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Garantias Imobiliárias Garantias Imobiliárias Este capítulo trata de relações de operações imobiliárias e as respectivas garantias. Cabe inicialmente destacar que os financiamentos imobiliários regulamentados pela Resolução CMN nº 4.676/2018 devem ter por garantia: a hipoteca, em primeiro grau, do imóvel (objeto da operação); a alienação fiduciária do imóvel (objeto da operação); a hipoteca, em primeiro grau, ou a alienação fiduciária de outro imóvel do mutuário ou de imóvel de terceiros; outras garantias, a critério do agente financeiro. As operações de financiamento imobiliário, em geral tratadas pelo art. 17 da Lei nº 9.514/97, poderão ser garantidas por: hipoteca; cessão fiduciária de direitos creditórios decorrentes de contratos de alienação de imóveis; caução de direitos creditórios ou aquisitivos decorrentes de contratos de venda ou promessa de venda de imóveis; alienação fiduciária de coisa imóvel. A liberação de recursos relativos a financiamentos concedidos somente poderá ser efetuada após a formalização das garantias. Propriedade Para tratar das garantias, é fundamental abordar preliminarmente a propriedade imobiliária. A propriedade é um direito real pela própria natureza, tendo o proprietário a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Usar, gozar, dispor e reivindicar são, assim, os poderes inerentes à propriedade. O conceito de propriedade diverge da posse, pois esta diz respeito à relação com a coisa possuída, sendo considerado possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Enfiteuse Enfiteuse é um "direito real sobre coisa alheia pelo qual o enfiteuta possui a posse direta da coisa, podendo usá-la de forma completa, bem como aliená-la e transmiti-la por herança, enquanto o senhorio direto, que é o proprietário do bem, apenas o conserva em seu nome". A enfiteuse civil (ou particular) é regida pelo novo Código Civil Brasileiro (10.406/2002) nos seguintes termos: Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se às existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, a leis posteriores. § 1º Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso: cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações; constituir subenfiteuse. § 2º A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial. 1 Laudêmio é o valor pago pelo proprietário do domínio útil ao proprietário do domínio direto (ou pleno) sempre que se realizar uma transação onerosa do imóvel. É feito, por exemplo, na venda de imóveis que originariamente pertencem à União, como todos os que se localizam na orla marítima. Quem paga o laudêmio é o vendedor (titular do domínio útil). O laudêmio não é um tributo, mas é decorrente de uma relação contratual, de direito obrigacional, da qual o ente público participa na condição de contratante e como tal está sujeito aos princípios gerais dos contratos. Na forma disposta pela Lei nº 3.071/1916 (antigo Código Civil), dá-se a enfiteuse, o aforamento ou o emprazamento quando, por ato entre vivos ou de última vontade, o proprietário atribui a outro o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa que o adquire. Assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e invariável. O contrato de enfiteuse é perpétuo. Cabe ao enfiteuta satisfazer os impostos e os ônus reais que gravarem o imóvel. O enfiteuta (ou foreiro) não pode vender nem dar em pagamento o domínio útil sem prévio aviso ao senhorio direto, para que este exerça o direito de opção. Sempre que se realizar a transferência do domínio útil, por venda ou doação em pagamento, o senhorio direto que não usar da opção terá direito de receber do alienante o laudêmio, que será de 2,5% sobre o preço da alienação se outro não se tiver fixado no título de aforamento. A enfiteuse, instituto do Direito Civil, consiste na transmissão feita pelo proprietário de todos os direitos inerentes à propriedade passando o adquirente a ter o domínio útil da coisa mediante pagamento de uma pensão ou foro ao senhorio. Observa-se que o foreiro ou enfiteuta pode inclusive alienar ou transmitir por herança o bem enfitêutico, sendo, todavia, mantido o ônus ao proprietário, titular do domínio útil, de pagar o foro anual ao senhorio direto. Na alienação do imóvel, o senhorio direto terá direito ao recebimento do laudêmio (um tipo de "comissão de anuência") caso não venha a exercer o direito de preferência na aquisição do domínio útil. Na enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos, que diz respeito aos bens imóveis da União, a gestão está a cargo do Serviço do Patrimônio da União – SPU e, para a alienação desses imóveis, deve ocorrer a emissão da Certidão de Autorização para Transferência – CAT. Também conhecida como enfiteuse administrativa (ou legal), é regulada pelo Decreto-lei nº 9.760/1946, Decreto-lei nº 2.398/1987, pela Lei nº 9.636/1998 e pelo Decreto nº 3.725/2001. 1 Os bens enfitêuticos podem ser objetos de garantia prestada pelo titular do domínio útil. Nos casos de alienação fiduciária, será exigido o pagamento do laudêmio se houver a consolidação do domínio útil no credor fiduciário. Neste módulo, veremos os principais tipos de garantias utilizadas nas operações imobiliárias. Alienação Fiduciária A lei que criou o Sistema de Financiamento Imobiliário – SFI (Lei nº 9.514/97) trouxe uma novidade que impulsionou o crédito imobiliário no Brasil: a alienação fiduciária imobiliária. Trata-se de um direito real de garantia que consiste na transferência da propriedade do bem pertencente ao devedor, também conhecido como fiduciante, para o credor, designado como fiduciário. Com a alienação fiduciária, a propriedade fiduciária é transferida, para fins de garantia, ao credor, que passa a ser dono até que ocorra o pagamento integral da dívida. Deve-se observar, entretanto, que a transferência da propriedade pelo fiduciante ao fiduciário tem o escopo único de garantia, razão pela qual essa propriedade, em favor do credor, é conhecida como resolúvel. Portanto, essa operação é isenta do Imposto sobre Transmissão Imobiliária – ITBI. Remanesce ao devedor, além da posse direta sobre a coisa, ou seja, o direito de uso, gozo e fruição do bem imóvel, o direito de readquiri-la caso a dívida garantida seja integralmente paga, mediante o cancelamento das garantias. A alienação fiduciária poderá ter como objeto a propriedade plena, o domínio útil dos bens enfitêuticos, o direito de uso para fins de moradia, o direito real de uso suscetível de alienação e a propriedade superficiária. Além disso, ela poderá ser contratada por pessoa física ou jurídica, não sendo privativa das entidades que operam no SFI. A alienação fiduciária pode ser utilizada em operações do SFH e quaisquer outras operações para garantia de crédito, por pessoas físicas ou jurídicas. O contrato que serve de título ao negócio fiduciário conterá: o valor do principal da dívida; o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito do fiduciário; a taxa de juros e os encargos incidentes; a cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a descrição do imóvel (objeto da alienação fiduciária) e a indicação do título e do modo de aquisição; a cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto adimplente, a livre utilização, por sua conta e risco, do imóvel (objeto da alienação fiduciária); a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do imóvel e dos critérios para a respectiva revisão; a cláusula dispondo sobre os procedimentos de leilão da garantia (o imóvel), em caso de consolidação da propriedade do imóvel a favor do fiduciário (credor), por força de inadimplemento do fiduciante (devedor). Os atos e contratosde que trata a Lei nº 9.514/97 ou resultantes da sua aplicação, mesmo aqueles que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis, poderão ser celebrados por escritura pública ou por instrumento particular com efeitos de escritura pública, devendo ser levados a registro na matrícula do imóvel junto ao cartório de registro de imóveis. Propriedade vs. Posse Constitui-se a propriedade fiduciária de coisa imóvel mediante registro, no competente Registro de Imóveis, do contrato que lhe serve de título. Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o fiduciante possuidor direto, e o fiduciário possuidor indireto da coisa imóvel. Nos termos da legislação brasileira, posse é o exercício em nome próprio de alguns dos poderes inerentes à propriedade. É, portanto, a relação de fato entre o sujeito e o objeto. De certa forma, a posse apresenta-se como um todo unitário na relação sujeito- objeto. Entretanto, o ordenamento permite que a relação de poderes da propriedade possa estar distribuída entre diversos sujeitos. Assim, é o que chamamos de posse bipartida, em posse direta e posse indireta. É importante observar que essa bipartição é temporária, pelo tempo necessário para o cumprimento de uma relação contratual ou de determinação do ordenamento. Logo, há uma tendência do ordenamento de que a posse direta e a indireta sejam aglutinadas em um mesmo sujeito. A posse direta não invalida a posse indireta, pois em ambas os sujeitos têm relação jurídica com o objeto e entre si. Desta feita, a alienação fiduciária é um modo de bipartição da posse, de modo que, com a instituição da garantia de alienação fiduciária imobiliária, o credor passa a ser o proprietário fiduciário, ou seja, detendo apenas a posse indireta, e o devedor perde a propriedade em favor do credor, mas mantém a posse direta. Em outras palavras, o devedor fiduciante, enquanto possuidor direto tem os poderes de uso, gozo e fruição da coisa dada em alienação fiduciária, mas não pode dispor da coisa, por exemplo, dando em garantia ou simplesmente alienando-a. O credor fiduciário, por sua vez, não pode usar, gozar ou fruir da coisa e, apesar de detentor da posse indireta, também não pode aliená-la ou onerá-la. Pode parecer algo bastante sutil, mas o fiduciante, por meio desse mecanismo, deixa de ter a qualidade de proprietário pleno do imóvel financiado sob condição resolutiva, podendo se tornar titular da propriedade de forma plena novamente somente quando quitar a dívida com o fiduciário. Ao devedor é dado o direto de consolidar a propriedade em seu nome, portanto readquiri-la, com a integralidade do pagamento da dívida. É o devedor que decide a quem caberá a consolidação da propriedade: se quitar integralmente a dívida, a lei lhe garante o direito de consolidá-la em seu favor, sem nenhuma dependência de qualquer ato do credor. Porém, se não pagá-la na forma estabelecida no contrato, poderá dar causa ao vencimento antecipado do contrato, e a consolidação da propriedade ocorrerá em nome do fiduciário. A garantia de alienação fiduciária protege a operação financeira, do ponto de vista do credor, pois, como o fiduciante não tem a propriedade plena do imóvel, este não pode ser dado como garantia em outras operações. Por outro lado, também protege o devedor fiduciante, pois o credor, em que importe ser proprietário do bem imóvel, também não pode vendê-lo nem dar em garantia de operações que porventura venha a fazer, uma vez que detém uma propriedade resolúvel e momentânea, sujeita à quitação da operação de crédito que garante. Mesmo que o credor fiduciário venha a encerrar suas atividades por vontade própria ou ato do governo, tal como liquidação ou falência, esse bem dado em alienação não faz parte do patrimônio dele, para fins de distribuição de patrimônio ou de pagamento das obrigações. Inadimplência Procedimentos de Cobrança Com o pagamento da dívida e dos respectivos encargos, resolve-se a propriedade fiduciária do imóvel em favor do devedor, isto é, o fiduciante passa a ser o proprietário pleno do imóvel. No prazo de até 30 dias, a contar da data de liquidação da dívida, o fiduciário fornecerá o respectivo termo de quitação ao fiduciante, sob pena de multa em favor deste, equivalente a meio por cento ao mês (ou fração) sobre o valor do contrato. Com o termo de quitação, o oficial do competente registro de imóveis efetuará o cancelamento do registro da alienação fiduciária. Vencida e não paga a dívida, no todo ou em parte, e constituída a mora do devedor, o bem dado em garantia é que responde pela dívida. Assim, se o devedor não paga uma ou mais prestações, após o prazo de carência contratual, o credor fará requerimento ao oficial de registro de imóveis competente para este intimar pessoalmente o devedor para satisfazer, no prazo de 15 dias, a prestação vencida e as que se vencerem até a data do pagamento, acrescidas dos juros convencionais, das penalidades e dos demais encargos contratuais e legais – inclusive os tributos –, as contribuições condominiais imputáveis ao imóvel, além das despesas de cobrança e de intimação. O requerimento do credor deverá ter todas as informações pormenorizadas daquilo que deverá ser pago. No prazo de até 15 dias, o devedor pode realizar o pagamento das prestações em atraso com os encargos legais e contratuais e das despesas correlatas e, caso se realize o pagamento, ocorrerá a chamada purgação da mora. O contrato de constituição da garantia deverá estabelecer o prazo de carência para que o devedor realize o pagamento das prestações vencidas e não pagas. Somente após esse prazo de carência será expedida a intimação, que será feita pessoalmente ao fiduciante (ou ao seu representante legal ou ao procurador regularmente constituído), podendo ser promovida diretamente pelo oficial de registro de imóveis competente ou por solicitação deste, por oficial de registro de títulos e documentos da comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-la, ou pelo correio, com aviso de recebimento. Quando o fiduciante se encontrar em local ignorado, incerto ou inacessível, o serventuário encarregado da diligência certificará o fato e informará ao oficial de registro de imóveis, cabendo, então, a este último promover a intimação por edital, publicado por três dias, pelo menos, em um dos jornais de maior circulação local ou em outro de comarca de fácil acesso se no local não houver imprensa diária, contado o prazo para purgação da mora da data da última publicação do edital. Da Purgação da Mora Purgada a mora no registro de imóveis, isto é, quitada as prestações com os encargos vencidos e as despesas correlatas, o contrato de alienação fiduciária estará reestabelecido, devendo o credor enviar as cobranças das prestações e recebê-las normalmente. O oficial do registro de imóveis, por sua vez, nos três dias seguintes à quitação da dívida, entregará ao fiduciário as importâncias recebidas, deduzidas as despesas de cobrança e de intimação. Não há na lei qualquer impedimento para que haja novos procedimentos de cobrança e a respectiva purgação pelo devedor. Ou seja, se for o caso, poderá se repetir diversas vezes ao longo do prazo de financiamento o processo de cobrança e a consequente purgação da mora. Recuperação de garantia Se a dívida não for quitada no prazo de 15 dias da intimação válida, o oficial do competente registro de imóveis certificará esse fato e informará ao credor para que este recolha o imposto de transmissão inter-vivos, e, se for o caso de imóveis foreiros , do pagamento do laudêmio, e a vista da comprovação desses pagamentos promoverá a averbação, na matrícula do imóvel, da consolidação da propriedade em nome do fiduciário. Imóveis construídos em terras que pertencem ao poder público e, por conta disso, seu proprietário precisa pagar um aluguel (foro) para poder utilizá-las. Uma vez consolidada a propriedadeem seu nome, o fiduciário, já na qualidade de proprietário, promoverá público leilão para a alienação do imóvel, com a realização de dois leilões: o primeiro no prazo de 30 dias a contar da consolidação da propriedade em seu nome, e o segundo leilão, no prazo de 15 dias a contar do primeiro leilão. Se, no primeiro público leilão, o maior lance oferecido for inferior ao valor do imóvel, será realizado o segundo leilão, nos 15 dias seguintes. O valor do imóvel e a forma da revisão dele, para fins do primeiro leilão, deverão estar estabelecidos no contrato de constituição de garantia. No segundo leilão, será aceito o maior lance oferecido, desde que igual ou superior ao valor da dívida atualizada, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive tributos, e das contribuições condominiais. Para fins legais, entende-se por: dívida – o saldo devedor da operação de crédito com a garantia de alienação fiduciária, na data do leilão, nele incluídos os juros convencionais, as penalidades e os demais encargos contratuais; despesas – a soma das importâncias correspondentes aos encargos e custos de intimação e as necessárias à realização do público leilão, nestas compreendidas as relativas aos anúncios e à comissão do leiloeiro. 2 2 Não se pode esquecer que são incluídos na composição do preço do valor da dívida, além das despesas condominiais, os tributos que recaem sobre o imóvel, tais como IPTU, taxas de fiscalização, taxas de concessionárias públicas e outras correlatas que, porventura, estiverem sem os respectivos pagamentos, bem como o pagamento da taxa de foro ou aprazamento, nos casos de imóveis enfitêuticos. Nos cinco dias que se seguirem à venda do imóvel no leilão, seja no primeiro ou no segundo, o credor entregará ao devedor a importância que sobrar, aquela que restar, considerando-se nela compreendido o valor da indenização de benfeitorias, depois de deduzidos os valores da dívida, das despesas e dos encargos. Se, no segundo leilão, o maior lance oferecido não for igual ou superior ao valor da dívida e das despesas, será considerada extinta a dívida. A partir desse momento existe uma quitação mútua entre credor e devedor: o credor integrará o imóvel em seus ativos, sem qualquer relação desse imóvel com o devedor; e o devedor tem o direito à quitação da dívida, ou seja, nada mais deve ao credor, mesmo que o valor imóvel seja inferior ao da dívida. Nesse caso, o credor, no prazo de cinco dias a contar da data do segundo leilão, dará a quitação da dívida ao devedor, mediante termo próprio. Se o imóvel estiver locado, a locação poderá ser denunciada com o prazo de 30 dias para desocupação, salvo se tiver havido concordância por escrito do fiduciário. Neste caso a denúncia terá o prazo de 90 dias a contar da data da consolidação da propriedade no fiduciário, devendo essa condição constar expressamente em cláusula contratual específica, destacando-se das demais pela apresentação gráfica. Caso o imóvel esteja ocupado pelo fiduciante após a alienação, este pagará ao fiduciário (ou aos sucessores dele) uma taxa de ocupação do imóvel, por mês ou fração, de valor correspondente a um por cento do valor do imóvel, atualizado na forma do contrato, até a imissão da posse. É assegurada ao fiduciário, seu cessionário ou seus sucessores, inclusive o adquirente do imóvel por força do público leilão, a reintegração na posse do imóvel, que será concedida liminarmente, para desocupação em 60 dias, desde que comprovada a consolidação da propriedade no nome do fiduciário. Do Refinanciamento com Transferência de Credor A lei permite a transferência, a pedido do mutuário, de financiamento imobiliário com garantia real de uma para outra instituição financeira (operação conhecida como "portabilidade" de crédito imobiliário). Para fins dessa transferência, a instituição interessada em adquirir o crédito informará à instituição original as condições do financiamento oferecido ao mutuário, inclusive as seguintes informações: taxa de juros, custo efetivo total, prazo da operação, sistema de pagamento e o valor das prestações. Prosseguindo a transferência, a instituição original terá cinco dias para solicitar os recursos para a transferência e, após o recebimento, emitir, em dois dias, um termo que ateste a transferência da dívida. O mutuário poderá desistir da transferência a qualquer tempo, desde que a instituição credora não tenha solicitado a transferência de recursos. Em nenhuma hipótese será cobrado do mutuário qualquer custo pela desistência da transferência. Entretanto, poderá a instituição credora original cobrar da nova credora ressarcimento financeiro pelo custo de originação. Mas esse valor, em hipótese alguma, poderá ser repassado ao mutuário. Hipoteca Hipoteca é um direito real de garantia que recai sobre bens imóveis, o qual confere ao credor a permissão de apropriar-se do valor do imóvel quando de sua venda no caso de inadimplência, sem transferir ao credor a propriedade ou a posse desses mesmos bens. Nessa garantia, o devedor é também conhecido como hipotecante, e o credor como hipotecário. Propriedade vs. Posse Na hipoteca, não há a transferência de propriedade do bem ao credor, e o não pagamento da dívida implica a necessidade de ajuizamento de ação de execução para o credor se ressarcir em face da inadimplência do devedor. Diferenças entre alienação fiduciária imobiliária e hipoteca: na alienação a propriedade fiduciária do bem fica com o credor e, nos casos de inadimplência, há consolidação da propriedade no nome dele; na hipoteca não há possibilidade de, pelo contrato, o credor ficar com o bem objeto da garantia e, nos casos de inadimplência, deverá haver o devido processo, e uma das consequências poderá ser a adjudicação do imóvel ao credor. Na hipoteca o devedor continua exercendo todos os direitos de proprietário com a posse direta do bem, retirando todas as utilidades desse bem, sejam elas: uso, disposição, fruição etc. O bem é apenas dado como garantia. O devedor pode até alienar a coisa e constituir nova garantia sobre o bem, pois nada impede a livre disposição desse bem. Mesmo que o imóvel hipotecado seja vendido pelo devedor, a hipoteca continuará gravando o imóvel. Ademais, estabelece a lei civil, de forma taxativa, que é nula a cláusula que proíbe o proprietário de alienar imóvel hipotecado, podendo, contudo, convencionar-se em que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado. Adjudicação é o ato judicial que tem como objetivo a transmissão da propriedade de determinada coisa de uma pessoa para outra. Esta então passa a ter todos os direitos de domínio e posse. 3 3 Hipoteca Inadimplência Procedimentos de Cobrança Existem três formas de cobrança nos casos de hipoteca, que envolvem tanto as operações contratadas no SFH quanto os demais casos. Nas operações de SFH, poderá o credor utilizar duas formas de cobrança: a execução extrajudicial, prescrita pelo Decreto-lei nº 70/66; ou a execução judicial, determinada pela Lei nº 5.741/71. Pelo Decreto-lei nº 70, de forma sucinta, o credor nomeia outra instituição financeira como agente fiduciário e realiza o procedimento de cobrança para que o devedor purgue a mora no prazo de 20 dias; não purgada, realizará dois leilões, o primeiro em 15 dias pelo valor do saldo devedor, e o segundo, por valor livre, em mais 15 dias. Caso o valor da venda seja superior ao da dívida mais despesas, o restante será entregue ao devedor. Pela Lei nº 5741, haverá citação do executado, com a penhora do imóvel e prazo para embargos. Rejeitados os embargos, haverá um único leilão com a adjudicação do imóvel ao credor se não houver licitantes. Para os demais casos, havendo a inadimplência com garantia de hipoteca, será necessário o ingresso de medida judicial (execução hipotecária), com a posterior penhora do bem. Portanto, a penhora nada mais é que a garantia do processo de execução judicial. Após a penhora, poderá o devedorse defender mediante a oposição de "embargos de devedor", no qual terá a chance de alegar vícios do processo, da penhora ou qualquer matéria passível de defesa em processo de conhecimento. A oposição dos embargos suspende a ação de execução até o julgamento. Apesar de se permitido alegar nos embargos quaisquer matérias de defesa, ao devedor executado imputa-se, entretanto, o ônus de informar o valor do incontroverso (valor que reconhece devido), se questionar, por exemplo, o valor das prestações. Vencido o devedor nos seus embargos, o processo de execução que estava suspenso voltará ao trâmite normal, com a adjudicação ou venda do bem penhorado. Pode o credor exequente requerer a adjudicação do bem. Em outras palavras, adquirir para si o bem, desde que pague no mínimo o valor da avaliação. Assim, se o crédito for inferior ao valor do bem, o credor depositará em favor do devedor a diferença; se maior o valor da dívida em face do valor do bem, a execução pode continuar sobre outros bens do devedor. Se não houver adjudicação, deverá ser realizada a venda do bem. A venda do bem penhorado poderá ser realizada de duas formas: alienação particular ou hasta pública. Na alienação particular, o credor pode requerer ao juiz que ele realize a venda por própria iniciativa ou por corretor credenciado. Caso opte o credor pela hasta pública, a alienação será realizada nas dependências do Poder Judiciário. Até a data da assinatura do auto de arrematação da publicação da sentença de adjudicação, o devedor, o cônjuge ou os herdeiros poderão remitir e resgatar o bem oferecendo o preço de avaliação ou o maior lance oferecido no caso de arrematação. Nos casos de falência ou insolvência do devedor hipotecário, o bem hipotecado integrará o patrimônio da massa falida. Nesses casos, o direito de remição pertence à massa ou aos credores em concurso. Produtos para Pessoa Física Produtos para Pessoa Física Antes de discorrer sobre os produtos destinados a clientes pessoa física oferecidos pelas instituições financeiras que atuam no mercado de crédito imobiliário, vamos entender melhor a natureza dessas operações. Os financiamentos imobiliários são, na essência, créditos de longo prazo. Quanto maior o prazo, maior será a incerteza sobre o comportamento das variáveis macroeconômicas, tais como índice de inflação, desemprego e manutenção da renda dos mutuários (devedores) para garantir a capacidade de pagamento da prestação. Requerendo, dessa forma, estabilidade econômica e segurança jurídica dos contratos, principalmente no que se refere a garantias. A estabilidade da economia brasileira, combinada com a criação da alienação fiduciária de bens imóveis, foi a grande responsável pelo extraordinário avanço apresentado no volume de crédito imobiliário concedido a partir de meados da primeira década do século XXI no Brasil, saindo de uma participação de 1,3% em relação ao PIB de 2004 para 9,6% no fechamento do ano de 2016. Em geral, o processo de formalização das operações de crédito imobiliário tem as seguintes etapas: captação do negócio; análise de crédito e de seguros do pretendente; avaliação do imóvel (física e jurídica); análise jurídica da documentação; emissão do contrato; assinatura das partes; registro do contrato no cartório de registro de imóveis; liberação dos recursos. Devido à concorrência de mercado (que motiva as instituições a reduzir, o máximo possível, o prazo de formalização), a sequência dessas etapas pode variar, principalmente, no que se refere à avaliação do imóvel e análise jurídica da documentação. Quanto à utilização dos recursos, podem ser classificadas em: financiamento, quando existe contratualmente destinação especifica, que é o caso do financiamento para aquisição, construção ou reforma de imóvel; empréstimo, quando não existe destinação específica dos recursos, que podem ser utilizados pelo tomador para quaisquer fins, como o empréstimo com garantia de imóvel (conhecido no mercado por home equity). Em ambos os casos, temos o instituto do mútuo que, na expressão do artigo 586 do Código Civil, é o empréstimo de coisas fungíveis, enquanto o financiamento é mútuo de finalidade vinculada. Quanto à forma de liberação dos recursos, efetuada após a devida formalização do contrato, as operações podem ser liberadas em: única parcela, que é o caso dos financiamentos para aquisição de imóvel; em parcelas e de acordo com a evolução da obra, nos casos de construção ou reforma de imóveis. Assim, os produtos de crédito imobiliário oferecidos às pessoas físicas, pela sua natureza, podem ser distribuídos em três grupos: financiamento para aquisição de imóveis residenciais ou comerciais, novos ou usados, e de lotes urbanizados; financiamento para construção, ampliação ou reforma de imóveis residenciais ou comerciais; empréstimo com garantia de imóveis para investimento ou alongamento de dívidas com o objetivo de adequar o fluxo financeiro do tomador. Mútuo com Garantia Imobiliária (home equity) Análise do Imóvel Avaliação do imóvel A avaliação do imóvel deve ser feita por profissional habilitado e que conheça o mercado imobiliário da localização do imóvel, utilizando o método comparativo dos valores de vendas de imóveis pesquisados na região, com a homogeneização dos valores através de fatores de ponderação. Dessa forma, o valor apurado com este critério equivale ao preço médio encontrado na região, tendo como base os imóveis que estão em processo de venda ou foram vendidos, localizados próximo à localização do imóvel que está sendo adquirido pelo proponente. A documentação para a realização da avaliação é: cópia do carnê do IPTU em que constam as informações sobre o imóvel; Certidão de Inteiro Teor (matrícula) do imóvel. Para constatação do estado de conservação, idade aparente e padrão construtivo, vícios de construção e habitabilidade são fundamentais para a elaboração do Laudo de Avaliação. Documentação básica A documentação necessária para a análise do imóvel é: Certidão da matrícula com negativa de ônus atualizada (validade de 30 dias); Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU; Certidão Negativa de Débitos e Tributos Imobiliários; Declaração de Inexistência de Débitos Condominiais (imóveis submetidos ao regime de condomínio). Os cartórios de registro de imóveis dos estados do Rio de Janeiro, Distrito Federal e Paraná fazem exigências específicas com relação às certidões que deverão ser apresentadas para efetuar o registro do contrato de empréstimo. Enquadramento da Operação SFH/SFI Esses dois sistemas, fomentadores do crédito imobiliário no Brasil, apresentam estruturas distintas de fontes de recursos e, em consequência, disponibilizam produtos com características e condições diferentes. O Sistema Financeiro da Habitação – SFH, com a finalidade de facilitar e promover a construção e a aquisição da casa própria, especialmente pelas classes de menor renda da população, tem como vertente o cunho social do seu direcionamento, com limites de taxa de juros e de valores dos imóveis. O Sistema de Financiamento Imobiliário – SFI, com a finalidade de promover o financiamento em geral, segundo condições compatíveis com a formação de fundos respectivos, tem como princípio básico a livre negociação entre as partes, oferecendo produtos com as características que refletem as condições praticadas no mercado. Partindo desses princípios, relacionamos no quadro a seguir as principais regras de enquadramento das operações para pessoas físicas. SFH SFI Destinação dos financiamentos Aquisição e construção. Financiamentos imobiliários de modo geral. Financiador Agente integrante do SFH. Agente integrante do SFI. Tipo dos imóveis Residencial. Sem restrição. Valor máximo do imóvel • R$ 1,5 milhões para imóveis novos. Sem restrição. SFH SFI Valor do financiamento máximo Até 90% do valor de avaliação pelos sistemas SAC e SACRE e até 80% para outros sistemas de amortização(Ex.: Tabela Price e Tabela Sacre). • Até 90% do valor de avaliação pelos sistemas SAC e SACRE e até 80% para outros sistemas de amortização (Ex.: Tabela Price e Tabela Sacre). • No caso de home equity (empréstimo com garantia de imóveis): até 60% (Res.CMN 4.676/2018); Taxa de Juros Custo efetivo máximo de 12% a.a., efetivo (Res. 4.676/2018 – Art. 13). Sem limitação. Sistema de Amortização A escolha é do pretendente: será oferecida a Tabela SAC e outro sistema para escolha (Ex.: Tabela Price e Tabela Sacre). Sem restrição. Indexador A atualização do saldo devedor, caso prevista em contrato, pela remuneração básica aplicável aos depósitos de poupança ou ainda por índice de preços. A atualização do saldo devedor, caso prevista em contrato, pela remuneração básica aplicável aos depósitos de poupança ou ainda por índice de preços. Utilização do FGTS • para pagamento de parte do preço do imóvel na aquisição de imóvel urbano; • na amortização/liquidação do saldo devedor; • pagamento de parte das prestações. Para pagamento de parte do preço do imóvel na aquisição de imóveis residenciais, desde que o financiamento seja passível de enquadramento no SFH. Quanto ao Indexador, destacamos que é possível a contratação de financiamento sem a cláusula de atualização monetária, caso em que, ao valor máximo da taxa efetiva de juros poderá ser acrescido, no máximo, o percentual referente à remuneração básica aplicável aos depósitos de poupança, anualizado conforme metodologia estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional [cf. Lei nº 8.177/1991, Art. 18-A, § único, ou ainda por índice de preços, conforme Resoluções CMN 4.676/2018 e CMN 4.739/2019. Quanto à utilização do FGTS, nos casos de uso para os fins de amortização ou liquidação do saldo devedor do financiamento ou para os fins de pagamento de parte do valor das prestações, conforme o MMP, é admitida a utilização do FGTS somente quando concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação – SFH. Nas situações em que o agente financeiro, observada a legislação do CMN e por sua liberalidade, promova o enquadramento do financiamento com vistas ao atendimento da exigibilidade do Sistema Financeiro da Habitação para contratações da mesma espécie, é possível o uso do FGTS, desde que o financiamento e o imóvel atendam às condições do SFH na data do novo enquadramento do financiamento, dentre elas a observância aos limites máximos de valor do imóvel e de financiamento, atestados por meio de nova avaliação do imóvel, e que nessa mesma data o trabalhador atenda aos requisitos para utilização. Enquadramento da Operação Percentual Máximo a ser Financiado (LTV); Prazo; Taxa de Juros; Vencimento da 1ª Prestação; Taxas e Tarifas Quanto às condições operacionais dos financiamentos imobiliários realizados no SFH e no SFI, existem, nos financiamentos concedidos no SFH, em decorrência de sua finalidade, exigências impostas por normativos, referentes: ao percentual máximo financiável do valor de avaliação do imóvel; à limitação de taxa de juros; às regras para cobrança de taxas e tarifas. No SFI as limitações se restringem às tarifas que as instituições podem cobrar. No quadro a seguir, as principais limitações: SFH SFI Percentual máximo do valor de avaliação (LTV) Até 90% do valor de avaliação na Tabela SAC e até 80% para outros sistemas de amortização (Ex.: Tabela Price e Tabela Sacre). • No caso de home equity (empréstimo): até 60% (Res.CMN 4.676/2018); • Demais: sem restrição. Prazo máximo As instituições financeiras utilizam até 35 anos, desde que a soma do prazo mais a idade do financiado mais velho não supere 80 anos e seis meses. Entretanto, se a garantia for de hipoteca, o prazo máximo será de 30 anos, prazo máximo dessa garantia. Custo Efetivo Total – CET Observar a Resolução CMN nº 3.517, de 6/12/07, que dispõe sobre a informação e a divulgação do custo efetivo total correspondente a todos os encargos e as despesas de operações de crédito, contratadas ou ofertadas a pessoas físicas. SFH SFI Custo Efetivo Máximo 12% a.a. Sem restrição específica. Vencimento da 1ª prestação Não existe restrição especifica, podendo a instituição financeira conceder prazo de carência (meses ou dias) para o primeiro vencimento. Usualmente a 1ª prestação vence 30 dias após a assinatura do contrato. Pode ocorrer de a 1ª prestação vencer em prazo superior a um mês e, nesses casos, além da cobrança de atualização monetária mais os juros no período, a instituição credora exigirá o pagamento de um prêmio de seguro para cada mês anterior ao vencimento da 1ª prestação. Taxas e Tarifas Desde que estejam explicitadas e limitadas às previstas nas leis ou normas, como, por exemplo, tarifa para avaliação, reavaliação e substituição de bens recebidos em garantia. As operações no âmbito do SFH podem incluir as seguintes tarifas: • Tarifa mensal de administração do contrato R$ 25,00 (Res. nº 4676/2018 artigo 14 inciso II); • Tarifa para análise de proposta de seguro individual limitada a R$100,00 (Res. nº 3811/2009 e Res. nº 4.676/2018); Desde que estejam explicitadas e limitadas às previstas nas leis ou normas, como, por exemplo, tarifa para avaliação, reavaliação e substituição de bens recebidos em garantia. a cobrança de tarifas pelas instituições financeiras está regulada pela Resolução CMN nº 3.919, de 25/11/2010; é proibido cobrar tarifa na liquidação antecipada de financiamentos (Res. CMN nº 3.516/2007); Nos casos de utilização do FGTS para pagamento do preço total do imóvel, ou seja, sem financiamento associado, os agentes financeiros, pela prestação de serviço referente à intermediação das operações de movimentação da conta vinculada do FGTS para aquisição de imóvel residencial, concluído ou em construção, devem observar os seguintes limites máximos de tarifa: até 0,16% do valor máximo de avaliação de imóvel estabelecido pelo CMN no âmbito do SFH, nos casos em que a) o valor venal aferido para fins de cálculo do IPTU ou o valor da compra e venda do imóvel, o que for maior, corresponda até o valor máximo de imóvel para financiamento concedido com recursos do FGTS para habitação popular; b) o imóvel for isento de pagamento de IPTU, e o valor da compra e venda do imóvel corresponda até o valor máximo de imóvel para financiamento concedido com recursos do FGTS para habitação popular; até 0,32% do valor máximo de avaliação de imóvel estabelecido pelo CMN no âmbito do SFH para os demais imóveis ou nos casos em que não houver comprovação do valor venal do imóvel atribuído pela municipalidade. Plano de Reajuste da Prestação e Saldo O Brasil, desde 1964, introduziu na economia o critério de atualização monetária dos produtos ativos e passivos negociados e transacionados no mercado financeiro. Com o objetivo de recuperar as perdas provenientes do processo inflacionário, a correção monetária aplicada nas cadernetas de poupança e nos financiamentos habitacionais concedidos no SFH foi um dos grandes avanços ocorridos no modelo que viabilizou o sistema. No processo de desindexação da economia brasileira, através da Lei nº 8177 de 1/3/91, foi criada a Taxa Referencial – TR, calculada e divulgada pelo Banco Central, com base na taxa média dos Certificado de Depósito Bancário – CDBs praticada pelos bancos com maior volume de negócios, que passou a atualizar os saldos das contas de poupança e, por consequência, os saldos dos financiamentos imobiliários concedidos no SFH. Com o objetivo de evitar descasamento entre o funding e a aplicação, a periodicidade de atualização das contas de poupança é a mesma da atualização dos saldos dos financiamentos. Assim, a mesma lei que criou a TR determinou que todas as operações concedidas no SFH fossem obrigatoriamente atualizadas pela remuneração básica aplicável aos depósitos de poupança com data de aniversário no dia de assinatura dos respectivos contratos,vedada a utilização de outros indexadores. No entanto, desde 2018, também é permitida a correção por índices de preço, sendo o IPCA o mais usado. No SFI, quando a escolha do cliente for taxa pós-fixada, pode ser utilizado qualquer indexador, como índices de preço: Índice Geral de Preços de Mercado – IGP-M, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, Índice Nacional da Construção Civil – INCC, entre outros, desde que tenha sido negociado entre as partes. O que deve ser observado é a periodicidade utilizada, que deve ser aplicada à atualização, ou seja, a periodicidade de atualização dos saldos dos financiamentos tem que ser a mesma utilizada na fonte de recursos que serviu de funding da operação. A utilização de indexador em operações de financiamento/empréstimo deverá cumprir a seguinte regra básica: antes de efetuar o cálculo de juros, o saldo deverá ser atualizado pelo indexador do contrato. Quando o período de atualização efetuada for inferior ao período correspondente ao do indexador, por exemplo, mensal, deverá ser utilizado o critério pro rata temporis. No caso de parcelas fixas, não há o que se acrescentar com relação a indexador. Ainda quanto ao indexador, como já destacado anteriormente, é possível a contratação de financiamento sem a cláusula de atualização monetária. Há grande preocupação na geração de resíduos de saldo ao fim do prazo contratado, impondo-se, assim, que saldo devedor e prestações devem ser atualizados pelo mesmo indexador e na mesma periodicidade. Nesse sentido, a Lei nº 9.514/97 aponta para a necessidade de "reposição integral do valor emprestado". Na mesma linha, a Lei nº 4.380/64 [Art. 15-B, § 1º], com a redação dada pela Lei nº 11.977/2009, ao tratar dos sistemas de amortização, informa que "o valor presente do fluxo futuro das prestações, compostas de amortização do principal e juros, geradas pelas operações de empréstimo ou financiamento realizadas por instituições integrantes do Sistema Financeiro da Habitação que prevejam pagamentos por meio de prestações periódicas, deve ser calculado com a utilização da taxa de juros pactuada no contrato, não podendo resultar em valor diferente ao do empréstimo ou do financiamento concedido". Exceção a esse princípio diz respeito ao Sistema de Amortização Crescente – Sacre, no qual há descasamento da periodicidade do reajustamento, sendo mensal para o saldo devedor e anual para as prestações mensais. Como medida prudencial, em linha aqui tratada, para as operações realizadas no âmbito do SFH, é imposta pelo CMN "seus contratos podem ter cláusula de atualização do saldo devedor por índice de preços, de conhecimento público e regularmente calculado, ou pela remuneração básica aplicável aos depósitos de poupança." (Resolução nº 4.676/2018 art. 5º paragrafo 1º). Sistemas de Amortização Sistema de amortização de um financiamento é a forma como a dívida será paga ao longo do prazo contratado por meio de uma prestação composta por uma parcela de juros, calculados sobre o valor do saldo devedor, e outra parte de amortização, que será deduzida desse saldo. Os modelos de sistema de amortização deverão ser desenvolvidos por meio de fórmulas matemáticas, de tal forma que não produza saldo residual ao fim do prazo da operação. Dispõe a Lei nº 4.380/64, com a redação dada pela Lei nº 11.977/2009: Art. 15-B. Nas operações de empréstimo ou financiamento realizadas por instituições integrantes do Sistema Financeiro da Habitação que prevejam pagamentos por meio de prestações periódicas, os sistemas de amortização do saldo devedor poderão ser livremente pactuados entre as partes. § 3º. Nas operações de empréstimo ou financiamento de que dispõe o caput é obrigatório o oferecimento ao mutuário do Sistema de Amortização Constante - SAC e de, no mínimo, outro sistema de amortização que atenda o disposto nos §§ 1º e 2º, entre eles o Sistema de Amortização Crescente - Sacre e o Sistema Francês de Amortização (Tabela Price). Outros sistemas de amortização existem, como o Sistema Alemão de Amortização, o Sistema de Amortização Misto – SAM, o Sistema Misto de Amortização dos Prestações Reais Crescentes – SIMC etc. Mas instituições financeiras costumam oferecer apenas o Sistema de Amortização Constante – SAC e o Sistema Francês de Amortização, popularmente conhecido como Tabela Price – TP. O Sistema de Amortização Crescente – Sacre, apesar de contar com muitas operações ainda ativas no mercado em diversos agentes financeiros, principalmente na Caixa Econômica Federal em suas operações de financiamento, não vem sendo utilizado. O Sistema de Amortização Constante – SAC é um sistema em que o saldo devedor é pago através de amortizações iguais e a parcela (cota) de juros calculados sobre o saldo devedor em aberto. Desta forma, o valor das prestações é decrescente, já que os juros diminuem decorrentes da redução do saldo devedor após o pagamento de cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se o valor do principal financiado pelo número de períodos de pagamento. A principal característica do SAC é que ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento, fazendo com que a parcela de amortização da dívida seja constante (sem levar em consideração o indexador quando se tratar de operação pós-fixada), e o saldo devedor caia mais rapidamente quando comparado com a Tabela Price, tornando prestação decrescente e amortização constante. A prestação mensal no SAC é obtida pela aplicação da seguinte fórmula: P = VF . 1 n + i A prestação mensal, conforme apontado anteriormente, é reduzida a cada período por um fator conhecido como RDM – Razão de Decréscimo Mensal, assim calculado: RDM = VF n . i Em ambos os casos, VF = Valor Futuro, n = prazo do financiamento e i = taxa de juros. A Tabela Price é um método usado para pagamento de empréstimo, e tem como principal característica a apresentação de prestações iguais, sem considerar o indexador nos casos de operações pós-fixadas. Nesse sistema, como as prestações são iguais e a cota de amortização é calculada pela diferença entre esta prestação e o valor dos juros apurados sobre o saldo devedor em aberto, o valor que é amortizado vai aumentando com o passar do tempo, e a parte da parcela correspondente aos juros vai caindo ao longo do prazo, consequência da redução do saldo devedor, desde que não seja considerada a aplicação de indexador. A prestação mensal na Tabela Price é obtida pela aplicação da seguinte fórmula: Pmt = VF . (1 + i) . i (1 + i) - 1 Em que VF = Valor Futuro, n = prazo do financiamento e i = taxa de juros. O sistema Sacre foi desenvolvido com o objetivo de permitir uma maior amortização do valor emprestado, reduzindo a parcela de juros sobre o saldo devedor. Nesse sistema, a prestação mensal inicial é calculada pela fórmula do SAC. Porém no desdobramento mensal não ocorre a RDM, ou seja, as prestações se mantêm no mesmo nível, sendo recalculadas a cada período de 12 meses para recompor o equilíbrio entre as prestações e o saldo devedor. O valor que corresponde à RDM, que se eleva a cada mês passa a constituir em valor adicional de amortização mensal, provocando uma amortização crescente no saldo devedor e, como há o recálculo anual (sobre um saldo super amortizado), no decorrer do financiamento, seus valores tendem a decrescer sensivelmente. A criação desse sistema, contudo, levou em consideração financiamentos com previsão de atualização monetária: no Sacre, como já apontado, há o descasamento entre a periodicidade de reajustamento do saldo devedor (que ocorre mensalmente) e da prestação mensal (recalculada a cada 12 meses, e, portanto, indiretamente atualizada a cada 12 meses), devolvendo assim o equilíbrio ao sistema e atenuando a forte redução da prestação e do saldo devedor no decorrer do financiamento, caso não houvesse a aplicação do indexador definido contratualmente. n n CET e CESH Custo Efetivo Total – CET OCusto Efetivo Total – CET corresponde ao custo total de todos os encargos e despesas incidentes nas operações de financiamento imobiliário ou de empréstimo, oferecidos às pessoas físicas. O CET deve ser expresso na forma de taxa percentual anual, incluindo todos os encargos e as despesas das operações, devendo considerar: liberações e pagamentos efetuados; taxa de juros; tarifas bancárias de avaliação da garantia; serviços de terceiros como comissões; tributos como IOF; seguros; outras despesas cobradas do cliente, relacionadas à operação de financiamento. Essa é a taxa que deve ser utilizada para o cliente comparar o custo total do financiamento oferecido pelos bancos para a tomada de decisão na qual, entre os bancos pesquisados, oferece menor taxa. O CET revela o custo efetivo que realmente interessa ao tomador do financiamento, pois é calculado a partir do montante que ele efetivamente pagará nas prestações mensais. O CET é regulado pelo CMN através da Resolução nº 3.517, de 6/12/07. Custo Efetivo do Seguro Habitacional – CESH O CESH representa o custo total dos seguros contratados, e é calculado considerando os fluxos de pagamentos dos prêmios previstos, referentes às coberturas de Morte e Invalidez Permanente – MIP dos proponentes/financiados que participam de renda na operação e de Danos Físicos ao Imóvel – DFI. A função básica é permitir a comparação entre as propostas de seguros de seguradoras distintas oferecidas pelas instituições nos financiamentos imobiliários. Para o cálculo do CESH, não são considerados os valores de prêmios referentes a outras coberturas que não sejam obrigatórias, devendo tais valores, caso existam, ser apresentados de forma separada ao interessado. O Custo Efetivo do Seguro Habitacional deverá ser calculado, a qualquer tempo, pelas seguradoras, a pedido do cliente, em valor percentual relativo ao saldo devedor do financiamento do imóvel. O CESH é regulado pelo Resolução CNSP nº 205/2009, pela Circular SUSEP nº400/2010 e pela Resolução CMN nº 3.811/2007, Art. 3º. Formalização A formalização efetiva da garantia se dá com o registro do contrato no cartório de registro de imóveis. No entanto, como mencionado anteriormente, o processo inicia-se com captação da operação e prossegue com a análise de crédito e seguros do pretendente, a avaliação do imóvel, a avaliação jurídica da documentação e a emissão do contrato para a assinatura das partes. Instrumentos Contratuais As operações de financiamentos imobiliários são formalizadas por meio: de escritura pública, nos termos do Código Civil; de instrumento particular de compra e venda com força de escrituras públicas nos termos da Lei nº 4.380 de 21/8/64 para o SFH; da Lei nº 9.514 de 20/11/97 para o SFI. Deverão ser contemplados, nas operações de aquisição, os seguintes negócios: a compra e venda do imóvel; a instituição da garantia; os seguros contemplados; as condições do financiamento e da aquisição; a utilização de recursos do FGTS se for o caso; outras disposições inerentes ao financiamento. Nas operações de mútuo com garantia de imóveis, as operações são formalizadas através de contrato de mútuo ou emissão de Cédula de Crédito Bancário – CCB, em que deverão ser contempladas as condições do empréstimo, bem como a instituição da garantia e os seguros cobrados na operação. Quando utilizada a CCB para formalização, a garantia poderá constar na própria CCB ou em instrumento à parte. Registro Após a assinatura, o contrato de financiamento deve ser registrado no cartório de registro de imóveis competente, precisando antes ser recolhido, junto à prefeitura da localidade do imóvel, o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI e, se o imóvel for foreiro, a taxa de laudêmio ao senhorio. O cartório efetuará o lançamento na matrícula do imóvel o registro da compra e venda e da garantia (alienação fiduciária ou hipoteca) a favor da instituição financeira credora. Após os lançamentos na matrícula do imóvel dos registros da compra e venda da garantia, o cartório de registro de imóveis fornecerá uma via do contrato devidamente registrado e uma cópia da respectiva matrícula constando os atos praticados para serem entregues ao banco credor. Liberação do Valor Financiado Após devolver ao banco o contrato assinado e devidamente registrado, juntamente com a cópia matrícula do imóvel atualizada, a instituição financeira, depois da constatação da regularidade dos registros efetuados, providenciará a liberação dos recursos na conta do vendedor constante no contrato de financiamento e, se for o caso, juntamente com o valor dos recursos do FGTS, utilizado como parte do pagamento do preço da compra e venda. Nas operações realizadas no SFH, os recursos provenientes do financiamento deverão ser liberados aos vendedores, devidamente corrigidos pelo mesmo índice utilizados para a atualização dos saldos das contas de poupança, acrescido de juros de 0,5% a.m., levando em consideração o período compreendido entre a data da assinatura do contrato e a data do efetivo pagamento aos vendedores. Quando for utilizado outro indexador, a atualização deverá seguir o mesmo critério citado antes, tendo como base o índice previsto contratualmente e o prazo entre a data do contrato e do efetivo pagamento. Quando a operação for pré-fixada, deverá ser utilizada a mesma taxa de juros do contrato para remuneração do valor a ser liberado. No caso de utilização dos recursos do FGTS para pagamento de parte do valor de compra e venda independente da natureza da operação, se realizada no SFH ou no SFI, os valores correspondentes ao fundo deverão ser creditados na conta dos vendedores remunerados pelo mesmo critério anteriormente citado, levando em consideração o período compreendido entre a data do repasse do FGTS para a instituição financeira e a data do efetivo pagamento aos vendedores. Aquisição Análise do Proponente Na aquisição, o financiamento concedido pelas instituições integrantes do SFH e do SFI é destinado ao pagamento de parte do preço de compra e venda do imóvel. A diferença do preço deve ser paga: com recursos próprios do cliente; com a utilização dos recursos do FGTS para as operações realizadas no âmbito do SFH (desde que respeitadas as regras para uso do saldo do fundo, conforme será detalhado mais à frente). O valor do financiamento, acrescido dos recursos do FGTS (quando for o caso), será liberado diretamente ao vendedor do imóvel após o registro do contrato de financiamento no cartório de registro de imóveis competente. O pretendente à aquisição de um imóvel, após ter decidido fazer um financiamento imobiliário para complementar o pagamento do preço total de compra, poderá realizar uma simulação das condições da operação nos sites ou na rede de captação das instituições financeiras que oferecem esse produto. Encontrada a melhor opção de financiamento, para iniciar o processo, o pretendente deverá preencher uma Proposta de Financiamento (ou formulário equivalente) que, geralmente, contém informações detalhadas sobre os compradores (especialmente a fonte de renda), os vendedores, o imóvel que está sendo adquirido e as condições da operação, como: valor do financiamento pretendido, prazo para pagamento, valor estimado do imóvel e outros. Esta proposta, além de apresentar os elementos da operação a ser contratada, serve de base para a análise de crédito do proponente. O financiamento para aquisição sempre decorre de um negócio de compra e venda, estando presentes nesta transação imobiliária: o comprador, que pretende adquirir o imóvel e será o tomador dos recursos do financiamento; o vendedor, atual proprietário do imóvel que será alienado; o imóvel, objeto que será adquirido na transação e, em regra, oferecido como garantia da obrigação a ser contraída; a instituição financeira, que aportará os recursos para complementar os do comprador, mediante a concessão de financiamento para a realização do negócio; o intervenientequitante que participará na transação nos casos em que for credor do vendedor, e que, recebendo seu crédito, liberará o ônus que pesa sobre o imóvel para que novo ônus seja constituído em favor da Instituição Financeira que firmará o contrato de mútuo com o comprador. Análise de Crédito A análise de crédito é uma das principais etapas na formalização das operações de crédito imobiliário e tem como objetivos: fazer uma avaliação retrospectiva do proponente, principalmente relacionada à experiência em créditos concedidos anteriormente em seu nome; verificar a situação econômico-financeira atual do proponente e a expectativa para os próximos anos. Cada instituição tem uma política de crédito específica, definindo regras e parâmetros que devem ser utilizados na análise do crédito dos clientes, objetivando uma tomada de decisão sobre a aprovação ou a recusa da proposta de financiamento. Nesta etapa, a instituição busca avaliar o risco de o tomador do crédito se tornar inadimplente ao longo do prazo da operação, inviabilizando o retorno do valor financiado. Tradicionalmente as instituições financeiras utilizam metodologia própria para análise de crédito e geralmente se apoiam em aspectos gerais da operação, avaliando o que se convencionou chamar de 5 Cs do Crédito: caráter – intenção do cliente de pagar seus compromissos. É apurado por experiências anteriores no mercado; capacidade – potencial do cliente para pagar os compromissos. É avaliado mediante comprovação de renda; capital – situação econômica e patrimonial do cliente. É aferido por patrimônio, investimentos, tempo de serviço e/ou profissão do proponente; colateral – garantia oferecida: imóvel e LTV (percentual máximo a ser financiado) da operação; condições – avaliação do ambiente econômico geral e do mercado em que está inserido o cliente. Para avaliação do histórico de crédito do proponente, as instituições financeiras efetuam pesquisa nos sistemas disponibilizados por empresas especializadas que oferecem informações sobre a situação de pagamentos dos financiamentos e empréstimos concedidos no mercado financeiro ou no comércio. Entre essas empresas, podemos citar: Serasa Experian (Credit Bureau); Boa Vista Serviços (Serviço Central de Proteção ao Crédito – SCPC); SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito – SPC). Também são realizadas consultas nos seguintes locais: Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR); Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF). Sendo constatado algum restritivo nas consultas efetuadas (prestações de empréstimos e/ou financiamentos pendentes, protestos de títulos, cheques sem fundos, dívidas em execução, entre outros), o crédito tem grande possibilidade de ser negado. Com estas consultas, avalia-se a idoneidade do proponente. Após conhecer o histórico de crédito, deve-se verificar se o pretendente ao financiamento apresenta capacidade de pagamento da prestação mensal referente ao financiamento solicitado. Para essa avaliação, é importante saber quanto da renda mensal informada será comprometida com o pagamento das prestações. A relação entre o valor da primeira prestação e a renda do proponente é denominada de comprometimento de renda, que deve ser observado na análise do crédito. Podem ser utilizados dois critérios de apuração de renda mensal: renda líquida, que corresponde à renda bruta com os descontos mensais deduzidos. É o valor de uso mais frequente. renda bruta, que corresponde à renda sem nenhum desconto. O percentual de comprometimento máximo de renda praticado no mercado varia entre as instituições financeiras. No entanto, gira em torno de 30% da renda líquida. Além da verificação do comprometimento de renda, é preciso confirmar se a renda declarada pelo proponente na Proposta de Financiamento corresponde à efetivamente recebida. Para essa constatação, são solicitados documentos que comprovem a renda declarada em função da natureza da atividade remunerada do proponente. Normalmente, são solicitados os seguintes documentos: assalariado ou similar: holerites e/ou declaração da empresa; aposentado ou pensionista: comprovante de aposentadoria emitido pelo INSS e documento emitido pela entidade pagadora, quando se tratar de pensão de fundos; renda proveniente de aluguel: contratos de locação e comprovação da propriedade do imóvel; profissional liberal, empresário, autônomo e outros sem vínculo de emprego: Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda e/ou documento relacionado à atividade. Algumas instituições dispensam esta comprovação para o cliente que tenha informações atualizadas no cadastro (desde que o documento tenha sido apresentado na atualização do cadastro). Outros documentos podem ser solicitados caso o analista não esteja satisfeito com o que foi apresentado. Com essas análises, é verificada a situação econômico-financeira atual do proponente. Além da comprovação da fonte de renda, também é analisada a capacidade de manutenção do recebimento ou da geração de renda mensal para os próximos anos, exclusive a situação do desemprego do assalariado. Por exemplo: pode ser motivo de não aprovação do crédito a comprovação de renda de emprego ou atividades temporárias sem que sejam apresentadas outras fontes de geração de renda. Quando a renda do proponente principal não for suficiente para arcar com o pagamento da prestação referente ao valor do financiamento pretendido, excedendo o comprometimento máximo estipulado na política de crédito, é possível incluir a renda de outras pessoas. Algumas instituições permitem a composição de renda com pessoas sem nenhum vínculo familiar como parentes distantes ou amigos. Por outro lado, existem instituições que só admitem a composição de renda com pessoas do mesmo grupo ou arranjo familiar, como união estável entre pessoas do mesmo sexo. Assim, cada instituição define o critério de inclusão de participantes em função do que entende por risco de dissolução do vínculo existente entre os participantes. De acordo com o art. 11 da Resolução nº 4.676/2018 do Banco Central, a concessão de financiamento imobiliário pelas instituições financeiras e pelas demais instituições autorizadas pelo BC a funcionar deve ser precedida de avaliação do nível de risco da operação, feita pela instituição concedente e efetuada com base em critérios consistentes, adequados e verificáveis. Essa avaliação está amparada por informações internas e externas, contemplando, inclusive, os seguintes procedimentos: Com relação à suficiência das garantias: a apuração da cota de financiamento deve ser precedida por avaliação da exposição de risco de crédito do pretendente em outros empréstimos ou financiamentos por ele contratados no Sistema Financeiro Nacional; a avaliação do imóvel deve ser efetuada por profissional que não possua qualquer vínculo com a área de crédito da instituição concedente ou com outras áreas que possam implicar conflito de interesses ou representar deficiência na segregação de funções. Com relação à capacidade de pagamento do pretendente ao crédito: a avaliação deve considerar o comprometimento da renda com outras obrigações financeiras previamente assumidas pelo pretendente ao crédito, bem como as despesas necessárias a suprir o seu mínimo existencial; e a apuração do comprometimento da renda deve ser efetuada com base no maior encargo mensal admitido contratualmente. A Resolução nº 4.676/2018 determina ainda que: Os procedimentos relativos ao estabelecimento da cota de financiamento e à avaliação do comprometimento de renda devem considerar as informações existentes na própria instituição concedente do crédito, no Sistema de Informações de Crédito (SCR), em sistemas de registro e em bancos de dados com informações de adimplemento. As informações utilizadas na avaliação e concessão do crédito devem permanecer à disposição do Banco Central do Brasil durante a vigência da operação, preferencialmente em formato eletrônico. A análiseda capacidade de pagamento deve estar amparada por documentos que demonstrem ou permitam estimar as despesas e os rendimentos declarados, compreendendo período de tempo que possibilite a identificação de eventos não recorrentes ou extraordinários. Análise de Seguro Como relatamos antes, a análise de crédito de uma operação de financiamento imobiliário tem como objetivo avaliar e mitigar os riscos relacionados à possibilidade de o proponente não pagar a dívida assumida. No entanto, os riscos de natureza pessoal do tomador do crédito e de danos materiais vinculados ao imóvel dado como garantia, que poderão acarretar o não pagamento da dívida, não podem ser mitigados, a não ser através da contratação de seguros que estipulem as coberturas em caso de morte ou invalidez do devedor (mutuário) e de danos físicos ao imóvel. De outra forma, a não contratação destes seguros criaria para a instituição financeira uma enorme dificuldade para reaver o valor emprestado, impondo riscos não inerentes às suas atividades. Para o financiado (proponente), a não cobertura destes riscos impõe custos aos familiares/herdeiros no caso da falta por morte ou invalidez permanente e custos adicionais em caso de danos causados ao imóvel, podendo motivar o seu inadimplemento. Esses são alguns dos motivos que justificam a obrigatoriedade da contratação de seguros com coberturas de Morte e Invalidez Permanente – MIP (pessoas físicas) e de Danos Físicos ao Imóvel – DFI (pessoas físicas e jurídicas) pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro da Habitação – SFH na concessão de financiamentos habitacionais, conforme determina o artigo 79 da Lei nº 11.977 de 7/7/09, alterada pela Lei nº 12.424 de 16/6/11. Da mesma forma, a Lei nº 9.514 de 20/11/97 estipula, como condição essencial, a contratação de seguros contra os riscos de morte e invalidez permanente nos financiamentos imobiliários concedidos no Sistema de Financiamento Imobiliário – SFI. Assim sendo, os contratos de financiamento imobiliário para aquisição de imóveis habitacionais ou comerciais concedidos à pessoa física preveem a contratação destes dois seguros, comparecendo a instituição credora como favorecida e estipulante. No caso de ocorrência de sinistro de morte ou invalidez permanente do mutuário, os recursos são destinados ao pagamento da dívida do segurado/financiado e, havendo sinistro no imóvel, os recursos serão utilizados para reparar os danos causados ao imóvel. Existindo mais de um participante de renda na operação, a indenização referente à ocorrência de sinistro de morte ou invalidez permanente será na mesma proporção da composição de renda que deverá constar no contrato de financiamento. O percentual de composição de renda de cada participante é calculado dividindo o valor da renda do participante pelo valor total da renda apurada. Por exemplo, na composição de renda entre casados, o marido comprova renda de R$ 3.000 e sua esposa comprova R$ 2.000, somando uma renda total de R$ 5.000. A composição de renda será: marido participa com 60% (R$ 3.000/R$ 5.000) e sua esposa com 40% (R$ 2.000/R$ 5.000). Ainda com base nesse exemplo, caso ocorra um sinistro coberto pelo seguro MIP com o marido, a seguradora quitará apenas 60% do saldo devedor no momento da ocorrência de tal sinistro; caso o sinistro envolvesse a esposa, o percentual do saldo devedor que seria quitado pela seguradora seria de apenas 40%. Igualmente à análise de crédito, a aceitação de cobertura dos seguros de MIP e DFI pela seguradora é de fundamental importância para o prosseguimento do processo de formalização da operação de financiamento imobiliário. Na contratação desses seguros, o proponente tem livre escolha entre duas opções de seguradoras que devem ser oferecidas pela instituição financeira, ou ainda, optar pela contratação de uma apólice individual. No caso de preferir a contratação de apólice individual, deverá submeter para análise e aprovação da instituição. A opção pela seguradora é feita na proposta de financiamento ou outro documento que comprove a escolha da seguradora pelo pretendente ao financiamento. Escolhida a seguradora, o pretendente ao financiamento deverá, se assim exigir a seguradora, preencher a Proposta de Seguro e a Declaração Pessoal de Saúde – DPS nas quais constam informações sobre seu estado de saúde e suas atividades. Com base nas informações prestadas, inclusive as que constam na proposta de financiamento, é realizada a análise da proposta de seguro, observando a idade-limite do proponente, a atividade que desempenha, o estado de saúde dele e o preenchimento das informações prestadas na proposta e DPS. Assim, na análise do seguro de Morte e Invalidez Permanente – MIP, deve ser verificado, principalmente, se: a soma da idade do proponente (segurado) com o prazo do financiamento está dentro do limite estipulado pela apólice, que é de 80 anos e 6 meses; a atividade do proponente está na lista das excluídas pela apólice; em caso afirmativo o financiamento não será concedido; existe algum tipo de apontamento de doenças, como: hipertensão arterial, diabetes ou doenças graves; em caso afirmativo, o proponente deverá apresentar documentos complementares ou laudos médicos para análise detalhada da seguradora; a proposta de seguro e a declaração pessoal de saúde, quando exigidas, estão devidamente preenchidas e assinadas por todos que participam da composição de renda, devendo, inclusive, ser verificada a existência de rasuras. Essa análise poderá ser antecipada pela área de formalização da instituição financeira ou diretamente pela seguradora. Recebida a Proposta de Seguro e a Declaração Pessoal de Saúde, a seguradora, após a conclusão da análise da documentação, poderá solicitar documentos complementares para esclarecimentos de algum tipo de situação que possa agravar o risco. Quanto à cobertura de Danos Físicos do Imóvel – DFI, a análise considerará o laudo de avaliação do imóvel. Estando o imóvel apto a ser aceito como garantia, também será aceito na apólice de seguros e haverá cobertura para os riscos nela previstos. Análise Jurídica A análise da documentação de uma operação de financiamento imobiliário tem o objetivo de mitigar os riscos jurídicos envolvidos, possibilitando maior segurança na constituição da garantia. Essa análise fundamenta-se no que está previsto no Código Civil quanto à validade do negócio jurídico que requer: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei. No que concerne aos proponentes, o contrato pode ser nulo se celebrado por pessoas absolutamente incapazes e, anulável, por incapacidade relativa do agente. Dessa forma, na análise dos pretendentes ao financiamento, deverá ser observado se: os proponentes são absolutamente capazes, ou seja, maiores de 18 anos ou emancipados; comprovam o estado civil declarado na ficha proposta através de documentos; são empregadores ou produtores rurais, devendo ser apresentada a Certidão Negativa de Débito – CND do INSS e a Certidão Conjunta da Secretaria da Receita Federal – SRF; estão devidamente representados, quando existir representação por procuração. Documentação Básica A análise jurídica dos proponentes é efetuada com base na seguinte documentação: Registro Geral – RG e CPF (algumas instituições dispensam a apresentação destes documentos); comprovação de estado civil (casado – certidão de casamento e escritura de pacto antenupcial devidamente registrada se for o caso; separado – certidão de casamento com a averbação da separação; viúvo – certidão de casamento com averbação da condição de viuvez ou atestado de óbito; solteiro – certidão de nascimento ou declaração do estado civil); no caso de união estável: declaração dos proponentes ou escritura pública declaratória de união estável ou certidão de união estável, emitida pelo cartório de registro civil, quando a escritura foi levada a registro naquele cartório;Certidão Negativa de Débito – CND do INSS e Certidão Conjunta da SRF, quanto for empregador ou produtor rural; procuração, quando os proponentes compradores forem representados por terceiros. Aquisição Análise do Imóvel Avaliação do Imóvel Não menos importante, a avaliação do imóvel deve ser feita por profissional habilitado e que conheça o mercado imobiliário da localização do imóvel que está sendo avaliado, de forma a evitar surpresa em uma possível retomada por inadimplemento do mutuário e posterior venda em leilão. Nessas avaliações, para fins de garantia, é utilizado o método comparativo dos preços de vendas de imóveis pesquisados na região que servem de amostras para elaboração do Laudo de Avaliação, com homogeneização dos valores através de fatores de ponderação. Assim, o valor obtido com este critério representa o preço médio encontrado na região, tendo como base os imóveis que estão em processo de venda ou foram vendidos, localizados próximo ao imóvel que está sendo adquirido pelo proponente. Para fazer essa avaliação, é necessário apresentar apenas uma cópia do carnê do IPTU no qual constam as informações sobre o imóvel e a Certidão da Matrícula do imóvel. Esses documentos não devem ser dispensados da apresentação pelo proponente, uma vez que se integrarão ao conjunto de outros documentos que serão submetidos à análise jurídica. É de fundamental importância que, para a elaboração do Laudo de Avaliação, seja feita uma vistoria ao imóvel para verificação do estado de conservação, se tem vícios de construção e condições de habitabilidade ou de uso, de acordo com o tipo de imóvel e a destinação. Caso sejam constatados vícios construtivos ou falta de condições de habitabilidade, como falta de rede de energia elétrica, rede de abastecimento de água e esgotamento sanitário e, ainda, pavimentação, tornando frágil a garantia, existe grande chance de ser negado o financiamento devido às condições apresentadas pelo imóvel. Como já apontado anteriormente, a avaliação do imóvel deve ser efetuada por profissional que não possua qualquer vínculo com a área de crédito da instituição concedente ou com outras áreas que possam implicar conflito de interesses ou representar deficiência na segregação de funções. Além do valor de mercado do imóvel e a respectiva condição de habitabilidade (ou de uso), a avaliação promovida pelo agente financeiro irá: indicar a liquidez do ativo em face de sua localização (determinante para a aceitação da garantia); definir o LTV (percentual máximo a ser financiado) e o enquadramento da operação (SFH ou Taxa de Mercado); permitir a verificação da coerência entre o valor do imóvel e o valor da compra e venda que, sendo muito discrepantes, poderá o agente financeiro solicitar confirmação das partes quanto ao valor da transação; demonstrar se a área construída do imóvel está compatível com os registros da municipalidade (IPTU) e do cartório de registro de imóveis (matrícula), podendo ser previamente solicitada a devida regularização; identificar o tipo de imóvel e a respectiva destinação (rural ou urbano; novo ou usado; residencial, comercial, lazer etc.) que poderá afetar as condições de contratação da operação e, se for o caso, impedir a utilização do FGTS pelo proponente na operação. Análise Jurídica A análise da documentação do imóvel tem o objetivo de avaliar possíveis riscos legais envolvidos que possam no futuro tornar o contrato nulo ou anulável, como por exemplo: a existência de alguma transação realizada anteriormente em desacordo com o prescrito em lei; a compra e venda efetuada de forma simulada ou com o objetivo de fraudar a lei, entre outros. Assim, a mitigação desses riscos requer que sejam verificados principalmente: a legalidade do registro do imóvel no cartório de registro de imóveis competente; se o imóvel está livre e desembaraçado de quaisquer ônus; a existência de algum impedimento que impossibilite a venda; a natureza da propriedade (domínio pleno ou domínio útil) entre outras. Além dessas verificações, também deverão ser observadas as situações relacionadas aos impostos e às taxas da União ou municipalidade e ainda, sobre a área construída, é preciso analisar: a existência de dívidas de IPTU, condominiais e de laudêmio/foro quando se tratar de imóvel foreiro; se existe divergência de área entre o que está averbado no cartório de registro de imóveis com a que consta na prefeitura e, ainda, com a área que foi constatada na avaliação do imóvel, entre outras. Nos casos de uso do FGTS pelo proponente, a análise irá também verificar se o imóvel foi objeto de compra com utilização anterior do FGTS nos últimos três anos, condição impeditiva para nova utilização do FGTS na aquisição do mesmo imóvel antes de transcorrido aquele prazo. Documentação Básica Para análise da situação do imóvel, deverão ser apresentados os seguintes documentos básicos: Certidão da matrícula com negativa de ônus atualizada (validade de 30 dias); Carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU; Certidão Negativa de Débitos e Tributos Imobiliários; Declaração de Inexistência de Débitos Condominiais (imóveis submetidos ao regime de condomínio); Certidão de Autorização de Transferência emitida pela Secretaria de Patrimônio da União – SPU, quando se tratar de imóvel foreiro à União ou documento correspondente quando se tratar de outro tipo de foro, inclusive o foro privado. Os cartórios de registro de imóveis dos Estados do Rio de Janeiro, Brasília, Ceará e Paraná fazem exigências específicas com relação às certidões que deverão ser apresentadas para efetuar o registro do contrato de financiamento. Aquisição Análise do Vendedor PF ou PJ A análise da documentação dos vendedores tem o objetivo de verificar as questões que possam trazer riscos futuros, relacionadas à propriedade do imóvel (objeto da transação) como: a legitimidade da propriedade; as alterações na propriedade decorrentes de separação, morte e/ou doação quando se tratar de vendedores pessoas físicas; a existência de dívida em nome dos vendedores (pessoas físicas ou jurídicas) que possa caracterizar fraude a credores, entre outras. Para elevar a segurança jurídica nas transações imobiliárias, foi editada a Medida Provisória nº 656 de 7/10/14, convertida na Lei nº 13.097 de 19/1/15, que instituiu o chamado regime de concentração dos atos na matrícula imobiliária, com vigência plena a partir de 20/2/17, nos seguintes termos: Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos reais sobre imóveis são eficazes com relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em que não tenham sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes informações: registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias; averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos previstos do art. 615-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil; [*] averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados, de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados ou cuja responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos termos do inciso II do art. 593 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. [**] Parágrafo único. Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula no registro de imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e 130 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e as hipóteses de aquisição e extinção da propriedade que independam de registro de título de imóvel. ... Art. 58. O disposto
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