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Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 HIPERTENSÃO ARTERIAL- DEFINIÇÃO A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou medicamentoso) superam os riscos. Trata-se de uma condição multifatorial, que depende de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais Caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PAdiastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. É aconselhável, quando possível, a validação de tais medidas por meio de avaliação da PA fora do consultório por meio da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), da Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) ou da Automedida da Pressão Arterial (AMPA) Associa-se, frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais Síndrome caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados associados a alterações metabólicas, hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofia cardíaca e vascular). FATORES DE RISCO Genética Idade Sexo Etnia Ingestão de sódio e Potássio Sedentarismo Álcool Fatores socioeconômicos Fármacos Apneia Obstrutiva do Sono SINTOMAS DE CRISE HIPERTENSIVA Cefaleia (dor de cabeça) – Alterações visuais – Déficit neurológico (diminuição da força muscular/dormência) – Dor precordial (dor no peito) – Dispneia (falta de ar) O sintoma que seria o mais frequente e específico observado num indivíduo A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial – PA (PA ≥140 x 90mmHg) CONCEITOS IMPORTANTES PRESSÃO ARTERIAL: PRESSÃO QUE SANGUE EXERCE NA PAREDE DAS ARTÉRIAS PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA – PAS- CORAÇÃO SE CONTRAI PARA IMPULSIONAR O SANGUE PARA AS ARTÉRIAS PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA- PAD- PRESSÃO MÍNIMA0 NO INÍCIO DOCICLO CARDÍACO – EJEÇÃO DO CORAÇÃO Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 hipertenso é a cefaleia. A cefaleia suboccipital, pulsátil, que ocorre nas primeiras horas da manhã e vai desaparecendo com o passar do dia A resposta normal ao aumento da carga de trabalho decorrente do exercício vigoroso e regular é a hipertrofia do miocárdio, especialmente na parede do ventrículo esquerdo. Isso é um efeito positivo que faz do coração uma bomba mais eficiente. No entanto o aumento da pós-carga, leva à hipertrofia do miocárdio, que é acompanhada por dano muscular e fibrose (acúmulo de fibras colágenas entre as fibras musculares). Como resultado, o ventrículo esquerdo aumenta, enfraquece e dilata. Como as artérias do encéfalo geralmente são menos protegidas por tecidos circundantes do que são as artérias principais em outras partes do corpo, a hipertensão prolongada pode acabar provocando sua ruptura, resultando em um acidente vascular encefálico. A hipertensão também danifica as arteríolas dos rins, fazendo com que elas se espessem, o que estreita o lúmen; como o aporte de sangue para os rins é então reduzido, os rins secretam mais renina, o que eleva ainda mais a pressão arterial. TIPOS Considera-se a HA primária uma doença multifatorial, mas com forte componente genético. Em contraste com a HA primária, diversas formas secundárias de HA são causadas por mutação em um gene único (HA monogênica), de herança familiar, como o hiperaldosteronismo familiar, a síndrome de Liddle, a hiperplasia adrenal congênita e as formas herdadas de feocromocitoma e paraganglioma. PREVENÇÃO PRIMÁRIA Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 Controle de Peso Dieta saudável Sódio Potássio Atividade Física Álcool Fatores Psicossociais Suplementos alimentares Tabagismo Espiritualidade DIAGNÓSTICO A avaliação inicial de um paciente com hipertensão arterial (HA) inclui a confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cardiovascular (CV). As lesões de órgão-alvo (LOA) e as doenças associadas também devem ser investigadas. Fazem parte dessa avaliação: a medida da pressão arterial (PA) no consultório e/ou fora dele, utilizando-se técnica adequada e equipamentos validados e calibrados, a obtenção de história médica (pessoal e familiar), a realização de exame físico e a investigação clínica e laboratorial. Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 Medição da PA: Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. Relembrando... Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff) e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação; Determinar a PAD no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff). A PA fora do consultório pode ser obtida através da medição residencial da pressão arterial (MRPA), com protocolo específico, ou da MAPA de 24 horas.A MAPA e a MRPA são os métodos habitualmente utilizados para realizar as medições fora do consultório. Ambas fornecem informações semelhantes da PA, porém sóa MAPA avalia a PA durante o sono. FISIOPATOLOGIA A pressão arterial é determinada pelo produto do débito cardíaco (DC) e da resistência vascular periférica (RVP). A contratilidade e o relaxamento do miocárdio, o volume sanguíneo circulante, o retorno venoso e a freqüência cardíaca podem influenciar o DC. Assim como, a RVP é determinada por vários mecanismos vasoconstrictores e vasodilatadores como o sistema nervoso simpático, o sistema renina angiotensina e a modulação endotelial. A RVP depende também da espessura da parede das artérias, existindo uma potencialização ao estímulo vasoconstrictor nos vasos nos quais há espessamento de suas paredes Em muitos pacientes portadores de HA a elevação da PA é decorrente do aumento da RVP enquanto em alguns, a elevação do DC é o responsável pela HA PERFIL HEMODINÂMICO DOS PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL Hipertensão e aumento do débito cardíaco. Alguns hipertensos, geralmente jovens, apresentam uma síndrome com DC elevado e RVP reduzida, algumas vezes chamada de hipertensão hiperdinâmica Alterações hemodinâmicas mistas: A principal característica dos pacientes com HA essencial é a combinação do aumento do DC e da RVP. Geralmente, esse perfil hemodinâmico tem associação com a idade, enquanto os jovens apresentam DC elevado, muitos pacientes idosos com HA apresenta Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 DC reduzido, correspondendo a maior parte da população hipertensa. Os pacientes com HA maligna ou acelerada têm severa vasoconstricção arteriolar com aumento da RVP e DC normal ou reduzido A acentuada vasoconstricção que esses pacientes apresentam é mediada pelo aumento da atividade do sistema nervoso simpático (SNS), do sistema renina angiotensina e pode depender, em parte, da falência do endotélio em promover vasodilatação compensatória IDOSOS- ATERIOSCLEROSE- a diminuição da complacência da aorta e o aumento reflexo da onda de pulso causam elevação da PA sistólica e contribui para hipertrofia ventricular esquerda Negros– tendencia em RVP elevado- esses indivíduos apresentam um perfil de hipertensão com renina baixa associado com vasoconstricção sistêmica que independe do volume de líquido intravascular MECANISMOS NEURAIS Em situações normais, espera-se que a elevação da PA seja acompanhada de redução da frequência cardíaca. Entretanto, muitos pacientes com HA essencial apresentam frequência cardíaca de repouso mais elevada que o normal. Isso pode sugerir alterações na sensibilidade dos barorreceptores nos pacientes com HA . Além disso, vários estudos têm demonstrado aumento na liberação, sensibilidade e excreção de norepinefrina em hipertensos, notadamente naqueles com HA borderline e com menos severidade da doença Além de evidências do envolvimento do SNS na HA crônica, existem vários estudos farmacológicos mostrando que drogas anti- adrenérgicas reduzem de forma significativa a PA SISTEMA RENINA-AGIOTENSINA A renina é uma enzima liberada pelas células justa glomerulares dos rins quando estimulada através da redução do fluxo sanguíneo renal, contração de volume intravascular, redução da ingesta de sódio na dieta, estímulo β-adrenérgico nas células justa glomerulares e redução nos níveis plasmáticos de aldosterona A renina liberada atua sobre o angiotensinogênio produzido pelo fígado, convertendo-o em um decapeptídeo a angiotensina I, que é imediatamente transformada na circulação pulmonar, através da enzima conversora da angiotensina (ECA), em um octapeptídeo com potente ação vasoconstrictora, a angiotensina II. A angiotensina II atua na musculatura lisa dos vasos produzindo constricção, no córtex adrenal liberando aldosterona, na medula adrenal liberando catecolaminas, em certas áreas do sistema nervoso central iniciando a liberação de adrenalina no cérebro e promovendo a ingesta de líquidos através de estímulo no centro da sede no cérebro. Essas ações, fisiologicamente atuam como uma defesa da PA, aumentando a RVP e a retenção de sódio e água. O feedback negativo dessa sequência homeostática fisiológica ocorre quando, na presença de excesso de angiotensina II, a liberação de renina é inibida. Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 ATENDIMENTO NO SUS HISTÓRICO DO SUS Como se sabe, antes da chegada de europeus em território brasileiro, os povos indígenas já o habitavam há centenas de anos. Os povos indígenas já tinham enfermidades, mas com a colonização portuguesa tudo piorou, principalmente pela conhecida expressão usada em aulas sobre a história do Brasil: as “doenças de branco”. Doenças comuns na Europa, que não existiam no Brasil, acabaram sendo trazidas. O ponto de atenção é de que os indígenas não tinham imunidade para elas e a consequência foi a morte de milhares deles. Durante os 389 anos de duração da Colônia e do Império, pouco ou nada foi feito com relação à saúde. Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, e a sua vontade em desenvolver o Brasil para que se aproximasse da realidade vivida em Portugal, uma das primeiras medidas foi a fundação de cursos universitários. A ligação entre entidades religiosas e tratamentos de saúde é bastante forte e existe desde a colonização do Brasil As Santas Casas de Misericórdia são uma dessas entidades que se destinaram a prestar assistência médica às pessoas. As santas casas foram, durante décadas, a única opção de acolhimento e tratamento de saúde para quem não tinha dinheiro. Em 1822, D. Pedro I declara a independência brasileira com relação a Portugal bradando: “Independência ou morte!”. Relacionando o bordão com a saúde pública, pode-se dizer que houve avanços durante o período imperial A cidade, além de sofrer diversas mudanças urbanas, como calçamento de ruas e iluminação pública, também visava a higienizar o centro urbano – de maneira sanitária e social. Social, pois expulsava do centro da cidade os casebres e as pessoas de classe social mais inferior, proliferando então o desenvolvimento de favelas nas áreas periféricas. A higienização sanitária deveria ocorrer por conta das recorrentes endemias de febre amarela, peste bubônica, malária e varíola, doenças associadas à falta de saneamento básico e de higiene. Os esgotos, na época, corriam a céu aberto e o lixo era depositado em valas. Assim, o alvo da campanha pela saúde pública nesse princípio de século XIX foi estruturar o saneamento básico. Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o país ficou dependente de mão de obra imigrante para continuar no cultivo de insumos que eram a base da economia brasileira, principalmente o café. Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas sanitários e das epidemias. Portanto, para a recepção dos imigrantes europeus, houve diversas reformas urbanas e sanitárias nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, em que houve atenção especial às suas áreas portuárias. Para o governo, o crescimento do país dependia de uma população saudável e com capacidade produtiva, portanto era de seu interesse que sua saúde estivesse em bom estado. Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde, sendo um dos destaques o médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas populares na defesa da http://www.politize.com.br/povos-indigenas-do-brasil/ http://www.politize.com.br/monarquia-e-republica-qual-a-diferenca/ http://www.politize.com.br/monarquia-e-republica-qual-a-diferenca/ http://www.mv.com.br/pt/blog/um-breve-relato-da-historia-da-saude-publica-no-brasil http://www.mv.com.br/pt/blog/um-breve-relato-da-historia-da-saude-publica-no-brasil http://www.politize.com.br/ http://www.politize.com.br/escravidao-brasil-ainda-existe/ http://www.politize.com.br/o-que-e-economia/ http://www.politize.com.br/refugiados-imigrantes-e-asilados/ http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/QuestaoSocial/MovimentoSanitarista Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 vacina obrigatória contra a varíola – na época, a população revoltou-se com a medida, pois não foram explicados os objetivos da campanha e do que se tratavam as vacinas. As ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão Nordestino, divulgando a importância dos cuidados com a saúde no meio rural. Lá, porém, as pessoas eram muito pobres e continuavam em moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo com a disseminação de vacinas. Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde, sendo um dos destaques o médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas populares na defesa da vacina obrigatória contra a varíola – na época, a população revoltou-se com a medida, pois não foram explicados os objetivos da campanha e do que se tratavam as vacinas. As ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão Nordestino, divulgando a importância dos cuidados com a saúde no meio rural. Lá, porém, as pessoas eram muito pobres e continuavam em moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo com a disseminação de vacinas. Ainda nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Caixas de Aposentadoria e Pensão. Os trabalhadores as criaram para garantir proteção na velhice e na doença. Posteriormente e devido à pressão popular, Getúlio Vargas ampliou as CAPS para outras categorias profissionais, tornando-se o IAPS: Instituto de Aposentadorias e Pensões. A Constituição de 1934, promulgada durante o governo Vargas, concedia novos direitos aos trabalhadores, como assistência médica e “licença-gestante”. Além disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, a CLT, determina aos trabalhadores de carteira assinada, além do salário mínimo, também benefícios à saúde. As Conferências Nacionais de Saúde tiveram um papel muitoimportante na consolidação do entendimento da importância da saúde pública no Brasil – mais adiante, você entenderá por quê. A 3ª Conferência Nacional de Saúde ocorreu no final de 1963 e apresentou diversos estudos sobre a criação de um sistema de saúde Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez em que houve um ministério dedicado exclusivamente à criação de políticas de saúde, com foco principalmente no atendimento em zonas rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha carteira assinada. O movimento sanitarista foi de importância ímpar ao entendimento de saúde pública, do conceito de saúde e também da evolução do direito à saúde no Brasil. A reforma sanitária se refere às ideias de uma série de mudanças e transformações necessárias à saúde. Sua composição era de técnicos da saúde – médicos, enfermeiros, biomédicos… – e intelectuais, partidos políticos, diferentes correntes e tendências e movimentos sociais diversos. Ao fim da década de 1970, o movimento adquiriu certa maturidade em função de uma série de estudos acadêmicos e práticos realizados, principalmente, nas faculdades de Medicina. Ao fim da ditadura, as propostas da Reforma Sanitária foram reunidas num documento chamado Saúde e Democracia, enviado para aprovação do Legislativo. Uma das conquistas foi a realização da 8ª Conferência Nacional da Saúde em 1986. Pela primeira vez na história, foi possível a participação da sociedade civil organizada no processo de construção do que seria o novo modelo de saúde pública brasileiro. http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/QuestaoSocial/MovimentoSanitarista http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/PoliticaSocial/IAP http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/PoliticaSocial/IAP http://www.politize.com.br/constituicao-de-1934/ http://www.politize.com.br/clt-o-que-e/ http://www.politize.com.br/clt-o-que-e/ http://www.politize.com.br/clt-o-que-e/ https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo-conferencias-nacionais-de-saude https://bvsarouca.icict.fiocruz.br/sanitarista05.html https://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria https://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 Essa conferência foi tão importante pois desde o seu tema – “saúde como direito de todos e dever do Estado” – teve como resultado uma série de documentos que basicamente esboçaram o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Num primeiro momento, trabalhou-se a análise do contexto da transição da ditadura para a democracia. Seu início se deu nos anos 70 e 80, quando diversos grupos se engajaram no movimento sanitário, com o objetivo de pensar um sistema público para solucionar os problemas encontrados no atendimento da população defendendo o direito universal à saúde. Em 1988, por ocasião da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, foi instituído no país o Sistema Único de Saúde (SUS), que passou a oferecer a todo cidadão brasileiro acesso integral, universal e gratuito a serviços de saúde. A década de 1980 é o referencial histórico de sua institucionalização, concretizando o princípio de participação da comunidade na deliberação, gestão e fiscalização das políticas públicas Por sua vez, este princípio da participação social nas políticas do Estado, também denominada de gestão participativa, insere- se num processo mais abrangente de democratização estatal e societária, que tem fundamentado práticas políticas de amplos e significativos segmentos da sociedade brasileira desde meados dos anos 1970, ainda na vigência do regime militar, ganhando envergadura na década seguinte. FLUXO DE ATENDIMENTO E NIVÉIS DE COMPLEXIDADE As redes de atenção à saúde (RASs), uma nova forma de organizar o sistema de atenção à saúde em sistemas integrados que permitam responder, com efetividade, eficiência, segurança, qualidade e equidade, às condições de saúde da população brasileira. Tradicionalmente trabalha-se em saúde com uma divisão entre doenças transmissíveis e doenças crônicas não transmissíveis. Essa tipologia é largamente utilizada, em especial pela epidemiologia. Condições agudas [DENGUE, ZIKA] e crônicas [DM,HAS] Os sistemas de atenção à saúde são definidos pela Organização Mundial da Saúde como o conjunto de atividades cujo propósito primário é promover, restaurar e manter a saúde de uma população para se atingirem os seguintes objetivos: o alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma equitativa; a garantia de uma proteção adequada dos riscos para todos o cidadãos; o acolhimento humanizado dos cidadãos; a provisão de serviços seguros e efetivos; e a prestação de serviços eficientes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000; MENDES, 2002b). Os sistemas de atenção à saúde constituem respostas sociais, deliberadamente organizadas, para responder às necessidades, demandas e preferências das sociedades. Nesse sentido, eles devem ser articulados pelas necessidades de saúde da população que se expressam, em boa parte, em situações demográficas e epidemiológicas singulares. Além de se organizarem pela atenção às condições agudas e crônicas, os sistemas de atenção à saúde podem apresentar-se, Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 socialmente, num contínuo que vai desde a fragmentação até a integração Os sistemas fragmentados de atenção à saúde, fortemente hegemônicos, são aqueles que se organizam através de um conjunto de pontos de atenção à saúde, isolados e incomunicados uns dos outros, e que, por consequência, são incapazes de prestar uma atenção contínua à população. Em geral, não há uma população adscrita de responsabilização. Neles, a atenção primária à saúde não se comunica fluidamente com a atenção secundária à saúde e, esses dois níveis, também não se articulam com a atenção terciária à saúde, nem com os sistemas de apoio, nem com os sistemas logísticos. Diferentemente, os sistemas integrados de atenção à saúde, as RASs, são aqueles organizados através de um conjunto coordenado de pontos de atenção à saúde para prestar uma assistência contínua e integral a uma população definida. O sistema público brasileiro de atenção à saúde organiza-se, segundo suas normativas, em atenção básica, atenção de média e de alta complexidades. atenção primária à saúde como base e centro organizador das redes de atenção integral à saúde. Grau de severidade da condição crônica que pode ser gerido rotineiramente pelas equipes de atenção primária à saúde; o espaço entre a linha A e B representa, em determinado tempo, o grau de severidade da condição crônica que pode ser respondido por uma unidade de pronto- -atendimento ambulatorial; e, finalmente, o espaço superior à linha B representa, em determinado tempo, o grau de severidade da condição crônica que necessita de atendimento numa unidade hospitalar. Suponha-se que se represente a atenção a um portador de diabetes do tipo 2. Pela lógica da atenção às condições agudas, essa pessoa quando se sente mal ou quando agudiza sua doença, busca o sistema e é atendida, na unidade de pronto-atendimento ambulatorial (ponto X); num segundo momento, apresenta uma descompensação metabólica e é internada numa unidade hospitalar (ponto Y). Contudo, nos intervalos entre esses momentos de agudização de sua condição crônica não recebe uma atenção contínua e proativa, sob a coordenação da equipe da atenção primária à saúde. Esse sistema de atenção à saúde que atende às condições crônicas na lógica da atenção às condições agudas, ao final de umperíodo longo, determinará resultados sanitários e econômicos desastrosos. PRIMÁRIO Esse nível é o contato inicial para prevenção e redução de risco de doenças. Neste nível, não há tratamentos complexos ou combate a doenças. Ele trata do contato inicial para promoção de saúde. Para isso, há realização de exames e consultas de rotina, que são importantes para manter uma vida saudável. SECUNDÁRIO A complexidade do atendimento neste nível é maior e o paciente já entra em contato com profissionais da saúde mais especializados, como cardiologista e oftalmologista. São realizados também exames mais detalhados para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. TERCIÁRIO Geralmente, o paciente foi encaminhado para este nível após passar pelo primário ou secundário. É um atendimento altamente Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 especializado para pacientes que podem estar internados e precisam de cirurgias e exames mais invasivos. REABILITAÇÃO A Atenção Primária é constituída pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pela Equipe de Saúde da Família (ESF) e pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) enquanto o nível intermediário de atenção fica a encargo do SAMU 192 (Serviço de Atendimento Móvel as Urgência), das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), e o atendimento de média e alta complexidade feito nos hospitais. A Atenção Secundária é formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente interpretada como procedimentos de média complexidade. Esse nível compreende serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico e atendimento de urgência e emergência. A Atenção Terciária ou alta complexidade designa o conjunto de terapias e procedimentos de elevada especialização. Organiza também procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou alto custo, como oncologia, cardiologia, oftalmologia, transplantes, parto de alto risco, traumato- ortopedia, neurocirurgia, diálise (para pacientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de doenças no aparelho auditivo). Envolve ainda a assistência em cirurgia reparadora (de mutilações, traumas ou queimaduras graves), cirurgia bariátrica (para os casos de obesidade mórbida), cirurgia reprodutiva, reprodução assistida, genética clínica, terapia nutricional, distrofia muscular progressiva, osteogênese imperfeita (doença genética que provoca a fragilidade dos ossos) e fibrose cística (doença genética que acomete vários órgãos do corpo causando deficiências progressivas). Entre os procedimentos ambulatoriais de alta complexidade estão a quimioterapia, a radioterapia, a hemoterapia, a ressonância magnética e a medicina nuclear, além do fornecimento de medicamentos excepcionais, tais comopróteses ósseas, marca-passos, stendt cardíaco, etc. PLURALIDADE DO SUS A noção de pluralismo foi originalmente desenvolvida na Ciência Política, com o fim de defender o princípio de que cidadãos socialmente iguais, em direitos e deveres, podem ser diferentes, em percepções e necessidades. No campo da saúde este preceito ainda sofre grande resistência, no entanto em maio de 2006, com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS PNPIC-SUS, o Ministério da Saúde deu mais um passo para a expansão da pluralidade na saúde brasileira. http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade05/unidade05.pdf http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade05/unidade05.pdf http://www.saude.rs.gov.br/upload/1383057504_NASF_set2013.pdf http://www.saude.rs.gov.br/upload/1383057504_NASF_set2013.pdf Aniélly Guimarães Módulo IV- Abrangências das ações na saúde Problema 1 REFERÊNCIAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção á Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.128 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 37). 2. 7ª DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. Arquivos Brasileiros de Cardiologia Volume 107, Nº 3, Suplemento 3, Setembro 2016. Indexação: ISI (Thomson Scientific), Cumulated Index Medicus (NLM), SCOPUS, MEDLINE, EMBASE, LILACS, SciELO, PubMed . Filiada à Associação Médica Brasileira. http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretr izes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTE RIAL.pdf 3. MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan- Americana da Saúde, 2011. 549 p.
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