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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CURSO DE ENGENHARIA AEROESPACIAL DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS DE FÍSICO-QUÍMICA “A” – FSC 222 Prof. Ma. Ana Claudia Lausman Aline Rabelo Antunes Atividade 8 – Unidade 1 Exercício 1: Será que um processo não espontâneo com ΔS negativo pode tornar-se espontâneo se a temperatura for aumentada (considerando que ΔH, ΔS independem da temperatura)? Não, pois a equação ∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇∆𝑆, se baseia em valores de uma reação espontânea ∆𝐻, 𝑇 e ∆𝑆. Uma vez que os termos −𝑇∆𝑆 deixam de ser um valor negativo, o processo não será espontâneo. A não ser, é claro, que ∆𝐻 tenha um valor negativo e maior que a expressão −𝑇∆𝑆. Então, será espontâneo mesmo. Exercício 2: Será que um processo não espontâneo com ΔS positivo pode tornar-se espontâneo se a temperatura for aumentada (considerando que ΔH, ΔS independem da temperatura)? Pode se tornar espontâneo, já que o valor de ∆𝐺 terá valor negativo. Com exceção ao caso de ∆𝐻 ser um valor positivo e maior que a expressão −𝑇∆𝑆. Exemplo 4J.1 Determinar se um processo é espontâneo Uma maneira adequada de se familiarizar com processos termodinâmicos consiste em começar com um sistema e considerar como várias mudanças podem afetá-lo. Calcule a variação de energia livre molar, ΔGm, do processo H2O(s) → H2O(l) em 1 atm e (a) 10°C, (b) 0°C. Verifique, para cada temperatura, se a fusão é espontânea em pressão constante. Trate ΔHfus e ΔSfus como independentes da temperatura. Considerando que ΔHfus e ΔSfus são constantes na temperatura observada, temos que a entalpia de fusão será 6,01 kJ·mol -1 a entropia de fusão final (do líquido) menos a inicial (do sólido), será 22,0 J·K -1 ·mol -1 – considerando (65,2 + 43,2). Para 10°C: 𝑇 = (273,15 + 10)𝐾 = 283 𝐾 ∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇∆𝑆 ∆𝐻 = 6,01 kj · mol −1 ∆𝑆 = 22,0 J · K−1 · mol −1 ∆𝐺 = 6000 kj · mol −1 − 283𝐾 ∙ 22,0 J · K−1 · mol −1 = −0,22 𝑘𝐽 · mol −1 Para 0ºC: 𝑇 = (273,15 + 0)𝐾 = 273 𝐾 Como se trata da mesma reação apenas em temperaturas distintas os valores de ∆𝐻 e ∆𝑆 são os mesmos. ∆𝐺 = 6000 kj · mol −1 − 273𝐾 ∙ 22,0 J · K−1 · mol −1 = 0 Exercício 3: Calcule a variação de energia livre de Gibbs molar do processo H2O(l) → H2O(g) em 1 atm e (a) 95°C, (b) 105°C. A entalpia de vaporização é 40,7 kJ/mol e a entropia de vaporização é 109,1 J/K·mol. Indique, em cada caso, se a vaporização é espontânea ou não. A entalpia de vaporização da água é ∆𝐻 = 40,7 𝑘𝐽 · mol −1. A entropia de vaporização é ∆𝑆 = 109,1 𝐽 ∙ 𝐾−1 ∙ 𝑚𝑜𝑙−1. Novamente será utilizado ∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇∆𝑆. Para 95°C: ∆𝐺 = 40,7𝑘𝐽 · mol −1 − ((273 + 95)𝐾 × 109,1𝐽 ∙ 𝐾−1 ∙ 𝑚𝑜𝑙−1) = 40,7 − 40,15 ∆𝐺 = +0,6𝑘𝐽, e, portanto, não é espontânea. Para 105°C: ∆𝐺 = 40,7𝑘𝐽 · mol −1 − ((273 + 105)𝐾 × 109,1𝐽 ∙ 𝐾−1 ∙ 𝑚𝑜𝑙−1) = 40,7 − 41,2 ∆𝐺 = −0,5 𝑘𝐽, e, portanto, é espontânea. Exemplo 4J.2 Determinação da energia livre de Gibbs padrão de formação usando dados de entalpia e entropia O iodeto de hidrogênio é um composto reativo usado na produção de metanfetamina. Ele pode ser produzido pela reação direta dos elementos. Calcule a energia livre de Gibbs padrão de formação de HI(g) em 25°C usando sua entropia molar padrão e sua entalpia padrão de formação. A equação química desta reação é 1 2 𝐻2 + 1 2 𝐼2(𝑔) → 𝐻𝐼(𝑔). Para este cálculo será usado ∆𝐺° = ∆𝐻° − 𝑇∆𝑆°, onde ∆𝐻º = (1𝑚𝑜𝑙) × (𝐻𝐼, 𝑔) = +26,48𝑘𝐽. Para obter ∆𝑆°, consideraremos ∆𝑆° = ∑ 𝑛 𝑆𝑚°(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠) − ∑ 𝑛 𝑆𝑚°(𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠). Ou seja, ∆𝑆° = 𝑆𝑚(𝐻𝐼, 𝑔) − { 1 2 𝑆𝑚°(𝐻2, 𝑔) + 1 2 𝑆𝑚°(𝐼2, 𝑔)} ∆𝑆° = ((1 𝑚𝑜𝑙) × (206,6 𝐽 ∙ 𝐾−1𝑚𝑜𝑙−1)) − {( 1 2 ) × (130,7 𝐽 ∙ 𝐾−1𝑚𝑜𝑙−1) + ( 1 2 ) (116,11𝐽 ∙ 𝐾−1𝑚𝑜𝑙−1)} ∆𝑆° = +83,2 𝐽 ∙ 𝐾−1 = +0,0832 𝑘𝐽 ∙ 𝐾−1 E, finalmente, ∆𝐺° = ((1 𝑚𝑜𝑙) × (26,48𝑘𝐽 · mol −1)) − ((298𝐾) × (0,0832 𝑘𝐽 ∙ 𝐾−1)) = +1,69 𝑘𝐽 Como o valor é positivo, a reação não é espontânea. Exercício 4: Calcule a energia livre de Gibbs padrão de formação de NH3 em 25°C usando a entalpia de formação e as entropias molares das espécies envolvidas em sua formação. 1 2 𝑁2(𝑔) + 3 2 𝐻2(𝑔) → 𝑁𝐻3(𝑔) ∆𝐻º = (1𝑚𝑜𝑙) × (𝑁𝐻3, 𝑔) = −46,11𝑘𝐽 · mol −1 Partindo de ∆𝑆° = ∑ 𝑛 𝑆𝑚°(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠) − ∑ 𝑛 𝑆𝑚°(𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠), teremos ∆𝑆° = 𝑆𝑚(𝑁𝐻3, 𝑔) − { 1 2 𝑆𝑚°(𝑁2, 𝑔) + 3 2 𝑆𝑚°(𝐻2, 𝑔)} ∆𝑆° = ((1 𝑚𝑜𝑙) × (192,45 𝐽 ∙ 𝐾−1𝑚𝑜𝑙−1)) − {( 1 2 ) × (191,61 𝐽 ∙ 𝐾−1𝑚𝑜𝑙−1) + ( 3 2 ) (130,68 𝐽 ∙ 𝐾−1𝑚𝑜𝑙−1)} = − {192,45 − (95,805 + 196,02)} ∆𝑆° = −99,375 𝐽 ∙ 𝐾−1 = −0,0994 𝑘𝐽 ∙ 𝐾−1 Desde já, podemos presumir que a reação será espontânea, dado o alto valor de ∆𝐻° em relação a ∆𝑆°. Partindo de ∆𝐺° = ∆𝐻° − 𝑇∆𝑆°, teremos ∆𝐺° = ((1 𝑚𝑜𝑙) × (−46,11𝑘𝐽 · mol −1)) − ((298𝐾) × (−0,0994 𝑘𝐽 ∙ 𝐾−1)) = (−46,11 + 29,62)𝑘𝐽 ∆𝐺° = −16,5 𝑘𝐽 Exemplo 4J.3 Cálculo da energia livre de Gibbs padrão de uma reação A amônia tem estabilidade por tempo indefinido no ar. Um agrônomo estuda a estabilidade da amônia no solo e precisa saber se o composto se mantém estável porque sua oxidação não é espontânea ou porque ela é espontânea, mas muito lenta. Calcule a energialivre de Gibbs padrão da reação 4 𝑁𝐻3(𝑔) + 5 𝑂2(𝑔) → 4 𝑁𝑂(𝑔) + 6 𝐻2𝑂(𝑔) e avalie se ela é espontânea nas condições padrão em 25°C. ∆𝐺° = {(4𝑚𝑜𝑙𝑠) ∆𝐺𝑓°(𝑁𝑂, 𝑔) + (6 𝑚𝑜𝑙𝑠) × ∆𝐺𝑓°(𝐻2𝑂, 𝑔)} − {((4 𝑚𝑜𝑙𝑠) × ∆𝐺𝑓°(𝑁𝐻3, 𝑔)) + ((5 𝑚𝑜𝑙𝑠) × (∆𝐺𝑓°(𝑂2, 𝑔))} ∆𝐺° = {((4 𝑚𝑜𝑙𝑠) × 86,55) + ((6 𝑚𝑜𝑙𝑠) × (−228,57)} − {(4 𝑚𝑜𝑙𝑠) × (−16,45) + (5 𝑚𝑜𝑙𝑠 ) × (0)} = −959,42 𝑘𝐽 Como é negativa a combustão da amônia em 25°C é espontânea. Exercício 5: Calcule a energia livre de Gibbs padrão de reação de 𝐶𝑂(𝑔) + 𝑂2 (𝑔) → 2𝐶𝑂2 (𝑔) a partir das energias livres de Gibbs de formação em 25°C. ∆𝐺° = {(2 𝑚𝑜𝑙𝑆) ∆𝐺𝑓°(𝐶𝑂2, 𝑔)} − {((1 𝑚𝑜𝑙) × ∆𝐺𝑓°( 𝐶𝑂, 𝑔)) + ((1 𝑚𝑜𝑙𝑠) × (∆𝐺𝑓°(𝑂2, 𝑔))} ∆𝐺° = {(2 ) × (−394,36)} − {((1 ) × (−137,17)) + ((1 ) × (0)} = −651,55 𝑘𝐽 E assim, temos que a reação será espontânea. Exercício 6: Derive a relação entre a energia livre e o trabalho de não expansão máximo. Para isso consideraremos a fórmula ∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇∆𝑆 como sendo 𝑑𝐺 = 𝑑𝐻 − 𝑇𝑑𝑆, tendo em vista que essas variações serão muito pequenas e a temperatura é constante. Também será considerado ∆𝐻 = ∆𝑈 + 𝑃∆𝑉 como 𝑑𝐻 = 𝑑𝑈 + 𝑃𝑑𝑉, com a mesma premissa anterior e à pressão constante. Agora, podemos substituir: 𝑑𝐺 = (𝑑𝑈 + 𝑃𝑑𝑉) − 𝑇𝑑𝑆, com pressão e temperatura constantes. Podemos “abrir” essa equação mais ainda, tomando o valor de 𝑑𝑈, partindo de ∆𝑈 = ∆𝑤 + ∆𝑞 com a mesma notação “d” no lugar de ∆. Substituindo: 𝑑𝐺 = (𝑑𝑤 + 𝑑𝑞 + 𝑃𝑑𝑉) − 𝑇𝑑𝑆, onde a temperatura e a pressão permanecem constantes. Para que o máximo de trabalho seja realizado precisa ocorrer de forma reversível, portanto, 𝑑𝐺 = 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣 + 𝑑𝑞𝑟𝑒𝑣 + 𝑃𝑑𝑉 − 𝑇𝑑𝑆. Tendo em mente ∆𝑆 = ∆𝑞𝑟𝑒𝑣 𝑇 , como sendo infinitesimal, ou seja, mente 𝑑𝑆 = 𝑑𝑞𝑟𝑒𝑣 𝑇 , e assim 𝑑𝑞𝑟𝑒𝑣 = 𝑇𝑑𝑆 𝑑𝐺 = 𝑇𝑑𝑆 + 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣 + 𝑃𝑑𝑉 − 𝑇𝑑𝑆 𝑑𝐺 = 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣 + 𝑃𝑑𝑉. Vale observar que o sistema pode realizar tanto expansão quanto no contrário. E 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣 = 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣, 𝑒 + 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣′𝑒𝑥𝑝𝑎𝑛𝑠ã𝑜 Sabe-se que 𝑤𝑟𝑒𝑣′𝑒𝑥𝑝𝑎𝑛𝑠ã𝑜 = −𝑃𝑒𝑥𝑝∆𝑉, ou 𝑤𝑟𝑒𝑣,𝑒 = −𝑃 𝑑𝑉. Substituindo, ficamos com 𝑑𝐺 = 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣, 𝑒 + 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣′𝑒𝑥𝑝𝑎𝑛𝑠ã𝑜 + 𝑃𝑑𝑉 𝑑𝐺 = 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣, 𝑒 + −𝑃𝑑𝑉 + 𝑃𝑑𝑉 𝑑𝐺 = 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣,𝑒 Em temperatura e pressão constantes. Onde 𝑑𝑤𝑟𝑒𝑣,𝑒 , que foi atingindo reversivelmente, trabalho de não expansãomáximo que o sistema pode efetuar. 4J.4 Como identificar a temperatura na qual uma reação endotérmica torna‐se espontânea A produção de aço a partir do minério de ferro é endotérmica. Para reduzir a quantidade de calor que deve ser fornecida, os engenheiros precisam descobrir a menor temperatura em que as reações são espontâneas. Estime a temperatura em que é termodinamicamente possível para o carbono reduzir óxido de ferro(III) a ferro, em condições padrão, pela reação endotérmica 2 𝐹2𝑂3(𝑠) + 3 𝐶 (𝑠) → 4 𝐹𝑒(𝑠) + 3 𝐶𝑂2 (𝑔). Consideremos que ∆𝐻° e ∆𝑆° sejam constantes na faixa de tempo considerada. Tendo em vista que ∆𝐻° = ∑ 𝑛 ∆𝐻𝑓°(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠) − ∑ 𝑛 ∆𝐻𝑓°(𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠), temos que ∆𝐻° = {(3 𝑚𝑜𝑙) × ∆𝐻𝑓°(𝐶𝑂2, 𝑔) − (2 𝑚𝑜𝑙𝑠) × ∆𝐻𝑓°(𝐹2𝑂3, 𝑠) = (3)(−395,5) − (2)(−824,2) = +476,9𝑘𝐽 Para calcular a variação de entropia, será considerado ∆𝑆° = ∑ 𝑛 𝑆𝑚°(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠) − ∑ 𝑛 𝑆𝑚°(𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠). De onde segue que ∆𝑆° = { (4 𝑚𝑜𝑙𝑠)𝑆𝑚°(𝐹𝑒, 𝑠) + (4 𝑚𝑜𝑙𝑠)𝑆𝑚°(𝐶𝑂2, 𝑠)} − {( 2 𝑚𝑜𝑙𝑠)𝑆 ×𝑚 °(2 𝐹2𝑂3, 𝑠) + (3 𝑚𝑜𝑙𝑠)𝑆𝑚°(𝐶, 𝑠)} == {(4)(273) + (3)(213,7)} − {(2)(87,4) + 3(5,7)}𝐽 ∙ 𝐾−1 = +558,4 𝐽 ∙ 𝐾−1 Conforme a temperatura aumentar, em um dado momento ∆𝐺° = 0, neste momento, como ∆𝐺° = ∆𝐻° − 𝑇∆𝑆°, 𝑇 = ∆𝐻° ∆𝐺° . Acima desta temperatura ∆𝐺° será negativa. 𝑇 = 476,9 × 105𝐽 +558,4 𝐽 ∙ 𝐾−1 = 838 𝐾 Assim, pode se concluir que esta reação endotérmica, a temperatura mínima é de 565 ºC. REFERÊNCIAS [1] Princípios de química : questionando a vida moderna e o meio ambiente [recurso eletrônico] / Peter Atkins, Loretta Jones, Leroy Laverman ; tradutor: Félix José Nonnenmacher ; revisão técnica: Ricardo Bicca de Alencastro. – 7. ed. – Porto Alegre : Bookman, 2018.
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