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BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 1 Sistema de Endomenbranas Trata-se de estruturas que são envoltas por membranas e que compartimentalizam produtos em processos celulares. Esse sistema está envolvido com a síntese, destinação e degradação de macromoléculas, sendo formado pelo retículo endoplasmático, complexo golgiense e lisossomos. O sistema endomembranas funciona da seguinte forma: 1. As moléculas (proteínas e lipídios) são sintetizadas no RE 2. Permanece no próprio RE por um tempo 3. São transportadas para o Golgi 4. São transportadas para o seu destino final, são 3 destinos possíveis: a. Endossomos/Lisossomos b. Vesículas secretoras (exocitose) c. Composição da membrana plasmática Todo esse processo é feito por trânsito vesicular RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO O retículo endoplasmático (RE) é uma organela presente em todas as células eucariontes. Ela apresenta 2 tipos, o retículo endoplasmático rugoso (RER) e o retículo endoplasmático liso (REL). O RE é o mais extenso sistema de membranas em uma célula eucariótica, consiste em uma rede de túbulos ramificados (REL) e vesículas achatadas (RER) que são continuidades do envoltório nuclear e percorre grande parte do citoplasma; membranas delimitam cavidades/cisternas/lúmens ou a luz do RE. A membrana do RE é lipoproteica e assimétrica (as 2 faces têm diferenças); ela tem 30% de lipídeos (60% da composição de lipídios é formado de fosfatidilcolina) e 70% proteínas (estruturais, receptores e enzimas). O lúmen (a parte interna oca do RE) é um ambiente aquoso com produtos de secreção → proteínas variadas (protocolágenos, anticorpos, insulina, enzimas em geral, depende do tipo celular) ou hormônios esteroides, bem como apresentam proteínas residentes do RE. As principais diferenças entre os dois tipos de RE são descritas a seguir: O REL pode formar o RER, e vice-versa, dependendo das necessidades da célula. Síntese de proteínas no RER Na síntese de proteínas no RER, o início da tradução proteica ocorre em ribossomos no citosol. Todavia, as proteínas direcionadas para o RE têm a presença de uma sequência de 20 aminoácidos hidrofóbicos na extremidade N-terminal, chamado de Sequência Sinal (ou Peptídeo Sinal). Assim, no citosol, existe uma Partícula de Reconhecimento de Sinal (SRP), que reconhece o peptídeo sinal traduzido e se liga a ela, interrompendo a síntese proteica (Sequência Sinal + SRP = interrupção da síntese proteica). O complexo formado (SRP + Sequência sinal + Proteína semitraduzida + Ribossomo acoplado) é encaminhado até o RE, onde o SRP encontra o seu receptor (proteína translocadora da membrana do RE) e se dissocia da partícula (depois o SRP se dissocia do seu receptor e pode ser reciclada). Essa proteína translocadora da membrana do RE, então, abre o seu canal, por onde a Sequência Sinal e a proteína semitraduzida é inserida, em seguinte, o ribossomo reinicia a sua tradução no meio do canal; quando a proteína é finalizada, ela é introduzida no lúmen. RER REL Síntese, segregação e processamento de proteínas Metabolismo de lipídeos, detoxificação, degradação de glicogênio e regulação de Ca+2 intracelular (ret. sarcoplasmático no músculo) BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 2 Canal translocador São complexos proteicos, que, geralmente, estão fechados, mas, ao reconhecerem a partícula sinal, abrem- se. Esses canais carreiam as proteínas para o lúmen do RE. Os complexos que formam o canal são: • Complexo Sec61: poro aquoso pelo qual a cadeia polipeptídica é transferida para o lúmen do RER, contém um plugue que mantém o poro fechado, a partícula desloca esse plugue. • Peptidase sinal: clivagem da sequência sinal ao terminar a tradução da proteína, fechando o poro novamente. Essa sequência vai para a bicamada, onde é degradado. • Complexo OST (oligossacaril-transferase): adiciona oligossacarídeos. O destino dessas proteínas formadas dentro do RE é de secreção ou encaminhamento para outros lugares. Proteínas transmembranas no RER O RER tem uma função importante de produzir e armazenar todas as proteínas transmembranas da célula. Logo, todas as proteínas transmembranas encontradas na célula são adicionadas primeiro nas membranas do RER. No caso de proteínas de uma única passagem, elas contêm uma sequência de parada de transferência (região hidrofóbica), na qual, ao passar pelo canal da membrana do RER, é identificada e inserida na bicamada lipídica. Quando a proteína tem 2 passagens, ela apresenta uma Sequência Sinal Interna (não é N-terminal) e uma Sequência de Parada de Transferência. Nessa situação, a sequência sinal interna e a de parada são retidas pelo poro e endereçadas para a membrana do RER. Em casos de proteínas de múltiplas passagens, existe uma combinação de sequência de início e de parada Os destinos possíveis das proteínas transmembranas são: residir na membrana do RE, residir na membrana de uma outra organela ou destinada à membrana plasmática. Glicosilação no RER É o processo de adição de um carboidrato na proteína inserida na cisterna (lúmen) do RER. Na membrana do RER, o açúcar fica ligado à uma transmembrana do RER chamada de Dolicol, a medida que a proteína emerge na luz do RER, o complexo proteico OST leva o açúcar ancorado no Dolicol até uma região amino lateral de um aminoácido asparagina, onde ocorre o processo da glicosilação. Ou seja, trata-se de uma transferência em bloc (transfere o açúcar já pronto para a proteína) de um oligossacarídeo precursor pré-formado (14 Carbonos). Esses carboidratos são chamados de Oligossacarídeo N-ligados. Essa glicosilação é importante pois: • Protege a proteína de degradação • Sinaliza para a retenção da proteína no RE até o correto dobramento • É um sinal de transporte para o correto direcionamento da proteína • Reconhecimento celular BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 3 Existem ainda as glicosidases, que removem 3 glicoses e 1 manose do oligossacarídeo, processo que demonstra para a maquinaria do RER que a proteína foi enovelada corretamente. Essa adição e remoção é importante para: • Correto enovelamento da proteína • Maior estabilidade da proteína • Participação no processo de adesão celular em glicoproteínas transmembranas (CAMs) Proteína defeituosas As proteínas processadas incorretamente são retidas no RER pela ligação a proteínas chaperonas (como a calnexina) que lá residem. Posteriormente, elas são reenoveladas pelas chaperonas para saírem do retículo endoplasmático rugoso. Ou então, a proteína é associada com a glicosiltransferase (colocando novos oligossacarídeos), para, depois, retirarem-os pelas glicosidases e tentar passar pelas chaperonas novamente. Se persistir o mal enovelamento, a proteína é associada à chaperonas específicas e levadas ao complexo canal carreador para serem tiradas do lúmen do RER, assim que essa molécula chega ao citosol, ela sofre a adição de ubiquitina (ubiquitinação), que a leva até uma proteossoma para ser degradada. OBS! Um exemplo de problema relacionado à retenção de proteínas transmembranas pelas chaperonas no RER é a fibrose cística, a qual a CFTR, por motivo de alguma mutação, é retida pelas chaperonas devido a sua conformação errada. Existem situações em que a proteína mal enovelada não consegue sair do lúmen do RER, ou então, em que devido a sobrecarga do RER, ele não consegue arrumar todas as proteínas erradas. Nesses dois casos, há um acúmulo de proteínas mal enoveladas no lúmen, esses compostos ativam receptores na membrana do RE, que desencadeiam uma Resposta da Proteína Desenovelada, os quais levam informações ao citosol para o aumento da síntese de chaperonas (auxiliam no processamento e enovelamento apropriados). Se mesmo após esta resposta, o sistema de RE continuar sobrecarregado, ocorrerá o sinalizamento para a apoptose da célula. Exemplodesse processo é a diabetes em adulto (tipo II), pois os RERs pâncreas começam a produzir muita insulina, sobrecarrega o RER e ocorre a apoptose dessas células (morte das células da ilhota pancreática. Algumas outras doenças neuronais (Alzheimer e Parkinson) podem ser associadas a esse processo. Isso ocorre porque na mitocôndria com alguma malformação começa a produzir muito óxido nítrico (NO), que causa prejuízo na função da dissulfeto isomerase, a qual leva ao acúmulo de proteínas defeituosas no RER, seu consequente estresse e a apoptose de células neurais. Por fim, outra doença relacionada é o enfisema hereditário. Uma mutação pontual na proteína alfa1- antitripsina (a qual impede o funcionamento da elastase), prejudica o seu enovelamento, formando um agregado no lúmen, onde são retidas. Assim, elas não fazem sua função, BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 4 as elastases destroem as elastinas e desestruturam os alvéolos. Síntese de lipídeos pelo REL A síntese de lipídios no REL é a formação de fosfolipídeos na lâmina citosólica da membrana do REL, pois as enzimas atuantes estão presentes nesse local. O processo ocorre a partir da associação de dois ácidos graxos a um glicerolfosfato, formando o ácido fosfatídico, que é inserido na face citosólica da membrana; essa associação ocorre devido a uma enzima denominada acetiltransferase presente na membrana do REL. Portanto, ocorre um crescimento desigual da face citosólica contra a face interna do REL. Dessa forma, existem enzimas flipases que distribuem os fosfolipídeos para equilibrar a quantidade de lipídeos nas duas faces da membrana. A movimentação é preferencial para alguns fosfolipídeos para manter a assimetria qualitativa das duas faces. Outrossim, no REL, há a síntese de ceramidas (precursor de glicoesfingolipídeos e esfingomielina) e colesterol (constituinte da membrana plasmática, precursor para a formação de ácidos biliares e hormônios esteroides). Via biossintética Após a síntese de lipídeos ou proteínas no RE, eles são transportados para o Golgi por meio de vesículas de transporte, onde sofrerão modificações e serão endereçadas ao destino final, através de vesículas também. Esse processo é chamado de Via biossintética. COMPLEXO GOLGIENSE O complexo de Golgi tem uma localização perinuclear, próximo ao núcleo. Ultraestrutura do Golgi Trata-se de sacos achatados empilhados, independentes, definidos por membranas, que delimitam as cisternas. O golgi apresenta duas faces: • Face de entrada ou Face cis: fica próximo ao RE; nessa face, apresenta-se a rede cis, que são agrupamentos tubulares formados por vesículas provenientes do RE. • Face de saída ou Face trans: voltada para a membrana plasmática; apresenta vesículas de transporte que brotam e deixam o Golgi para serem distribuídas. A membrana dos sáculos é igual à da membrana plasmática (fosfolipídeos + proteínas). A sua luz/cisterna apresenta monossacarídeos e polissacarídeos, proteínas de secreção e enzimas. O golgi é envolvido pela matriz proteica difusa, que é um arcabouço envolvido na manutenção e organização das cisternas de Golgi, onde apresentam golginas (proteínas de organização) e microtúbulos (posicionamento); essa matriz sofre fosforilação durante a divisão celular para o Golgi ser dividido entre as células filhas. Cada bolsão do Golgi faz uma determinada ação diferente e as substâncias são passadas para cada cisterna por meio de vesículas. Função O complexo de Golgiense tem como funções: • Fazer modificações estruturais em proteínas e lipídeos do RE (glicosilações, fosforilações e sulfatações). • Fazer o reconhecimento e encaminhamento de substâncias para endossomos tardios, membrana plasmática ou meio extracelular. Glicosilação do Golgi O Golgi pode fazer o processamento ou modificação dos oligossacarídeos N-ligados advindos do RE, em glicoproteínas de membrana ou glicoproteínas de secreção. Esse processamento pode ser caracterizado pela adição de outros açúcares e/ou remoção de manoses do oligossacarídeo ligado à proteína. Outro processamento que pode ocorrer é a ligação de um monossacarídeo por meio de uma ligação O- glicosídica, que é feita através da adição de açúcares aos grupos OH das cadeias laterais de serina e treoninas, com a ajuda de enzimas glicosiltransferases. Essa adição é BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 5 exclusiva do Golgi (diferente da anterior, que também ocorre no RE). Além disso, no Golgi também pode ocorrer a glicosilação de lipídeos. A glicosilação no Golgi é importante para: • Polimerização de cadeias de glicosaminoglicanos em proteoglicanos • Criação do sistema sanguíneo ABO (glicosilação de lipídeos de membrana das hemácias). Glicosilação N-ligada Glicosilação O-ligada Inicia-se no RE e continua no Golgi (modificações) Ocorre exclusivamente no Golgi Carboidratos ligados ao radical NH2 de resíduos de asparagina Carboidrato ligado ao radical OH de resíduos de serina e treonina Adição de oligossacarídeo em bloco no RE Adição sequencial de monossacarídeos nas diferentes cisternas do Golgi Oligossacarídeos grandes (mais de 4 resíduos) Oligossacarídeos pequenos Sulfatação no Golgi É a adição de sulfato em cadeias glicídicas de proteínas e lipídeos, bem como a adição em resíduos de tirosina. Exemplo desse processo é a sulfatação de proteoglicanos que vão para a matriz extracelular (o sulfato atrai sódio, que atrai H2O e mantém o meio hidratado). Fosforilação no Golgi É a adição de fosfato em regiões específicas de determinadas proteína processadas no Golgi. Ex: adição de um fosfato à manose dos oligossacarídeos N-ligados, com formação do resíduo manose-6-fosfato (M6P); na rede trans do Golgi, o M6P mostra que aquela proteína deve ser transportada para o lisossomo. Transporte no Golgi No Golgi, o transporte das substâncias é sempre por meio de fusão e brotamento de vesículas. Existem dois tipos de transporte entre os sáculos do Golgi: • Transporte Anterógrado: é o transporte de vesículas da rede Cis em direção a Trans • Transporte Retrógrado: é o transporte da rede trans em direção a cis As vesículas de transporte ocorrem no transporte Golgi → RE / Membrana plasmática / Lisossomo, já as vesículas de secreção são as usadas entre Golgi → Meio extracelular. O trânsito vesicular é altamente organizado e as vesículas são transportadas por proteínas de transporte associadas à microtúbulos ou filamentos de actina. As vesículas são formadas a partir da criação de uma capa de proteína na face citosólica de uma região especializada da membrana do complexo de golgi, que força a membrana para fora, fazendo o formato e o brotamento da vesícula. Outrossim, essas proteínas auxiliam também na captação das moléculas a serem transportadas. Essas vesículas ficam revestidas por essas proteínas auxiliadoras. Nas imagens, essa linha escura é a membrana do complexo de golgi e em cada imagem a parte mais à direita da membrana é o citosol e a parte da esquerda é o lúmen do complexo. É importante perceber que na região citosólica da membra há uma porção mais elétrondensa, que corresponde às proteínas que forçam a membrana e fazem o brotamento de vesículas; é válido ressaltar também que na 4º imagem é possível visualizar a vesícula envolta por essas proteínas. Existem certos tipos dessas proteínas de cobertura: • Clatrinas: fazem o brotamento das cisternas do Golgi e da membrana plasmática • COP I: faz o brotamento do Golgi na direção retrógrada • COP II: faz o brotamento do RE Clatrinas As clatrinas apresentam 3 cadeias leves e 3 cadeias pesadas (trisquélion); formam uma rede fibrosa que cria pentágonos e hexágonos numa estrutura convexa. Elas se ligam indiretamente à membrana, por meio de proteínas chamadas de adaptinas. BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS6 As vesículas são formadas em regiões membranosas, onde contêm receptores de carga (que fixam a adaptina e selecionam produtos a serem incorporados à vesícula). Após a vesícula ser formada, é importante o complexo adaptina-clatrina se soltar dos receptores de carga, pois a membrana da vesícula vai reconhecer o local que ela deverá se fundir. A dinamina (GTPase) é uma proteína que forma um anel ao redor do pescoço de cada broto vesicular (fusão entre as lâminas não citosólicas da membrana e liberação da vesícula). As vesículas de adaptinas-clatrinas são encontradas em: • Movimentos anterógrados no Golgi • Brotamento da rede trans do Golgi (vai para endossomos tardios, vacúolos citoplasmáticos ou membrana plasmática) • Brotamento da membrana plasmática em vesículas endocíticas (endocitose) Revestimento de COP • COP I: Produz vesículas de transporte retrógrado no Golgi (vai da direção da face cis para a trans; ‘direção contrária’) • COP II: Produz vesículas que brotam do RE para o Golgi (transporte anterógrado) Esse processo também apresenta as proteínas adaptadoras, e as de receptor de carga, igual as clatrinas. Após a formação da vesícula, esse complexo também se solta do receptor de carga. Trânsito vesicular retrógrado É o transporte de vesícula voltando, da rede trans para a cis e, as vezes, da rede cis para o RE. Esse transporte é necessário para devolver compostos (proteína, enzimas, transmembranas e etc…) importantes que foram englobados por engano nas vesículas. Esse processo ocorre devido à existência de proteínas no Golgi que os identificam e os levam de volta para o seu local de origem (que pode ser o RE ou outras cisternas do Golgi). As proteínas do RE apresentam um sinal de recuperação na região C-terminal, pois, se forem levadas por engano nas vesículas e conjugadas à membrana do Golgi, elas podem ser reconhecidas por receptores associados ao COP I, para serem transportadas de volta para o RE, pelo mov. retrógrado. • Em proteínas transmembranas, a sequência é KKXX, que são duas lisinas seguidas de 2 aa. quaisquer • Já em proteínas solúveis, a sequência é KDEL (Lys- Asp-Glu-Leu) Especificidade para a fusão A fusão de vesículas a outras membranas ocorre pelo reconhecimento específico entre a membrana da vesícula e a membrana alvo. Isso ocorre, pois as membranas das vesículas apresentam marcadores moleculares que fazem diversas BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 7 funções, como a identificação por receptores da membrana-alvo. As proteínas marcadoras mais conhecida são: • RABs: são GTPases que direcionam as vesículas aos locais específicos na membrana-alvo correta (identificação/aprisionamento) • SNAREs: catalisam a fusão das bicamadas lipídicas (ancoragem/fusão). São 2 tipos: o v-SNARE (presente na vesícula) o t-SNARE (presenta na membrana alvo) OBS! A proteína NSF, por gasto de ATP, separa as duas SNAREs para outras vesículas serem fundidas. OBS! O tétano e o botulismo são doenças, que liberam toxinas que clivam SNAREs do SNC, impedindo fusão da vesícula sináptica com membrana pré-sináptica e impede a liberação de neurotransmissores (ACh - ). Transporte pelo aparelho de Golgi São dois modelos que tentam explicar esse transporte pelo Golgi, o de transporte vesicular e o da maturação de cisternas. • Modelo do transporte vesicular: o aparelho de Golgi é dinâmico, onde as moléculas são movidas através das cisternas por vesículas de transporte; o transporte retrógrado faz a manutenção dos compartimentos enzimáticos diferentes. • Modelo de maturação de cisternas: o aparelho de Golgi é dinâmico, que ocorre a migração das cisternas em direção à rede trans do Golgi, à medida que elas amadurecem; o transporte retrógrado faz a manutenção dos compartimentos enzimáticos diferentes. Atualmente, são aceitos os dois modelos; o 1º ocorre em movimentações + rápidas; já o 2° ocorre em movimentações mais lentas. Formação do Acrossomo O Golgi forma o acrossomo do espermatozoide, que consiste em uma bolsa repleta de enzimas para fazer a fecundação Golgi e a divisão celular Na divisão celular de mamíferos, o Golgi é fosforilado (principalmente as suas proteínas de arranjo), formando diversas vesículas; essas vesículas são separadas igualmente entre as células filhas. Após a mitose, essas vesículas se fundem novamente formando o Complexo de Golgiense. SISTEMA ENDOSSÔMICO LISOSSÔMICO Lisossomos Os lisossomos são organelas responsáveis pela digestão celular, com características morfológicas e dimensões variáveis. Elas são delimitadas por membrana, constituída principalmente de lipídios (fosfolipídios, glicolipídios e colesterol) e proteínas altamente glicosiladas (faz a proteção interna contra as enzimas hidrolíticas presentes no interior). As enzimas presentes dentro dos lisossomos são hidrolases ácidas tecido-específicas (+ de 40 tipos: proteases, nucleases, glicosidases, lipases, fosfolipases, fosfatases e sulfatases), com atividade ótima em pH ácido (4,5 - 5,0), fator que serve como proteção contra um possível extravasamento de enzimas para o citosol com pH de 7. Os lisossomos mantêm seu inteior ácido (pH 5), devido ao bombeamento de prótons para o seu interior, por meio de proteínas bombas de H+ transmembranas. As enzimas dos lisossomos são adquiridas da via biossintética e da adição de um fosfato em um resíduo de manose (M6P) no Golgi. Os lisossomos estão presentes em todas as células, menos nas hemácias. OBS! Os componentes lisossomais são oriundos de endocitoses, autofagias e vias biossintéticas de enzimas hidrolíticas. Funções dos lisossomos • Digestão intracelular • Eliminação de organelas (autofagia) e de moléculas citoplasmáticas • Degradação de material oriundo de endocitose Biogênese do lisossomo A criação das enzimas lisossomais se inicia na rede cis do Golgi, onde é adicionado a M6P ao oligossacarídeo N-ligado; já na rede trans, existem receptores que BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 8 reconhecem esse resíduo e encaminha a enzima ao endossomo primário. endossomo é um componente menos ácido (pH 6) do lisossomo. Quando a vesícula que transporta a enzima se funde ao endossomo, o receptor de M6P libera, em meio ácido, a enzima transportada, voltando para o Golgi depois (movimento retrógrado); posteriormente, há a remoção dos fosfatos da enzima por fosfatases. OBS! Algumas vesículas contendo hidrolases podem ser secretadas no fluido extracelular, mas elas não digerem esse meio devido ao alto pH. OBS! Alguns receptores da MP6, em vez de voltarem para o Golgi, podem ser encaminhados à membrana plasmática para capturarem as enzimas hidrolíticas que possam ter sido jogadas no meio extracelular e as trazerem de volta à célula (endossomo) por endocitose. Lisossomos liberados na MEC Algumas células possuem lisossomos que liberam seu conteúdo para o meio extracelular, ex: • Melanossomos: lisossomos contendo pigmentos; sofrem exocitose e liberam os pigmentos, os quais são coletados por queratinócitos. • Espermatozoides: liberação de enzimas acrossômicas para digerir a corona radiata e fazer a fertilização. • Osteoclastos: apresentam lisossomos que liberam suas enzimas no MEC para digerir o osso. Defeitos Lisossomais Defeitos nas hidrolases lisossomais causam doenças de armazenamento → substâncias tóxicas que deveriam ser degradadas por enzimas lisossomais vão sendo armazenadas, nos lisossomos, são chamadas de Doenças de Inclusão: • Doença de Hurler: deformações esqueléticas e um atraso no desenvolvimento motor e intelectual; é causado pelo acúmulo lisossomal de sulfato dermatano e sulfato de heparano dentro dos lisossomos; leva a morte dod indivíduos antes da adolescência por deficiências cardiovasculares e respiratórias. • Deficiência na enzima N-acetilglicosamina- fosfotransferase (ausência de fosforilaçãoda manose na rede cis do Golgi), fazendo com que as enzimas lisossomais sejam levadas para o MEC (altas [plasma]), o qual cria corpos de inclusão e lesões teciduais. Todavia, hepatócitos não apresentam inclusões lisossomais (classificação enzimática independente da M6P) • Doença de Gaucher: ausência de beta-glicosidase, que leva ao acúmulo de esfingolipídeo no baço, fígado, pulmão, medula óssea, rins e SNC; causando esplenomegalia, cirrose, anemia, fragilidade óssea e convulsões; os pacientes dessa doença fazem reposição enzimática (TRE) • Doença de Tay-Sachs: ausência de beta- hexosaminidase, levando ao acúmulo de gangliosídeo; doença fatal com perdas progressivas de funções neuronais no SNC e morte ainda na infância • Cistinose (ou Síndrome de Fanconi): doença autossômica recessiva, leva ao acúmulo de cistina intralisossomal, formando cristais (principalmente nos rins) e danos teciduais; cria uma perda excessiva de sais, água e glicose (disfunção nos túbulos proximais); insuficiência renal 2-10 anos de idade BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 9 • Silicose: partículas de sílica aspiradas e são acumulados em lisossomos e macrófagos pulmonares, levando a morte celular e dano tecidual Via endocítica É a via de internalização de material extracelular por meio de endocitose (vesículas endocíticas), com o processo de reciclagem da membrana (vai trocando a membrana). Essa via é da seguinte progressão: compartimento endossômico → lisossomo. Endocitose Processo pelo qual células eucariontes capturam fluidos, moléculas e até outras células, por meio de invaginações ou evaginações da membrana plasmática, formando vesículas citoplasmáticas. Existem 3 tipos de endocitose: • Fagocitose: ingestão de grandes partículas (>250 nm de diâmetro), com a formação de um fagossomo; apenas células especializadas fazem fagocitose • Pinocitose: processo pelo qual as células eucariontes capturam fluidos, moléculas e substâncias pequenas (até 100 nm de diâmetro); há a formação de vesículas pinocíticas, por associação com clatrinas; a pinocitose é constante e indiscriminada (está ocorrendo o tempo todo) • Endocitose mediado por receptor: processo em que células eucarióticas capturam fluidos, moléculas e outros componentes por invaginações (clatrinas) da membrana com a presença de receptores, que sinalizam o local da invaginação; trata-se de uma rota específica (pois há receptores que auxiliam na especificidade) com eficiência de internalização. OBS! A membrana não encolhe com os processos de endocitose devido às vesículas de reciclagem e pelos processos de exocitose Compartimentos endossômicos e via endocítica Os compartimentos endossômicos conjuntos de túbulos e vesículas de diferente tamanhos e formas, que se estendem desde a periferia do citoplasma até as proximidades do Golgi e núcleo. Esses compartimentos são os locais de envio primária das substâncias endocitadas. Com a sucessão de endossomos, o pH vai aumentando. Quando a célula faz uma endocitose, o caminho que a substância endocitada faz é: 1. Endossomo precoce (ou primário); com pH 6,5, que, em casos de endocitose com receptor, é suficiente para soltar o receptor do substrato. A partir do endossomo precoce é formado um endossomo de reciclagem que devolve membrana e receptores para a membrana plasmática. 2. Endossomo tardio (ou secundário): as substâncias no endossoma precoce são levadas até o tardio por uma vesícula endossômica carreadora; apresenta pH 6,0 e já ocorre início da digestão hidrolítica - as enzimas lisossomais são levadas ao endossoma tardio e não ao lisossomo. 3. Lisossomo: pH 5,0, substrato é levado do endossoma tardio para o lisossomo, onde será a sua digestão efetiva pelas enzimas hidrolíticas no pH ótimo; OBS! Os lisossomos não têm receptores para a Manose-6- fosfato (M6P), pois as enzimas lisossomais e os seus receptores são levados primeiro para o endossoma tardio. Em alguns casos, algumas moléculas podem não seguir a via endocítica (que termina nos lisossomos) e, portanto, elas não serão degradadas, como as vesículas endocíticas com transportadores de glicose (GLUT4, que esperam o estímulo insulínico). Destinos possíveis de estruturas e receptores endocitados • Reciclagem: devolvidos ao mesmo domínio de membrana (membrana e receptores reciclados) • Degradação: vai para lisossomos (degradação de partículas e de receptores) • Transcitose: a partícula sai do endossoma primário e é transportado para outro domínio de membrana BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 10 (ex: absorção de anticorpos por recém-nascidos pelo leite materno) OBS! Em certas ocasiões, pode ocorrer a fusão de endossomas tardios + lisossomos preexistentes (formando endolisossomos), ou a acidificação progressiva do endossomo tardio, fazendo com que ele vire um lisossomo. Corpos multivesiculares Corpos multivesiculares são vesículas formadas dentro do próprio endossoma, que são criadas quando existe a necessidade de digerir uma proteína transmembrana completa. O processo de digestão dessas proteínas transmembranas é detalhado a seguir: 1. As proteínas transmembrana são retirada de alguma organela membranosa ou da membrana plasmática por meio do brotamento de vesículas; então, essas proteínas ficam confinadas na membrana da vesícula, a qual se funde ao endossoma primário. 2. No endossoma primário, as proteínas transmembranas (que se encontram agora na membrana do endossoma) são marcadas por ubiquitina no seu domínio citosólico, que faz a sinalização para uma internalização da proteína, por meio de uma endocitose dentro do próprio endossomo (vesícula intraluminal), formando o corpo multivesicular. 3. Agora, a proteína transmembrana pode ser levada ao lisossomo e digerida totalmente, pois não haverá nenhum domínio seu para “fora” da membrana lisossômica. Pinocitose Processo constitutivo (ocorre o tempo todo) e inespecífico, em que há a formação de vesículas pinocíticas, por meio de fossas revestidas de clatrina. Existem regiões de invaginações na membrana plasmática chamadas de calvéolos, pois utilizam calveolinas para a formação das vesículas, em vez de clatrinas. A pinocitose serve, por exemplo, para atravessar partículas de uma arteríola para o tecido adjacente, fazendo a transcitose (absorção das partículas por pinocitose nos vasos e exocitose para o tecido adjacente). Existe um tipo de pinocitose, denominado macropinocitose, que é a pinocitose de uma partícula um pouco maior, processo iniciado pela sinalização de uma proteína transmembrana, que promove uma protusão da membrana plasmática (com associação a filamentos de actina), a qual fecha um vacúolo e forma o macropinossomo. A macropinocitose pode servir para recaptação de neurotransmissores/receptores, internalização de patógenos, bactérias, vírus e protozoários; as células cancerosas se nutrem por macropinocitose. A diferença da macropinocitose para a fagocitose é que a fagocitose pega elementos muito maiores. Endocitose mediado por receptor BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 11 Trata-se de uma captação eficiente de macromoléculas específicas do fluido extracelular, pois apresenta os receptores transmembranares localizados em fossas revestidas de clatrina. Um exemplo de endocitose com receptor importante é a absorção de LDL pelas células, pois a sua degradação libera colesterol livre. Pessoas com mutação no receptor de LDL (LDLR) na membrana leva ao caso de aterosclerose, sendo que os heterozigotos dessa mutação têm 2x + [LDL sérico], e homozigotos apresentam de 4-6x + [LDL sérico] que pessoas normais. A absorção de ferro no organismo também ocorre por essa endocitose, onde a ferrotransferrina (apotransferrina associada à Fe+2) é endocitada na célula e em pH 5 (lisossomal) libera o cátion férrico no meio, sendo liberada de volta ao meio externopor exocitose. Além disso, o vírus HIV entra na célula desta forma, pela ativação de receptores membranosos, que causam a invaginação do vírus. Fagocitose Processo feito por células de defesa (macrófagos e neutrófilos), a qual ocorre a internalização de organismos invasores, células em apoptose ou até mesmo outras células. Na fagocitose, tem-se a formação de um vacúolo, o fagossomo, por meio da projeção citoplasmática para englobar o material, que é dependente da reorganização de filamentos de actina (não é utilizado clatrinas). É a forma de alimentação em protozoários e nas células de defesa é utilizado para captura de microrganismos invasores e remoção de células mortas e defeituosas. OBS! A bactéria da tuberculose impede que o fagossomo se funde com o lisossomo, impossibilitando sua degradação Autofagia Único mecanismo apropriado para remover grandes compartimentos celulares. A célula faz a autofagia em situações de: organela obsoleta ou senescentes, estresse celular, proteínas citosólicas solúveis, baixa disponibilidade de nutrientes e desenvolvimento embrionário. Em volta do componente a ser digerido, ocorre uma indução de membranas que forma um autofagossomo ao redor (formação de uma dupla membrana de origem do RE), que se funde com o lisossomo, destruindo-o. A membrana externa do autofagossomo incorpora ao lisossomo e a interna é destruída junto com o componente celular. Células novas fazem a autofagia muito eficientemente, diferente das células mais velhas, que acabam por não renovar seus componentes celulares, prejudicando o metabolismo celular. Sistema endossômico-lisossômico Sistema de incorporação de partícula e sua posterior degradação. Integração via biossintética e de degradação A via biossintética produz e endereça as enzimas hidrolíticas utilizadas na via de degradação. Exocitose Exocitose é a fusão de vesículas com a membrana plasmática, liberando seu conteúdo para o MEC. Essas vesículas saem da rede trans do Golgi. Existem 2 vias para a exocitose na célula: • Via constitutiva: consiste no processo em que há envolvido vesículas com proteínas de membrana (receptores, canais iônicos, transportadores), lipídios de membrana (crescimento da membrana) e/ou proteínas solúveis (secreção no ambiente aquoso celular). • Via regulada: quando a exocitose só ocorre com um sinal extracelular (hormônio/enzimas), enquanto isso não ocorre, as células secretoras produzem e armazenam seus produtos nas vesículas de secreção. Ocorre em células endócrinas. BIOLOGIA CELULAR: SISTEMA DE ENDOMEMBRANAS 12 Da rede trans do complexo de Golgi, são formadas vesículas secretoras imaturas. Posteriormente, ocorre a remoção do excesso de membrana da vesícula (recuperação) e acidificação do lúmen vesicular (aumenta a concentração do substrato), tornando-as vesículas secretoras maduras. Uma outra função essencial da exocitose é aumentar o tamanho da membrana plasmática, por meio da fusão das vesículas. Esse processo e feito para certas atividades, como citocinese, fagocitose (emissão de pseudópodes), reparo da membrana e celularização (normal em insetos)
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