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Fichamento - Comunicação Extensão Rural

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PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL (PPGEXR) 
 
Discente (s): GEIZA OLIVEIRA DE AFONSO 
 
 
FICHAMENTO DO TEXTO: 
 
DUARTE, R.; SOARES, J. B. Extensão rural e comunicação rural no Brasil: Notas históricas e desafios contemporâneos. REVISTA DE 
EXTENSÃO E ESTUDOS RURAIS. V. 1, N. 2, P. 397-426, JUL. - DEZ. 2011. 
 
Citação Diálogo Circunstanciado 
“Após 1945, os norte-americanos viram a necessidade de expansão do 
excesso de produção de maquinário, em especial agrícola, e iniciaram a 
propaganda (comunicação e persuasão) de transferência de tecnologia 
(obsoleta para eles) na direção do meio rural brasileiro, escoando seu 
excesso de produção.” (p.401) 
Essa transferência de tecnologias além de maquinários incluía insumos 
químicos e sementes modificadas geneticamente – os chamados 
pacotes tecnológicos da “Revolução Verde” impulsionando o 
monocultivo e a perda da biodiversidade brasileira. 
“A noção de ER no Brasil, então, se vinculou a essa propaganda da técnica 
agrícola, à difusão de tecnologia ou Difusionismo que foi sistematizada 
pelo pesquisador norte-americano Everett Rogers.” (p.402) 
A noção de ER construída nessa lógica difusionista no Brasil, resultou 
durante anos em uma política de ATER – Assistência Técnica e 
Extensão Rural, baseada na Teoria da Difusão de Inovações, onde o 
agricultor era visto como um simples receptor de conhecimentos, sem 
uma abordagem dialógica. 
“O Difusionismo utilizava diversos canais de comunicação: reuniões 
comunitárias, explicações em dias de campo, informações pelo rádio, pelos 
periódicos, pelos manuais agrícolas e convencimento dos líderes de 
opinião da comunidade com o objetivo de influenciar as unidades 
familiares no meio rural.” (p.403) 
Ainda é muito comum esse tipo de abordagem no meio rural, 
especialmente pelos meios de comunicação de massa, que conseguem 
influenciar no modo de produção dos agricultores, o que induz muitas 
vezes os agricultores familiares a adotarem as práticas do agronegócio. 
“A Comunicação Rural (CR) nasce como mudança paradigmática da 
transferência em si para a troca de saberes, que traz novos olhares para 
velhos problemas: “comunicação comunitária”, “comunicação 
participativa e desenvolvimento local, integrado e sustentável”, 
“comunicação e redes solidárias”, “comunicação e ecologia no campo”, 
“educação ambiental”, “comunicação nas organizações rurais”, entre 
outros.” (p.404) 
Nesse sentido, busca-se compreender as novas forma de sociabilidade 
engendradas pelas tecnologias no lazer ou no trabalho, preocupa-se 
com o papel da Comunicação Rural num espaço onde estão imbricadas 
diferentes temporalidades, bem como investiga a possibilidade de 
desenvolver estratégias de Comunicação Rural a distância através da 
interatividade tecnológica. 
“Em especial o estudo sobre CR na perspectiva da comunicação 
participativa tem seu marco com Luís Ramiro Beltrán que, sob a influência 
do livro do educador Paulo Freire “Comunicação ou Extensão?” (1969)” 
(p.406) 
Paulo Freire, através de sua obra Extensão ou Comunicação? propõe 
formas de garantir processos dialógicos e participativos entre técnicos 
e agricultores ou, como costumava dizer, entre educadores e 
educandos, num processo contínuo de realimentação pedagógica. 
“(...) nos anos de 1960, as zonas rurais do semiárido nordestino eram 
castigadas pela ausência de desenvolvimento rural: a falta de educação 
formal, de emprego, de crédito, de renda e de projetos de convívio com a 
seca.” (p.406) 
É dentro deste contexto que se procura analisar a relação estabelecida 
entre um agrônomo, técnico agrícola, extensionista e o produtor rural. 
Em geral a comunicação rural confunde-se com informação rural, 
como o próprio nome indica, destinando-se mais a informar do que a 
estabelecer um processo de comunicação entre técnicos e produtores. 
“Essas formas de comunicação rural, sem a presença de técnico 
extensionista, articuladores sociais ou profissionais da comunicação, 
somente utilizavam os veículos de informação como amplificadores das 
formas de comunicação que já existiam no meio rural.” (p.407) 
A construção de um modelo de Comunicação Rural exige uma 
combinação entre o ensino técnico e a pesquisa acadêmica. 
“O rural é visto como uma indústria, mas também como lugar de refúgio 
junto às tradições, nascendo como proposta de programa de televisão na 
TV Globo no dia 6 de janeiro de 1980.” (p.408) 
Essas preocupações teóricas foram sendo sedimentadas, na medida em 
que os estudos sobre o novo espaço agrário brasileiro mostravam que 
a Extensão Rural/Comunicação Rural não poderia se restringir a ações 
voltadas exclusivamente para as atividades agrícolas, considerando 
que as atividades não agrícolas vêm assumindo, como vimos, 
expressão econômica nesses contextos populares rurais. 
“(...) a cidade falava ainda muito pouco do campo e este não falava quase 
nada da cidade. O Globo Rural foi, então, o grande marco, cidade e campo 
se vendo e falando mutuamente a partir de 1980. Até então, somente o 
O Jornalismo, como guardião da liberdade e dos direitos da sociedade, 
deve lembrar que, mesmo nos lugares mais distantes de nossos sertões, 
vivem brasileiros com os mesmos direitos da população urbana. 
jornalismo falava do campo e poucos aparelhos de televisão existiam fora 
da cidade” (PORTO, 1987, 166)” (p.408) 
“Os coordenadores do Seminário tinham em mente que a questão ecológica 
dentro da CR não podia se voltar apenas para a depredação da fauna e da 
flora e para os aspectos socioeconômicos aí embutidos, mas também para 
os impactos dessa depredação sobre o homem.” (p.409) 
Caberá ao Comunicador Rural filtrar o útil e desprezar o inútil para o 
meio, o que, obviamente, exigirá desse profissional algum 
conhecimento técnico do meio. 
“A sugestão do pensar o Rural para além das atividades estritamente 
agrícolas torna-se imperiosa nos textos de Graziano da Silva (1993:11). O 
autor trabalha com a hipótese de que o meio rural brasileiro, de modo geral, 
não pode mais ser tomado apenas como o lugar das atividades estritamente 
agropecuárias.” (p.410) 
A nova Extensão Rural, na prática de comunicação com o ruralista, 
deverá abrigar equipes multi e interdisciplinares, consciente de que as 
angústias sociais no campo não se resumem ao desconhecimento 
técnico, nem são eliminadas com o simples repasse de conhecimentos 
científicos 
“A mudança de eixo na CR ocorre quando as pesquisas “abandonam” a 
perspectiva da dominação política e econômica para se ater à perspectiva 
das interações simbólica e cultural.” (p.411) 
A comunicação rural, na maioria das vezes era entendida e praticada 
ocultando a realidade ou desviando os produtores de seus reais 
problemas, controlando seu conhecimento sobre sua verdadeira 
situação e suas causas. 
“Os estudos tradicionais sobre Comunicação Rural na perspectiva da 
comunicação participativa de dominação política e econômica não davam 
conta de explicar a motivação simbólica e cultural dos agricultores nos 
encontros extensionistas e de que maneira esses receptores-finais da 
mensagem respondiam as propostas dos emissores da informação (as 
políticas governamentais e institucionais).” (p.411 - 412) 
O setor agropecuário brasileiro, como um dos maiores geradores de 
renda no País, ainda não ocupa, na mídia, correspondente espaço, visto 
que as escolas de comunicação são totalmente alienadas do rural e só 
o contextualizam nas suas festas juninas, e os estudiosos da 
comunicação continuam ignotos e distantes daqueles cujo trabalho é 
colher, em alguma parte do País, a sua alimentação diária. 
“A pesquisa sobre o Novo Rural Brasileiro indicava o crescimento das 
atividades não-agrícolas no meio rural, e o objetivo dos estudos em CR se 
focou nos Estudos de Recepção das propostas de Turismo Rural dos 
governos estaduais entre os agricultores familiares, trabalhadoresrurais e 
jovens rurais (incluindo aí o ecoturismo, o turismo histórico, o turismo 
religioso, o turismo gastronômico e de consumo das feiras de artesanato 
regional etc.). (p.412) 
Hoje, o Brasil, dono da mais rica biodiversidade do planeta, desperta a 
cobiça internacional e assusta o mundo com o seu potencial de 
produção de bois, suínos, frangos, suco cítrico, frutas, flores, plantas 
medicinais, aromáticas e soja. No entanto, é notória a ausência do 
Jornalismo neste segmento da sociedade brasileira, que, preocupado 
em só registrar as transformações na sociedade urbana, não percebeu 
as intensas mudanças no meio rural brasileiro. 
“(...)as noções de extensão rural e comunicação rural participativa se 
deslocam de perspectivas políticas e econômicas de dominação, 
Eclodiu, em forma jamais imaginada pela sociologia rural, um 
movimento de desdobramentos ainda nebuloso, mas irreversível, pela 
predominante nos anos de 1960 e 1970, na direção de perspectivas culturais 
e simbólicas de interação, na direção de preocupações com a produção de 
sentido nas conversações, interpretações entre sujeitos, ação e mobilização 
das pessoas para o uso das mensagens e das técnicas extensionistas, que 
viabilizem a qualidade da forma de vida das pessoas e da produção do 
país.” (p.413) 
sua abrangência nacional e pela carga ideológica hoje nele posto pelos 
políticos que se apossaram de parte da cúpula desse movimento. 
“Comunicação e Desenvolvimento”, na perspectiva do meio rural, sempre 
esteve vinculada ao tema do Desenvolvimento Rural que, na condição de 
grande tema, agregava várias outras noções como as ideias do 
“sustentável”, do “local”, do “agrário” ou do “agrícola”. (p.413) 
O paradigma do desenvolvimento definiu-se como processo 
participatório da modificação social num sistema que pretende 
considerar os avanços materiais e sociais para a maioria das pessoas, 
podendo estas obterem um maior controle sobre o ambiente em que 
vivem. 
“A Comunicação Rural, através de veículos de informação ou 
simplesmente o conversacional entre sujeitos sempre, irá focalizar a 
relação/interação/vínculo/associação comunicacional entre os públicos 
afetados pelos conhecimentos.” (p.414) 
Com base nessas axiomáticas perscrutações sociais, deve-se colocar 
um Comunicador Rural consciente das imanentes transformações 
sociais subjacentes por muitos anos. 
“Nesse dinâmico processo comunicacional interativo e participativo dos 
grupos e pessoas comuns nas discussões dos problemas públicos do meio 
rural, nos parece fundamental a atualização do perfil do extensionista rural, 
também como receptores de primeira ordem, na direção do papel de 
mediador com o objetivo de organizar a conversação em torno de uma 
“corresponsabilidade coletiva” (Apel) de todos aqueles interessados no 
desenvolvimento rural.” (p.416) 
O que deveria ser estabelecido neste processo de comunicação entre 
técnicos e produtores, é uma relação de troca, sendo que o técnico iria 
buscar as reais necessidades dos produtores, analisar seu contexto 
social, cultural, econômico, aproximando dos verossímeis problemas 
dos produtores, visando um desenvolvimento rural que não massacre, 
domestique e robotize os mesmos. 
“Em outros tempos, as pesquisas e as práticas associadas tanto à ER 
(modelo difusionista) quanto à CR (modelo participativo) estiveram sob a 
visão do paradigma da dominação. Na contemporaneidade, a perspectiva 
interativa e participativa sugere o espaço da cultura para a constituição e 
organização da forma de vida rural, no contato social entre as pessoas, e a 
comunicação para o entendimento, necessária em face dos fenômenos 
complexos contemporâneos.” (p.416) 
O modelo de comunicação, tendo como base o modelo participativo, a 
adoção de inovações é o resultado da transferência de tecnologia e a 
comunicação é sua grande aliada. 
“A experiência extensionista herdada pela ER no Brasil mostra que, para 
dar continuidade a projetos sustentáveis (empoderamento), é fundamental 
compreender o Outro, interagir face a face ou através da mídia, com o 
objetivo de constituir em conjunto uma linguagem própria do 
conversacional entre os sujeitos.” (p.416) 
Se faz necessário estar imbuído da firme decisão de comprometimento 
com a causa social. O novo Comunicador Rural deverá estar imbuído 
de clara noção ambiental, para alertar, discutir, condenar e denunciar 
abusos contra a natureza, patrimônio maior de uma nação, e estar 
claramente informado sobre o assunto que invadirá a mídia no próximo 
milênio, como propriedade intelectual, biodiversidade e transgênicos. 
“O perfil educacional do extensionista rural requer atualização dos 
conhecimentos, em nível de pós-graduação, pois cresce em importância a 
elaboração de projetos científicos eficazes e originais na área, melhorando 
o exercício da função na condição de mediadora dos variados discursos dos 
atores sociais envolvidos.” (p.418) 
A partir dessa preocupação os programas de pós-graduação em 
Comunicação Rural começaram a desenvolver algumas perspectivas 
de pesquisa alinhadas ao novo cenário dos contextos rurais. 
“No futuro, cabe aos pesquisadores na área de extensão rural e 
comunicação rural no país a formação de um grupo de trabalho para se 
fortalecerem em nível nacional, convergindo temas de pesquisas e 
interlocutores em suas linhas de pesquisa.” (p.419) 
A Comunicação Rural no futuro, como parte do extensionismo, deverá 
ser praticada por um técnico consciente de sua missão no meio, com 
simpatia pela atividade e noções claras das diferenças básicas entre o 
homem do campo e o homem urbano, conhecendo e respeitando as 
idiossincrasias rurais.

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