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FARMACOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL Aula 1 Prof. Dr. Enilton Camargo (eniltoncamargo@ufs.br) Disciplina de Farmacologia Depto de Fisiologia - CCBS/UFS 2 Objetivos desta aula: • Entender as principais classes de fármacos que são utilizados para tratar doenças/distúrbios da mucosa gástrica. Jonas, 35 anos, IMC de 18,3, antecedente de lombalgia ocasional com uso de anti-inflamatórios não esteroidais, apresenta dor epigástrica há cerca de 6 meses. Refere que a alimentação piora o quadro e apresenta eructação acompanhada de sensação de queimação. Não apresentava disfagia, vômitos e outros sintomas associados. Usa omeprazol frequentemente por conta própria, principalmente nos momentos de dor mais intensa. Refere ainda que utiliza muito leite porque acredita que isso diminui a sensação de queimação. As vezes tomava “leite de magnésia”, porém deixou de utilizar porque achava que tinha diarreia quando fazia uso desta preparação. Há 5 dias, após recorrência da lombalgia e uso de anti-inflamatórios não esteroidais, apresentou piora do quadro clínico e procurou o serviço de emergência. Relatou ter notado fezes escurecidas e vômitos em que pode identificar sangue em seu conteúdo. Também relatou fraqueza e dores no peito, mas seu cardiologista não identificou nenhum problema cardíaco na última consulta há 2 semanas. Warming up Pergunta-se: 1. Qual deve ser a causa da dor epigástrica do paciente? 2. Qual o mecanismo de ação do omeprazol? O omeprazol é indicado para a situação descrita? 3. Existem outros fármacos que o paciente poderia utilizar em lugar do omeprazol? 4. Qual o melhor momento para a administração do omeprazol? Por que? 5. A utilização mencionada de leite para redução da sensação de queimação é aceitável? 6. O uso do “leite de magnésia” pode ter relação com a diarreia referida pelo paciente? Warming up Trato gastrointestinal: Função de digestão e absorção Funções endócrinas Controle neural: -Plexo mioentérico -Plexo submucoso Controle hormonal: -Secreções endócrinas (ex: gastrina, colecistocinina) - Secreções parácrinas (ex: histamina) TGI 1) Secreção gástrica: ❑Antagonistas H2 ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica 2) Vômito e náuseas: ❑Antieméticos 3) Motilidade intestinal e eliminação de fezes: ❑Purgativos ❑Pró-cinéticos ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 4) Doenças inflamatórias intestinais Fármacos que afetam o TGI 1) Secreção gástrica: ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antagonistas H2 ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica Secreção gástrica Estômago: ~2,5 L de suco gástrico/dia (HCl), pH~1-2. Muco e bicarbonato Função de digestão proteolítica de alimentos, absorção do ferro e eliminação de patógenos. Secreção gástrica Regulação da secreção de HCl Adaptado de Rang & Dale, 8th ed. Regulação da célula parietal gástrica Adaptado de Rang & Dale, 8th ed. Secreção gástrica Inibidores da bomba de prótons Inibidores irreversíveis da H+/K+ ATPase • Omeprazol • Esomeprazol • Lansoprazol • Dexlansoprazol • Pantoprazol • Rabeprazol secreção de HCl Adaptado de Rang & Dale, 8th ed. Inibidores da bomba de prótons 11 H+ H2O Enzima-SH 12 H+ H2O Enzima-SH 13 H+ H2O Enzima-SH Uso Terapêutico: •Úlcera péptica •Esofagite de refluxo •Adjuvante na terapia contra H. pylori •Síndrome de Zollinger-Ellison (doença rara causada por tumores secretores de gastrina) -Pró-fármacos usados em cápsulas de revestimento entérico (ácido lábeis) -Biodisponibilidade reduzida em 50% por alimentos Inibidores da bomba de prótons Reações adversas: Fármacos seguros; Diarreia, cefaleia , dor abdominal e hipergastrinemia em 1-5% dos pacientes Problemas relacionados à redução da acidez gástrica: - Risco de redução de absorção de vitamina B12 e alguns minerais ligados a alimentos (Fe, Ca, Mg), risco de fraturas - Risco aumentado de infecções Podem atuar com inibidores de metabolismo hepático (CYP2C19 e CYP3A4). Inibidores da bomba de prótons Antagonistas do receptor H2 Antagonistas competitivos • Cimetidina • Ranitidina • Nizatidina • Famotidina secreção de HCl e o volume gástrico (pepsina)Adaptado de Rang & Dale, 8th ed. Antagonistas H2 17 Histamina vs. Antagonistas H2 Antagonistas H2 Antagonistas H2 Usados principalmente no tratamento de úlcera péptica e esofagite de refluxo. Reações adversas: Fármacos bastante seguros; efeitos colaterais em ~3% dos pacientes Diarreia, cefaleia, fadiga, mialgias e constipação intestinal. Confusão em idosos. Cimetidina a longo prazo: ginecomastia nos homens e galactorreia nas mulheres. Cimetidina: inibidora de metabolismo hepático (várias CYPs) Tolerância mediada por hipergastrenemia Antagonistas H2 Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Comparação entre o sucesso do tratamento com antagonistas H2 e inibidores da bomba de protons (DRGE: doença do refluxo gastroesofágico) Inibidores da bomba de prótons Neutralizam diretamente o ácido, mas também inibem as enzimas pépticas, que são dependentes de pH. •Trissilicato de magnésio •Hidróxido de alumínio Usados na dispepsia e no alívio sintomático da úlcera péptica ou refluxo esofágico. Sais de Mg2+: podem causar diarreia Sais de Al3+: podem causar constipação Uso de combinações Alginatos e Simeticona: em combinação com antiácidos Alginato: viscosidade e aderência do muco a mucosa esofágica Simeticona (Flagass®): agente antiespumante (alívio da distençao abdominal e flatulência) Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica ou citoprotetores Quelato de bismuto -Usado em esquemas combinados para tratar H. pylori Efeitos protetores a mucosa gástrica Citoprotetores ❑Protetores da mucosa gástrica ou citoprotetores Quelato de bismuto -Usado em esquemas combinados para tratar H. pylori Efeitos protetores a mucosa gástrica Sucralfato (Al(OH)3 e sacarose sulfatada) - Forma géis complexos com o muco, reduzindo a degradação pela pepsina - Exige ambiente ácido para ativação (não pode ser administrado com antiácidos) - Reduz a absorção de vários fármacos, causa constipação Misoprostol (análogo de prostaglandina E1) -Estimula a proteção da mucosa gástrica -Abortivo Citoprotetores Resumo dos fármacos que afetam a secreção gástrica Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Secreção gástrica FARMACOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL Aula 2 Prof. Dr. Enilton Camargo (eniltoncamargo@ufs.br) Disciplina de Farmacologia Depto de Fisiologia - CCBS/UFS 25 Objetivo desta aula: • Entender as principais classes de fármacos que são utilizados para tratar a êmese Josiel tem 22 anos e mora em local distante de seu trabalho. Tem que viajar diariamente, em ônibus fretado e em um trajeto de estrada em região de serras que é muito sinuoso. Suas viagens são diárias e isso tem se tornado um inconveniente muito grande pois ele passa mal durante a viagem com muita frequência. Sente enjoos e náuseas e algumas vezes chega a vomitar. Julian, seu primo, tem 45 anos e também tem tido problemas com vômitos. Estes vômitos tem ocorrido após o tratamento que ele tem feito para um tumor diagnosticado recentemente. Para reduzir a frequência dos vômitos, foi-lhe receitado um fármaco conhecido como ondansentrona (Vonau®). Em conversa, com seu primo, Josiel pensou na possibilidade de utilizar o mesmo fármaco para tratar sua êmese. Você considera apropriada a possibilidade pensada por Josiel? Pensaria em fármacos que ele pudesse utilizar? Qual o mecanismo de ação destes fármacos? Você considera apropriado o uso de ondansentrona por Julian? Qual o mecanismo de ação deste fármaco? Se os vômitos fossem de elevada gravidade seria possível utilizar apenas este fármaco? Warming up 1) Secreção gástrica: ❑Antagonistas H2 ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica 2) Vômito e náuseas: ❑Antieméticos 3) Motilidade intestinal e eliminação de fezes:❑Purgativos ❑Pró-cinéticos ❑Antidiarreicos ❑Antimotilidade e espasmolíticos 4) Doenças inflamatórias intestinais Fármacos que afetam o TGI Êmese Estímulos para o vômito: ✓ Dor, visão e odor repulsivos ✓ Fatores emocionais ✓ Cinetose ✓ Fármacos ✓ Toxinas endógenas ✓ Estímulos da faringe e do estômago 29 (Bulbo) CENTRO EMÉTICO Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Irritantes locais Fármacos citotóxicos Radioterapia Bactérias Vírus Núcleo do trato solitário (5-HT3, D2, M, H1, NK1, CB1) Barreira hematoencefálica SNC Periferia Aferentes glossofaríngeos e trigêmicos Aferentes vagais e simpáticos Estômago, Intestino delgado (5-HT3) Faringe (engasgo) (Área postrema) ZONA DO GATILHO DOS QUIMIORRECEPTORES (5-HT3, D2, M1, CB1) 30 (Bulbo) CENTRO EMÉTICO Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Eméticos transportados pelo sangue Agentes citotóxicos Opioides Colinométicos Glicosídeos cardíacos L-DOPA Bromocriptina Apomorfina Irritantes locais Fármacos citotóxicos Radioterapia Bactérias Vírus Núcleo do trato solitário (5-HT3, D2, M, H1, NK1, CB1) Barreira hematoencefálica SNC Periferia Aferentes glossofaríngeos e trigêmicos Aferentes vagais e simpáticos Estômago, Intestino delgado (5-HT3) Faringe (engasgo) (Área postrema) ZONA DO GATILHO DOS QUIMIORRECEPTORES (5-HT3, D2, M1, CB1) 31 (Bulbo) CENTRO EMÉTICO Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Eméticos transportados pelo sangue Agentes citotóxicos Opioides Colinométicos Glicosídeos cardíacos L-DOPA Bromocriptina Apomorfina Irritantes locais Fármacos citotóxicos Radioterapia Bactérias Vírus Estímulos sensoriais (Dor, visão, olfato) Centros superiores Núcleo do trato solitário (5-HT3, D2, M, H1, NK1, CB1) Ouvido interno (movimento) Aminoglicosídeos Cerebelo M H1, Barreira hematoencefálica SNC Periferia Aferentes glossofaríngeos e trigêmicos Aferentes vagais e simpáticos Estômago, Intestino delgado (5-HT3) Faringe (engasgo) (Área postrema) ZONA DO GATILHO DOS QUIMIORRECEPTORES (5-HT3, D2, M1, CB1) Memória, medo, aversão Antieméticos Fármacos antieméticos: Antagonistas 5-HT3 Antagonistas D2 Antagonistas NK1 Antagonistas H1 Antagonistas muscarínicos Canabinoides Glicocorticóides Benzodiazepínicos 33 Antieméticos Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. 34 Antieméticos Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Antagonistas 5-HT3: ondansentrona, granissetrona, dolassetrona, palonossetrona. Tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, pós- operatório e pós-radioterapia. Antagonistas D2 : -Proclorperazina, clorpromazina, bromoprida: ação central; úteis no tratamento de vômito por câncer, antineoplásicos, radioterapia, opioides e outros fármacos; -Metoclopramida: ação central (ZGQ) e periférica: tratamento do refluxo gastroesofágico, distúrbios hepáticos e biliares; -Domperidona: não atravessa a BHE, menos efeitos centrais. Antieméticos Êmese Antagonistas H1: ciclizina, prometazina, difenidramina. Antagonistas muscarínicos: escopolamina (hioscina) Canabinoides (agonista): dronabinol (9-tetra-hidrocanabinol sintético) Antagonistas NK1: aprepitanto, fosaprepitanto Glicocorticóides: dexametasona Efeitos indesejados: Sonolência e efeitos antimuscarínicos Reações distônicas (metoclopramida) Cefaleia, tontura, desconforto gastrointestinal (antg 5-HT3 e NK1) Inibição do metabolismo pela CYP3A4 Efeitos centrais e aumento do apetite (canabinoides) 37 Antieméticos Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. 1) Secreção gástrica: ❑Antagonistas H2 ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica 2) Vômito e náuseas: ❑Antieméticos 3) Motilidade intestinal e eliminação de fezes: ❑Purgativos ❑Pró-cinéticos ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 4) Doenças inflamatórias intestinais Fármacos que afetam o TGI FARMACOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL Aula 3 Prof. Dr. Enilton Camargo (eniltoncamargo@ufs.br) Disciplina de Farmacologia Depto de Fisiologia - CCBS/UFS 40 Objetivo desta aula: • Entender as principais classes de fármacos que são utilizados para tratar a diarreia ou para estimular o intestino. Juca L. C., sexo masculino, 6 anos, apresenta uma evacuação a cada três ou quatro dias, fezes ressecadas, dor e esforço à evacuação. Suja as vestes de três a quatro vezes por semana. Exame físico: 118 cm de altura e 21,4 kg. Apresenta fezes endurecidas palpáveis em fossa ilíaca esquerda em moderada quantidade. Sem mais particularidades. Qual a melhor opção para resolver o quadro das fezes endurecidas permitindo a evacuação? Warming up Warming up Joana apresenta sintomas intestinais recorrentes. Após ser descartada a intolerância a lactose e a doença celíaca, vai ser submetida a colonoscopia. A instrução para o exame foi a seguinte: “Você precisa ter seu intestino ‘limpo’. No dia anterior, ao meio-dia, tomar 2 comprimidos de Dulcolax®. Se o intestino não funcionar, tomar mais 2 comprimidos às 18h00. Se você fizer uso de antiagregantes com AAS® ou anticoagulantes como heparina, será necessário suspender o uso de 7 a 10 dias antes do exame com autorização do seu médico”. Qual o mecanismo de ação do princípio ativo presente no Dulcolax®? Por que os antiagregantes ou AAS® precisam ser suspensos antes do uso do Dulcolax®? 1) Secreção gástrica: ❑Antagonistas H2 ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica 2) Vômito e náuseas: ❑Antieméticos 3) Motilidade intestinal e eliminação de fezes: ❑Purgativos ou laxantes ❑Pró-cinéticos ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 4) Doenças inflamatórias intestinais Fármacos que afetam o TGI 44 Motilidade intestinal e eliminação de fezes ❑Purgativos ❑Estimuladores de motilidade (sem purgação, pró-cinéticos) ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 45 Purgativos ❑Purgativos, laxativos ou laxantes Purgar: “Limpar esvaziando completamente” Objetivo: Aliviar constipação ou evacuar o intestino antes de cirurgia ou exame. ✓ Laxantes ou emolientes (amolecedores) fecais ✓ Laxantes estimulantes / irritantes inespecíficos 46 LAXANTES E EMOLIENTES: fármacos ativos no lúmen intestinal Laxantes formadores de volume (coloides hidrofílicos): Fibras dietéticas ou polímeros polissacarídeos que a massa hidratada na luz intestinal e facilitam o peristaltismo - metilcelulose, psilio, sterculia, ágar, farelo de cereais (trigo), etc. Laxantes osmóticos Solutos (sais inorgânicos ou açúcares não absorvíveis) que produzem carga osmótica e o volume na luz intestinal - sulfato ou hidróxido de magnésio, sorbitol, lactulose (Normolax®), polietilenoglicol. Emolientes fecais Surfactantes aniônicos que a tensão superficial das fezes causando o amolecimento. -docusato, óleo mineral. Purgativos 47 ESTIMULANTES OU IRRITANTES INESPECÍFICOS Laxantes estimulantes A secreção de eletrólitos e água pela mucosa e o peristaltismo. Efeito colateral: cólicas abdominais -Bisacodil (Dulcolax®, Lactopurga®); Supositórios de glicerol -Bisacodil + docusato (Humectol-D®) Laxantes do tipo antraquinona Estimulam diretamente o plexo mioentérico, o peristaltismo. -Sena (planta, Senna alexandrina + Cassia acutifólia; Tamarine®); - Dantrona (irritante de pele e carcinogênico, usado em pacientes terminais) Purgativos Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. 48 Motilidade intestinal e eliminação de fezes ❑Purgativos ❑Estimuladores de motilidade (pró-cinéticos) ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 49 Motilidade intestinal e eliminação de fezes PRÓ-CINÉTICOS Estimulam a motilidade sem produzir purgação Agonista 5-HT4 Tegaserode (Zelmac®); retirado do mercado nos EUA em 2007 pelo arritmias cardíacas fatais; comercializado no Brasil sob restrição para tratamento da síndrome do intestino irritável. Antagonistas dopaminérgicos Domperidona e metoclopramida (antieméticos) A pressão no esfíncter esofágico inferior (inibe o refluxo esofágico) O esvaziamento gástrico O peristaltismo duodenal (sem efeito importante sobre a motilidade) Motilídios Eritomicina – estimula os receptores de motilina e o esvaziamento gástrico Usada na gastroparesia, por exemplo em diabéticos. 50 Motilidade intestinal e eliminação de fezes ❑Purgativos ❑Estimuladores de motilidade (sem purgação) ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 51 Motilidade intestinal e eliminação de fezes ❑Diarreia • Causas: infecção, doença subjacente, toxinas, efeito adverso de terapia medicamentosa ou de radioterapia; “Diarreia do viajante”. • Sintomas: de leve desconforto e inconveniência até emergência médica (internação, hidratação e reposição eletrolítica) • A doença diarreica aguda é uma das principais causas de morte em lactentes desnutridos Características: de motilidade gastrointestinal, das secreções da absorção de líquidos perda de eletrólitos (particularmente Na+) e água 52 Motilidade intestinal e eliminação de fezes ❑Tratamento da diarreia • Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico • Uso de anti-infecciosos • Uso de espasmolíticos ou outros antidiarreicos ❑ Fármacos antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) • Loperamida (Imosec®) e difenoxilato: Agonistas opioides (Reduzem a motilidade com poucos centrais, pois atravessam menos a BHE) • Racecadotril: pró-fármaco do tiorfano, um inibidor da encefalinase • Propantelina e dicicloverina: Antagonistas muscarínicos (tratamento da síndrome do cólon irritável) • Clonidina: agonista α2 • Octreotida: análogo da somastotatina, que inibe secreções de vários hormônios, do líquido intestinal, pancreática além de reduzir a motilidade intestinal. 53 ❑Purgativos Laxantes formadores de volume Laxantes osmóticos Emolientes fecais Laxantes estimulantes Antraquinonas ❑Pró-cinéticos - Estimuladores de motilidade Agonista 5HT-4 Antagonistas dopaminérgicos Motilídeos ❑Antidiarreicos Agonistas opioides Antagonistas muscarínicos Agonistas 2 Octreotida Motilidade intestinal e eliminação de fezes FARMACOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL Aula 4 Prof. Dr. Enilton Camargo (eniltoncamargo@ufs.br) Disciplina de Farmacologia Depto de Fisiologia - CCBS/UFS 55 Objetivo desta aula: • Entender as principais classes de fármacos que são utilizados para tratar as doenças inflamatórias intestinais. Josué, solteiro, 47 anos, lavrador, IMC 19. Apresenta dor abdominal intensa, náuseas, distensão abdominal gasosa com piora após a alimentação e recusa a dieta oral. Diagnosticado com pancolite ulcerativa após colonoscopia. Iniciou tratamento com mesalazina oral (800 mg, 3 vezes ao dia) e foi indicado para o acompanhamento do serviço especializado em nutrição. Seu quadro clínico teve uma melhora, mas em 6 meses as crises tornaram-se recorrentes. Associou o tratamento com prednisona (60 mg/dia), que permitiu o controle dos sintomas em uma semana de uso. Após duas semanas de tratamento com o corticoide as doses foram reduzidas gradativamente, mas os sintomas tornaram a aparecer de forma menos intensa. Foi indicado o tratamento com azatioprina (50 mg), mas este não permitiu um controle adequado dos sintomas. Nos 4 últimos anos, faz terapia com infliximabe, infusão iv. lenta, 5 mg/kg, agora realizada a cada 8 semanas. Este tratamento está mantendo a doença controlada e em remissão, sendo que a ultima colonoscopia detectou apenas alterações mínimas de mucosa. 1. Qual o mecanismo de ação da mesalazina, prednisona, azatioprina e do infliximabe? 2. A sequência de tratamentos seguiu uma conduta apropriada? Problema 5 1) Secreção gástrica: ❑Antagonistas H2 ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica 2) Vômito e náuseas: ❑Antieméticos 3) Motilidade intestinal e eliminação de fezes: ❑Purgativos ❑Estimuladores de motilidade (sem purgação) ❑Antidiarreicos ❑Antimotilidade e espasmolíticos 4) Doenças inflamatórias intestinais Fármacos que afetam o TGI Doenças inflamatórias intestinais ✓ Doença de Crohn: lesões transmurais. ✓ Colite ulcerativa: lesões superficiais. Fármacos que afetam o TGI • Interações entre as bactérias presentes no lúmen intestinal e as células imunes na mucosa intestinal quando há comprometimento da barreira intestinal. Adaptado de Robbins & Cotran Patologia, 9a ed. • Envolvimento de células apresentadores de antígenos, leucócitos, citocinas e outros mediadores. Tratamento de doenças inflamatórias intestinais Adaptado de Katzung, 12a ed. IL-1 e TNF-α Lipoxigenase Radicais livres NF- B Mecanismo pouco definido, não diretamente relacionado a inibição da COX. Ligação diazo Tratamento de doenças inflamatórias intestinais Adaptado de Katzung, 12a ed. 61 Tratamento de doenças inflamatórias intestinais Adaptado de Katzung, 12a ed. Atenção aos efeitos indesejados dos corticoides! Outros fármacos imunossupressores: ex. Ciclosporina. (Agentes biológicos) 62 Tratamento de doenças inflamatórias intestinais Adaptado de Goodman e Gilman, 12a ed. Efeitos indesejados: - Sulfassalazina: (10-45% dos pacientes, relacionados a molécula de sulfa) Reações alérgicas (erupções) febre, hepatite, pneumonite, anemia hemolítica, supressão da medula óssea, redução da absorção do folato, redução do número de espermatozóides (reversível). - Mesalazina é melhor tolerada: cefaleia, dispepsia, erupção cutânea são os efeitos mais comuns. Tratamento de doenças inflamatórias intestinais Adaptado de Katzung, 12a ed. Inibidores da calcineurina Ciclosporina Imunossupressores no tratamento de doenças inflamatórias intestinais Mecanismo de Ação da Ciclosporina Citoplasma Núcleo NFATc = fator nuclear de células T ativadas (afeta também a produção de outras citocinas) Ciclofilina é uma IMUNOFILINA Calcineurina ↑Ca2+ NFATc Pi P – NFATc - Gene da IL-2 NFATc NFATn mRNA de IL-2 IL-2 Ciclosporina IL-2 Ciclofilina Inibição da ativação de linfócitos T Linfócito T Ciclosporina: Efeitos Adversos ✓Disfunção renal: maior causa de modificação da terapia ✓Tremor ✓Hirsutismo ✓Hipertensão: principalmente no transplante renal (50%) ✓Hiperlipidemia: elevações no LDL ✓Hiperplasia de gengiva ✓Hiperuricemia Maior probabilidade de efeitos adversos em pacientes obesos, afro-americanos e hispânicos. Imunossupressores no tratamento de doenças inflamatórias intestinais Ciclosporina: Interações Drogas que inibem a CYP3A ✓Bloqueadores de canais de Ca2+: verapamil, nicardipina ✓Antifúngicos: fluconazol, cetoconazol ✓Antibióticos: eritromicina ✓Glicocorticóides: metilprednisolona ✓Inibidores da HIV-protease: indinavir ✓Alopurinol, metoclopramida Drogas que induzem a CYP3A ✓Antibióticos: nafcilina, rifampina ✓Anticonvulsivantes: fenobarbital, fenitoína ✓Octreotida Necessidade de monitoramento das concentrações plasmáticas de ciclosporina Imunossupressores no tratamento de doenças inflamatórias intestinais 1) Secreção gástrica: ❑Antagonistas H2 ❑Inibidores da bomba de prótons ❑Antiácidos ❑Protetores da mucosa gástrica 2) Vômito e náuseas: ❑Antieméticos 3) Motilidade intestinal e eliminação de fezes: ❑Purgativos ❑Estimuladores de motilidade (sem purgação) ❑Antidiarreicos (Antimotilidade e espasmolíticos) 4) Doenças inflamatórias intestinais Fármacos que afetam o TGI
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