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TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA 1. Indicações absolutas de TRS na LRA: ➢ Hipercalemia grave e refratária. ➢ Acidose metabólica grave e refratária. ➢ Hipervolemia refratária (que não responde mais ao uso de DIU; principalmente num quadro de congestão pulmonar até ápice → edema agudo de pulmão [é a indicação da diálise]). ➢ Uremia (Síndrome urêmica – sinais e sintomas típicos de um paciente c/ falência renal devido ao acúmulo de toxinas que são eliminadas pelo rim – sintomas GI, dor epigástrica, náusea, vômito, soluço, prurido, encefalopatia urêmica, sangramento). *Diferente de elevação de ureia e creatinina (chamada de azotemia); a síndrome urêmica se trata de sinais e sintomas sistêmicos provocados por uma disfunção renal grave! ➢ Hipercalcemia (que não rebaixa com medidas controladoras). ➢ Hiperuricemia (principalmente na síndrome de lise tumoral). ➢ Intoxicação exógena (AAS, metformina, etilenoglicol, metanol, lítio – elementos que saem durante o processo dialítico). 2. Início TRS na DRC: ➢ TFG >15mL/min: habitualmente não se indica início. ➢ TFG <15mL/min assintomáticos: seguimento em curto tempo. ➢ TFG <15mL/min/1,73m3 sintomáticos: iniciar TRS se refratário ao tto medicamentoso. ➢ KDIGO: deve ser iniciado na presença de 1 ou mais: ➢ Sinais e sintomas atribuídos à falência renal (serosite [pericardite/pleurite]* - podem ser secundários a uremia e melhoram com o início da diálise, acidose, hiperfosfatemia, hipercalemia refratárias, prurido – intratável que não melhora com anti-histamínico). ➢ Hipervolemia (congestão pulmonar e edema agudo de pulmão) ou hipertensão refratárias. ➢ Deteriorização progressiva do estado nutricional (paciente que se torna subnutrido devido a uremia que provoca hiporexia). ➢ Encefalopatia urêmica*. *Diálise EMERGÊNCIAL em casos de serosite ou encefalopatia urêmica! 3. Modalidades possíveis de tratamento: ➢ LRA: diálise peritoneal ou hemodiálise. ➢ DRC: transplante renal (exclusivo para pacientes com DRC estáveis de ambulatório), diálise peritoneal ou hemodiálise. *Em situações emergenciais (LRA ou na DRC com complicação clínica grave – como edema agudo de pulmão ou hipercalemia grave) só podemos considerar de TTO hemodiálise e diálise peritoneal. Em situações emergenciais NÃO se faz transplante. 4. Transplante renal antes da diálise: Vantagens: ➢ Melhor sobrevida. ➢ Menor custo a longo prazo. Desvantagens: ➢ Necessidade de adesão ao TTO (pct precisa tomar medicamentos; transplante tem um tempo de duração; no entanto, é uma modalidade que dá maior liberdade ao pct). ➢ Dificuldade para encontrar um doador. ➢ Necessidade de tempo (meses) para realizar o preparo adequado – preparo do doador e do receptor; ou seja, não é um TTO de emergência. Rejeição ao transplante? ➢ HLA (conjunto de genes que geram as proteínas de membrana que servem para apresentar antígenos – é através dessas proteínas que nosso sistema imune reconhece quais células são nossas e quais são estranhas [p. ex. por infecção ou neoplasia]). ➢ Se trata de um conjunto de genes muito polimórficos (cada paciente tem um alelo diferente desse gene) – questão de defesa populacional. ➢ Pai e mãe: haplo-idênticos (50% de HLA igual da mãe e 50% de HLA igual do pai). ➢ Irmãos: 25% totalmente idêntico, 50% haplo- idêntico ou 25% totalmente distinto. *Prognóstico do transplante é muito melhor com doador de HLA idêntico ao do receptor do que com HLAs distintos. ➢ Rim é transplantado na pelve; extraperitoneal, com a artéria renal ligada à artéria ilíaca, e veia renal ligada à veia ilíaca. Os rins nativos não precisam ser tirados. ➢ Riscos da imunossupressão: hipertensão, diabetes, dislipidemia, infecções, câncer (principalmente de pele), osteoporose (corticoide), gestação de risco. *Por que transplantar? Devido a melhor sobrevida; Sobrevida: Doador vivo > doador falecido > diálise. ➢ Contraindicações para transplante: neoplasia em atividade/recente fim do tto (critério de cura do câncer), infecção ativa (por conta da imunossupressão), risco cirúrgico muito alto (p. ex. DCV grave, IC grave, isquemia coronariana não tratável grave), vasculopatia grave (sem sítio para implantar a artéria/veia renal), expectativa de vida muito curta (< 6 meses). 5. Hemodiálise: ➢ Não existe contraindicação absoluta (desde que o paciente não esteja muito instável hemodinamicamente); todo paciente crônico é um possível candidato para hemodiálise; é a modalidade mais feita para TTO de LRA. ➢ Acesso vascular: cateter duplo lúmen (jugular, femoral, subclávia – é um cateter de curta permanência); permcath (túnel subcutâneo – há uma distância do sítio de entrada do cateter na pele e no vaso – é um cateter de duração maior). ➢ Fístula arteriovenosa (melhor tipo de acesso para a hemodiálise; no entanto, depois que a cirurgia é feita, demora cerca de 2 meses para poder ser utilizada; não é uma estratégia de acesso para LRA). ➢ A fístula requer um tamanho mínimo de artéria e de veia para ser feita. Quando não é possível fazer uma fístula efetiva devido as condições anatômicas do paciente, a prótese de PTFE (material exógeno – liga uma artéria a uma veia) é uma alternativa a ser utilizada. No entanto, a prótese é mais cara e tem duração menor. *Falência completa de acesso → tentar diálise peritoneal, se não for possível → considerado prioritário para transplante. ➢ Capilar: vários fiozinhos em que o sangue passa por dentro; entre os capilares passa o dialisato (no sentido contracorrente do sangue); o sangue e o dialisato é separado pela membrana semipermeável dos capilares (há passagem apenas de moléculas pequenas). *O mecanismo contracorrente permite que a diálise ocorra na extensão toda do capilar, sem permitir que as concentrações dos solutos entrem em equilíbrio. ➢ Princípios da terapia dialítica: ➢ Difusão: passagem de um soluto do meio de maior concentração para o de menor concentração (dialisato); é através da difusão que ocorre a perda de ureia, creatinina, potássio e fósforo na diálise e o ganho de cálcio e bicarbonato (que estão mais concentrados no dialisato). ➢ Ultrafiltração: passagem de água através de uma diferença de pressão (a bomba de diálise faz com que a pressão que o sangue chega no capilar seja maior do que a pressão do dialisato; é possível regular a pressão do dialisato de acordo com a quantidade necessária de água que o paciente deva perder). ➢ Convecção: passagem do soluto arrastado pela água da ultrafiltração (mais de 90% do soluto é retirado por difusão; portanto, a convecção é pouco importante no ponto de vista de retirada do soluto). *A maquina de diálise tem função, também, de garantir segurança ao sistema, possuindo vários alarmes caso haja alguma falha no processo dialítico. Modalidades de TRS - Pacientes com DRC terminal I- Hemodiálise convencional: 4h, 3x por semana. Vantagens: ➢ Pouco tempo em diálise. ➢ Funcionários fazem todo o serviço. Desvantagens: ➢ Horários fixos. ➢ Deslocar para a clínica. ➢ Dose pode ser insuficiente. II- Hemodiálise domiciliar: tempo variado, 3-6x por semana. Vantagens: ➢ Dose pode ser personalizada. ➢ Se feito dose mais alta: melhor qualidade de vida, melhor controle do fósforo e da pressão. Redução da hipertrofia ventricular. Desvantagens: ➢ Casa se transforma em hospital. ➢ Fadiga do cônjuge. ➢ Tratamento da água e sistema de esgoto. ➢ Custo (não é oferecida pelo SUS; convênios muito bons podem oferecer). III- Hemodiálise noturna no centro de diálise: 7-9h, 3x por semana. Vantagens: ➢ Dose mais alta: melhor controle do fósforo, anemia e da pressão arterial. ➢ Não altera a casa do paciente. ➢ Tempo em diálise é gasto dormindo. Desvantagens: ➢ Deslocamento da casa durante à noite. ➢ Horário fixo. ➢ SUS não cobre (oferecidapor alguns centros de pesquisa). IV- Diálise peritoneal: 4x ao dia, todos os dias. ➢ É feita a infusão do dialisato na cavidade peritoneal e a membrana peritoneal (peritônio visceral) funciona como a membrana semipermeável do capilar de diálise; a troca é feita entre o sangue que passa nos capilares peritoneais e o líquido do dialisato através da membrana peritoneal. ➢ O dialisato é infundido na cavidade, em seguida o paciente fecha o cateter e desconecta as bolsas. Após 6 horas é feita a drenagem desse líquido e a infusão de um novo dialisato. ➢ A troca demora cerca de 30 minutos (20 min para drenar + 10 min para infundir). ➢ Cateter de Tenckhoff: faz um túnel subcutâneo; contém os cuffs que provocam uma inflamação local e ajudam fixar o cateter e a isolar o ambiente externo do interno (impedindo a progressão de infecção). ➢ CAPD: troca 4x ao dia, todo dia (7h, 11h, 17h, 23h). ➢ DPA/DPCC: cicladora faz as trocas automáticas durante a noite (23h-7h). ➢ Contraindicações? Aderências peritoneais por conta de várias cirurgias no abdome/cirurgias de grande porte (piora a superfície de troca), obesidade (o ideal é pct <80kg), pacientes sem condições sociais/higiene, estomias. Vantagens: ➢ Independência. ➢ Baixo custo. Desvantagens: ➢ Necessita de certa condição social. ➢ Paciente exposto a grande quantidade de glicose (pode haver hiperglicemia, hipertrigliceridemia e ganho de peso). ➢ Limite de dose e ultrafiltração. ➢ Vida útil do método (paciente, em média, fica cerca de 3 anos em diálise peritoneal). V- TTO conservador da DRC terminal – Paliativo (sobrevida baixa)/recusa em realizar TRS: Vantagens: ➢ Respeito à autonomia do paciente. ➢ Evita procedimentos invasivos em pacientes graves. ➢ Reduz sofrimento. Desvantagens: ➢ Pode reduzir expectativa de vida. ➢ Arrependimento e desejo por iniciar TRS em situação emergencial → recomendar que pacientes em dúvida deixem a fístula feita.
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