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O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais na Ditadura Empresarial-militar

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Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ 
Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH 
Instituto de História – IH 
 
 
 
 
O INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS SOCIAIS (IPES) E 
A DITADURA EMPRESARIAL-MILITAR: OS CASOS DAS 
EMPRESAS ESTATAIS FEDERAIS E DA INDÚSTRIA 
FARMACÊUTICA (1964-1967) 
 
 
 
 
Elaine de Almeida Bortone 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2018 
 
O INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS SOCIAIS (IPES) E 
A DITADURA EMPRESARIAL-MILITAR: O CASO DAS 
EMPRESAS ESTATAIS FEDERAIS E DA INDÚSTRIA 
FARMACÊUTICA (1964-1967) 
 
 
 
 
Elaine de Almeida Bortone 
 
 
Tese de doutoramento apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de 
Pós-Graduação em História Social do Instituto de História da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção 
do título de doutor em História Social. 
Linha de pesquisa: Sociedade e Política 
Orientador: Prof. Dr. Renato Luis do Couto Neto e Lemos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2018 
 
 
 
i 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos o mais 
 que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar 
o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites." 
Karl Marx 
 
“O que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir” 
Milton Nascimento e Fernando Brant 
 
 
 
ii 
 
Agradecimentos 
 
 
Ao Renato Luís do Couto Neto e Lemos pela parceria e sólida orientação, pela leitura 
atenta e cuidadosa, e pelos debates com recomendações e sugestões consistentes que 
contribuíram para enriquecer a forma e o conteúdo da pesquisa. 
 Às professoras que compuseram a banca de qualificação: Sonia Regina de Mendonça e 
Virgínia Fontes, cujas críticas e sugestões foram fundamentais para a versão final da tese. 
 Aos colegas do Coletivo Mais Verdade, que contribuíram com seus comentários e 
críticas sobre os resultados parciais apresentados, sobretudo Demian Bezerra de Melo, Luis 
Mário Behnken, Martina Spohr Gonçalves e Rejane Carolina Hoeveler. Aos colegas do Grupo 
de Trabalho de Orientação (GTO), que trouxeram subsídios teóricos fundamentais, e do 
Grupo de Trabalho Empresários e Ditadura, que teceram discussões importantes na 
apresentação parcial da pesquisa, especialmente Pedro Henrique Pedreira Campos. 
Um agradecimento muito especial aos meus amigos do doutorado. Ana Carolina 
Reginatto, pelos adoráveis estudos e debates, e Vicente Gil da Silva e sua companheira Laura 
Maria Loss Schwarz, pelas intermináveis conversas sobre nossas pesquisas, trocas de ideias e 
pelos documentos que carinhosamente me cederam dos arquivos em que pesquisaram nos 
Estados Unidos, os quais enriqueceram a minha tese. Nossas parcerias contribuíram para não 
me sentir mais sozinha do que o pesquisar impõe. 
Ao Felipe Pereira Loureiro, pelos documentos gentilmente cedidos do National 
Archives and Records Administration (NARA). À Larissa Ribeiro Raymundo, pelo trabalho 
caprichoso na organização da base do banco de dados. Ao Guilherme Girardi Calderazzo, 
pela revisão cuidadosa dos originais. 
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela 
bolsa de Doutorado regular. Aos professores, funcionários e coordenadores do PPGHIS. A 
todos os funcionários das inúmeras bibliotecas e acervos que passei pelas disposições, ajudas 
e orientações. 
Às minhas amigas Adriana Cesário de Faria Alvim, Alba Sales, Azilde Andreotti, 
Cristina Alvim Castello Branco, Helena Alvim Castello Branco, Isabela Cesário de Faria 
Alvim, Márcia Rachid, Maria Teresa Lima e Sonia Soares Ferreira, que sempre carinhosas 
compartilharam minhas angústias e me apoiaram para que este resultado fosse alcançado. 
Agradeço a toda minha família que não só entendeu minhas ausências frequentes, 
como me amparou nesta caminhada. Às minhas sobrinhas Talita de Almeida Bezerra Souza, 
iii 
 
que cuidou da minha mãe todas as vezes que precisei viajar para pesquisar e participar de 
congressos, e Karolina de Almeida Bezerra, que me ajudou em buscas no Diário Oficial. Ao 
meu primo Alexandre Alves de Mello, que me acolheu de forma supercarinhosa, em Brasília, 
sempre que precisei estar na cidade para pesquisar. Ao Marcio Almeida Campos, primo 
querido, que me fez dar boas gargalhadas com sua irreverência nos momentos mais tensos. 
Nenhuma palavra pode expressar a gratidão pelo enorme amor incondicional e o 
incentivo que recebi da minha mãe, Terezinha de Almeida Bezerra. No auge dos seus 81 anos, 
precisando de mim para suas demandas naturais da idade, me deu enorme suporte para que 
esta etapa da minha vida fosse a mais tranquila possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
RESUMO 
 
O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e a ditadura empresarial-militar: os 
casos das empresas estatais federais e da indústria farmacêutica (1964-1967) 
 
 
Elaine de Almeida Bortone 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Renato Luis do Couto Neto e Lemos 
 
 
 
Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em História, 
Instituto de História, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos 
requisitos à obtenção do título de Doutor em História Social. 
 
Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). 
Entidade fundada, em 1961, por empresários nacionais e internacionais, tecnocratas de alto 
escalão e por militares da alta patente, em especial oficiais da Escola Superior de Guerra 
(ESG), com o apoio financeiro das empresas associadas e do governo norte-americano, para 
integrar os diversos grupos civis e militares em uma oposição que pudesse deter o governo de 
João Belchior Marques Goulart (1961-1964) e as forças sociais que o apoiavam. Após o golpe 
de 1964, ipesianos ocuparam os cargos mais importantes no Estado. A pesquisa analisa a 
presença política de associados e parceiros do IPES e sua área de influência em instâncias 
importantes do Estado brasileiro após o golpe. Trata-se das empresas estatais federais 
existentes no primeiro governo ditatorial, as quais tinham ipesianos nas suas direções 
determinando o rumo das empresas dentro dos interesses de sua classe. Entre as empresas 
associadas, se encontravam indústrias farmacêuticas, nacionais e estrangeiras, e empresários 
do setor que financiaram e se articularam no instituto. Na ditadura, mais precisamente no 
governo de Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967), eles trabalharam e exerceram 
pressão na formulação de políticas públicas para salvaguardarem seus interesses econômicos e 
políticos. O recorte temporal compreende o período entre 1961 e 1967 e justifica-se por ter 
sido uma época marcada pela fundação do IPES e o término do governo Castello Branco. 
Desta forma, este estudo se propõe a compreender as articulações da classe empresarial no 
início dos anos 1960 e o seu projeto econômico e político que deram origem à ditadura 
empresarial-militar. 
 
 
 
Palavras-chave: Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais; IPES; Ditadura empresarial-militar; 
Empresas estatais federais; Indústria Farmacêutica. 
 
 
 
 
 
 
 
v 
 
ABSTRACT 
 
 
O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e a ditadura empresarial-militar: os 
casos das empresas estatais federais e da indústria farmacêutica (1964-1967) 
 
 
Elaine de Almeida Bortone 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Renato Luis do Couto Neto e Lemos 
 
 
 
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em História, 
Instituto de História, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos 
requisitos à obtenção do título de Doutor em História Social. 
This work presents a research on the Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Founded 
in 1961 by national and international businessmen, high-ranking technocrats andhigh-ranking 
military personnel, especially Escola Superior de Guerra (ESG)’s officers, with the financial 
support of associated companies and the US government, to integrate the various civilian and 
military groups in an opposition that could stop the government of João Belchior Marques 
Goulart (1961-1964) and the social forces that supported it. After the coup of 1964, ipesianos 
occupied the most important positions in the State. The research analyzes the political 
presence of members and partners of IPES and its area of influence in important instances of 
the Brazilian State after the coup. These are the federal state enterprises that existed in the 
first dictatorial government, which had ipesianos in their directions determining the direction 
of the companies within the interests of their class. Among the associated companies, were 
pharmaceutical industries, national and international, and entrepreneurs of the sector that 
financed and were articulated in the institute. During the dictatorship, more precisely in the 
government of Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967), they worked and exerted 
pressure in the formulation of public policies to safeguard their economic and political 
interests. The time cut comprises the period between 1961 and 1967 and is justified because it 
was a time marked by the foundation of the IPES and the end of the Castello Branco 
government. In this way, this study intends to understand the articulations of the business 
class in the early 1960’s, its economic and political project that gave rise to business-military 
dictatorship. 
 
Key-words: Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais; IPES; Business-military dictatorship; 
Federal state-owned companies; Pharmaceutical industry. 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
Lista de quadros 
 
 
Quadro 1 – Membros da AMCHAM e suas ligações com outras entidades (1964) 50 
Quadro 2 – Valores enviados aos estados pelo IBAB 55 
Quadro 3 – Evolução do salário real (1958-1969) 120 
Quadro 4 – Expurgos na burocracia civil (1964-1967) 146 
Quadro 5 – Posição social das ocupações civis 148 
Quadro 6 - Tipos de punições com base nos Atos Institucionais 148 
Quadro 7 – Relação dos ministérios e ministros no período 1964-1967 149 
Quadro 8 – Empresas estatais federais do setor financeiro e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 157 
Quadro 9 – Membros do CMN com ligações com sistema financeiro 163 
Quadro 10 – Desembolso efetuado pelo Sistema BNDE no setor siderúrgico – em R$ milhões 179 
Quadro 11 – Empresas estatais federais do setor siderúrgico e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 181 
Quadro 12 – Empresas estatais federais do setor elétrico e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 190 
Quadro 13 – Empresas estatais federais do setor da mineração e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 198 
Quadro 14 – Empresas estatais federais do setor petrolífero e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 203 
Quadro 15 – Empresas estatais federais do setor de tecnologia e seus gestores ipesinaos 
(1964-1967) 208 
Quadro 16 – Empresas estatais federais do setor telecomunicações e seus gestores 
ipesianos (1964-1967) 213 
Quadro 17 – Empresas estatais federais do setor de transporte e seus gestores 
ipesianos (1964-1967) 217 
Quadro 18 – Empresas estatais federais do setor infraestrutura e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 225 
Quadro 19 – Empresas estatais federais do setor agricultura e seus gestores ipesinaos 
(1964-1967) 238 
Quadro 20 – Empresas estatais federais do setor administrativo e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 249 
Quadro 21 – Empresas estatais federais do setor educação e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 262 
Quadro 22 – Empresas estatais federais do setor social/saúde e seus gestores ipesianos 
(1964-1967) 273 
Quadro 23 – Empresas estatais federais do setor turismo e seus gestores ipesianos 
 (1964-1967) 280 
Quadro 24 – Ipesianos na elaboração da reforma administrativa (1963) 282 
Quadro 25 - Capital estrangeiro aplicado no Brasil (1960) 305 
Quadro 26 – Setores que receberam o capital norte-americano (1960) 305 
Quadro 27 – Setores que mais receberam investimentos estrangeiros no Brasil (1960/1961) 306 
Quadro 28 – Participação das indústrias nacionais e estrangeiras em diferentes setores (1960) 311 
Quadro 29 – Número de laboratórios nacionais entre as vinte maiores empresas no mercado 
(1957-1962) 307 
Quadro 30 – Capitais estrangeiros investidos no Brasil (1963) 308 
Quadro 31 - Resumo das empresas estrangeiras que entraram no Brasil (1919-1973) 310 
Quadro 32 – Alguns laboratórios nacionais vendidos a grupos estrangeiros (1936-1983) 316 
vii 
 
Quadro 33 - Empresas dominantes no mercado brasileiro (1976) 319 
Quadro 34 – Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (1961) 325 
Quadro 35 – Participação do capital estrangeiro em indústrias brasileiras (1960-1961) 328 
Quadro 36 - Sindicatos e Associações farmacêuticas criadas no Brasil (1932-1967) 349 
Quadro 37 – Diretoria da ABIF (1964-1965) 361 
Quadro 38 – Diretoria da ABIF (1965-1966) 363 
Quadro 39 – Diretoria da ABIF (1966-1967) 363 
Quadro 40 - Diretoria da SINDUSFARMA (1964-1966) 365 
Quadro 41 – Diretoria do SINFAR (1964-1966) 368 
Quadro 42 – Diretoria do SINFAR (1966-1968) 369 
Quadro 43 – Diretoria do SINQFAR (1966-1968) 372 
Quadro 44 – Diretoria da ABIQUIM (1964-1967) 376 
Quadro 45 – Indústrias farmacêuticas que financiaram o IPES 380 
Quadro 46 - Diretoria da Hoechst do Brasil Química Farmacêutica (1964-1967) 383 
Quadro 47 – Diretoria da Merck (1964-1965) 392 
Quadro 48 – Diretoria da Merck Sharp & Dohme- MSD (1964) 392 
Quadro 49 – Diretoria da Química Farmacêutica Mauricio Villela (1964) 394 
Quadro 50 – Diretoria da Pravaz-Recordati Laboratórios (1962-1967) 395 
Quadro 51 – Diretoria do Laboratório Farmacêutico Internacional (1963-1964) 396 
Quadro 52 – Diretoria da Indústrias Farmacêuticas Fontoura-Wyeth (1964-1966) 397 
Quadro 53 – Diretoria da Laborterápica-Bristol (1964-1967) 399 
Quadro 54 - Empresários do setor farmacêutico no IPES 410 
Quadro 55 – Empresas e associações onde Paul N. Albright trabalhou 415 
Quadro 56 – Empresas e associações onde Paulo Ayres Filho trabalhou 416 
Quadro 57 – Atuação profissional de Paulo Ayres Filho 420 
Quadro 58 - Empresa e associações onde Fernando Edward Lee trabalhou 423 
Quadro 59 - Empresas e associações onde Jayme Torres trabalhou 425 
Quadro 60 – Empresas onde Amilar Campos Filho trabalhou 427 
Quadro 61 - Empresas e associações onde Mauricio Libânio Villela trabalhou 428 
Quadro 62 – Empresas e associações onde José Scheinkmann trabalhou 429 
Quadro 63 - Empresas e associações onde Zulfo de Freitas Mallmann trabalhou 431 
Quadro 64 - Empresas e associação onde Hélio José Pires de Oliveira Dias trabalhou 433 
Quadro 65 - Empresas e associação onde Domingos Pires de Oliveira Dias trabalhou 435 
Quadro 66 - Empresas e associações onde Humberto Monteiro da Cunha trabalhou 438 
Quadro 67 – Legislações que regulamentaram o capital estrangeiro no Brasil (1946-1964) 446 
Quadro 68 – Comparações entre a Lei nº 4.131 e o Projeto de Lei nº 4.677 448 
Quadro 69 – Observações apontadas por Paulo Ayres Filho para o governo 527 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
 
Lista de figuras 
 
Figura 1 – Cartaz da UNE 78 
Figura 2 – Crescimento da indústria farmacêutica 291 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
 
 
Lista de siglas 
 
 
ABDIB Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Indústria Básica 
ABF Associação Brasileira de Farmacêuticos 
ABIF Associação Brasileira de Indústria Farmacêutica 
ABIFARMAAssociação Brasileira da Indústria Farmacêutica 
ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química 
ABRAFARM Academia Brasileira de Farmácia Militar 
ACB Ação Comunitária do Brasil 
ACBC Associação de Cultura Brasileira Convivio 
ACM Associação Cristã de Moços 
ACMRJ Associação Comercial do Rio de Janeiro 
ACMSP Associação Comercial de São Paulo 
ADCE Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas 
ADEP Ação Democrática Popular 
ADESG Associação dos Diplomados pela Escola Superior de Guerra 
ADF Associação Democrática Feminina 
ADIPES Associação dos Diplomados do IPES 
ADP Ação Democrática Parlamentar 
AERP Assessoria Especial de Relações Públicas 
AGEF Rede Federal de Armazéns Gerais Ferroviário 
AGO Assembleia Geral Ordinária 
AI Ato Institucional 
AID Agency for International Development 
AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome 
AIFLD Institute for Free Labor Development 
ALALC Associação Latino-americana de Livre Comércio 
ALANAC Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais 
ALEF Aliança Eleitoral pela Família 
AM Amazônia 
AMCHAM American Chamber of Commerce for Brazil 
AMFORP American & Foreign Power Company 
AN Agência Nacional 
ANBID Associação Nacional dos Bancos de Investimentos 
ANF Academia Nacional de Farmácia 
ANIFAR Associação Nacional da Indústria Farmacêutica 
ANPES Associação Nacional de Programação Econômica e Social 
ANPES Associação Nacional de Programação Econômica e Social 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
APEC Análise e Perspectiva Econômica 
ARENA Aliança Renovadora Nacional 
ASESTRA Assessoria Especial de Estudos de Reforma Administrativa 
AUI Associação Universitária Interamericana 
AVB Ação dos Vigilantes do Brasil 
BA Bahia 
BANERJ Banco do Estado do Rio de Janeiro 
BASA Banco da Amazônia 
x 
 
BB Banco do Brasil 
BCA Banco de Crédito da Amazônia 
BCB Banco Central do Brasil 
BENITA Beneficiamento de Itabirito 
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento 
BNB Banco do Nordeste do Brasil 
BNCC Banco Nacional de Crédito Cooperativo 
BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento 
BNH Banco Nacional de Habitação 
BPR Bloco Parlamentar Revolucionário 
CAB Curso de Atualidades Brasileiras 
CACEX Carteira de Comércio Exterior 
CACO Centro Acadêmico Cândido de Oliveira 
CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
CAEEB Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras 
CAMDE Campanha da Mulher pela Democracia 
CAPES Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal Especializado de Nível Superior 
CAS Corpo de Assistentes Sociais 
CBEE Companhia Brasileira Energia Elétrica 
CBP Consórcio Brasileiro de Produtividade 
CBR Confederação Brasileira Rural 
CCBFL Companhia Central Brasileira de Força Elétrica 
CCC Centro de Comando Anticomunista 
CCN Companhia Comércio e Navegação 
CCPIC Comissão Consultiva da Política Industrial e Comercial 
CD Comitê Diretor 
CD Conselho de Desenvolvimento 
CDFR Liga de Mulheres Democráticas 
CDI Comissão de Desenvolvimento Industrial 
CE Comitê Executivo 
CED Committee for Economic Development 
CEEB Companhia de Energia Elétrica da Bahia 
CEERG Companhia Energia Elétrica Rio Grandense 
CEF Caixa Econômica Federal 
CEFERJ Caixa Econômica do Estado do Rio de Janeiro 
CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica 
CESIM Carteira de Exportação e Importação 
CESITA Companhia Aços Especiais Itabira 
CF Conselho Fiscal 
CFC Confederação das Famílias Cristãs 
CFEA Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura 
CFF Conselho Federal de Farmácia 
CFLMG Companhia Força e Luz Minas Gerais 
CFLN Companhia de Força e Luz Nordeste 
CFLP Companhia de Força e Luz do Paraná 
CFP Comissão de Financiamento da Produção 
CGT Comando Geral dos Trabalhadores 
CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco 
CHEVAP Companhia Hidrelétrica do Vale do Paraíba 
CIA Central Intelligence Agency 
xi 
 
CIB Centro Industrial do Brasil 
CIBRAZEM Companhia Brasileira de Armazenagem 
CIEE Centro de Integração Empresa-Escola 
CIERJ Centro de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro 
CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo 
CICYP Consejo Interamenricano de Comércio y Producción 
CLA Council for Latin American 
CLACE Centro Latino-Americano de Coordenação Estudantil 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CMBEU Comissão Mista Brasil-Estados Unidos 
CMN Conselho Monetário Nacional 
CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 
CNE Conselho Nacional de Economia 
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear 
CNG Conselho Nacional de Geografia 
CNI Confederação Nacional das Indústrias 
CNP Conselho Nacional do Petróleo 
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
CNT Conselho Nacional de Transportes 
CNV Comissão Nacional da Verdade 
CO Conselho Orientador 
COBAL Companhia Brasileira de Armazenagem 
COFAP Comissão Federal de Abastecimento e Preços 
COMBRATUR Comissão Brasileira de Turismo 
COMESTRA Comissão Especial de Estudos da Reforma Administrativa 
COMIND Banco Comércio e Indústria de São Paulo 
CONCLAP Conselho das Classes Produtoras 
CONEP Comissão Nacional de Estímulo à Estabilização de Preços 
CONFE Conselho Federal de Estatística 
CONSIDER Conselho Consultivo da Indústria Siderúrgica 
CONSPLAN Conselho Consultivo do Planejamento 
CONSULTEC Sociedade Civil de Planejamento e Consultas Técnicas 
CONTEL Conselho Nacional de Telecomunicações 
COS Centro de Orientação Social 
COSIPA Companhia Siderúrgica Paulista 
CPDOC Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil 
CPEF Companhia Paulista de Estrada de Ferro 
CPFL Companhia Paulista de Força e Luz 
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito 
CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura 
CREAI Carteira de Crédito Agrícola e Industrial 
CRF Conselho Regional de Farmácia 
CRF Cruzada do Rosário em Família 
CSAB Curso Superior de Atualidades Brasileiras 
CSN Conselho de Segurança Nacional 
CTB Companhia Telefônica Brasileira 
CURSEF Curso Superior de Estudos Financeiros 
CVRD Companhia Vale do Rio Doce 
DASP Departamento Administrativo do Serviço Público 
DCT Departamento de Correios e Telégrafos 
xii 
 
DNAE Departamento Nacional de Produção Mineral 
DNEF Departamento Nacional de Estradas de Ferro 
DNER Departamento Nacional de Estradas e Rodagem 
DNOS Departamento Nacional de Obras de Saneamento 
DNPS Departamento Nacional de Previdência Social 
DNPVN Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis 
DNSPC Departamento Nacional de Seguros Privados de Capitalização 
DOI-CODI Destacamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa 
 Interna 
DOPS Departamento de Ordem Política e Social 
DOU Diário Oficial da União 
DOSP Diário Oficial de São Paulo 
ECEME Escola de Comando e Estado Maior do Exército 
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras 
ELETRONORTE Centrais Elétricas do Norte do Brasil 
ELETROSUL Centrais Elétricas do Sul do Brasil 
EMBRATEL Empresa Brasileira de Telecomunicações 
EMC Educação Moral e Cívica 
EME Estado Maior do Exército 
EPEA Escritório de Pesquisa Econômica Aplicada 
ESG Escola Superior de Guerra 
ETPAR Escritório Técnico Paulo de Assis Ribeiro 
EUA Estados Unidos da América 
FAC Frente Anticomunista Cristã 
FACUR Fraterna Amizade Cristã Urbana e Rural 
FAS Fundo de Ação Social 
FDA Food and Drug Administration 
FEBRAFARMA Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica 
FEE Foundation for Economic Education 
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
FGV Fundação Getúlio Vargas 
FIEGA Federação das Indústrias do Estado da Guanabara 
FIEPE Federação do Estado de Pernambuco 
FIERJ Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro 
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo 
FIFARMA Federación Latino-amreicana de la Indústria Farmacéutica 
FINAME Fundo de Financiamento pra Aquisição de Máquinas e EquipamentosIndustriais 
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos 
FIPEME Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa 
FIRJ Federação das Indústrias do Rio de Janeiro 
FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro 
FJD Frente de Juventude Democrática 
FMP Frente de Mobilização Popular 
FNM Fábrica Nacional de Motores 
FNQ Fundação Nacional da Qualidade 
FPN Frente Parlamentar Nacionalista 
FUNABEM Fundação Nacional do Bem-Estar ao Menor 
FUNAR Fundo Agro-Industrial de Reconver 
FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho 
xiii 
 
FUNDEPRO Fundo de Desenvolvimento da Produtividade 
FUNTEC Fundo Tecnológico 
GAP Grupo de Ação Patriótica 
GAP Grupo de Assessoria Parlamentar 
GB Guanabara 
GD Grupo de Doutrina 
GE Grupo de Estudo 
GEA Grupo de Estudo e Ação 
GED Grupo de Estudo e Doutrina 
GEIFAR Grupo Executivo da Indústria Químico-Farmacêutica 
GEIPOT Grupo de Estudos para a Integração da Política de Transportes 
GEIQUIM Grupo Executivo da Indústria Química 
GI Grupo de Integração 
GLC Grupo de Levantamento de Conjuntura 
GLPs Good Laboratory Practices 
GO Goiás 
GOP Grupo de Opinião Pública 
GPE Grupo de Publicações/Editorial 
GRET Grupo de Trabalho sobre o Estatuto da Terra 
GT Grupo de Trabalho 
HIV Human Immunodeficiency Virus 
IAA Instituto do Açúcar e do Álcool 
IADESIL Instituto Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre 
IAPs Institutos de Aposentadoria e Pensões 
IBAD Instituto Brasileiro de Ação Democrática 
IBC Instituto Brasileiro do Café 
IBRA Instituto Brasileiro de Reforma Agrária 
ICM Imposto sobre Circulação de Mercadoria 
ICT Instituto Cultural do Trabalho 
IDORT Instituto de Organização Racional do Trabalho 
IEA Instituto de Energia Atômica 
IED Instituto de Educação Democrática 
IFS Instituto de Formação Social 
IHGB Instituto Histórico Geográfico Brasileiro 
INDA Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário 
INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas 
INPS Instituto Nacional de Previdência Social 
INT Instituto Nacional de Tecnologia 
INTERFARMA Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa 
IOC Instituto Oswaldo Cruz 
IPES Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais 
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados 
IPM Inquérito Policial Militar 
IRD Information Research Department 
ITT International Telephone & Telegraph 
IUL Instituto Universitário do Livro 
JK Juscelino Kubitschek 
LAFI Laboratório Farmacêutico Internacional 
LBA Legião Brasileira de Assistência 
xiv 
 
LBAC Legião Brasileira Anti-Comunista 
LIDER Liga Democrática Radical 
LIMDE Liga de Mulheres Democráticas 
LLOYDBRÁS Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro 
LPB Laboratório Paulista de Biologia 
MA Maranhão 
MAC Movimento Antidemocrático 
MAF Movimento Familiar Cristão 
MDB Movimento Democrático Brasileiro 
MDM Mobilização Democrática Mineira 
MED Movimento Estudantil Democrático 
MG Minas Gerais 
MSD Movimento Sindical Democrático 
MTR Movimento Trabalhista Renovador 
MUD Movimento Universitário de Desfavelamento 
MUDES Movimento Universitário de Desenvolvimento Econômico e Social 
NCNC National Captive Nations Committee 
NOVACAP Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil 
OAB Ordem dos Advogados do Brasil 
OBAN Operação Bandeirantes 
OEA Organização dos Estados Americanos 
OSPB Organização Social e Política Brasileira 
PAEG Programa de Ação Econômica do Governo 
PB Paraíba 
PCB Partido Comunista do Brasil 
PDC Partido Democrático Cristão 
PE Pernambuco 
PETROBRÁS Petróleo Brasileiro 
PL Partido Libertador 
PL Projeto de Lei 
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro 
PP Partido Progressista 
PR Paraná 
PRN Partido da Reconstrução Nacional 
PSD Partido Social Democrático 
PTB Partido Trabalhista Brasileiro 
PTN Partido Trabalhista Nacional 
PUC Pontifícia Universidade Católica 
RAM Reamarmento Moral 
REDETRAL Resistência Democrática dos Trabalhadores Livre 
RFFSA Rede Ferroviária Federal 
RJ Rio de Janeiro 
RN Rio Grande do Norte 
RS Rio Grande do Sul 
SAJE Sociedade de Auxílio à Juventude Estudantil 
SANBRA Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro 
SC Santa Catarina 
SERFHAU Serviço Federal de Habitação e Urbanização 
SERPRO Serviço Federal de Processamentos de Dados 
SFH Sistema Financeiro de Habitação 
xv 
 
SINDIFAR Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio Grande do 
 Sul 
SINDURFARQ Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos e Químicos para Fins 
 Industriais no Estado de Minas Gerais 
SINDUSFARMA Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo 
SINFACOPE Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos, Medicamentos, 
 Cosméticos, Perfumarias e Artigos de Toucador do Estado de Pernambuco 
SINFAR Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio de 
 Janeiro 
SINQFAR Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Paraná 
SNA Sociedade Nacional de Agricultura 
SNFMF Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia 
SNI Serviço Nacional de Informação 
SP São Paulo 
SPVEA Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia 
SRB Sociedade Rural Brasileira 
SUDAM Superintendência da Amazônia 
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste 
SUDEPE Superintendência do Desenvolvimento da Pesca 
SUFRAMA Superintendência da Zona Franca de Manaus 
SUMOC Superintendência da Moeda e do Crédito 
SUNAB Superintendência Nacional de Abastecimento 
SUPRA Superintendência de Política Agrária 
TERMOCHAR Termoelétrica de Charqueadas 
UCF União Cívica Feminina 
UDN União Democrática Nacional 
UEB União de Empresas Brasileiras 
UFBA Universidade Federal da Bahia 
UFF Universidade Federal Fluminense 
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro 
UNE União Nacional dos Estudantes 
USAID United States Agency for International Development 
USIBA Usina Siderúrgica da Bahia 
USIMINAS Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais 
VRDN Vale do Rio Doce Navegações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xvi 
 
 
 
Sumário 
 
Introdução 1 
Objetivo geral 3 
Objetivos específicos 4 
Estrutura da tese 8 
Metodologia 9 
 
Capítulo 1 - O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o governo Castello 
Branco (1964-1967) 13 
 
1.1. Estrutura organizacional 23 
1.2. Recursos financeiros 36 
1.3. Mobilização da sociedade 59 
1.4. Campanha ideológica 90 
1.5. Os anteprojetos de reformas de base do IPES 101 
1.6. O IPES pós-1964 103 
1.7. Encerramento das atividades do IPES 112 
1.8. O governo de Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967) 117 
 
Capítulo 2 - O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) no Estado restrito (1964-
1967) 126 
 
2.1. Abordagem Histórica - 1930-1967 128 
2.2. Os ipesianos na direção das empresas estatais federais (1964-1967) 145 
2.3. A reforma administrativa 281 
 
Capítulo 3 – A indústria farmacêutica em perspectiva histórica e suas formas 
organizativas 291 
 
3.1. Contexto histórico 295 
3.2. Evolução da indústria farmacêutica no Brasil (1860-1967) 300 
3.3. Desnacionalização 311 
3.4. Farsas, fraudes e crimes da indústria farmacêutica 319 
3.5. Aspectos organizacionais das indústrias farmacêuticas 332 
3.6. Formas organizativas do Estado e da clase empresarial do setor farmacêutico 339
 3.6.1. Organização do empresariado 342 
xvii 
 
 3.6.1.1. Os aparelhos privados de hegemonia: as associações, federações e 
 sindicatos particulares 345 
 
Captítulo 4 – As articulações do setor farmacêuticono Instituto de Pesquisas e Estudos 
Sociais (IPES) e no Estado (1964-1967) 379 
 
4.1. Indústrias farmacêuticas que financiaram o IPES 380 
4.1.1. Históricos das empresas 381 
4.1.2. As contribuições financeiras 400 
4.1.3. O conluio das indústrias farmacêuticas com a repressão 403 
4.2. Empresários e executivos do setor farmacêutico com ligações no IPES 410 
 4.2.1. Histórico dos empresários 412 
4.3. As políticas públicas para o setor farmacêutico 443 
4.4. Governo Castello Branco (1964-1967) 466 
 
Capítulo 5 – frações da burguesia contra o governo Castello Branco (1964-1967) 489 
5.1. As ambiguidades e tensões com relação às políticas públicas 496 
5.2. Ipesianos paulistas e Paulo Ayres Filho contra atacam o governo 521 
Conclusão 532 
Referências 537 
Anexos 564 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xviii 
 
 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
Esta tese é resultado de uma reflexão em torno do Instituto de Pesquisas e Estudos 
Sociais (IPES), a partir de 2011, quando iniciei o mestrado no Programa de Pós-Graduação 
em Administração na Universidade Federal Fluminense (PPGAd/UFF). 
Conforme já apontara Dreifuss1, após o golpe de Estado de 1964, e iniciado o novo 
governo, sob a presidência de Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967), associados 
e parceiros do IPES, que haviam contribuído para os trabalhos do Instituto no sentido de 
depor o presidente João Goulart (1961-1964), foram os responsáveis pela elaboração da 
Reforma Administrativa, que se deu por meio do Decreto-Lei nº 200 de 1967. Constatei que 
os preceitos básicos desse decreto coadunavam com os do anteprojeto de Reforma 
Administrativa criado pelo IPES, no período de 1961 a 1964, o que confirmou a hipótese de 
que empresários e burocratas ligados ao Instituto estavam no controle do Estado, criando 
políticas públicas e reformas. O que sugere uma linha de continuidade na relação empresários 
pré-golpe com o desdobramento da estrutura administrativa do Estado pós-1964. 
A pesquisa deu origem a minha dissertação intitulada A participação do Instituto de 
Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) na construção da Reforma Administrativa da ditadura 
civil-militar (1964-1967). 
 Com a documentação que levantei do IPES, as leituras que fiz durante e 
posteriormente ao mestrado e a participação, entre 2013 e 2017, no grupo de pesquisa 
Coletivo Mais Verdade2, onde era discutida a relação de poder da classe empresarial no 
Estado, verifiquei que existem várias questões sobre a importância política do IPES no 
período que antecedeu ao golpe e no primeiro governo ditatorial, que precisam ser analisadas 
e aprofundadas. 
 A obra do cientista político uruguaio René Armand Dreifuss, 1964 A conquista do 
Estado – Ação política, poder e golpe de classe, foi determinante nas minhas reflexões. 
Dreifuss desenvolveu uma pesquisa inédita sobre o IPES. Investigou as articulações do 
empresariado com os militares no IPES, um laboratório de ideias que organizava os interesses 
sociopolíticos do capital multinacional e associado, em torno do golpe que iria derrubar o 
governo de João Goulart, em 1964. Da mesma forma, indagou sobre as conexões do IPES 
 
1 DREIFUSS, René. 1964 A conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis (RJ): Vozes, 
2006, p. 447. 
2 O Coletivo Mais Verdade, criado em meados de 2013, no Rio de Janeiro, é integrado por uma equipe de 
pesquisadores de diversas áreas (História, Economia, Ciência Política, Jornalismo, entre outras). O objetivo do 
grupo é pesquisar as relações entre os grandes grupos econômicos e a ditadura militar que se instalou no Brasil 
em 1964, e que conformaram grandes impérios que se prolongam até o presente. 
2 
 
com associações empresarias na formulação de estratégias para a promoção de seus interesses 
de classe, sobretudo com o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e no essencial 
todas essas instituições alinhadas nos mesmos objetivos. 
 No seu levantamento, a partir dos documentos oficiais do IPES, Dreifuss identificou as 
empresas nacionais e internacionais que financiaram o instituto, bem como os empresários, 
tecnoempresários e diretores de empresas públicas e privadas que trabalharam e se 
articularam em uma conspiração no IPES. Após 1964, com a conquista do Estado, o autor 
evidenciou que os ipesianos ocuparam os setores-chave da administração pública, dos 
ministérios e das empresas públicas, onde asseguraram o rumo do Estado brasileiro servindo 
aos interesses gerais dos industriais e banqueiros multinacionais e associados. 
 Em razão da abrangência da sua pesquisa, Dreifuss deixou diversas lacunas para 
futuras pesquisas, que não foram indagadas de forma profunda, até porque seus objetivos 
imediatos eram identificar as forças sociais que emergiram na sociedade brasileira com o 
processo de internacionalização, em sua etapa moderna, e acompanhar sua intervenção no 
Estado e na sociedade brasileira. 
 Diante disto, alguns fatos levantados por Dreifuss indicam a necessidade de se 
investigar sobre questões que ele não se deteve em profundidade. Desta forma, decidi dar 
continuidade ao estudo sobre o IPES no doutorado em dois aspectos: 1) a predominância de 
ipesianos nas empresas estatais federais, após o golpe de 1964, com a “conquista” do Estado, 
mais precisamente no governo de Castello Branco (1964-1967); 2) a presença financeira das 
indústrias farmacêuticas no IPES, a participação dos empresários do setor nas articulações e 
ações políticas no instituto e as políticas públicas do primeiro governo ditatorial que 
beneficiaram o referido setor, uma vez que foi um dos setores econômicos que mais 
cresceram no Brasil. 
Após a pesquisa de Dreifuss, o IPES tem sido investigado por pesquisadores de 
diferentes áreas, tais como História, Ciência Política, Comunicação, Economia, 
Administração, Relações Internacionais, etc., que indagam acerca do golpe de 1964, mas não 
averiguaram os temas por mim escolhidos. Em relação ao primeiro, não encontrei estudos que 
mostrem e/ou discutam a grande presença de ipesianos nesses aparelhos do Estado, salvo uma 
referência ou outra. No que diz respeito ao segundo tema, os trabalhos encontrados, embora 
tenham contribuído com aspectos importantes sobre as indústrias farmacêuticas, discorrem 
apenas sobre o mercado farmacêutico, patentes, competições, inovações, medicamentos, etc. 
Não as analisam como um grupo econômico que teve relação direta com o golpe de 1964 e 
com a ditadura por meio do IPES. 
3 
 
A tese, portanto, está divida em duas partes. A primeira analisa caminhos que os 
ipesianos tomaram após o golpe. Consiste em aprofundar a identificação da presença política 
de associados e parceiros do IPES e sua área de influência em instâncias importantes do 
Estado brasileiro após o golpe de 1964. Trata-se das empresas estatais federais, existentes no 
período de 1964-1967, as quais tinham ipesianos ocupando os cargos de presidente, vice-
presidente, diretor e conselheiro. Da mesma forma, analisar algumas características e 
variáveis das suas ações políticas, destinadas a produzir mudanças para garantir os seus 
interesses particulares. 
A segunda parte incide em pesquisar as indústrias farmacêuticas, um dos setores 
privados mais globalizado em atividade no Brasil, com grande importância na economia 
capitalista, e, por isto, exerce forte pressão política, econômica e social no Estado. Esta parte 
está dividida em dois capítulos. O primeiro analisa o desenvolvimento das indústrias 
farmacêuticas no mundo e no Brasil e, além disso, sistematiza o conhecimento sobre as 
entidades de classe do setor no sentido de averiguar suas atividades políticas para defender os 
interesses das suas associadas. O segundo capítulo levanta e examina as indústrias 
farmacêuticas, nacionais e internacionais, e os empresáriosdo setor que financiaram e 
participaram da conspiração no IPES. Investiga, ainda, as políticas públicas do governo 
Castello Branco que beneficiaram o setor, bem como os ipesianos envolvidos nas suas 
formulações. 
Para finalizar, o último capítulo analisa as disputas das frações de classe durante o 
governo Castello Branco, que priorizou o capital externo. Como se mobilizaram em apoio ao 
golpe, os ipesianos, sobretudo os não associados ao capital estrangeiro, se sentiram traídos, 
afinal foi um governo que eles respaldaram e ajudaram a criar, e que passou a ameaçar a sorte 
de sua classe. 
 
Objetivo geral 
 
 Contribuir para compreender como as classes economicamente dominantes se 
organizou e desenvolveu estratégias e ações políticas, face à resistência de forças sociais e 
políticas adversas, para assegurarem a consecução dos seus objetivos: a conquista e direção 
do Estado. Dentre elas, empresários do setor farmacêutico, que financiaram e conspiraram no 
IPES para a instauração da ditadura empresarial-militar. Da mesma forma, perceber a 
extensão e as formas assumidas de ipesianos em instâncias estatais brasileiras durante o 
primeiro governo do regime ditatorial pós-64. 
4 
 
Objetivos específicos 
 
1- Aprofundar o conhecimento sobre o IPES com documentos inéditos encontrados do 
IPES-SP, com a finalidade de melhor compreender as conexões entre os empresários e 
o Estado, antes e depois do golpe; 
2- Identificar e analisar as empresas estatais federais e os empresários ipesianos que 
passaram pelos cargos de direção, com a finalidade de compreender a hegemonia de 
uma fração de classe no Estado, bem como as suas políticas para beneficiar o setor; 
3- Analisar as indústrias farmacêuticas e os empresários do setor que participaram do 
IPES com o objetivo de inferir sobre suas conexões empresariais, militares e políticas 
entre a derrubada de João Goulart e o governo Castello Branco; 
4- Identificar e analisar as formas de organização da burguesia empresarial do setor 
farmacêutico junto à sociedade civil e à sociedade política para analisar a sua pressão 
no sentido de beneficiar o setor; 
5- Analisar as divergências e insatisfações de empresários ipesianos com o governo 
Castello Branco. 
 
Para atender aos objetivos da pesquisa, o estudo segue o roteiro teórico-metodológico 
sugerido pelo marxista italiano Antonio Gramsci sobre Estado ampliado, por conter na sua 
elaboração as transformações sofridas pelo Estado capitalista, a dominação política de classe, 
a representação de interesses, as políticas estatais, as relações entre classe dominante, os 
aparelhos privados de hegemonia, ideologia, além de conceitos que explicam as correlações 
de força no Brasil no início dos anos 1960, discutidas ao longo de toda a tese. 
Estudando as mudanças no capitalismo no século XIX, Gramsci analisa o Estado, as 
modalidades de dominação e as relações de força sobre as quais se erguem as frações de 
classe. A partir destas questões, o marxista sardo delineia o conceito de Estado entendido de 
forma mais ampla, que é formado pela sociedade política e sociedade civil, as quais estão em 
permanente inter-relação. 
A sociedade política é formada pelas instituições específicas do Estado, ou seja, os 
aparelhos e agências governamentais incumbidos da administração e da organização dos 
grupos em confronto, tal como do exercício da coerção sobre o que não consentem. A 
sociedade civil é a base organizativa das vontades da vida social e expressa contradições e 
ajustes entre frações da classe dominante, é a arena da luta de classes e da afirmação de 
5 
 
projetos em disputas.3 Nela se encontram os aparelhos privados de hegemonia, que gozam de 
relativa autonomia legal e base material própria, onde se organizam as vontades coletivas dos 
grupos dominantes ou dos dominados que disputam para conquistar ou conservar hegemonia, 
atingindo a organização do poder do Estado, isto é, a sociedade política. Segundo Pronko e 
Fontes: 
 
Organizações nas quais se elaboram e moldam as vontades e com base nas quais as 
formas de dominação se difundem, generalizando modalidades de convencimento 
adequadas ao grupo ou fração dominante – convencimento que passa a ser, a partir 
de então, tarefa permanente e fundamental da burguesia para fortalecer a sua 
capacidade de organizar o consentimento dos dominados, interiorizando as relações 
e práticas sociais vigentes como necessárias e legítimas.4 
 
 Para organizar as vontades e a ação coletiva dos aparelhos, Gramsci aponta a figura do 
intelectual orgânico que, nas suas palavras, “são ‘prepostos’ do grupo dominante para o 
exercício das funções subalternas da hegemonia social e do governo político”5. Portanto, têm 
a capacidade de serem os organizadores de seus interesses e da sociedade. 
Deste modo, o desenvolvimento de uma classe ou fração depende da capacidade dos 
aparelhos de gerarem seus intelectuais aptos a lhes conferirem homogeneidade, e, 
principalmente, a organização da sociedade em geral, o que “configuraria, de modo efetivo, a 
plena hegemonia da fração de classe específica por eles representada”6. A hegemonia é a 
visão de mundo, pautada por valores e crenças de um determinado grupo que se impõe sobre 
os demais grupos da sociedade. 
A conquista da hegemonia pelos aparelhos privados da sociedade civil é feita pela 
combinação da força e do consenso “que se equilibram de modo variado, sem que a força 
suplante em muito o consenso”7. O consenso, acrescenta Gramsci, é obtido também por meio 
da ação do próprio Estado restrito (sociedade política), que promove e difunde o projeto da 
fração de classe hegemônica. Portanto, explica Fontes por intermédio do conceito de 
hegemonia, Gramsci procurou analisar o processo de organização do consentimento, que 
remete ao trabalho de produção e difusão das concepções de mundo, da consciência social, de 
 
3 MENDONÇA, Sonia Regina. O Estado Ampliado como Ferramenta Metodológica. Marx e o Marxismo v.2, 
n.2, jan/jul 2014. 
4 PRONKO, Marcela e FONTES, Virgínia. Hegemonia. In: CALDART, Roseli Salete et al (org.). Dicionário da 
Educação no Campo. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Expressão Popular, 2012, p. 392. 
5 GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, v. 3, pp.20-21. 
6 MENDONÇA, Sonia Regina. op. cit. p. 35. 
7 GRAMSCI, Antonio. op. cit. p. 95. 
6 
 
formas de ser adequadas aos interesses do capital (hegemonia) ou, ao contrário, capazes de 
opor-se resolutamente a este (contra-hegemonia)8. 
Porém, os processos não são unívocos. O Estado constitui também o terreno do 
conflito de classe, que é, ao mesmo tempo, instrumento de uma classe e também lugar de luta 
hegemônica e processo de unificação das classes dirigentes9. 
Para discutir o Estado capitalista, do século XX, é usado o arcabouço teórico do grego 
Nicos Poulantzas. Poulantzas na sua obra O Estado, o poder, o socialismo, ao analisar a 
situação política na Europa e o fenômeno do estatismo autoritário, faz uma discussão em 
torno do Estado, do poder e das classes sociais. 
Para sair do círculo de estudos acerca do domínio político, que diz que o Estado se 
reduziria à dominação política no sentido em que cada classe dominante produziria seu 
próprio Estado, à sua medida, à sua conveniência e manipulá-lo à sua vontade, portanto, todo 
Estado não passaria de uma ditadura de classe, Poulantzas discute o alcance da utilização de 
classe do Estado. 
 
O Estado apresenta uma ossatura material própria que não pode de maneira alguma 
ser reduzida à simples dominação política. O aparelho de Estado, essa coisa de 
especial e por consequência temível, não se esgota no poder do Estado. Mas a 
dominação política está ela própria inscrita na materialidade institucional do Estado. 
Se o Estado não é integralmente produzido pelas classes dominantes, não o é 
também por elas monopolizado.Nem todas as ações do Estado se reduzem à 
dominação política, mas nem por isso são constitutivamente menos marcadas.10 
 
Poulantzas rejeita, assim, o Estado como uma entidade de direito exclusivo de uma 
única classe, e passa a evidenciar as contradições que perpassam as relações de força. O 
Estado capitalista, explica o autor, é expresso pelas dimensões política e econômica nas 
relações que esse Estado estabelece com as estruturas das relações de produção e com as lutas 
de classe. É, portanto, uma condensação material de relações de forças entre classes e frações 
de classe, em que não há somente a presença, em seus aparelhos, das classes dominantes, mas 
também das classes dominadas. Não é homogêneo nem impermeável às contradições, mas 
imbuído de fissuras e permeado pelas contradições e lutas sociais. 
Com relação à dominação política e as lutas políticas na ossatura institucional do 
Estado, arcabouço que interessa na discussão da tese, o Estado capitalista constitui a 
burguesia como classe politicamente dominante. Ele representa a ou as classes dominantes, 
 
8 FONTES, Virginia. Reflexões im-pertinentes. História e capitalismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Bom 
Texto, 2005. 
9 LIGUORI, Guido; VOZA, Pasquale (Org.). Dicionário gramsciano. Tradução de Ana Maria Chiarini et al. São 
Paulo: Boitempo, 2017. 
10 POULANTZAS, Nicos. O Estado, o poder, o socialismo. Rio de Janeiro: Graal, 1985, p. 17. 
7 
 
sob a hegemonia de uma de suas frações, o capital monopolista, e organiza o interesse político 
do bloco no poder, fenômeno particular das formações capitalistas, que indica a unidade 
contraditória das classes ou frações de classe politicamente dominantes. Portanto, constitui a 
unidade política das classes dominantes, à medida que detém uma autonomia relativa em 
relação a tal ou qual fração, a fim de assegurar a organização do interesse geral da 
burguesia.11 
Autonomia relativa do Estado, conforme Poulantzas, engendrada da relação entre o 
econômico e o político, possibilita sua mobilidade em torno de interesses divergentes e 
contraditórios de classe, resultante do jogo de contradições. 
Segundo Poulantzas, a unidade-centralização do Estado, em favor do capital 
monopolista, se estabelece por um complexo processo: 
 
A classe ou fração hegemônica não instaura apenas como aparelho dominante aquele 
que já tenha cristalizado por excelência seus interesses, mas também todo aparelho 
dominante de Estado tende a longo prazo a ser a sede privilegiada dos interesses da 
fração hegemônica e a encarar as modificações da hegemonia. Essa unidade se 
estabelece por toda uma cadeia de subordinação de determinados aparelhos a outros, 
e pela dominação de um aparelho ou setor do Estado, o que cristaliza por excelência 
os interesses da fração hegemônica sobre outros setores ou aparelhos, centros de 
resistência de outras frações do bloco no poder. Esse processo pode tomar assim a 
forma de toda uma série de subdeterminações e de dissimulações de alguns 
aparelhos em outros deslocamentos das funções e esferas de competência entre 
aparelhos e decalagens constantes entre poder real e poder formal; a forma de uma 
efetiva rede transestatal que sobrepuja e provoca curto-circuito em todos os níveis, 
os diversos aparelhos do Estado, rede que cristaliza por excelência, e por sua 
natureza, os interesses monopolistas; enfim pela subversão da organização 
hierárquica tradicional da administração do Estado, a dos circuitos de formação e de 
funcionamento de corpos-destacamentos especiais de altos funcionários de Estado, 
dotados de um alto grau de mobilidade não apenas interestatal mais igualmente entre 
o Estado e os negócios monopolistas e que, sempre pela estratégia de importantes 
transformações institucionais, são encarregados de colocar em ação a política e em 
favor do capital monopolista.12 
 
Uma das procupações nesse trabalho foi identificar aparelhos do Estado, as empresas 
estatais federais, que foram a sede dos interesses da fração hegemônica. Bem como a 
expressiva quantidade de civis e militares, que passou pela órbita do IPES e ocupou 
importantes e determinantes cargos nas estatais. Detentores de mobilidade entre o Estado e os 
negócios monopolistas, a presença desta fração das classes sociais nos aparelhos estatais 
explica as políticas e diretrizes implantadas. 
Dados tais contornos, a tese apresenta ainda reflexões sobre o capitalismo, 
intensificado no Brasil, no início do século XX, com a crescente industrialização, que foi 
 
11 POULANTZAS, Nicos. op. cit. pp. 145-151. 
12 Idem, p. 158. 
8 
 
responsável por mudanças estruturais no Estado, criando condições para a expansão do modo 
capitalista de produção. Para tal, para atender a essa reflexão, é indispensável analisar o 
crescimento das funções do Estado, no caso as empresas estatais federais; a nova burocracia; 
as novas correlações de força, pois o desenvolvimento do capitalismo é um problema que diz 
respeito à oposição entre classes sociais que emergem; e identificar os interesses sociais, as 
alianças políticas e as relações de poder desencadeadas com a industrialização que se 
converteram em base do Estado. No tocante à propriedade do capital, indagar o papel 
assumido pelas empresas de capital estrangeiro e pelas empresas estatais na constituição do 
capitalismo. 
 
Estrutura da tese 
 
A tese está dividida em cinco capítulos, que podem ser lidos de maneira independente, 
embora o seu sentido seja mais apreendido com a leitura do capítulo 1 no qual avança os 
estudos sobre o IPES, sua formação, seus objetivos e ações na direção de organizar o 
empresariado e segmentos da sociedade para desestabilizar e depor o presidente João Goulart. 
O capítulo 2 apresenta os levantamentos das empresas estatais federais e seus 
respectivos presidentes, vice-presidentes, diretores e conselheiros que passaram pela órbita do 
IPES. 
O capítulo 3 analisa a indústria farmacêutica, seu crescimento no mundo e no Brasil, 
que está diretamente relacionado com o processo de entrada e expansão das indústrias 
farmacêuticas estrangeiras atreladas às desnacionalizações. Para entender esse processo, o 
capítulo investiga ainda as formas organizativas da classe empresarial do setor. 
 O capítulo 4 analisa a participação das indústrias farmacêuticas e dos empresários do 
setor no IPES, seja com financiamentos, seja na organização de estratégias e ações para depor 
Goulart. 
 Por fim, no capítulo 5 são analisadas as disputas internas de frações da classe 
dominante no governo Castello Branco, que não foi discutido por Dreifuss, embora tenha 
pontuado que o Estado se tornou uma arena onde frações divergentes das classes dominantes, 
excluídas do bloco governante, ajustavam suas próprias divergências13. Frações da classe 
empresarial sentiram-se traídas, afinal foi um governo que eles respaldaram e ajudaram a 
formar. 
 
13 DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado. op. cit. p. 514. 
9 
 
Metodologia 
 
Na primeira parte da pesquisa, a meta inicial era levantar apenas as empresas estatais 
federais dos setores mais dinâmicos da economia, e que têm coerência com o ideário do IPES. 
Mas durante as buscas, encontrei empresas de segmentos menos ativos que têm ipesianos nas 
suas administrações, o que mostra uma dinamização ainda maior dos sócios e parceiros do 
instituto no Estado e sugere que, no período de 1964-1967, o Estado representou os interesses 
políticos da burguesia sob a hegemonia de uma de suas frações, o capital multinacional e 
associado. 
É importante registrar as dificuldades encontradas para fazer o levantamento das 
empresas existentes, bem como dos seus respectivos gestores durante o período pesquisado. 
Com relação às empresas estatais federais, não existe literatura ou órgão oficial que tenha a 
relaçãocompleta. Só a partir de 1981 que a Secretaria de Controle de Empresas Estatais 
(SEST)14 começou sistematizar e disponibilizar publicações sobre o conjunto dos organismos 
estatais. Da mesma forma, foi extremamente difícil obter os nomes dos presidentes, vice-
presidentes, diretores e conselheiros das empresas levantadas. Algumas empresas foram 
desativadas e os seus acervos se evaporaram, outras foram privatizadas e, como já esperado, 
não atenderam às minhas solicitações. Às estatais federais ainda existentes, recorri à Lei de 
Acesso à Informação15. Algumas forneceram dados completos, outras incompletos, diversas 
não possuíam as informações e um caso específico que tem que ser mencionado é o da 
Petrobrás, que se mostrou muito resistente para disponibilizar as informações, mas, depois de 
muita insistência e argumentação, cedeu. 
Diante dessa situação, para compor os quadros das empresas estatais e seus 
administradores, busquei elementos no Arquivo Nacional (RJ e DF), na Biblioteca Nacional, 
nas bibliotecas da Eletrobrás e do Instituto Aço Brasil, nos ministérios, no Diário Oficial da 
União, nos livros, nos jornais da época e na Internet, onde nem sempre encontrei informações 
completas. Portanto, a falta de dados do período não me permitiu construir uma amostra 
maior, mas, ainda assim, me proporcionou uma percepção extremamente útil de como o 
processo de decisão nas empresas estatais estavam nas mãos dos ipesianos, proporcionando 
 
14 Criada por meio do Decreto nº 84.128, de 29 de outubro de 1979, como órgão central do Subsistema de 
controle de recursos e dispêndios de empresas estatais, no âmbito do Sistema de Planejamento Federal. 
15A Lei nº 12.527, sancionada pela Presidência da República em 18 de novembro de 2011, regulamentou o 
direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas, e seus dispositivos são aplicáveis aos três 
Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Disponível em 
<http://www.acessoainformacao.gov.br/sistema/site/acesso_info.html> Acessado em: 27.01.2016. 
http://www.acessoainformacao.gov.br/sistema/site/acesso_info.html
10 
 
uma cooperação entre representantes do capital internacional, do capital nacional e os altos 
escalões do aparato estatal na construção da economia brasileira. 
Com os nomes das empresas levantados, os organizei em quatorze setores para melhor 
análise: financeiro, siderúrgico, elétrico, mineração, petrolífero, tecnologia, telecomunicações, 
transporte, infraestrutura, agricultura, administração, educação/cultura, social/saúde e turismo. 
Para cada setor, construí quadros detalhados com os nomes das empresas estatais, o tipo de 
empresa (empresa pública, autarquia, economia mista, fundação), os ministérios aos quais 
estavam vinculadas e seus ministros, e os nomes dos presidentes, vice-presidentes, diretores e 
conselheiros ipesianos com as datas de suas atuações nas empresas. É importante esclarecer 
que o nome e o tipo de empresa e o ministério vinculado dizem respeito ao período 
pesquisado. Em outro momento, as empresas podem ter outra nomenclatura, estarem 
enquadradas em outro tipo ou estarem vinculadas a outros ministérios. 
Devido às dificuldades de encontrar datas precisas e os desencontros de informações 
de atuação dos dirigentes, decidi por apresentar apenas as informações conseguidas, às vezes 
apenas a data de início na função. Há casos de dirigentes que já vinham atuando nas estatais e 
uma pequena minoria se manteve nas empresas no fim do governo Castello Branco. 
A pesquisa não tem como finalidade analisar em profundidade os setores dentro da 
economia brasileira, já fartamente estudados por outros pesquisadores. As decisões dependem 
de quem as toma, portanto, para compreender o processo de decisão nas empresas é 
necessário falar dos homens que as dirigiram. Desta forma, um dos objetivos do capítulo é 
investigar e analisar os ipesianos que estavam na condução das empresas estatais, onde 
tomavam e executavam decisões sobre os rumos das empresas, com objetivo de verificar: 1) 
suas atuações junto e no IPES e em outros aparelhos privados de hegemonia; 2) as suas 
atuações, conexões e relações nos setores público e privado; 3) as suas participações em 
entidades de classes; e 4) as suas contribuições na construção de políticas públicas. 
Para compor os perfis e as trajetórias dos ipesianos, busquei informações nos 
depoimentos de ipesianos no acervo de história oral do CPDOC/FGV, em livros biográficos, 
no Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro do CPDOC, jornais de época e Internet. 
Com a finalidade de certificar se os dirigentes eram ipesianos, recorri aos documentos 
do IPES e à obra de René Dreifuss, que catalogou os associados, parceiros e apoiadores do 
instituto. Os documentos do IPES utilizados estão custodiados no Arquivo Nacional do Rio de 
Janeiro, no fundo correspondente e no Centro de Pesquisa e Documentação de História 
Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), no acervo de Paulo 
Ayres Filho. 
11 
 
Na segunda parte, que diz respeito às indústrias farmacêuticas, dissertei, a partir de 
vasta bibliografia dedicada ao tema, sobre o crescimento do setor no mundo e no Brasil; a 
organização interna das empresas; e a desnacionalização. Ainda rastreei e analisei a 
organização dos empresários, existentes no momento histórico pesquisado, em torno das 
entidades de classe com vistas a perceber suas demandas e/ou pressões setoriais, lutas 
internas, entre entidades e no Estado, para efetivamente defenderem seus interesses e seus 
projetos. 
Após o levantamento das entidades de classe do setor, fiz contato com as que ainda 
estão em atividade para obter dados sobre as histórias de suas formações, atuações, dirigentes, 
vozes discordantes, etc., já que as informações em suas páginas oficiais na Internet não dão 
conta do debate que se desenvolveu no seu interior. Elas dizem respeito apenas às 
organizações e atividades atuais. Mas não obtive o retorno desejado, a maioria ignorou 
minhas solicitações por e-mail ou por telefone. O presidente da Academia Nacional de 
Farmácia, Lauro D. Moretto, por exemplo, respondeu meu e-mail e me encaminhou para 
Serafim Branco e Dan Gedankien, os quais nunca me replicaram, mesmo com minha 
insistência. 
Diante da falta de comunicação, fui diretamente a algumas entidades, mas da mesma 
forma não obtive dados e informações, pois os profissionais que me receberam alegaram que 
não possuíam acervos. Consegui entrevistar um diretor do Sindicato das Indústrias 
Farmacêuticas do Rio de Janeiro (SINFAR), Onésimo Azara Pereira, que não só se esquivou 
com as minhas indagações, como me deu respostas evasivas. Quando o perguntei sobre a 
entidade de classe, a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (ABIF), afirmou que 
nada sabia, mas depois eu li, em um jornal de época, que foi seu diretor. Apenas o Sindicato 
de Pernambuco me passou algumas informações a respeito da sua formação. 
Neste contexto de dificuldades de obter elementos para fazer comparações e 
confrontos, já que o setor privado se fecha tanto pessoalmente como nas suas redes virtuais 
públicas, busquei subsídios nos jornais de época, Internet, Diário Oficial da União, jornais 
voltados para a comunidade farmacêutica, A Gazeta da Pharmácia, e alguns poucos números 
da revista da ABIF, custodiadas na Biblioteca Nacional. Ainda assim não encontrei 
informações satisfatórias de algumas empresas e entidades. 
No segundo capítulo da segunda parte da tese são apresentadas as indústrias 
farmacêuticas e os empresários do setor que passaram pela órbita do IPES, bem como as 
políticas públicas do governo Castello Branco que atenderam e beneficiaram o setor. O 
levantamento das empresas e dos empresários foi feito a partir dos documentos do IPES e da 
12 
 
obra de Dreifuss. A legislação do setor foi garimpada em algumas bibliografiase nos sites 
oficiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
Com as informações levantadas, elaborei quadros detalhados das indústrias 
farmacêuticas e dos empresários do setor que financiaram e atuaram no IPES. No que diz 
respeito às indústrias, apontei o capital de origem, com a finalidade de acentuar a presença do 
capital estrangeiro no país, além de fazer um breve histórico da sua fundação, entrada no 
Brasil, e de seus dirigentes, com objetivo de encontrar os responsáveis pelos seus vínculos 
com o instituto. Com relação aos empresários, arrolei os laboratórios em que atuavam e os 
seus cargos nas empresas, e fiz uma análise dos seus perfis com a finalidade de apontar suas 
atuações no IPES, no Estado, nas entidades, e nos setores privados e públicos. Para obter as 
informações, busquei dados nas revistas dos laboratórios, em jornais de época, acervo da Casa 
de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, Internet, jornais específicos do setor farmacêutico, no Diário 
Oficial da União e livros biográficos. 
No último capítulo da tese, que se refere às disputas de frações de classe no governo 
Castello Branco, sobretudo do setor farmacêutico, as informações foram levantadas nos 
documentos do IPES-SP e do IPES-GB, jornais de época e algumas pesquisas acadêmicas. 
Posto isto, é de fundamental importância esclarecer ainda que ipesianos são 
compreendidos aqui não só os militares, empresários e tecnoempresários que fizeram parte da 
estrutura formal do IPES. Mas também os convidados que participaram de diversas atividades 
organizadas pelo instituto, orientaram na elaboração de estratégias para desestabilizar o 
governo Goulart e trabalharam nos projetos de governo que vieram a ser implementados após 
o golpe, bem como os membros de associações privadas que atuaram em parceria com o IPES 
na conspiração. Embora não fizessem parte da estrutura organizacional do IPES, os 
convidados e os membros das associações defendiam, da mesma forma, os interesses do bloco 
multinacional e associado e atuaram conjuntamente, em que o IPES era o organizador das 
ações. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
CAPÍTULO 1 – O INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS SOCIAIS (IPES) E O 
GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967) 
 
 
O capítulo tem por finalidade analisar o IPES. O contexto político que deu origem ao 
seu surgimento, objetivos, formação e ações e estratégias desenvolvidas junto à sociedade 
civil e ao Estado. Bem como o primeiro governo ditatorial, de Castello Branco, de forma a 
compreender o papel da entidade nas transformações econômicas, políticas e sociais 
posteriores ao golpe. 
O IPES foi uma entidade formada por empresários nacionais e internacionais, 
tecnoempresários e militares de alta patente, em especial vinculados à Escola Superior de 
Guerra (ESG). Com o apoio financeiro do governo norte-americano e de seus associados, 
buscou integrar diversos grupos, civis e militares, e organizar uma coesão interna da fração 
mais internacionalizada do empresariado no Brasil em uma oposição que pudesse deter o 
governo de João Goulart e as forças sociais que o apoiavam, para obter o controle da 
sociedade e assegurar a “conquista”16 do Estado. 
O IPES surgiu dois meses após a posse de João Goulart, em um contexto de crise 
econômica e política no Brasil. Goulart assumiu a Presidência da República em setembro de 
1961, sob o regime parlamentarista. Uma solução conciliatória, diante da possibilidade de um 
golpe militar, com respaldo de setores civis conservadores para impedir sua ascensão ao poder 
e para reduzir sua capacidade de decisão, embora, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro 
de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), 81% da população da Guanabara manifestava 
opinião favorável à sua posse17. Em janeiro de 1963, após um plebiscito, foi restabelecido o 
regime presidencialista18. 
O empresariado tinha fortes restrições a Goulart, visto que quando estava à frente do 
Ministério do Trabalho, no segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954), defendeu 
publicamente o aumento de 100% para os trabalhadores que recebiam salário mínimo19. 
O governo Goulart objetivava o desenvolvimento do capitalismo nacional, procurava 
proteger e incentivar os segmentos nacionais, acentuar as relações de interdependência e 
 
16 Expressão cunhada por Dreifuss para explicar como tecnoempresários e empresários do IPES asseguraram 
poder econômico e administrativo, por meio de seus cargos públicos, transformando o aparelho do Estado 
brasileiro em parte integrante dos interesses monopolistas que controlavam a economia. 
17 Revista O Cruzeiro – extra, de 16.09.61. 
18 Para saber mais sobre o plebiscito ver MELO, Demian Bezerra de. O plebiscito de 1963: inflexão de forças na 
crise orgânica dos anos sessenta. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal Fluminense, 2009. 
19 STARLING, Heloisa Maria Murgel. Os senhores das gerais. Os novos inconfidentes e o golpe de 1964. 
Petrópolis (RJ): Vozes, 1986, p. 42. 
14 
 
complementaridade da economia brasileira com a internacional. Foi marcado por uma intensa 
crise econômico-financeira, com inflação altíssima; crises político-institucionais; ampla 
mobilização e participação popular e de trabalhadores no processo político brasileiro, que 
deixavam de ser classes subalternas, e passaram a participar do debate em torno das “reformas 
de base” e a reivindicar ajustes salariais; fortalecimento do movimento de trabalhadores do 
campo; etc. 
Para combater a inflação e retomar o crescimento do país, o Executivo lançou o Plano 
Trienal de Desenvolvimento Econômico-Social, proposto para o período de 1962-1965, 
elaborado pelos ministros Celso Furtado (do Planejamento) e San Tiago Dantas (da Fazenda). 
Mas o Plano fracassou, e nem a aceleração do crescimento nem a desaceleração da inflação 
ocorreram, resultado da convergência de condições políticas e econômicas internas e externas. 
 Segundo Ianni, o plano foi esvaziado porque propunha uma racionalidade possível 
que transcendia o entendimento das facções dominantes da burguesia. Os primeiros efeitos da 
política deflacionária provocaram reações nas diversas classes sociais, sobretudo as que viam 
uma relação positiva entre inflação e expansão dos negócios, além de ter posto em evidência 
que as forças políticas interessadas nas modificações em curso no setor industrial não 
aceitavam qualquer solução modificadora do modo capitalista de produção. Os grupos 
dominantes, conforme explica o autor, “temeram que fugissem das suas mãos os comandos do 
processo econômico, que o predomínio do capital e do mercado estivesse em risco”20. 
O governo intensificou seu trabalho no sentido de implantar as reformas de base 
(agrária, bancária, fiscal, eleitoral, universitária, etc.), que tinham como finalidades o 
desenvolvimento necessário ao capitalismo industrial brasileiro; atenuar as tensões sociais; 
aumentar a produção de alimentos, de matérias-primas para a indústria; e criar no campo um 
mercado para os bens manufaturados. A reforma agrária causou um embate na sociedade 
civil. Foi combatida no Congresso por políticos que representavam os interesses dos grandes 
proprietários rurais e por setores da Igreja Católica. Setores populares, em torno da Frente de 
Mobilização Popular (FMP)21, por meio de comícios e passeatas, passaram a exigir a reforma. 
 
20 IANNI, Octávio. Estado e capitalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988, pp. 20-21. 
21 Movimento nacionalista surgido, em 1962, com o objetivo de pressionar em favor da implementação das 
chamadas reformas de base (agrária, urbana, tributária, bancária e constitucional). Liderada pelo governador do 
Rio Grande do Sul Leonel Brizola, congregou representantes de organizações como o Comando Geral dos 
Trabalhadores (CGT), o Pacto de Unidade e Ação (PUA), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União 
Brasileira dos EstudantesSecundários (UBES), além de elementos da Frente Parlamentar Nacionalista (FPN) e 
de entidades camponesas e femininas como a Frente Nacionalista Feminina. Não tendo chegado na prática a se 
constituir completamente como organização com atuação própria e definida, foi fechada após o movimento 
político-militar de 31 de março de 1964 (LAMARÃO, Sérgio. Frente de Mobilização Popular (FMP). In: 
15 
 
Em contrapartida, os setores conservadores, ai incluído o IPES, passaram a denunciar a 
“subversão”, a “comunização do país” e acusar o governo de promover a “desordem e a 
agitação popular”. 
Goulart ainda tomou outras medidas que incomodavam e desafiavam o empresariado: 
a nacionalização das concessionárias de serviços públicos (eletricidade, telefone), 
monopolizados pelos grupos estrangeiros Brazilian Traction-Light & Power, American & 
Foreign Power, International Telephone & Telegraph (ITT), moinhos, frigoríficos e indústrias 
farmacêuticas; o monopólio das exportações de café pelo Instituto Brasileiro do Café (IBC); e 
ampliação do controle absoluto da importação de petróleo, outorgado à Petrobras, que, até 
então, era efetuada pelas refinarias particulares, que “comprometidas com os trustes pagavam 
por um tipo de óleo mais caro, quando na verdade recebiam outro mais barato, transferindo 
fraudulentamente recursos do país para o estrangeiro, por meio do sobrefaturamento”22. 
Sob intensas críticas de setores da burguesia nacional associada ao capital 
multinacional e dos credores estrangeiros, Goulart regulamentou a Lei de Remessa de Lucros, 
Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962, que diz respeito a “Disciplina a aplicação do capital 
estrangeiro e as remessas de valores para o exterior e dá outras providências”.23 Dentre várias 
medidas, a lei limitou o envio anual, a título de lucro, das empresas estrangeiras para o 
exterior. Só poderia ser enviado no máximo 10% do capital trazido para o Brasil como 
investimento. 
Em meio a essa movimentação interna, no campo internacional, o novo ministro das 
Relações Exteriores, Francisco Clementino San Tiago Dantas (1961-1962), efetivou o 
restabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética, rompidas em 1947, e 
repeliu as investidas dos Estados Unidos para que o Brasil aprovasse sanções contra Cuba, o 
“calcanhar de Aquiles” do governo norte-americano. A Revolução Cubana (1959) 
representava, aos olhos da América Latina, a possibilidade de transformação, o que ameaçava 
os planos dos “ianques” no sentido de conquistar toda a América, em meio à Guerra Fria. Na 
Conferência de Punta del Este, realizada no Uruguai, entre 22 e 31 de janeiro de 1962, a 
delegação norte-americana chantageou e insinuou que o resultado poderia prejudicar a 
aprovação das verbas da Aliança para o Progresso, discutida à frente neste capítulo. Na 
 
ABREU, Alzira Alves de et al (coords.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930. Rio de Janeiro: 
CPDOC, 2010). 
22 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Presença dos Estados Unidos no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1973, pp. 465-466. 
23 BRASIL. Lei nº 4.131, de 3 de dezembro de 1962. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4131.htm>. Acessado em 05.06.16. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4131.htm
16 
 
ocasião, expulsaram Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA) por quatorze votos 
a favor, e o Brasil se absteve24. 
A burguesia brasileira, deslocada de seu lugar central, não era mais a única detentora 
de um poder de classe dominante, perdeu a exclusividade, via alterada “suas relações com o 
Estado nacional-populista, como forma de fazer avançar seus interesses de classe” 25, e estava 
sobressaltada com a mobilização política das classes populares. Conforme ata do IPES, o 
“perigo do Brasil não é o comunismo, no momento, mas o movimento popular de subversão 
da ordem que será dirigido e encampado pelos extremistas”26. 
Empresas norte-americanas também passaram a pressionar o seu governo contra 
Goulart de forma individual. Em 1962, a mineradora Hanna Mining Company, presidida pelo 
brasilianista John Foster Duller Jr., solicitou ao governo Kennedy para não dar nenhuma 
assistência financeira ao Brasil até que Goulart resolvesse o caso do cancelamento de suas 
concessões no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. A Radio Corporation of America 
(RCA), do setor de telecomunicações, através de seu executivo John Richard, e presidente da 
American Chamber of Commerce for Brazil (AMCHAM), discutida à frente, sugeriu que os 
Estados Unidos provocassem um colapso econômico no Brasil com o corte de toda ajuda ao 
governo Goulart. A agência de créditos oficial do governo federal estadunidense Export-
Import Bank of the United States, representada por seu presidente, William H. Drapper, 
sugeriu a Dean Rusk, Secretário de Estado dos Estados Unidos, 1961 a 1969, que o seu país 
adotasse a linha dura, recusando qualquer ajuda ao balanço de pagamento do Brasil, até que 
Goulart aplicasse um plano de estabilização monetária satisfatório para o FMI ou caísse com a 
crise de suas contas externas.27 
Além das ações do governo norte-americano, a Aliança para o Progresso é um 
exemplo da movimentação de intelectuais orgânicos norte-americanos, pautada pelos 
interesses da empresa privada. O lançamento da Aliança para o Progresso, no ano de 1961, 
vem coroar a mudança de posicionamento dos Estados Unidos frente à América Latina no 
processo posterior a Segunda Grande Guerra, principalmente após a Revolução Cubana de 
1959. 
 
24 KRAMER Paulo. Conferência de Punta Del Este. In: ABREU, Alzira Alves de et al (coords.) Dicionário 
Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930. Rio de Janeiro: CPDOC, 2010. 
25 STARLING, Heloisa Maria Murgel. op. cit. p. 43. 
26 Ata do IPES CD e CE de 27.11.61, p. 3. Acervo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), Arquivo 
Nacional. 
27 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O golpe militar de 64 como fenômeno de política internacional. In: 
TOLEDO, Caio Navarro (org). 1964 Visões críticas do golpe. Democracia e reformas no populismo. Campinas 
(SP): Editora da Unicamp, 2001, pp. 92-93. 
17 
 
O governo norte-americano estava disposto a fornecer “assistência econômica a longo 
prazo” aos países do hemisfério que se comprometessem a promover uma “revolução”, que 
consistia no fomento ao desenvolvimento econômico e “reformas sociais de caráter vital”, por 
meio de planejamento e com respeito à democracia.28 Definiu a política externa norte-
americana para a América Latina a fim de desenvolver um esforço cooperativo que acelere o 
desenvolvimento econômico e social dos países latino-americanos, mas conforme aponta 
Gonçalves, “Aliança pode ser entendida como um esforço do governo Kennedy na entrada de 
capital de seu país nos principais países do continente”, uma aliança, portanto, para fortalecer 
o domínio norte-americano nos países latinos. 29 
Por fim, a burguesia nacional, a multinacional-associada e as frações de classes sociais 
surgidas com a expansão industrial e financeira no governo Juscelino Kubitschek (1956-
1961), que sentiam ameaçados os seus interesses empresariais, se organizaram contra Goulart 
no sentido de esvaziá-lo e depô-lo. Portanto, o golpe de Estado de 1964 se deu devido “às 
restrições da aliança que estava no poder e ao deslocamento que, nessa aliança, algumas 
sofrem em detrimento de outras”30. 
Dentro desse quadro, formou-se uma nova aliança, uma força política para quebrar as 
alianças de classes, subverter a ordem populista, e constituir em centro estratégico de ação 
política, o IPES, com vista à ocupação do Estado para, assim, efetivar seu projeto de 
reordenação capitalista. E que, posteriormente, seria o responsável pela opção política

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