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Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE TU TO R I A 10 | M Ó D U L O 0 1: F U NÇ Õ ES B I O L Ó G I C A S | 2º P E R Í O D O | T U T O R A H I C L A M O R EI R A P R O B L EM A 4 : T R I S T E F I M D E J O Ã O | 27 . 02 . 20 20 FISIOLOGIA RENAL I. ENTENDER O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA URINA; II. COMPREENDER O CONTROLE FISIOLÓGICO DA FUNÇÃO GLOMERULAR (FILTRAÇÃO GLOMERULAR) E FLUXO SANGUÍNEO RENAL; III. RELACIONAR O USO DE AINES À DISFUNÇÃO RENAL; IV. RELACIONAR A HIPERTENSÃO À DISFUNÇÃO RENAL; V. EXPLICAR A IMPORTÂNCIA DOS RINS NA REGULAÇÃO ÁCIDO -BASE DO ORGANISMO (CONHECER O EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE RENAL); VI. COMPREENDER AS ALTERAÇÕES DOS EXAMES LABORATORIAIS PARA AVALIAR A DISFUNÇÃO RENAL (GERAL E CASO); VII. ENTENDER AS CAUSAS E AS CONSEQUÊNCIAS DA DISFUNÇÃO RENAL; OBJETIVO 1: DESCREVER PROCESSO DE FORMAÇÃO DA URINA A FORMAÇÃO DA URINA RESULTA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR, REABSORÇÃO TUBULAR E SECREÇÃO TUBULAR As intensidades com que as diferentes substâncias são excretadas na urina representam a soma de três processos renais: (1) filtração glomerular; (2) reabsorção de substâncias dos túbulos renais para o sangue; e (3) secreção de substâncias do sangue para os túbulos renais. Matematicamente isso pode ser expresso por: TAXA DE EXCREÇÃO URINÁRIA = TAXA DE FILTRAÇÃO - TAXA DE REABSORÇÃO + TAXA DE SECREÇÃO A formação da urina começa quando grande quantidade de líquido praticamente sem proteínas é filtrada dos capilares glomerulares para o interior da cápsula de Bowman. A maior parte das substâncias no plasma, exceto as proteínas, é livremente filtrada, de modo que a concentração dessas substâncias no filtrado glomerular da cápsula de Bowman é a mesma do plasma. Conforme o líquido filtrado sai da cápsula de Bowman e flui pelos túbulos, é modificado pela reabsorção de água e solutos específicos, de volta para os capilares peritubulares ou pela secreção de outras substâncias dos capilares peritubulares para os túbulos. Portanto, a intensidade da excreção é igual à intensidade com que foi filtrada. Certas substâncias indesejáveis no corpo, tais como a creatinina, são depuradas pelos rins dessa maneira, permitindo a excreção de praticamente todo o filtrado. Quando uma substância é livremente filtrada, mas também é parcialmente reabsorvida pelos túbulos de volta para a corrente sanguínea, a intensidade da excreção urinária é menor que a da filtração pelos capilares glomerulares. Nesse caso, a intensidade da excreção é calculada como a intensidade da filtração menos a da reabsorção. Esse padrão é típico para muitos eletrólitos corporais, como os íons sódio e cloreto. Quando a substância é livremente filtrada pelos capilares glomerulares, mas não é excretada na urina porque toda a substância filtrada é reabsorvida pelos túbulos de volta para a corrente sanguínea, ocorre para algumas substâncias nutricionais que estão presentes no sangue, como aminoácidos e glicose. Esse tipo de depuração permite a conservação dessas substâncias nos líquidos corporais. Quando uma substância é livremente filtrada pelos capilares glomerulares, não sendo reabsorvida, mas quantidades adicionais dessa substância são secretadas do sangue capilar peritubular para os túbulos renais, frequentemente ocorre com os ácidos e as bases orgânicos e permite que essas substâncias sejam rapidamente retiradas do sangue, para serem excretadas, em grande quantidade, na urina. A intensidade da excreção, nesse caso, é calculada como a intensidade da filtração mais a de secreção tubular. Para cada substância plasmática, ocorre combinação de filtração, reabsorção e secreção. A intensidade com que cada substância é excretada na urina depende das intensidades relativas desses três processos renais básicos. FONTE: FUNDAMENTOS DA FISIOLOGIA MÉDICA, GUYTON E HALL – CAP. 26. Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE FILTRAÇÃO Um quinto do fluxo de plasma renal é filtrado para o lúmen tubular. A porcentagem do volume total de plasma que é filtrado é chamada de fração de filtração. O epitélio da cápsula de Bowman possui células especializadas, chamadas de podócitos, que envolvem os capilares glomerulares e criam fendas de filtração. As células mesangiais são associadas com os capilares glomerulares. Os solutos filtrados precisam passar primeiro através do endotélio dos capilares glomerulares, depois através de uma lâmina basal e, por fim, através do epitélio da cápsula de Bowman, antes de alcançarem o lúmen da cápsula de Bowman. A filtração permite que a maioria dos componentes do plasma entre no túbulo, mas impede a passagem das células do sangue e da maioria das proteínas plasmáticas. A pressão hidrostática nos capilares glomerulares é de, em média, 55 mmHg, favorecendo a filtração. Opondo-se à filtração estão a pressão coloidosmótica de 30 mmHg e a pressão hidrostática da cápsula média de 15 mmHg. A força motriz resultante é de 10 mmHg, a favor da filtração. A taxa de filtração glomerular (TFG) é a quantidade de fluido que é filtrada para o interior da cápsula de Bowman por unidade de tempo. A TFG média é de 125 mL/min, ou 180 L/dia. A pressão hidrostática nos capilares glomerulares pode ser alterada modificando-se a resistência nas arteríolas aferente e eferente. A autorregulação da filtração glomerular é realizada por uma resposta miogênica do músculo liso vascular, em resposta às mudanças de pressão, e pela retroalimentação tubuloglomerular. Quando o fluxo de líquido através do túbulo distal aumenta, as células da mácula densa enviam sinais parácrinos para a arteríola aferente, que contrai. O controle reflexo da TFG é mediado por sinais sistêmicos, como os hormônios, e pelo sistema nervoso autônomo. Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE REABSORÇÃO A maior parte da reabsorção ocorre no túbulo proximal. A reabsorção regulada ocorre nos segmentos mais distais do néfron. O transporte ativo do Na_ e de outros solutos cria gradientes de concentração para a reabsorção passiva de ureia e de outros solutos. A maior parte da reabsorção envolve transporte transepitelial, mas parte dos solutos e água são reabsorvidos pela via paracelular. A glicose, os aminoácidos, os íons e vários metabólitos orgânicos são reabsorvidos por transporte ativo secundário associados à reabsorção do Na_. A maior parte do transporte renal é mediada por proteínas de membrana e exibe saturação, especificidade e competição. O transporte máximo (Tm) é a taxa de transporte na saturação. O limiar renal é a concentração plasmática na qual uma substância começa a ser eliminada na urina. Os capilares peritubulares reabsorvem líquidos ao longo de todo o seu comprimento. SECREÇÃO A secreção aumenta a excreção, removendo solutos dos capilares peritubulares. K_, H_ e uma grande variedade de compostos orgânicos são secretados. Moléculas que competem pelos mesmos transportadores renais reduzem a secreção de outra molécula. EXCREÇÃO A taxa de excreção de um soluto depende de (1) sua carga filtrada e (2) de se ele é reabsorvido ou secretado à medida que passa pelo néfron. A depuração descreve quantos mililitros de plasma que passam pelos rins são totalmente limpos de um soluto em um dado período de tempo. A depuração da inulina é igual à TFG. Na área clínica, a creatinina é usada para medir a TFG. A depuração pode ser usada para determinar como o néfron maneja um soluto filtrado. MICÇÃO O esfíncter externo da uretra é formado por músculo esquelético que é tonicamente contraído, exceto durante o ato de urinar. A micção é um reflexo espinal simples sujeito ao controle consciente e inconsciente. Os neurônios parassimpáticos causam contração do músculo liso da parede da bexiga urinária. Simultaneamente, os neurônios motores somáticos que inervam o esfíncter externo são inibidos. FONTE: FISIOLOGIA HUMANA, SILVERTHORN – CÁP. 19 (Os Rins) Joana D’arc S. Menezes| 2º Período | Medicina | FITS-PE ORGANIZAÇÃO GERAL DOS RINS E DO TRATO URINARIO Os dois rins se situam na parede posterior do abdome, fora da cavidade peritoneal (Figura 26-2). Cada rim de ser humano adulto pesa cerca de 150 gramas e tem o tamanho aproximado de uma mão fechada. O lado medial de cada rim apresenta região indentada chamada hilo. Pelo hilo passam a artéria e veia renais, vasos linfáticos, suprimento nervoso e o ureter, que carreia urina do rim para a bexiga. Na bexiga, a urina é armazenada e periodicamente eliminada do corpo. O rim é revestido por cápsula fibrosa resistente, que protege as estruturas internas, que são mais delicadas. Se o rim for cortado de cima para baixo, as duas principais regiões que podem ser visualizadas são as regiões do córtex externo e da medula interna. A medula é dividida em 8 a 10 massas de tecidos em forma de cone chamados pirâmides renais. A base de cada pirâmide se origina no limite entre as regiões cortical e medular e termina na papila, que se projeta para o espaço da pelve renal, uma estrutura em formato de funil que continua com a extremidade superior do ureter. A borda externa da pelve é dividida em estruturas de fundo-cego chamadas cálices maiores que se dividem em cálices menores, que coletam urina dos túbulos de cada papila. As paredes dos cálices, da pelve e do ureter contêm elementos contráteis que propelem a urina em direção à bexiga, onde a urina é armazenada até que seja eliminada pela micção, discutida adiante neste Capítulo. O NÉFRON: A UNIDADE FUNCIONAL DO RIM Cada rim humano contém cerca de 800.000 a 1 milhão de néfrons, cada um dos quais é capaz de formar urina. O rim não pode regenerar novos néfrons. Portanto, com a lesão renal, doença ou envelhecimento, o número de néfrons reduz-se gradualmente. Após os 40 anos de idade, o número de néfrons funcionais geralmente diminui por cerca de 10% a cada 10 anos; dessa forma, com 80 anos, muitas pessoas têm 40% a menos de néfrons funcionais em comparação à idade de 40 anos. Essa perda não põe risco à vida, porque alterações adaptativas nos néfrons remanescentes os permitem excretar a quantidade apropriada de água, eletrólitos e produtos residuais, como discutido no Capítulo 32. Cada néfron contém (1) grupo de capilares glomerulares chamado glomérulo, pelo qual grandes quantidades de líquido são filtradas do sangue; e (2) longo túbulo, no qual o líquido filtrado é convertido em urina, no trajeto para a pelve renal. O glomérulo contém rede de capilares glomerulares que se unificam e se anastomosam e que, comparados a outros capilares, têm pressão hidrostática alta (cerca de 60 mmHg). Os capilares glomerulares são recobertos por células epiteliais, e todo o glomérulo é envolvido pela cápsula de Bowman. O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o interior da cápsula de Bowman e daí para o interior do túbulo proximal que se situa na zona cortical renal. A partir do túbulo proximal, o líquido flui para o interior da alça de Henle, que mergulha no interior da medula renal. Cada alça consiste em ramos descendente e ascendente. As paredes do ramo descendente e da parte inferior do ramo ascendente são muito delgadas e, portanto, são denominadas segmento delgado da alça de Henle. Após a porção ascendente da alça ter retornado parcialmente de volta ao córtex, as paredes ficam mais espessas e são denominadas segmento espesso do ramo ascendente. No final do ramo ascendente espesso existe um pequeno segmento que tem em sua parede placa de células epiteliais especializadas, conhecidas como mácula densa. Como discutiremos adiante, a mácula densa tem um papel importante no controle da função do néfron. Depois da mácula densa, o líquido entra no túbulo distal que, como o túbulo proximal, se situa no córtex renal. O túbulo distal é seguido pelo túbulo conector e o túbulo coletor cortical, que levam ao dueto coletor cortical. As partes iniciais de 8 a 10 duetos coletores corticais se unem para formar o único dueto coletor maior que se dirige para a medula e forma o dueto coletor medular. Os duetos coletores se unem para formar duetos progressivamente maiores que se esvaziam na pelve renal, pelas extremidades das papilas renais. Em cada rim, existem cerca de 250 grandes duetos coletores, cada um dos quais coleta urina de aproximadamente 4.000 néfrons. TÚBULO PROXIMAL. Cerca de 65% dos eletrólitos filtrados são reabsorvidos no túbulo proximal. Contudo, as membranas tubulares são muito permeáveis à água. Dessa forma, sempre que os solutos são reabsorvidos, a água também se difunde através da membrana tubular por osmose. A difusão de água através do epitélio tubular proximal é auxiliada pelo canal de água, aquaporina l(AQP-1). Portanto, a osmolaridade do líquido remanescente permanece quase a mesma da do filtrado glomerular, 300 müsm/L. RAMO DESCENDENTE DA ALÇA DE HENLE. À medida que o líquido flui pelo ramo descendente da alça de Henle, a água é absorvida para o interstício da medula renal. O ramo descendente contém também AQP-1 e é muito permeável à água, porém muito menos permeável ao cloreto de sódio e à ureia. Portanto, a osmolaridade do líquido que flui pela alça descendente aumenta de forma gradativa até se tornar próxima à do líquido intersticial adjacente que gira em torno de 1.200 mOsm/L, quando a concentração plasmática de ADH é elevada. Quando urina diluída estiver sendo formada, devido às baixas concentrações do ADH, a osmolaridade do interstício medular será inferior a 1.200 mOsm/L; consequentemente, a osmolaridade do líquido tubular no ramo descendente da alça de Henle também fica menos concentrada. Essa redução na concentração se deve, em parte, à menor reabsorção de ureia para o interstício medular pelos duetos coletores quando existem baixos níveis de ADH e a formação renal de grande volume de urina diluída. Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE RAMO ASCENDENTE DELGADO DA ALÇA DE HENLE. O ramo ascendente delgado da alça de Henle é basicamente impermeável à água, mas reabsorve certa quantidade de cloreto de sódio. Em virtude da alta concentração desse último composto no líquido tubular, devido à perda de água por osmose no ramo descendente da alça, ocorre certa difusão passiva do cloreto de sódio do lúmen do ramo ascendente delgado para o interstício medular. Dessa forma, o líquido tubular fica mais diluído, já que o cloreto de sódio se difunde para fora do túbulo e a água permanece no túbulo. Parte da ureia reabsorvida pelo interstício medular a partir dos duetos coletores também se difunde pelo ramo ascendente delgado, retornando a ureia para o sistema tubular e auxiliando na manutenção da medula hiperosmótica por impedir que o interstício medular seja diluído. Essa reciclagem da ureia é um mecanismo adicional que contribui com a medula renal hiperosmótica. RAMO ASCENDENTE ESPESSO DA ALÇA DE HENLE. A parte espessa do ramo ascendente da alça de Henle é também praticamente impermeável à água, mas grande quantidade de sódio, cloreto, potássio e outros íons é ativamente transportada do túbulo para o interstício medular. Por essa razão, o líquido no ramo ascendente espesso da alça de Henle torna-se bastante diluído, com a osmolaridade baixando para valores em torno de 100 mOsm/L. PORÇÃO INICIAL DO TÚBULO DISTAL. A porção inicial do túbulo distal tem propriedades similares às do ramo ascendente espesso da alça de Henle, desse modo o líquido tubular fica ainda mais diluído, por cerca de 50 mOsm/L, enquanto a água permanece no túbulo. PORÇÃO FINAL DO TÚBULO DISTAL E TÚBULOS COLETORES CORTICAIS. Na porção final do túbulo distal e nos túbulos coletores corticais, a osmolaridade do líquido depende do nível de ADH. Com altos níveis desse hormônio, esses túbulos ficam muito permeáveis à água, ocorrendo reabsorção significativa de água. A ureia, no entanto, não é muito permeável nessa parte do néfron, resultando em aumento de sua concentração à medida que água é reabsorvida.Esse processo faz com que a maior parte da ureia, que chega ao túbulo distal e túbulo coletor, passe para os duetos coletores medulares internos e, a partir dessa região, acabe sendo reabsorvida ou excretada na urina. Na ausência de ADH, pequena quantidade de água é reabsorvida na porção final do túbulo distal e túbulo coletor cortical; por essa razão, a osmolaridade diminui ainda mais, em virtude da reabsorção contínua de íons nesses segmentos. DUETOS COLETORES MEDULARES INTERNOS. A concentração de líquido pelos duetos coletores da medula interna depende (1) do ADH; e (2) da osmolaridade do interstício medular que os circundam, que foi estabelecida pelo mecanismo de contracorrente. Na presença de grande quantidade de ADH, esses duetos ficam muito permeáveis à água; dessa forma, ocorre difusão de água do túbulo para o líquido intersticial até que seja atingido equilíbrio osmótico e o líquido tubular chegue à concentração semelhante à do interstício medular renal (1.200 a 1.400 müsm/L). Assim, quando os níveis do ADH estão elevados, temos a produção de urina bastante concentrada, porém com baixo volume. Como a reabsorção da água aumenta a concentração de ureia no líquido tubular e devido à presença de transportadores específicos nos duetos coletores, grande quantidade de ureia muito concentrada nos duetos se difunde para o interstício medular. Essa absorção da ureia para a medula renal contribui para a alta osmolaridade do interstício medular e para a elevada capacidade de concentração de urina pelo rim. Existem diversos pontos importantes a serem considerados que podem não estar evidentes nesta discussão. Em primeiro lugar, embora o cloreto de sódio seja um dos principais solutos que contribuem para a hiperosmolaridade do interstício medular, o rim pode, quando necessário, excretar urina muito concentrada com pouca quantidade desse sal. Nessas circunstâncias, a hiperosmolaridade da urina se deve às altas concentrações de outros solutos, especialmente de produtos residuais, como a ureia e a creatinina. Condição em que isso ocorre é a desidratação, acompanhada por baixa ingestão de sódio. Como discutido no Capítulo 30, o baixo consumo de sódio estimula a formação dos hormônios angiotensina II e aldosterona que, juntos, levam à ávida reabsorção de sódio pelos túbulos, ao mesmo tempo em que não interferem na ureia e nos outros solutos para manter a urina muito concentrada. Em segundo lugar, grandes quantidades de urina diluída podem ser excretadas sem aumentar a excreção de sódio. Esse feito é desempenhado pela diminuição da secreção de ADH, o que reduz a reabsorção da água nos segmentos tubulares mais distais, sem alterar, significativamente, a reabsorção de sódio. Finalmente, devemos considerar a existência de um volume urinário obrigatório, ditado pela capacidade máxima de concentração de urina pelo rim e pela quantidade de soluto que deve ser excretada. Consequentemente, se a excreção de grande quantidade de soluto for necessária, ela deverá ser acompanhada por quantidade mínima de água necessária para excretá-lo. Por exemplo, caso ocorra a necessidade de excreção diária de 600 miliosmóis de soluto, isso exigirá, no mínimo, 0,5 litro de urina, se a capacidade máxima de concentração urinária for de 1.200 mOsm/L. Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE OBJETIVO 2: COMPREENDER O CONTROLE FISIOLÓGICO DA FUNÇÃO GLOMERULAR (FILTRAÇÃO GLOMERULAR) E FLUXO SANGUÍNEO RENAL; FUNÇÃO GLOMERULAR O primeiro passo na formação de urina é a filtração de grandes quantidades de líquidos através dos capilares glomerulares para dentro da cápsula de Bowman - quase 180 L ao dia. A maior parte desse filtrado é reabsorvida, deixando apenas cerca de 1 L de líquido para excreção diária, embora a taxa de excreção renal de líquidos possa ser muito variável, dependendo da ingestão. A elevada taxa de filtração glomerular depende da alta taxa de fluxo sanguíneo renal, bem como de propriedades especiais das membranas nos capilares glomerulares. Neste Capítulo são abordadas as forças físicas que determinam o filtrado glomerular (FG), bem como os mecanismos fisiológicos que regulam o FG e o fluxo sanguíneo renal. SUPRIMENTO SANGUÍNEO RENAL O fluxo sanguíneo para os dois rins corresponde normalmente a 22% do débito cardíaco ou 1.100 mL/min. A artéria renal entra no rim pelo hilo e, então, se divide progressivamente para formar artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias interlobulares (também chamadas artérias radiais) e arteríolas aferentes, que terminam nos capilares glomerulares, onde grandes quantidades de líquido e de solutos (exceto as proteínas plasmáticas) são filtradas para iniciar a formação da urina (Figura 26-3). As extremidades distais dos capilares, de cada glomérulo, coalescem para formar a arteríola eferente, que forma segunda rede de capilares, os capilares peritubulares, que circundam os túbulos renais. A circulação renal é única, visto ter dois leitos capilares, o glomerular e o peritubular, organizados em série e separados pelas arteríolas eferentes. Essas arteríolas auxiliam na regulação da pressão hidrostática nas duas redes de capilares. A alta pressão hidrostática nos capilares glomerulares (cerca de 60 mmHg) resulta na filtração rápida de líquidos e de eletrólitos, enquanto pressão hidrostática mais baixa, nos capilares peritubulares (cerca de 13 mmHg), permite sua rápida reabsorção. Por meio de modificações da resistência das arteríolas aferente e eferente, os rins podem regular a pressão hidrostática nos capilares glomerulares e peritubulares, alterando, assim, a intensidade da filtração glomerular, da reabsorção tubular ou de ambas, em resposta às demandas homeostáticas do corpo. Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do sistema venoso que cursam paralelos aos vasos arteriolares. Os vasos sanguíneos do sistema venoso progressivamente formam a veia interlobular, veia arqueada, veia interlobar e veia renal, que deixam o rim pelo hilo, paralelo à artéria renal e ao ureter. OBJETIVO 3: RELACIONAR O USO DE AINES À DISFUNÇÃO RENAL; O principal mecanismo de ação dos AINEs é a inibição das ciclooxigenases, impedindo, assim, a síntese de prostaglandinas.1 Inibindo as ciclooxigenases, os AINEs provocam uma série de efeitos colaterais, abaixo detalhados: • Impedem o efeito vasodilatador das prostaglandinas, causando vasoconstricção renal e redução na taxa de filtração glomerular, podendo evoluir para necrose tubular aguda. • Impedem o efeito inibitório das prostaglandinas sobre os linfócitos T, permitindo a ativação dessas células, com consequente liberação de citocinas próinflamatórias; • Deslocam o ácido araquidônico para a via das lipoxigenases, aumentando a síntese de leucotrienos próinflamatórios; • A lipoxigenase induz um aumento da permeabilidade capilar, podendo contribuir para a proteinúria, por alterar a barreira de filtração glomerular.1 Estudos clínicos recentes mostram que o papel funcional da COX-2 nos rins está principalmente associado à manutenção da homeostase hidroeletrolítica, enquanto a COX-1 parece estar mais relacionada à manutenção da filtração glomerular normal.6 Como tanto a COX-1 como a COX-2 estão presentes nos rins, todas as classes de AINEs podem causar, em maior ou menor grau, lesão nesse órgão. Até pouco tempo, acreditava-se que a toxicidade renal estava associada apenas aos inibidores da COX1, devido à maior quantidade dessa enzima nos rins. Entretanto, recentemente, foram descritos casos de toxicidade renal associada aos inibidores seletivos da COX- 2, como o rofecoxibe e o celecoxibe.8 A expressão constitutiva da COX-2 em tecidos renais levanta a possibilidade de que seus inibidores específicos, como rofecoxib e celecoxib, sejam capazes de causar os mesmos efeitos adversos renais que os AINEs não-seletivos.2 Todavia, os efeitos hemodinâmicos renais, os quais podem ser mediados pela ação da COX-1, podem constituir uma exceção, pelo menos emadultos saudáveis em condições fisiológicas.6 Os efeitos dos inibidores seletivos da COX-2 sobre a função renal ainda não foram completamente esclarecidos, e os riscos de usá-los cronicamente ainda não estão bem estabelecidos.16 Um estudo realizado por Vogt, com pacientes que apresentavam proteinúria de aproximadamente 4,4g/24h devido à glomerulopatias, mostrou que o uso de rofecoxib 50mg levou a um aumento reversível da creatinina sérica, devido a uma redução da taxa de filtração glomerular. O declínio da função renal teve como efeito imediato uma redução da pressão glomerular e, consequentemente, da proteinúria. Entretanto, o efeito anti-proteinúrico não foi acompanhado pelo efeito anti- hipertensivo; pelo contrário, houve um aumento na retenção de sódio e água nesses pacientes, levando ao aumento na pressão arterial sistêmica e ao surgimento de edema. Dada a variedade de tipos celulares nos rins e suas diferentes funções, a tamanha complexidade da interação entre as prostaglandinas e a função renal já é esperada. As prostaglandinas estão envolvidas na liberação de renina, na homeostase de Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE sódio e água, no tônus vascular local, na circulação regional e no balanço de potássio.2,3 As prostaglandinas atuam em conjunto com uma variedade de outros mediadores, que, mesmo na ausência das mesmas, podem preservar a homeostase. Assim, a inibição da função das prostaglandinas pelos AINEs é mais passível de causar complicações em pacientes de risco com queda da perfusão renal do que em pacientes normais.5 As desordens renais relacionadas ao uso de AINEs são, por ordem decrescente de frequência, distúrbios hidroeletrolíticos, insuficiência renal aguda, síndrome nefrótica (com nefrite intersticial), necrose papilar e outras AINEs e distúrbio. FONTE: Artigo Nefrotoxicidade dos anti-inflamatórios não esteroidais – www.fundaçãodorimce.org.br A incidência de danos renais causados pelo uso de AINEs não é comum, principalmente quando se trata de indivíduos previamente saudáveis e que não fazem uso abusivo ou de altas doses dessas drogas. Alguns fatores, como idade avançada e comorbidades, que por si só já levam a uma diminuição da TFG, aumentam o risco de nefrotoxicidade dos AINEs, contribuindo para o aparecimento de adversidades. Um dos fatores de risco é a hipertensão arterial sistêmica, que cursa com maior ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e do sistema nervoso simpático, levando a uma vasoconstrição, e a inibição da síntese de prostaglandinas leva à perda do mecanismo compensatório de vasodilatação renal. O mesmo se aplica às comorbidades que acarretam diminuição do volume arterial efetivo, como síndrome nefrótica com alto nível de proteinúria, cirrose hepática, principalmente aquelas que apresentam ascite, insuficiência cardíaca e nefrite lúpica. Pacientes portadores dessas condições, quando em uso de AINEs, inibem o mecanismo de compensação dos rins, assim como ocorre nos hipertensos, o que contribui para a lesão renal. Fonte: Aspectos fisiopatológicos da nefropatia por anti-inflamatórios não esteroidais – Jornal Brasileiro de Nefrologia, setembro de 2018. OBJETIVO 4: RELACIONAR A HIPERTENSÃO À DISFUNÇÃO RENAL; Quando a autorregulação da FG está alterada, como ocorre frequentemente na doença renal, aumentos da pressão arterial podem produzir aumentos bem maiores da FG. O terceiro fator que contribui para os mecanismos de natriurese pressórica e de diurese pressórica é a formação reduzida de angiotensina II. A própria angiotensina II aumenta a reabsorção de sódio pelos túbulos; e também estimula a secreção de aldosterona, o que aumenta ainda mais a reabsorção de sódio. Por conseguinte, a formação diminuída de angiotensina II contribui para a reabsorção tubular de sódio diminuída que ocorre quando a pressão arterial está aumentada. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) apresenta relação bilateral com doença renal crônica (DRC): é tanto causa como consequência da perda da função renal (é a regra de Tostines!). Há diversos mecanismos envolvidos, sendo https://youtu.be/tJ-BKu-WUEk Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE os mais importantes: Disfunção endotelial; Retenção de sódio e água; Ativação do sistema nervoso simpático; Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Nas formas leves de DRC (KDIGO 1 a 3a), o acompanhamento e o tratamento da HAS não diferem muito da população em geral. A situação adquire peculiaridades à medida que a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) cai abaixo de 30 ml/min/m². O mundo da DRC avançada pode ser dividido em dois grupos: DRC NÃO DIALÍTICA: O objetivo é retardar a perda da função renal. As novas diretrizes recomendam ter como meta uma PA < 130/80 mmHg. A droga de primeira escolha são os iECA ou BRA, especialmente, se houver proteinúria > 300 mg/dia. Pode haver piora transitória da função renal, e você deve tolerar aumentos de até 20-30% na creatinina, desde que ela se mantenha < 2,5- 3,0 mg/dl e o potássio < 5,5 mEq/L. DRC DIALÍTICA : Esse é um grande problema, pois a variabilidade da PA costuma ser alta, caindo durante a hemodiálise e subindo excessivamente no dia que não dialisa. Não há estudos comprovando o melhor método de medida e tratamento. Para a vida prática, a dica é monitorar a PA ao longo da semana com MRPA e fazer ajustes na posologia: você pode necessitar de mais medicações nos dias sem diálise e menos nos dias que for dialisar. Outro aspecto interessante é que há um grupo de pesquisadores que defendem os betabloqueadores como primeira escolha nesses pacientes, argumentando que são mais eficazes e seguros. Contudo, a evidência ainda é pequena e controversa e não podemos levar isso universalmente para nossa prática, pelo menos por enquanto. OUTRAS DICAS IMPORTANTES: 1. A prevalência de HAS resistente é maior, mas muitos pacientes são “pseudoresistência”. Use medidas ambulatoriais (MAPA ou MRPA). 2. Intensifique a dieta hipossódica. Hipervolemia é comum nesse grupo de pacientes. 3. A droga de segunda linha, após iECA ou BRA, são os diuréticos. Pois o efeito sinérgico é importante na natriurese. Há autores que questionam a prática de só usar furosemida na TFGe < 30 ml/min/m² – eles mantêm o tiazídico a não ser que haja edema periférico ou congestão pulmonar. 4. A terapia de denervação renal ainda foi pouco estudada nessa população. Nestes poucos pacientes, mostrou-se promissora, com boa redução da PA. Mas ainda não é hora de uso universal, e sim mais pesquisas. OBJETIVO 5: EXPLICAR A IMPORTÂNCIA DOS RINS NA REGULAÇÃO ÁCIDO -BASE DO ORGANISMO (CONHECER O EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE RENAL); CONTROLE RENAL DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE REGULAÇÃO DO EQUILÍBRIO A CIDO-BASE. Os rins contribuem para a regulação do equilíbrio ácidobase, junto com os pulmões e os tampões dos líquidos corporais, pela excreção de ácidos e pela regulação dos estoques de tampões dos líquidos corporais. Os rins são a única forma de eliminar certos tipos de ácidos do corpo, tais como os ácidos sulfúrico e fosfórico, gerados pelo metabolismo das proteínas. Os rins controlam o equilíbrio ácido-base ao excretar urina ácida ou básica. A excreção de urina ácida reduz a quantidade de ácido no líquido extracelular, enquanto a excreção de urina básica remove base do líquido extracelular. O mecanismo global pelo qual os rins excretam urina ácida ou básica é o seguinte: grandes quantidades de HC03- são filtradas continuamente para os túbulos, e se forem excretadas na urina, removem a base do sangue. Ainda, grandes quantidades de H+ são secretadas no lúmen tubular pelas células epiteliais tubulares, removendo assim ácido do sangue. Se for secretado mais H+ do que HC03-, ocorrerá perda real de ácido do líquido extracelular. Por outro lado, se for filtrado mais HC03- do que H+ é secretado, haverá perda real de base. Todos os dias o corpo produz cerca de 80 mEq de ácidos não voláteis, principalmentecomo resultado do metabolismo das proteínas. Esses ácidos são chamados não voláteis porque não são H2C03 e, portanto, não podem ser eliminados pelos pulmões. O mecanismo primário que remove esses ácidos do corpo é a excreção renal. Os rins precisam, ainda, evitar a perda de bicarbonato na urina, tarefa quantitativamente mais importante do que a excreção de ácidos não voláteis. Todos os dias, os rins filtram cerca de 4.320 mEq de HC03- (180 L/dia x 24 mEq/L); sob condições normais, quase todo esse bicarbonato é reabsorvido nos túbulos, conservando, assim, o sistema tampão primário do líquido extracelular. Como discutiremos adiante, tanto a reabsorção de HC03- quanto a excreção de H+ são realizadas pelo processo de secreção de H+ pelos túbulos. Como o HC03- reage com o H+ secretado para formar H2C03 antes de ser reabsorvido, 4.320 mEq de H+ precisam ser secretados a cada dia, apenas para reabsorver o HC03 - filtrado. Então, o adicional de 80 mEq de H+ precisam ser secretados para eliminar do corpo os ácidos não voláteis produzidos a cada dia, resultando em total de 4.400 mEq de H+ secretados para o líquido tubular todos os dias. Quando ocorre redução da concentração de H+ no líquido extracelular (alcalose), os rins excretam menos H+ e não conseguem reabsorver todo o HC03- filtrado, aumentando, assim, a excreção de bicarbonato. Como o HC03 - normalmente tampona o hidrogênio no líquido extracelular, essa perda de bicarbonato significa o mesmo que acrescentar H+ ao líquido extracelular. Dessa forma, na alcalose, a remoção de HC03 - eleva a concentração de H+ do líquido extracelular para os níveis normais. Na acidose, os rins excretam H+ adicional e não excretam HC03- na urina, mas reabsorvem todo o HC03- filtrado e produzem novo bicarbonato, que é acrescentado de volta ao líquido extracelular. Essa ação reduz a concentração de H+ do líquido extracelular para os níveis normais. Assim, os rins regulam a concentração de H+ do líquido extracelular por três mecanismos fundamentais: (1) secreção de H+; (2) reabsorção de HC03- filtrado; e (3) produção de novo HC03-. Todos esses processos são realizados pelo mesmo mecanismo básico. Fonte: Guyton e Hall – Tratado de Fisiologia Médica 13ª Edição https://pebmed.com.br/hipertensao-arterial-sistemica-revisao-clinica-pebmed/ https://pebmed.com.br/hipertensao-arterial-sistemica-revisao-clinica-pebmed/ https://pebmed.com.br/nova-diretriz-de-hipertensao-da-esc-2018/ https://pebmed.com.br/como-realizar-uma-mrpa-orientacoes-para-seus-pacientes/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30084190 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30084190 https://pebmed.com.br/hipertensao-resistente-veja-novas-diretrizes-para-tratamento-da-doenca/ https://pebmed.com.br/confira-nova-diretriz-da-aha-para-medida-da-pa-pelos-metodos-residenciais/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29962339 Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE OBJETIVO 6: COMPREENDER AS ALTERAÇÕES DOS EXAMES LABORATORIAIS PARA AVALIAR A FUNÇÃO RENAL; Testes simples, como o que mede a taxa de creatinina no sangue e o exame de urina I, podem ser o ponto de partida para o diagnóstico precoce de doenças renais. O primeiro é feito com coleta de sangue e avalia a quantidade de creatinina. Essa substância, produzida em ritmo constante pelos músculos, é eliminada somente pelos rins e funciona como um marcador para se estimar a função renal. Quando o rim não está funcionando bem, o nível de creatinina fica elevado. A creatinina dosada no sangue deriva, principalmente, do metabolismo da creatina muscular. Por isso, variáveis como sexo, idade e peso interferem na sua taxa. Por terem mais massa muscular, homens e jovens apresentam maior nível da substância no sangue do que mulheres e pessoas mais velhas. Além disso, a creatinina dosada no sangue não tem uma relação linear com a medida da substância filtrada nos rins. Por isso, quando o exame de sangue revela que o paciente apresenta um nível alto dessa substância, a sua função renal pode já estar cerca de 50% comprometida. Outra toxina, a ureia, também é eliminada pelos rins. Por isso, sua dosagem no sangue pode ser outro ponto de partida para um diagnóstico precoce de doença renal. Porém, a creatinina é considerada um indicador mais confiável na prática médica. Mais um teste que pode sinalizar o mau funcionamento dos rins – e também da via urinária - é o exame conhecido como urina I. É realizado por qualquer laboratório de análises clínicas, bastando que se faça a coleta da amostra de urina dentro de um prazo determinado - em geral, pela manhã, com a urina produzida à noite. A partir daí, são analisados densidade, ph e a presença de elementos como glicose, proteínas, nitritos (o que sinaliza a existência de bactérias), entre outros. Tanto o exame de urina como a dosagem de creatinina e ureia no sangue podem sugerir deficiências da função renal. Havendo indicação de problemas no processo de filtragem dos rins, pela presença de substâncias em níveis anormais, o médico costuma aprofundar-se na investigação com testes mais precisos e específicos. Porém, esses exames preliminares, realizados de forma simples e corriqueira, são fundamentais para o controle regular da saúde dos rins, possibilitando diagnósticos precoces. “Tornam-se ainda mais importantes quando se leva em conta que a doença renal é silenciosa no início e pode estar associada a outros riscos, como doença cardiovascular”, destaca o coordenador do Centro de Nefrologia e Diálise, o nefrologista Elias David Neto. FONTE: HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS, 2014; Exames de rotina ajudam no diagnóstico precoce de doenças renais. ANÁLISES AO SANGUE? CREATININA: é uma substância produzida nos músculos e transportada no sangue. Normalmente, quando o sangue passa no rim, é filtrada e expelida com a urina. A creatinina é fácil de medir, basta fazer uma colheita de sangue e verificar o seu valor. A creatinina aumenta no sangue quando os rins já não filtram bem. Assim, é um indicador específico da função renal. Importância da creatinina no diagnóstico: A TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR é calculada a partir da concentração da creatinina no sangue. A clearance (depuração) da creatinina mede, a quantidade creatinina eliminada na urina. É normalmente medida na análise à urina das últimas 24horas: confrontando a creatinina do sangue com a da urina conseguimos obter a percentagem de função renal definida pela “clearance da creatinina”, numa percentagem. Só se aconselha o início da diálise quando a clearance da creatinina se encontra entre os 10% e os 15%. Cada um tem as suas características particulares e será o seu médico (nefrologista) a avaliar o melhor momento para iniciar uma técnica dialítica. Quando a clearance da creatinina diminui a creatinina aumenta no sangue. Isto significa que os rins não filtram do sangue toda a creatinina em excesso. HEMOGRAMA: hemograma consiste na avaliação dos componentes celulares do sangue com a determinação dos valores de hemoglobina, hematócrito, glóbulos vermelhos, leucócitos, contagem diferencial dos leucócitos, plaquetas e observação de esfregaço. A diminuição da hemoglobina no sangue, pode também acompanhar uma disfunção renal. A anemia pode surgir no início do diagnóstico da doença renal e agravar à medida que os rins perdem a sua capacidade de filtração e de produção de uma hormona importante denominada por eritropoietina (EPO). A EPO é responsável pela produção de glóbulos vermelhos (transportam o oxigénio para todos os órgãos e tecidos do organismo). Quando existe Doença Renal os rins não conseguem produzir a EPO em quantidade suficiente e como consequência há uma redução de glóbulos vermelhos surgindo a anemia. O início da terapêutica dialítica muitas vezes melhora a anemia pela remoção de toxinas urêmicas que inibem a eritropoietina endógena. Contudo, sem a administração de eritropoietina exógena, a maior parte dos doentes são incapazes de manter um nível adequado de hemoglobina. Refira-se, no entanto, que aanemia nos doentes em diálise é multifatorial. Alterações da função renal também se podem expressar por alteração de alguns íons como o potássio, o cálcio ou o fósforo, que não sendo tóxicos, podem, quando os seus níveis não estão regulados, ser prejudicais e desregulem o equilíbrio fisiológico do nosso corpo. POTÁSSIO: uma das funções dos rins é regular a quantidade de potássio no sangue: estes são responsáveis por excretar 90% da carga ingerida de potássio, sendo o restante eliminado através das fezes. Os íons de potássio são filtrados no glomérulo: 65% da reabsorção ocorre no túbulo proximal. Quando os rins não são capazes de cumprir esta função de forma eficaz, o nível de potássio no sangue sobe. O potássio é o mais importante e abundante cátions intracelular. É obtido através da alimentação, sendo preservado ou eliminado pelos rins, consoante as necessidades celulares. Uma diminuição da taxa filtração glomerular, qualquer que seja a causa, predispõe ao desenvolvimento de retenção de potássio, hipercalemia, corrigida pela diálise. FÓSFORO: é um elemento inorgânico importante para a formação do tecido ósseo, no armazenamento e libertação de energia, com tampão ácido básico urinário e no metabolismo dos hidratos de carbono; 85% armazenado no tecido ósseo e 15% no tecido muscular esquelético. É fornecido pela alimentação e eliminado pelo rim. Com o tempo, a doença renal pode afetar também os ossos. Entre as análises prescritas pelo seu médico, estarão também os valores do cálcio, fósforo e PTH (o paratormônio, um hormonio (hormônio paratiroideo) que regula a saúde dos ossos). CÁLCIO: é fornecido pela alimentação e a sua importância advém não só pelo facto de ser o maior constituinte mineral do osso, mas também por ser o mensageiro irónico intracelular mais importante na ativação e regulação de uma variedade de processos Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE bioquímicos e fisiológicos. A homeostasia do cálcio é mantida pela interação de três grandes sistemas orgânicos - o intestino (absorção), rins (eliminação) e osso (reservatório) e ainda por hormonal. A absorção intestinal do cálcio é controlada pelo metabolismo ativo da vitamina D, a qual é produzido no rim. Paralelamente com a progressão de uma insuficiência renal, a produção do metabolismo ativo da vitamina D diminui e implicitamente a absorção intestinal do cálcio que associada à hiperfosfatémia. PTH: a paratormona é segregada pelas glândulas paratiróides, é metalizada pelo fígado e rim. É diretamente responsável pela regulação da concentração séria do cálcio e fósforo. A principal lesão resultante do aumento de paratormona nos insuficientes renais crónicos terminais - hiperparatiroidismo secundário - é a doença óssea (osteodistrofia renal), cujos sintomas predominates são dores ósseas, articulares, por vezes incapacitastes, e prurido. UREIA: é uma substância formada no fígado, resultante do metabolismo enzimático das proteínas. É filtrada pelo glomérulo renal e reabsorvida em pequena quantidade pelos túbulos, sendo a quantidade restante excretada na urina. Existem várias causas de elevação dos valores da ureia sérico-azotémica, entre as quais as renais, por diminuição da filtração e excreção da urina. Como a creatinina, também a ureia aumenta no sangue quando os rins estão doentes e diminui na urina. Esta é outra análise importante que ajuda a perceber o funcionamento dos rins e em que estado se encontram. Quando a ureia aumenta muito no sangue, provoca sintomas como náuseas e vómitos, mau hálito, falta de apetite. ALBUMINA: está análise é importante porque serve para saber se apresenta um bom estado de nutrição. Em algumas doenças renais existe perda de albumina para a urina o que constitui um fator de agravamento da função renal. Um valor normal de albumina pode indicar que o seu organismo utiliza bem os alimentos que ingere. FERRO SÉRICO: é um elemento necessário em muitos processos biológicos, sendo principalmente um constituinte da hemoglobina. A segunda causa mais comum de anemia nos doentes em diálise é por deficiência em ferro, devido a perdas sanguíneas (hemodiálise - sangue residual no circuito extracorpóreo, frequentes colheitas de sangue, aumento de perdas gastrointestinais), não esquecendo as necessidades aumentadas de ferro na terapêutica com estimuladores da eritropoiese. FERRITINA: o seu nível é um indicador das reservas em ferro. É uma proteína de fase aguda cujos níveis aumentam inespecificamente durante a infeção, inflamação e na urémia. O nível de ferritina abaixo do normal pode indicar que a pessoa tem deficiência de ferro. Outro quadro que afeta os níveis de ferro é a anemia, que é a quantidade insuficiente de glóbulos vermelhos no sangue aos quais o ferro se liga. ANÁLISE À URINA PARA QUE SERVE? São muito importantes e ajudam a perceber como estão os seus rins. Se a urina não contém todas as impurezas produzidas pelo metabolismo, isso significa que os rins não purificam o suficiente. Por outro lado, é importante saber quanta urina produz o rim, para verificar se todo excesso de líquidos é expelido. Para ter esta importante informação, efetuam-se dois tipos de análises: Urina das 24 horas: análise das últimas 24horas: colhe-se urina das últimas 24horas anteriores à análise e mede-se a quantidade, a presença de proteínas, eletrólitos, ureia, creatinina, etc. (É importante colher a urina das 24horas de forma correta.) Sumária: é o exame das suas características gerais (cor, cheiro, densidade, volume...) e a pesquisa de elementos anormais da mesma, como glicose, acetona, albumina, ph, sangue entre outras, e análise de sedimentação. A presença de glicose na urina sem ser diabético costuma ser um sinal de doença nos túbulos renais. Isso significa que apesar de não haver excesso de glicose na urina, os rins não conseguem impedir sua perda. Proteínas que circulam no sangue são grandes demais para serem filtrados pelo rim, por isso, em situações normais, proteínas não costumam estar presentes na urina. Presença de sangue na urina (hematúria) pode ocorrer por diversas doenças, tais como infeções, pedras nos rins e doenças renais graves. Pode controlar e acompanhar, em conjunto com o médico / enfermeiro, a evolução da função atual dos seus rins. Tudo isto o irá ajudar a sentir-se melhor nesta fase. Fonte: Portal da Diálise OBJETIVO 7: ENTENDER AS CAUSAS E AS CONSEQUÊNCIAS DA DISFUNÇÃO RENAL QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO DAS DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS? Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são: • Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2). • Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90 mmHg em duas medidas com um intervalo de 1 a 2 semanas. • Idosos. • Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²). • Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca). • Histórico de Doença Renal Crônica na família. • Tabagismo. • Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de ajustes em pacientes com alteração da função renal. Um dos principais fatores de risco para doença renal crônica é a diabetes e a hipertensão, ambas cuidadas na Atenção Básica, principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), em uma das 42.885 Unidades Básicas de Saúde distribuídas em todo o Brasil. FONTE: saúde.gov.br/doencasrenais Joana D’arc S. Menezes | 2º Período | Medicina | FITS-PE CAUSAS A doença renal crônica está associada a duas doenças de alta incidência na população brasileira: hipertensão arterial e diabetes. Como o rim é um dos responsáveis pelo controle da pressão arterial, quando ele não funciona adequadamente há alteração nos níveis de pressão. A mudança dos níveis de pressão também sobrecarrega os rins. Portanto, a hipertensão pode ser a causa ou a consequência da disfunção renal, e seu controle é fundamental para a prevenção da doença.De acordo com a SBN, 35% dos pacientes que precisaram fazer diálise nos rins em 2011 tinham diagnóstico de hipertensão arterial. Já a diabetes pode danificar os vasos sanguíneos dos rins, interferindo no funcionamento destes órgãos, que não conseguem filtrar o sangue corretamente. Mais de 25% das pessoas com diabetes tipo I e 5 a 10% dos portadores de diabetes tipo II desenvolvem insuficiência renal. Outras causas são: nefrite (uma inflamação dos rins), cistos hereditários, infecções urinárias frequentes que danificam o trato urinário e doenças congênitas. FONTE: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/doenca-renal-cronica; Dr. Oscar Pavão, nefrologista do Einstein. (2012) EXTRA EDEMA CAUSADO PELA REDUÇÃO NA EXCREÇÃO RENAL DE SAL E AGUA. A maior parte do cloreto de sódio adicionado ao sangue permanece no compartimento extracelular, e somente pequena quantidade entra nas células. Portanto, nas doenças renais que comprometem a excreção urinária de sal e água, grande parte do cloreto de sódio e da água é retida no líquido extracelular. A maior parte do sal e da água vaza do sangue para os espaços intersticiais, e pequena parte permanece no sangue. O efeito principal é causar (1) grande aumento do volume do líquido intersticial (edema extracelular); e (2) hipertensão, devido ao aumento do volume sanguíneo, conforme explicado no Capítulo 19. Como exemplo, crianças que desenvolvem glomerulonefrite aguda, em que os glomérulos renais são lesados pela inflamação e, assim, não filtram quantidades adequadas de líquido, também desenvolvem edema grave no líquido extracelular; juntamente com o edema, em geral se desenvolve uma hipertensão grave. https://www.einstein.br/doencas-sintomas/doenca-renal-cronica
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