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!∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 4 ∀# 23 1-HISTÓRICO DA VALORAÇÃO ADUANEIRA: Em 1947, os países celebraram o GATT com a finalidade de estabelecer as bases para a regulação do comércio internacional. O objetivo era a obtenção do livre comércio entre os países, o que era considerado essencial para a promoção do desenvolvimento e crescimento econômico. Na oportunidade, decidiram criar medidas que regulamentassem cada prática protecionista então existente. Dentre as práticas protecionistas combatidas pelo GATT, citamos a utilização de práticas arbitrárias de valoração aduaneira, as quais distorciam o comércio internacional. Mas, afinal, o que são práticas arbitrárias de valoração aduaneira? Antes de qualquer coisa, é preciso ter em mente que valoração aduaneira nada mais é do que a determinação do valor aduaneiro, que é a base de cálculo dos direitos aduaneiros (imposto de importação). Assim, quando se fala em realizar a valoração aduaneira, a referência que se faz é à determinação da base de cálculo do I.I quando a alíquota for ad valorem. Para que isso possa ficar bem claro, relembremos o que determina a legislação brasileira acerca da base de cálculo do imposto de importação (Decreto nº 6759/2009): Art. 75. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro apurado segundo as normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994; e II - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida estabelecida. O grande problema em torno da valoração aduaneira é que muitos países a utilizavam de forma inadequada, com intuitos protecionistas. Vejamos como eles faziam isso! Imagine que a legislação de um país determine que o valor aduaneiro será de duas vezes o valor da transação ou, ainda, que o valor aduaneiro será o previsto em uma lista de preços pré-fixada! Se o importador estiver comprando calçados a US$2,00 / par e nessa lista estiver previsto que o preço de um par de calçados é US$6,00 e esta será a base de cálculo dos direitos aduaneiros, temos aí uma prática protecionista arbitrária. O importador vai ter que pagar impostos sobre uma base de cálculo muito maior do que o valor da mercadoria! Como resposta a esse tipo de prática protecionista, os países decidiram instituir uma regra no GATT/47 que impedisse a adoção de bases de !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 5 ∀# 23 cálculo arbitrárias e fictícias para o imposto de importação. O art. VII do GATT estabeleceu, então, o seguinte: Artigo VII – Valor para fins alfandegários 2.(a) O valor para fins alfandegários das mercadorias importadas deverá ser estabelecido sobre o valor real da mercadoria importada à qual se aplica o direito ou de uma mercadoria similar, e não sobre o valor do produto de origem nacional ou sobre valores arbitrários ou fictícios. (b) O "valor real" deverá ser o preço ao qual, em tempo e lugar determinados pela legislação do país importador, as mercadorias importadas ou as mercadorias similares são vendidas ou oferecidas à venda por ocasião das operações comerciais normais efetuadas nas condições de plena concorrência. Essas mercadorias ou mercadorias similares são vendidas ou oferecidas à venda em condições de plena concorrência e através de operações comerciais normais, na medida em que o preço dessas mercadorias ou de mercadorias similares dependa da quantidade sobre a qual recai uma transação determinada. O preço considerado deverá guardar relação na conformidade da escolha efetuada em definitivo pelo país importador, quer com quantidades comparáveis, quer com quantidades fixadas de forma não menos favorável ao importador do que se fosse tomado o maior volume dessas mercadorias que efetivamente tenha dado ensejo a transações comerciais entre o país exportador e o país importador. O objetivo do art. VII do GATT, não foi, entretanto, totalmente atingido. Era necessário que ele fosse mais bem regulamentado, uma vez que, da forma como estava escrito, dava margem a interpretações ambíguas, o que gerava diversidade de procedimentos entre os países. No ano de 1950, no âmbito do Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA), os países celebraram a Convenção de Valor Aduaneiro e adotaram a Declaração de Valor de Bruxelas (DVB). Por meio da DBV, introduziu-se o conceito de preço normal, que seria o preço que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria, ao tempo da importação, em venda efetivada em condições de livre concorrência no mercado internacional. Se olharmos a redação original do Decreto-Lei nº 37/66, veremos que existia a previsão de que a base de cálculo do I.I fosse o preço normal, o que perdurou até 1988. A introdução do conceito de preço normal não solucionou o problema da determinação da base de cálculo dos direitos aduaneiros. Os países mantinham listas com os preços normais, nas quais constava o “valor teórico” de cada mercadoria. Continuavam existindo bases de cálculo arbitrárias e fictícias para os direitos aduaneiros. Como forma de resolver o problema, foi celebrado, na Rodada Tóquio (1973-1979), o Acordo de Valoração Aduaneira. Destaque-se, todavia, que todos os acordos celebrados na Rodada Tóquio eram !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 6 ∀# 23 plurilaterais, ou seja, vinculavam apenas as Partes Contratantes do GATT que a eles desejassem se obrigar. Na Rodada Uruguai, foi criada a OMC e vários acordos celebrados no âmbito do sistema multilateral de comércio tornaram-se multilaterais, vinculando automaticamente todos os membros dessa organização internacional. O Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), também conhecido como Acordo sobre a Implementação do art. VII do GATT, foi um deles. Assim, pode-se dizer que o AVA é um acordo multilateral da OMC e, portanto, vincula todos os membros dessa organização internacional, inclusive o Brasil. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 1. (AFRFB – 2012) A base de cálculo do Imposto de Importação, quando a alíquota for específica, é o valor aduaneiro apurado segundo as normas do artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT 1994). Comentários: A base de cálculo do imposto de importação será o valor aduaneiro quando a alíquota do imposto de importação for ad valorem. Questão errada. 2- PRINCÍPIOS DA VALORAÇÃO ADUANEIRA: Vamos dar uma olhada no Preâmbulo do Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) a fim de entendermos melhor os princípios gerais que informam esse acordo: Os Membros, Tendo em vista as Negociações Comerciais Multilaterais; Desejando promover a consecução dos objetivos do GATT 1994 e assegurar vantagens adicionais para o comércio internacional dos países em desenvolvimento; Reconhecendo a importância das disposições do Artigo VII do GATT 1994 e desejando elaborar normas para sua aplicação com vistas a assegurar maior uniformidade e precisão na sua implementação; Reconhecendo a necessidade de um sistema eqüitativo, uniforme e neutro para a valoração de mercadorias para fins aduaneiros, !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 3 ∀# 23 que exclua a utilização de valores aduaneiros arbitrários ou fictícios; Reconhecendo que a base de valoração de mercadorias para fins aduaneiros deve ser, tanto quanto possível, o valor de transação das mercadorias a serem valoradas; Reconhecendo que o valor aduaneiro deve basear-se em critérios simples e equitativos, condizentes com as práticas comerciais e que os procedimentos de valoração devem ser de aplicação geral, sem distinção entre fontes de suprimento;Reconhecendo que os procedimentos de valoração não devem ser utilizados para combater o dumping; A partir do Preâmbulo do AVA, podemos depreender vários princípios importantes da valoração aduaneira, assim como entender o porquê desse acordo ter sido celebrado: 1) O nome oficial do AVA é Acordo sobre a Implementação do Art.VII do GATT, já que suas disposições tem por objetivo principal regulamentar esse dispositivo do GATT. 2) A regulamentação do art. VII do GATT é importante porque possibilita maior uniformidade e precisão em sua aplicação. Assim, todos os países-membros da OMC aplicarão os mesmos procedimentos de valoração aduaneira (princípio da uniformidade), os quais seguirão critérios objetivamente definidos pelo AVA (princípio da precisão). 3) O AVA busca instaurar um sistema equitativo, uniforme e neutro para a valoração aduaneira de mercadorias. Com efeito, as normas de valoração aduaneira não podem constituir-se em uma prática protecionista. A valoração aduaneira não deve utilizar-se de bases de cálculo arbitrárias e fictícias, mas sim realizar-se sobre bases justas. Ainda de acordo com o princípio da neutralidade, os procedimentos de valoração aduaneira não devem ser utilizados para combater o dumping. A maneira correta de se combater o dumping é por meio da aplicação de medidas antidumping, o que ocorrerá posteriormente a um processo administrativo específico. Dessa forma, o tratamento fiscal aplicável na valoração aduaneira de mercadorias objeto de dumping é o mesmo reservado a quaisquer outras mercadorias. A Receita Federal deverá admitir o valor declarado pelo importador, sem prejuízo da posterior confirmação do valor de transação. 4) Mas o que seria uma base justa? O AVA prega que a base de valoração das mercadorias deverá ser o valor de transação, isto é, o valor efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias objeto da importação. 5) Devem ser aplicados na valoração critérios simples e equitativos, condizentes com as práticas comerciais. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 7 ∀# 23 6) Os procedimentos de valoração aduaneira devem ser aplicados de forma geral, sem distinção entre fontes de suprimento. Nesse sentido, os procedimentos de valoração não podem ser utilizados de maneira discriminatória em razão da origem dos produtos importados. Essa disposição deriva do princípio da não-discriminação, mais especificamente da cláusula da nação mais favorecida. A celebração do Acordo de Valoração Aduaneira, com status de acordo multilateral da OMC, trouxe muito maior previsibilidade e segurança jurídica na determinação do valor aduaneiro, o qual é muito importante para as operações de comércio exterior. Isso porque, segundo Vera Thorstensen, sobre o valor aduaneiro irão incidir tarifas e quotas e se estabelecer direitos antidumping ou medidas compensatórias.1 No âmbito do MERCOSUL, foi adotada a Decisão CMC nº 16/2010 (Manual de Procedimentos MERCOSUL de Controle do Valor Aduaneiro). De forma bem didática e sistematizada, o Manual expõe os princípios de valoração aduaneira, os quais sintetizamos a seguir: 2 a) Princípio da neutralidade: a valoração aduaneira não deve ser usada para fins outros fins que não a determinação da base de cálculo dos direitos aduaneiros. Assim, ela não pode ser usada, por exemplo, para combater o dumping. b) Princípio da equidade: na valoração aduaneira, deve-se dispensar um tratamento justo e equilibrado entre as partes envolvidas. c) Princípio da uniformidade: os critérios de valoração aduaneira devem ser os mesmos em qualquer local e a qualquer tempo. Somado aos princípios da neutralidade e da equidade, esse princípio busca obter a imparcialidade na valoração aduaneira. d) Princípio da não-discriminação entre fontes de suprimento: as mercadorias não devem ser discriminadas em razão da origem ou procedência. Assim, os critérios de valoração aduaneira aplicados às importações chinesas devem ser os mesmos critérios às importações originárias dos EUA. e) Princípio da simplicidade: os critérios de valoração aduaneira devem ser simples e fácil assimilação. 1 THORSTENSEN, Vera. OMC – Organização Mundial do Comércio: As regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. São Paulo: Aduaneira, 2009. 2 Decisão CMC nº 16/2010. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 8 ∀# 23 f) Princípio da harmonia com a realidade comercial: a determinação do valor da transação é feita livremente nas negociações entre exportador e importador. O AVA não deve exercer influência sobre isso. g) Princípio do primado do valor da transação: a determinação do valor aduaneiro será feita, fundamentalmente, pelo valor da transação, que é o preço efetivamente pago ou a pagar em uma venda para exportação ao país de importação. h) Princípio da confidencialidade: as informações prestadas à Administração Aduaneira são sigilosas. Isso não proíbe, todavia, a utilização das informações para fins estatísticos, análise de riscos ou luta contra a fraude. i) Princípio de publicidade: as leis, regulamentos e decisões judiciais e administrativas devem tornar-se de conhecimento geral, ou seja, devem receber publicidade adequada. O princípio da publicidade também é conhecido como princípio da transparência, estando presente em todo o corpo de regras do sistema multilateral de comércio. 3- MÉTODOS DE VALORAÇÃO ADUANEIRA: O Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) prevê 6(seis) métodos para a determinação do valor aduaneiro de mercadorias, os quais devem ser aplicados de maneira sucessiva, um imediatamente após o outro. Assim, a princípio, o importador deverá utilizar o 1º método. Somente na impossibilidade de utilizá-lo, ele deverá utilizar o 2º método, e assim sucessivamente. Um detalhe: no Brasil, o 4º e o 5º método poderão ter sua ordem invertida, desde que o importador solicite à autoridade aduaneira e esta concorde com o pleito. 3.1-Método do Valor de Transação (1º método): Pelo primeiro método, o valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias em uma venda para exportação para o país de importação. Essa é a regra geral da valoração aduaneira, que torna o “valor de transação” um verdadeiro princípio do Acordo de Valoração Aduaneira. A partir dessa definição, percebe-se que o método do valor de transação será utilizado apenas quando houver uma venda de !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 9 ∀# 23 mercadorias. Se a importação tratar-se de uma doação ou outra espécie contratual, não será possível aplicar-se o primeiro método. O primeiro método de valoração aduaneira também não poderá ser aplicado quando o valor aduaneiro não for confiável, isto é, quando existirem indícios de que o valor declarado não é o efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias. Mas quando é que o valor aduaneiro não será confiável? O art. 1º do Acordo de Valoração Aduaneira lista diversas situações em que o valor aduaneiro não é confiável. “1. O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8, desde que: a) não haja restrições à cessão ou à utilização das mercadorias pelo comprador, ressalvadas as que: (i) sejam impostas ou exigidas por lei ou pela administração pública do país de importação; (ii) limitem a área geográfica na qual as mercadorias podem ser revendidas; ou (iii) não afetem substancialmente o valordas mercadorias; (b) a venda ou o preço não estejam sujeitos a alguma condição ou contraprestação para a qual não se possa determinar um valor em relação às mercadorias objeto de valoração; (c) nenhuma parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou utilização subseqüente das mercadorias pelo comprador beneficie direta ou indiretamente o vendedor, a menos que um ajuste adequado possa ser feito, de conformidade com as disposições do Artigo 8; e (d) não haja vinculação entre o comprador e o vendedor ou, se houver, que o valor de transação seja aceitável para fins aduaneiros, conforme as disposições do parágrafo 2 deste Artigo.” Em regra, quando houver restrições à cessão ou utilização das mercadorias impostas pelo vendedor ao comprador, o valor aduaneiro não será confiável. Um exemplo de restrição imposta pelo vendedor ao comprador seria estabelecer que a mercadoria somente poderá ser vendida a pessoas físicas (e não a outras pessoas jurídicas!). Ora, se o vendedor vendeu as mercadorias ao comprador por um determinado preço e, além disso, está impondo uma restrição, é porque o preço negociado foi aquém do valor real da transação. Há um ônus adicional a ser suportado pelo vendedor. Logo, deve ser afastada a aplicação do primeiro método. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 2 ∀# 23 Existem, todavia, algumas espécies de restrições consideradas legítimas e que, portanto, não afastam a aplicação do método do valor de transação, quais sejam: i) as impostas ou exigidas por lei ou pela Administração Pública (nesse caso, não é o vendedor que está impondo a restrição!) ii) as que limitem a área geográfica na qual as mercadorias podem ser revendidas (a delimitação da área geográfica da revenda é considerada uma prática comercial natural, verdadeira estratégia mercadológica das empresas); e iii) as que não afetem substancialmente o valor das mercadorias. O método do valor de transação também deverá ser afastado quando a venda ou o preço estiverem sujeitos a uma condição ou contraprestação para a qual não se possa determinar um valor em relação às mercadorias objeto de valoração. Como exemplo de condição/contraprestação para a qual não se pode determinar o valor, citamos a situação em que o vendedor estabelece um preço para as mercadorias sob a condição de que o comprador compre outras mercadorias: “Te vendo essas camisas por U$ 5,00/unidade, mas você vai ter que me comprar depois 2000 sapatos!” No mesmo sentido, se alguma parcela do resultado da revenda, cessão ou utilização reverter em favor do vendedor (exportador), o método do valor de transação não poderá ser utilizado. Um exemplo seria a situação em que o vendedor fixa o preço da mercadoria a US$ 8,00, mas determina que o comprador, ao revender a mercadoria, deverá lhe pagar um certo valor. Caso esse valor seja conhecido, será feito um ajuste (soma) ao valor aduaneiro. Entretanto, caso o ajuste não possa ser feito (parcela desconhecida!), será afastada a aplicação do primeiro método de valoração. Outra hipótese em que não será possível a utilização do valor de transação será quando houver vinculação entre o comprador e o vendedor, a menos que o valor de transação seja aceitável para fins aduaneiros. Conclui-se, portanto, que mesmo havendo vinculação entre vendedor e comprador, será possível a aplicação do primeiro método de valoração, desde que o valor das mercadorias não seja afetado pela vinculação. O art. 15, parágrafo 4º, do Acordo de Valoração Aduaneira relaciona as pessoas consideradas vinculadas: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 1: ∀# 23 Art.15................................................................................. 4. Para os fins deste Acordo, as pessoas serão consideradas vinculadas somente se: (a) uma delas ocupar cargo de responsabilidade ou direção em empresa da outra; (b) forem legalmente reconhecidas como associadas em negócios; (c) forem empregador e empregado; (d) qualquer pessoa, direta ou indiretamente, possuir, controlar ou detiver 5% ou mais das ações ou títulos emitidos com direito a voto de ambas; (e) uma delas, direta ou indiretamente,, controlar a outra; (f) forem ambas, direta ou indiretamente, controladas por uma terceira pessoa; ou (g) juntos, controlarem direta ou indiretamente uma terceira pessoa; (h) forem membros da mesma família. 3.1.1- Parcelas Integrantes do Valor Aduaneiro: Uma questão importante é saber quais são as parcelas que integram e as parcelas que não integram o valor aduaneiro. Para isso, vamos dar uma olhada no art. VIII do AVA: Artigo VIII: 1. Na determinação do valor aduaneiro, segundo as disposições do Artigo 1, deverão ser acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas: (a) - os seguintes elementos, na medida em que sejam suportados pelo comprador mas não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias: (i) comissões e corretagens, excetuadas as comissões de compra; (ii) o custo de embalagens e recipientes considerados, para fins aduaneiros, como formando um todo com as mercadorias em questão; (iii) o custo de embalar, compreendendo os gastos com mão-de- obra e com materiais; (b) - o valor, devidamente atribuído, dos seguintes bens e serviços, desde que fornecidos direta ou indiretamente pelo comprador, gratuitamente ou a preços reduzidos, para serem utilizados na produção e na venda para exportação das mercadorias importadas, e na medida em que tal valor não tiver sido incluído no preço efetivamente pago ou a pagar: (i) materiais, componentes, partes e elementos semelhantes, incorporados às mercadorias importadas; (ii) ferramentas, matrizes, moldes e elementos semelhantes, empregados na produção das mercadorias importadas; (iii) materiais consumidos na produção das mercadorias importadas; (iv) projetos de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, trabalhos de arte e de "design", e planos e esboços, necessários à !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 11 ∀# 23 produção das mercadorias importadas e realizados fora do país de importação; (c) royalties e direitos de licença relacionados com as mercadorias objeto de valoração, que o comprador deva pagar, direta ou indiretamente, como condição de venda dessas mercadorias, na medida em que tais royalties e direitos de licença não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar; (d) - o valor de qualquer parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou utilização subseqüente das mercadorias importadas, que reverta direta ou indiretamente ao vendedor. 2. Ao elaborar sua legislação, cada Membro deverá prever a inclusão ou a exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos seguintes elementos: (a) o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; (b)os gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; e (c) o custo do seguro. Trata-se de um dispositivo bem grande do AVA! Mas ele não é tão complexo quanto se pode imaginar... Vejamos algumas considerações: a) O art. VIII, parágrafo 1º, do AVA relaciona as parcelas que integram o valor aduaneiro. Poderíamos resumir tudo dizendo que integram o valor aduaneiro todas as despesas incorridas até que a mercadoria seja descarregada no território aduaneiro do país de importação. Guarde isso! b) As parcelas mencionadas no artigo VIII, parágrafo 1º, alínea “a” (custo das embalagens, custo de embalar e comissões de venda), já estão normalmente inseridas no valor efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias. Em outras palavras,são valores que integram o preço dos produtos, isto é, normalmente não são cobrados à parte. Logo, não é muito comum que sejam feitos ajustes ao valor aduaneiro com base nessas parcelas. O ajuste será realizado apenas quando essas parcelas vierem destacadas do preço do produto na fatura comercial. c) As comissões de compra não integram o valor aduaneiro de mercadorias. São comissões de compras os pagamentos feitos pelo importador ao seu agente pelos serviços de representá-lo no exterior na compra das mercadorias objeto de valoração. Por outro lado, as comissões de venda integram o valor aduaneiro. São comissões de venda os pagamentos feitos pelo exportador ao seu agente pelos serviços de representá-lo na venda das mercadorias objeto de valoração. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 14 ∀# 23 d) As parcelas mencionadas no artigo VIII, parágrafo 1º, alínea “b” dizem respeito aos valores dos bens fornecidos gratuitamente ou a preços baixos pelo comprador (importador) ao vendedor (exportador) para que este possa utilizá-los na produção das mercadorias objeto de valoração. Imagine, por exemplo, que uma empresa brasileira forneça gratuitamente a uma empresa estrangeira matérias primas para a fabricação de uma determinada mercadoria. Seria um contrato do tipo “pode deixar que eu produzo, mas você me fornece o material”. Vamos supor que as matérias- primas enviadas somem um total de R$15.000,00. Na importação do produto, esses R$15.000,00 deverão ser acrescentados ao valor da transação discriminado na fatura. Cabe destacar que esse ajuste somente será realizado quando o preço dos bens fornecidos gratuitamente pelo comprador ao vendedor não estiver embutido no preço efetivamente pago ou a pagar. e) Os royalties integram o valor aduaneiro. f) O art. VIII, parágrafo 2º, do AVA, relaciona parcelas que os membros da OMC PODEM incluir ou excluir do valor aduaneiro. São elas: - o custo do transporte até o porto ou local de importação (frete no país de exportação + frete internacional) - o custo do seguro (seguro no país de exportação + seguro internacional) - gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação. Pode-se afirmar, portanto, que os membros da OMC possuem ampla discricionariedade para determinar a inclusão dessas parcelas no valor aduaneiro de mercadorias. A maioria dos países, no entanto, decidiu incluir essas parcelas no valor aduaneiro. O Brasil não foi diferente! Vejamos o que estabelece o art. 77 do Regulamento Aduaneiro: Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado: I - o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II - os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; e !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 15 ∀# 23 III - o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas nos incisos I e II. A partir do exame do art. 77, podemos concluir que, no Brasil: - O frete interno no país de exportação e o frete internacional integram o valor aduaneiro. O frete interno no país de importação não integra o valor aduaneiro. - O seguro interno no país de exportação e o seguro internacional integram o valor aduaneiro. O seguro interno no país de importação não integra o valor aduaneiro. - Os gastos relativos à carga, descarga e manuseio, associados ao transporte, até a chegada da mercadoria em território nacional, integram o valor aduaneiro. Resumindo: 3.1.2- Parcelas não integrantes do valor aduaneiro: Conforme comentei anteriormente, a regra de ouro para definirmos se uma parcela integra ou não o valor aduaneiro é a seguinte: integram o valor aduaneiro todas as despesas incorridas até que a mercadoria seja descarregada no território aduaneiro do país de importação. Pois bem, as despesas incorridas após o descarregamento da mercadoria no território aduaneiro do país de importação não irão integrar o !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 16 ∀# 23 valor aduaneiro. Nesse sentido, o Acordo de Valoração Aduaneira estabelece o seguinte: Nota ao Artigo 1 - Preço Efetivamente Pago ou a Pagar ... 3. O valor aduaneiro não incluirá os seguintes encargos ou custos, desde que estes sejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas: (a) encargos relativos à construção, instalação, montagem, manutenção ou assistência técnica, executados após a importação, relacionados com as mercadorias importadas, tais como instalações, máquinas ou equipamentos industriais; (b) o custo de transporte após a importação; (c) direitos aduaneiros e impostos incidentes no país de importação. Percebam, caros amigos, que os gastos com montagem, manutenção, assistência técnica e instalação são todos incorridos após o descarregamento da mercadoria no país de importação. Logo, essas parcelas não integram o valor aduaneiro! Isso já foi, inclusive, cobrado em prova. Resumindo: 3.1.3- Descontos concedidos: Vamos supor que uma empresa brasileira realize uma compra de produtos têxteis, tendo como valor total R$50.000,00. Entretanto, é concedido pelo exportador estrangeiro um desconto de R$3.000 na operação. Nesse caso, qual será o valor aduaneiro? !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 13 ∀# 23 Muito bom, sabia que você ia acertar! O valor aduaneiro será R$47.000,00, pois os descontos devem ser levados em consideração na determinação do valor aduaneiro. No entanto, como vocês já devem estar cansados de ver nessa vida de concurseiros, sempre existe a exceção: os descontos relativos a operações anteriores não serão levados em consideração na determinação do valor aduaneiro. Em outras palavras, os descontos relativos a operações anteriores não são abatidos do valor aduaneiro. Destaque-se que os descontos relativos a operações anteriores são o mesmo que descontos- fidelidade ou descontos condicionais. Assim, temos: 3.1.4- Tratamento dos juros: Qual será o tratamento concedido aos juros em matéria de valoração aduaneira? Eles estão incluídos ou não no valor aduaneiro? A regra geral é que os juros devidos em razão de contratos de financiamento devem ser incluídos no valor aduaneiro. Todavia, quando cumpridos certos requisitos, eles estarão excluídos do valor aduaneiro. Os requisitos são os seguintes: - Devem estar destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria. - O contrato de financiamento tenha sido firmado por escrito. - O importador possa comprovar que a mercadoria foi vendida pelo preço efetivamente declarado e que a taxa de juros não excede o nível usualmente praticado para esse tipo de transação no momento e no país em que tenha sido concedido o referido financiamento. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 17 ∀# 23 3.1.5- Inaplicabilidade do primeiro método: Aqui temos a situação em que o Auditor da RFB duvida do valor aduaneiro declarado pelo importador! O art. 82 do Regulamento Aduaneiro estabelece que a autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade de aplicação do método do valor de transação. A decisão pela inaplicabilidade do primeiro métodoocorrerá quando a autoridade aduaneira possuir razões para duvidar da veracidade ou exatidão das informações apresentadas pelo importador e, adicionalmente, as provas complementares não forem consideradas suficientes para comprovar o valor declarado. Art. 82. A autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade da aplicação do método do valor de transação quando: I - houver motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados como prova de uma declaração de valor; e II - as explicações, documentos ou provas complementares apresentados pelo importador, para justificar o valor declarado, não forem suficientes para esclarecer a dúvida existente. Parágrafo único. Nos casos previstos no caput, a autoridade aduaneira poderá solicitar informações à administração aduaneira do país exportador, inclusive o fornecimento do valor declarado na exportação da mercadoria. Vale ressaltar que a autoridade aduaneira poderá solicitar informações à administração aduaneira do país exportador. Entretanto, isso nem sempre será atendido pelo outro país, não havendo meios para tornar a prestação de informações obrigatória. 3.2- Método do Valor de Transação de Mercadorias Idênticas (2º método): Há situações em que o primeiro método de valoração aduaneira não poderá ser aplicado, o que acontece quando a operação realizada não é uma venda ou quando o valor de transação não é confiável. Nesses casos, deverá ser utilizado o segundo método de valoração: o método do valor de transação de mercadorias idênticas. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 18 ∀# 23 Nos termos do art. II do AVA, o valor aduaneiro será, então, “o valor de transação de mercadorias idênticas vendidas para exportação para o mesmo país de importação e exportadas ao mesmo tempo que as mercadorias objeto de valoração, ou em tempo aproximado”. Para entender esse dispositivo, é necessário esclarecer o significado de “mercadorias idênticas” e “ao mesmo tempo ou em tempo aproximado”. Segundo o AVA, mercadorias idênticas são mercadorias iguais em tudo, inclusive nas características físicas, qualidade e reputação comercial. Pequenas diferenças na aparência não impedem que sejam consideradas idênticas mercadorias que em tudo o mais se enquadram na definição. Para serem idênticas, as mercadorias devem ter sido, inclusive, produzidas no mesmo país e, preferencialmente, pela mesma pessoa. Por sua vez, ao fazer referência a mercadorias exportadas “ao mesmo tempo ou em tempo aproximado”, o AVA busca abranger um período o mais próximo possível da data da exportação. O período normalmente utilizado é de 3 meses, embora não exista qualquer previsão na legislação sobre isso. Com efeito, ao utilizar-se o 2º método, é necessário pesquisar se, nos 3 meses anteriores, foi realizada alguma importação de mercadoria idêntica à objeto de valoração. Caso a empresa importadora não tenha ela mesma realizado uma importação de mercadoria idêntica nos últimos 3 meses, poderão ser solicitadas informações à Receita Federal sobre importações de mercadorias idênticas realizadas por terceiros. E se tiverem sido identificadas várias importações de mercadorias idênticas àquelas objeto de valoração? Nesse caso, determina o AVA que, se na aplicação do 2º método, for encontrado mais de um valor de transação de mercadorias idênticas, será utilizado o mais baixo deles na determinação do valor aduaneiro. Cabe ressaltar que as mercadorias idênticas tomadas como base para a aplicação desse método de valoração devem ter sido objeto de valoração pela aplicação do primeiro método. 3.3- Método do Valor de Transação de Mercadorias Similares (3º método): Caso não tenham sido realizadas exportações de mercadorias idênticas nos últimos tempos e, em virtude disso, o valor aduaneiro também não puder ser determinado pelo 2º método de valoração, aplicar-se-á o 3º método. Trata-se do método do valor de transação de mercadorias similares. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 19 ∀# 23 Segundo o art. III do AVA, o valor aduaneiro será, dessa forma, “o valor de transação de mercadorias similares vendidas para exportação para o mesmo país de importação e exportadas ao mesmo tempo que as mercadorias objeto de valoração, ou em tempo aproximado.” Destaque-se que o AVA conceitua mercadorias similares como aquelas que, embora não se assemelhem em todos os aspectos, têm características e composição material semelhantes, o que lhes permite cumprir as mesmas funções e serem permutáveis comercialmente. Alguns dos fatores utilizados para a determinação da similaridade entre as mercadorias são a qualidade, reputação comercial e a existência de uma marca comercial. Para serem similares, as mercadorias devem ter sido produzidas no mesmo país e, preferencialmente, pela mesma pessoa. O período normalmente utilizado é de 3 meses, embora não exista qualquer previsão na legislação sobre isso. Com efeito, ao utilizar-se o 3º método, é necessário pesquisar se, nos 3 meses anteriores, foi realizada alguma importação de mercadoria similar à objeto de valoração. Caso a empresa importadora não tenha ela mesma realizado uma importação de mercadoria similar nos últimos 3 meses, poderão ser solicitadas informações à Receita Federal sobre importações de mercadorias similares realizadas por terceiros. E se tiverem sido identificadas várias importações de mercadorias similares àquelas objeto de valoração? Nesse caso, determina o AVA que, se na aplicação do 3º método, for encontrado mais de um valor de transação de mercadorias similares, será utilizado o mais baixo deles na determinação do valor aduaneiro. Cabe ressaltar que as mercadorias similares tomadas como base para a aplicação desse método de valoração devem ter sido objeto de valoração pela aplicação do primeiro método. 3.4- Método do Valor de Revenda ou Método Dedutivo (4º método): O 4º método de valoração aduaneira é o método do valor de revenda, também chamado de método dedutivo. Ele é utilizado diante da impossibilidade de aplicação dos três métodos anteriores. Cabe destacar que o 4º e o 5º métodos de valoração aduaneira poderão ter sua ordem invertida, desde que haja aquiescência da autoridade aduaneira. Vejamos o que dispõe o art. V do AVA: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 12 ∀# 23 Artigo V 1. (a) Se as mercadorias importadas, ou mercadorias idênticas ou similares importadas, forem vendidas no país de importação no estado em que são importadas, o seu valor aduaneiro, segundo as disposições deste Artigo, basear-se-á no preço unitário pelo qual as mercadorias importadas ou as mercadorias idênticas ou similares importadas, são vendidas desta forma na maior quantidade total, ao tempo da importação ou aproximadamente ao tempo da importação das mercadorias objeto de valoração, a pessoas não vinculadas àquelas de quem compram tais mercadorias, sujeito tal preço às seguintes deduções: (i) as comissões usualmente pagas ou acordadas em serem pagas, ou os acréscimos usualmente efetuados a título de lucros e despesas gerais relativos a vendas em tal país de mercadorias importadas da mesma classe ou espécie; (ii) os custos usuais de transporte e seguro, bem como os custos associados, incorridos no país de importação; (iii) quando adequado, os custos e encargos referidos no parágrafo 2 do Artigo 8; e (iv) os direitos aduaneiros e outros tributos nacionais pagáveis no país de importação em razão da importação ou venda das mercadorias. Não se trata de um dispositivo fácil de ser compreendido, não é mesmo? Então, vamos por partes: a) Imagineque está sendo realizada uma compra de 5000 camisas, cada uma custando R$ 30,00 e que estas mesmas camisas serão revendidas por R$ 60,00 no Brasil. A autoridade aduaneira determinou a impossibilidade de se aplicar o 1º método de valoração aduaneira, pois entendeu que o valor de R$ 30,00 não era confiável. Também não foi possível aplicar o 2º e o 3º métodos! A solução será então o 4º método. Há uma revenda programada? Sim. O valor da revenda é R$ 60,00. Logo, essa será a base para a determinação do valor aduaneiro. Isso é o que diz o parágrafo 1º do art. V: “se as mercadorias importadas [...] forem vendidas no país de importação no estado em que são importadas, o seu valor aduaneiro [...] basear-se-á no preço unitário pelo qual as mercadorias importadas [...] são vendidas desta forma na maior quantidade total.” b) Partindo do valor da revenda, devem ser deduzidas todas as parcelas que não integram o valor aduaneiro. Destaque-se que essas parcelas são, na verdade, o que foi agregado de valor ao produto após o descarregamento no porto do país de importação. Até esse momento, todos os !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 4: ∀# 23 custos compõem o valor aduaneiro. Dessa forma, são deduzidas as seguintes parcelas: - comissões usualmente pagas ou acordadas em serem pagas no país de importação. - lucros e despesas gerais relativos à venda no país de importação - custos de transporte e seguro no país de importação - custos de transporte e seguro até o porto ou local de importação (apenas se o país importador tiver optado, em sua legislação interna, por não incluir esses valores no valor aduaneiro). - despesas de carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importação até o porto ou local de importação (apenas se o país importador tiver optado, em sua legislação interna, por não incluir esses valores no valor aduaneiro). - os direitos aduaneiros e outros tributos nacionais pagáveis no país de importação em razão da importação ou venda das mercadorias. c) O art. 5º, parágrafo 1º, do AVA dispõe que, quando se utilizar o 4º método, o valor aduaneiro será baseado no valor unitário da revenda “na maior quantidade total”. A expressão “na maior quantidade total” (greatest agreggate quantity) é utilizada para definir qual será o valor base para a valoração aduaneira quando houver mais de uma revenda, a diferentes pessoas. Suponha, por exemplo, que a empresa importadora tenha acertado a revenda com quatro empresas (A, B, C e D), pelos seguintes preços e quantidades: - Revenda à empresa A: 1000 camisas – R$ 50,00 / camisa - Revenda à empresa B: 1800 camisas – R$ 60,00 / camisa - Revenda à empresa C: 1000 camisas – R$ 70,00 / camisa - Revenda à empresa D: 200 camisas – R$ 70,00 / camisa E aí? Qual será a base para a valoração aduaneira? Será o valor em que as mercadorias foram vendidas na maior quantidade agregada. Ora, temos 1000 camisas vendidas a R$ 50,00, 1200 camisas vendidas a R$ 70,00 e 1800 camisas vendidas a R$ 60,00. A maior !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 41 ∀# 23 quantidade agregada é 1800, logo, a base para a valoração aduaneira será R$ 60,00 / camisa. d) A revenda não poderá ser a pessoa vinculada, a fim de se evitar desconfiança quanto ao valor da operação. e) E se as mercadorias importadas não forem revendidas? Nesse caso, utiliza-se como base o valor de revenda de mercadorias idênticas ou similares (nessa ordem) que tiverem sido objeto de venda ao mesmo tempo, ou aproximadamente ao mesmo tempo, que as mercadorias objeto de valoração. Destaque-se que, conforme entendimento do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira, é possível que sejam utilizadas as revendas de mercadorias idênticas ou similares utilizadas por outros importadores. 3.5- Método do Valor Computado (5º método): O 5º método de valoração aduaneira é denominado “método computado”. Ele se baseia na construção do valor aduaneiro, obtido a partir da soma das seguintes parcelas: - o custo ou o valor dos materiais e da fabricação ou processamento, empregados na produção das mercadorias importadas. - um montante para lucros e despesas gerais. - custos de transporte e seguro até o porto ou local de importação (apenas se o país importador tiver optado, em sua legislação interna, por incluir esses valores no valor aduaneiro). - despesas de carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importação até o porto ou local de importação (apenas se o país importador tiver optado, em sua legislação interna, por incluir esses valores no valor aduaneiro). Esse método de valoração aduaneira não é muito utilizado na prática, uma vez que depende de informações que o importador usualmente não possui. E como ele não possui tais informações, fica na dependência do fornecimento de dados pelo exportador. Ressalte-se que a Receita Federal do Brasil (RFB) não possui jurisdição sobre o exportador estrangeiro e, portanto, não tem meios para obrigá-lo a fornecer as informações necessárias. A aplicação desse método somente será possível, então, caso haja cooperação internacional entre Aduanas. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 44 ∀# 23 3.6- Critérios Razoáveis (6º método): Se não for possível aplicar os 5 primeiros métodos de valoração aduaneira, o AVA determina que seja utilizado o 6º método, que se baseia em “critérios razoáveis”. O 6º método é, na verdade, uma flexibilização dos cinco métodos anteriores. Na Nota Interpretativa ao art. VII, o AVA traz uma lista não- exaustiva de formas de aplicação do 6º método: - Na aplicação do método do valor de transação de mercadorias idênticas, pode-se aceitar que as mercadorias tenham sido importadas a mais tempo do que o considerado razoável. - Na aplicação do método do valor de transação de mercadorias similares, pode-se aceitar que as mercadorias tenham sido importadas a mais tempo do que o considerado razoável. - É possível que, tanto na aplicação do 2º método quanto na aplicação do 3º método, sejam utilizadas como referência mercadorias importadas de um terceiro país, distinto do país de exportação. Pronto, amigos! Falamos de todos os métodos de valoração aduaneira! Vamos esquematizar: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 45 ∀# 23 3.7-Arbitramento do Valor Aduaneiro: O que vem a ser arbitramento? Palavra esquisita, não é? ☺ Esquisita nada! Os Auditores da RFB adoram... O Acordo de Valoração Aduaneira não traz qualquer disposição a respeito da apuração do valor aduaneiro de produtos que sejam objeto de transações comerciais ilícitas. 3 Tal tarefa foi, no entanto, desempenhada pela legislação brasileira, mais especificamente pela Medida Provisória nº 2.158- 35/01, que instituiu a hipótese de arbitramento do valor aduaneiro. Quando não for possível a apuração do preço efetivamente praticado na operação, em razão de fraude, sonegação ou conluio, o valor aduaneiro será apurado mediante arbitramento do preço da mercadoria. Quando se fala em arbitramento, a referência que se faz é à determinação do valor aduaneiro pela autoridade aduaneira (lembre-se que quem determinava o valor aduaneiro pelos outros métodos era o próprio importador!) Todavia, em que pese a determinação de valor ficar a cargo da autoridade aduaneira, arbitramento não se confunde com arbitrariedade. Com 3 TREVISAN NETO, Antenori. Aplicação do Acordo sobre Valoração Aduaneira no Brasil. São Paulo, Aduaneiras: 2010, pp. 240-242!∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 46 ∀# 23 efeito, o arbitramento será aplicado em conformidade com os seguintes critérios, observada a ordem preferencial: 1)- Preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar. (esses são o 2º e o 3º métodos de valoração aduaneira) 2)- Preço no mercado internacional apurado em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada. (trata-se de um método de valoração não previsto no AVA) 3)- Preço no mercado internacional apurado de acordo com o método previsto no art. VII do AVA. (esse é o 6º método de valoração aduaneira) 4)- Preço no mercado internacional apurado mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. (trata-se de um método de valoração não previsto no AVA). Além dos casos de fraude, sonegação e conluio, há outra possibilidade de utilização do arbitramento. Ele será aplicável diante do descumprimento pelo importador, exportador ou adquirente de mercadoria importada por conta e ordem, da obrigação de manter, em boa guarda e ordem, pelo prazo decadencial previsto na legislação (5 anos), os documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras. Nesse sentido, caso a RFB exija esses documentos e eles não sejam apresentados, será aplicado o arbitramento pela autoridade aduaneira. O arbitramento do valor aduaneiro representa, na prática, uma hipótese de inaplicabilidade do Acordo de Valoração Aduaneira, o que pode ser considerado controverso à luz da normativa internacional. Entretanto, a jurisprudência pátria tem admitido a possibilidade de arbitramento do valor aduaneiro nas importações brasileiras. Quando for descumprida a obrigação de manter, em boa guarda e ordem, pelo prazo decadencial previsto na legislação (5 anos), os documentos comprobatórios da transação comercial ou os respectivos registros contábeis, a apuração do valor aduaneiro será feito pela aplicação de método substitutivo ao primeiro. Esquematizando tudo isso: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 43 ∀# 23 Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! 2. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Conforme o primeiro método de valoração previsto pelo Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), o valor aduaneiro incluirá o custo do transporte da mercadoria após a importação. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 47 ∀# 23 Comentários: O custo do transporte da mercadoria após a importação não está incluído no valor aduaneiro. Será incluído no valor aduaneiro o valor do transporte interno no país de exportação e o transporte internacional, ou seja, o valor de transporte até a entrada no território aduaneiro. Questão errada. 3. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Conforme o primeiro método de valoração previsto pelo Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), o valor aduaneiro incluirá os encargos relativos à construção, instalação, manutenção ou assistência técnica, executadas após a importação, relacionados com as mercadorias importadas. Comentários: Os encargos relativos à construção, instalação, manutenção ou assistência técnica não estão incluídos no valor aduaneiro, uma vez que são custos incorridos após a entrada no território aduaneiro. Questão errada. 4. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Conforme o primeiro método de valoração previsto pelo Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), o valor aduaneiro incluirá direitos aduaneiros e impostos incidentes no país de importação. Comentários: Os direitos aduaneiros e os impostos incidentes no país de importação não estão incluídos no valor aduaneiro. Questão errada. 5. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Conforme o primeiro método de valoração previsto pelo Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), o valor aduaneiro incluirá comissões de venda suportadas pelo comprador e não incluídas no preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas. Comentários: As comissões de venda devem ser incluídas no valor aduaneiro. Questão correta. 6. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Restrições à cessão ou à utilização das mercadorias pelo comprador, exigidas pela administração pública do país de importação, não impedem a utilização do primeiro método de valoração. Comentários: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 48 ∀# 23 As restrições impostas pela Administração Pública podem ser impostas sem que seja afastada a aplicação do método do valor de transação (1º método). Questão correta. 7. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O valor aduaneiro deve ser determinado pela aplicação sucessiva dos métodos de valoração, de forma que, após a aplicação dos 6 (seis) métodos, se seleciona aquele que oferecer o menor valor. Comentários: De fato, o valor aduaneiro é determinado pela aplicação sucessiva dos métodos de valoração. No entanto, não será selecionado o método que oferecer o menor valor, mas sim o primeiro método, na ordem, que permitir fazer uma avaliação adequada do valor aduaneiro. Questão errada. 8. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O segundo método de valoração refere-se ao valor de transação de mercadorias idênticas, vendidas para exportação para o mesmo país de importação e exportadas ao mesmo tempo que as mercadorias objeto de valoração. Comentários: O segundo método de valoração aduaneiro é o do valor de transação de mercadorias idênticas. Questão correta. 9. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) A vinculação existente entre o comprador e o vendedor não impede a utilização do primeiro método de valoração, mesmo que a vinculação tenha afetado o preço. Comentários: A vinculação entre o comprador e o vendedor não irá afastar a utilização do primeiro método de valoração aduaneira se o valor for aceitável para fins aduaneiros. Caso a vinculação tenha afetado o preço das mercadorias, a aplicação do primeiro método será afastada. Questão errada. 10. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O valor aduaneiro será sempre o valor de transação independentemente de ter ocorrido uma venda para exportação para o país de importação. Comentários: O primeiro método de valoração somente poderá ser utilizado em operações de compra e venda. Em uma doação, por exemplo, não se aplica o método do valor de transação. Questão errada. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 49 ∀# 23 11. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Restrições à cessão ou à utilização das mercadorias pelo comprador exigidas por lei no país de importação impedem a utilização do primeiro método de valoração. Comentários: As restrições exigidas por lei não afastam a aplicação do método do valor de transação. Questão errada. 12. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Valor de transação é o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8º do Acordo de Valoração Aduaneira (AVA). Comentários: Essa é a perfeita definição do valor de transação, que é o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias em uma venda para exportação ao país de importação, observando-se os ajustes do AVA. Questão correta. 13. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Poderá ser utilizado o primeiro método de valoração quando parte da revenda das mercadorias beneficiar diretamente o vendedor, sem que seja necessário qualquer ajuste. Comentários: Quando uma parcela da revenda reverter em benefício do vendedor, deverá ser realizado um ajuste no valor aduaneiro. Casoo ajuste não seja possível, será afastada a aplicação do primeiro método. Questão errada. 14. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Na aplicação do primeiro método de valoração, não precisam ser observados os ajustes do Artigo 8º do Acordo de Valoração Aduaneira (AVA). Comentários: Na aplicação do primeiro método (valor de transação), deverão ser observados os ajustes previstos no Acordo de Valoração Aduaneira. Questão errada. 15. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O custo do transporte da mercadoria importada até o porto alfandegado de descarga integra o valor aduaneiro. Comentários: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 42 ∀# 23 De fato, o valor do frete até o local de importação (frete interno no país de exportação + frete internacional) integra o valor aduaneiro. Questão correta. 16. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) O custo do seguro da mercadoria importada durante as operações de carga, descarga e manuseio, associadas ao transporte da mercadoria, até o ponto de fronteira alfandegado, não integra o valor aduaneiro. Comentários: O seguro da mercadoria importada durante as operações de carga, descarga e manuseio, associadas ao transporte da mercadoria, até o ponto de fronteira alfandegado, integra o valor aduaneiro. Questão errada. 17. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) Conforme o método do valor de transação, os encargos relativos à construção, executados após a importação, não integram o valor aduaneiro, desde que estejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, na respectiva documentação comprobatória. Comentários: Os encargos relativos à construção, manutenção e assistência técnica não integram o valor aduaneiro. Questão correta. 18. (Exame Despachante Aduaneiro – 2012) A inversão da ordem de aplicação dos métodos previstos nos Artigos 5 e 6 do Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) somente será aplicada com a aquiescência da autoridade aduaneira. Comentários: A inversão da ordem entre o 4º e o 5º métodos somente poderá ocorrer com autorização da autoridade aduaneira. Questão correta. 4- LEGISLAÇÃO ADUANEIRA APLICÁVEL AO MERCOSUL: 4.1- Generalidades: A união aduaneira é um estágio de integração econômica que se caracteriza pela aplicação de uma política comercial comum em relação a terceiros países. É muito comum que seja dito que essa política comercial comum materializa-se na existência de uma Tarifa Externa Comum (TEC). Entretanto, uma união aduaneira ideal pressupõe muito mais do que apenas !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 5: ∀# 23 uma TEC. Em uma união aduaneira ideal, faz-se necessária a existência de uma regulamentação aduaneira única. Com esse objetivo é que os países do MERCOSUL aprovaram, em agosto de 2010, na Cúpula de San Juan, o Código Aduaneiro do MERCOSUL. O objetivo era adotar uma legislação aduaneira comum e, assim, fazer avançar a união aduaneira. Entretanto, até o momento, o Código Aduaneiro do MERCOSUL não entrou em vigor, por não ter sido internalizado no ordenamento jurídico de nenhum dos Estados-membros do MERCOSUL. O Código Aduaneiro do MERCOSUL é instrumento complexo, composto por 181 artigos no total. Entretanto, o que verdadeiramente interessa para nossa prova são as regras de valoração aduaneira por ele estabelecidas. Com efeito, dentre os aspectos da legislação aduaneira que ele busca harmonizar, destacamos a harmonização de regras de valoração aduaneira. Vale destacar que, no âmbito do MERCOSUL, há outras duas normas que versam sobre a valoração aduaneira: a Decisão CMC nº 13/2007 (Norma de Aplicação sobre a Valoração Aduaneira de Mercadorias) e a Decisão CMC nº 16/2010 (Manual de Procedimentos MERCOSUL de Controle do Valor Aduaneiro). Nessa aula, estudaremos sobre a Decisão CMC nº 13/2007. Antes, porém, vale a pena conhecermos alguns dispositivos previstos no Código Aduaneiro do MERCOSUL. Vejamos: a) O território aduaneiro do MERCOSUL é aquele no qual se aplica a legislação aduaneira comum do MERCOSUL. A legislação aduaneira do MERCOSUL será aplicada à totalidade do território dos Estados Partes e aos enclaves concedidos a seu favor, e regulará o comércio internacional dos Estados Partes do MERCOSUL com terceiros países ou blocos de países. Recorde-se que enclave aduaneiro é a parte do território de um Estado não integrante do MERCOSUL na qual se permite a aplicação da legislação aduaneira do MERCOSUL. b) As legislações aduaneiras de cada Estado Parte serão aplicáveis supletivamente dentro de suas respectivas jurisdições nos aspectos não regulados especificamente pelo Código Aduaneiro do MERCOSUL, por suas normas regulamentares e complementares. c) O Código Aduaneiro do MERCOSUL define o conceito de mercadoria sob a ótica aduaneira. Nos termos do art. 35 do Código, a mercadoria ingressada no território aduaneiro deverá receber um dos seguintes destinos aduaneiros: i) inclusão em um regime aduaneiro de importação; ii) retorno ao exterior; iii) abandono ou; iv) destruição. O art. 78, por sua vez, estabelece que a mercadoria que sair do território aduaneiro deverá receber como destino aduaneiro sua inclusão em um regime aduaneiro de exportação. !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 51 ∀# 23 d) O Código Aduaneiro do MERCOSUL lista os seguintes regimes aduaneiros de importação: - Importação definitiva; - Admissão temporária para reexportação no mesmo estado; - Admissão temporária para aperfeiçoamento ativo; - Transformação sob controle aduaneiro (a lógica por trás desse regime é a mesma do “drawback”); - Depósito aduaneiro (a lógica por trás desse regime é a mesma do “entreposto aduaneiro”); ou - Trânsito aduaneiro. e) O Código também relaciona os regimes aduaneiros de exportação: - Exportação definitiva; - Exportação temporária para reimportação no mesmo estado; - Exportação temporária para aperfeiçoamento passivo; ou - Trânsito aduaneiro. f) O Código prevê também regulamentação específica para determinadas situações, as quais ele chama de regimes aduaneiros especiais. Desde já, quero destacar que o conceito de regimes aduaneiros especiais no Brasil é bastante diferente. Nos termos do art. 101 do Código Aduaneiro do MERCOSUL, são regimes aduaneiros especiais: - Bagagem; - Pertences de tripulantes; - Provisões de bordo; - Franquias diplomáticas; - Remessas postais internacionais; - Amostras; - Remessas de assistência e salvamento; !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 54 ∀# 23 - Comércio fronteiriço; - Contêineres; - Meios de transporte comerciais; - Retorno de mercadoria; - Remessas em consignação; e - Substituição de mercadoria. 4.2- Código Aduaneiro do MERCOSUL – Disposições sobre Valoração Aduaneira: Inicialmente, vale destacar que todos os membros do MERCOSUL são também membros da OMC e, portanto, são signatários de todos os acordos multilaterais que tenham sido firmados no âmbito dessa organização, inclusive o Acordo de Valoração Aduaneira. Logo, as normas previstas no Acordo de Valoração Aduaneira devem ser observadas no âmbito do MERCOSUL. Nesse sentido, o art. 163 do Código Aduaneiro do MERCOSUL estabelece o seguinte: Artigo 163 - Elementos de base 1. O imposto de importação ad valorem será determinado aplicando-se as alíquotas previstas na Tarifa Externa Comum, estruturada com base na Nomenclatura Comum do MERCOSUL, sobre o valor aduaneiro da mercadoria, determinado em conformidade com as normas do Acordo Relativo à Aplicação de Artigo VII do Acordo Geral de Tarifas e Comércio de 1994 (GATT).2. A aplicação das alíquotas previstas na Tarifa Externa Comum referidas no numeral 1 será efetuada sem prejuízo das exceções que se estabelecerem. 3. O imposto de importação específico se determinará aplicando um valor fixo por unidade de medida. Como se pode perceber, esse dispositivo é bem claro ao dizer que o valor aduaneiro da mercadoria será determinado em conformidade com as normas do Acordo de Valoração Aduaneira da OMC. Assim, é possível afirmar que os 6 (seis) métodos de valoração previstos no AVA também são aplicados para a valoração aduaneira no MERCOSUL. E destaque-se: não há qualquer alteração na aplicação desses métodos, os quais seguem fielmente as normas da OMC. Até mesmo os ajustes ao valor de transação, previstos !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 55 ∀# 23 no art. 8º do AVA, devem ser observados na valoração aduaneira do MERCOSUL. Ao estudar o Acordo de Valoração Aduaneira, verificamos que este acordo estabelece que, ao elaborar sua legislação, os países deverão prever a inclusão ou exclusão dos seguintes valores: i) os custos de transporte das mercadorias importadas até o porto ou lugar de importação; ii) os gastos com carga, descarga e manuseio e; iii) o custo do seguro durante essas operações. O AVA deixou a decisão de incluir ou excluir essas parcelas a cargo de cada país. E o que os países do MERCOSUL fizeram? O Código Aduaneiro do MERCOSUL estabeleceu, no seu art. 164, que essas parcelas deverão ser incluídas no valor aduaneiro: Artigo 164 - Elementos de valoração No valor aduaneiro da mercadoria serão incluídos os seguintes elementos: a) os gastos de transporte da mercadoria importada até o local de sua entrada no território aduaneiro; b) os gastos de carga, descarga e manuseio, relativos ao transporte da mercadoria importada até o local de sua entrada no território aduaneiro; e c) o custo do seguro da mercadoria. O Código Aduaneiro do MERCOSUL estabelece, ainda, que o pagamento do imposto de importação deve ser efetuado antes ou no momento do registro da declaração de mercadoria, sem prejuízo da exigência de eventuais diferenças apuradas posteriormente. No Brasil, sabemos que o imposto de importação é recolhido no momento do registro da DI. 4.3- Decisão CMC nº 13/2007 (Norma de Aplicação sobre a Valoração Aduaneira de Mercadorias): No âmbito do MERCOSUL, para que uma norma entre em vigor, ela precisa, antes, ser internalizada no ordenamento jurídico de todos os países-membros. Em junho de 2012, entrou em vigor a Decisão CMC nº 13/2007, após a internalização do Paraguai, último país que faltava aplicar a norma. É preciso ter em mente que as normas de valoração aduaneira da OMC se aplicam na valoração aduaneira no MERCOSUL. Entretanto, há espaço !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 56 ∀# 23 para normatização em relação a aspectos que o AVA deixa a critério dos membros da OMC. De qualquer modo, a criação de normas específicas de valoração aduaneira no MERCOSUL visa a reduzir o grau de liberdade (discricionariedade) que cada país tem para editar suas próprias regras de valoração. A Decisão CMC nº 13/2007, em seu art. 1º, prevê explicitamente que a base de cálculo do imposto de importação será o valor aduaneiro apurado segundo as regras do Acordo de Valoração Aduaneira da OMC. O valor aduaneiro será, portanto, a base para aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC). Ressalte-se que as regras de valoração aduaneira se aplicam a todas as mercadorias importadas pelos Estados-partes, introduzidas a qualquer título no território aduaneiro do MERCOSUL. Com base nisso, entende-se que a valoração aduaneira é procedimento aplicável, inclusive, às mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais. Além disso, as regras de valoração são utilizadas seja nas operações comerciais intrabloco (entre países do MERCOSUL), seja nas operações comerciais extrabloco (importações procedentes de terceiros países). O art. 5º da Decisão CMC nº 13/2007 estabelece dispositivo semelhante ao previsto no Código Aduaneiro do MERCOSUL: Artigo 5º Ao valor aduaneiro serão incluídos os seguintes elementos: a) os gastos de transporte das mercadorias importadas até o porto ou lugar de importação; b) os gastos com carga, descarga e manuseio, ocasionados pelo transporte das mercadorias importadas até o porto ou lugar de importação; c) o custo do seguro das mercadorias. O porto ou o local de importação mencionado no dispositivo supra- transcrito é o ponto de introdução das mercadorias no território aduaneiro do MERCOSUL. A Decisão CMC no 13/2007 também harmoniza a legislação dos países do MERCOSUL no que diz respeito aos juros devidos em virtude de acordo de financiamento contratado pelo comprador e relativo à compra das mercadorias importadas. Serão eles parcelas integrantes ou não do valor aduaneiro? O AVA não fala nada expressamente sobre o assunto, mas o Comitê de Valoração Aduaneira da OMC já havia decidido que os juros devidos em !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 53 ∀# 23 virtude de acordo de financiamento integrariam o valor aduaneiro de mercadoria importada, a menos que cumprissem os seguintes requisitos: a) estivessem destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias. b) o contrato de financiamento tenha sido firmado por escrito; e c) o importador possa comprovar que as mercadorias sejam vendidas ao preço declarado e a taxa de juros negociada não exceda o nível usualmente praticado nesse tipo de transação no momento e no país em que tenha sido concedido o financiamento Essa decisão do Comitê de Valoração Aduaneira da OMC já havia sido incorporada à normativa brasileira. O que a Decisão CMC no 13/2007 fez foi prever a extensão desse dispositivo a todos os países do MERCOSUL. A Decisão CMC no 13/2007 estabelece também disposição importante em relação à taxa de câmbio aplicável quando for necessária a conversão de valores expressos em moedas estrangeiras. De acordo com o AVA, a taxa de conversão a ser utilizada será a vigente no momento da importação ou da exportação, a critério de cada país. De acordo com a Decisão CMC no 13/2007, a taxa de câmbio aplicável será a taxa diária estabelecida pelo banco central ou autoridade monetária central de cada Estado Parte tomando-se por base a taxa vigente no fechamento do dia anterior ao da data da numeração do despacho de importação. Segundo a Decisão CMC nº 13/2007, o controle do valor aduaneiro de mercadorias poderá ser seletivo ou aleatório. Isso significa que uma Declaração de Importação (DI) poderá ser submetida a processo de valoração em razão de parâmetros pré-definidos (seletivo) ou quando a autoridade aduaneira suspeitar de irregularidades e, por sua vontade, decidir realizar o controle de valor (aleatório). O primeiro caso fica bem evidente quando o SISCOMEX, com base em parâmetros internos, direciona uma DI para o canal cinza; o segundo caso fica claro quando o grau de conferência da DI é agravado para o canal cinza. O controle do valor aduaneiro poderá ser realizado no curso do despacho aduaneiro ou mesmo após o despacho (depois da entrega da mercadoria ao importador). No caso de controle aduaneiro no curso do despacho, os Estados membros do MERCOSUL deverão estabelecer o prazo de 60 dias, prorrogável por igual período, para conclusão dos procedimentos de valoração. Esse prazo poderá ficar suspenso quando o importador não responder à intimação efetuada pela autoridade aduaneira. Vale destacar que importador terá direito de recorrer, sem penalização alguma, das decisões emitidas pelas administrações aduaneiras como consequência do processo de controle do valor.!∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 57 ∀# 23 Se, no curso do processo de valoração, for necessário retardar a determinação definitiva do valor aduaneiro, o importador das mercadorias poderá retirá-las da Aduana se, quando exigido, prestar garantia suficiente para cobrir o pagamento dos direitos aduaneiros a que possa estar sujeita a importação. Acerca do controle exercido após o despacho, a Decisão CMC nº 13/2007 dispõe, em seu art. 20, que a mercadoria importada que não for selecionada para o controle do valor declarado no curso do despacho aduaneiro poderá ser submetida a controle de valor na forma e nos prazos previstos na legislação interna de cada Estado. No Brasil, o prazo para a realização de revisão aduaneira, cujo objetivo é reexaminar o despacho, é de 5 (cinco) anos. Findo esse período, opera-se a decadência do crédito tributário. Um documento criado pela Decisão CMC nº 13/2007 foi a Declaração de Valor Aduaneiro (DVA). Segundo o art. 23, as administrações aduaneiras dos Estados-partes poderão aprovar norma específica a fim de incorporar esse modelo comum de valor aduaneiro. Cada Estado-parte poderá decidir sobre a obrigatoriedade da inclusão desse documento no despacho aduaneiro. Há determinadas situações em relação às quais a Decisão CMC nº 13/2007 determina que serão aplicadas normas específicas. São elas: a) mercadorias importadas por viajantes dentro do conceito de bagagem; b) mercadorias destinadas a missões diplomáticas ou repartições consulares de caráter permanente, e de seus integrantes; c) mercadorias destinadas a representações de organismos internacionais de caráter permanente de que o Estado Parte seja membro, e de seus funcionários, peritos, técnicos e consultores; d) mercadorias contidas em remessas postais internacionais e encomendas aéreas, não sujeitas ao regime geral de importação; e) importações desprovidas de caráter comercial. Por fim, cabe destacar que a Decisão CMC nº 13/2007 estabelece que, nos casos que não estejam nela previstos, será aplicável a legislação vigente em cada Estado do MERCOSUL. Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova! !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 58 ∀# 23 19. (AFRFB – 2012) Segundo o Supremo Tribunal Federal, sob a égide do modelo constitucional brasileiro, mesmo cuidando-se de tratados de integração, ainda subsistem os clássicos mecanismos institucionais de recepção das convenções internacionais em geral, não bastando, para afastá- los, a existência da norma inscrita no art. 4º, parágrafo único, da Constituição da República, que possui conteúdo meramente programático e cujo sentido não torna dispensável a atuação dos instrumentos constitucionais de transposição, para a ordem jurídica doméstica, dos acordos, protocolos e convenções celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL. Comentários: A redação dessa questão foi extremamente complexa. No entanto, o que a banca examinadora quis dizer foi apenas que as normas do MERCOSUL devem ser incorporadas ao ordenamento jurídico interno brasileiro para que entrem em vigor, assim como ocorre em relação aos demais tratados internacionais. Questão correta. 20. (Questão Inédita) O Código Aduaneiro do MERCOSUL prevê a utilização de 6 (seis) métodos de valoração aduaneira, os quais devem ser aplicados sucessiva e sequencialmente. No MERCOSUL, todavia, não se admite a inversão de ordem na aplicação do 4º (quarto) e 5º (quinto) métodos. Comentários: No MERCOSUL, é possível a inversão de ordem entre o 4º e o 5º métodos. Questão errada. 21. (Questão Inédita) O Código Aduaneiro do MERCOSUL prevê a inclusão no valor aduaneiro dos gastos de transporte da mercadoria importada até a sua entrada no estabelecimento do importador. Comentários: Serão incluídos no valor aduaneiro os gastos de transporte até o local de entrada da mercadoria no território aduaneiro. Questão errada. 22. (Questão Inédita) Somente poderão ser objeto de controle de valor as mercadorias selecionadas no curso do despacho aduaneiro. Comentários: !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 59 ∀# 23 A valoração aduaneira também poderá ser realizada após o despacho. Questão errada. 23. (Questão Inédita) Os créditos tributários que surjam como conseqüência da fiscalização do valor aduaneiro deverão ser exigidos pelas administrações aduaneiras dentro de 90 dias de sua constituição, sob pena de prescreverem. Comentários: O crédito tributário deverá ser exigido dentro do prazo de prescrição, que, no Brasil, é de 5 anos. Questão errada. 24. (Questão Inédita) No controle do valor declarado que se pratique no curso do despacho de importação, cada Estado Parte deverá estabelecer o prazo de 60 dias para sua conclusão, contado a partir da data em que o importador apresente a documentação comprobatória do valor. Comentários: Isso é exatamente o que prevê a Decisão CMC nº 13/2007 em relação ao prazo para conclusão do procedimento de controle do valor declarado. São 60 dias contados a partir da data em que o importador apresente a documentação comprobatória do valor. Questão correta. 25. (Questão Inédita) A seleção para o controle do valor declarado deverá ser realizada no curso do despacho de importação, segundo critérios estabelecidos pelas autoridades competentes dos Estados Partes. Comentários: A seleção para o controle do valor declarado poderá ser realizada no curso do despacho de importação ou após o despacho. Questão errada. 26. (Questão Inédita) As regras de valoração aduaneira do MERCOSUL se aplicam a todas as mercadorias importadas pelos Estados-partes, introduzidas a qualquer título no território aduaneiro do MERCOSUL. Comentários: Todas as mercadorias importadas pelos Estados-partes do MERCOSUL e que ingressem no território aduaneiro a qualquer título estão sujeitas ao controle do valor aduaneiro. Questão correta. 27. (Questão Inédita) Quando for necessária a conversão de valores expressos em moeda estrangeira, a taxa de câmbio aplicável será a taxa diária estabelecida pelo banco central ou autoridade monetária central de cada !∀#∃%&∋()∗ ,−.∋/∀∃0∋ 12 3456789: ;∀∗0∃∋ ∀ <.∀%=>∀% ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ ∆ ,.&∋ 8Ε ?0∗≅Α 3∃Β∋0−∗ Χ∋&∀ !!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/& 52 ∀# 23 Estado Parte, tomando-se a taxa vigente no fechamento do dia anterior ao da data da numeração do despacho de importação. Comentários: Segundo a Decisão CMC nº 13/2007, a taxa de câmbio será a taxa vigente no fechamento do dia anterior ao da data da numeração do despacho de importação. Questão correta. 28. (Questão Inédita) O controle do valor declarado da mercadoria importada poderá ser seletivo ou aleatório. Comentários: A Decisão CMC nº 13/2007 prevê que o controle do valor aduaneiro poderá ser seletivo ou aleatório. Questão correta. 29. (Questão Inédita) No controle do valor declarado que se pratique no curso do despacho de importação, cada Estado Parte deverá estabelecer o prazo de 60 dias para sua conclusão, contado a partir da data em que o importador apresente a documentação comprobatória do valor. Comentários: A Decisão CMC nº 13/2007 prevê um prazo de 60 dias para a conclusão do procedimento de controle do valor declarado. Questão correta. 5- VALORAÇÃO ADUANEIRA NO BRASIL: O Brasil, na condição de membro da OMC, está automaticamente vinculado a todos os seus acordos multilaterais, inclusive ao Acordo de Valoração Aduaneira. As regras sobre valoração aduaneira no Brasil estão detalhadas na Instrução Normativa SRF nº 327/2003 e seguem o que prevê o Acordo de Valoração Aduaneira da OMC. Vejamos, entretanto, alguns pontos importantes sobre