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BIOENERGÉTICA E FUNÇÃO DO ATP Os sistemas biológicos são essencialmente isotérmicos e utilizam energia química para ativar os processos vivos A morte por inanição ocorre quando as reservas de energia disponíveis são exauridas, sendo que determinadas formas de desnutrição estão associadas ao desequilíbrio da energia (marasmo). Os hormônios da tireoide controlam as taxas metabólicas (velocidade de energia liberada), e seu mau funcionamento leva ao desenvolvimento de doenças A ENERGIA LIVRE É A ENERGIA ÚTIL EM UM SISTEMA A variação da energia livre de Gibbs (ΔG) é a porção da variação total de energia no sistema que está disponível para realizar trabalho – isto é, a energia útil, também conhecida como potencial químico. Os sistemas biológicos adaptam-se às leis gerais da termodinâmica. A primeira lei da termodinâmica = a energia total de um sistema, inclusive em seus arredores, permanece constante. A energia não é perdida nem adquirida durante qualquer alteração. A energia pode ser transferida de uma parte do sistema para outra ou ainda ser transformada em outra forma de energia. Nos sistemas vivos, a energia química pode ser transformada em calor ou em energia elétrica, radiante ou mecânica. A segunda lei da termodinâmica afirma que a entropia total de um sistema deve aumentar quando um processo ocorre de forma espontânea. A entropia = desordem ou da aleatoriedade do sistema e se torna máxima quando se aproxima do equilíbrio. Sob condições de pressão e temperatura constantes (ΔS) = variação na entropia. / (ΔG) variação da energia livre ΔH é a variação na entalpia (calor) e T é a temperatura absoluta. Se a ΔG é negativa, a reação prossegue espontaneamente com perda de energia livre; isto é, ela é exergônica. Por outro lado, se a ΔG é positiva, a reação prossegue apenas se a energia livre puder ser adquirida; isto é, ela é endergônica. E a ΔG é zero, o sistema está em Equilíbrio e não ocorre nenhuma alteração global. BCM 2 Na prática, um processo endergônico não pode existir de forma independente, mas deve ser um componente de um sistema exergônico-endergônico acoplado no qual a alteração líquida global é exergônica A conversão do metabólito A em metabólito B ocorre com a liberação de energia livre e está acoplada à outra reação em que a energia livre é necessária para converter o metabólito C em metabólito D. Um possível mecanismo de acoplamento poderia ser idealizado quando um intermediário (I) obrigatório comum toma parte em ambas as reações, isto é: Esse tipo de sistema possui um mecanismo próprio para o controle biológico da velocidade dos processos oxidativos, pois o intermediário obrigatório comum permite que a velocidade da utilização do produto da via de síntese (D) seja determinada pela velocidade de ação da massa em que A é oxidada Na verdade, essas relações são a base para o conceito do controle respiratório, o processo que impede que um organismo gaste energia fora de controle. Um método alternativo para acoplar um processo exergônico a um endergônico consiste em sintetizar um composto de alto potencial de energia na reação exergônica e o incorporar na reação endergônica, efetuando, assim, uma transferência de energia livre da via exergônica para a endergônica. A vantagem biológica desse mecanismo é que o composto de alto potencial de energia, ~©, ao contrário de I no sistema anterior, não precisa estar estruturalmente relacionado a A, B, C ou D, possibilitando que sirva como transdutor de energia de uma ampla gama de reações exergônicas para uma gama igualmente grande de processos ou reações endergônicas, como a biossíntese, a contração muscular, a excitação nervosa e o transporte ativo. Na célula viva, o principal composto carreador ou intermediário de alta energia é o trifosfato de adenosina (ATP) As reações exergônicas são denominadas catabolismo (geralmente a clivagem ou a oxidação das moléculas de combustível), ao passo que as reações de síntese que acumulam substâncias são denominadas anabolismo. Os processos catabólicos e anabólicos combinados constituem o metabolismo. O valor para a hidrólise do fosfato terminal do ATP divide a lista em dois grupos: Os fosfatos de baixa energia, exemplificados pelos ésteres-fosfato encontrados nos intermediários da glicólise, possuem valores de G0′ menores que os do ATP, ao passo que nos fosfatos de alta energia, o valor é mais elevado que o do ATP. Dessa maneira, o ATP contém dois grupamentos fosfato de alta energia e o ADP contém um, ao passo que o fosfato no AMP (monofosfato de adenosina) é do tipo de baixa energia, pois ele é uma ligação éster normal. A posição intermediária do ATP permite que ele desempenhe um papel importante na transferência de energia. A alta variação de energia livre na hidrólise do ATP se deve ao alívio da repulsão de carga dos átomos de oxigênio adjacentes, carregados negativamente, e à estabilização dos produtos de reação, sobretudo o fosfato, como híbridos de ressonância OS FOSFATOS DE ALTA ENERGIA ATUAM COMO A “MOEDA ENERGÉTICA” DA CÉLULA. Na prática, um ciclo de ATP/ADP conecta os processos que geram fosfato aos processos que utilizam fosfato consumindo e regenerando continuamente o ATP. Isso acontece em uma velocidade muito rápida, pois o pool total de ATP/ADP é extremamente pequeno e suficiente para manter um tecido ativo por apenas alguns segundos. Existem três fontes principais de fosfato que participam da conservação de energia ou da captura de energia: 1. Fosforilação oxidativa. É a maior fonte quantitativa de fosfato em organismos aeróbios. O ATP é gerado na matriz mitocondrial à medida que O2 é reduzido a H2O pela transferência de elétrons na cadeia respiratória. 2. Glicólise. Uma formação líquida de dois fosfatos resulta da formação de lactato a partir de uma molécula de glicose, gerada em duas reações catalisadas pela fosfoglicerato-cinase e pela piruvato-cinase, respectivamente. 3. Ciclo do ácido cítrico. Um fosfato é gerado diretamente no ciclo na etapa da succinato- tiocinase.