Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tema: Este artigo intenta uma descrição sobre características dos agentes públicos, seus regimes jurídicos, cargos e funções. Palavras-Chave Agentes públicos, servidores públicos, cargo público Resumo Para o correto funcionamento da máquina estatal, é necessária uma boa divisão de recursos humanos que possam cumprir as complexas atividades que um país continental como o Brasil necessita. Para tanto, e, também, para garantir a transparência, idoneidade e equidade no serviço público, a Constituição Federal e leis correlatas disciplinam toda a atividade pública desempenhada pela seus força de trabalho. Assim, um estudo sobre as características dos agentes públicos, seus regimes jurídicos, cargos e funções desenrola-se nas próximas seções. 1. Agentes Públicos Agentes Públicos são um conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública (remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica) como prepostos do Estado. A vontade do Estado se faz presente através de pessoas físicas que a exercem em seu nome. A Lei nº 8.429/92 traz conceito abrangente de seu sentido: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8429.htm Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por elei ção, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. 2. Classificação Classificação de natureza didática relevante para a formação de um sistema lógico de identificação: • Agentes Políticos São aquelas aos quais incube a execução das diretrizes traçadas pelo Poder Público. São agentes que desenham o destino fundamental do Estado e que criam as estratégias políticas por eles consideradas necessárias convenientes para quem Estado atinja aos seus fins. Tem função de direção e orientação estabelecidas na Constituição e por ser normalmente transitório o exército de tais funções. Como regra sua investidura se dá através de eleição lhe conferindo direito a um mandato. Agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta. Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em geral. Aplicam-se normalmente as regras na Constituição, sobretudo as que dizem respeito às prerrogativas e à responsabilidade política. São eles o Chefe do Executivo (Presidentes, Governadores e Prefeitos), seus auxiliares (Ministros e Secretários Estaduais e Municipais) e os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores). Há posições na Doutrina que consideram Magistrados, Membros do MP e Tribunais de Contas nessa classificação. Carvalho Filho discorda. Para ele, o mais apropriado é incluí-los numa categoria especial dentro da classificação genérica de servidores públicos. O art. 37, XI da CF os inclui com agentes políticos, contudo Carvalho Filho ressalta que é apenas para fins remuneratórios: “XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; • Agentes particulares Colaboradores Os agentes particulares colaboradores, embora sejam particulares, executam certas funções especiais que podem se qualificar como públicas, sempre como resultado do vínculo jurídico que os prende ao Estado. Alguns exercem verdadeiro múnus Público, ou seja, sujeitam-se a certos encargos em fatos da coletividade a que pertencem, caracterizando-se, neste caso, como transitórias as suas funções. A exoneração precisa ser analisada caso a caso, em virtude da variedade de categorias que compõe a classificação. Deve-se exigir, contudo, contraditório e ampla defesa. Nem todos recebem remuneração, mas podem receber benefícios colaterais como apostilamento da situação nos prontuários funcionais ou concessão de um período de descanso remunerado após cumprimento da tarefa. Exemplo: Jurados, mesários e integrantes de juntas aparadoras. São ainda exemplo os titulares de ofício de notas e de registro não oficializados e os concessionários e permissionários de serviços públicos. O regime jurídico é híbrido, pois são agentes particulares, mas em caráter de definitividade exercem função pública sujeita a regime especial. A investidura se dá por concurso público e é sujeito ao Poder Judiciário. São regulados pela Lei nº 8.935/94. “Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do poder público. § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.” • Servidores Públicos Formam a grande massa dos agentes do Estado. Tais agentes se vinculam por uma relação permaneces de trabalho e recebem, a cada período de trabalho, a sua correspondente remuneração. • Agentes de Fato São agentes que mesmo sem ter uma investidura normal e regular, efetivam uma função pública em nome do Estado. Essa nomenclatura é utilizada para distinguir os agentes de direito. O desempenho da função pública deriva de situação excepcional, sem prévio enquadramento legal, mas suscetível de ocorrência no âmbito da Administração, dada a grande variedade de casos que se originam na dinâmica social. o Agentes necessários: são aqueles que executam atividades em situações excepcionais, como as de emergência, em colaboração com o Poder Público e como se fosse agentes de direito. Atos são confirmados pelo Poder Público, entendendo-se a excepcionalidade da situação. Exemplo: moradores que ajudam bombeiros durante um incêndio. o Agentes putativos: São os que desempenham função pública na presunção de que há legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legal. Atos externos, nesse caso, devem ser convalidamos para evitar que terceiros de boa-fé sejam prejudicados 3. Servidores Públicos Partícipes em maior número entre os agentes públicos, vale uma análise mais detalhada do contexto regulador desses. São todos os agentes que, exercendo com cartão de permanência uma função pública em decorrência de relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e das fundações públicas de natureza autárquica. Estão ligados por uma efetiva relação de trabalho com o Poder Público. Guardam em muitos pontos, grandes semelhanças com os empregados de empresa privadas, pois emprestam sua força de trabalho em troca de retribuição pecuniária (mensal), são trabalhadores em sentido lato, pois executam suas tarefas em prol do empregador (Público ou Privado) e ao final do mês recebem remuneração.Maria Sylvia di Pietro enfatiza que servidores públicos são, em sentido amplo, as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remuneração para pelos cofres públicos. Compreendem os servidores estatutários, empregados públicos e os servidores temporários. o Características Profissionalidade: Os servidores públicos exercem efetiva profissão quando no desempenho de suas funções públicas, formando uma categoria própria de trabalhadores - a de servidores públicos. Definitividade: permanência no exercício da função. Não quer dizer que não haja funções de caráter temporário, contudo são exceções pois a regra geral é a definitividade. Relação Jurídica de trabalho: verifica-se o tempo todo a presença de dois sujeitos: ○ Classificação o Servidores Públicos Civis e Militares: Obedece a dois ramos básicos de funções públicas: a civil e a militar. Essa separação é feita pela própria Constituição traçando normas específicas para cada um deles. Essas normas estão nos art. 39 a 41 da Constituição. Em última análise todos são servidores em sentido lato sensu, pois estão vinculados a relação de trabalho com pessoas federativas e recebem remuneração como contraprestação pelas atividades que realizam. o Servidores Civis; o Servidores Militares: Até a EC nº 18 de 98, que introduziu o sistema de distinção entre militares e civis, eram considerados Servidores Públicos conforme art. 42 da CF. Antes o texto dispunha somente “servidores públicos civis” e depois o texto mudou para “servidores públicos”. Outro termo alterado foi de servidores públicos militares para “Militares dos Estados, do Distrito Federal e Territórios”. o Servidores Públicos Comuns e Especiais: Essa classificação leva em consideração a natureza das funções exercidas e o regime jurídicos que disciplina a relação entre o servidor e Poder Público. ▪ Comuns: São aqueles a quem incube o exercício das funções administrativas em geral e o desempenho das atividades de apoio aos objetivos básicos do Estado. Formam a grande massa dos servidores, podendo ser Trabalhistas ou Estatutários. ▪ Especiais: São aqueles que executam certas funções de especial relevância no contexto geral das funções do Estado e por isso estão sujeitos a regime jurídicos funcional diferenciado, sempre estatutário e instituído por diploma normativo específico, organizador de seu estatuto. Por sua importância, a Constituição estabelece algumas regras específicas. Exemplo: Magistrados, membros do Ministério Público, Defensores Públicos, membros do Tribunais de Contas e membros da Advocacia Pública (procuradores da União e dos Estados Membros);. o Servidores Públicos Estatutários, Trabalhistas e Temporários: Esta classificação atende a dois critérios: natureza do vínculo jurídico que liga o servidor ao Poder Público e a natureza dessas funções. o Estatutários: São aqueles cuja relação jurídica de trabalho é disciplinada por diplomas legais específicos, denominados de Estatutos, onde estão escritas as regras que incidem sobre a relação jurídica. É nelas que estão os direitos e Deveres dos servidores do Estado. Podem integrar tanto a estrutura de pessoa federativa como a de suas autarquias e fundações autárquicas. Os Estatutários, por sua vez podem ser divididos em duas subcategorias: ▪ Servidores de regime geral: são aqueles que se submetem ao estatuto funcional básico. ▪ Servidores de regime especial: são aqueles em que o estatuto funcional disciplinador se encontra em lei específica. ▪ Trabalhistas (ou celetistas): São regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Seu regime básico é o mesmo que se aplica no âmbito privado, com exceções, pertinentes à posição especial de umas das partes - o Poder Público. ▪ Temporários: São uma espécie de agrupamento excepcional dentro da categoria geral de servidores públicos. Estão previstos no art. 37, IX da Constituição: “Art. 37, IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;” ← Como se observa da própria leitura, o caráter dessa categoria é excepcional. Seu recrutamento é feito na forma da lei e por isso é incluído na categoria geral de servidores públicos. o Regime Jurídico-Constitucional Muitas das peculiaridades de cada categoria enumerada acima variam exatamente em função do regime jurídico incidente. É o conjunto de regras de direito que regulam determinada relação jurídica. É dele que se originam diversos direitos e deveres para os servidores Públicos. ▪ Regime Estatutário É o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário e o Estado. Esse conjunto normativo, como vimos acima, se encontra no estatuto funcional da pessoa federativa. As regras estatutárias básicas devem estar contidas em lei; já outras regras de caráter organizacional podem estar contidas em decretos, portarias e outros. A lei estatutária deve obedecer aos mandamentos Constitucionais, podendo inclusive, afirmar-se que há u regime constitucional superior; um regime legal contendo a disciplina básica sobre a matéria e um Regime administrativo de caráter organizacional. O Regime Estatutário possui pluralidade normativa, o que indica que os estatutos funcionais são múltiplos. Cada pessoa da federação que adote o regime estatutário para seus servidores, precisa ter a lei estatutária para que possa identificar a disciplina da relação jurídica funcional entre as partes. Assim, há estatutos federais, estaduais, distritais e municipais; cada um autônomo em relação aos demais, pois cada pessoa federativa tem poderes para organizar seus serviços e seus servidores. Há municípios que adotam a legislação estadual, mas o fazem com previsão expressa em seus estatutos. A legislação estadual e municipal não pode ser aplicada por analogia à legislação federal, pois são instrumentos autônomos. Quanto à natureza de sua relação jurídica, o regime estatutário não tem natureza contratual. Não é uma relação que se pode enquadrar no sistema de negócios jurídicos bilaterais de direito privado, pois é uma relação própria de Direito Público. Assim, leva em consideração fatores típicos como provimento, nomeação, posse, entre outros. Não podem, portanto, incidir normas que denunciem a existência de negócio contratual. No Regime Estatutário, os litígios entre Estados e servidores estatutários são dirimidos perante a justiça comum - Justiça Federal, no caso de servidores federais, e justiça Estadual, em se tratando de servidores estaduais e municipais. ▪ Regime Trabalhista O regime trabalhista é aquele constituído das normas que regulam a relação jurídica entre o Estado e seu servidor trabalhista. O regime encontra-se na CLT, pois é aplicável genericamente às relações jurídicas entre empregados no campo privado. O conjunto integral das normas reguladora encontra-se em um único diploma legal - a CLT. Nesse caso, o Estado figura como simples empregador na mesma posição dos empregadores em geral. A natureza jurídica aqui é de relação contratual. Significa dizer que o Estado e seu servidor trabalhista e celebram efetivamente contrato de trabalho nos mesmos moldes para a disciplina das relações gerais de capital e trabalho. Mesmo sob o regime Trabalhista o servidor não deixa de se considerar como tal. Inclusive se o regime mudar para estatutário ele leva todos os direitos adquiridos enquanto era celetista. Súmula 30 do STF. Vale ressaltar que, ocorrendo litígios entre servidores trabalhistas e a União, Estados, Distrito Federal e Município, decorrentes de relação de trabalho, o foro competente para solucioná-lo é a Justiça do Trabalho.Incluindo as ações referente à acidente de trabalho pleiteando danos morais e materiais contra o empregador. ▪ Regime de Emprego Público Disciplinado pela Lei nº 9.962/00, o regime de emprego público nada mais é que a aplicação do regime Trabalhista comum à relação entre a Administração e o respectivo servidor. Como a lei é federal, incide apenas no âmbito da Administração Federal direta, autárquica e fundacional, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9962.htm?TSPD_101_R0=686697a4a0d25566b0305f6496401d4erF600000000000000009d89b0bfffff00000000000000000000000000005b19f38e004644312f estando excluídas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Carvalho Filho destaca que não se inclui nesse rol as Fundações Públicas de Direito Privado, apenas as Fundações Públicas de Direito Público. O Regime de Emprego Público prevê a aplicação da CLT e também de legislação trabalhista correlata, considerando-se aplicáveis naquilo que a lei não dispuser em contrário. O acesso se dá mediante concurso público de provas ou de provas e títulos. O vínculo laboral tem natureza contratual e se formaliza pela celebração de contrato por prazo indeterminado, só podendo ser rescindido havendo: a) Falta grave (art. 482 da CLT); b) Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; c) Necessidade de redução de quadro, no caso de excesso despesa (Art. 169 da CF); d) Insuficiência de desempenho apurada em processos administrativos. ▪ Regime Especial O regime especial visa a disciplinar uma categoria especifica de servidores: os servidores temporários. Como visto anteriormente, recrutamento desse tipo de servidores tem escora no art. 37, IX, da CF. X - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; ←É lei de eficácia limitada, porque depende de lei para que possa consumar os objetivos nela contemplada. A natureza da relação jurídica funcional é contratual como se verifica pela leitura do dispositivo acima: " a lei estabelecerá os casos de contratação...". Para Carvalho Filho, é contrato administrativo de caráter funcional, diverso dos contratos administrativos em geral pelo fato de expressar um vínculo de trabalho subordinado entre a Administração e o Servidor. O Regime Especial possui determinabilidade temporal da contratação: os contratos firmados com esses servidores devem ter sempre prazo determinado contrariamente, aliás, do que ocorre nos regimes estatutário e trabalhista, em que a regra consiste na indeterminação do prazo da relação de trabalho. Além disso, a necessidade desses serviços deve ser sempre temporária. Está, portanto, descartada a admissão de servidores temporários para o exercício de funções permanentes. Não é o que ocorre na prática segundo Carvalho Filho. Seria legítima apenas se a Administração comprovasse situação emergencial e transitória. ▪ Regime Jurídico Único A leitura do art. 39 da CF pode levar a entendimentos diferentes. Pode se entender que o único regime seria o estatutário ou de que o ente federativo poderia escolher entre o estatutário e o trabalhista desde que fosse o único. Houve uma reforma administrativa do Estado em 1998, por meio da EC nº 19, na tentativa de resolver a questão que passou a permitir que cada ente pudesse escolher mais de um regime. Ocorre que após provocação, o STF declarou a emenda inconstitucional (Adin 2.135-4). Com o restabelecimento do regime jurídico único a controvérsia permanece. Abaixo seguem destacados três posições sobre o tema: Hely Lopes Meirelles O regime único indica a obrigatoriedade de adoção exclusiva de regime estatutário Maria Sylvia di Pietro e Carvalho Filho Cabe à pessoa federativa optar pelo regime estatutário ou trabalhista, mas uma vez feita a opção, o regime deverá ser o mesmo para a Administração Direta, autarquias e fundações de direito público http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=2135&processo=2135 Tabela 1 – Entendimento sobre regimes na administração pública 4. Cargos, empregos e funções Para analisar as características dos cargos, empregos e funções na administração pública, vale definir alguns conceitos: Quadro funcional: é conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públicas remuneradas integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus órgãos internos. É o verdadeiro espelho do quantitativo de servidores públicos da administração. Carreira: é o conjunto de classes funcionais em que seus integrantes vão percorrendo os diversos patamares de que se constitui a progressão funcional. Classes: As classes são compostas de cargos que tenham as mesmas atribuições. Cargo Público é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei ou diploma a ela equivalente. Desvio de Função: O cargo, ao ser criado, já pressupõe as funções que lhe são atribuídas. Não pode ser instituído cargo com funções aleatórias ou Toshio Mukai Admite-se a opção por um regime jurídico único para a Administração Direita e outro para autarquias e fundações públicas. indefinidas: é prévia indicação das funções que confere garantia ao servidor e ao Poder Público. Por tal motivo, é ilegítimo o denominado desvio de função, fato habitualmente encontrado nos órgãos públicos administrativos, que consiste no exercício, pelo servidor, de funções relativas a outro cargo, que não o que ocupa efetivamente. A insuficiência de servidores na unidade administrativa não justifica o desvio de função. Função Pública: é a atividade em si mesma, ou seja, função é o sinônimo de atribuição e corresponde às inúmeras tarefas que constituem o objeto dos serviços prestados pelos servidores públicos. Nesse sentido, fala-se em função de apoio, função de direção e função técnica. No sistema funcional é muito confusa a nomenclatura utilizada: Na dinâmica da administração pública, existe o conceito de função gratificada. Essas funções indicam, na verdade, uma função especial, fora da rotina administrativa e normalmente de caráter técnico ou de direção, cujo exercício depende da confiança da autoridade superior. Trata-se basicamente de vantagens pecuniárias. • Classificação dos cargos Uma primeira classificação leva em consideração a situação dos cargos diante do quadro funcional. Sob esse aspecto dividem -se em: o Sob o ângulo do quadro funcional ▪ Cargos de carreira: Permitem progressão funcional dos servidores ▪ Cargos isolados: tem natureza estanque e inviabilizam a progressão. o Sob o ângulo das garantias e características ▪ Cargos vitalícios: são aqueles que oferecem a maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente através do processo judicial, como regra, podem os titulares perderem seus cargos. Se justifica pela circunstância de que é necessária a atuação independente de seus agentes. Exemplo: magistrados, membros do Ministério Público e os do Membros dos Tribunais de Contas. ▪ Cargos efetivos: são aqueles que se revestem de caráter de permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais. Não sendo vitalício ou em comissão é, necessariamente, efetivo. Embora em menor grau em comparação com os cargos vitalícios, proporcionam certa segurança a seus titulares. “Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Caput do artigo com redação dada pela EC nº 19, de 1998) § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Parágrafo comredação dada pela EC nº 19, de 1998) I – Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II – Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III – Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.” ▪ Cargos em comissão: são de ocupação transitória. Seus titulares são nomeados em função da relação de confiança que existe entre eles e a autoridade nomeante. Os titulares não adquirem estabilidade, mas também sua nomeação dispensa aprovação em concurso público e fica a exclusivo critério da autoridade nomeante. Ou seja, são de livre nomeação e exoneração. “Art. 37, CF. II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Inciso com redação dada pela EC nº 19, de 1998)” Só podem destinar-se a funções de chefia, assessoramento e direção. A fim de evitar a prática do nepotismo e atendendo aos princípios da moralidade e impessoalidade o CNMP editou resolução Nº37/2009, fundada no art. 130-A da CF, §2º, II. Conforme a Súmula Vinculante 13 do STF, a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. Também é vedado o nepotismo cruzado ou transverso, que é a prática em que uma pessoa combina com a outra a indicação de um parente para que a outra parte indique um parente seu. Era uma forma de driblar a resolução do CNMP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 21ª Edição. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MUKAI, TOSHIO, O Direito Administrativo e os Regimes Jurídicos das Empresas Estatais, Editora EF. http://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Normas/Resolucoes/resolucao37nepotismo.pdf http://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Normas/Resolucoes/resolucao37nepotismo.pdf BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988
Compartilhar