUE SÃO JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS? DELINEANDO CONCEITOS
21
se	lhe	for	dado	um	significado	para	tal.	Às	vezes,	a	boneca	comprada	que	tem	vá-
rias	funções	como	comer,	fazer	xixi	e	piscar,	não	é	tão	interessante	para	a	criança	
quanto	uma	panela	velha	e	um	garfo.		Para	o	autor,	o	brinquedo	é:	
Um	objeto	que	a	criança	manipula	livremente,	sem	estar	condicionado	
às	 regras	ou	a	princípios	de	utilização	de	outra	natureza.	Podemos,	
igualmente,	destacar	uma	outra	diferença	entre	o	jogo	e	o	brinquedo.	
O	brinquedo	é	um	objeto	infantil	e	falar	em	brinquedo	para	um	adul-
to	torna-se,	sempre,	um	motivo	de	zombaria,	de	ligação	com	a	infân-
cia.	O	jogo,	ao	contrário,	pode	ser	destinado	tanto	à	criança	quanto	ao	
adulto:	ele	não	é	restrito	a	um	faixa	etária	(BROUGÈRE,	1995,	p.	13)
Os	 brinquedos	podem	 ser	definidos	 seja	 com	 sua	 em	 relação	 à	 brinca-
deira,	seja	em	relação	a	uma	representação	social.	Representa-se	uma	realidade,	
colocando	a	criança	na	presença	de	reproduções	de	tudo	que	existe	no	cotidiano.
Para	Brougère	(1995),	o	brinquedo	é	um	produto	da	sociedade	que	tem	
características	específicas,	com	traços	culturais	específicos.	Com	essa	afirmação	
podemos	entender	por	que	as	crianças	de	diferentes	culturas	possuem	diferentes	
brinquedos.	Alguns	em	comum,	com	certeza,	mas	peguemos	o	Brasil	como	exem-
plo.	Podemos	visualizar	em	diferentes	regiões	crianças	brincando	com	brinque-
dos	específicos	daquela	região,	não	sendo	comum	em	outras	regiões	do	país.	Isso	
acontece	porque	“o	brinquedo	é	dotado	de	um	forte	valor	cultural,	se	definirmos	
cultura	como	um	conjunto	de	significações	produzidas	pelo	homem.	Percebemos	
que	ele	é	rico	em	significados	que	permitem	compreender	determinada	socieda-
de	e	cultura”	(BROUGÈRE,	1995,	p.	8).
	Pode-se	dizer	que	um	dos	objetivos	dos	brinquedos	é	dar	à	criança	um	
substituto	dos	objetos	reais	para	que	possa	manipulá-los.	Por	intermédio	do	brin-
quedo,	a	criança	 irá	explorar,	experimentar	e	apreender	o	mundo	dos	adultos,	
bem	como	o	meio	onde	vive	a	cultura	e	os	valores	aí	vinculados.	De	acordo	com	
Vygotsky	(1994,	p.	71),	“a	criança	desenvolve-se,	essencialmente,	através	da	ativi-
dade	de	brinquedo”.	Assim,	podemos	compreender	que	o	brinquedo	é	essencial	
para	o	desenvolvimento	da	criança,	pois	com	ele	as	crianças	se	relacionam	com	o	
meio	social	no	qual	está	inserida.		
O	brinquedo	não	só	possibilita	o	desenvolvimento	de	processos	psíqui-
cos,	por	parte	da	criança,	como	tambémserve	como	um	instrumento	para	
conhecer	o	mundo	físico	e	seus	usos	sociais,	e	finalmente	entender	os	dife-
rentes	modos	de	comportamento	humano,	os	papéis	que	desempenham	
como	se	relacionam	e	os	hábitos	culturais	(SANTOS,	1999,	p.	52).
Para	Kishimoto	(1997),	o	brinquedo	também	é	educativo,	pois	ele	desen-
volve	e	ensina,	de	certa	forma,	prazerosa	para	a	criança.	O	brinquedo	permite	que	
a	criança	brinque,	se	divirta	de	forma	lúdica	e	da	mesma	forma	obtenha	diversos	
conhecimentos.	
 
Para os psicopedagogos, nessa perspectiva, os jogos que mais se destacam 
são	os	quebra-cabeças,	os	jogos	de	tabuleiros,	brinquedos	de	encaixe	etc.
 
22
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
O educador, pode, portanto, construir um ambiente que estimule a brin-
cadeira	em	função	dos	resultados	desejados.	Não	se	tem	certeza	de	que	a	
criança	vá	agir,	com	esse	material,	como	desejaríamos,	mas	aumentamos,	
assim,	as	chances	de	que	ela	o	faça;	num	universo	sem	certeza,	só	pode-
mos	trabalhar	com	probabilidades.	Portanto,	é	importante	analisar	seus	
objetivos	e	tentar,	por	isso,	propor	materiais	que	otimizem	as	chances	de	
de	preencher	tais	objetivos	(BROUGÈRE,	1995,	p.	105).
Para um maior aprofundamento no tema, recomendamos a leitura do livro 
clássico citado no decorrer deste tópico: Brinquedo e Cultura” de Gilles Brougère.
FIGURA – CAPA DO LIVRO BRINQUEDO E CULTURA
FONTE: <https://images-americanas.b2w.io/produtos/01/00/item/7322/1/7322159_1GG.
jpg>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
4 BRINCADEIRA
A	brincadeira	é	uma	das	características	infantis	mais	estudadas	por	diver-
sos	teóricos.	O	ato	de	brincar,	individualmente	ou	com	outros	indivíduos,	permite	
se	compreender	o	mundo	e	as	ações	humanas,	assim	como	socializar	com	os	de-
mais	participantes	da	brincadeira.	
O	brincar	é	de	extrema	importância	para	que	a	criança	tenha	como	interagir	
com	o	mundo	e	vivenciar	suas	diversas	linguagens,	seja	a	corporal,	a	escolar,	a	fala	
ou	a	brincante,	pois	estão	características	no	processo	que	constrói	a	brincadeira.	
“Reconhecer	o	papel	do	brincar	na	vida	da	criança	é	uma	tarefa	que	requer	um	
conhecimento sobre os teóricos que estudam o brincar e seus elementos bem como 
as	fases	anteriores	pelas	quais	a	criança	passou,	verificando	a	sua	evolução”	(BAR-
BOSA,	2011,	p.	18).
TÓPICO 2 – O QUE SÃO JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS? DELINEANDO CONCEITOS
23
Por	meio	da	brincadeira	é	que	a	criança	desenvolve	o	imaginário,	a	confian-
ça,	amadurece,	supera	limites,	testa	e	desenvolve	habilidades	motoras	e	cognitivas	
e	imita	o	mundo	social	no	qual	está	inserida.	Estas	são	algumas	características	que	
nos	permitem	entender	o	quão	importante	é	o	brincar	na	vida	das	crianças.	
O	brincar	é	social,	a	criança	não	brinca	sozinha,	ela	tem	um	brinque-
do,	um	ambiente,	uma	história,	um	colega,	um	professor	que	media	
essa	relação	e	que	faz	do	brincar	algo	criativo	e	estimulante,	ou	seja,	a	
forma	como	o	brincar	é	mediado	pelo	contexto	da	escola	é	importan-
te	para	que	seja	de	qualidade	e	realmente	ofereça	a	oportunidade	de	
diferentes	aprendizagens	para	a	criança	(NAVARRO,	2009,	p.	2125).
Toda	a	brincadeira	também	possui	regras,	mas	essas	regras	necessitam	ser	
criadas	ou	acordadas	entre	os	que	brincam.	Como	vimos	anteriormente,	jogos	e	brin-
cadeiras	são	difíceis	de	serem	conceituados	na	língua	portuguesa	por	serem	tratados	
como	sinônimos.	Mas,	devemos	atentar	que	a	brincadeira	é	muito	mais	espontânea	
que	os	jogos	se	compararmos,	por	exemplo,	com	os	jogos	esportivos.	A	brincadeira	
tem	início	e	fim	nela	mesma.	Diferente	do	exemplo	anterior,	ela	não	tem	um	tempo	
pré-determinado	para	acabar	e	não	tem	a	finalidade	de	se	vencer	o	outro.
As	 brincadeiras	 infantis	 possuem	duas	 características	 básicas	 definidas	
por	Vygotsky	(1994):	a	regra	e	a	imaginação.	Ou	seja,	podemos	definir	que	a	brin-
cadeira	então,	necessita	destas	duas	características	para	ser	entendida	como	tal.	
Quando	as	crianças	mais	novas	brincam,	elas	utilizam	muito	a	situ-
ação	 imaginária,	a	 imaginação	está	presente	com	força,	enquanto	as	
regras	ficam	mais	ocultas,	mas	não	deixam	de	existir.	A	brincadeira	
de	casinha	é	um	exemplo	do	brincar	das	crianças	pequenas,	em	que	
o imaginário reina, mas certas regras de comportamento devem ser 
seguidas.	Com	o	passar	do	tempo,	as	regras	vão	tomando	mais	espaço	
e	a	situação	imaginária	vai	diminuindo,	como	num	jogo	de	queimada	
em	que	as	regras	são	primordiais,	mas	a	situação	imaginária	de	dois	
lados	opostos	em	“guerra”	e	de	comportamentos	diferentes	daqueles	
da	vida	real	não	deixam	de	existir	(NAVARRO,	2009,	p.	2126).
Devemos	frisar	aqui,	que	diferente	do	que	se	pensa,	a	brincadeira	não	é	
algo	natural	na	vida	da	criança.	Este	pensamento	foi	naturalizado	com	o	passar	
do	tempo,	mas	a	criança	aprende	a	brincar.	Para	Brougère	(1995,	p.	97),	necessi-
tamos	“romper	com	o	mito	da	brincadeira	natural.	A	criança	está	inserida,	desde	
seu	nascimento,	num	contexto	social	e	seus	comportamentos	estão	impregnados	
por	essa	imersão	inevitável”. 
A	 brincadeira	 pressupõe	 uma	 aprendizagem	 social.	 Aprende-se	 a	
brincar.	A	brincadeira	não	é	inata,	pelo	menos	nas	formas	que	ela	ad-
quire	 junto	ao	homem.	A	criança	pequena	é	 iniciada	na	brincadeira	
por	pessoas	que	cuidam	dela,	particularmente	sua	mãe.	Não	tem	sen-
tido	afirmar	que	a	criança	de	poucos	dias,	ou	poucas	semanas,	brin-
ca	por	 iniciativa	própria	 [...].	É	 certo	que	os	 adultos	brincam	com	a	
criança.	A	 criança	 entra	 progressivamente	 na	 brincadeira	 do	 adulto	
(BROUGÈRE,	1995,	p.	98).
24
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
A	brincadeira	 é	 assim	um	processo	de	 relações	 e, por isso,	 também	de	
cultura.	A	imprescindibilidade	de	brincar	da	criança	não	é	um	fator	que	pode-
mos	dizer	biológico,	mas	sim,	de	uma	ordem	“social,	à	necessidade	que	ela	sente	
desde muito cedo de se comunicar com os adultos, necessidade que se converte 
em	tendência	para	levar	uma	vida	comum	com	eles”	(ELKONIN,	1998,	p.	397).	
 
A	criança	de	um	ano	não	procura	o	objeto	 somente	para	vê-lo,	mas	
também	para	prosseguir	sua	relação	com	o	adulto.	O	adulto	pergunta:	
“Onde	está	tal	coisa?”	e	a	criança	procura	e	responde,	com	toda	sua	
atitude:	“Aqui	está.”.	O	contato	emocional	com	o	adulto	e	o	 fato	de	
compreender	o	que	esse	diz	costumam	ser	motivo	de	grande	alegria	
para	a	criança	(MUKHINA,	1995,	p.	87).
 
Por	conta	desta	aprendizagem	social	é	possível	entendermos	alguns	as-
pectos	das	brincadeiras	infantis.	Podemos	afirmar	que	algumas	brincadeiras	da	
criança	são	próprias	dela	mesma,	mas	atentemos	para	o	fato	de	vermos	crianças	
hoje,	brincando	com	brincadeiras	que	nós	ou	nossos	pais	brincaram	na	infância.	
Pega-Pega,	 esconde-esconde,	pular-corda,	 amarelinha,	 batata-quente	 e	 elefante	
colorido	são	alguns	dos	exemplos	que	podemos	ver	com	grande	intensidade	ain-
da	nos	dias	atuais.	
Indicamos a leitura do livro O brincar e suas teorias organizado por Tizuko 
Morchida Kishimoto, para um aprofundamento das teorias que hoje fundamentam o brin-
car, principalmente na escola.
FIGURA – CAPA DO LIVRO O BRINCAR E SUAS TEORIAS
FONTE: <https://bit.ly/3i1kNjg>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
25
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
•	O	jogo	e	a	brincadeira	possuem	significados	e	definições	diferentes.
•	 Os	jogos	podem	ser	classificados	como:	jogos	de	experimentação	ou	jogos	de	
funções	gerais,	como	jogos	de	funções	especiais	e	como	jogos	de	regras.
 
•	O	jogo,	o	brinquedo	e	a	brincadeira	são	elencados	constitutivos	da	cultura	e	da	
história	humana.
26
1	 Analise	as	sentenças	a	seguir	e	classifique	V	para	as	VERDADEIRAS	e	F	
para	as	FALSAS:
 
(	 )	 No	Brasil,	os	termos	“jogo,	brinquedo	e	brincadeira”	possuem	significa-
dos	distintos	e	perfeitamente	delineados.
(	 )	 O	jogo	é	uma	das	formas	de	expressão	do	ser	humano.
(	 )	 O	jogo	não	possui	carga	afetiva	e	não	é	marcado	por	questões	identitárias	
e	culturais.
(	 )	 Os	brinquedos	podem	ser	definidos	seja	com	sua	em	relação	à	brincadei-
ra,	seja	em	relação	a	uma	representação	social.(	 )	 A	brincadeira	é	uma	das	características	infantis	menos	estudadas	por	di-
versos	teóricos.
(	 )	 A	brincadeira	é	muito	mais	espontânea	que	os	jogos	se	comparada	com	os	
jogos	esportivos.
(	 )	 A	brincadeira	tem	início	e	fim	nela	mesma.
(	 )	 O	brinquedo	é	um	objeto	que	é		suporte	de	uma	brincadeira.	É	o	material	
com	o	qual	se	tem	a	intenção	de	se	fazer	fluir	o	imaginário	infantil,	e	tem	
como	função	a	própria	brincadeira.
Agora,	assinale	a	alternativa	correta:
a)	(	 )	F	–	V	–	F	–	V	–	F	–	V	–	V	–	V.
b)	(	 )	V	–	V	–	V	–	V	–	V	–	V	–	V	–	V.
c)	(	 )	F	–	F	–	F	–	F	–	F	–	F	–	F	–	F.
d)	(	 )	F	–	V	–	F	–	V	–	F	–	V	–	F	–	V.
e)	(	 )	V	–	F	–	F	–	F	–	F	–	V	–	V	–	V.
2	 Classifique,	pelo	menos,	cinco	tipos	de	jogos	de	acordo	com	o	texto	comple-
mentar	disponibilizado	neste	tópico.		
R.:	
3	 Assinale	a	alternativa	INCORRETA	sobre	os	jogos,	os	brinquedos	e	as	brin-
cadeiras:
a)	(	 )	O	jogo	vem	do	latim	jocu,	que	significa	gracejo,	zombaria.
b)	(	 )	 Piaget	considera	três	tipos	de	jogos:	os	jogos	teóricos,	os	jogos	espontâ-
neos	e	os	jogos	de	invasão.
c)	(	 )	O	 brinquedo	 é	 um	produto	da	 sociedade	 que	 tem	 características	 es-
pecíficas,	com	traços	culturais	específicos.	Com	essa	afirmação,	podemos	
entender	 por	 que	 as	 crianças	 de	 diferentes	 culturas	 possuem	 diferentes	
brinquedos.
AUTOATIVIDADE
27
d)	(	 )	 Por	meio	da	brincadeira	que	a	criança	desenvolve	o	imaginário,	a	con-
fiança,	amadurece,	supera	limites,	testa	e	desenvolve	habilidades	motoras	e	
cognitivas	e	imita	o	mundo	social	no	qual	está	inserida.	Essas	são	algumas	
características	que	nos	permitem	entender	o	quão	importante	é	o	brincar	na	
vida	das	crianças.	
e)	(	 )	O	jogo	é	também	conhecido	como	uma	atividade	física	ou	mental	orga-
nizada	por	sistemas	de	regras	que	definem	a	perda	ou	ganho.
28
29
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: AS FASES DO 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL, A IMPORTÂNCIA DO 
BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINCADEIRA LIVRE
1 INTRODUÇÃO
As	áreas	de	atuação	dos	psicopedagogos	não	se	 restringem	apenas	aos	
ambientes	escolares	e	clínicas/consultórios	para	o	atendimento	de	crianças	e	jo-
vens.	Os	psicopedagogos,	hoje,	também	atuam	em	ambientes	empresariais,	hos-
pitalares,	organizacionais,	entre	outros.	
 
Por	isso,	trabalharemos	neste	tópico	com	as	fases	de	desenvolvimento	hu-
mano	e	a	contribuição	dos	jogos	e	das	brincadeiras	em	cada	fase.	Entender	como	
as	fases	do	desenvolvimento	humano	acontecem	é	de	extrema	importância	para	
que	você	possa	pensar	e	planejar	a	sua	prática	como	psicopedagogo.	Sabemos	que	
nem	todas	as	pessoas	se	desenvolvem	iguais	por	diversos	fatores,	como	sociais	
e ambientais, mas buscamos, neste tópico,	mostrar	as	fases	do	desenvolvimento	
para	alguns	teóricos	da	área	como	Piaget	e	Wallon.	
Estudamos	 também	até	 aqui	 a	 história	 e	 os	 conceitos	 dos	 termos	 jogo,	
brinquedo	e	brincadeira.	Todavia,	futuro	psicopedagogo,	neste	nosso	último	tó-
pico	entenderemos	a	importância	do	faz	de	conta	e	da	brincadeira	não	dirigida	no	
desenvolvimento	das	crianças.	Sabemos	que	brincar	é	sim	importante,	mas	qual	
o	papel	do	lúdico	neste	processo?	Ou	ainda,	por	que	a	brincadeira	não	dirigida?
Brincando	a	criança	aprende,	fato	que	já	estudamos,	mas	será	que	é	so-
mente	no	brincar	pedagógico?	Veremos, neste tópico,	que	as	crianças	estão	apren-
dendo	a	todo	tempo	e,	principalmente,	naquelas	brincadeiras	que	não	partem	e	
nem	são	interferidas	pelos	adultos.	
Ficou	curioso	para	saber	como?	Vamos	lá!
2 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
Todos os seres humanos se desenvolvem desde o nascimento, terminando 
apenas	com	a	morte.	Algumas	dessas	fases	do	desenvolvimento	humano	ficam	
mais	explícitas	e	percebidas	como	é	o	caso	do	desenvolvimento	infantil.	O	desen-
volvimento	infantil	é	marcado	pela	evolução	motora,	cognitiva,	social	e	psíquica,	
ou	seja,	nesta	fase	destaca-se	a	aquisição	de	habilidades	específicas.	Esse	desen-
30
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
volvimento, antes de mais nada,	deve	ser	entendido	como	um	processo.	Paula-
tinamente,	as	crianças	irão	adquirir	essas	habilidades	quando	bem	estimuladas.	
Ouvir	a	primeira	palavra	do	bebê,	ver	os	primeiros	passos	da	criança	e	
presenciar	a	criança	conseguir	escrever	o	seu	nome.	Estes	são	alguns	exemplos	
que	podemos	pensar	para	como	se	dá	o	desenvolvimento	infantil.
Nenhuma	criança	nasce	sabendo	andar,	falar,	ler	ou	escrever.	São	apren-
dizados	que	se	dão	quando	acumulados	de	vários	e	pequenos	aprendizados	no	
dia	a	dia.	Pensando	nesses	aprendizados	precisamos	entender	que	o	desenvolvi-
mento	motor,	social,	afetivo	e	cognitivo	são	esferas	as	quais	não	se	desenvolvem	
uma	de	cada	vez.	É	na	integração	de	todas	que	as	crianças	que	ocorre	o	desenvol-
vimento	simultâneo	de	cada	uma.	
Nos	itens	a	seguir,	definiremos	cada	um	para	uma	melhor	visualização	de	
cada,	mais	uma	vez	lembrando	que	todos	acontecem	simultaneamente	no	desen-
volvimento	infantil.	
• Desenvolvimento Motor:	 refere-se	 à	 aquisição	 de	 habilidades	 físicas	 como	
engatinhar,	andar,	correr,	saltar,	e	também	habilidades	consideradas	motoras	
finas,	como	é	o	caso	da	escrita	e	da	manipulação	de	uma	tesoura.
• Desenvolvimento Social: refere-se	ao	início	da	troca	de	experiências	com	os	
outros,	 inserção	no	meio	 cultural	 e	 tem	 início	 com	mais	 intensidade	 após	 a	
aquisição	da	linguagem.	
• Desenvolvimento Afetivo:	refere-se	às	emoções.	Este	desenvolvimento	inicia	
imediatamente	após	o	nascimento,	quando	a	criança	já	começa	a	perceber	as	
emoções	no	riso,	no	choro	e	compreende	quando	lhe	é	dado	carinho,	atenção	e	
amor.	O	primeiro	desenvolvimento	afetivo	inicia	com	os	pais,	sendo	estendido	
conforme	a	crianças	convive	com	outras	pessoas.	
• Desenvolvimento Cognitivo:	refere-se	ao	desenvolvimento	dos	processos	ce-
rebrais,	ou	seja,	o	desenvolvimento	dos	pensamentos,	da	memória,	do	raciocí-
nio	e	da	própria	linguagem.	Peguemos	como	exemplo	a	seguinte	situação:	você	
se	lembra	do	dia	do	seu	aniversário	de	dois	anos?	É	bem	provável	que	você	
responda	que	não.	Isso	acontece	porque	o	cérebro	nesta	idade	ainda	não	está	
desenvolvido	o	suficiente	para	armazenar	memórias	da	forma	que	os	adultos	
armazenam,	é	necessário	tempo	para	que	este	desenvolvimento	aconteça.
TÓPICO 3 – JOGOS, BRINQ. E BRINC.: AS FASES DO DESENV. INFANTIL, A IMPORT. DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINC. LIVRE
31
Para um maior aprofundamento no desenvolvimento infantil, recomendamos 
a leitura do livro Desenvolvimento da Criança de organização de Sandra Josefina Ferraz 
Ellero Grisi e Ana Maria de Ulhôa Escobar. O livro abrange um grande referencial científico 
e tem uma abordagem multidisciplinar. Vale a pena conferir!
FIGURA – CAPA DO LIVRO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
FONTE: <https://bit.ly/39T4rGp>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
A	partir	de	agora,	estudaremos	dois	teóricos	e	as	fases	que	cada	um	esta-
beleceu	para	o	desenvolvimento,	principalmente,	infantil.	
3 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PARA JEAN PIAGET
Jean	Piaget	foi	um	psicólogo	suíço	que	estudou	as	crianças	e	buscou	per-
ceber	 em	quais	 estágio	as	 crianças	 tinham	condições	de	aprender	determinadas	
habilidades	e	interagir/reagir	a	determinados	estímulos.	Piaget	acreditava	que	as	
crianças	precisam	participar	do	processo	de	construção	do	conhecimento,	ou	seja,	
elas	precisam	experimentar	e	vivenciar	para	aprender.	Conforme	as	crianças	vão	
32
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
se desenvolvendo elas acumulam conhecimentos, baseando-se no que já conhecem 
para	adicionar	novos	conhecimentos	ao	seu	mundo.	O	autor	definiu	assim,	quatro	
estágios de desenvolvimento, que iniciam ao nascer e perpassam por toda a vida 
do	ser	humano.	Detalharemos	esses	quatro	estágios	nos	subtópicos	a	seguir.
3.1 FASE SENSÓRIO MOTORA: 0 A 2 ANOS
Neste	primeiro	 estágio,	 definido	por	Piaget	 (1999),	 destaca-se	 o	 que	 as	
crianças	aprendem	por	meio	dos	sentidos.	Com	a	manipulação	dos	objetos,	as	
crianças	criam	as	primeiras	noções	de	tempo	e	espaço	e	começam	o	perceber	o	
mundo	a	sua	volta	com	a	manipulaçãodas	coisas.	
Para	Piaget,	nessa	fase,	a	criança	inicia	com	comportamentos	básicos	de-
senvolvendo	até	os	mais	complexos.	Os	bebês	passam	a	não	agir	 somente	por	
reflexos	e,	sim,	a	controlar,	mesmo	que	de	forma	inicial,	seus	movimentos,	apren-
dendo	a	coordenar	suas	atividades	em	relação	ao	seu	ambiente,	na	dialética	sen-
sação	e	percepção.	Por	isso,	podemos	afirmar	que	o	mundo	que	envolve	a	criança	
é	conquistado	a	partir	da	percepção	e	dos	movimentos	(como	a	sucção,	o	movi-
mento	dos	olhos,	por	exemplo).	
A	brincadeira	de	“se	esconder”	do	bebê	atrás	de	uma	toalha	ou	cobertor	
é	tão	interessante	nesta	fase,	pois	a	criança	nos	primeiros	meses	acha	sensacional	
o	adulto	aparecer	e	desaparecer	tão	rápido.	Mais	adiante	no	desenvolvimento,	a	
criança	começa	a	perceber	que	não	é	o	adulto	que	desaparece.	Ele	permanece	no	
mesmo	local,	apenas	escondido	atrás	de	algo,	aparecendo	ou	não	a	criança.	Nesta	
fase,	então,	a	criança	aprende	um	conceito	importante:	a	permanência	do	objeto.	
Ela	passa	a	entender	que	o	objeto	permanece	no	mesmo	local,	mesmo	ela	não	po-
dendo	vê-lo.	Almeja-se	que,	no	final	desta	fase,	a	criança	aperfeiçoe	movimentos,	
reflexos	e	habilidades.
FIGURA 1 – CRIANÇA NA FASE SENSÓRIO-MOTORA
FONTE: <https://bit.ly/2ENFFMv>. Acesso em: 17 jun. 2020.
TÓPICO 3 – JOGOS, BRINQ. E BRINC.: AS FASES DO DESENV. INFANTIL, A IMPORT. DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINC. LIVRE
33
3.2 FASE PRÉ-OPERACIONAL: 2 A 7 ANOS
Nesta	segunda	fase,	as	crianças	desenvolvem	principalmente	a	memória	
e	a	imaginação.	Para	Piaget,	a	transição	da	fase	sensório-motora	para	a	fase	pré-
-operacional	é	marcada	pela	aquisição	da	linguagem	pela	criança,	ou	seja,	a	fun-
ção	simbólica	começa	a	evidenciar-se.	
Na	 concepção	de	Piaget	 (1999),	 a	 linguagem	é	necessária,	pois	 é	 consi-
derada	 pelo	 teórico	 necessária	 para	 o	 desenvolvimento	 da	 inteligência.	Nesse	
sentido,	podemos	entender	por	que	popularmente	é	conhecida	como	a	fase	dos	
“porquês”.	A	criança	necessita	da	explicação	do	adulto	para	desenvolver	o	pen-
samento/raciocínio	e	tão	logo,	a	inteligência.
Com	a	aquisição	da	linguagem,	também	acontecem	significativas	mudan-
ças	na	vida	da	criança.	Ela	passa	a	ter	contatos	interindividuais	fortalecidos,	de-
senvolvendo	aspectos	afetivos	e	sociais.	Porém,	nesta	fase,	o	egocentrismo	ainda	
é	bem	visível	e	necessita	ser	trabalhado.	A	criança	tem	dificuldade	de	dividir,	por	
exemplo,	brinquedos.	
Isso	acontece	porque	a	criança	não	tem	uma	realidade	da	qual	não	faça	
parte,	devido	à	ausência	de	esquemas	conceituais	e	da	lógica.	Por	vezes, vemos a 
criança	como	“má”	por	não	dividir	o	brinquedo,	quando, na verdade, ela ainda 
não	possui	esse	desenvolvimento	cognitivo.	
FIGURA 2 – CRIANÇAS PINTANDO, DENTRO DO ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL
FONTE: <https://bit.ly/3hYPVzC>. Acesso em: 17 jun. 2020.
34
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
3.3 ESTÁGIO OPERACIONAL CONCRETO: 7 A 11 ANOS
 
Neste	terceiro	estágio,	as	crianças	já	têm	consciência	de	sentimentos	e	do	
mundo	a	sua	volta.	O	egocentrismo	da	fase	anterior	vai	desaparecendo,	dando	
lugar	à	capacidade	da	criança	estabelecer	relações	e	entender	pontos	de	vista	di-
ferentes	do	seu.	Para	Piaget	(1999),	esse	estágio	é	quando	acontece	a	reviravol-
ta	no	desenvolvimento	infantil.	A	criança	inicia	nesta	fase	o	pensamento	lógico	
(operacional).	Esse	estágio	deve	coincidir	com	a	entrada	da	criança	na	escolariza-
ção	formal,	no	conhecido	“Ensino	Fundamental”.	A	criança	nesta	fase	consegue	
interiorizar	ações,	assim,	o	que	nos	estágios	anteriores	era	fortemente	marcado	
pelo	aspecto	motor,	neste	a	criança	consegue	realizar	mentalmente.	
Contudo,	embora	a	criança	consiga	raciocinar	de	forma	coerente,	tanto	os	
esquemas	conceituais	como	as	ações	executadas	mentalmente	se	referem,	nesta	
fase,	a	objetos	ou	situações	passíveis	de	serem	manipuladas	ou	 imaginadas	de	
forma	concreta.	Isso	quer	dizer	que	a	capacidade	de	reflexão	se	aperfeiçoa,	mas	
sempre	baseada	em	situações	concretas	e	 lógicas:	para	ocorrer	a	compreensão,	
são	necessárias	comparações	do	que	é	aprendido	com	o	que	já	é	conhecido	ou	está	
sendo	fisicamente	visualizado.	
Além	disso,	no	período	pré-operatório,	a	criança	ainda	não	adquiriu	a	capa-
cidade de reversibilidade, a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial 
e	o	estado	final	de	alguma	transformação	efetuada	sobre	os	objetos	(por	exemplo,	a	
ausência	de	conservação	da	quantidade	de	líquido	quando	se	transvaza	o	conteúdo	
de	um	copo	A	para	outro	B,	de	diâmetro	menor),	tal	reversibilidade	será	construída	
ao	longo	dos	estágios	operatório	concreto	e	formal.	Em	outras	palavras,	o	sujeito	só	
consegue	pensar	corretamente	em	materiais	que	pode	visualizar	e	experimentar,	
pois	ainda	não	consegue	pensar	abstratamente	(PEDROZO,	2014).	
Ainda	nesta	fase,	vale	destacar,	que	aumenta	a	autonomia	da	criança	em	
relação	aos	adultos.	Com	a	aquisição	de	diversas	habilidades	até	esta	fase	da	vida	
é	possível	que	as	crianças	tenham	um	certo	grau	de	autonomia	em	diversas	ativi-
dades	do	dia	a	dia	e,	também	escolares.	
TÓPICO 3 – JOGOS, BRINQ. E BRINC.: AS FASES DO DESENV. INFANTIL, A IMPORT. DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINC. LIVRE
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FIGURA 3 – CRIANÇAS OPERACIONAL CONCRETO COM A PROFESSORA
FONTE: <https://bit.ly/2XqHg1b>. Acesso em: 17 jun. 2020.
3.4 ESTÁGIO OPERACIONAL FORMAL: 11 ANOS OU MAIS
O	último	estágio	do	desenvolvimento	de	Piaget	(1999)	começa	aos	11	anos	
e	perdura	durante	toda	a	vida.	Nessa	fase,	o	pensamento	lógico	é	completado	de	
certa	forma,	pois	continua	sendo	aprimorado	ao	longo	da	vida.	Pré-adolescentes	
já	são	capazes	de	lidar	com	questões	abstratas	e	lógicas,	que	tiveram	início	na	fase	
anterior.	Observa-se,	nessa	fase,	a	formulação	de	hipóteses,	resoluções	de	proble-
mas	e	construção	de	“teorias”	(PIAGET,	1999).
De	acordo	com	a	tese	piagetiana,	ao	atingir	esta	fase,	o	indivíduo	adquire	
a	sua	forma	final	de	equilíbrio,	ou	seja,	ele	consegue	alcançar	o	padrão	intelectual	
que	persistirá	durante	a	idade	adulta.	Isso	não	quer	dizer	que	ocorra	uma	estag-
nação	das	funções	cognitivas,	a	partir	do	ápice	adquirido	na	adolescência,	como	
enfatiza	Rappaport	(op.cit.:63),	“esta	será	a	forma	predominante	de	raciocínio	uti-
lizada	pelo	adulto.	Seu	desenvolvimento	posterior	consistirá	numa	ampliação	de	
conhecimentos	tanto	em	extensão	como	em	profundidade,	mas	não	na	aquisição	
de	novos	modos	de	funcionamento	mental”	(TERRA,	2020).	
 
Para	Bock,	Furtado	e	Teixeira	(1993),	nessa	fase	o	adolescente	já	tem	a	opor-
tunidade	e	disposição	intelectual	para	elaborar	conceitos	relacionados	a	ética,	 li-
berdade	e	justiça,	por	exemplo.	“O	adolescente	domina,	progressivamente,	a	capa-
cidade	de	abstrair	e	generalizar,	cria	teorias	sobre	o	mundo,	principalmente	sobre	
aspectos	que	gostaria	de	reformular”	(BOCK;	FURTADO;	TEIXEIRA,	1993,	p.	89).	
Assim,	nessa	fase,	constituem-se	aquilo	que	será	levado	para	toda	a	vida	
adulta.	Piaget	(1999)	também	enfatiza	que	acontece	neste	estágio	o	equilíbrio,	que	
é	quando	o	há	reflexão	para	interpretar	uma	experiência,	passando	assim,	pelo	
conhecimento	concreto.
36
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
FIGURA 4 – ADOLESCENTES LENDO: NA FASE OPERACIONAL FORMAL
FONTE: <https://bit.ly/3fpMbWn>. Acesso em: 17 jun. 2020.
Para complementar seus estudos sobre as fases do desenvolvimento de Jean 
Piaget, indicamos a leitura do livro escrito pelo autor, intitulado Seis estudos de psicologia. 
Boa leitura e estudo!
FIGURA – CAPA DO LIVRO SEIS ESTUDOS DA PSICOLOGIA
FONTE: <https://bit.ly/2PrJVDf>. Acesso em: 17 jun. 2020.
DICAS
TÓPICO 3 – JOGOS, BRINQ. E BRINC.: AS FASES DO DESENV. INFANTIL, A IMPORT. DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINC. LIVRE
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4 ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PARA HENRI WALLON
Henri	 Paul	Hyacinthe	Wallon	 foi	 psicólogo,	médico,	 filósofo	 e	 político	
francês.	Diferente	de	Piaget,	Wallon	não	especificou	idades	para	cada	estágio	de	
sua	teoria.	Wallon	acreditava	no	desenvolvimento	dialético	e	interativo.	A	cada	
fase	do	desenvolvimento, para o autor, ocorrem saltosqualitativos no desenvol-
vimento,	resultando	em	evoluções	mentais	e	de	comportamentos.
Cada	fase	corresponderá	a	um	tipo	de	comportamento	assumido	pela	
criança	e	será	uma	preparação	para	o	estágio	seguinte,	sendo	também	
interligado	ao	estágio	anterior.	Tal	postura	 justifica-se,	por	exemplo,	
no	fato	de	que	os	estágios	e	idades	correspondentes	a	cada	fase	foram	
identicados	por	Wallon,	considerando	crianças	de	seu	tempo	e	de	sua	
cultura	(PEREIRA,	2016,	p.	147-148).
 
O	autor	elaborou	uma	teoria	do	desenvolvimento	humano	e	deixou	claro	
sua	preocupação	com	a	educação.	Wallon	escreveu	sobre	algumas	ideias	pedagó-
gicas	que	hoje	estão	mais	presentes	na	pedagogia	que	no	âmbito	escolar.
A	teoria	de	Wallon	considera	o	desenvolvimento	da	pessoa	completa	in-
tegrada	ao	meio	em	que	está	imersa,	com	os	seus	aspectos	afetivo,	cogniti-
vo	e	motor	também	integrados.	Assim,	a	ênfase	é	para	a	integração	–	entre	
organismo	e	meio	e	entre	as	dimensões:	cognitiva,	afetiva,	e	motora	na	
constituição	da	pessoa.	A	pessoa	é	vista	como	o	conjunto	funcional	resul-
tante	da	integração	de	suas	dimensões,	cujo	desenvolvimento	se	dá	na	
integração	de	seu	aparato	orgânico	com	o	meio,	predominantemente	o	
social	(DOURADO;	PRANDINI,	2012,	p.	23).
Inicialmente,	seus	estudos	foram	com	crianças	portadoras	de	necessida-
des	especiais.	Mais	tarde,	Wallon	definiu	o	desenvolvimento	em	cinco	estágios,	
os	quais	veremos	nos	subitens	seguintes.	Wallon	não	definiu	idades	para	fases	de	
sua teoria, mas de acordo com a literatura podemos pensar os estágios a partir de 
idades	aproximadas	para	cada	estágio,	conforme	a	figura	a	seguir.
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UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
FIGURA 5 – ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO NA VISÃO DE WALLON
FONTE: <https://player.slideplayer.com.br/71/12163604/slides/slide_14.jpg>. Acesso em: 17 jun. 
2020.
4.1 ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL
O	desenvolvimento,	para	Wallon,	tem	início	logo	após	ao	nascimento.	Nesse	
período,	percebe-se	os	movimentos	que	são	chamados	de	descargas	motoras,	que	são	
os	movimentos	e	reflexos	impulsivos	do	bebê.	“Nesta	fase	distingue-se	apenas	esta-
dos	de	bem-estar	ou	desconforto.	São	as	reações	do	ambiente	humano,	representado	
pela	mãe,	motivados	pela	interpretação	da	mímica	do	bebê	que	permitem	distinguir	
as	emoções	básicas”	(DOURADO;	PRANDINI,	2012,	p.	24).	Wallon	atenta	para	o	de-
senvolvimento	motor	esta	fase.	A	dimensão	motora	que	o	bebê	utiliza	nesta	mímica	
é	de	suma	importância	para	o	desenvolvimento	social	e	afetivo,	ou	seja,	a	condição	
motora	é	quem	dá	suporte	inicial	para	as	relações	afetivas.
DICAS
Vale lembrarmos do início deste tópico. Comentamos que as quatro esferas do 
desenvolvimento ocorrem sempre juntas durante o desenvolvimento das crianças. Este é 
um fator lembrado por Wallon que não pode ser esquecido. Lembre de anotar!
TÓPICO 3 – JOGOS, BRINQ. E BRINC.: AS FASES DO DESENV. INFANTIL, A IMPORT. DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINC. LIVRE
39
Neste	estágio,	podemos	perceber	que	Wallon	destaca	dois	termos:	impul-
sivo	e	emocional.	Para	o	autor,	este	estágio	tem	a	predominância	afetiva,	pois	a	
criança	está	imersa	em	um	mundo	da	qual	ela	não	se	distingue.	É	pela	emoção	
que	 a	 criança	 interage	 com	o	meio	na	qual	 está.	 Isso	 leva	 a	 criança	 a	 ter	 suas	
primeiras	 reações	com	as	pessoas,	que,	por	sua	vez,	 intermediam	a	relação	da	
criança	com	o	mundo.		
FIGURA 6 – UM ADULTO E UM BEBÊ BRINCANDO, ESTABELECENDO RELAÇÕES COM O MUNDO
FONTE: <https://bit.ly/31B3OOa>. Acesso em: 17 jun. 2020.
4.2 ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO
No	segundo	estágio	definido	por	Wallon,	predomina	o	desenvolvimento	
motor	e	sensorial	da	criança.	A	criança	tem	curiosidade	por	explorar	o	mundo	
físico,	começa	a	caminhar	e	a	manipular	os	objetos	de	forma	mais	firme.	O	fator	
que	marca	esse	estágio	é	a	aquisição	da	linguagem.	Nessa	fase,	diferente	da	ante-
rior,	as	relações	cognitivas	passam	a	se	dar	com	o	meio	diretamente.	
No	estágio	projetivo,	o	movimento	deixa	de	estar	relacionado	especifica-
mente	à	manipulação	de	objetos	pela	criança,	passando	a	estar	presente	também	
na	imitação	e	na	apropriação	da	própria	linguagem.	Nessa	fase,	os	pensamentos	
da	criança,	para	Wallon,	refletem	em	ações	motoras.
A	criança	aprende	a	conhecer	os	outros	como	pessoas	em	oposição	à	
sua	própria	existência.	É	o	tempo	dos	jogos	espontâneos	de	alternân-
cia, do interesse por atos que unem duas pessoas ou, principalmente, 
papéis	diferentes,	como	por	exemplo,	o	jogo	de	dar	e	receber	tapinhas,	
de	esconder	e	ser	escondido	pela	almofada	etc.	Esses	jogos	alargam	o	
horizonte	e	a	vivência	da	criança,	pois	fazem	com	que	ela	conceba	rela-
ções	mais	ricas.	Nesse	período,	a	criança	ainda	está	estreitamente	de-
pendente	do	outro,	pois	seu	processo	de	individuação	está	apenas	se	
iniciando.	Ela	ainda	vive	sua	relação	com	o	outro	de	maneira	bastante	
sincrética,	sem	se	diferenciar	claramente	dele	(DOURADO;	PRANDI-
NI,	2012,	p.	27).
40
UNIDADE 1 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
FIGURA 7 – CRIANÇAS BRINCANDO NA FASE PROJETIVA
FONTE: <https://portaleducacao.vteximg.com.br/arquivos/ids/158082-1000-1000/curso-online-
-brincadeiras-e-jogos-infantis.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2020.
4.3 ESTÁGIO DO PERSONALISMO
No	estágio	do	personalismo	de	Wallon,	destaca-se	a	formação	de	pontos	
próprios	da	criança.	Exemplificado	pelo	próprio	 título	do	estágio,	destaca-se	a	
formação	da	personalidade.	A	construção	da	consciência	de	si	por	meio	do	âm-
bito	social,	faz	com	que	a	criança	retome	com	grande	intensidade	as	relações	afe-
tivas	com	os	outros.	Nessa	fase,	de	acordo	com	Dourado	e	Prandini	(2012,	p.	27):
que	a	criança	realmente	se	diferencia	do	outro,	que	toma	consciência	
de	sua	autonomia	em	relação	aos	demais.	Ela	percebe	as	relações	e	os	
papéis	diferentes	dentro	do	universo	familiar,	ao	mesmo	tempo	que	se	
percebe	como	um	elemento	fixo,	como	ser	o	filho	mais	velho	ou	o	mais	
novo,	ser	filho	e	irmão,	assim	por	diante.	
O	personalismo	é	dividido	em	três	subfases:
1. Crise de Oposição:	nesta	fase	há	a	predominância	do	egocentrismo,	no	caso	do	
“eu”	para	a	formação	individual.	A	criança	busca	se	afirmar	como	indivíduo	
no	mundo,	tomando	consciência	de	si	e	utilizando	termos	como	eu	e	meu.	
2. Idade da Graça:	a	criança	busca	satisfação	pessoal	e	aceitação	pelo	outro.	Ela	
agrada	a	si,	quando	agrada	aos	outros.
3. Imitação:	fase	onde	a	criança	busca	imitar	o	outro.	Entendido	como	o	período	
da	representação,	pois	a	partir	do	pensamento	da	criança	ela	expressa	simboli-
camente	os	objetos	interiorizados.	
 
TÓPICO 3 – JOGOS, BRINQ. E BRINC.: AS FASES DO DESENV. INFANTIL, A IMPORT. DO BRINCAR, DO FAZ DE CONTA E DA BRINC. LIVRE
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FIGURA 8 – CRIANÇA IMITANDO O ADULTO, CARACTERÍSTICA DO ESTÁGIO DO PERSONALISMO
FONTE: <https://bit.ly/2PIJBjC>. Acesso em: 17 jun. 2020.
4.4 ESTÁGIO CATEGORIAL
Nesta	fase,	em	decorrência	da	função	simbólica	e	da	personalidade	forma-
das	nos	estágios	anteriores,	aperfeiçoa-se	a	inteligência.	0
O	desenvolvimento	cognitivo	da	criança	está	aguçado	e	a	sua	sociabi-
lidade	ampliada.	A	criança	se	vê	capaz	de	participar	de	vários	grupos	
com	graus	e	classificações	diferentes	segundo	as	atividades	de	que	par-
ticipa.	 Esta	 etapa	 é	 importante	para	 o	desenvolvimento	das	 aptidões	
intelectuais	e	sociais	da	criança.	Vivenciar	a	necessidade	de	se	perceber	
como	indivíduo,	e,	ao	mesmo	tempo,	de	medir	sua	força	em	relação	ao	
grupo	social	a	que	pertence,	faz	desta	fase	um	período	crítico	do	proces-
so	de	socialização	(DOURADO;	PRANDINI,	2012,	p.	27-28).
Os	avanços	 intelectuais	que	acontecem	nesta	 fase	permitem	a	criança	a	
compreensão	e	aquisição	do	mundo	exterior.	A	criança	se	reconhece	como	indiví-
duo	capaz	de	estabelecer	relações	com	objetos	e	situações	diversas,	aumentando	a	
concentração	em	atividades,	permitindo,	assim,	que	as	atividades	se	tornem	cada	
vez	mais	intencionadas.	A	inteligência	e	as	emoções	são	os	termos	que	podemos	
destacar	nesta	fase.	De	acordo	com	Wallon,	nesse	período	a	criança	desenvolve	a	
memória	seletiva,	ou	seja,	a	criança	tende

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