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1 Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul Matriz de redes de dois acessos Nome: Gustavo Lenhardt Steffen / César Teixeira Pacheco Matrícula: 201820317 /201821365 Disciplina: Circuitos Elétricos II Profª: Celso Becker Tischer Cachoeira do Sul, 2020 2 Introdução Os bipolos são dispositivos com dois terminais condutores, ou um acesso elétrico, sendo que o mesmo estabelece uma relação entre as grandezas corrente (através do dipolo) e tensão (entre seus terminais). Bipolo simples, nos quais essa relação depende de um fenômeno físico predominante (condução de cargas elétricas; armazenamento de energia em campos elétricos ou magnéticos), têm modelos simples (resistores, capacitores e indutores). A complexidade aumenta se o bipolo for constituído por uma associação de bipolos simples, sem com dois terminais condutores. O quadripolo, por sua vez, contém quatro polos e representa uma estrutura de dois acessos. Costuma-se chamar um dos acessos de entrada e o outro de saída. A ideia de quadripolo visa a estender a de bipolo. Enquanto o bipolo tem uma tensão e uma corrente no total, o quadripolo tem uma tensão e uma corrente associada a cada um dos dois acessos. Analisando o circuito do quadripolo, é possível calcular a admitância e a impedância do circuito por meio de matrizes associadas as tensões e correntes dos terminais, sendo essas deduções demonstrada no desenvolvimento do trabalho. 3 Desenvolvimento Um bipolo contém dois polos, onde há uma tensão V e pelos quais passa uma corrente I e é completamente caracterizado por algum parâmetro que relaciona a tensão com a corrente. No caso de um bipolo linear, essa relação é dada por uma impedância ou admitância. Figura 01: Símbolo utilizado para um bipolo. O bipolo é uma estrutura aberta: seu comportamento é descrito por uma equação de duas variáveis. Para determinação dessas variáveis é necessário fechar o bipolo. Nesses casos, uma das variáveis é imposta pela fonte, o bipolo determina a outra. Em um caso mais geral, um bipolo é fechado por outro bipolo. As duas variáveis são determinadas por um sistema de duas equações e duas incógnitas, como pode ser visualizado na imagem a seguir. Figura 02: Bipolos fechados O conceito de bipolo, como um circuito de dois terminais condutores, pode ser estendido a dispositivos com mais terminais condutores, desta forma podemos obter quadripolos, como é possível visualizar abaixo. Figura 03: Símbolo utilizado para um quadripolo. Em um quadripolo é obedecida uma condição sobre as correntes: “A corrente que sai pelo terminal 1’ é igual a corrente que entra pelo terminal 1. Em consequência a corrente que sai pelo terminal 2’ é igual a corrente que entra pelo terminal 2.” 4 Comumente, chamamos o acesso 1,1’ de entrada e o acesso 2,2’ de saída. O quadripolo é também uma estrutura aberta, para determinação das tensões e correntes, é necessário fechar os acessos. Por meio de quadripolos, podemos representar muitos dispositivos práticos e equipamentos. Um amplificador de áudio tem uma entrada, onde se pode ligar um microfone ou outra fonte de sinal sonoro, e uma saída, onde se pode ligar um alto- falante. Em um transformador o primário atua como entrada, sendo ligado à rede elétrica, e o secundário atua como saída, sendo conectado a um equipamento elétrico. Esses dois equipamentos exemplificam a aplicação do conceito de quadripolos. Muitas vezes, dispositivos eletrônicos como os transistores são considerados quadripolos. Um transistor tem três terminais, base, emissor e coletor. Na representação como um quadripolo, um dos terminais é comum a entrada e a saída, podendo ser representado pela figura a seguir. Figura 04: Transistor como um quadripolo. - Matriz de Impedância Uma forma de representar um quadripolo é através da matriz impedância (Z). Neste caso, as tensões V1 e V2 são dadas em função das correntes I1 e I2. [ V1 V2 ] = [ Z11 Z12 Z21 Z22 ] . [ I1 I2 ] Podemos determinar as impedâncias através de: • Z11 = [ V1 I1 ] I2=0 → Impedância de entrada com saída em aberto; • Z12 = [ V1 I2 ] I1=0 → Transimpedância da porta 1 para 2 com entrada em aberto; • Z21 = [ V2 I1 ] I2=0 → Transimpedância da porta 2 para 1 com saída em aberto; • Z22 = [ V2 I2 ] I1=0 → Impedância de saída com entrada em aberto. 5 - Matriz de Admitância Outra representação é dada pela matriz admitância (Y). Neste caso, as correntes I1 e I2 são dadas em função das tensões V1 e V2. [ I1 I2 ] = [ y11 y12 𝑦21 𝑦22 ] . [ V1 V2 ] Podemos determinar as impedâncias através de: • y11 = [ 𝐼1 V1 ] V2=0 → Admitância de entrada com saída em curto; • y12 = [ I1 V2 ] V1=0 → Transadmitância da porta 1 para 2 com entrada em curto; • y21 = [ I2 𝑉1 ] V2=0 → Transadmitância da porta 2 para 1 com saída em curto; • y22 = [ I2 V2 ] V1=0 → Admitância de saída com entrada em curto. - Relação entre matrizes impedância e admitância Como a matriz impedância Z e a matriz admitância Y são tais que, sendo V = [V1 V2]T e I = [I1 I2]T. V = ZI e I = YV Temos que Y = Z-1 Essa última relação só é válida se a matriz Z for inversível. Há quadripolos que só podem ser representados por uma das duas matrizes (Z e Y), que é o caso de a matriz em questão não ser inversível. - Exemplo de um cálculo de matriz impedância e matriz admitância Determinação das matrizes para o quadripolo abaixo: Figura 05: Exemplo. Para representação mais clara, serão colocadas fontes de tensão nos dois acessos. 6 Figura 05: Exemplo. Para determinação da matriz impedância: Z11 = [ V1 I1 ] I2=0 Redesenhando o circuito: Figura 05: Exemplo. Com a saída em aberto, e arbitrando o valor de 1V para a fonte de tensão, a corrente I1 será: I1 = 1V 1||3 = 1 3 4⁄ = 4 3 Calculando Z11 temos: Z11 = [ 𝑉1 𝐼1 ] = 1 4 3⁄ = 3 4 𝛺 Como o circuito é simétrico, Z22 é igual a Z11. Z22 = 3 4 𝛺 Para determinação da matriz impedância: Z12 = [ V1 I2 ] I1=0 Redesenhando o circuito: 7 Figura 05: Exemplo. Com a entrada em aberto, e arbitrando o valor de 1V para a fonte de tensão, a corrente I2 será: I2 = 1V 1||3 = 1 3 4⁄ = 4 3 E a tensão V1 será igual a: V1 = 1. 1 1 + 2 = 1 3 V Calculando Z12 temos: Z12 = [ 𝑉1 𝐼2 ] = 1 3⁄ 4 3⁄ = 1 4 𝛺 Como o circuito é simétrico, Z21 é igual a Z12. Z21 = 1 4 𝛺 Desta forma a matriz impedância é: Z = [ 3 4⁄ Ω 1 4⁄ Ω 1 4⁄ Ω 3 4⁄ Ω ] Para o cálculo da matriz admitância, podemos usar a propriedade: Y = Z−1 [ 1 0 0 1 ] = [ 3 4⁄ 1 4⁄ 1 4⁄ 3 4⁄ ]. [ a b c d ] [ 3a 4⁄ + 1c 4⁄ 3b 4⁄ + 1d 4⁄ 1a 4⁄ + 3c 4⁄ 1b 4⁄ + 3d 4⁄ ] 8 { 3a 4⁄ + 1c 4⁄ = 1 1a 4⁄ + 3c 4⁄ = 0 → a = 3/2 e c = -1/2 { 3b 4⁄ + 1d 4⁄ = 0 1b 4⁄ + 3d 4⁄ = 1 → b = -1/2 e d = 3/2 Desta forma, a matriz admitância é dada por: Y = Z−1 = [ 3 2⁄ Ω −1 2⁄ Ω −1 2⁄ Ω 3 2⁄ Ω ] 9 Conclusão Através do estudo sobre quadripolos e o entendimento de suas matrizes, tanto de impedância quanto de admitância fica clara a sua utilidade em condensar toda estrutura de um circuito linear em modelo de quatro parâmetros, desta forma, se torna mais fácil realizar a análise de quadripolos maiores compostos por associações de quadripolos mais simples. Podemos representar a matriz impedância de um quadripolo através de: [ V1 V2 ] = [ Z11 Z12 Z21 Z22 ] . [ I1 I2 ] Neste caso as tensões V1 e V2 são dadas em função das correntes I1 e I2. E também a matriz admitância é representada através de: [ I1 I2 ] = [ y11 y12 𝑦21𝑦22 ] . [ V1 V2 ] Neste caso as correntes I1 e I2 são dadas em função das tensões V1 e V2. Sendo possível também relacionar as duas matrizes através da seguinte relação: Y = Z−1 Portanto, com o estudo dos quadripolos, é possível verificar sua importância, descrevendo circuitos, muitas vezes complexos, em circuitos mais simples, dados através de quatro parâmetros. 10 Referências Bibliográficas • Burian, Y. & Lyra, A.C.C., Circuitos elétricos, Prentice-Hall Brasil, 2006; • Alexander, C., M. Sadiku, and M. Sadiku. "Fundamentals of Electric Circuits, 2000."(Capítulo 19).