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Agente etiológico: Ascaris lumbricoides; São helmintos; Popularmente conhecidos como lombriga ou bicha; Possui ampla distribuição geográfica; A infecção predomina em crianças e adolescentes, decrescendo progressivamente à medida que a faixa etária avança; Ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Formas adultas: são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas; O tamanho dos helmintos depende do número de parasitos encontrados no intestino delgado e do estado nutricional do hospedeiro. Vermes adultos: Apresentam cor leitosa; Medem cerca de 20 a 30 cm de comprimento por 2 a 4 mm de largura; Boca (ou vestíbulo bucal): está localizada na extremidade anterior, e é contornada por três fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios; Depois da boca está o esôfago musculoso e, logo após, o intestino retilíneo; Possui extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral; Externamente, é o que o diferencia facilmente da fêmea. Adultas: medem cerca de 30 a 40 cm de comprimento por 3 a 6 mm de largura; São mais robustas que os machos; A cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes aos do macho; Possui extremidade posterior retilínea. Originalmente são brancos, adquirindo cor castanha devido ao contato com as fezes; Grandes, medem aproximadamente 50x60 µm; São ovais; Possuem cápsula espessa em razão da membrana externa mamilonada; A membrana facilita a aderência dos ovos a superfícies, propiciando sua disseminação; Além da membrana mamilonada (mais externa), possui uma membrana média e uma mais interna (confere ao ovo grande resistência às condições adversas do ambiente); Os ovos podem ser: Férteis com membrana mamilonada; Férteis sem membrana mamilonada; Inférteis. Infecções moderadas: vermes adultos são encontrados no intestino delgado (principalmente no jejuno e no íleo); Infecções intensas: ocupam toda a extensão do intestino delgado; Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios, ou migrarem pela luz intestinal. Monoxêmico (um único hospedeiro); As fêmeas fecundadas são capazes de colocar, por dia, 200.000 ovos não embrionados; Estes ovos chegam ao ambiente junto com as fezes; Em condições adequadas (temperatura entre 25° a 30°C, umidade mínima de 70% e oxigênio em abundância), os ovos tornam-se embrionados em 15 dias; L1, formada dentro do ovo, é do tipo rabditoide (esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio); Após uma semana, ainda dentro do ovo, a larva transforma-se em L2; Em seguida, L2 transforma-se em L3 infectante com esôfago filarioide (esôfago retilíneo); L3 permanece infectante dentro do ovo, no solo, por vários meses, podendo ser ingerida pelo hospedeiro; Após a ingestão, os ovos contendo L3 atravessam todo o trato digestório e as larvas eclodem no intestino delgado; A eclosão é estimulada pelo próprio hospedeiro, através de agentes redutores, pH, temperatura, sais e a concentração de CO2; Quando liberadas, as larvas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e na veia mesentérica superior, atingindo o fígado entre 18 e 24 horas após a infecção; 2-3 dias chegam no átrio direito pela veia cava inferior; 4-5 dias após, são encontradas nos pulmões (ciclo de Loss); Em 8 dias de infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos; Nos alvéolos ocorre a muda para L5; As L5 sobem pela árvore brônquica e traqueia, chegando até a faringe; Na faringe, podem ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas; Se deglutidas, atravessam o estômago e fixam-se no intestino delgado; Transformam-se em adultos jovens entre 20 a 30 dias após a infecção; Esses adultos possuem uma longevidade de 1 a 2 anos; Em 60 dias, alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. OBS.: O parasita não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro. Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva L3; Esses ovos possuem grande capacidade de aderência a superfícies, logo, não são removidos com facilidade por lavagens; Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente os ovos. A intensidade das alterações provocadas está diretamente relacionada com o número de formas presentes no hospedeiro; Infecções de baixa intensidade: normalmente não se observa alteração; Infecções maciças: ocorrência de lesões hepáticas e pulmonares; O fígado pode apresentar pequenos focos hemorrágicos e de necrose que futuramente tornam-se fibrosados; Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos; A migração das larvas pelos alvéolos pode determinar um quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e eosinofilia; Esse quadro pode ser chamado de Síndrome de Loeffler (conjunção de sintomatologia das vias aéreas); A tosse com muco pode apresentar catarro sanguinolento e apresentar larvas do helminto; Na migração das larvas pelos alvéolos também pode ocorrer edemaciação com infiltrado inflamatório por polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos; OBS.: As manifestações citadas acima geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitário das mesmas; Resposta imunológica: Aumento de eosinófilos sanguíneos e teciduais; Aumento de anticorpos IgE específicos, responsáveis por reações de hipersensibilidade. Infecções de baixa intensidade (três a quatro vermes): não há alterações clínicas; Quando os sintomas aparecem, são inespecíficos; Infecções médias (30 a 40 vermes) ou infecções maciças (100 ou mais vermes): Ação espoliadora: vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C, levando o paciente à subnutrição e depauperamento (enfraquecimento) físico e mental; Ação tóxica: a reação entre antígenos parasitários e os anticorpos alergizantes do hospedeiro causam edema, urticária e convulsões; Ação mecânica: os vermes causam irritação na parede intestinal ou podem levar à obstrução da luz; Localização ectópica: nos casos de altas cargas parasitárias ou quando o verme sofre alguma ação irritativa, o helminto desloca-se de seu hábitat normal e atinge locais não habituais (ascaris errático); OBS.: Em crianças é comum o aparecimento de manchas circulares disseminadas no rosto, tronco e braços; Causadas pelo parasito que consome grandes quantidades de vitaminas A e C. Saneamento básico; Higiene e preparo adequado dos alimentos a serem consumidos; Educação em saúde; Tratamento dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas. O difícil realizar o diagnóstico por exame clínico, pois, a ascaridiose humana é pouco sintomática. Feito pela identificação de ovos nas fezes; Os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias após a contaminação do paciente; É utilizado o método da sedimentação espontânea; Método de Kato Katz: recomendado para inquéritos epidemiológicos; Permite a quantificação dos ovos; OBS.: em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, os ovos expelidos são inférteis e em infecções somente com vermes machos, o exame de fezes será negativo. Albendazol: Derivado dos benzimidazóis; A dose única de 400 mg é altamente eficaz contra a ascaridíase, mostrando níveis de cura e de redução de ovos de até 100%; Mebendazol: Derivadodos benzimidazóis; Dose única de 500 mg ou 100 mg, duas vezes ao dia por três dias; Possui alta efetividade, o tratamento alcança níveis de cura entre 93,8% e 100%; Levamisol: Administrado em dose única de 2,5 mg/kg; Pamoato de pirantel: Administrada em dose única oral de 10 mg/kg; Ivermectina: Administrada em dose única de 0,1 a 0,2 mg/kg. SILVA, A. V. M; MASSARA, A. L. Ascaris lumbricoides. In: NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2014. p. 253- 259.
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