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23 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) Este capítulo tem o objetivo de apresentar a legislação ambiental re- lacionada à elaboração de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs), além de fornecer subsídios para o entendimento do planeja- mento no uso e na ocupação do solo, por meio do ordenamento terri- torial e considerando a vida útil dos empreendimentos, proporcionando a correta aplicação da legislação nos casos de recuperação ambiental. Neste cenário, será apresentada também a atuação dos órgãos am- bientais, bem como suas atribuições e mais detalhadamente a função dos órgãos licenciadores na avaliação da recuperação ambiental. 24 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Determinações legais O conhecimento sobre legislação ambiental aplicado à recupera- ção de áreas degradadas é considerado de fundamental importância para o responsável técnico que assumirá a elaboração e execução de um projeto ambiental. Existem dispositivos legais que normatizam as mais variadas áreas de atuação, não sendo diferente para a elaboração de um PRAD, também chamado de Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas, em que há orientações e critérios técnicos mínimos para a apresentação dos documentos voltados a cada setor específico. Desta forma, esta seção visa apresentar as legislações básicas no que con- cerne à elaboração deste documento. O marco inicial relativo ao PRAD veio como um dos princípios da Política Nacional do Meio Ambiente – Lei no 6.938 de 1981. Esta lei tem por objetivo “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade am- biental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desen- volvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à preservação da dignidade da vida humana”, atendendo a alguns princí- pios, entre eles: “a recuperação de áreas degradadas e a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racio- nal e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida” (BRASIL, 1981). Como regulamentação a essa lei, foi criado o Decreto no 97.632 de 1989, que prevê a exigência do PRAD para atividade de minera- ção, sendo este documento exigido no ato de entrega do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) para aprovação e licenciamento da atividade pelo órgão am- biental competente. Segundo este decreto, a recuperação deve ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de estabilidade do meio ambiente (BRASIL, 1989). 25Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A recuperação de áreas degradadas encontra respaldo, acima de tudo, na Constituição Federal de 1988, em seu art. 225: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi- librado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e pro- ver o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recu- perar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. (BRASIL, 2016) A recuperação de áreas degradadas também se encontra pautada na legislação sobre preservação da vegetação nativa, que busca, entre outros objetivos, fomentar as atividades de reflorestamento, notada- mente em pequenas propriedades rurais, e recuperar florestas de pre- servação permanente, de reserva legal e de áreas alteradas (BRASIL, 2012a). Desta forma, o Decreto no 3.420 de 2000 criou o Programa Nacional de Florestas, que fomenta a recomposição e restauração de florestas de áreas de preservação permanente e reservas legais (BRASIL, 2000). Além das leis e dos decretos citados, que exercem a função de esta- belecer exigências e critérios relacionados à recuperação de áreas de- gradadas, existem ainda as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e as instruções normativas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por exemplo, cuja função é determinar certas diretrizes e orientações para a elaboração dos PRADs. Apresentaremos algumas delas a seguir. 26 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .A Resolução Conama no 387 de 2006 dispõe sobre o licenciamen- to ambiental de assentamentos rurais, prevendo ações de recuperação de áreas degradadas, por meio do plano de recuperação de assenta- mento, em que deve ser programada também a recuperação de Área de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) (BRASIL, 2006). PARA SABER MAIS Além dessa resolução, o tema “áreas degradadas” é citado ainda em inúmeras outras resoluções, como a Resolução Conama no 1 de 1986, a Resolução Conama no 237 de 1997 e a Resolução Conama no 429 de 2011. Um dos instrumentos mais importantes na elaboração de um PRAD é a Instrução Normativa Ibama no 4, de 13 de abril de 2011, que tem o objetivo de nortear a sua confecção de uma forma geral, para que possa ser aplicado a qualquer empreendimento, por meio do es- tabelecimento de termos de referência (TR). De acordo com a instru- ção, o PRAD deverá reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que permitam a avaliação da degradação ou a alteração e a consequente definição de medidas adequadas à recuperação da área; desta forma, esta instrução estabelece procedimentos para dois tipos de planos, o PRAD e o PRAD simplificado. O PRAD é volta- do a maiores empreendimentos e à recuperação da área degradada que abranja uma extensão além da área local. O PRAD simplificado é considerado para empreendimentos de menor porte, exigindo me- nos aprofundamento para a sua avaliação e execução. As exigências técnicas para cada um desses planos estão descritas nos anexos I e II da instrução normativa, sendo o anexo I referente ao TR-PRAD e o anexo II ao TR-PRAD simplificado (IBAMA, 2011). O quadro 1 indica os procedimentos e as orientações mínimas cons- tantes na instrução normativa. 27Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quadro 1 – Procedimentos e orientações da Instrução NormativaIbama no 4 de 2011 INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA NO 4 DE 2011 ANEXO DIRETRIZES E ORIENTAÇÕES Anexo I TR para elaboração de PRAD Anexo I-A Cronograma físico das atividades e previsão de entrega de relatório Anexo I-B Cronograma financeiro Anexo II TR para elaboração de PRAD simplificado Anexo II-A Cronograma físico das atividades Anexo II-B Cronograma financeiro simplificado Anexo III Relatório de monitoramento e avaliação de projeto de recuperação de área degradada ou alterada Anexo IV Termo de compromisso de reparação de dano ambiental Anexo V TR para reparação do dano ambiental O PRAD (considerando o contexto nacional em que é avaliado e apro- vado pelo Ibama) deve informar métodos e técnicas empregados de acordo com as peculiaridades de cada segmento, propor medidas que assegurem a proteção das áreas degradadas ou alteradas de quaisquer fatores que possam dificultar ou impedir o processo de recuperação e dar atenção especial à proteção e conservação do solo e dos recursos hídricos, apresentando, caso necessário, meios de controle de erosão e ações de mitigação. Deve, também, apresentar embasamento teórico que contemple as variáveis ambientais e seu funcionamento, relacio- nando-o aos ecossistemas da região. Além disso, todo plano deverá 28 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .conter uma planilha com o detalhamento dos custos de todas as ativi- dades previstas no empreendimento. Concluído o estudo, este deve ser protocolizado pelo empreendedor, no órgão ambiental, em duas vias, uma impressa e uma digital, acom- panhada de documentos específicos que caracterizem a área dos em- preendimentos e as informações apresentadas no PRAD elaborado por profissional habilitado. Após aprovado pelo órgão ambiental, o empreen dedor tem até noventa dias para dar início às atividades previstas no cronograma de execução constante no termo de referência, observadas as condições sazonais da região. O monitoramento e a avaliação dos processos de recuperação serão acompanhados por no mínimo três anos após o início da sua implanta- ção, podendo ser prorrogados se preciso. O interessado deve apresentar ao órgão ambiental, no mínimo semestralmente, relatório de acompa- nhamento das ações de recuperação das áreas propostas e aprovadas no PRAD. Baseando-se nesses documentos, esses órgãos farão visto- rias periódicas nas áreas para comprovar as informações prestadas e a eficiência das ações estabelecidas. Caso os objetivos propostos no PRAD não sejam alcançados, a partir da caracterização qualitativa e quantitativa, não será considerada como efetiva a recuperação da área degradada ou alterada, exigindo-se a reavaliação do projeto e ações téc- nicas pertinentes (IBAMA, 2011). Já no âmbito estadual, os órgãos ambientais criarão os termos de referência específicos para a elaboração do PRAD dependendo das atividades a serem implantadas, bem como das condicionantes re- gionais e dos biomas abrangidos. Portanto, no caso de licenciamento ambiental sob responsabilidade do órgão ambiental estadual, além do cumprimento da legislação federal, deve ser observada a legislação es- tadual e o PRAD deve ser elaborado segundo o TR proposto pelo órgão competente, da mesma forma como ocorre com o Estudo de Impacto 29Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental, documentos que com- põem todo o processo de licenciamento. IMPORTANTE As ações do PRAD estão necessariamente vinculadas ao TR proposto para o empreendimento em estudo; é ele que dita as orientações e os critérios detalhados para a elaboração do documento da forma mais objetiva e assertiva possível. A Lei no 9.605 de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, prevê infrações para quem causa dano de qualquer natureza ao meio ambiente. A partir deste dispositivo legal, foi criado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que é formalizado pelo órgão ambiental por meio do Ministério Público, muitas vezes traduzido em ações de recuperação de áreas degradadas. Após o cumprimento das exigências impostas pelo TAC, o infrator pode retomar suas atividades e atingir uma redução de até 90% do valor da autuação, no caso de multa pecu- niária (BRASIL, 1998). Além da legislação apresentada, existem as normas técnicas que au- xiliam, orientam e conduzem a elaboração do PRAD de forma correta e detalhada para uma atividade específica. Podemos citar o setor de mine- ração, com algumas normas bem específicas e voltadas à execução de PRAD, como a NBR 13030 de 1999, que trata da elaboração e apresen- tação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração, a NBR 13028 de 2017, que dispõe sobre a elaboração e apresentação de projeto de disposição de rejeitos de beneficiamento, em barramento, em mineração, e a NBR 13029 de 2017, que trata da elaboração e apresenta- ção de projeto de disposição de estéril em pilha. 30 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Planejamento para uso e ocupação O planejamento para uso e ocupação do solo é o ponto de partida para a conservação e recuperação da natureza, bem como para a ava- liação de implantação de uma determinada atividade em uma região, fazendo com que sejam observados, detalhadamente, os recursos am- bientais disponíveis e suas funções, relacionando-os com os impactos que aquela atividade pode provocar nesse ambiente. Para isso, existem dispositivos com a função de ordenar o espaço territorial, por meio do estabelecimento do zoneamento de áreas de uso adequado, propician- do maior conservação da natureza no uso e na ocupação do solo. A Constituição Federal de 1988 já previu, como um de seus instru- mentos, a definição de espaços territoriais especialmente protegidos, em todas as unidades de federação, sendo a alteração e supressão da vegetação permitida somente na forma de lei, e proibida qualquer uti- lização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. Da mesma forma, a Política Nacional do Meio Ambiente também tem como um de seus instrumentos o controle e zoneamento do território em vista da implantação de atividades potencial e efetiva- mente poluidoras. É considerada atribuição dos estados da Federação elaborar o zoneamento ambiental na forma de Zoneamento Ecológico- Econômico (ZEE) em áreas de sua jurisdição. O marco principal no planejamento do uso e ocupação do solo foi a criação da Política Urbana, chamada de Estatuto da Cidade, por meio da Lei no 10.257 de 2001. Esta lei obriga os municípios a zonearem seu ter- ritório em três categorias mínimas, zona urbana, zona de expansão ur- bana e zona rural, que visam prioritariamente uniformizar áreas de uso mais restrito (ou não), de acordo com as atividades propostas a serem implantadas em determinada região. Com isso, promove-se a preven- ção e conservação da natureza, além da melhoria na implementação e 31Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) M aterial parauso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. no controle do saneamento básico. Este zoneamento se dá a partir da criação do Plano Diretor de cada município. O zoneamento ambiental é um termo usado de maneira genérica para se referir ao Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que nada mais é que o estabelecimento de zonas específicas em determinada região, geralmente delimitadas pelo Estado, com o objetivo de promover o planejamento do uso e da ocupação do solo, reduzindo conflitos e possíveis danos oriundos das atividades do homem sobre o meio ambiente (BRASIL, 2001). Além do ZEE, existem outros tipos mais específicos que culminam em maiores restrições e critérios para a gestão territorial, entre eles podemos citar o Zoneamento Socioeconômico-Ecológico (ZSEE), aplicado predo- minantemente nos estados de Mato Grosso e Rondônia, buscando incluir ainda mais a dimensão social dentro da elaboração do zoneamento. Já o Zoneamento Agroecológico (ZAE) é o que estabelece critérios para o disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial de atividades produtivas e sua interação com culturas florestais, porém restrita a áreas rurais. Outro instrumento do planejamento e ordenamento territorial é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que tem o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos, permitindo a identificação da melhor época de plantio das culturas e relacionandoas com os diferentes tipos de solo. E, para finalizar, voltando a uma menor escala, existem ainda o Zoneamento Costeiro (ZC), o Zoneamento de Uso Industrial (ZUI), o Zoneamento Estritamente Industrial (ZEI), o Zoneamento de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI) e o Zoneamento de Uso Diversificado (ZUD), entre tantos outros, que dependerão das característi- cas e necessidades de uso de cada região. O ordenamento territorial, baseado no planejamento do uso e da ocupação do solo, ocorre com a delimitação espacial de determinada região com critérios de restrição baseados nos recursos naturais dispo- níveis e na importância ecológica daquele meio, estimulando-se, assim, 32 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .maior proteção da natureza e controle na instalação de diversas ativi- dades poluidoras, com o objeto final de reduzir a degradação ambiental. 3 Vida útil de empreendimentos e etapas de recuperação Quando um empreendimento vai ser instalado, primeiro dá-se início às análises ambientais apropriadas utilizando-se o processo de licen- ciamento, em que se verifica a viabilidade locacional, seguida da implan- tação e operação da atividade em determinada área. Com isso, surge a necessidade de elaboração de estudos ambientais pertinentes a cada condicionante específica, entre elas o PRAD, que leva em consideração a vida útil dos empreendimentos. Algumas atividades possuem vida útil muito variada, muitas vezes de difícil previsão, pois, considerando que, com o tempo, observa-se o incremento de tecnologias, tanto para a mitigação de impactos como para o estímulo à degradação. Além disso, são criados novos padrões de qualidade do ambiente, cada vez mais restritivos e criteriosos, fazendo com que o PRAD, apresentado no início no projeto, deva ser reavaliado para que contemple todas as alterações sofridas. Na maioria dos casos em que os empreendimentos não possuem vida útil determinada, principalmente na área industrial, o PRAD deve ser adaptado no momento do encerramento da atividade, por meio do Plano de Encerramento ou Desativação, em que um cenário é avaliado e são propostas as medidas de recuperação apropriadas. Já os empre- endimentos que utilizam diretamente os recursos naturais, como a mi- neração de diversos tipos de materiais, ou, ainda, que utilizam espaços naturais para armazenamento e disposição de resíduos, como os ater- ros sanitários, torna-se mais fácil determinar o período de operação da respectiva atividade, lembrando que os recursos ou o espaço daquele ambiente são finitos e mais facilmente estimados. 33Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A vida útil de um empreendimento afeta diretamente a degradação que este pode causar ao meio ambiente e consequentemente às ações de recuperação, devendo ser exigidas dos órgãos ambientais, cada vez mais, medidas mais restritivas e detalhadas do PRAD, além da adequa- ção por parte do empreendedor, para que os objetivos de recuperação sejam alcançados. Esse cenário impacta diretamente o uso futuro pre- tendido para a área, uma vez que isso depende diretamente das medi- das adotadas e do grau de recuperação. Por exemplo, uma área onde ocorreu supressão de vegetação com o propósito de utilização de ma- deira tem o seu uso futuro determinado pela recomposição florestal, devolvendo o equilíbrio àquele ambiente. Caso assim não o faça, com o intuito de utilizar essa área para a disposição de resíduos (diferente do cenário primeiramente previsto), essa ação acaba por comprometer aquele solo e impossibilita que as espécies nativas consigam se desen- volver quando plantadas, sendo necessário que se determine outro uso futuro para esse ambiente, diferente do proposto inicialmente. 4 Aprovação do PRAD pelos órgãos licenciadores Os órgãos ambientais, cada um em sua esfera de competência e com suas atribuições, têm o mesmo papel – prevenir e minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente. Esses órgãos compõem o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente, porém cada um deles com atribuições diferenciadas. No que concerne à recuperação de áreas degradadas, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), por exemplo, tem a função de propor diretrizes, orientações, promover material e implementar as ações voltadas ao meio ambiente por meio dos Centros de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas (CRADs), criados a partir da ação dos diversos departamentos, como o Departamento de Florestas (DFLOR), o Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas 34 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .(DRB), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), entre outros. No âmbito do licenciamento ambiental de atividades potencialmen- te causadoras de degradação, cabe aos órgãos públicos estaduais exi- gir, avaliar e aprovar os PRADs, e, em caráter supletivo, cabe ao Ibama atuar da mesma maneira, dependendo da abrangência e do porte do empreendimento. O PRAD deve ser elaborado pelo empreendedor, por pessoa habilitada, e entregue ao órgão ambiental, como documen- to complementar ao EIA/Rima, ocorrendo na fase da solicitação da Licença Prévia. Após aprovado pelo órgão ambiental, seja estadual, seja federal, parte-se para as fases seguintes do processo de licenciamento, ressalvando que o órgãogeralmente tem prazo estipulado para análise do PRAD de doze meses, podendo solicitar informações complementa- res e esclarecimentos ao empreendedor, realizando vistorias técnicas na área sujeita à implantação do projeto e sempre contando com avalia- ções programadas para acompanhamento, exigindo relatórios periódi- cos sob pena de readequação e cumprimento do proposto para a área a ser recuperada. A elaboração dos PRADs deve seguir um TR proposto pelo órgão licenciador e voltado para cada atividade específica, devendo ser segui- do rigorosamente. Caso a atividade em análise não possua um termo de referência específico, pode ser usado um documento com objetivos e critérios próximos ou elaborado, por parte do órgão licenciador, um novo TR voltado ao empreendimento em questão. Teoricamente, a atividade só poderá ser instalada após a aprovação dos documentos apresentados, por meio de pareceres técnicos favorá- veis e conjuntamente à emissão das respectivas licenças. Caso a ativi- dade já esteja instalada e em operação, porém sujeita à recuperação da degradação ambiental, firmase um TAC, com o propósito de recuperar aquele ambiente, sendo igualmente solicitado o PRAD para avaliação da qualidade ambiental no longo prazo. 35Aplicação dos Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Este capítulo propôs o conhecimento da legislação ambiental apli- cada à recuperação de áreas degradadas, fornecendo subsídios para a elaboração e aplicação de um PRAD, seguindo os procedimentos ade- quados para cada cenário. Foi apresentada a questão do ordenamento territorial e sua relação com a implantação dos empreendimentos associados com a sua vida útil e proposição de uso futuro da área. Por fim, buscouse o entendimento das responsabilidades dos ór- gãos na recuperação ambiental, por meio da exigência de documentos e avaliações periódicas dos empreendimentos e dos impactos que po- dem causar, analisando e aprovando, assim, as medidas mitigadoras e contribuindo para a conservação da natureza. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. Disponível em: <https://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018. ______. Decreto no 3.420, de 20 de abril de 2000. Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas – PNF, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ d3420.htm>. Acesso em: 30 abr. 2018. ______. Decreto no 97.632, de 10 de abril de 1989. Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2o, inciso VIII, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras pro- vidências. Diário Oficial da União. 1989. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d97632.htm>. Acesso em: 30 abr. 2018. 36 Plano de recuperação de áreas degradadas Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .______. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 1981. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 30 abr. 2018. ______. Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Lei de Crimes Ambientais. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e ati- vidades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9605. htm>. Acesso em: 1o maio 2018. ______. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Diário Oficial da União. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257. htm>. Acesso em: 1o maio 2018. ______. Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012. Novo Código Florestal. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Diário Oficial da União. 2012a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/ lei/l12651.htm>.Acesso em: 9 maio 2018. ______. Ministério do Meio Ambiente. Recuperação de áreas degradadas. 2012b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/informma/item/8887-recupe- ra%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A1reas-degradadas>. Acesso em: 16 abr. 2018. ______. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama no 387, de 27 de dezembro de 2006. Estabelece procedimen- tos para o Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 2006. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38706.pdf>. Acesso em: 1o maio 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Instrução Normativa Ibama no 4, de 13 de abril de 2011. Estabelece procedimentos para elaboração de projeto de recuperação de área degradada ou alterada. Diário Oficial da União. 2011. Disponível em: <http:// www.ctpconsultoria.com.br/pdf/Instrucao-Normativa-IBAMA-04-de-13-04-2011. pdf>. Acesso em: 1o maio 2018.
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