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Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 1 INTRODUÇÃO: A glândula hipófise é uma estrutura pequena, em forma de feijão, que se localiza na base do cérebro, dentro dos limites da sela túrcica. É intimamente relacionada ao hipotálamo, com o qual está conectada através de uma haste, composta pelos axônios que se estendem do hipotálamo, e por um rico plexo venoso constituindo a circulação porta. Juntamente com o hipotálamo, a hipófise possui papel central na regulação da maior parte das demais glândulas endócrinas. A hipófise é composta por dois componentes morfológica e funcionalmente distintos: o lobo anterior (adeno-hipófise – 80% da glândula) e o lobo posterior (neuro-hipófise). As doenças da hipófise, consequentemente, podem ser divididas naquelas que afetam primariamente o lobo anterior e naquelas que afetam primariamente o lobo posterior. Adeno-hipófise → composta por células epiteliais derivadas embriologicamente da cavidade oral em desenvolvimento. Possui um arranjo celular com colorações diversas 6 tipos de células: • Somatotróficos (GH) - hormônio do crescimento • Mamossomatotróficos (GH e PRL) - hormônio do crescimento e Prolactina • Lactotróficos (PRL) - prolactina • Corticotróficos (ACTH, POMC e MSH) - hormônio adrenocorticotrófico, próopiomelanocortina, estimulante de melanócitos • Tireotróficos (TSH) - hormônio estimulante da tireoide • Gonadotróficos (FSH e LH) - hormônio folículo estimulante e luteinizante Hormônios liberados pela adeno-hipófise: Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 2 Hormônios liberados pela adeno-hipófise: Células cromófilas: - Basófilas: gonadotrópica, tireotrópica, corticotrópica. - Acidófilas: somatotrópica, lactotrópica ou mamotrópica . Células cromófobas: As células cromófobas são consideradas células cromófilas quiescentes ou degranuladas, ou células precursoras imaturas; elas constituem até a metade das células da adenoipófise. Neuro-hipófise: Células gliais modificadas (pituicitos) e processos axonais que se estendem desde o hipotálamo até o lobo posterior (terminais axonais). Os hormônios são sintetizados no hipotálamo e armazenados na neuroipófise: ocitocina e ADH ou vasopressina - Hormônio antidiurético. → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA HIPOFISÁRIA: Hiperpituitarismo: É o excesso de secreção dos hormônios tróficos e ocorre devido a adenomas hipofisário, hiperplasia, carcinomas da adenohipófise, outros distúrbios do hipotálamo. Hipopituitarismo: deficiência dos hormônios tróficos. Processos destrutivos (lesão isquêmica), cirurgia, radiação, reações inflamatórias, adenomas hipofisários não funcionantes. Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 3 Efeitos de massas locais: alterações radiográficas da sela túrcica, anormalidades no campo visual, sinais de hipertensão intracraniana. ➢ Hiperpituitarismo e adenomas hipofosários: A causa mais comum de hiperpituitarismo é um adenoma proveniente da adeno-hipófise. Outras menos comuns: hiperplasia e carcinomas da hipófise anterior, secreção de hormônios por alguns tumores extra-hipofisários e determinados distúrbios hipotalâmicos. Os adenomas hipofisários são classificados com base no(s) hormônio(s) produzido(s) pelas células neoplásicas, que são detectados por colorações imuno-histoquímicas realizadas em cortes histológicos. Têm pico de incidência dos 35 aos 60 anos e são tumores benignos classificados com base nos hormônios produzidos. Adenomas plurihormonais geralmente é pela produção de GH e prolactina (raro), pois é mais comum a produção de apenas um hormônio. Os adenomas hipofisários são divididos em funcionantes e não funcionantes: Funcionantes: associados ao excesso de hormônios e às manifestações clínicas disso. Não funcionantes: demonstração da produção de hormônios somente em nível tecidual, sem manifestações clínicas do excesso hormonal. Também podem ser classificados em: Microadenoma: <1 cm de diâmetro. Macroadenoma: >1cm de diâmetro. Manifestações clínicas: são relacionadas às alterações endócrinas causadas pelo hormônio secretado e aos efeitos de massa. Efeitos de massa: anormalidades radiográficas da sela túrcica, anormalidade do campo visual (hemianopsia bitemporal), sinais e sintomas de hipertensão intracraniana (cefaleia, náuseas, vômitos, alteração do nível de consciência), hipopituitarismo (adenomas não funcionantes podem provocar hipopituitarismo à medida que comprimem e destroem o parênquima hipofisário anterior), apoplexia hipofisária (hemorragia aguda em um adenoma). Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 4 • ADENOMAS LACTOTRÓFICOS: São secretores de prolactina. Tipo mais frequente de adenoma hipofisário hiperfuncionante (30% dos casos clinicamente reconhecidos). Micro ou macroadenomas (podem gerar grande efeito de massa). Hiperprolactinemia pode causar: amenorreia, galactorreia, perda da libido, infertilidade. • ADENOMAS SOMATOTRÓFICOS São secretores de GH. É o segundo tipo mais comum de adenoma hipofisário funcionante. Excesso persistente de GH estimula secreção hepática do IGF1 (fator de crescimento semelhante a insulina 1), que causa crescimento excessivo de ossos e músculos. Podem estar bem grandes no momento em que chamam a atenção clínica porque as manifestações do excesso de GH são sutis. Manifestações clínicas: Em crianças antes do fechamento das epífises: gigantismo (aumento generalizado do tamanho do corpo, com braços e pernas desproporcionalmente longos). Em adultos: acromegalia (crescimento mais visível na pele e tecidos moles, vísceras (tireoide, coração, fígado, adrenais), ossos da face, das mãos e dos pés). Outros distúrbios: disfunção gonadal, diabetes melito, fraqueza muscular generalizada, hipertensão, artrite, ICC, risco aumentando para câncer GI. Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 5 • ADENOMAS CORTICOTRÓFICOS: Secretores de ACTH. A produção excessiva de ACTH leva a hipersecreção adrenal de cortisol leva ao hipercortisolismo (doença de Cushing). A maioria desses adenomas é pequena no momento do diagnóstico. Síndrome de Nelson – após a remoção cirúrgica das glândulas adrenais, há perda do efeito inibitório dos corticesteroides da adrenal em um microadenoma cortifcotrófico preexistente. O paciente não desenvolve o hipercortisolismo, mas sim efeito de massa do tumor hipofisário. Pode haver hiperpigmentação da pele. • Outros adenomas hipofisários: • Adenomas "pluriormonais" são incomuns e secretam múltiplos hormônios, em geral são tumores agressivos. • Adenomas Gonadotróficos Produzem LH ou FSH - hormônios ineficientes, sendo assim não causam síndromes clínicas reconhecidas. São encontrados em homens e mulheres de meia idade, quando estão grandes e causam sintomas devido ao efeito de massa gerado pela lesão. • Adenomas Tireotróficos Produzem TSH / são raros (<1% de todos os adenomas hipofisários). Causa rara de hipertireoidismo. • Adenomas Hipofisários não funcionantes 25 a 30% dos tumores hipofisários. “Variantes silenciosas” ou adenomas de células nulas - normalmente apresentam sintomas decorrentes do efeito de massa. Podem comprometer extensivamente a adeno-hipófise e gerar hipopituitarismo. Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 6 ➢ HIPOPITUITARISMO Caracteriza-se pela secreção diminuída de hormônios hipofisários. A hipofunção da adeno-hipófise ocorre quando 75% do parênquima é perdido ou está ausente. A congênita é extremamente rara. A adquirida é por anomalias adquiridas intrínsecas á hipófise. O hipopituitarismo com disfunção da neurohipófise (diabetesinsipido) quase sempre tem origem hipotalâmica. Processos destrutivos que envolvem diretamente a adeno-hipófise. • Tumores e outras lesões de massa: Adenomas hipofisários, outros tumores benignos, malignidade primárias e metastáticas, cistos. Lesões cerebrais traumáticas e hemorragia subaracnoide: são causas mais comuns Cirurgia da hipófise ou radiação: excisão cirúrgica de um adenoma, radioterapia da hipófise Cisto da fenda de Rathke: acumula fluido proteináceo e expande-se Apoplexia da hipófise: Hemorragia súbita na hipófise Início súbito de cefaleia intensa, diplopia e hipopituitarismo Nos casos graves pode gerar colapso cardiovascular, perda da consciência e morte súbita • Necrose Isquêmica da Hipófise e Síndrome de Sheehan: Síndrome de Sheehan: necrose pós-parto da adeno-hipófise. Durante a gravidez a adeno-hipófise aumenta de tamanho, porém não há aumento do suprimento sanguíneo adequado. A hemorragia obstétrica ou choque podem causar redução drástica ao suprimento de sangue, causando infarto do lobo anterior. • Outras causas: CIVD, anemia falciforme, trauma, hipertensão intracraniana Síndrome da sela vazia: sela vazia primária é um defeito no diafragma da sela que permite que a aracnóide e o líquor herniem para dentro da sela – Mulheres obesas com múltiplas gestações possuem alteração do campo visual e anormalidades endócrinas, como hiperprolactinemia. Sela vazia secundária é uma massa expande a sela e é cirurgicamente removida ou sofre necrose expontânea, levando a perda da função hipofisária. Lesões hipotalâmicas: tumores benignos ou malignos (metástases de mama ou pulmão). Insuficiência do hipotálamo após irradiação de tumores cerebrais ou nasofaríngeos. Distúrbios inflamatórios e infecções: sarcoidose e meningite tuberculosa. Defeitos genéticos: deficiência congênita dos fatores de transcrição requeridos para o funcionamento normal da hipófise. É raro e ocorre devido a mutação do gene PIT-1 Causa uma deficiência combinada de GH, prolactina e FSH. Manifestações clínicas: deficiência de GH – nanismo hipofisário, crianças com falha de crescimento. Deficiência de LH e FSH – amenorreia e infertilidade em mulheres / diminuição da libido, impotência e perda de pelos pubianos e axilares em homens. Deficiência de TSH e ACTH – sintomas de hipotireoidismo hipoadrenalismo. Deficiência de prolactina – falha de lactação pós-parto. ➢ SÍNDROMES DA NEURO-HIPÓFISE: • Diabetes insípido central: Ocorre devido a deficiência de ADH central (hipotalâmico). Patologias do Sistema Endócrino Profª Natali Pamela Barbieri – T23 – FMBM 7 Causas: traumas, tumores, distúrbios inflamatórios do hipotálamo e da hipófise, doenças infecciosas, complicações cirúrgicas. Manifestações clínicas: poliúria, urina diluída com densidade diminuída, sódio sérico e osmolaridade aumentadas, sede e polidpsia. ATENÇÃO: diferenciar do diabetes insipido nefrogênico: incapacidade de resposta tubular renal ao ADH circulante. • SIADH: Síndrome da Secreção Inapropriada de ADH – excesso de ADH. Causas: secreção do ADH ectópico por neoplasias malignas (carcinomas de células pequenas do pulmão), drogas que aumentam a secreção do ADH e outros distúrbios do SNC (infecções e traumas). Manifestações clínicas: hiponatremia, edema cerebral, disfunção neurológica, água corporal aumentada, porém com volume sanguíneo normal – não observamos edemas periféricos.
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