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Hemodiálise Hemodiálise Hemodiálise é um procedimento através do qual uma máquina limpa e filtra o sangue, ou seja, faz parte do trabalho que o rim doente não pode fazer. O procedimento libera o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos. Também controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina. As sessões de hemodiálise são realizadas geralmente em clínicas especializadas ou hospitais. Hemodiálise ● Basicamente, na hemodiálise a máquina recebe o sangue do paciente por um acesso vascular, que pode ser um cateter (tubo) ou uma fístula arteriovenosa, e depois é impulsionado por uma bomba até o filtro de diálise (dialisador). No dialisador o sangue é exposto à solução de diálise (dialisato) através de uma membrana semipermeável que retira o líquido e as toxinas em excesso e devolve o sangue limpo para o paciente pelo acesso vascular. Hemodiálise Hemodiálise ● COMO SE RETIRA O SANGUE PARA HEMODIÁLISE? ● Um dos inconvenientes da HD é a necessidade de se puncionar um vaso para puxar e outro para devolver o sangue. A simples punção de uma veia comum não funciona por dois motivos: o primeiro é o baixo fluxo e pressão de sangue das veias periféricas; o segundo é porque as veias superficiais apresentam paredes mais frágeis e depois de várias punções repetidas ficariam inutilizáveis. ● As artérias possuem fluxo e pressão elevadas, além de uma parede mais forte. Porém, elas são profundas e de difícil punção. Tipos de acessos vasculares para hemodiálise ● Existem atualmente três tipos de acessos vasculares para hemodiálise: ● – Fístula Arteriovenosa (FAV) ● – Enxerto Arteriovenoso (EAV) ● – Cateter Venoso Central (CVC). Hemodiálise ● A fístula arteriovenosa (FAV) é o melhor acesso vascular interno porque tem uma maior longevidade e menos probabilidade de desenvolver infeções e coágulos, resultando em menos hospitalizações, o que conduz a taxas de mortalidade e morbilidade mais baixas. Pacientes em diálise são submetidos a uma pequena cirurgia vascular onde se liga uma artéria a uma veia, criando um vaso periférico, com alto fluxo e mais resistente a punções repetidas. Hemodiálise ● A veia quando passa a receber o alto fluxo da artéria, começa a se desenvolver, crescendo e engrossando sua parede. Com o tempo a fístula adquire o aspecto mostrado na foto ao lado. Trata-se de um grande vaso bem visível, com alto fluxo e pressão de sangue e facilmente puncionável. ● O problema da fístula é que esta precisa de pelo menos um mês para se tornar apta à punção pelas grossas agulhas da hemodiálise. (4 a 12 semanas). Nem todos os pacientes podem esperar por este intervalo para começar a dialisar. Hemodiálise Hemodiálise Hemodiálise ● Enxerto arteriovenoso ● Um enxerto arteriovenoso é um tubo sintético que liga a artéria da pessoa doente a uma veia, por meio de uma intervenção cirúrgica. O material é inerte e bem tolerado pelo doente, embora os enxertos tenham maior probabilidade de trombose e infeção, aumentando o número de internamentos. Os EAV são implantados quando os vasos periféricos não são adequados para a construção de uma FAV. Podem ser configurados em linha reta ou em ansa, implantados em território subcutâneo, em regiões selecionadas como, por exemplo, a região anterior do antebraço e braço, região anterior da coxa e, como último recurso, a parede torácica. A prótese arteriovenosa é, contudo, uma opção razoável quando comparável com o cateter venoso central, embora tenha uma longevidade muito inferior à FAV. Hemodiálise Hemodiálise Cateter venoso central Os cateteres venosos centrais podem ser classificados como acessos temporários ou de longa duração. A utilização do acesso temporário deve ser preferentemente não superiores a uma semana e/ou numa situação de emergência com indicação para tratamento dialítico imediato. Como dispositivo, é utilizado o cateter provisório de duplo lúmen. Hemodiálise Deve ser preferido, mesmo transitoriamente, o uso do cateter de longa duração, implantado via percutânea numa veia central, preferencialmente na veia jugular interna direita, preservando o patrimônio vascular do membro superior esquerdo da pessoa doente, para a construção de um acesso vascular arteriovenoso. Uma pessoa com doença renal crônica deve ser informada dos riscos e benefícios associados aos cateteres e encorajada a permitir a avaliação, com vista à criação de uma fístula para um acesso de longo prazo, nos casos em que for apropriado. Hemodiálise Hemodiálise ● Repare na foto anterior que uma extremidade do cateter fica para fora e a outra dentro da veia cava, próximo ao coração. A parte externa do cateter venoso central para hemodiálise possui duas vias, uma para levar o sangue até a máquina de hemodiálise e outra para devolvê-lo. Enquanto a fístula não estiver pronta, o paciente dialisa pelo cateter. Hemodiálise ● A HEMODIÁLISE SUBSTITUI OS RINS PERFEITAMENTE? ● Não. O problema é que o rim não é apenas um mero filtro do sangue, ele exerce várias outras funções no nosso organismo. ● Veremos em seguida quais são essas funções e como a diálise substitui o rim nesses casos. Hemodiálise ● 1) Controle da água corporal ● Os rins, através da urina, mantém sempre o nível de água corporal mais ou menos constante. Se estamos desidratados, urinamos menos. Se ingerimos muita água, urinamos mais. A hemodiálise quando bem feita consegue manter um balanço razoável de água. O processo de retirada de água na HD é chamado de ultrafiltração (UF). Como a maioria dos doentes em diálise já não urina mais, toda água ingerida fica no organismo até a próxima sessão de HD. Em geral, o corpo tolera uma ultrafiltração de no máximo 4 litros por sessão de hemodiálise (1 litro por hora). Uma ultrafiltração maior pode levar a hipotensão. Portanto, o paciente renal crônico em HD deve controlar a ingestão de líquidos para não ganhar mais do que 1 kg por dia (1 litro de H2O = 1 kg). Hemodiálise ● Alguns doente não fazem nenhum tipo de controle e às vezes chagam para hemodiálise com 6-7 kg acima do peso. Em geral não toleram retirar todo esse excesso durante a HD e voltam para casa com líquido a mais. Se o doente permanecer sempre ganhando mais peso do que consegue perder, começam a surgir hipertensão grave, edema das pernas, falta de ar, e em alguns casos, edema agudo do pulmão, uma condição grave, onde o pulmão fica encharcado de água e o paciente morre como se estivesse se afogando. Hemodiálise ● 2) Controle do nível de eletrólitos (sais minerais tipo sódio, potássio e fósforo) ● Alguns eletrólitos do sangue como potássio (K+) e sódio (Na+) são facilmente dialisados. Outros como o fósforo, são substâncias que ficam muito mais dentro das células do que na corrente sanguínea, e por isso, são dialisados menos eficientemente. Hemodiálise ● É importante lembrar que a diálise é feita apenas 3x por semana nos renais crônicos, portanto, mesmo as substâncias facilmente dialisáveis como o potássio, sofrem acúmulo durante o período interdialítico. E quando em excesso, o potássio pode levar a arritmias cardíacas e morte súbita. Para se evitar esse problema, o doente renal crônico deve ter uma dieta pobre em potássio. Hemodiálise ● Os rins são muito mais eficientes no controle do fósforo do que a hemodiálise. Por isso, o paciente em HD também deve controlar o ingestão e usar medicamentos que impeçam a absorção do fósforo contido nos alimentos. ● O excesso de fósforo está associado a uma maior taxa de lesões nos ossos, complicações cardiovasculares e de mortalidade na diálise. O rim trabalha 24 horas por dia durante 7 dias da semana para controlar os níveis doseletrólitos. A HD só o faz por 4 horas por dia e 3x por semana. Não se pode consumir o mesmo tipo de comida nos dois casos. O doente renal crônico tem que ter uma dieta específica. Hemodiálise ● 3) Controle do pH do sangue ● O controle dos ácidos no organismo segue o mesmo pensamento dos eletrólitos. O corpo produz substâncias ácidas ininterruptamente e o rim as elimina conforme necessário. O doente renal crônico só consegue eliminá- las 3x por semana e passa a maior parte do tempo com o sangue mais ácido do que o normal. O excesso de ácido no sangue leva a uma maior lesão dos ossos, maior consumo de músculo e diminuição da função de várias células no organismo. Hemodiálise ● 4) Controle da pressão arterial ● A pressão arterial no doente em HD está intimamente ligada a quantidade de água corporal. Doentes que não controlam a quantidade de sal que comem, sentem mais sede uma vez que não há rim para eliminar o excesso de sódio. O doente com sede bebe mais água e costuma ganhar mais líquido do que consegue retirar na HD, como já foi explicado. ● Os doentes bem dialisados e que fazem controle da ingestão de água, costumam ter pressões arteriais normais, mesmo sem medicações anti-hipertensivas e ausência de edemas no corpo. Hemodiálise ● 5) Síntese de hormônios que estimulam a produção de hemácias (glóbulos vermelhos) ● Os rins produzem um hormônio chamado de eritropoetina, que estimula a medula óssea a produzir as hemácias. O rim do renal crônico não consegue produzi-la e o resultado final é o surgimento de anemia. ● O renal crônico com anemia deve tomar injeções de eritropoetina artificial para manter níveis aceitáveis de glóbulos vermelhos. O valores de hemoglobina desejáveis no renal crônico estão entre 11 e 12 g/dl (um pouco abaixo do normal na população normal). ● Doentes insuficientes renais crônicos também apresentam ferro sanguíneo mais baixo, e sua reposição às vezes se faz necessária para correção da anemia. Hemodiálise ● 6) Controle da saúde dos ossos através da produção de vitamina D ● O rim ativa a vitamina D, que por sua vez, controla a saúde dos ossos. O paciente renal crônico apresenta carência desta vitamina, que junto com o hiperparatireoidismo (funcionamento excessivo da paratireóide), leva a lesões graves do ossos. ● Os pacientes em diálise podem precisar de vitamina D sintética e medicamentos que inibam a função a paratireóide. Em casos mais graves pode ser preciso inclusive a retirada cirúrgica da paratireóide. ● Como vocês podem ver, a hemodiálise está longe de ser um perfeito substituto para o rim. Hemodiálise ● O rim normal filtra 100ml de sangue por minuto => 6000 ml (6 litros) por hora => 144000 ml (144 litros) por dia => 1008000 ml (1008 litros) por semana. ● A diálise em média filtra 300 ml de sangue por minuto => 18000 ml (18 litros) por hora => 72000 ml (72 litros) por 4 horas de HD => 216000 ml ( 216 litros) por semana em 3 sessões de HD. ● Ou seja, em 1 semana, o rim normal filtra 1008 litros de sangue, enquanto que 3 sessões de HD filtram apenas 216 litros, quase 5x menos. Apesar de não ser o ideal, a HD é suficiente para manter o paciente vivo e produtivo. Hemodiálise ● SINTOMAS INTRADIALÍTICOS ● As complicações mais comuns durante a hemodiálise são, hipotensão (20-30% das diálises), cãibras (5-20%), náuseas e vômitos (5-15%), cefaléia (5%), dor torácica (2- 5%), dor lombar (2-5%), prurido (5%) e febre e calafrios (< 1%). ● Alguns são frequentes, embora pouco graves e fácil e rapidamente resolúveis, tais como: náuseas, vômitos, dor de cabeça, hipotensão arterial, cãibras, hematomas ou perdas de pequenas quantidades de sangue pelos locais de punção. Hemodiálise ● Outros, apesar de serem muito pouco frequentes, são mais graves: hipotensão arterial severa, alterações cardíacas como arritmias e angina de peito, embolia gasosa, acidentes cerebrovasculares e reações alérgicas de gravidade variável. Podem, excecionalmente, chegar a colocar em risco a sua vida. No entanto, por imposição legal, todas as unidades de diálise se encontram adequadamente apetrechadas para a sua resolução no imediato. A importância da assistência psicológica junto ao paciente em hemodiálise ● Possibilitar o acompanhamento psicológico na descoberta da doença e indicação do tratamento é também possibilitar aos pacientes em hemodiálise a oportunidade de ressignificar vários aspectos de suas vidas. O sofrimento trazido pelo adoecimento pode ser o início de um amadurecimento emocional que alterará questões existenciais no paciente e ao psicólogo se atribui o papel de construir ativamente junto com o paciente esta nova realidade. Obrigada
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