Buscar

ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA

Prévia do material em texto

Fernanda F. Ferreira - TXI 
1 
 
ESCLEROSE (pela gliose do trato corticoespinhal) LATERAL AMIOTRÓFICA(pela atrofia secundária gerada) – ELA 
 
Doença neurodegenerativa crônica que leva a fraqueza de forma progressiva e generalizada, tanto o “primeiro 
neurônio” (córtex) quanto o “segundo” (corno anterior da medula). 
 Inexoravelmente progressiva 
 Forma mais comum de doença do neurônio motor concomitantemente superior e inferior 
 Media de idade de 62 anos – mais comum após 40 anos e pico aos 74 
 Fatores de risco: idade e história familiar 
 Genes assoc. com maior suscetibilidade: ATXN2, ITPRS, NEK1  ter esses genes aumenta o risco; ELA 
familiar: 5-20% dos casos (nesse caso autossômica dominante) 
 
Existem locais endêmicos: 
- indígenas da ilha de Guam (consumo de morcego que come muito cycad que contém subst. tóxica (BMAA) ao 
neurônio motor  ELA secundária a esse consumo 
- Nova Guiné do Oeste 
- Ilha de Kiji – Japão  indivíduos com essa mutação  efeito fundador da mutação  gene C9ORF72 
- ligas secundárias de futebol da Itália 
- obesidade (colesterol alto)  podem diminuir a incidência de ELA segundo estudos epidemiológicos 
 
Fisiopatologia 
Mecanismos de degeneração: proteínas ou corpos ubiquitinados ou TDP-43que deveriam ser degradas, e que não 
são e acabam formando grandes massas  massas citoplasmáticas  esses agregados proteicos em neurônios 
motores leva os neurônios motores a morte e degeneração 
- Inclusões citoplasmáticas: 
 Neurofilamentos fosforilados e não-fosforilados 
 Corpos ubiquitinados 
 TDP-43 
- Fatores inflamatórios mediados por micróglia  leva os neurônios motores a morte e degeneração 
- Excitoxicidade levando a aumento de influxo de cálcio  ativação excessiva de receptores de glutamato  leva os 
neurônios motores a morte e degeneração 
Fernanda F. Ferreira - TXI 
2 
 
 
Morte e degeneração de neurônios motores com substituição por gliose: 
- neurônios corticais são acometidos e sofrem degeneração: 
 Gliose do trato cortico-espinal por isso esse esclerose lateral, pois esse trato é mais lateral 
 Alteração na susbtância branca 
 Afilamento da ME raízes anteriores 
 Atrofia musc. Por denervação 
- degeneração de neurônios não motores  córtex frontal por isso a cognição não está 100% preservada 
- degeneração neurônios motores da coluna anterior  por isso a fraqueza 
Trato cortico-espinal: une o córtex cerebral aos neurônios motores da 
medula um terço das ff. Originam-se na ,área motora primária, um 
terço na pré-motora e motora suplementar e 1/3 no córtex 
somatossensorial 
Trajeto: área motora primária  coroa radiata  perna posterior da 
cápsula interna base do pedúnculo cerebral  base da ponte  
pirâmide bulbar  uma parte das ff. Continua  formando o TRATO 
CORITICOESPINHAL ANTERIOR e outra parte cruza na decussação das 
pirâmides  TRATO CORTICOESPINHAL LATERAL  responsável pela 
motricidade voluntária  controle da musculatura axial e apendicular 
*o trato corticoespinhal anterior ocupa o funículo anterior da ME 
*trato corticoespinhal lateral ocupa o funículo lateral 
 
- SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR – Ex: AVC  
hemiplegia, paralisia da metade oposta do corpo. Após rápido período 
inicial de paralisia flácida, instala-se a PARALISIA ESPÁSTICA (COM 
HIPERTONIA E HIPERREFLEXIA)  SINAL DE BABINSKI POSTIVO. Nesse 
caso, não há hipertrofia musc., pois o neurônio motor inferior está 
intacto. 
Tradicionalmente admitia-se que isso era lesão do trato corticoespinal  síndrome piramidal. Mas, hoje sabemos que 
envolve outras vias motoras descendentes como a corticoreticuloespinhal e a corticorubroespinhal. 
No caso de lesão restrita ao trato corticoespinhal não ocorre quadro de espasticidade. Mas, babinsk positivo = lesão 
de trato corticoespinhal! 
Acredita que os quadros de espasticidade ocorram pelo aumento da excitabilidade dos motonerurônios alfa e gama, 
de corrente de lesão de ff. Que exerciam ação inibitória sobre eles, como algumas ff. Reticuloespinhais 
 
- SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR – Ex: Poliomielite  destruição do neurônio motor inferior situado 
na coluna anterior da medula ou em nu. Motores dos nn. Cranianos  ocorre paralisia com perda dos reflexos e do 
tônus muscular = PARALISIA FLÁCIDA. Depois de um tempo hipotrofia dos mm. Inervados pelas ff. Nervosas 
destruídas. 
Fernanda F. Ferreira - TXI 
3 
 
 
Quadro clínico: 
- Início em qualquer segmento: cranial, cervical, torácico ou lombossacro ((1) bulbar (músculos faciais e 
orofaríngeos); (2) cervical (do diafragma para cima); (3) torácica (dorso e abdome); (4) lombossacra (do abdômen 
para baixo, incluindo a coluna lombar) 
 Geralmente fraqueza assimétrica (por afetar o corno anterior  neuropatia), de evolução relativamente 
lenta e progressiva 
 Curso geralmente linear 
- Principal característica = sinais de neurônio motor inferior e superior concomitantes, e no mesmo membro: ex: em 
um mesmo braço podemos ver hiperreflexia e hipotonia – podendo se iniciar com qualquer uma das síndromes 
- ausência de alterações sensitivas 
Poupa a musculatura ocular, e se acomete é muito raramente e quando a doença já está agravada ! 
 
Sinais de disfunção do neurônio motor superior 
- devido a degeneração dos neurônios motores corticais 
 Gliose de seus axônios, coroa radiata, cápsula interna, pedúnculo cerebral, base pontinha, pirâmide e trato 
cortico-espinal lateral 
- fraqueza: 
 MMSS: lentificação e perda da destreza 
 MMII : marcha espástica pela hipertonia e hiperreflexidade 
 Bulbar (comprometimento da musculatura inervada pelos pares cranianos do bulbo (glossofaríngeo, vago e 
hipoglosso): disartria e disfagia; afeto pseudobulbar = choro e riso imotivados  perda cognitiva do lobo 
frontal. Quando se perdem muitos neurônios do córtex frontal de forma difusa temos disartria por 
disfunção do neurônio motor superior; 
- espasticidade 
- hiperreflexia, sinal de Babinsk 
 
Sinais de disfunção do neurônio motor inferior 
- degeneração dos núcleos bulbares e do corno anterior 
- fraqueza muscular: 
 MMSS: fraqueza proximal ou distal, mais freq. Distal 
 MMII: pé caído, fraqueza proximal ou distal 
 Bulbar: disartria e disfagia, fraqueza facial e da mastigação 
- atrofia muscular 
- hipo/arreflexia 
- hipotonia/flacidez 
- fasciculação e câimbras 
 
Sintomas cognitivos 
- disfunção executiva em aproximadamente 50% dos pacientes pela degeneração de neurônios não motores  
córtex frontal por isso a cognição não está 100% preservada : 
 Dificuldade de planejamento 
 Realizar tarefas em seq. 
 Atenção e inibição de resposta 
Fernanda F. Ferreira - TXI 
4 
 
- 15% apresentam critérios para demência frontotemporal: 
 Disfunção executiva 
 Mudança da personalidade 
 Prejuízo de crítica social 
 
Exames: 
- Eletroneuromiografia: 
 Diminuição da amplitude dos potenciais de ação das ff. 
Musc. 
 Menos unidades motoras ativadas 
 Fibrilação, ondas positivas, fasciculação 
 
- RM de crânio e coluna cervical para primeiramente excluir compressão medular. Podem faver sinais de 
acometimento de tratos (hipersinal em tratos piramidais) 
- liquor: necessário em casos de evolução rel. rápida para excluir neuropatias infl. 
- excluir HIV e s. paraneoplásicas 
- intoxicação por chumbo se houver hist.. 
- testes genéticos se hist. familiar; 
 
Diagnóstico diferencial: 
- Outras formas de doença do neurônio motor: 
 Atrofia musc. Progressiva 
 Esclerose lateral primária 
 Atrofia espinhal progressiva 
 Poliomielite 
- Miastenia Gravis 
- S. pós-polio 
- fasciculações benignas 
- Miopatias infl. 
 
Prognóstico: 
 Sobrevida mediana de 3-5a. do diag.  10% de sobrevida após 10a. 
 Pior prognóstico: início bulbar com sintomas resp. 
 Trat. Para melhora da sobrevida em vários meses 
 
Tratamento: 
 Gastrostomia – prococemente para evitar perda de peso por desnutrição e suporte ventilatório(VNI) 
precocemente também, pois apneia no sono por exemplo, é muito comum nesses pacientes! 
 Manejo dos sintomas como relaxante muscular 
 Riluzol (VO) – é único que se dá aqui no Brasil – é dado para todos os pacientes 2x/dia - inibe a liberação de 
glutamato(assim diminui a toxicidade no neurônio, bloqueio AMPAr), ativ. anti-oxidante leve  prolonga a 
sobrevida em 3m., sem melhora consciente da qualidade de vida 
 Edaravone (EV): aprovado para uso no Japão e pelo FDA  efeito antioxidante e outros não comprovados; 
 Metilcobalamina IM: pouca evidência, mas com poucos efeitos colaterais

Continue navegando