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DOENÇAS OSTEOMETABÓLICAS ➢ OSTEOMALACIA E RAQUITISMO DEFINIÇÃO ➢ São defeitos na mineralização óssea. ➢ Raquitismo – caracterizado por anormalidades na placa epifisária. ➢ Osteomalacia – caractetizada pela mineralização deficiente no osso cortical e trabecular. ➢ A falha no processo de mineralização tem como principal causa a inadequada concentração extracelular de cálcio e fósforo, e a falta ou comprometimento da ação do elemento responsável pela sua absorção, a vitamina D. ➢ São processos que em geral ocorrem associados. Após o fechamento das epífises, ao término do crescimento, apenas a osteomalácia permanece. ➢ As causas podem ser adquiridas (deficiência de vit D, cálcio e fosforo) ou hereditárias. ➢ As principais manifestações clínicas são as deformidades ósseas e atrasos no crescimento. ➢ Importante investigar a causa (adquirida ou congênita), para conduzir o tratamento de acordo com a causa. ➢ OSTEOPOROSE DEFINIÇÃO ➢ É uma doença caracterizada pela alteração na microarquitetura do esqueleto, cursando com fragilidade óssea e risco de fratura por baixo impacto. ➢ É a principal causa de fraturas na população >50 anos. ➢ É uma doença silenciosa que afeta principalmente mulheres na pós menopausa e idosos. ➢ Identificação da população de risco, diagnóstico e a realização do tratamento precoce é primordial. ➢ Principal objetivo do diagnóstico precoce e tratamento – prevenção de fraturas! ➢ Fraturas ocasionam dor, incapacidade física, deformidades e deterioração da qualidade e expectativa de vida. FRATURAS ➢ VERTEBRAIS (por achatamento na transição toraco-lombar, muitas vezes assintomáticas). ➢ RÁDIO DISTAL. ➢ FÊMUR PROXIMAL: ➢ São as mais graves e aumentam a mortalidade em 12-20% nos 2 anos seguintes à fratura. ➢ Mais de 50% dos indivíduos que sobrevivem são incapazes de ter uma vida independente. ➢ A baixa DMO, especialmente no colo femoral, é um forte preditor de fraturas → a cada redução de 1 desvio padrão na DMO, o risco de fraturas aumenta em 2-3x. ➢ Além da baixa DMO, é importante a identificação de fatores clínicos de risco para OP e fraturas. Epífises e metáfises alargadas. Encurvamento de ossos longos. Varismo ou valgismo de MMIIs. Pseudo fraturas. FATORES DE RISCO OP E FRATURAS Idade. Sexo feminino. Etnia branca ou oriental. História prévia familiar ou pessoal de fratura. Baixo IMC. Uso de glicocorticoide oral (>5mg/dia de prednisona por >3 meses.) OSTEOPOROSE PRIMÁRIA ➢ Pós menopausa. ➢ Senil. ➢ Adulto jovem. OSTEOPORESE SECUNDÁRIA (Decorrente de fatores identificáveis) ➢ Doenças endócrinas, renais, inflamatórias, GI e neoplásicas. ➢ Drogas: inibidores de aromatase (TTO CA de mama), análogos GnRH, antirretrovirais, anticoagulantes, anticonvulsivantes, medroxiprogesterona (anticoncepcional), glicocorticoides (osteoporose IGC [osteoporose induzida pelo glicocorticoide]). FISIOLOGIA DO TECIDO ÓSSEO ➢ Composto por células e matriz extracelular calcificada. ➢ Tem um metabolismo ativo (não se trata de um tecido estático) que, fisiologicamente, permanece numa homeostase entre produção e reabsorção. ➢ Osteoblasto – formação óssea através da síntese de proteínas que compõe a matriz óssea. ➢ Osteócito – células já maduras do osso, derivadas de osteoblastos, que ficam situadas em lacunas no interior da matriz óssea calcificada. ➢ Osteoclasto – reabsorção óssea. ➢ Matriz óssea – formada pela parte orgânica (contém colágeno) e a parte inorgânica/mineral (tem como componente principal o cálcio e o fósforo, junto com outros componentes como bicarbonato, citrato e magnésio). MASSA ÓSSEA MÁXIMA - (atingida até os 20 anos) pode ser comprometida por - fatores nutricionais (alimentação pobre em cálcio na infância e na juventude), fatores ambientas (imobilização por doenças ou fraturas), fatores hormonais (deficiência de estrógeno – anorexia ou amenorreia provocada por exercício). Quanto maior for a massa óssea máxima atingida, maior será a saúde do osso ao longo dos anos. FISIOPATOLOGIA DA OSTEOPOROSE ➢ Osso não é uma estrutura estática, está em constante remodelação, é reabsorvido e reconstituído permanentemente. ➢ OP SENIL: reabsorção óssea é maior que a formação - ↑ atividade osteoclástica e ↓ função osteoblástica. ➢ OP PÓS-MENOPAUSA: níveis baixos de estrogênio ↑ secreção de IL1, que é um estimulador potente dos osteoclastos. ➢ OP ICG: efeito deletério nas duas fases do remodelamento ósseo, causando perda rápida de massa óssea, pois promove apoptose dos osteoblastos e ↑ atividade dos osteoclastos ao diminuir a produção de hormônios esteroides. DIAGNÓSTICO ➢ História clínica – avaliar fatores de risco, pois a doença é silenciosa. ➢ Exame físico – altura (alteração da altura) e peso (IMC baixo), hipercifose dorsal, sinais físicos de doenças associadas à OP (AR? EspA? Doenças endocrinológicas?). ➢ Avaliação laboratorial – solicitar exames dirigidos à exclusão de doenças que causam perda óssea e avaliação de distúrbios do metabolismo mineral. ➢ Hemograma completo (anemia?). ➢ VHS (dçs inflamatórias?). ➢ Cálcio, fosforo, fosfatase alcalina, vit D. ➢ Creatinina (insuficiência renal?). ➢ Calciúria de 24h. ➢ Testes de função tireoidiana. ➢ Exames radiológicos – RX lateral coluna torácica e lombar (avaliar fratura vertebral FATORES AMBIENTAIS Tabagismo. Ingestão abusiva de bebidas alcóolicas (>3UI/dia). Sedentarismo. Baixa ingestão de cálcio. EQUILÍBRIO ÓSSEO – assintomática/também serve para auxiliar a avaliação da DMO). ➢ Medidas de massa óssea e avaliação de risco – determinar o risco de fraturas, identificar candidatos para intervenção terapêutica e avaliar mudança na massa óssea com o tempo e tratamento. ➢ Densitometria óssea* DENSITOMETRIA ÓSSEA ➢ Exame de referência para diagnóstico de OP. ➢ Técnica de DEXA absorciometria por RX de dupla energia. ➢ Avaliação da coluna lombar em AP, do fêmur proximal, colo femoral, fêmur total e antebraço. ➢ Resultados comparativos são mais confiáveis utilizando o mesmo instrumento e tecnologia. INDICAÇÕES PARA MEDIDAS DE DMO Todas mulheres de 65 anos ou mais. Mulheres em deficiência estrogênica com menos de 45 anos. Mulheres na peri e pós-menopausa (com 1 fator de risco maior ou 2 menores). Mulheres com amenorreia secundária prolongada (>1 ano). Todos indivíduos que tenham sofrido fratura por trauma mínimo ou atraumática. Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais. Homens com 70 anos ou mais. Indivíduos que apresentem perda de estatura (>2,5cm) ou hipercifose torácica. Indivíduos em uso de corticoides por 3 meses ou mais (doses maiores que 5mg de prednisona). Mulheres com IMC baixo (<19kg/m2). Portadores de doenças ou em uso de medicações associadas à perda de massa óssea. Para monitoramento de mudanças de massa óssea decorrente da evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis. ➢ Resultados são apresentados através de: Valores absolutos em g/cm2 e são importantes para monitorar mudança na DMO ao longo do tempo. T-score – calculado em desvios-padrão (DP), tomando como referência o pico de massa óssea em adultos jovens. - Critérios diagnósticos propostos pela OMS utilizam o T-Score: - Até -1,0 DP, normal. - De -1,1 a -2,5 DP, osteopenia. - Abaixo de -2,5 DP, osteoporose. Z-score – calculado em desvios-padrão (DP) tomando como referência a massa óssea esperada para indivíduos da mesma idade, etnia e sexo. - Resultados exibindo Z-score < -2,0 DP podem sugerir causas secundárias de OP. - Em crianças, utiliza-se o Z-score para avaliação de massa óssea. PREVENÇÃO E TTO NÃO FARMACOLÓGICO➢ Nutrientes e hábitos de vida. ➢ OP tem etiologia multifatorial (fatores genéticos contribuem com 46-62% da DMO e 38-54% podem ser afetados pelo estilo de vida). ➢ Cálcio – nutriente essencial na homeostase óssea. Sua ingestão adequada é extremamente importante tanto na prevenção quanto no tratamento da OP; para adultos >50 anos, é recomendado 1200mg/dia, de preferência, na dieta; na impossibilidade de ingestão dietética adequada, está recomendada a suplementação. ➢ Vitamina D – vit D2 (ergocalceferol) e vit D3 (colecalciferol). - Além da exposição solar, pode ser obtida por: alimentos de origem animal (peixes gordurosos) e alimentos vegetais (ergosterol – vit D2). - Estima-se que 30% dos idosos têm deficiência de vit D. - Idosos > 70 anos – suplementar vit D (pele perde a capacidade de produzir vit D, quando comparado a um jovem). ➢ Exercícios – durante a atividade física ocorre contração da musculatura, e o osso a interpreta como estímulo à formação óssea. Atividades com carga (ex. caminhada/marcha) têm mais efeito sobre os ossos do que as sem carga (ex. natação e bicicleta). Por outro lado, o treino intenso em mulheres (ex. atletas) pode levar à oligomenorreia e a deficiência de OBS: FATORES QUE PREJUDICAM A PRODUÇÃO DE VIT D Exposição solar através de vidro. Pele mais pigmentada. Uso de bloqueadores solares. Idosos – síntese cutânea equivale a 1/3 da produção em jovens quando submetidos à mesma radiação. Latitudes extremas. estrógeno pode levar a menor formação de massa óssea e aumento da absorção. - Um adulto jovem acamado pode perder 1% da DMO na coluna em 1 semana e levar 1 ano para recuperar essa massa com aumento da atv. física. Isso explica como a inatividade pode ser fator de risco para OP. - No idoso, o maior objetivo é minimizar as perdas de massa óssea e prevenir quedas. Preferir atv com carga e aeróbias, 3x/semana, em dias alternados, por 30min. ➢ Prevenção de quedas – fatores ambientais; medicamentos – cuidado com medicamentos de ação central que alteram nível de consciência (ansiolíticos, neurolépticos e indutores do sono), cuidado com tratamento anti-hipertensivo (iniciar com doses menores, evitar vasodilatadores periféricos e diuréticos), cuidado com hipoglicemiantes orais. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ➢ Consideram-se eficazes medicamentos que reduzam risco de fratura (não adianta apenas aumentar a DMO). ➢ Os fármacos que atuam no tecido ósseo são classificados em 2 grupos: agentes anti-reabsortivos (ação no osteoclasto) e estimulantes de formação óssea. AGENTES ANTI- REABSORTIVOS ESTIMULADORES DE FORMAÇÃO - Terapêutica de reposição hormonal (TRH). - SERMs (raloxifeno). - Denosumabe. - Bisfosfonatos. - Calcitonina. - Cálcio. - Vitamina D. - PTH (1-34). ➢ TRH – os estrogênios desempenham papel antirreabsortivo importante nas mulheres pós menopausa. - TTO de OP pós menopausa, especialmente em mulheres com sintomas de climatério, antes dos 60 anos ou com menos de 10 anos de menopausa. - Risco de tromboembolismo 2x maior e aumento discreto do risco de CA de mama. ➢ SERMS (Raloxifeno) – moduladores seletivos dos receptores de estrogênio. Exerce os efeitos benéficos do estrogênio sem estimular tecidos como mama e endométrio. - Há risco de evento tromboembólico. ➢ Bisfosfonatos (alendronato, risedronato, ibandronato e ácido zoledrônico) – se ligam aos cristais de hidroxiapatita e inibem a atividade de reabsorção dos osteoclastos. - Todos reduzem fraturas vertebrais, mas apenas alendronato, risedronato e ácido zoledrônico demonstram redução significativa nas fraturas não vertebrais. - Devem ser tomados em jejum, 30-60 min antes do café, e deve-se evitar posição de decúbito. - Reavaliação da continuação após 5 anos (uso prolongado está associado ao risco de osteonecrose de mandíbula e fraturas atípicas). ➢ Análogo PTH (Teriparatida) – agente anabólico (aumenta a formação óssea). - Indicado na OP pós menopausa com alto risco de fratura, pcts com fraturas prévias ou que tenham falhado a outros tratamentos e fratura atípica por uso de bisfosfonados. ➢ Denosumabe – anticorpo monoclonal humano (IgG) que diminui a reabsorção óssea através da inibição dos osteoclastos. Redução significativa das fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril. - Pode ser utilizado na falha, intolerância ou contraindicação aos bisfosfonatos (utilizado como 1ª linha na insuficiência renal). QUANDO TRATAR OSTEOPENIA E OSTEOPOROSE? História de fratura por fragilidade prévia, mesmo sem avaliação de DMO. OP definida (DMO T< -2,5). Osteopenia, sem fraturas por fragilidade prévia, se fatores de risco presentes (FRAX Brasil – modelo de predição de fraturas; se trata de um algoritmo que calcula a probabilidade em 10 anos de fratura a partir dos fatores de risco já mencionados).
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