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1 Percursos Gramaticais pretende ser um guia de estudo e de sistematização dos conteúdos gramati- cais lecionados no Ensino Secundário, concretamente no 11.o ano. As atividades de funcionamento da língua propostas no manual Outros Percursos 11 permitem-te refletir sobre os mecanismos que contribuem para o desenvolvimento da competência de comu- nicação, através de uma diversidade de textos e exercícios. Esta obra poderá, então, esclarecer as tuas dúvidas e auxiliar-te na resolução daquelas atividades de funcionamento da língua, bem como das do Caderno de Atividades. Aconselhamos-te, então, a consultá-lo de forma regular e sistemática, para poderes desenvolver o teu conhecimento sobre noções e regras gramaticais. “Usa e serás mestre”, diz o adágio popular, por isso, segue este conselho e viaja pelos Percursos Gramaticais, sempre que for necessário. As autoras APRESENTAÇÃO ÍNDICE 2 Atos de fala............................................................................................... 3 Realização direta e indireta dos atos de fala .......................................... 4 Aspeto verbal ........................................................................................... 4 Classes de palavras ................................................................................. 6 Coesão...................................................................................................... 14 Coerência ................................................................................................. 15 Deíticos .................................................................................................... 16 Formação de palavras ............................................................................ 17 Frase simples/Frase complexa .............................................................. 18 – Coordenação .............................................................................. 18 – Subordinação ............................................................................. 19 Funções sintáticas .................................................................................. 21 – Nucleares .................................................................................... 21 – Internas ....................................................................................... 23 – Vocativo ...................................................................................... 24 – Modificadores ............................................................................. 24 Grupos frásicos ....................................................................................... 25 Interação discursiva ................................................................................ 26 Marcadores discursivos .......................................................................... 27 Modalidade .............................................................................................. 28 Relato do discurso ................................................................................... 29 Relações lexicais ..................................................................................... 30 Tempos e modos verbais ........................................................................ 32 ATOS DE FALA 3 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 A linguagem assume formas diversas conforme a intenção do sujeito de enunciação e/ou o con- texto em que o enunciado é proferido, chamando-se a isso ato de fala. Este apresenta três com- ponentes: i) ato locutório – consiste no próprio ato de falarmos, através da combinação de palavras. ii) ato ilocutório – revela a intenção comunicativa do locutor (pedir, ordenar, informar, declarar…), através da utilização de diferentes verbos e de diferentes tipos de frase. Assim, obtemos atos assertivos, diretivos, compromissivos, expressivos, declarativos e declarativos assertivos. iii) ato perlocutório – consiste no efeito que o ato ilocutório proferido produz no interlocutor (influenciar, irritar, emocionar…). A classificação dos atos de fala resulta de um conjunto de variáveis, tais como: o objetivo da comu- nicação, a relação entre os interlocutores, o espaço e o tempo em que o enunciado é produzido, podendo considerar-se os seguintes atos de fala: ATOS DE FALA DEFINIÇÃO MARCAS LINGUÍSTICAS EXEMPLIFICAÇÃO Assertivos Demonstram a implicação do enunciador em relação à verdade/falsidade do enunciado. – Asserções afirmativas/negativas – Verbos – acreditar, admitir, afirmar, considerar, discordar, negar… – Expressões verbais: ser possível/necessário, achar possível/necessário… - Padre António Vieira foi perseguido pela Inquisição. - Admito que alguns textos do período barroco não são de fácil compreensão. Diretivos Revelam a intenção de o emissor influenciar o modo de agir do interlocutor, levando-o a concretizar algo. – Frases de tipo imperativo – Frases de tipo interrogativo (diretas/indiretas) – Verbos diretivos – avisar, convidar, exigir, proibir, ordenar – Expressões iniciadas por querer que + verbo – Abri, abri estas entranhas; vede, vede este coração. (Sermão de Santo António, cap. III, P.e António Vieira) – A minha senhora está a ler? (Ato I, cena II, Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett) – Ora sirva-se desse fricassé, ande, abade (Os Maias, cap. III, Eça de Queirós) Compromissivos Expressam a intenção de o emissor realizar, no futuro, uma ação, ou cumprir o que enuncia. – Verbos - prometer, jurar, garantir – Frases em que se use o futuro do indicativo ou outro tempo equivalente – Frases complexas do tipo condição-consequência - Por esta causa não falarei hoje em Céu nem Inferno (…) (Sermão de Santo António, cap. II, P.e António Vieira) - Vou, já te disse, vou dar uma lição aos nossos tiranos (…) (Ato I, cena VIII, Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett) Expressivos Revelam o estado psicológico do locutor através do conteúdo do enunciado. – Frases de tipo exclamativo – Verbos expressivos – agradecer, desculpar-se, felicitar, lamentar – Expressões verbais – achar bem/mal, gostar muito/pouco – Expressões exclamativas - Que mundo! Coitadinha! (“Contrariedades”, Cesário Verde) - Caramba! Tu vens esplêndido desses Londres, dessas civilizações superiores. (Os Maias, cap. IV, Eça de Queirós) Declarativos/ Declarações Implicam a criação de uma nova realidade, a partir do enunciado de um locutor cuja posição social seja reconhecida pelo destinatário. – Verbos declarativos – declarar, nomear, batizar, abrir, encerrar, terminar - Declaro-vos marido e mulher. - Declaro aberta a sessão. Ato de fala direto consiste na realização de um ato de fala através do uso explícito de verbos per- formativos ou realizativos (pedir, ordenar, exigir, convidar, …), os quais orientam claramente a inter- pretação da força ilocutória do ato, ou seja, o objetivo do locutor ao proferi-lo. Exemplos: Peço-te que me ouças. Exijo uma recompensa. Convido-te para o meu aniversário. Ato de fala indireto consiste na realização de um ato de fala cujo enunciado literal/gramatical não revela, de forma explícita, a intenção comunicativa do locutor. Exemplo: Já está a chover. Literalmente, o enunciado “Já está a chover.” revela uma informação; no entanto, atendendo ao contexto em que é proferido, pode pretender alertar o interlocutor para o facto de não poder sair ou para a necessidade de levar um guarda-chuva (…), encerrando, deste modo, um ato de fala diretivo. Assim, fatores contextuais e processos de dedução/inferência contribuem para a com- preensão do que se diz e da forma como se diz. O aspeto é uma categoria que indica a forma como o locutor perspetiva o acontecimento expresso pelo verbo ou complexo verbal. Nem sempre o valor aspetual do enunciado depende só do valor temporal das formas verbais, embora se possam associar diferentes valores aspetuais a cada tempo verbal. O aspeto verbal resulta do aspeto lexical (combinado com o valor dos tempos verbais, dos verbos auxiliares, dos quantificadores,dos tipos de nomes (contáveis ou não contáveis) e também dos modificadores. Desta combinação surgirão diferentes valores aspetuais, como se pode verificar nas duas tabelas que se seguem. Aspeto lexical – relaciona-se com o significado lexical do verbo ou complexo verbal, podendo classificar-se como: REALIZAÇÃO DIRETA E INDIRETA DOS ATOS DE FALA ASPETO VERBAL 4 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 ASPETO LEXICAL CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS Eventos (situações dinâmicas) Instantâneos Refletem situaçõespontuais/instantâneas. – O atleta subiu ao pódio. – O menino rebentou o balão. Prolongados Referem situações prolongadase delimitadas temporalmente. – Os alunos fizeram os resumos (num mês). – A secretária elaborou os relatórios mensais. Atividades Evidenciam situações nãodelimitadas temporalmente. – Íamos à piscina todos os dias. – Eles têm feito horas extraordinárias. Estados (situações não dinâmicas) Reportam-se a situações também não delimitadas temporalmente. – O Pedro gosta de música Pop. – A Luísa vive em Lisboa. 5 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 Aspeto gramatical – resulta da flexão dos verbos e dos complexos verbais, considerando-se: ASPETO GRAMATICAL CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS Valores aspetuais gramaticais básicos Perfetivo O verbo, normalmente no pretérito perfeito do indicativo, apresenta o acontecimento como concluído, considerado no seu resultado. – Os alunos entregaram o teste no fim da aula. – Os alunos acabaram de sair da sala. Imperfetivo O verbo, geralmente no pretérito imperfeito do indicativo, expressa o acontecimento no seu decurso, isto é, não concluído. – O Luís estava a resolver o exercício. – A aluna escrevia a resposta. Os enunciados podem ter outros valores aspetuais, associados à quantificação, à duração da situa- ção e à fase de desenvolvimento: VALORES ASPETUAIS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS Quantificação Genérico Percecionado em enunciados relativos a situações atemporais e verdadeiras, cujos verbos estão no presente do indicativo. - O homem é mortal. - Uma semana tem sete dias. Habitual Presente em enunciados que apresentam situações que decorrem num período de tempo ilimitado, socorrendo-se de verbos no presente e no pretérito imperfeito do indicativo. - O meu pai vai à piscina todos os dias. - Costumava ir ao cinema com os meus colegas. Iterativo Refletido em enunciados que referem situações que se repetem num dado período de tempo, delimitado ou não. - No inverno passado fiz ski durante um mês. - A campainha da escola toca para controlar as entradas e saídas de aula. Duração da situação Pontual Refere-se a eventos instantâneos e asituação não apresenta qualquer duração. - Ela partiu às catorze horas. - O João tropeçou. Durativo Refere-se a eventos prolongados, aestados ou a atividades. - O João é simpático. - Os alunos vão fazer hoje o teste de avaliação. Fase de desenvolvimento Ingressivo Quando a situação é apresentada no seuinício. - Os alunos estão a começar a aula de Educação Física. Progressivo Quando a situação é apresentada no seudecurso. - Os alunos estão na aula de Educação Física. Terminativo Quando a situação é apresentada nomomento de conclusão. - Os alunos acabaram a aula de Educação Física. Resultativo Quando se apresenta o resultado da açãoou do processo. - As inundações provocaram centenas de mortos. 6 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSES DE PALAVRAS Adjetivo Palavra pertencente a uma classe aberta, que varia em género, número e grau. Constitui o núcleo do grupo adjetival, admitindo a precedência de advérbios. Pode selecionar complementos Exemplos: - A atitude dos colonos é muito grave. - Estou ansioso por encontrar mais justiça. - O orador ficou dececionado com os homens. Numeral – Expressa uma ordem ou sucessão; – Situa-se, geralmente, antes do nome; – Pode ser antecedido por determinantes; – Não varia em grau; – Designava-se, tradicionalmente, como numeral ordinal. – A última comemoração do ano vieirino ocorreu em 2008. – No quarto capítulo do sermão surgem as repreensões. Qualificativo – Atribui uma qualidade ao nome a que se reporta; – Funciona como modificador ou complemento de grupo nominal; – Ocorre, normalmente, depois do nome, embora alguns possam ser colocados à esquerda e à direita, adquirindo sentidos distintos. – O pobre orador sofreu com a Inquisição. (O orador pobre perdeu a fé nos homens.) – O bom colono distribuía esmolas. (O colono bom pavoneava-se por todo o lado). Relacional – Deriva de um nome; – Pode ser agente ou indicar posse; – Não admite, frequentemente, variação em grau; - Coloca-se depois do nome. – O poder clerical foi questionado. – Em território brasileiro grassava a injustiça. Advérbio Palavra invariável que apresenta características diversas. Constitui o núcleo do grupo adverbial, pode substituir-se por um advérbio com terminação em -mente, exceto o advérbio de negação “não”. Pode desempenhar a função sintática de modificador de frase ou do grupo verbal, de complemento oblíquo ou de predicativo do sujeito. Alguns podem também modificar grupos preposicionais, adjetivais ou nominais. Conectivo – É utilizado para estabelecer conexões entre frases1 ou seus constituintes2, dando conta de uma determinada ordem1, uma consequência3, um contraste4; – Não são afetados pela negação nem pela interrogação, à semelhança do que acontece com os advérbios de frase; – Distinguem-se das conjunções com valor idêntico por poderem ocorrer entre o sujeito e o predicado. 1 Cesário Verde chegou a Lisboa para trabalhar na loja de ferragens do pai. Seguidamente mudou-se para o campo e depois criticou os citadinos. 2 Cesário tece várias críticas, concretamente aos exploradores citadinos. 3 Os homens não ouviam; Vieira voltou-se, portanto, para os peixes. 4 Vieira esforçou-se; a vaidade dos homens, contudo, falou mais alto. De frase – Apresenta diferentes valores semânticos; – Caracteriza-se pela impossibilidade de ser negado ou interrogado. – Certamente, Vieira não erradicou o mal. (valor de afirmação) – Provavelmente alguém prosseguiu a pregação de Vieira. (valor modal – dúvida) De predicado – Tem três valores semânticos: tempo, modo e lugar; – Ocorre dentro do grupo verbal; – Pode desempenhar a função de complemento oblíquo, modificador do grupo verbal (e, mais raramente, de predicativo do sujeito); – Há a possibilidade de ser negado ou interrogado. – Vieira pregava semanalmente em S. Luís do Maranhão. (valor temporal) – Os índios reagiram estranhamente à pregação. (valor modal) – O púlpito era ali, na praia. (valor locativo) Quantidade e grau – Fornece informação relativa ao grau ou quantidade; – Ocorre dentro do predicado1 ou modifica grupos adjetivais2 ou adverbiais3; – Pode (em certos casos) ser utilizado na formação do grau de adjetivos e de advérbios. 1 Cesário escreveu pouco. 2 Sentiu-se muito desolado. 3 Cesário foi reconhecido muito tardiamente. 7 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Negação – Pode ser modificador do grupo verbal ou de um dos seus constituintes; – "Não" é o único advérbio de negação. – Cesário não queria viver na cidade. Afirmação – É utilizado em respostas a frases interrogativas totais1; – Pode ser usado como modificador de um constituinte2, certificando ou reforçando o valor afirmativo da frase. 1 Praticas o bem? Sim. 2 Cesário descreveu a cidade, sim, mas também retratou o campo. Inclusão/ exclusão – É usado para realçar o constituinte que modifica, dando informações sobre o seu caráter exclusivo1 ou a participação ou não num dado conjunto2; – Pode ser interno ao predicado3 ou modificador de grupos adjetivais4, adverbiais5, nominais6 ou preposicionais7. 1 Vieira só fez um sermão aos peixes. 2 Todos os habitantes do Maranhão o ouviam, inclusive os colonos, que costumavam criticá-lo. 3 Os colonos criticaram-no mesmo. 4 Vieira ficou apenas desiludido. 5 Os alunos entregaram só hoje o trabalhosobre P.e António Vieira. 6 Fizeram só a primeira parte do trabalho. 7 Assistiu-se até a simulações do sermão vieirano. Interrogativo “onde”, “quando” e “porquê” – Serve para identificar o constituinte interrogado numa frase interrogativa, podendo substituir-se por um grupo adverbial ou preposicional. - Estuda-se o sermão porquê? Relativo – É usado para identificar o constituinte relativizado numa oração relativa; – É substituível por um grupo adverbial ou preposicional. - A quinta onde Cesário nasceu sofreu um incêndio. Conjunção Palavra invariável, pertencente a uma classe fechada, que liga palavras (as coordenativas), orações coordenadas e subordinadas (completivas e adverbiais). Coordenativa – Liga grupos nominais1, preposicionais2, adverbiais3, adjetivais4 e orações coordenadas5; – Apresenta como subclasses tradicionais as conjunções coordenativas copulativas, disjuntivas, conclusivas, adversativas e explicativas. 1 Vieira e Cesário produziram obras marcantes. 2 Os autores ficaram em sobressalto ou em pânico perante as injustiças sociais. 3 Vieira falava lenta e pausadamente para ser entendido. 4 Os sermões vieirianos eram duros e incisivos. 5 Vieira foi para Itália; portanto mudou de auditório. Subordinativa – Introduz orações subordinadas (completivas ou adverbial); – Apresenta tradicionalmente como subclasses as conjunções subordinativas completivas1, causais2, finais3, temporais4, concessivas5, condicionais6, comparativas7 e consecutivas8. Note-se que algumas orações subordinadas adverbiais podem também ser introduzidas por locuções9. 1 Bem sabeis que Telmo Pais protegia a jovem Maria. D. Madalena perguntou se era possível. Telmo disse-lhe para não duvidar. 2 Como D. Madalena duvidava, Telmo demonstrou a sua lealdade. 3 Ele não desvendou o mistério dos retratos para não desobedecer a D. Madalena. 4 O Romeiro chegou quando Manuel de Sousa se ausentou. 5 [Apesar de] estar doente, Maria quis acompanhar o pai. 6 Manuel levá-la-ia se D. Madalena autorizasse. 7 Maria verbalizava tanto quanto pensava. 8 Ela questionava tanto que preocupava a mãe. 9 Ainda que, desde que, a fim de, uma vez que... 8 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Determinante Palavra pertencente a uma classe fechada que ocorre antes do nome, com o qual concorda em género e número, especificando-o. | Definido Artigo | | Indefinido o, a, os, as um, uma, uns, umas Nunca antecede determinantes demonstrativos, mas pode anteceder os possessivos. - A minha personagem preferida é o Romeiro. - Um aluno que se preze, lê integralmente as obras de leitura obrigatória. Possessivo meu, minha, meus, minhas teu, tua…; seu, sua…; nosso, nossa…; vosso, vossa… – Varia em género e número; – Concorda com o nome que especifica; – Tem valor deítico ou anafórico; – Estabelece uma relação de posse; – Usa-se, geralmente, em posição pré - -nominal; – É precedido pelo artigo definido ou pelo demonstrativo1 (salvo quando é vocativo2 ou modificador apositivo3); – Pode ser precedido por alguns quantificadores4; – Ocorre em posição pós-nominal5 em determinados contextos. 1 Esta minha mania de ler fica-me cara. 2 Minha Maria, chega aqui. 3 O serviçal, seu criado, era Telmo Pais. 4 [Todos os] meus alunos leram Frei Luís de Sousa. 5 Alguns alunos meus não leram Os Maias. Demonstrativo este, esta…, esse, essa…, aquele, aquela… - Varia em género e número; - Tem valor deítico ou anafórico; - Concorda com o nome que precede; - Estabelece uma relação de proximidade ou distância, tendo em conta os interlocutores; - Não coocorre com o artigo1 e, em caso de coocorrência com o determinante possessivo, precede-o obrigatoriamente2; - Pode ser precedido por alguns quantificadores3. Esta jovem sabia o que fazia./ 1 A esta jovem… Esta minha turma lê pouco./ 2 Minha esta turma… 3 Toda esta tragédia familiar comove. Indefinido certo(s), certa(s), outro(s), outra(s) – Varia em género e número; – É utilizado em contextos em que não há informação específica ou identificada1; – Distingue-se do artigo indefinido porque ambos podem comparecer2. 1 Certos jovens assumem comportamentos incorretos. 2 Umas certas meninas fizeram disparates. Relativo cujo, cuja, cujos, cujas – Antecede um nome no início das orações relativas. – Os textos cujos autores foram sugeridos são muito bons. Interrogativo que, qual, quais – Precede o nome em frases interrogativas. – Que livro escolheste para apresentar? Interjeição Palavra invariável que pertence a uma classe aberta e que não desempenha nenhuma função sintática, servindo apenas para expressar emoções de… 1 alegria; 2 animação/ incitamento; 3 aplauso; 4 desejo; 5 dor 6 espanto ou surpresa; 7 impaciência/ irritação 8 invocação/ chamamento 9 silêncio 10 suspensão 11 terror – Classifica-se de acordo com o seu valor semântico; – Interpreta-se de acordo com o contexto, o tom de voz e a atitude do locutor; – Enuncia-se com uma entoação exclamativa na oralidade; – Assinala-se com um ponto de exclamação na escrita. 1 ah!, oh!, ... 2 força! coragem! eia!, vamos!, ... 3 bis! bravo!, viva!, ... 4 oh!, oxalá!, … 5 ai!, ui!, ai Jesus, ... 6 credo!, chiça!, ah!, hi!, e locuções interjetivas como “Meu Deus”, “Essa agora”, … 7 irra!, hem!, mau!, hum!, ... 8 ó!, ei! olá!, pst!, eh!, ... 9 caluda!, pouco pio! psiu!, silêncio!, ... 10 alto!, basta!, ... 11 ui!, uh!, ... 9 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Locução Sequência de duas ou mais palavras que, sintática e semanticamente, se constituem como uma só. Adverbial – Tem o advérbio como classedominante. com rapidez, longe de, com certeza… Prepositiva – Tem a preposição como dominante. ao lado de, por cima de, atrás de,sobre a… Conjuncional – Tem a conjunção como dominante. assim que, logo que, ainda que. Nome Palavra que permite variação em género, em número e em grau (aumentativo e diminutivo). Constitui o núcleo do grupo nominal, podendo ser antecedido por determinantes ou quantificadores, que o antecedem. Alguns nomes podem selecionar complementos. Coletivo Nome que designa no singular um conjunto de objetos ou entidades do mesmo tipo e que admite variação em número. – Há nomes coletivos contáveis e não contáveis, como os exemplificados em1 e 2, respetivamente, sendo que em 2 não admitem plural; – Indica, em algumas situações, quantidades concretas3. 1 frota, alcateia, multidão, enxame 2 fauna, flora 3 A alcateia do Parque Natural do Alvão está em fase de reprodução. Comum Nome que se refere a entidades ou seres, e que pode ou não ser completamente determinado. Admite complementos ou modificadores restritos e plurais. Contável – designa entidades ou seres passíveis de divisão ou enumeração1; – pode ocorrer em construções de enumeração2 e a forma de plural marca uma oposição quantitativa3. Não-contável – designa algo indivisível (ver exemplos 1 e 2); – não ocorre com quantificadores numerais mas com indefinidos e universais3. * Os nomes não contáveis que denotam entidades que podem ser medidas também são designados como "nomes massivos". 1 De entre os poemas de Cesário, o poema “Nós”mereceu melhor aceitação dos alunos. 2 Um [aluno] gostou muito de “Noite Fechada”, dois [alunos] preferiram o “De Tarde” e a maioria não apreciou a poesia cesariana. 3 Um poema/dois poemas… 1 O arroz faz parte da alimentação dos portugueses. 2 A memória [do elefante] é uma qualidade. 3 Há [bastante] arroz no mercado. (= existem várias qualidades de arroz no mercado). Próprio – Designa uma única entidade num determinado contexto discursivo; – É completamente determinado 1-2; – Não admite complementos ou modificadores restritivos3-4 nem varia em número5. Em determinadas situações, os nomes próprios podem ser utilizados em construções típicas dos nomes comuns: – A Espanha que visitámos há 10 anos não existe. 1 “Telmo dá sinais de grande agitação” (Frei Luísde Sousa). 2 O Pedro não leu a obra. 3 *Portugal que visitámos é bonito. 4 *O Pedro fantástico leu tudo. 5 *As Espanhas são enormes. Preposição Palavra invariável que estabelece uma relação sintática e semântica entre grupo nominal, orações ou elementos frásicos. a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, segundo, sem, sob, sobre, trás. – É núcleo do grupo preposicional; – Pode introduzir grupos nominais, adverbiais e frases; – Possui uma função relacional e o seu significado atualiza-se em função do contexto em que ocorre. – Parou perante o obstáculo. – O Romeiro regressou após 21 anos de ausência. 10 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Pronome Palavra pertencente a uma classe fechada que, em alguns casos, varia em género e número, em pessoa e caso. Normalmente, não pode anteceder um nome mas pode substituir um grupo nominal. Demonstrativo a) Formas tónicas este(s), esta(s), isto esse(s), essa(s), isso aquele(s), aquela(s), aquilo b) Formas átonas o(s)/a(s) – Admite variação em género e número; – Tem um valor deítico ou anafórico; – Estabelece referências de proximidade ou distância tendo como referência os interlocutores; – Não pode ser antecedido de determinantes. – Isso preocupa-o. – Telmo referiu-o (= Telmo referiu isso/Telmo referiu que...) – Esta obra de Garrett é mais interessante do que a que escreveu em prosa. Indefinido – Varia em género e número; – Corresponde ao uso pronominal de um quantificador ou de um determinante indefinido. - Alguém visitou D. Madalena na ausência de Manuel de Sousa./ O Romeiro fez tudo para chegar no dia previsto./ Ninguém se lembrava já de D. João de Portugal. - Todas chegaram a tempo da apresentação. – Elas leram todas as obras, mas os rapazes leram apenas algumas. Interrogativo o que, o quê, quem, que, quanto… – Ocorre em frases parciais 1-3; – Identifica o constituinte interrogado. 1 Quem és tu? 2 Onde estiveste, Romeiro? 3 O que pretendeis? Pessoal tónicos: eu, tu, você, ele/ela, nós, vós, vocês, eles/ elas; mim, ti, si. átonos: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes, se. 1. Formas de contração do pronome pessoal tónico com a preposição "com”: comigo, contigo, connosco, convosco, consigo. 2. Formas de contração de dois pronomes pessoais: "mo(s)"/“ma(s)" = “me + o(s)” ou “a(s)”; "to(s)"/"ta(s)" = "te" + "o(s)"/"a(s)"; "lho(s)"/"lha(s)" = "lhe" + "o(s)"/"a(s)") – Varia em caso, pessoa, género e número; – Indica, geralmente, os participantes do discurso, possuindo uma função deítica; – Tem formas tónicas e átonas: as átonas ocorrem junto ao verbo, separando-se por hífen quando colocadas depois do verbo. As formas tónicas são antecedidas de preposição ou contração desta com o pronome; – Verifica-se com a variante átona do pronome pessoal cuja terceira pessoa é "se" os seguintes valores: • reflexividade1; • reciprocidade2; • indefinição do sujeito (valor impessoal – ocorrendo só na terceira pessoa)3; • passivização (valor passivo – ocorrendo apenas na terceira pessoa)4; • fazendo parte do verbo com que se combina (valor inerente)5. 1 Telmo atrapalhou-se. 2 Telmo e o Romeiro abraçaram-se. 3 Fala-se muito de Eça de Queirós. 4 Fazem-se leituras diversas das obras integrais. 5 Maria riu-se muito. 11 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Possessivo Um possuidor: meu, minha, meus, minhas teu, tua, teus, tuas seu, sua, seus, suas Vários possuidores: nosso, nossa, nossos, nossas vosso, vossa, vossos, vossas seu, sua, seus, suas – Varia em pessoa, género e número; – Tem um valor deítico ou anafórico; – É geralmente precedido de artigo definido; – Indica o(s) possuidor(es) do que é designado pelo grupo nominal que substitui. – O Romeiro teve consciência da sua situação. E D. Madalena teve da sua? Relativo Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais… Invariáveis: que, quem – Introduz as orações relativas; – Tem função de conector/articulador. – Escuta o homem de que te falei. – Mostro-te quem te poderá ajudar a perceber melhor a obra. Quantificador Palavra ou locução que ocorre em situações semelhantes às dos determinantes, dando informações sobre quantidade ou número1. Concorda em género e número com os nomes que especifica. 1 Todos os alunos leram Os Maias. - Todos leram um dos livros recomendados. Existencial algum(ns)/ bastante(s) pouco(s)/tanto(s)/ vários(as) – Expressa uma parte de um todo cujo número não é possível precisar. – Vários alunos não leem Os Maias. Interrogativo quanto(s) quanta(s) que – Antecede um nome; – Introduz uma frase interrogativa. – Quantas personagens intervêm em Frei Luís de Sousa? R: Seis na totalidade. Numeral cardinal multiplicativo fracionário – Expressa uma quantidade numérica precisa, multiplicativa ou fracionária. – Intervieram dois personagens. – Apresentaram o triplo dos trabalhos previstos. – Um terço dos alunos não gosta de visitas de estudo. Relativo quanto(s)/quanta(s) cujo(s)/cuja(s) – Identifica o constituinte relativizado; – Tem como antecedente um grupo nominal; – Inicia uma oração relativa. – Maria é uma personagem cuja visão supersticiosa espoleta o dramatismo. – Foram feitas tantas visitas de estudo quantas foram possíveis. Universal todo(s), toda(s), ambos, cada, qualquer/quaisquer, nenhum(a)/ nenhuns(mas) – Vem antes do nome e especifica-o; – Refere-se à totalidade do conjunto que designa. – Ambas as protagonistas de Os Maias se chamam Maria. – Qualquer vontade de Maria Monforte era satisfeita por Pedro. 12 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Verbo É núcleo do grupo verbal e flexiona em tempo, modo, pessoa e número. Auxiliar ser (da passiva)/ ter/haver/ estar/ir/vir e verbos de valor aspetual modal (dever/poder) – Antecede um verbo principal; – É usado na formação de tempos compostos (ter, haver), na passiva, e dá informações relativas ao tempo, aspeto e modo. – Carlos tinha visitado várias vezes Maria Eduarda na Toca. – A Toca foi cedida por um amigo de Carlos. – Carlos iria saber a verdade pelo Sr. Guimarães. Principal – É núcleo do grupo verbal; – Determina ou não a presença do sujeito e de um ou mais complementos; – Apresenta várias subclasses em função da natureza dos complementos que seleciona; – Pode integrar-se em diferentes subclasses, de acordo com o contexto em que surge. – Pedro da Maia amava Maria Monforte. (CD – transitivo direto) – Pedro da Maia gostava de Maria Monforte. (COblq. - transitivo indireto) Copulativo Consideram-se verbos copulativos os seguintes: estar, ser, ficar, parecer, permanecer, continuar, tornar-se e revelar-se – Ocorre numa frase em que existe um grupo com a função sintática de sujeito e outro com a função sintática de predicativo do sujeito. – Os alunos estão satisfeitos. – A professora é espetacular. – O rapaz fica silencioso. – A minha irmã continua em França. – A Sofia parece contente. – Os meninos permaneceram em silêncio. – Os alunos continuam confusos. – Aquele jovem tornou-se violento. – O chefe revela-se incongruente. Intransitivo – Não seleciona complementos. – Quando viu pela primeira vezMaria Monforte, Pedro sorriu. Transitivo direto – Seleciona um segmento que desempenha a função sintática de complemento direto. – Após a morte de Pedro, Afonso abandonou o Ramalhete. Transitivo direto e indireto - Seleciona dois segmentos que vão desempenhar as funções sintáticas de complemento direto, de complemento indireto ou de complemento oblíquo. – O Sr. Guimarães entregou o cofre a Ega. – Carlos colocou o piano na antecâmara do seu consultório. Transitivo indireto – Seleciona um segmento que desempenha a função sintática de complemento indireto ou de complemento oblíquo. – Carlos escreveu a Maria Eduarda. – Para encontrar Maria Eduarda, Carlos vai a Sintra. 13 PERCURSOS GRAMATICAISOUTROS PERCURSOS 11 CLASSE SUBCLASSE EXPLICITAÇÃO/DEFINIÇÃO EXEMPLOS Transitivo - -predicativo – Seleciona um segmento que desempenha a função sintática de complemento direto e outro com a função de predicativo do complemento direto. – Dâmaso considera Carlos da Maia um modelo a seguir. – Carlos e Ega acharam as corridas “uma sensaboria”. FLEXÃO VERBAL Os verbos flexionam em tempo, modo, pessoa e número Modo indicativo, conjuntivo, imperativo, condicional, infinitivo – Permite distinguir a flexão verbal nas formas apresentadas na coluna da esquerda. – Em 1875, Carlos regressou da sua viagem de fim de curso. (modo – indicativo; tempo – pretérito perfeito; pessoa – terceira; número – singular) Tempos pretérito mais - -que-perfeito, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, presente, futuro – Indica o momento temporal em que decorre a ação expressa pelo verbo; – Pode ser um tempo composto, quando é formado com os auxiliares ter e haver. – Algumas personagens de Os Maias reuniam-se ao serão em casa de Afonso da Maia. – Maria Eduarda tinha sofrido muito antes de encontrar Carlos. 14 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 Entende-se por coesão um conjunto de mecanismos gramaticais que permitem as ligações den- tro das frases, entre as frases e entre os parágrafos. COESÃO TIPO DE COESÃO DESCRIÇÃO Frásica Unidade entre os elementos de uma frase • Ordem sintática das palavras (normalmente a estabelecida é SVO, ou seja, Sujeito, Verbo, Complementos; no entanto, pode sofrer alterações). Ex.: Vós sois o sal da terra. (SVO) (Sermão de Santo António, cap. I, P.e António Vieira) • Concordância em género e número Ex.: Os grandes comem os pequenos. (Sermão de Santo António, cap. IV, P.e António Vieira) • Princípio da regência Ex.: Os sermões vieirianos partem de um tema bíblico. Interfrásica Articulação de grupos de palavras e de frases complexas dentro de um parágrafo • Coordenação Ex.: No primeiro período, estudei o Sermão de Santo António, de Padre António Vieira e, no segundo, analisei a obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. • Subordinação Ex.: Sempre que analisava as alegorias do sermão que estudei, associava-as à atualidade. • Conectores/articuladores discursivos Ex.: Passou uma semana sem ir às aulas; portanto, quando regressou, teve alguma dificuldade em retomar os assuntos. Temporal Sequencialização dos enunciados de acordo com uma lógica temporal • Palavras/expressões sequencializadoras Ex..: Em primeiro lugar, faço o plano do texto; depois, redijo-o; finalmente, procedo à sua correção. • Advérbios/expressões que apontam para a localização temporal Ex: Antigamente, a escolaridade era limitada. Atualmente, a realidade é bem diferente. • Correlação dos tempos verbais (ver o exemplo anterior, cujos verbos estabelecem uma relação temporal com os advérbios sublinhados). Referencial Recurso a elementos que se relacionam com a situação de produção do discurso • Deíticos (pessoais, temporais, espaciais) Ex.: Madalena, Maria, não vos quero ver aqui mais. Já, ide; serei convosco em pouco tempo. (Ato I, cena X, Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett) (deíticos pessoais: “vos”, “quero”; “ide”; “convosco”; temporal: “quero”; “já”; “serei”; “em pouco temo”; espacial: “aqui”) Recurso a elementos que retomam o discurso anterior • Anáforas (retomas) lexicais e pronominais Ex.: Vosso pai, D. Maria, é um português às direitas. Eu sempre o tive em boa conta. (Ato II, cena I, Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett) Recurso a elementos que preparam o discurso posterior • Catáforas lexicais/pronominais (antecipação de elementos textuais) Ex.: E rota, pequenina, azafamada,/Notei de costas uma rapariga (“Num Bairro Moderno”, Cesário Verde) 15 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 A coerência textual resulta da ligação entre as diferentes partes e ideias de um texto, implicando uma determinada ordem e estrutura, assim como da relação do conteúdo informacional dos tex- tos com o conhecimento que o falante possui da realidade. Ora, para um texto ser coerente, é necessário: • haver progressão (isto é, a informação deve ser renovada, partindo da conhecida para a não conhecida). • não haver contradição (isto é, a informação deve ser renovada de forma a não contradizer a outra já apresentada. Exemplo de um enunciado que não respeita este princípio: Como ela está muito triste, ri-se. – A segunda frase contradiz a primeira em termos informacionais). • não haver repetição (isto é, a informação deve ser renovada, portanto não repetindo a já apre- sentada. Exemplo de um enunciado que não respeita este princípio: Esta manhã ficou marcada por uma grande quantidade de chuva. Durante a manhã choveu muito. – A segunda frase repete a infor- mação da primeira). Conclusão: Para que um texto seja entendido como um todo com sentido, é imprescindível as fra- ses manterem uma relação entre si, o discurso ser lógico e as ideias bem organizadas. À medida que o texto progride, deve introduzir-se nova informação que não repita nem contradiga a anterior. Para que tal aconteça, a coerência e a coesão são fundamentais. COERÊNCIA TIPO DE COESÃO DESCRIÇÃO Lexical Correferencialidade (relação entre palavras/expressões que remetem para um mesmo referente) • Repetição Ex.: Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga (…). (Sermão de Santo António, cap. I, P.e António Vieira) • Substituição por: – sinonímia Ex.: É uma alegria ver o interesse destes jovens! É uma felicidade saber que estão a interpretar a mensagem do autor. – hiperonímia/hiponímia Ex.: Dos animais terrestres o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, (…). (Sermão de Santo António, cap. II, P.e António Vieira) – Holonímia/meronímia Ex.: Se acaso vos não conheceis, olhai para as vossas espinhas e para as vossas escamas, e conhecereis que não sois aves, senão peixe, e ainda entre os peixes não dos melhores. (Sermão de Santo António, cap. V, P.e António Vieira) • Pronominalização Ex.: O que escrevi em prosa pudera escrevê-lo em verso (…). (“Memória ao Conservatório Real”, Almeida Garrett) • Definitivização (recuperação da informação através do uso do artigo definido) Ex.: Garrett deixou uma vasta obra literária, passando pela poesia, narrativa e drama. Mas a obra que mais me surpreendeu foi Frei Luís de Sousa, pela tensão dramática que as personagens vivenciaram. 16 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 Os deíticos são mecanismos linguísticos de caráter pessoal, espacial e temporal, que remetem para a situação de enunciação, que pressupõe sempre um eu-tu, um aqui e um agora. Por exemplo, numa situação de interação, há sempre um “eu” que comunica com um “tu”, num determinado espaço e num determinado tempo. As marcas linguísticas que confirmam estas três referências designam-se de deíticos. Exemplificando: Em síntese: Elementos com referenciação deítica - pronomes pessoais; - determinantes e pronomes possessivos; - determinantes e pronomes demonstrativos; - artigos; - tempos verbais; - algumas preposições e locuções prepositivas; - alguns adjetivos (atual; contemporâneo, futuro, …); - alguns nomes (véspera, …). DEÍTICOS DEÍTICOS EXEMPLOS DE ENUNCIADOS MARCAS LINGUÍSTICAS Pessoal Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas virtudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (Sermão de Santo António, cap. II, P.e António Vieira) Formas verbais conjugadas na 1.ª pessoa (do singular ou do plural): procedamos, dividirei, louvar-vos - -ei, repreender-vos-ei A denunciarem a presença do locutor Determinantes possessivos e pronomes pessoais de 2.ª pessoa: vossos, vos A denunciarem a presença do interlocutor, marcada pelo uso do vocativo: peixes Espacial Para cá, para cá; para a Cidade é que haveis de olhar. (Sermão de Santo António, cap. IV, P.e António Vieira) Advérbios de lugar: cá Temporal Isto suposto, quero hoje,à imitação de S. António, voltar-me da terra ao mar, e já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. (Sermão de Santo António, cap. I, P.e António Vieira) Advérbios de tempo: hoje Formas verbais (designadamente no que diz respeito às informações temporais): quero (…) voltar-me (…) pregar; se não aproveitam 17 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 Palavra simples – palavra formada por um único radical, sem afixos derivacionais, mas podendo exibir afixos flexionais. Palavra complexa - palavra formada por derivação ou por composição. FORMAÇÃO DE PALAVRAS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS EXEMPLOS Derivação Processo de formação de novas palavras que consiste na junção de um afixo a uma forma de base. Não afixal Consiste num processo de formação depalavras que origina nomes deverbais. pesc -> pesca danç -> dança Conversão Consiste num processo de formação de palavras, também designado por derivação imprópria, que integra uma dada unidade lexical numa outra classe de palavras. Velho - nome – Estás a olhar para o velho. Velho – adjetivo – Aquele livro está velho. Afixal Processo morfológico que consiste na associação de um afixo a uma forma de base. PREFIXAÇÃO Consiste na junção de um prefixo a uma forma de base. Desinteresse SUFIXAÇÃO Consiste na junção de um sufixo a uma forma de base. falaram > afixo de flexão “am” trabalhador > afixo derivacional “dor” PREFIXAÇÃO E SUFIXAÇÃO Consiste na junção de um prefixo e de um sufixo a uma forma de base. In>condicional>mente Incondicionalmente PARASSÍNTESE Refere-se a um processo morfológico de formação de palavras que consiste na junção de um prefixo e de um sufixo a uma forma de base, resultando uma palavra que não existe só prefixada ou sufixada. es[garavat]ar e[magrec]er Composição Processo morfológico de formação de palavras que recorre à associação de duas ou mais formas de base. Morfológica Consiste na associação de duas ou mais formas de base, podendo ocorrer entre essas formas de base uma vogal de ligação. - fot + o + grama > fotograma - luso + americano > luso- americano Morfossintática Consiste na associação de duas ou maispalavras. guarda-fatos homem-aranha estudante-trabalhador 18 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 PROCESSOS IRREGULARES DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS DESIGNAÇÃO DEFINIÇÃO EXEMPLO Amálgama Processo de formação de palavras que consiste nasobreposição de partes de duas ou mais palavras. Telemóvel -> telefone + móvel informática -> informação + automática Acrónimo Processo de formação de palavras que consiste na junção de letras ou sílabas iniciais de palavras diferentes, que se pronuncia como um todo. Confederação das Associações de Pais -> CONFAP Federação Nacional de Professores -> FENPROF Empréstimo Processo de apropriação de uma palavra de outra língua. Sandwich Extensão semântica Processo através do qual uma palavra existente adquire outro sentido. disco rato Onomatopeia Palavra que resulta da imitação de um som natural. miaauuu!! -> gato Sigla Processo através do qual se cria uma palavra a partir das iniciais das palavras que constituem um sintagma, pronunciando-se cada uma das letras. Rádio Televisão Portuguesa -> RTP Compact Disc -> CD Truncação Processo que resulta na criação de uma palavra a partirda eliminação de uma parte da palavra de que deriva. negativa -> nega fotografia -> foto Frase simples – frase constituída por uma oração que integra um só núcleo verbal (verbo principal ou copulativo, que pode ser acompanhado ou não de verbos auxiliares). Frase complexa – frase constituída por duas ou mais orações, articuladas por coordenação e/ou subordinação. A oração coordenada está contida numa frase complexa, não mantendo uma relação de subordi- nação sintática com a(s) frase(s) ou oração(ões) com que se combina. Assim, distingue-se, tipica- mente, das orações subordinadas por não poder ser anteposta. FRASE SIMPLES/FRASE COMPLEXA COORDENAÇÃO DESIGNAÇÃO DA ORAÇÃO COORDENADA CONJUNÇÕES/LOCUÇÕES COORDENATIVAS SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO Copulativa/Aditiva e, nem, nem… nem, não só… mas também,não só… como (também), tanto… como Adição (positiva ou negativa) Acabei de ler o livro e agora vou fazer uma ficha de leitura. Adversativa mas, contudo, todavia, porém, no entanto Oposição,contraste Gostei do Sermão de Santo António, mas prefiro Os Maias. Conclusiva pois, portanto, logo, assim, porconseguinte, por consequência, por isso Conclusão Estou atento nas aulas, logo não receio os momentos de avaliação. Disjuntiva ou, ou… ou, quer… quer, seja… seja, ora… ora Alternativa, outrapossibilidade Fazemos o trabalho logo à tarde ou encontramo-nos no fim de semana. Explicativa pois Justificação,explicação Carlos da Maia sentia pudor pela consciência do incesto, pois evitava o avô nos corredores do Ramalhete. 19 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 Subordinante – corresponde à palavra, constituinte ou frase de que depende a subordinada. Subordinada – oração que desempenha uma função sintática na frase em que se encontra. De acordo com a função sintática que desempenha, ela pode ser: adverbial, substantiva e adjetiva. SUBORDINAÇÃO ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS DESIGNAÇÃO DA ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONJUNÇÕES/LOCUÇÕES SUBORDINATIVAS SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO Causal (pode ser finita ou não finita) porque, que, como, dado, dado que, uma vez que, visto que, pois, já que Causa, motivo, razão Como não definimos as horas, desencontrámo-nos. Desencontrámo-nos, porque não definimos as horas. Temporal (pode ser finita ou não finita) quando, enquanto, apenas, mal, logo que, depois de/que, antes de/que, até que, sempre que, todas as vezes que, agora que, cada vez que, assim que Tempo Assim que terminar o trabalho de Física e Química, vou dedicar-me ao de Português. Final (pode ser finita ou não finita) para, para que, que, com a finalidade/o objetivo de, de modo a/que, de forma a que, a fim de (que), de maneira a (que) Finalidade, objetivo, propósito A professora assinalou-me os erros, para, futuramente, não os cometer. Condicional (pode ser finita ou não finita) se, caso, desde que, contanto que, salvo se, a menos que, a não ser que Condição, hipótese Desde que cumpras o que prometeste, eu aceito a proposta. Concessiva (pode ser finita ou não finita) embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que/se, posto que, se bem que, por mais que, por menos que Contraste Embora não concorde com o teu ponto de vista, aceito a tua opinião. Consecutiva (pode ser finita ou não finita) tão/tanto… que, a ponto de, de tal modo… que Consequência Foste de tal modo convincente que ele acabou por aceitar a tua proposta. Comparativa (as subordinadas comparativas podem corresponder a construções elípticas, ou seja, algo é elidido, como, por exemplo, o grupo verbal da oração subordinada.) mais/menos… do que, qual (depois de “tal”), quanto (depois de “tanto”), tanto/tão… como, bem como, como se, que nem Comparação Aqueles alunos têm tanta facilidade a escrever como a fazer uma exposição oral. Funcionam como modificador da frase ou do grupo verbal. 20 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS DESIGNAÇÃO DA ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA ELEMENTOS DE LIGAÇÃO SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO Completiva (finita ou não finita) Funciona como sujeito, complemento de um verbo, nome ou adjetivo. que, se, para Completa o sentidode outra oração. Creio que já conheço esse filme. Perguntei-lhe se já tinha lido o texto que vamos analisar. Espero para ver o sucesso nas provas de avaliação. Relativa sem antecedente (finita ou não finita) Funciona como sujeito, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo e modificador do grupo verbal. Pronomes relativos: quem, onde, o que, quanto, … É introduzida por um pronome relativo que não retoma um antecedente. Quem luta pelos direitos humanos merece todo o respeito. Vou onde me apetece. Podem desempenhar a função sintática de sujeito, complementode um verbo, nome ou adjetivo. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS DESIGNAÇÃO DA ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA ELEMENTOS DE LIGAÇÃO SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO Relativa explicativa com antecedente Pronomes relativos: que, quem, o qual (+ variação em género e número), cujo (+ variação em género e número), quanto (+ variação em género e número), onde (Nota: estas frases vêm sempre entre vírgulas ou travessões) É introduzida por um pronome relativo que retoma um referente antecedente. Fornecem informação adicional. Ricardo Araújo, que também é um humorista, escreve crónicas para a Visão. Relativa restritiva com antecedente que, quem, o qual (+ variação em género e número), cujo (+ variação em género e número), quanto (+ variação em género e número), onde É introduzida por um pronome relativo que retoma um referente antecedente Limita, restringe a informação. Guardo todos os artigos de opinião que fazem referência à minha banda musical preferida. Desempenham a função sintática de modificador do nome restritivo e apositivo. NOTA: As conjunções e locuções coordenativas e subordinativas transcritas são utilizadas não só para unir frases simples mas também elementos frásicos (grupos nominais, preposicionais, adjetivais, etc. e sequências textuais, designando-se de articuladores/conectores). 21 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 FUNÇÕES SINTÁTICAS As funções sintáticas nucleares (ou essenciais) são, maioritariamente, determinadas pelo grupo verbal, isto é, pelo núcleo do predicado da frase e são as seguintes: • Sujeito/Predicado/Complemento direto/indireto/oblíquo/agente da passiva; • Predicativo do sujeito e predicativo do complemento direto. Além destas funções, devemos considerar, também, uma função não central, a do Vocativo. SUJEITO É o elemento da frase sobre o qual o predicado diz alguma coisa; – encontra-se, normalmente, em posição pré-verbal; - é constituído por um grupo nominal ou frásico; - é, habitualmente, responsável pela concordância verbal; - pode ser substituído por um pronome pessoal na forma de sujeito (Eu, Tu, Ele/Ela, Nós, Vós, Eles/Elas). E X P R E S S O Simples – é constituído por • um único grupo nominal Ex.: Os livros estão esgotados. • uma frase Ex.: Quem presta atenção não terá dificuldade no preenchimento da ficha. Composto – é constituído por • uma coordenação de grupos nominais Ex.: Pais e alunos concentraram-se na escola para a apresentação dos trabalhos. • uma coordenação de orações Ex.: Quem planificou o trabalho e quem pesquisou só poderá obter bons resultados. N U L O Subentendido Ex.: Saímos de casa às oito horas da manhã. Indeterminado Ex.: Promete-se muito, mas cumpre-se pouco. Expletivo (inexistente) Ex.: Chove torrencialmente. PREDICADO É o elemento nuclear da frase, configurando o que é referido acerca do sujeito; - é constituído pelo grupo verbal, contendo um grupo verbal simples (um só verbo) ou um complexo verbal (uma sequência de verbo auxiliar + verbo principal); - é constituído pelos complementos/predicativos requeridos pelo núcleo do grupo verbal; - é constituído pelos modificadores do grupo verbal. a) Verbo (só) Exs.: No momento da vacina, a criança chorou. Este ano, nevou. b) Verbo + complementos: • direto - Ex.: A Diana comeu uma maçã. • indireto- Ex.: Já respondi à tua mensagem. • oblíquo – Ex.: Gosto de seguir esta série. • agente da passiva - Ex.: Os alunos foram aplaudidos pelo professor. c) Verbo + • predicativo do sujeito Ex.: Todos ficaram admirados. • complemento direto + predicativo do complemento direto Ex.: Acho o livro extremamente entusiasmante. d) Verbo + complementos + modificadores do grupo verbal Ex.: A Luísa colocou devagar o saco no armário. 22 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 COMPLEMENTOS DO VERBO São obrigatórios e integram o predicado. Sem eles a(s) frase(s) ficaria(m) sem sentido. a) Complemento direto - é selecionado pelo verbo transitivo direto; - é pronominalizável por um pronome pessoal. Ex.: O orador repreendeu os peixes. Ex.: O orador repreendeu-os. b) Complemento indireto - é selecionado pelo verbo transitivo indireto; - inicia-se, regularmente, pela preposição a; - é pronominalizável por lhe(s), na 3.ª pessoa. Ex.: Os peixes obedeceram ao pregador. Ex.: Os peixes obedeceram-lhe. c) Complemento oblíquo - é necessário ao significado de verbos transitivos indiretos regidos por preposição fixa1. - é requerido por verbo transitivo indireto, assumindo a forma de advérbios2. Ex.: 1 Carlos regressou da viagem de final de curso. Ex.: 2 A semana correu bem. d) Complemento agente da passiva - ocorre numa frase passiva; - é uma expressão iniciada pela preposição por simples ou contraída. Ex.: Os vícios dos homens foram repreendidos pelo pregador. PREDICATIVOS Predicativo do sujeito - função desempenhada pelo constituinte exigido por verbos copulativos (ser, estar, permanecer, ficar, parecer, continuar…) e predica algo sobre o sujeito. Ex.: O livro está rasgado. Predicativo do complemento direto - função desempenhada pelo constituinte selecionado por um verbo transitivo do tipo achar, considerar, julgar, nomear, chamar. Este pode ser: a) um grupo nominal; b) um grupo adjetival. a) Ex.: O professor nomeou o João delegado. b) Ex.: O aluno considerou o teste acessível. 23 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 FUNÇÕES SINTÁTICAS INTERNAS A: A - GRUPOS NOMINAIS Complemento do nome É selecionado por um nome e surge à sua direita. É de preenchimento opcional. Entre outros, selecionam complementos do nome: - nomes que indicam graus de parentesco (mãe, avô, primo…); - nomes (profissões) que derivam de outros nomes (maquinista; rececionista…); - nomes que provêm de verbos (pesquisa; leitura; falta; dança; canto; apresentação…); - nomes icónicos (fotografia, gravura…); - nomes epistémicos (ideia, hipótese…); - numerais fracionários ou multiplicativos (o dobro, um terço, …) O complemento do nome pode ter a forma de um grupo preposicional (frásico ou oracional, não fásico ou não oracional) ou de um grupo adjetival. 1. grupo preposicional 1.1. frásico ou oracional Exemplos: a) A dança de que me falaste é muito interessante. b) A ideia de que todos os jovens são felizes é absurda. c) A apresentação de que não foram feitos registos foi a mais agradável. d) A rececionista de que te queixaste é minha prima. 1.2. não frásico ou não oracional Exemplos: a) A mãe de Maria de Noronha é Madalena de Vilhena. b) A falta do dicionário impede o tradutor de trabalhar. c) As pesquisas na internet permitem recolher informação muito diversificada. d) A leitura deste livro é fundamental para o trabalho de Português. e) Um terço dos alunos não leu Frei Luís de Sousa. f) O maquinista do comboio era muito simpático. 2. grupo adjetival Exemplos: a) O canto alentejano agrada-me muito. b) A caça barrosã é das mais saborosas do Nordeste Transmontano. B – GRUPO ADJETIVAL Complemento do adjetivo É um complemento selecionado por um adjetivo. É selecionado por um adjetivo predicativo (seguido de preposição). Pode ser: 1. frásico Exemplos: a) O Pedro ficou responsável por encenar a dramatização da entrevista. b) A professora parece entusiasmada por ter captado a atenção dos alunos. 2. não frásico Exemplos: a) A Joana está nervosa com a chegada do noivo. b) Os alunos continuam interessados nas aulas de substituição. C – GRUPO ADVERBIAL Complemento do advérbio É um complemento selecionado por alguns advérbios de lugar/tempo. Exemplos: a) A biblioteca fica defronte da casa do João Pedro. b) Os alunos partiram depois da festa. 24 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 VOCATIVO MODIFICADORES Função sintática que identifica o interlocutor e que é frequente em frases imperativas, interrogativas ou explicativas. Pode surgir em diferentes posições, no início, no meio ou fim da frase e é isolado por vírgulas. Ex.: João, vens jogar às cartas? Ex.: Não se distraiam, meninos! Função sintática desempenhadapor elemento(s) que não são selecionados por nenhum grupo sintático de que fazem parte e, por isso, a sua omissão geralmente não afeta a gramaticalidade da frase. Os modificadores podem relacionar-se com: a) frases ou orações; b) grupos verbais; c) grupos nominais. d) podem ter diferentes formas (GPrep./GAdv./GFrásico…) com ou sem o mesmo valor semântico. Exemplos: a) Infelizmente, o resultado não foi o que esperava. b) Todos trabalharam bem. c) Revelaste uma grande coragem. d) GPrep – A Ana saiu com o João. GAdv – As crianças almoçaram muito bem. GFrásico – A aula começou logo que o professor entrou na sala. Modificador restritivo e apositivo 1. O modificador restritivo limita ou restringe a referência do nome que modifica. Os modificadores restritivos do nome podem ser: a) grupos adjetivais; b) grupos preposicionais; c) orações subordinadas adjetivas. 2. O modificador apositivo não limita ou não restringe a referência do nome que modifica. Pode funcionar como: a) modificador apositivo de grupos nominais; b) oração relativa explicativa. Exemplos: 1. a) Fiz uma nova composição. b) A menina de cabelo loiro é minha irmã. c) As histórias que cativam são mais interessantes. 2. a) Santo António, pregador exemplar, serviu de modelo ao padre António Vieira. b) O peixe de Tobias, que possuía virtudes nas suas entranhas, foi elogiado. Limita/restringe o referente “histórias”. Fornece uma informação adicional sobre o antecedente. 25 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 GRUPOS FRÁSICOS IDENTIFICAÇÃO CARACTERIZAÇÃO EXEMPLOS GRUPO NOMINAL (GN) Tem como constituinte principal um nome ou um pronome, formando uma unidade sintática. Pode ser constituído: a) exclusivamente só por um nome ou por um pronome; b) por um nome com diferentes configurações (coocorrência de complemento(s), modificadores, determinantes e/ou quantificadores). a) A Turma C vai ao teatro./Ela vai ao teatro. b) O pai do João tem uma reunião na escola. GRUPO ADJETIVAL (GAdj.) Tem como constituinte principal um adjetivo, formando uma unidade sintática. Pode ser constituído: a) só por um adjetivo; b) por um adjetivo com diferentes configurações (coocorrência de complemento); c) advérbios de quantidade e grau. a) O amor incestuoso foi interrompido. b) Carlos foi capaz de abandonar Maria Eduarda. c) Todos consideraram a atividade sobre Os Maias muito interessante. GRUPO VERBAL (GV) Tem como constituinte principal um verbo, formando uma unidade sintática. Pode ser constituído: a) apenas pelo verbo ou complexo verbal; b) por um verbo e seus complementos; c) modificadores. a) Afonso da Maia morreu./Maria Monforte já tinha morrido. b) Os alunos leram o livro. c) A Ana corre devagar. GRUPO PREPOSICIONAL Tem como constituinte principal uma preposição ou locução prepositiva, formando uma unidade sintática. Pode expandir-se através de grupos: a) nominais; b) adverbiais; c) oracionais. a) Gosto destas aulas sobre Os Maias. b) Deixa isso para amanhã. c) Gosto de estudar antes dos testes. GRUPO ADVERBIAL Tem como constituinte principal um advérbio, funcionando como uma unidade sintática. Pode apresentar diferentes configurações: a) ser constituído apenas por um advérbio; b) ser expandido por um complemento; c) por outro(s) advérbio(s) que o preceda(m). a) Carlos e Maria Eduarda amaram-se imenso. b) Independentemente do erro cometido, os dois irmãos tomaram a decisão certa. c) A separação dos dois irmãos deu-se muito rapidamente. 26 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 INTERAÇÃO DISCURSIVA INTERAÇÃO DISCURSIVA Princípios reguladores Cooperação: fundamentando-se nas máximas de… quantidade – baseia-se no pressuposto de que a informação do discurso deve ser a essencial, evitando-se as repetições/redundâncias. qualidade – baseia-se no princípio de que o discurso deve corresponder à verdade, eliminando-se afirmações falsas ou impossíveis de comprovar. relação - baseia-se no princípio da relevância ou pertinência do discurso. modo ou de modalidade – pressupõe que o discurso seja claro, ordenado e breve. Cortesia Princípio que regula a interação discursiva entre os interlocutores e que tem como objetivo atenuar ou reduzir conflitos que possam ser originados por determinados atos de fala ou situações. Para tal, devem adotar-se procedimentos como: - não interromper o interlocutor; - mostrar atenção; - evitar o silêncio; - não proferir insultos, injúrias ou acusações gratuitas; - recorrer a atos de fala indiretos, a eufemismos, perífrases, a determinadas formas verbais no pretérito imperfeito e/ou no condicional, entre outras estratégias. Pertinência Também conhecido como princípio de relevância, está na base da interpretação dos enunciados que ocorrem num determinado ato de comunicação. Depende do contexto em que o enunciado é proferido e do saber do emissor/recetor que, perante as diversas interpretações suscitadas pelo enunciado, seleciona a que lhe parece mais adequada, considerando os fatores pragmático-contextuais. Formas de tratamento Constituem um recurso da língua que permite regular a interação entre o locutor e o interlocutor de modo a evitar constrangimentos na comunicação-interação. As formas de tratamento variam consoante o grau de aproximação/distanciação que existe entre os interlocutores e são mecanismos que servem determinados objetivos e princípios conversacionais. As fórmulas utilizadas obedecem também a um código de procedimentos aceites socialmente. Exemplos de formas de tratamento: • Académica: senhor Doutor, Professor Doutor… • Eclesiástica: Monsenhor, Sua Eminência… • Familiar: tu, amigo, querido(a)… • Honorífica: Exm.o Senhor juiz, senhor Presidente, senhor Ministro… • Neutra: Caro(a) senhor(a)… • Nobiliárquica: Sua Majestade, Sua Alteza… Todo o ato comunicativo é regulado por princípios que contribuem para uma comunicação eficaz e de qualidade. Os princípios reguladores da interação discursiva implicam algumas máximas conversacionais que se podem sistematizar assim: 27 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 MARCADORES DISCURSIVOS FUNÇÃO LÓGICA/SINTÁTICA LISTAGEM DE CONECTORES/ARTICULADORES EXEMPLOS FRÁSICOS Adição (aditivo, copulativo) Agrupa, adiciona segmentos, sequências. e/nem <neg.> bem como não só... mas também... Passei a ir ao Porto e a Lisboa. Não fez o teste nem avisou a professora. Não só leu mas também escreveu. Alternativa/Exclusão (disjuntivo) Apresenta opções, alternativas. (ou... ) ou.../ora... ora... seja... seja... Ou por vontade ou por necessidade, há quem cumpra com o solicitado. Causa (causal) Introduz a causa, a razão. porque/como, visto que/dado (que), uma vez que/já que… Como se previa frio, agasalhei-me. Dada a previsão de frio, agasalhei-me. Concessão (concessivo) Nega o efeito, a conclusão da frase subordinada, sem impedir o que nela é dito. embora/ainda que, mesmo que/conquanto, apesar de/malgrado não obstante… Embora faça dieta, mantém o mesmo peso. Apesar de fazer dieta, mantém o peso. Malgrado a dieta, continua com peso a mais. Conclusão (conclusivo) Traduz a conclusão lógica, a inferência resultante. portanto/assim/logo, por conseguinte… O bebé nasceu; logo, a irmã foi vê-lo. Condição (condicional) Introduz hipóteses ou condições. se/caso/desde que/a não ser que, contanto que… Se respeitares, serás respeitado. Comparação (comparativo) Traduz a comparação. como/tal como... (assim...), bem como... também... mais (menos) do que… Tal como os trabalhadores ficaram satisfeitos com o resultado, (assim) os patrões revelaram entusiasmo. Completamento (completivo) Introduz o elemento sintático que completa o sentido do núcleo do grupo verbal. que/se/para Disseram que melhoraste bastante. Perguntei se já não tinhas dúvidas. Eu avisei para te ires embora. Consequência (consecutivo) Introduz a ideia de resultado, efeito, consequência. daí (que)/por isso, de tal forma... que... tanto/tão/tal... que... Ele gostava tanto de alguns professores que ficou amigo deles. Finalidade(final) Traduz a intenção visada, o objetivo. para (que)/a fim de, de modo (forma) a, com o objetivo de… Estudou para ter bons resultados. Oposição (adversativo) Articula conclusões adversárias, diferentes, opostas. mas/todavia/porém/contudo, no entanto… O tempo muda constantemente, mas as expectativas mantêm-se. Tempo (temporal) Exprime relações de tempo. quando/enquanto/mal, entretanto, logo que, depois de, antes de, desde que… Quando o teste foi realizado, houve vários alunos indignados. São expressões ou frases utilizadas nos discursos oral ou escrito que, embora não desempenhem uma função sintática específica, servem para dar indicações sobre os atos discursivos, articular enunciados, evidenciar as relações que se estabelecem entre sequências textuais, organizar os atos de fala, introduzir novos assuntos, manter e orientar o contacto entre locutor e interlocutor, auxi- liando-os na interpretação e na manutenção da coerência textual. Marcadores discursivos como em primeiro lugar, por outro lado, por último estruturam a informação em termos de ordenação. Já expressões do género ou seja, por outras palavras, dizendo melhor, ou antes são consideradas reformuladores, com a função de explicitação/retificação. Outros, desig- nados de operadores discursivos, reforçam a argumentação e a concretização, como é o caso de de facto, na realidade, por exemplo, mais concretamente, efetivamente, nomeadamente. Destacam-se ainda os marcadores conversacionais ou fáticos - ouve, olha, presta atenção -, e ainda um grupo que se integra em diferentes classes de palavras – os conectores – que se apresentam na tabela seguinte: 28 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 MODALIDADE Categoria gramatical que serve para exprimir a atitude do falante relativamente àquilo que diz e a quem o diz. Através da modalidade expressam-se apreciações sobre o conteúdo de um enunciado, representam-se valores de probabilidade ou de certeza - modalidade epistémica, de permissão ou obrigação - valor deôntico. DESIGNAÇÃO VALOR EXPRESSO EXEMPLOS Apreciativa Expressa apreciações, isto é, exprime um juízo de valor sobre uma situação, utilizando-se construções exclamativas e verbos como lamentar, gostar, apreciar, admirar… – É lamentável que o Padre António Vieira não tenha sido compreendido. – Gosto imenso do sermão vieiriano. Epistémica A atitude do locutor baseia-se no grau de conhecimento que detém sobre o juízo emitido. Certeza Quando o locutor assume uma posição de certeza relativamente à verdade ou falsidade do enunciado. – Os homens não ouviam as palavras do orador seiscentista. – Cesário Verde criticou a burguesia. Probabilidade Quando o locutor não assume a verdade ou falsidade do enunciado, baseando-se, por isso, em hipótese ou inferências. – Talvez Eça de Queirós desconhecesse o ambiente rural. – Provavelmente a imprensa não estava habituada à inovação poética cesariana. – Duvido que os escritores sejam reconhecidos. Deôntica O locutor procura agir sobre o interlocutor, impondo, proibindo ou autorizando a situação expressa. Permissão Quando o locutor coloca a possibilidade de escolha, sem quaisquer restrições. – Podes apresentar o trabalho sobre um dos autores estudados.1 – Estão autorizados a entrar depois do professor. Obrigação Quando o locutor procura impor ou proibir a realização daquilo que o enunciado expressa. – Devem prestar atenção aos conteúdos temáticos.2 – Tens de acabar o exercício até amanhã. – Não podem deixar de ouvir os conselhos do pregador Vieira. 1 O verbo auxiliar modal poder transmite frequentemente o valor epistémico de probabilidade. Todavia, também pode ter valor de certeza, quando significa capacidade (Este pode acumular funções). 2 O verbo auxiliar modal dever pode também transmitir o valor epistémico de probabilidade (Devem ter percebido o conteúdo do sermão vieiriano) e ainda o deôntico de obrigação (Devem estudar antes do teste). Para além das formas anteriormente descritas, a modalidade pode ainda ser expressa de outros modos: através da entoação, da variação no modo verbal, através de advérbios, de verbos modais (auxiliares como “dever”, poder”… ou principais com valor modal como “crer”, “pensar”, “obrigar”,…), etc. 29 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 RELATO DO DISCURSO: DISCURSOS DIRETO, INDIRETO, INDIRETO LIVRE Os modos de relato do discurso são formas de representar o discurso, estratégias de citação dos discursos no texto. O narrador ou um locutor podem reproduzir, de modo direto e no seu discurso, o de outros locutores, ocorrido em situações enunciativas anteriores e mantendo o que foi dito ou pensado. Num texto ficcional, o narrador coloca diretamente as personagens a apresentarem as suas pró- prias palavras. A este modo direto contrapõe-se, tradicionalmente, o modo indireto, quando um locutor ou narrador se apropria de um discurso anteriormente proferido. Pode ainda acontecer que o narrador integre no seu próprio discurso (discurso indireto) as manifestações verbais ou os pensamentos de outras personagens sem recorrer aos verbos decla- rativos introdutores nem à oração subordinada completiva, originando um discurso com carac- terísticas formais e expressivas que o distinguem dos anteriores. Este modo de relato designa-se por discurso indireto livre. Assim, o discurso direto aparece, normalmente, marcado graficamente de variadas formas, nomeadamente, por: • verbos de tipo declarativo - afirmar, perguntar, responder, sugerir, concordar, declarar, explicar…, podendo estes ser eliminados para conferir mais vivacidade, naturalidade e fluidez ao discurso; • aspas; • dois pontos – parágrafo - travessão; • itálicos. Neste tipo de discurso, chega-se a reproduzir, por escrito, características próprias da oralidade (realizações fonéticas, hesitações, repetições, pausas, interjeições, etc.), numa espécie de simu- lação ou reprodução do discurso testemunhado, mostrando as características contextuais vividas por quem é citado. Exemplo: “Se algum amigo vinha à porta do café perguntar por Pedro da Maia, os criados já respondiam muito natu- ralmente: - O Sr. D. Pedro? Está a escrever à menina.” in Os Maias, Eça de Queirós Exemplo: • “Dias depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que em setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã…” in Os Maias, Eça de Queirós O discurso indireto apresenta, normalmente: • verbos declarativos – dizer, afirmar, responder, pedir, perguntar; • orações subordinadas substantivas completivas ou infinitivas; • utilização da terceira pessoa gramatical, que implica também alterações de natureza deítica (pes- soal, espacial e temporal) bem como de tempos e modos verbais. 30 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 Exemplo: “Deus lhe perdoe, ele, Teixeira, chegara a pensá-lo… Mas não, parece que era sistema inglês! Deixava-o correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas coisas… E às vezes a criancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza.” in Os Maias, Eça de Queirós No discurso indireto livre há uma identificação entre relator/narrador e locutor primeiro/perso- nagem. Este modo de relato do discurso é frequente no texto ficcional e permite ao narrador inte- grar no seu discurso as manifestações verbais das personagens, sem recorrer aos verbos introdutórios declarativos. Mantêm-se as marcas do discurso indireto ao nível de pessoa, tempo e modos verbais, mas recorre-se a marcas do discurso oral, também presentes no discurso direto, como: interjeições, exclamações, expressões modalizadoras, marcadores discursivos (ora, pois bem, sendo assim…) RELAÇÕES LEXICAIS CLASSIFICAÇÃO DAS PROPRIEDADES SEMÂNTICAS DAS PALAVRAS AO NÍVEL FONÉTICO E/OU GRÁFICO DESIGNAÇÃO DEFINIÇÃO EXEMPLIFICAÇÃO HOMONÍMIA Relaçãoentre palavras que partilham a mesma grafia e são pronunciadas da mesma forma, mas com significados distintos. Canto (v. cantar)/Canto (nome) São (v. ser)/São (adjetivo) HOMOFONIA Relação entre palavras que são pronunciadas de forma idêntica, apesar de terem, normalmente, grafias distintas. Asso (v. assar)/Aço (material) Passo (marcha)/Paço (palácio) HOMOGRAFIA Relação entre palavras que têm a mesma grafia, apesar de serem, normalmente, pronunciadas de forma distinta. Colher (v. colher)/Colher (utensílio) Sede (vontade de beber)/Sede (local) PARONÍMIA Relação entre palavras que têm grafia e fonia semelhantes, mas possuem significados diferentes. Perfeito/Prefeito Comprimento/Cumprimento 31 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 RELAÇÕES DE HIERARQUIA E DE INCLUSÃO DESIGNAÇÃO DEFINIÇÃO EXEMPLIFICAÇÃO HIPERONÍMIA HIPONÍMIA Relação hierárquica de inclusão de significado entre duas unidades lexicais, que parte do geral (hiperónimo) para o específico (hipónimo) e vice-versa. O hiperónimo partilha dos traços semânticos dos hipónimos e estes, para além de incluírem os traços do hiperónimo, também têm propriedades semânticas específicas. Animal SER Gato, cão, leão, tigre HOLONÍMIA MERONÍMIA Relação de inclusão semântica entre duas unidades lexicais, onde existe uma relação de dependência entre a parte (merónimo) e o todo (holónimo), confirmada por marcadores como “é uma parte de/faz parte”. Barco São parte de… Proa, convés, leme… RELAÇÕES SEMÂNTICAS ENTRE PALAVRAS DESIGNAÇÃO DEFINIÇÃO EXEMPLIFICAÇÃO CAMPO LEXICAL Conjunto de palavras associadas, pelo seu significado, a um determinado domínio conceptual. Escola: salas, quadros, livros, professores, alunos, (…) CAMPO SEMÂNTICO Conjunto dos significados que uma palavra podeter nos diferentes contextos em que se encontra. mar: mar de gente, mar de rosas, (…) POLISSEMIA Propriedade semântica característica das palavras ou dos constituintes morfológicos que possuem mais do que um significado. Cabeça (parte do corpo/líder) Pescada (tipo de peixe/particípio passado do v. pescar) Partir (ir-se embora/quebrar) 32 PERCURSOS GRAMATICAIS OUTROS PERCURSOS 11 TEMPOS E MODOS VERBAIS TEMPOS COMPOSTOS MODOS VERBAIS TEMPOS VERBAIS SIMPLES EXEMPLOS INDICATIVO Presente Lá em casa, jantamos sempre tarde. Pretérito Perfeito Ontem, jantei às oito horas. Imperfeito Antigamente jantávamos mais tarde. Mais-que-perfeito Ele jantara rapidamente antes de sair. Futuro Amanhã jantaremos às nove horas. CONJUNTIVO Presente Quero que venhas visitar-me. Pretérito imperfeito Se jantássemos às dez seria pior. Futuro Se tiveres dúvidas, pergunta. CONDICIONAL Gostaria que viesses a minha casa. IMPERATIVO Vem já a minha casa; Vinde ver o novo filme. INFINITIVO Pessoal Formas não finitas Jantar/jantares/jantar/jantarmos/jantardes/jantarem Impessoal Jantar GERÚNDIO Jantando PARTICÍPIO Jantado MODOS VERBAIS TEMPOS VERBAIS COMPOSTOS EXEMPLOS INDICATIVO Pretérito Perfeito Tenho jantado mais cedo. Mais-que-perfeito Tinha jantado mais cedo, se pudesse. Futuro Terá jantado mais cedo? CONJUNTIVO Pretérito Perfeito Talvez tenha jantado mais cedo. Mais-que-perfeito Talvez tivesse jantado mais cedo. Futuro Se tiveres jantado mais cedo. CONDICIONAL Teria jantado mais cedo? INFINITIVO Ter jantado mais cedo foi ótimo. GERÚNDIO Tendo jantado mais cedo, saiu.
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