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1 Gabriela Rodrigues - Osteoporose DEFINIÇÃO A osteoporose é a doença osteometabólica mais comum na prática clínica, caracterizada pela diminuição da massa óssea e pela deterioração de sua microarquitetura, o que leva a um risco aumentado de fragilidade e fratura óssea. As fraturas ocasionam dor, incapacidade física, deformidades e redução da qualidade e expectativa de vida. As fraturas do quadril são as mais graves, com aumento de 20% na mortalidade após o primeiro ano. Mais de 50% dos que sobreviveram a uma fratura de quadril são incapazes de manter sua independência, e muitos deles necessitam viver em ambientes institucionalizados. As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade. Estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida. ETIOLOGIA A osteoporose pode ser classificada: -> Primária: Mais de 95% da osteoporose em mulheres e, provavelmente, cerca de 80% em homens, é primária. Quando associada à pós menopausa (também chamada de tipo I, existe rápida perda óssea devido à alta reabsorção e ocorre na mulher recentemente menopausada, isso porque a mulher na menopausa tem níveis baixos de estrogênio que é um hormônio importante na estimulação do osteoblasto e protetor de osteoclasto. Predominantemente atinge o osso trabecular e é associada a fraturas das vértebras e do rádio distal) ou ao envelhecimento (também chamado de tipo II, aparece tanto em homens como em mulheres > 60 anos, e acontece por deficiência crônica de cálcio, aumento da atividade do paratormônio e diminuição da formação óssea, ou seja, diminuição da atividade osteoblástica) OBS.: Nos homens, baixos níveis de hormônios sexuais masculinos também contribuem para a osteoporose -> Secundária: Menos de 5% dos casos de osteoporose em mulheres e cerca de 20% em homens são secundários. Exemplos de doenças que podem causar osteoporose secundária são a doença renal crônica e distúrbios hormonais (especialmente doença de Cushing, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, hipogonadismo e níveis elevados de prolactina). Certos tipos de câncer, como mieloma múltiplo, podem causar osteoporose secundária e outras doenças, como a artrite reumatoide. Exemplos de medicamentos que podem causar osteoporose secundária são heparina, corticoides, hormônios da tireoide, certos quimioterápicos, anticonvulsivantes e diuréticos. OBS.: Pacientes pós-bariátricos, exemplo da cirurgia de Y- roux, acaba tendo uma deficiência na absorção de vitaminas como a vitamina D, influenciando no risco de desenvolver osteoporose. FISIOPATOLOGIA LEMBRANDO CONCEITOS: - Osteoclasto: célula que destrói a matriz óssea - Osteoblasto: célula óssea jovem que produz a matriz óssea - Osteócito: célula óssea madura responsável pela manutenção da matriz óssea A patogênese da osteoporose é bastante diversa e complexa, refletindo os diversos fatores que podem influenciar a resistência óssea ou que podem levar ao trauma, elemento crucial gerador da fratura. O tecido ósseo é bastante ativo, diferente da noção essencialmente estrutural a ele imputada. Ao longo da vida, o osso mais velho é reabsorvido periodicamente por osteoclastos em pequenos sítios e substituído por um novo osso produzido por osteoblastos. Esse processo é conhecido como remodelação, que é coordenada e direcionada a um local específico que necessita de reparo pelos osteócitos. Esse conceito da unidade de remodelação constituída por osteócito, osteoblasto e osteoclasto é fundamental no 2 Gabriela Rodrigues - Osteoporose entendimento da patogênese da osteoporose, que se dá por um desequilíbrio desse processo, em geral tendendo a um aumento da reabsorção (ação osteoclástica) em detrimento da formação (ação osteoblástica). O processo se inicia com a ativação dos osteoclastos pelo estímulo do receptor ativador do fator nuclear kappa B (RANK) pelo seu ligante, o RANKL, que é produzido pelo osteoblasto, estimulando a reabsorção óssea. O mesmo osteoblasto regula a reabsorção liberando a osteoprotegerina (OPG), que compete com o RANK pelo RANKL e bloqueia a ativação do osteoclasto. A expressão do RANKL é estimulada por vários hormônios, tais como 1,25- dihidroxivitamina D [1,25(OH)2D], paratormônio (PTH), peptídeo relacionado ao PTH (PTHrp) e citocinas (interleucinas 1, 6 e 11), enquanto o interferon gama bloqueia esse processo por efeito direto no osteoclasto. Essa via é a principal via estimuladora da reabsorção. Independentemente de ser osteoporose primária ou secundária, a quantidade de massa óssea ganha na maturidade esquelética (pico de massa óssea), ao redor da 3 a década de vida, tem grande influência na sua fisiopatologia. A massa óssea é bastante influenciada pela hereditariedade, fatores ambientais (nutrição, exercícios, tabagismo, consumo de álcool e outras drogas ilícitas) e hormonais. A manutenção bem sucedida da massa óssea requer atenção aos mesmos fatores que a influenciaram, e a deficiência em um desses fatores não é compensada pelos outros. Quanto ao gênero: os homens tendem a fazer maior pico de massa óssea e têm ossos maiores que as mulheres, pela ação da testosterona (e conversão a estradiol) e do fator de crescimento semelhante à insulina1 (IGF1). Eles também têm uma resistência óssea maior, com menor taxa de reabsorção, maior qualidade e mineralização do colágeno, melhor macroestrutura (ossos grandes e com maior diâmetro) e melhor microestrutura (maiores trabéculas ósseas). Além disso, há uma perda óssea mais lenta, visto que inexiste o déficit estrogênico agudo da menopausa. A mulher tem massa óssea muito dependente do estrógeno, sendo evidenciada uma perda de 20 a 30% do osso trabecular e 5 a 10% de osso cortical nos primeiros 10 anos de menopausa. Após esse período, a perda é mais lenta e contínua, similar nos ossos trabecular e cortical. Quanto aos hormônios que atuam na regulação da remodelação e formação óssea, o estrógeno tem um papel essencial. Ele inibe a esclerostina, suprime o RANKL e regula a produção de citocinas inflamatórias, levando a um estímulo osteoblástico, além de aumentar a produção de IGF1 e fator transformador β (TGFβ) e síntese do pró-colágeno – todas ações formadoras de matriz óssea. A reposição estrogênica consegue manter a massa óssea. A ação estrogênica é importante também no homem, sendo clara a menor densidade mineral óssea (DMO) nos homens com deficiência de aromatase, e a menor relação estradiol e testosterona nos homens com osteoporose. Quanto ao envelhecimento: ocorre elevação do PTH por diferentes mecanismos, que incluem menor produção cutânea de vitamina D, deficiência na síntese de 1,25(OH)2 vitamina D (devido à disfunção renal), déficit alimentar e diminuição na absorção intestinal de cálcio (por diminuição de receptores intestinais da vitamina D), entre outros. O aumento do PTH para compensar o déficit de cálcio e vitamina D leva a uma ativação de novas unidades de remodelação. O envelhecimento também provoca maior produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e aumento da glicação proteica, comuns em pacientes diabéticos, sabidamente mais propensos a fraturas. Outra consequência do envelhecimento é o aumento da produção por osteócitos senescentes, apoptóticos ou disfuncionais, de citocinas que atuam estimulando a osteoclastogênese, a degradação da matriz, a reabsorção óssea focal e a porosidade cortical. Em resumo, a desregulação do ciclo de remodelação fisiológico, com predomínio dos estímulos que aumentam a atividade osteoclástica (reabsortiva), em detrimento da osteoblástica (formação), leva a um déficit crônico na formaçãoóssea, com perda progressiva da massa óssea e desestruturação da macro e microestruturas ósseas, causando aumento do risco de fraturas. 3 Gabriela Rodrigues - Osteoporose SINAIS E SINTOMAS: No início, a osteoporose não causa sintomas, pois a perda da densidade óssea ocorre muito gradualmente. Algumas pessoas nunca desenvolvem sintomas. Contudo, quando a osteoporose causa a quebra de ossos (fraturas), as pessoas podem sentir dor dependendo do tipo de fratura. As fraturas tendem a consolidar lentamente em pessoas com osteoporose e podem resultar em deformidades, como uma coluna encurvada. Fratura por fragilidade, definida como uma fratura que ocorre sem ou com mínimo trauma ou após queda da própria altura ou de uma altura menor, desde que um trauma de alto impacto (como acidente automobilístico) não esteja envolvido. Dessa maneira, as fraturas por fragilidade são as principais manifestações da osteoporose, ocorrendo, com maior frequência, em vértebras, seguidas por quadril e rádio distal (fratura de Colles). As fraturas de quadril correspondem às de maior morbimortalidade, levando a um maior grau de limitação física. Já as fraturas vertebrais podem causar dor e limitação (fratura vertebral clínica), mas em dois terços dos casos são assintomáticas, sendo encontradas muitas vezes de forma incidental ou mediante a busca ativa com radiografia simples (fraturas morfométricas). Cifose ou perda de altura podem ser consequências de fraturas vertebrais. Osso normal a esquerda e osso menos denso a direita. Em todo paciente com diagnóstico de osteoporose, deve-se procurar por manifestações clínicas de causas secundárias para a perda de massa óssea, como hipercortisolismo, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, mieloma múltiplo e doença celíaca. Em homens, deve-se pesquisar queixas relacionadas com hipogonadismo. FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS - Idade - Sexo (feminino) - Genética - Etnia MODIFICÁVEIS - Sedentarismo - Nutricionais - Hábitos de vida (uso de cafeína, uso abusivo do álcool, desnutrição, cirurgia bariátrica) - Hipogonadismo - Imobilização - Artrite reumatoide - Tabagismo DIAGNÓSTICO DENSITOMETRIA ÓSSEA O diagnóstico da osteoporose pode ser clínico, nos casos de indivíduos com fatores de risco que apresentam fratura osteoporótica. Também pode ser estabelecido com base na medida de baixa densidade mineral óssea por DMO por área (areal) pela técnica de absorciometria por raios-X com dupla energia (DXA). A DMO é expressa em termos de grama de mineral por centímetro quadrado analisado (g/cm2). Quando a DMO do indivíduo é comparada à de adultos jovens normais do mesmo sexo, obtém-se o escore T.O escore T reflete o desvio padrão da DMO em relação à média de indivíduos jovens (durante o pico de massa óssea – entre 20 e 30 anos de idade) e é utilizado para o diagnóstico de osteoporose e osteopenia em mulheres na pós menopausa e homens acima de 50 anos de idade; Quando comparada com a esperada para pessoas normais da mesma idade e sexo, obtém-se o escore Z. Esse escore deve ser utilizado para o diagnóstico de baixa massa óssea em mulheres na pré menopausa e nos homens abaixo de 50 anos de idade, quando ≤ – 2,0. Nesse grupo de pacientes, o termo osteoporose só deve ser estabelecido na vigência de fratura por fragilidade e não se aplica “osteopenia” como terminologia. Em mulheres na pós menopausa e homens acima dos 50 anos de idade, um escore Z ≤ –2,0 pode sugerir a presença de uma causa secundária para a perda de massa óssea, indicando a necessidade de uma investigação mais detalhada A diferença entre a DMO do indivíduo e o padrão normal é expressa por desvios padrão acima ou abaixo do valor comparado. Geralmente um desvio padrão equivale a 10%- 15% do valor da DMO em g/cm2. 4 Gabriela Rodrigues - Osteoporose -> Indicações para a solicitação de densitometria óssea, segundo a International Society for Clinical Densitometry (ISCD) * Mulheres ≥ 65 anos de idade e homens ≥ 70 anos de idade • Mulheres na pós menopausa ou homens < 70 anos de idade com qualquer uma das seguintes situações: ∘ Baixo peso ∘ Fratura de fragilidade prévia ∘ Uso de medicamentos de alto risco para perda de massa óssea ∘ Doença ou condição que cause perda de massa óssea • Mulheres na transição menopausal com fatores de risco para fratura • Adulto de quaisquer idade e sexo com: ∘ Fratura de fragilidade ∘ Doença ou condição que cause perda de massa óssea ∘ Uso de medicamentos associados à perda de massa óssea • Qualquer indivíduo sendo considerado para iniciar terapia farmacológica para osteoporose • Qualquer indivíduo em tratamento para osteoporose, para monitorar a resposta • Mulheres que descontinuam a terapia estrogênica -> Critérios para o diagnóstico de osteoporose, osteopenia e baixa massa óssea para a idade em diferentes faixas etárias. Fraturas de pés, tornozelos, mãos, crânio e coluna cervical não devem ser consideradas fraturas de fragilidade. Em crianças e jovens < 20 anos de idade, o escore Z deve ser calculado apenas na coluna de L1L4 e no corpo inteiro (excluindo-se a cabeça). OBS.: FRAX: A OMS desenvolveu o Fracture Risk Assessment Tool (FRAX), uma ferramenta que tem por objetivo calcular a probabilidade de ocorrer, nos próximos 10 anos, uma fratura de quadril ou outra fratura osteoporótica relevante (definida como uma fratura clínica de vértebra, quadril, antebraço ou úmero). O FRAX calcula o risco maior de fratura osteoporótica com base na validação internacional de fatores individuais de risco, incluindo idade, sexo, peso, altura, ocorrência de fratura prévia, história de fratura de quadril em mãe ou pai, tabagismo atual, uso de glicocorticoides (5 mg de prednisona/dia ou equivalente por período igual ou superior a 3 meses), artrite reumatoide, outras condições clínicas associadas a osteoporose (por exemplo, hipogonadismo, doença hepática crônica, menopausa precoce), ingesta alcoólica de três ou mais doses/dia e DMO do colo femoral. Esse instrumento ainda não está validado para uso na população brasileira. Entretanto, estudo recente mostrou que a utilização dos dados de idade e o escore T são tão efetivos quanto o complexo modelo FRAX na identificação de pacientes em risco de fraturas. LABORATORIAL • Cálcio, magnésio e fósforo séricos • Nível de 25-hidroxi-vitamina D • Provas da função hepática, para identificar diminuição da fosfatase alcalina (hipofosfatasia) • Níveis de PTH (hiperparatireoidismo) • Níveis séricos de testosterona nos homens (hipogonadismo) • Dosagem de cálcio e creatinina em urina de 24 h (hipercalciúria) Outros testes como hormônio estimulante da tireoide ou toxina livre a fim de verificar os níveis de hipertireoidismo, medições de urina livre, cortisol, hemogramas e outros testes para descartar câncer, especialmente mieloma (p. ex., eletroforese de urina e proteína séricas), devem ser considerados com base na apresentação clínica. Os pacientes com perda ponderal devem ser testados para distúrbios gastrintestinais (p. ex., má absorção, doença celíaca e doença intestinal inflamatória), bem como câncer. A biópsia óssea é reservada para os casos incomuns (p. ex., pacientes jovens com fraturas de fragilidade e sem nenhuma causa aparente, pacientes com doença renal crônica e que podem ter outros distúrbios ósseos, pacientes com níveis persistentemente muito baixos de vitamina D com suspeita de osteomalacia). Níveis séricos em jejum de ligações cruzadas do telopeptídeo-C (CTX) ou níveis urinários de ligações cruzadas de telopeptídeo-N (NTX) refletem maior reabsorção óssea. Embora a confiabilidade varie para o uso clínico de rotina, a densitometria óssea pode ajudar na 5 Gabriela Rodrigues - Osteoporose previsãodo risco de fraturas, no monitoramento da resposta terapêutica ou no tempo de descanso sem usar o fármaco. TRATAMENTO Para indivíduos com risco de desenvolver osteoporose, medidas de intervenção devem ser adotadas para prevenção; para indivíduos que já apresentam baixa densidade mineral óssea ou fraturas, o tratamento deve ser realizado a fim de prevenir uma perda óssea adicional e, assim, reduzir o risco da primeira ou segunda fratura. PREVENÇÃO Gerenciar os fatores de risco (por exemplo, parar de fumar e evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e cafeína). Consumir quantidades adequadas de cálcio e vitamina D Praticar exercícios resistida (como fazer caminhadas, atividade de fortalecimento, subir escadas ou levantamento de peso) Tomar determinados medicamentos (para certas pessoas) Prevenção de quedas e segurança do ambiente domiciliar SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO E VITAMINA D - CÁLCIO: De acordo com o Institute of Medicine (IOM), 15 a recomendação diária de cálcio para mulheres na pós menopausa é 1.000 a 1.200 mg, preferencialmente obtidos a partir da dieta. Quando a ingestão dietética for insuficiente, a suplementação deve ser realizada com sais de cálcio. O carbonato de cálcio apresenta maior porcentagem de cálcio disponível (40% de cálcio elementar). Exemplos de alimentos que são fontes de cálcio: Leite integral, leite desnatado, queijo branco, iogurte, brócolis cozidos, damasco, figo, laranja, pão branco, sardinha enlatada. A suplementação com sais de cálcio pode causar náuseas, dispepsia e constipação intestinal em alguns pacientes, e o consumo excessivo pode levar ao desenvolvimento de urolitíase. - VITAMINA D: A deficiência de vitamina D é uma das principais causas de hiperparatireoidismo secundário, levando ao aumento da reabsorção óssea, um importante fator contribuinte para a osteoporose. Além disto, a deficiência grave (25 hidroxivitamina D < 12 ng/mℓ) pode prejudicar a absorção intestinal de cálcio e fósforo, e reduzir a mineralização do tecido osteoide, caracterizando osteomalacia. A hipovitaminose D também está associada a redução da força muscular e desequilíbrio, levando ao aumento do risco de quedas. Uma quantidade muito pequena de vitamina D está naturalmente disponível na dieta habitual, em óleos, peixes gordurosos (salmão, atum, sardinha), gema de ovo e fígado. Por outro lado, a exposição solar é bastante importante para a produção de vitamina D e, caso não exista contraindicação, deve ser estimulada. Concentrações inferiores a 20 ng/m ℓ são consideradas deficientes para a população geral. Entretanto, recomenda se que essas concentrações sejam mantidas acima de 30 ng/mℓ para populações mais vulneráveis à deficiência de vitamina D. Esses grupos incluem idosos (> 60 anos de idade) e pacientes com osteoporose, com osteomalacia/raquitismo, hiperparatireoidismo (primário ou secundário), doença renal crônica ou má absorção intestinal, e também indivíduos em uso de medicações que interfiram no metabolismo da vitamina D, submetidos à cirurgia bariátrica ou sob tratamento para câncer. Para correção rápida nos casos de deficiência de vitamina D (25OHD < 20 ng/mℓ), recomenda-se a administração de doses elevadas de vitamina D3 ou colecalciferol, ou seja, 50.000 UI por semana ou 7.000 UI por dia, durante 6 a 8 semanas. Indivíduos com má absorção ou submetidos à cirurgia bariátrica, doses muito superiores podem ser necessárias. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO - Indicações: • Presença de fratura por fragilidade, independentemente do escore T • Escore T < ou = –2,5 em coluna, fêmur total ou colo de fêmur • Escore T entre – 1,0 e – 2,5, com fatores de risco OBS.: Se tiver osteopenia + FRAX aumentado (acima de 3% no quadril ou acima de 20% em qualquer sítio) ira tratar. 6 Gabriela Rodrigues - Osteoporose ->BIFOSFANATOS (BF) Medicamentos de primeira linha para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa e em homens acima de 50 anos de idade. Em função da sua baixa taxa de absorção intestinal (cerca de 1%), os BF orais devem ser ingeridos com um copo de água pela manhã, em jejum, recomendando-se que a alimentação ocorra após pelo menos 30 minutos. Os eventos adversos mais comuns com o uso de BF orais estão relacionados com intolerância gastresofágica. Náuseas, pirose, desconforto subesternal e dor à deglutição podem ocorrer, mas são raros os casos de ulceração ou hemorragia. BF de uso semanal, mensal ou aqueles administrados por via intravenosa devem ser considerados em casos de intolerância gastrintestinal. *OBS DO PROFESSOR: A primeira opção para tratamento de osteoporose é o Bifosfanato (primeira dose 70mg uma vez por semana). Temos outras opções como o Residronato de sódio que é mensal e ajuda na adesão, porém é mais caro. A Calcitonina está em desuso. SERM usa uma vez por dia, que tem aquele efeito estrogênico. ->TERAPIA HORMONAL DA MENOPAUSA A terapia estrogênica em mulheres menopausadas está disponível em diversas formulações (associadas ou não a progestógenos) e mostrou-se eficaz no aumento de DMO e na diminuição do risco de fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril. ->CALCITONINA A calcitonina é um hormônio produzido nos humanos pelas células C da tireoide. Observa-se efeito protetor sobre fraturas vertebrais com o uso de calcitonina nasal, porém, não há alteração na incidência de fraturas não vertebrais ou de quadril. Além disso tem um efeito analgésico. É um fármaco que está em desuso. ->DENOSUMABE Denosumabe (Prolia ®) é um anticorpo monoclonal humano contra o ligante do receptor nuclear fator kappa B (RANKL), com efeito antirreabsortivo. Denosumabe impede a ligação do RANKL ao respectivo receptor (RANK) nos osteoclastos. Como consequência, ocorre menor diferenciação de células precursoras em osteoclastos maduros e redução de formação, função e sobrevida dos osteoclastos ativados, diminuindo a reabsorção óssea. Deve ser aplicado na dose 60 mg por injeção subcutânea, a cada 6 meses. Denosumabe está indicado em alguns pacientes de alto risco como, por exemplo, aqueles com dificuldade de deglutição ou intolerantes ou não responsivos a outros medicamentos (especialmente BF) ou que tenham declínio importante da função renal. ->TERIPARATIDA A presença de paratormônio (PTH) em níveis persistentemente elevados promove a reabsorção óssea, enquanto a administração intermitente de baixas doses do hormônio estimula a proliferação e a atividade dos osteoblastos com efeitos anabólicos sobre o esqueleto. A dose recomendada é de 20 μg/dia, por via subcutânea, durante um período máximo de 24 meses. Usado em pacientes com fraturas vertebrais prévias que não melhoram mesmo já tendo recebido outros fármacos, houve redução no risco de fraturas vertebrais e não vertebrais.
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