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CASO CLÍNICO - Sistema renal/urinário e fisiologia da micção e dasede

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, SAÚDE E TECNOLOGIA 
CAMPUS II – IMPERATRIZ/MA 
CURSO DE MEDICINA 
 
 
 
 
 
Professora Ma. BRUNA CARVALHO 
 
JULIENE DO NASCIMENTO SOUSA DA SILVA 
THALITA MORAES REIS DE PINHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO REFERENTE AO CASO CLÍNICO 4: QUERIA QUE A ÁGUA TIVES-
SE SABOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JULIENE DO NASCIMENTO SOUSA DA SILVA 
THALITA MORAES REIS DE PINHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO REFERENTE AO CASO CLÍNICO 4: QUERIA QUE A ÁGUA TIVES-
SE SABOR 
 
 
 
 
Relatório de caso clínico apresentado ao Cur-
so de Medicina da Universidade Federal do 
Maranhão - UFMA/Imperatriz, para obtenção 
de nota na disciplina de Eixo Integrador II. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imperatriz, Maranhão 
2020 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente relatório visa a abordagem da anatomia e fisiologia dos órgãos que com-
põem o sistema urinário. Destarte, os rins, ureteres, bexiga e uretra foram abordados com 
vista aos detalhes mais importante no processo de produção e excreção urinaria. E foi pos-
sível, assim, compreender a importância para a vida a função adequada dos sistemas renal 
e urinário. A principal função é manter o estado de homeostasia do organismo regulando os 
líquidos e eletrólitos, removendo os resíduos e fornecendo hormônios envolvidos na produ-
ção de eritrócitos e dentre outras coisas. (TORTORA, 2016) 
Concomitante, abordou-se sobre o mecanismo da sede em resposta à desidratação 
e estímulo por mecanismos de regulação homeostática. Para que, desse modo, Pedro com-
preenda a importância evidenciada pelo médico do caso sobre a ingestão de agua. Parale-
lamente, abordou-se também sobre mecanismo de micção, demonstrado o seu percurso e 
controle. 
Ademais, foram ressaltados alguns dos exames mais usados na avaliação do siste-
ma renal, como a urinoanálise e os marcadores de função renal (clearence renal), com a 
finalidade de entender a alterações relatadas no caso do estudante Pedro. Em visto disso, 
ressalta-se que os exames fornecem dados para compreender o estado fisiológico do orga-
nismo, sobre a presença e a evolução de muitas doenças sistêmicas e sobre o estado funci-
onal dos rins. 
 Diante disso, para o melhor entendimento do caso clínico abordado em sala de aula da 
disciplina de Eixo Integrador II, faz-se necessário o conhecimento dos aspectos anatômicos 
e fisiológicos do sistema urinário, para que ocorra uma maior compreensão dos mecanismos 
da sede e micção e a descrição dos exames laboratoriais que auxiliam o diagnóstico clínico. 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 COMPREENDER A ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO: 
O sistema urinário é um conjunto de órgãos responsável pela filtragem do sangue, 
armazenamento e excreção da urina. Esse sistema é formado por dois rins, dois ureteres, 
uma bexiga e uma uretra. (TORTORA, 2016). 
 
RINS 
Os rins são importantes para a homeostase do organismo, pois possuem funções 
como: regulação da composição iônica do sangue; manutenção da osmolaridade do san-
gue; regulação do volume sanguíneo; regulação da pressão arterial e pH do sangue; excre-
ção de resíduos e substâncias estranhas. (GUYTON, 2017). 
Anatomia externa dos rins 
Os rins têm formato semelhante a um feijão, cor avermelhada, e estão localizados 
acima da cintura entre as últimas vértebras torácicas e a terceira vértebra lombar. Situam-se 
entre o peritônio e a parede posterior do abdome, sendo que o direito está um pouco mais 
baixo do que o esquerdo, porque o fígado ocupa um espaço considerável no lado direito. 
Possuem uma parte côncava que é voltada para a coluna vertebral. Perto dessa margem 
côncava tem um recorte hilo renal, de onde emergem o ureter paralelamente com vasos 
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Possuem três camadas de tecido (TORTORA, 2016). 
 A camada mais interna é a cápsula fibrosa, uma lâmina lisa e transparente de tecido 
conjuntivo denso não modelado que é contínuo com o revestimento externo do ureter; ela 
serve como uma barreira contra traumatismos e ajuda a manter a forma do rim. Já a camada 
intermediária é a cápsula adiposa, que serve para proteger o rim de traumas e ancorá-lo 
firmemente na sua posição na cavidade abdominal. A camada mais externa é a fáscia renal, 
ela possui tecido conjuntivo denso não modelado que ancora o rim às estruturas vizinhas e 
à parede abdominal. (TORTORA, 2016). 
Anatomia interna dos rins 
É dividido em 3 regiões distintas: córtex 
renal e medula renal e pelve renal. 
A medula é uma região central e mais 
escurecida, é formada pelas pirâmides re-
nais, que possuem ápices que convergem for-
mando as papilas, que se projetam em cálices 
menores. Os cálices menores unem-se e for-
mam cálices maiores, os quais desembocam na pelve renal. Da pelve renal, a urina atinge o 
ureter até chegar à bexiga urinária. (TORTORA, 2016). 
Figura 1: Rim. Fonte: TORTORA, 2016. 
 
O córtex renal possui uma coloração 
avermelhada e textura lisa. É a camada 
mais externa, e fica localizada logo após a 
cápsula fibrosa do rim. Nesse córtex são 
encontradas as unidades funcionais dos 
rins responsáveis pela formação da urina, 
os néfrons. Cada rim possui milhares de 
néfrons. Eles são formados por dois com-
ponentes principais (TORTORA, 2016): 
a) Corpúsculo Renal: Cápsula 
de Bowman, uma rede de células epiteli-
ais responsáveis por filtrar plasma sanguíneo; 
e glomérulo, que é uma rede de capilares sanguíneos enovelados dentro da cápsula glome-
rular. 
b) Túbulo Renal: É dividido em túbulo contorcido proximal, alça do Néfron (de 
Henle) e túbulo contorcido distal. Desse modo, proximal é a parte do túbulo ligado à cápsula 
glomerular, e distal indica a parte que está mais longe. Contorcido significa que o túbulo é 
espiralado em vez de reto. Ja alça de Henle se estende até a medula renal, faz uma curva 
fechada, e então retorna ao córtex renal. 
Portando, o plasma sanguíneo é filtrado na cápsula glomerular, e então o líquido fil-
trado passa para o túbulo renal. (TORTORA, 2016). 
 
URETERES 
Os ureteres são dois tubos urinários que têm como principal função transportar a uri-
na dos rins para a bexiga. São compostos por três camadas: a mais interna que é a camada 
mucosa, a intermediária que é camada muscular lisa, e a mais externa, onde se encontram 
os vasos sanguíneos e a fibras nervosas chamada de camada adventícia. (TORTORA, 
2016). 
São capazes de realizar contrações rítmicas denominadas peristaltismos. O ureter 
percorre por diante da parede posterior do abdome, penetrando em seguida na cavidade 
pélvica, por esse motivo é dividido em duas partes: a abdominal e pélvica. (TORTORA, 
2016). 
Embora não haja uma válvula anatômica na abertura de cada ureter na bexiga uriná-
ria, uma válvula fisiológica é bastante efetiva. À medida que a bexiga se enche com urina, a 
pressão em seu interior comprime as aberturas oblíquas para os ureteres e impede o refluxo 
de urina. (GUYTON, 2017). 
 
Figura 2: Néfron. Fonte: NETTER,2000. 
 
BEXIGA 
A bexiga urinária tem função de armazenar e expulsar a urina produzida nos rins. 
Possui musculatura elástica capaz de armazenar cerca de 700 mL a 800 mL de urina. Loca-
liza-se na parte inferior do abdômen, nos homens, situa-se logo à frente do reto, e nas mu-
lheres, à frente da vagina e abaixo do útero. (TORTORA, 2016). 
Fisiologicamente, quando a bexiga 
está vazia, ela fica localizada inferiormente 
ao peritônio e posteriormente à sínfise pú-
bica; quando cheia, ela se eleva para a 
cavidade abdominal. Esse órgão oco con-
tém na sua saída um músculo circular 
chamado esfíncter interno, que se contrai 
involuntariamente, prevenindo o esvazia-
mento. Logo abaixo do musculo, envolven-
do a parte superior da uretra, está o esfíncter exter-
no, que é controlado voluntariamente, permitindo a 
resistência à necessidade de urinar. (TORTORA, 
2016). 
 
URETRA 
A uretraé um tubo muscular, que conduz a 
urina da bexiga para fora do corpo, e se estende 
desde o orifício interno da uretra na bexiga até ao 
orifício externo da uretra, na genitália externa. É cin-
co vezes maior no sexo masculino, percorrendo uma 
distância de aproximadamente 20 cm, sendo dividi-
da em 3 partes: prostática (passa através da prósta-
ta), membranácea (porção mais curta, atravessa o 
músculo transverso profundo do períneo) e esponjo-
sa (a mais longa, atravessa o pênis). (GUYTON, 
2017) 
Por sua vez, a uretra feminina possui um comprimento pequeno cerca de 4 cm – fa-
tor predisponente para contrair infeções do trato urinário. Ela passa primeiro através do assoa-
lho pélvico e depois através do espaço perineal profundo onde está rodeada pelo esfíncter 
externo da uretra. Finalmente, a uretra abre-se através do orifício externo da uretra encontra-
do entre os pequenos lábios, anteriormente à abertura vaginal. (GUYTON, 2017). 
Figura 3: BEXIGA. Fonte: TORTORA, 2016. 
Figura 4: Uretras. Fonte: TORTORA, 2016. 
 
2.2 DESCREVER O MECANISMO DE SEDE E MICÇÃO: 
 
“Preocupado, o médico indagou o garoto se ele sentia sede e urinava diariamente. 
Ele respondeu que sim (...)” 
Nesse trecho do caso 4 “Queria que a água tivesse sabor”, observa-se a necessida-
de de se entender o mecanismo da sede e micção. 
 
Mecanismo de sede: 
A sensação de sede é criada pelo centro da sede, localizado no hipotálamo, que 
exerce suas funções por meio de osmorreceptores. O organismo detecta as alterações 
na osmolaridade plasmática (concentração de solutos dissolvidos no sangue) e por esse 
meio envia sinais para o hipotálamo, criando a sensação biológica da sede (GUYTON, 
2017). Primeiramente, uma desidratação irá desencadear: 
 Diminuição do fluxo da saliva: 
A sensação de sede pode resultar da ação de glândulas localizadas nos arredores 
da língua. Quando a saliva é reduzida e há o ressecamento das mucosas do esôfago, a 
sensação de sede é criada pelo centro da sede, localizado no hipotálamo, para que a pes-
soa beba água. Como resultado, a sensação de sede é aliviada quase imediatamente após 
a ingestão de líquido, ainda que a água não tenha sido absorvida pelo trato gastrointestinal 
e não tenha exercido seu efeito sobre a osmolaridade do líquido extracelular (TORTORA, 
2016). 
 Aumento da osmolaridade sanguínea: 
Osmorreceptores detectam as alterações na osmolaridade plasmática (concentração 
de solutos dissolvidos no sangue) e enviam sinais para o hipotálamo, criando a sensação 
biológica da sede. (TORTORA, 2016). 
 Diminuição do volume sanguíneo e da pressão: 
A sensação da sede também é estimulada por uma baixa do volume sanguíneo, co-
mo na perda de volume sanguíneo por uma hemorragia, capaz de alterar a pressão sanguí-
nea pela hipovolemia; e até mesmo por outras razões que causem hipotensão arterial. Des-
se modo, o sistema renina-angiotensina tem importante papel na normalização da pressão 
arterial: o angiotensinogênio é convertido em angiotensina I pela enzima catalizadora RENI-
NA (formada no aparelho justoglomerular). Esse angiotensina I é convertida em angiotensi-
na II pela ECA (Enzima Conversora de Angiotensina ). A Angiotensina II é um potente vaso-
constritor, que diminui o calibre dos vasos, e consequentemente aumenta a resistência; 
além de estimular o sistema simpático (vasoconstrição) e a liberação de aldosterona e vaso-
pressina. A aldosterona e vasopressina são hormônios que provocam a retenção de sódio e 
água pelos ductos coletores renais, aumentando o volume sanguíneo e, consequentemente, 
 
a pressão arterial. Além disso, o aumento na produção 
de angiotensina II estimulará o centro da sede, por 
meio dos impulsos neurais provenientes dos barorre-
ceptores arteriais sistêmicos e cardiopulmonares na 
circulação. (TORTORA, 2016). 
Portanto, o estudante do caso clínico – que 
alega não sentir sede – pode ter problemas relaciona-
dos à comunicação aferente ou eferente do centro da 
sede hipotalâmico. De maneira geral, todos os recepto-
res sensoriais podem afetar as atividades neuroendó-
crinas, autonômicas e somáticas relacionadas ao ba-
lanço iônico da água. Dessa forma, desde simples bo-
tões gustativos linguais, osmorreceptores até neuro-
transmissores e hormônios podem causar desvios de 
homeostasia (CAMBRAIA, 2004). 
A histamina, por exemplo, neurotransmissor im-
portante em mecanismos diversos, também regula a 
alimentação e ingestão de água, sendo que ainda não se compreende a interação de neu-
rônios histaminérgicos com outros neurônios em centros de saciedade. Estudos mostram 
que a histamina tem ação anorética por inibir a liberação de noradrenalina pelo hipotálamo. 
Além disso, o sistema olfatório também relaciona-se com a ingestão de água, o apetite por 
sódio e secreção do hormônio antidiurético. (CAMBRAIA, 2004). 
 
Mecanismo de micção: 
Quando há formação da urina, nosso corpo evita a eliminação de água em excesso 
ou de substâncias importantes para o organismo. Desse modo, diariamente, os rins filtram 
cerca de 180 litros de sangue e apenas produzem 2 litros de urina, o que é possível devido 
aos vários processos de eliminação e reabsorção de substâncias executados pelos néfrons. 
(GUYTON, 2017). 
O sangue entra nos rins pela artéria renal, a qual se ramifica em várias arteríolas afe-
rentes, que adentram e enovelam-se na cápsula renal, onde o sangue sofre uma forte pres-
são que impulsiona a saída do filtrado glomerular. O filtrado é formado principalmente de 
água, ureia, glicose, sais e aminoácidos. Esse processo é denominado filtração. (GUYTON, 
2017). 
Esses glomérulos renais juntam-se novamente e formam outra arteríola eferente, 
responsável pela retirada do sangue para fora da cápsula. Depois da saída da cápsula re-
nal, o filtrado passa pelo túbulo néfrico, no qual a água e os nutrientes 
Figura 5: Controle da sede. Fonte: TOR-
TORA, 2016. 
 
são reabsorvidos para a corrente sanguínea, ao passo que tóxicos e excessos são secreta-
dos para dentro do lúmen do néfron, para serem eliminados na urina. A maior parte da reab-
sorção ocorre na região dos túbulos proximais. Findo o processo, o filtrado é transformado 
em urina. (TORTORA, 2016). 
Desse modo, a equação básica da formação da urina é: 
Urina = Filtração – Reabsorção + Secreção 
Essa Urina é formada basicamente de água, ureia e outras substâncias dispensáveis 
ao organismo, como fosfatos, sulfatos, amônia e ácido úrico. Sequencialmente, ela será le-
vada para ducto coletor, onde mais agua é absorvida. Depois vai para pelve renal, bexiga, 
ureteres e, por fim, uretra. (TORTORA, 2016). 
Na bexiga, a urina ficará armazenada até ocorrer a micção, que é o ato de expelir a 
urina. Primeiramente, acontecerá o enchimento vesical, que permite a livre drenagem de 
urina proveniente dos rins através dos ureteres, e a acomodação de quantidades crescentes 
de urina na bexiga, sem aumento da pressão intravesical. Enquanto o esfíncter uretral esti-
ver contraído, a urina não vazará. Essa micção é controlada pelo sistema nervoso. 
(TORTORA, 2016). 
 Para que ocorra a micção, o esfíncter externo da uretra relaxa por estímulo voluntá-
rio e a uretra abre-se à livre passagem da urina rumo ao exterior. Ao mesmo tempo, o mús-
culo da parede vesical contrai-se e força a urina para fora da bexiga. Vale ressaltar que os 
músculos do assoalho pélvico são importantes para o controle da micção. Ao final da mic-
ção, quando a bexiga já se esvaziou, os esfíncteres se contraem novamente e a bexiga in-
terrompe sua contração e relaxa. (GUYTON, 2017). 
 
2.3 CONHECER OS EXAMES QUE AVALIAM FUNÇÃO RENAL 
 
URINOANÁLISE – EAS 
O exame dos elementos anormais e do sedimento da urina (EAS), urinoanálise, ou 
exame de urina tipo I é um dos exames mais pedidos para pacientes com alterações do trato 
urinário. A urina deverá ser colhida pelo jato médio e ter sido recém-obtida, em frasco limpo, 
após higiene préviada genitália externa. O horário preferencial é o referente à primeira urina 
matutina, a qual é mais ácida e concentrada, permitindo melhor observação dos elementos. 
(PORTO, 2014). 
A urinoanálise é avaliada em três aspectos: o físico, o químico e a sedimentoscopia 
(MARTINS et. al., 2016). A cor normal varia entre amarelo e âmbar, devido ao pigmento pro-
duzido a partir da decomposição da bile – urocromo – e da hemoglobina – urobilina. Urinas 
concentradas tendem a ser mais escurecidas, e fatores como dietas, medicamentos e doen-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rins
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ureteres
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso
 
ças podem mudar a cor da urina. Costuma ter aspecto transparente, que enturvece ao repou-
so, odor amoníaco (a urina dos diabéticos em cheiro de frutas por causa da eliminação de 
corpos cetônicos) e pH na faixa de 4,6 a 8, sendo que dietas ricas em proteínas tendem a 
deixá-la mais ácida. Espuma em abundância indica proteinúria. Seu volume é influenciado por: 
ingestão de líquidos, pressão arterial, osmolaridade do sangue, dieta, temperatura corporal, 
diuréticos, estado de saúde geral. A densidade específica varia entre 1,001 e 1,035 (TORTO-
RA, 2016). 
Entre os químicos presentes, encontra-se ureia (da degradação proteica), creatinina 
(quebra de fosfocreatina no músculo), ácido úrico (da decomposição de ácidos nucleicos), 
urobilinogênio (da clivagem de hemoglobina) e somente pequenas quantidades de gorduras, 
enzimas e hormônios. Quaisquer alterações nos níveis de concentração desses solutos deve 
despertar maior investigação (TORTORA, 2016). 
Na análise química da urina, a presença de corpos cetônicos, por exemplo, pode indi-
car jejum prolongado, ingestão baixa de carboidratos, descompensação diabética ou cetoaci-
dose alcoólica, e a glicosúria pode indicar diabetes mellitus, glicosúria renal e síndrome de 
Fanconi. A proteinúria elevada é um marcador importante de lesão renal, é avaliada qualitati-
vamente e quantativamente (em cruzes de 0 a 4). Normalmente, menos de 150 mg de proteí-
na aparecem por dia na urina, sendo que na gravidez há hiperfiltração glomerular (até 300 mg 
de proteína/dia), e que em 3 a 5% de jovens saudáveis pode ocorrer proteinúria ortostática ou 
postural (inferior a 500 mg/dia) (PORTO, 2014). 
 Existem casos de proteinúria patológica não associados à lesão renal, como na febre, 
no exercício intenso, na convulsão e nas alterações bruscas de temperatura ambiental (MAR-
TINS et. al., 2016). Dentre as proteinúrias, a albuminúria é uma das mais avaliadas e indica 
aumento na permeabilidade das fenestrações capilares glomerulares, que podem se decor-
rentes de lesão, aumento de pressão arterial, ou irritação das células por toxinas bacterianas 
ou outros tóxicos. (TORTORA, 2016) 
A urobilinogenúria, por sua vez, está relacionada à anemia hemolítica ou perniciosa, à 
hepatite infecciosa, à obstrução biliar, à cirrose, à insuficiência cardíaca congestiva e à mono-
nucleose infecciosa (TORTORA, 2016). O nitrito positivo indica patogenia por bactérias gram-
negativas capazes de transformar nitrato em nitrito (PORTO, 2014), porém outros testes po-
dem revelar microorganismos diversos como fungos, bactérias não conversoras de nitratos e 
protozoários. (TORTORA, 2016). 
Quanto ao sedimento urinário, esse permite identificar células, cilindros e bactérias. 
Sedimento rico sugere doença glomerular. Hematúria relaciona-se com inflamação aguda de 
órgãos urinários por doença renal, traumatismos e tumores ou por irritação por cálculos renais. 
Já a leucocitúria ou piúria pode ser oriunda de infecções em qualquer parte do trato urinário 
(PORTO, 2014). 
 
C = U * V / P 
 
Os cilindros são massas proteicas que assumem a forma do segmento do néfron em 
que são formados e sua grande importância diagnóstica deve-se ao fato de sua origem ser no 
parênquima renal, sendo eles nomeados segundo sua aparência ou células e substâncias que 
os compõem – cilindros leucocitários (pielonefrites e na nefrite intersticial), hemáticos (glome-
rulonefrite), epiteliais (insuficiência renal aguda), hialinos (precipitação proteica no lúmen tubu-
lar), granulosos (doença tubular ou glomerular), céreos (doença renal crônica, na necrose tu-
bular aguda e na glomerulonefrite aguda) (PORTO, 2014). 
Por fim, os cristais de ácido úrico e fosfato ou oxalato de cálcio são comuns pela pró-
pria cristalização da amostra, a depender de pH e temperatura, mas em grandes quantidades 
podem causar insuficiência renal aguda; enquanto cristais de estruvita (fosfato amoníaco 
magnesiano) podem ser encontrados em litíase associada a infecções urinárias por bactérias 
produtoras de urease, como Proteus e Klebsiella (PORTO, 2014). 
Dessa forma, o EAS do garoto do caso clínico em questão provavelmente estará bas-
tante alterado, uma vez que ele bebe pouca água. Assim, as características físicas da urina 
podem revelar cor escurecida, alta densidade, aspecto turvo e espumoso e odor amoníaco 
forte – devido ao aumento da concentração dos solutos ou até mesmo em virtude de alguma 
lesão renal em curso. Outro aspecto importante é a composição dessa excreta, uma vez que a 
proteinúria – e a albuminúria – são muito presentes em doenças renais, indicando uma sobre-
carga ao aparelho nefrótico do paciente decorrente do alto teor de solutos que pode se depo-
sitar e provocar inflamação, lesando as células e diminuindo a eficácia de reabsorção de nutri-
entes importantes. Além disso, é possível deparar-se com uma elevação do teor de sedimen-
tos, incluindo hemácias, cilindros e cristais. 
 
PROVAS (MARCADORES) DE FUNÇÃO RENAL 
O parâmetro mais importante da função renal e de patologias associadas é a taxa de 
filtração glomerular (TFG), uma mensuração do volume filtrado pelo glomérulo (TORTORA, 
2016). É descrita pela depuração renal (clearance renal), o volume plasmático removido e 
excretado pela urina por unidade de tempo, e é feita com base em um marcador calculado 
segundo uma fórmula (MARTINS et. al., 2016): 
P: concentração plasmática do marcador, U: concentração urinária, V: 
fluxo urinário por unidade de tempo. 
A lógica é que tal marcador seja uma substância apenas filtrada pelo glomérulo, mas 
que não seja reabsorvida ou secretada pelos túbulos renais, não sofra degradação extrarrenal, 
nem interferência por outros compostos; dessa forma, sua depuração será igual à filtração 
renal. (TORTORA, 2016) 
 
 
 
 Clearence de creatinina 
Creatinina é constantemente produzida por atuar no metabolismo da creatina e fosfo-
creatina nas células musculares, e sua quantidade depende do sexo ( homem: 0,8 a 1,3 
mg/100ml; mulher: 0,6 a 1,0 mg/100ml), da idade, do nível de atividade física, da ingesta e do 
catabolismo proteicos, e do uso de alguns medicamentos (ácido acetilsalicílico, cimetidina, 
trimetoprima, espironolactona e amilorida ). É o marcador de função renal mais utilizado na 
prática clínica, embora não seja totalmente oriunda de filtração glomerular – filtração glomeru-
lar 85% e secreção tubular 15%. Portanto, o clearence de creatinina reflete, com bastante 
aproximação, a filtração glomerular, ainda que superestime a TFG em obesos ou na deficiên-
cia proteica, e subestime-a nos idosos (PORTO, 2014). Fórmula para pacientes saudáveis: 
Ucr: concentração urinária de creatinina em 
mg/dL; CrP: concentração plasmática de creati-
nina em mg/dL; V: fluxo urinário = razão entre o volume de urina e o tempo de coleta em 
mL/min. 
Para a realização desse cálculo, é necessário coletar a urina de 24 horas e a amostra 
de sangue ao final da coleta urinária, para dosagem da creatinina plasmática. Como as mulhe-
res possuem cerca de 15% a menos de massa muscular, multiplica-se o resultado por 0,85. 
(MARTINS et. al., 2016). Um método que não requereria a coleta de urina de 24 horas é a 
equação de Cockcroft e Gault: 
 
 
Fórmula para pacientes com doenças renais: na disfunçãorenal avançada, a creatini-
na tem secreção aumentada pelos túbulos renais. 
Mulhe-
res: multiplicar 
o valor encontrado por 0,762. Negros: multiplicar por 1,18. (MARTINS et. al., 2016). 
 Clearence de ureia 
A ureia é metabólito final do metabolismo nitrogenado (ex: aminoácidos), oriundo da 
amônia. Seus níveis séricos aumentam com maior ingesta proteica ou com o aumento do ca-
tabolisrno proteico (febre, estado séptico, uso de corticoide) e com a presença de sangue no 
intestino, condições nas quais os níveis de ureia sanguínea elevam-se independentemente da 
TFG (PORTO, 2014). 
Cerca de metade da ureia filtrada pelo glomérulo é reabsorvida pelos túbulos proxi-
mais, independentemente da ação do ADH e da reabsorção de água, porém nos segmentos 
distais do néfron, a ureia acompanha o sentido da reabsorção de água, a qual é influenciada 
pelo ADH. Por isso, no paciente com queda do volume de líquido extracelular e menos urina, 
ClCr (em ml/min) = Ucr * V / CrP 
ClCrestimado = (140 – idade em anos) * (peso em quilogramas) / 72 * CrP 
(mg/dL) 
ClCr = 170 * CrP (mg/dL
)–0,999
 * idade 
–0,176
 * ureia
–0,170
 * albumina
–0,318
 
 
há um aumento desproporcional da ureia em relação à creatinina plasmática. Ao contrário, 
quando o fluxo urinário aumenta, a excreção de ureia também aumenta. (PORTO, 2014). 
Portanto, já que a ureia é um marcador bem mais impreciso que a creatinina, no clere-
ance de ureia, é necessário estabelecer um fluxo urinário alto e constante (≥ 2ml/min), realiza-
do em curto período de tempo (pois a ureia sofre oscilações ao longo do dia), com medições 
de volume corretas e esvaziamento completo da bexiga. (MARTINS et. al., 2016). 
 Clearence de inulina 
Esse marcador é considerado padrão-ouro para aferir a TFG, porém é um método ca-
ro, demorado e de técnica complexa, que requer cateterismo vesical, administração de água 
antes e durante o teste, e infusão de inulina a taxas constantes – pois não é produzida pelo 
organismo humano –, com coletas seriadas de amostra de sangue. A inulina é um polímero da 
frutose presente em alguns tubérculos, como a dália, alcachofra de Jerusalém e algumas es-
pécies de chicória. O fato de ela ser inerte, não se ligando às proteínas plasmáticas, ser bem 
distribuída no fluido extracelular e completamente filtrada – sem ser absorvida ou secretada 
pelos túbulos renais torna-a um excelente marcador de função renal (MARTINS et. al., 2016). 
 Clearence de radiotraçadores 
Na prática clínica, é possível utilizar também traçadores radioativos como o 51Cr-
EDTA injetado em dose única, pelo cálculo da curva de clareamento dessa substância no 
tempo: divisão entre a dose injetada e a área sob a curva. Traz como vantagens ser desne-
cessário fazer coleta de urina, o baixo custo, a alta acurácia e a fácil execução – viável mesmo 
em indivíduos sem controle miccional. Entretanto, requer a coleta de múltiplas amostras de 
sangue (existem 2 outros cálculos com base em apenas duas ou uma única coleta), é contra-
indicado em pacientes muito edemaciados ou com ascite, e é um método pouco difundido no 
Brasil. (PORTO, 2014). 
Escolha dos marcadores de função renal pelo médico do caso: Tendo em vista, o bai-
xo custo, a melhor segurança no processo e conveniência (largo uso na prática clínica), os 
exames de clearence de creatinina e ureia foram sabiamente escolhidos pelo médico, já que 
se trata de um paciente jovem, sem outros sinais clínicos de comorbidade e que, possivelmen-
te, não usa fármacos que alterem a biodisponibilidade desses marcadores, fazendo deles op-
ções relativamente confiáveis para acurácia da função renal. 
 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A partir do conhecimento estabelecido, conclui-se que o sistema urinário é de suma 
importância para manutenção da homeostase corporal, pelo controle que executa sobre a 
quantidade de água, bem como a quantidade de substâncias necessárias e indesejáveis. 
Ademais, o conhecimento adquirido sobre o mecanismo de sede/micção e a compre-
ensão dos marcadores laboratoriais que avaliam o grau de acometimento do sistema renal 
contribuem significativamente para a investigação do problema, o acompanhamento do paci-
ente e a decisão pela melhor conduta terapêutica. 
Portanto, é interessante que todos os profissionais de saúde, estejam bem informados 
sobre a importância do sistema urinário e a sobre ingestão adequada de água para a fisiologia 
normal, para que assim seja possível disseminar informações e esclarecer dúvidas dos paci-
entes, facilitando o processo de adesão. 
 
 
4 REFERÊNCIAS 
 
CAMBRAIA, Rosana Passos Beinner. Aspectos psicobiológicos do comportamento alimen-
tar. Rev. Nutr., Campinas, v. 17, n.2, p.217-225, abr/jun, 2004. 
 
GUYTON, A.C. e Hall J. E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. 
 
MARTINS, Milton de Arruda; CARRILHO, Flair José; ALVES, Venâncio Avancini Ferreira; 
CASTILHO, Euclides Ayres de; CERRI, Giovanni Guido. Clínica Médica: Doenças hemato-
lógicas, oncologia, doenças renais. [S.l: s.n.], 2016. 
 
MOORE, K. L.; DALLEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª edição. Guanabara 
Koogan: Rio de Janeiro, 2014. 
 
NETTER, Frank H.. Atlas de anatomia humana. 2ª ed. PORTO ALEGRE: Artimed, 2000. 
 
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 7ª edição. Guanabara Koogan: Rio de Janei-
ro, 2014. 
 
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12ª edição. 
Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2016.

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