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Agentes Públicos: Características e Regimes Jurídicos

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Tema: Este artigo intenta uma descrição sobre características dos agentes públicos, seus 
regimes jurídicos, cargos e funções. 
Palavras-Chave 
Agentes públicos, servidores públicos, cargo público 
Resumo 
Para o correto funcionamento da máquina estatal, é necessária uma boa divisão de recursos 
humanos que possam cumprir as complexas atividades que um país continental como o 
Brasil necessita. Para tanto, e, também, para garantir a transparência, idoneidade e equidade 
no serviço público, a Constituição Federal e leis correlatas disciplinam toda a atividade 
pública desempenhada pela seus força de trabalho. 
Assim, um estudo sobre as características dos agentes públicos, seus regimes jurídicos, 
cargos e funções desenrola-se nas próximas seções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Agentes Públicos 
Agentes Públicos são um conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma 
função pública (remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica) como 
prepostos do Estado. A vontade do Estado se faz presente através de pessoas físicas que a 
exercem em seu 
nome. 
A Lei nº 8.429/92 traz conceito abrangente de seu sentido: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8429.htm
 
 
 
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda 
que transitoriamente ou sem remuneração, por elei ção, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego 
ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. 
 
 
2. Classificação 
Classificação de natureza didática relevante para a formação de um sistema lógico de 
identificação: 
• Agentes Políticos 
São aquelas aos quais incube a execução das diretrizes traçadas pelo Poder 
Público. São agentes que desenham o destino fundamental do Estado e que criam 
as estratégias políticas por eles consideradas necessárias convenientes para quem 
Estado atinja aos seus fins. Tem função de direção e orientação estabelecidas na 
Constituição e por ser normalmente transitório o exército de tais funções. Como 
regra sua investidura se dá através de eleição lhe conferindo direito a um mandato. 
Agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas 
jurídicas da Administração Indireta. 
Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em geral. 
Aplicam-se normalmente as regras na Constituição, sobretudo as que dizem respeito 
às prerrogativas e à responsabilidade política. São eles o Chefe do Executivo 
(Presidentes, Governadores e Prefeitos), seus auxiliares (Ministros e Secretários 
Estaduais e Municipais) e os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados 
Federais, Deputados Estaduais e Vereadores). 
Há posições na Doutrina que consideram Magistrados, Membros do MP e 
Tribunais de Contas nessa classificação. Carvalho Filho discorda. Para ele, o mais 
apropriado é incluí-los numa categoria especial dentro da classificação genérica de 
servidores públicos. O art. 37, XI da CF os inclui com agentes políticos, contudo 
Carvalho Filho ressalta que é apenas para fins remuneratórios: 
“XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos 
da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato 
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie 
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de 
 
 
 
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros 
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do 
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito 
do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder 
Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa 
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros 
do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos 
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; 
 
• Agentes particulares Colaboradores 
Os agentes particulares colaboradores, embora sejam particulares, executam 
certas funções especiais que podem se qualificar como públicas, sempre como 
resultado do vínculo jurídico que os prende ao Estado. Alguns exercem verdadeiro 
múnus Público, ou seja, sujeitam-se a certos encargos em fatos da coletividade a que 
pertencem, caracterizando-se, neste caso, como transitórias as suas funções. A 
exoneração precisa ser analisada caso a caso, em virtude da variedade de categorias 
que compõe a classificação. Deve-se exigir, contudo, contraditório e ampla defesa. 
Nem todos recebem remuneração, mas podem receber benefícios colaterais 
como apostilamento da situação nos prontuários funcionais ou concessão de um 
período de descanso remunerado após cumprimento da tarefa. Exemplo: Jurados, 
mesários e integrantes de juntas aparadoras. São ainda exemplo os titulares de ofício 
de notas e de registro não oficializados e os concessionários e permissionários de 
serviços públicos. 
O regime jurídico é híbrido, pois são agentes particulares, mas em caráter de 
definitividade exercem função pública sujeita a regime especial. A investidura se dá 
por concurso público e é sujeito ao Poder Judiciário. São regulados pela Lei nº 
8.935/94. 
“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação 
do poder público. 
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e 
títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de 
provimento ou de remoção, por mais de seis meses.” 
• Servidores Públicos 
 
 
 
Formam a grande massa dos agentes do Estado. Tais agentes se vinculam por 
uma relação permaneces de trabalho e recebem, a cada período de trabalho, a sua 
correspondente remuneração. 
• Agentes de Fato 
São agentes que mesmo sem ter uma investidura normal e regular, efetivam uma 
função pública em nome do Estado. Essa nomenclatura é utilizada para 
distinguir os agentes de direito. O desempenho da função pública deriva de situação 
excepcional, sem prévio enquadramento legal, mas suscetível de ocorrência no 
âmbito da Administração, dada a grande variedade de casos que se originam na 
dinâmica social. 
o Agentes necessários: são aqueles que executam atividades em situações 
excepcionais, como as de emergência, em colaboração com o Poder 
Público e como se fosse agentes de direito. Atos são confirmados pelo 
Poder Público, entendendo-se a excepcionalidade da situação. Exemplo: 
moradores que ajudam bombeiros durante um incêndio. 
o Agentes putativos: São os que desempenham função pública na 
presunção de que há legitimidade, embora não tenha havido investidura 
dentro do procedimento legal. 
Atos externos, nesse caso, devem ser convalidamos para evitar que 
terceiros de boa-fé sejam prejudicados 
3. Servidores Públicos 
Partícipes em maior número entre os agentes públicos, vale uma análise mais 
detalhada do contexto regulador desses. 
São todos os agentes que, exercendo com cartão de permanência uma função 
pública em decorrência de relação de trabalho, integram o quadro funcional das 
pessoas federativas, das autarquias e das fundações públicas de natureza autárquica. 
Estão ligados por uma efetiva relação de trabalho com o Poder Público. Guardam 
em muitos pontos, grandes semelhanças com os empregados de empresa privadas, 
pois emprestam sua força de trabalho em troca de retribuição pecuniária (mensal), 
são trabalhadores em sentido lato, pois executam suas tarefas em prol do 
empregador (Público ou Privado) e ao final do mês recebem remuneração.Maria Sylvia di Pietro enfatiza que servidores públicos são, em sentido 
amplo, as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da 
 
 
 
Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remuneração para 
pelos cofres públicos. Compreendem os servidores estatutários, empregados 
públicos e os servidores temporários. 
o Características 
Profissionalidade: Os servidores públicos exercem efetiva profissão 
quando no desempenho de suas funções públicas, formando uma categoria própria 
de trabalhadores - a de servidores públicos. 
 Definitividade: permanência no exercício da função. Não quer dizer que 
não haja funções de caráter temporário, contudo são exceções pois a regra geral é a 
definitividade. 
 Relação Jurídica de trabalho: verifica-se o tempo todo a presença de dois 
sujeitos: 
 ○ Classificação 
o Servidores Públicos Civis e Militares: Obedece a dois ramos básicos de 
funções públicas: a civil e a militar. Essa separação é feita pela própria 
Constituição traçando normas específicas para cada um deles. Essas 
normas estão nos art. 39 a 41 da Constituição. Em última análise todos 
são servidores em sentido lato sensu, pois estão vinculados a relação de 
trabalho com pessoas federativas e recebem remuneração como 
contraprestação pelas atividades que realizam. 
 
o Servidores Civis; 
o Servidores Militares: Até a EC nº 18 de 98, que introduziu o sistema de 
distinção entre militares e civis, eram considerados Servidores Públicos 
conforme art. 42 da CF. Antes o texto dispunha somente “servidores 
públicos civis” e depois o texto mudou para “servidores públicos”. 
Outro termo alterado foi de servidores públicos militares para “Militares 
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios”. 
o Servidores Públicos Comuns e Especiais: Essa classificação leva em 
consideração a natureza das funções exercidas e o regime jurídicos que 
disciplina a relação entre o servidor e Poder Público. 
▪ Comuns: São aqueles a quem incube o exercício das funções 
administrativas em geral e o desempenho das atividades de apoio 
 
 
 
aos objetivos básicos do Estado. Formam a grande massa dos 
servidores, podendo ser Trabalhistas ou Estatutários. 
▪ Especiais: São aqueles que executam certas funções de especial 
relevância no contexto geral das funções do Estado e por isso 
estão sujeitos a regime jurídicos funcional diferenciado, sempre 
estatutário e instituído por diploma normativo específico, 
organizador de seu estatuto. Por sua importância, a Constituição 
estabelece algumas regras específicas. Exemplo: Magistrados, 
membros do Ministério Público, Defensores Públicos, membros 
do Tribunais de Contas e membros da Advocacia Pública 
(procuradores da União e dos Estados Membros);. 
o Servidores Públicos Estatutários, Trabalhistas e Temporários: Esta 
classificação atende a dois critérios: natureza do vínculo jurídico que liga 
o servidor ao Poder Público e a natureza dessas funções. 
o Estatutários: São aqueles cuja relação jurídica de trabalho é disciplinada 
por diplomas legais específicos, denominados de Estatutos, onde estão 
escritas as regras que incidem sobre a relação jurídica. É nelas que estão 
os direitos e Deveres dos servidores do Estado. Podem integrar tanto a 
estrutura de pessoa federativa como a de suas autarquias e fundações 
autárquicas. Os Estatutários, por sua vez podem ser divididos em duas 
subcategorias: 
▪ Servidores de regime geral: são aqueles que se submetem ao 
estatuto funcional básico. 
▪ Servidores de regime especial: são aqueles em que o estatuto 
funcional disciplinador se encontra em lei específica. 
▪ Trabalhistas (ou celetistas): São regidos pela Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT). Seu regime básico é o mesmo que se 
aplica no âmbito privado, com exceções, pertinentes à posição 
especial de umas das partes - o Poder Público. 
▪ Temporários: São uma espécie de agrupamento excepcional 
dentro da categoria geral de servidores públicos. Estão previstos 
no art. 37, IX da Constituição: 
“Art. 37, IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por 
tempo determinado para atender a necessidade temporária de 
excepcional interesse público;” ← Como se observa da 
própria leitura, o caráter dessa categoria é excepcional. Seu 
 
 
 
recrutamento é feito na forma da lei e por isso é incluído na 
categoria geral de servidores públicos. 
 
o Regime Jurídico-Constitucional 
Muitas das peculiaridades de cada categoria enumerada acima variam 
exatamente em função do regime jurídico incidente. É o conjunto de regras de direito 
que regulam determinada relação jurídica. É dele que se originam diversos direitos e 
deveres para os servidores Públicos. 
▪ Regime Estatutário 
É o conjunto de regras que regulam a relação jurídica 
funcional entre o servidor público estatutário e o Estado. Esse 
conjunto normativo, como vimos acima, se encontra no estatuto 
funcional da pessoa federativa. As regras estatutárias básicas devem 
estar contidas em lei; já outras regras de caráter organizacional 
podem estar contidas em decretos, portarias e outros. A lei 
estatutária deve obedecer aos mandamentos Constitucionais, 
podendo inclusive, afirmar-se que há u regime constitucional 
superior; um regime legal contendo a disciplina básica sobre a 
matéria e um Regime administrativo de caráter organizacional.
 O Regime Estatutário possui pluralidade normativa, o que 
indica que os estatutos funcionais são múltiplos. Cada pessoa da 
federação que adote o regime estatutário para seus servidores, precisa 
ter a lei estatutária para que possa identificar a disciplina da relação 
jurídica funcional entre as partes. Assim, há estatutos federais, 
estaduais, distritais e municipais; cada um autônomo em relação aos 
demais, pois cada pessoa federativa tem poderes para organizar seus 
serviços e seus servidores. 
Há municípios que adotam a legislação estadual, mas o fazem 
com previsão expressa em seus estatutos. 
A legislação estadual e municipal não pode ser aplicada por 
analogia à legislação federal, pois são instrumentos autônomos. 
Quanto à natureza de sua relação jurídica, o regime 
estatutário não tem natureza contratual. Não é uma relação que se 
pode enquadrar no sistema de negócios jurídicos bilaterais de direito 
 
 
 
privado, pois é uma relação própria de Direito Público. Assim, leva 
em consideração fatores típicos como provimento, nomeação, posse, 
entre outros. Não podem, portanto, incidir normas que denunciem 
a existência de negócio contratual. 
No Regime Estatutário, os litígios entre Estados e servidores 
estatutários são dirimidos perante a justiça comum - Justiça Federal, 
no caso de servidores federais, e justiça Estadual, em se tratando de 
servidores estaduais e municipais. 
▪ Regime Trabalhista 
O regime trabalhista é aquele constituído das normas que 
regulam a relação jurídica entre o Estado e seu servidor trabalhista. O 
regime encontra-se na CLT, pois é aplicável genericamente às relações 
jurídicas entre empregados no campo privado. O conjunto integral das 
normas reguladora encontra-se em um único diploma legal - a CLT. 
Nesse caso, o Estado figura como simples empregador na mesma 
posição dos empregadores em geral. 
A natureza jurídica aqui é de relação contratual. Significa dizer 
que o Estado e seu servidor trabalhista e celebram efetivamente contrato 
de trabalho nos mesmos moldes para a disciplina das relações gerais de 
capital e trabalho. Mesmo sob o regime Trabalhista o servidor não deixa 
de se considerar como tal. Inclusive se o regime mudar para estatutário 
ele leva todos os direitos adquiridos enquanto era celetista. Súmula 30 do 
STF. 
Vale ressaltar que, ocorrendo litígios entre servidores trabalhistas 
e a União, Estados, Distrito Federal e Município, decorrentes de relação 
de trabalho, o foro competente para solucioná-lo é a Justiça do Trabalho.Incluindo as ações referente à acidente de trabalho pleiteando danos 
morais e materiais contra o empregador. 
▪ Regime de Emprego Público 
Disciplinado pela Lei nº 9.962/00, o regime de emprego público 
nada mais é que a aplicação do regime Trabalhista comum à relação entre a 
Administração e o respectivo servidor. Como a lei é federal, incide apenas 
no âmbito da Administração Federal direta, autárquica e fundacional, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9962.htm?TSPD_101_R0=686697a4a0d25566b0305f6496401d4erF600000000000000009d89b0bfffff00000000000000000000000000005b19f38e004644312f
 
 
 
estando excluídas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
Carvalho Filho destaca que não se inclui nesse rol as Fundações Públicas de 
Direito Privado, apenas as Fundações Públicas de Direito Público. O Regime 
de Emprego Público prevê a aplicação da CLT e também de legislação 
trabalhista correlata, considerando-se aplicáveis naquilo que a lei não 
dispuser em contrário. 
O acesso se dá mediante concurso público de provas ou de provas e 
títulos. O vínculo laboral tem natureza contratual e se formaliza pela 
celebração de contrato por prazo indeterminado, só podendo ser rescindido 
havendo: 
a) Falta grave (art. 482 da CLT); 
b) Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; 
c) Necessidade de redução de quadro, no caso de excesso despesa 
(Art. 169 da CF); 
d) Insuficiência de desempenho apurada em processos 
administrativos. 
▪ Regime Especial 
O regime especial visa a disciplinar uma categoria especifica de 
servidores: os servidores temporários. Como visto anteriormente, 
recrutamento desse tipo de servidores tem escora no art. 37, IX, da CF. 
X - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo 
determinado para atender a necessidade temporária de 
excepcional interesse público; ←É lei de eficácia limitada, 
porque depende de lei para que possa consumar os objetivos 
nela contemplada. 
 
A natureza da relação jurídica funcional é contratual como se verifica 
pela leitura do dispositivo acima: " a lei estabelecerá os casos de 
contratação...". Para Carvalho Filho, é contrato administrativo de caráter 
funcional, diverso dos contratos administrativos em geral pelo fato de 
expressar um vínculo de trabalho subordinado entre a Administração e o 
Servidor. 
 
 
 
 O Regime Especial possui determinabilidade temporal da 
contratação: os contratos firmados com esses servidores devem ter sempre 
prazo determinado contrariamente, aliás, do que ocorre nos regimes 
estatutário e trabalhista, em que a regra consiste na indeterminação do prazo 
da relação de trabalho. 
 Além disso, a necessidade desses serviços deve ser sempre 
temporária. Está, portanto, descartada a admissão de servidores temporários 
para o exercício de funções permanentes. Não é o que ocorre na prática 
segundo Carvalho Filho. Seria legítima apenas se a Administração 
comprovasse situação emergencial e transitória. 
 
 
▪ Regime Jurídico Único 
A leitura do art. 39 da CF pode levar a entendimentos 
diferentes. Pode se entender que o único regime seria o estatutário 
ou de que o ente federativo poderia escolher entre o estatutário e o 
trabalhista desde que fosse o único. Houve uma reforma 
administrativa do Estado em 1998, por meio da EC nº 19, na 
tentativa de resolver a questão que passou a permitir que cada ente 
pudesse escolher mais de um regime. Ocorre que após provocação, 
o STF declarou a emenda inconstitucional (Adin 2.135-4). Com o 
restabelecimento do regime jurídico único a controvérsia permanece. 
Abaixo seguem destacados três posições sobre o tema: 
Hely Lopes Meirelles O regime único indica a 
obrigatoriedade de adoção 
exclusiva de regime estatutário 
Maria Sylvia di Pietro e 
Carvalho Filho 
Cabe à pessoa federativa optar pelo 
regime estatutário ou trabalhista, 
mas uma vez feita a opção, o regime 
deverá ser o mesmo para a 
Administração Direta, autarquias e 
fundações de direito público 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=2135&processo=2135
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Tabela 1 – Entendimento sobre regimes na administração pública 
4. Cargos, empregos e funções 
Para analisar as características dos cargos, empregos e funções na 
administração pública, vale definir alguns conceitos: 
Quadro funcional: é conjunto de carreiras, cargos isolados e funções 
públicas remuneradas integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus 
órgãos internos. É o verdadeiro espelho do quantitativo de servidores públicos 
da administração. 
Carreira: é o conjunto de classes funcionais em que seus integrantes vão 
percorrendo os diversos patamares de que se constitui a progressão funcional. 
Classes: As classes são compostas de cargos que tenham as mesmas 
atribuições. 
Cargo Público é o lugar dentro da organização funcional da 
Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado 
por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei ou 
diploma a ela equivalente. 
Desvio de Função: O cargo, ao ser criado, já pressupõe as funções que 
lhe são atribuídas. Não pode ser instituído cargo com funções aleatórias ou 
Toshio Mukai Admite-se a opção por um regime 
jurídico único para a Administração 
Direita e outro para autarquias e 
fundações públicas. 
 
 
 
 
indefinidas: é prévia indicação das funções que confere garantia ao servidor e ao 
Poder Público. Por tal motivo, é ilegítimo o denominado desvio de função, fato 
habitualmente encontrado nos órgãos públicos administrativos, que consiste no 
exercício, pelo servidor, de funções relativas a outro cargo, que não o que ocupa 
efetivamente. A insuficiência de servidores na unidade administrativa não 
justifica o desvio de função. 
Função Pública: é a atividade em si mesma, ou seja, função é o sinônimo 
de atribuição e corresponde às inúmeras tarefas que constituem o objeto dos 
serviços prestados pelos servidores públicos. Nesse sentido, fala-se em função 
de apoio, função de direção e função técnica. No sistema funcional é muito 
confusa a nomenclatura utilizada: 
Na dinâmica da administração pública, existe o conceito de função 
gratificada. Essas funções indicam, na verdade, uma função especial, fora da 
rotina administrativa e normalmente de caráter técnico ou de direção, cujo 
exercício depende da confiança da autoridade superior. Trata-se basicamente de 
vantagens pecuniárias. 
• Classificação dos cargos 
Uma primeira classificação leva em consideração a situação dos cargos diante do 
quadro funcional. Sob esse aspecto dividem -se em: 
o Sob o ângulo do quadro funcional 
▪ Cargos de carreira: Permitem progressão funcional dos 
servidores 
▪ Cargos isolados: tem natureza estanque e inviabilizam a 
progressão. 
 
o Sob o ângulo das garantias e características 
▪ Cargos vitalícios: são aqueles que oferecem a maior garantia 
de permanência a seus ocupantes. Somente através do processo 
judicial, como regra, podem os titulares perderem seus cargos. Se 
justifica pela circunstância de que é necessária a atuação 
independente de seus agentes. Exemplo: magistrados, membros 
do Ministério Público e os do Membros dos Tribunais de Contas. 
 
 
 
▪ Cargos efetivos: são aqueles que se revestem de caráter de 
permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos integrantes 
dos diversos quadros funcionais. Não sendo vitalício ou em 
comissão é, necessariamente, efetivo. Embora em menor grau em 
comparação com os cargos vitalícios, proporcionam certa segurança 
a seus titulares. 
“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os 
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em 
virtude de concurso público. (Caput do artigo com redação 
dada pela EC nº 19, de 1998) 
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Parágrafo 
comredação dada pela EC nº 19, de 1998) 
I – Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
II – Mediante processo administrativo em que lhe seja 
assegurada ampla defesa; 
III – Mediante procedimento de avaliação periódica de 
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla 
defesa.” 
 
▪ Cargos em comissão: são de ocupação transitória. Seus 
titulares são nomeados em função da relação de confiança que existe 
entre eles e a autoridade nomeante. Os titulares não adquirem 
estabilidade, mas também sua nomeação dispensa aprovação em 
concurso público e fica a exclusivo critério da autoridade nomeante. 
Ou seja, são de livre nomeação e exoneração. 
“Art. 37, CF. II – a investidura em cargo ou emprego público 
depende de aprovação prévia em concurso público de provas 
ou de provas e títulos, de acordo 
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na 
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em 
comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração; (Inciso com redação dada pela EC nº 
19, de 1998)” 
 
 
 
 
Só podem destinar-se a funções de chefia, 
assessoramento e direção. A fim de evitar a prática do 
nepotismo e atendendo aos princípios da moralidade e 
impessoalidade o CNMP editou resolução Nº37/2009, 
fundada no art. 130-A da CF, §2º, II. 
Conforme a Súmula Vinculante 13 do STF, a nomeação de 
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou 
de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, 
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou 
de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração 
pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o 
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
Também é vedado o nepotismo cruzado ou transverso, que 
é a prática em que uma pessoa combina com a outra a indicação de 
um parente para que a outra parte indique um parente seu. Era uma 
forma de driblar a resolução do CNMP. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 21ª 
Edição. 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33. ed. São Paulo: 
Atlas, 2019. 
MUKAI, TOSHIO, O Direito Administrativo e os Regimes Jurídicos das 
Empresas Estatais, Editora EF. 
http://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Normas/Resolucoes/resolucao37nepotismo.pdf
http://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Normas/Resolucoes/resolucao37nepotismo.pdf
 
 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988

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