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Artigo Ciêntifico Sociologia e Filosofia(TCC) CULTURA NO BRASIL

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13
CULTURA NO BRASIL E AS SUAS INTERFACES: MUDANÇAS E RECORTES HISTÓRICOS
Nome do aluno
Moisés da Silva Borba
Nome do orientador
Felipe Luiz Braghirolli
Resumo
Neste trabalho busca-se estudar a cultura e suas interfaces com os demais núcleos temáticos como a política e a história e as suas representações no Brasil ao longo dos tempos. A produção cultural revela que a sociedade brasileira tem as suas matrizes ainda preservadas em nosso território e podem ser parte de uma luta pela cidadania cultural autêntica e nacional. Na seara da cultura, onde buscaremos interfaces das modificações que ocorrem sob influência dos processos sociais, políticas e como ela pode ser incentivo para a participação do indivíduo na sociedade. Vale-se por nomear várias vertentes culturais, a saber: a erudita, a urbana, a rural, a folclórica, a cultura da periferia. Todas elas com sua participação na dinâmica social de hoje. Não se restringem apenas a esses nomes, mas ao conceito cultural que será visto também. O locus cultural e o que ele forma como identidade também será avaliado. A culminância das várias vertentes culturais teve derivantes históricas, as quais se tornam objetivo desse trabalho. O objetivo é delinear o panorama histórico cultural observando interfaces políticas e sociológicas e como elas se manifestam atualmente. Entende-se que a cultura tem a sua dinâmica história e social nos dias atuais como contributo de uma participação cidadã. 
PALAVRAS-CHAVE: CULTURA – VERTENTES – HISTÓRIA.
INTRODUÇÃO
Cultura é um termo abrangente que transfere para costumes, estudos e formas de uma sociedade entender as suas manifestações os processos referentes ao meio social. E aqui propor-se-á que os conceitos imersos nessa dinâmica social tenham as suas dimensões delineadas por distintos processos culturais em tempos e lugares distintos. O que é a cultura é um termo que imprime uma miscigenação popular ou não e que irá sobrepor diversos paradigmas ocorridos em épocas diferentes como se os eventos fossem atualizados constantemente e, destarte, ressignificados. 
Outro fator importante a colocar como hipótese inicial desse estudo é que a cultura tem reflexos na política, na história e na sociologia e sempre será mencionada com interfaces congruentes a aquelas áreas. Ela tem a autonomia, porém acontece com tradições, com espaços e diversidades que irão refletir em outros campos de conhecimento. 
A expressão cultural tangencia o respeito não só a cultura em si, como também à diversidade e seus matizes que não regem mais um padrão universalista de uma cultura soberana. Por isso, o objetivo do presente estudo é entender como que a cultura se delineou ao longo dos séculos, sabendo da sua repercussão em diversos campos de conhecimento. Para isso:
· Compreender um panorama histórico de como essa cultura se manifestou no Brasil;
· Compreender a interface da cultura com a política;
· Compreender quais os conceitos estão embutidos no conceito de cultura como multiculturalismo, simbolismo, identidade dentre outros. 
A problemática da pesquisa reside na seguinte pergunta: Quais as interfaces culturais ao longo dos anos no Brasil? Aqui compreende-se a importância de delinear os campos de manifestação e como que a cultura movimentou interesses de participação cidadão no país. 
Justifica-se o presente estudo pelo fato de discutir não somente o conceito de cultura como também observar a intenção que se teve ao longo dos anos em construir um processo cultural no país. Sendo assim, cabe arguir para quem e para quê esse universo simbólico cultural fora construído e por que o fora, se para apenas suprir as razões do intelecto humano, se para representar uma cultura superior, se para manifestar status sociais de distintos grupos. Então, não cabe aqui apenas ampliar o conceito ou verificar suas vertentes, mas entender a manifestação histórica de uma entidade cultural que irá se materializar socialmente, com experiências que podem ser ordinárias ou tradicionais, todavia uma entidade que está presente em todos os meios.
2) DESENVOLVIMENTO
2.1 Cultura: considerações iniciais
Consultando o dicionário Michaelis On-line, percebe-se que o termo está definido em diferentes campos semânticos. Para transcrevê-lo, buscou-se desprezar os termos agrários e se deter apenas nas definições sociológicas e antropológicas. Logo, o verbete de cultura refere-se a:
· Conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social;
· Conjunto de conhecimentos adquiridos, como experiências e instrução, que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento espiritual, instrução e sabedoria;
· Requinte de hábitos e conduta, bem como apreciação crítica e apurada.[footnoteRef:1] [1: Michaelis, sito http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/cultura/m acessado em 14/03/2020.] 
Inicia-se a primeira argumentação, entendendo que a cultura está relacionada a padrões, a comportamentos, os quais podem ser passados de geração em geração. Justifica-se o cultivo de uma tradição que ao mesmo tempo emana história. Além de tradição, há ideologias nos termos culturais os quais absorvem o que é culto do que não é culto. Uma pessoa culta transfere valores eruditos. Uma pessoa não culta afasta-se dessa distinção. 
Pode-se citar Morin (2009) e sintetizar o que ele propõe como cultura. Para o autor, a cultura tem três pilares: o antropológico, o social e o histórico. Esses três campos de conhecimento abrangem um arcabouço tênue na conceitualização de uma prática que se transforma e produz forças de culturalidade com formas na produção intelectual tradicional com representações sociais no coletivo.
Falar de cultura é entender que nela há uma finalidade que será moldada ao longo da história e que tem a sua subjetividade das manifestações humanas. Acredita-se que por isso seja tão importante delinear sua essência sociológica e antropológica. Bordieu (2003) bem pertinente a este estudo, falara de sistemas simbólicos e como que essas estruturas se hierarquizam dentro do conceito de cultural, qual o simbolismo é abordado e com quais tipos de objetivos e interações. Para o autor, essa sistematização é a forma de comunicar a cultura e mostrar que ela está estruturada em uma simbologia que requer um padrão relacionado a um grupo, a um tempo história, a um tipo de comportamento dentre outras representações. O autor chama essa concepção de poder simbólico e conceitua: 
[...] é um poder de construção da realidade eu tende a estabelecer uma ordem gnoseológica: o sentido imediato do mundo supõe aquilo que Durkheim chama de conformismo lógico, quer dizer, uma questão homogênea do tempo, do espaço, do número, da causa, que torna possível a concordância entre as inteligências” (BORDIEU, 2003, p. 9)
Com os dizeres de Bordieu (2003) pressupõe-se que, como Morin (1999) relata, a cultura tem em seu bojo a essência antropológica e sociológica estruturada em sistemas simbólicos que partem de um determinado grupo. Entende-se que no Brasil, esse grupo sempre representou a classe dominante em detrimentos de outras manifestações ideológicas. A linguagem cultural é a linguagem em que os sistemas simbólicos são comunicados e traz a prática linguística como o uso da parte dessa cultura.
A cultura além de deter o pensamento linguístico para a comunicação, ela concebe que o espaço é por onde essa cultura transita. Se comunica uma função ideológica a qual será a representação de um conhecimento ou de uma forma de ver o mundo, com domínio, e a classe dominante deteve esse monopólio ao longo do panorama cultural brasileiro. (idem, 2003).
O simbolismo da classe dominante tem a concepção crítica de uma cultura que se sistematizou para ela por anos, sobrepondo-se a outras. Essa cultura foi elemento que definia as manifestações. Logo, a classe dominante teria as incursões na sociedade com a cultura elitizada e culta e o que não se enquadrasse nesses paradigmas traduzia o inculto. Com Chauí (2006, p.7) observa-se a cultura do que é culta, da arte criada para a classe dominante:
“[...] a cultura e as artes distinguiram-se em dois tipos principais: a erudita (ou da elite), própria dos intelectuais e artistas da classe dominante, e a popular, própria dos trabalhadores urbanos e rurais; quando pensadas como produções ou criações do passado nacional, formando a tradição nacional, a cultura e arte populares receberam o nome de folclore, constituindo por mitos, lendas e ritos populares, danças e músicas regionais, artesanato etc; e a arte erudita ou de elite passou a ser constituída pelas produções e criações das belas artes, consumidas por um público de letrados, isto é, pessoas com bom grau de escolaridade, bom gosto e consumidores de arte.”
Ao avaliar o processo histórico de construção, entende-se que na sociedade, o conceito de cultura esteve divido entre coisas cultas e não cultas, sendo o culto sinônimo de erudito e popular sinônimo do inculto. As produções e atividades submetidos a esse julgamento foram o resumo das produções culturais no Brasil e como que o próprio conceito tende a ser carregados por evidências históricas e de uma classe dominante. 
A arte é cultura sempre que teoriza e categoriza as representações de uma classe dominante e suas ideologias. É compreensível que historicamente a classe burguesa teve seu investimento em obras de arte, financiando artistas. A aristocracia sempre teve o apreço e valorização pela beleza desde a antiguidade. E detinha monopólios artísticos materiais. 
2.2 Reminiscência histórica: a cultura ao longo dos tempos
É importante falar da história ou resgatar alguns itinerários pela forma como hoje existe uma cultura digital que irradia suas estruturas nas formas de relações que o povo detém ao passo que, nas épocas de colônia, as matrizes tentavam tratar suas tênues relações para o merca. A cultura se identifica desde os tempos de colônia como algo mercadológico. Costa (2001) fala que desde seus primórdios, artefatos eram produzidos para seguir uma lógica de mercado e para fazer a mercadoria circular. 
A cultura que segue ao longo dos séculos, regia uma norma de produção e induzia aos indivíduos a perderem a sua capacidade crítica, desvalorizando produtos autênticos. Desde o período colonial que a cultura não rompe com as características colonialista deveras. Costa (2001) diz que em 1920 que o sentimento nacionalista rompe com as bases colonialistas para se criar uma lógica marcada com o sentimento de uma cultura autêntica no Brasil. A ideologia do que é nosso começa a promover mudanças legais, mas que não livram os movimentos culturais do estrangeirismo. 
Esse sentimento é cultivado por muitas décadas. As intervenções culturais começam a elevar o padrão folclórico e a forma como que as a cultura dialoga com a sociedade. Em 2002, os movimentos culturais autênticos em diversas modalidades, como o grafitismo, as danças de rua iniciam um movimento efervescente, desfazendo-se do papel hegemônico na representatividade de uma classe social: a que consumia e que vivia para a sociedade do consumo. 
Essa heterogeneidade subdividiu espaços em que a cultura erudita passava a conviver com culturas populares sem o estigma do folclorismo, apenas. Durand (2001) fala que essa fragmentação de espaços culturais autenticou a pluralidade de protagonistas sociais que legitimavam distintas manifestações. A cultura não é somente para quem paga; as esquinas com violonistas, com grupos dançarinos, peças teatrais mambembes. O suporte cultural e o inventivo que legitima cada movimento, ampliam diversas práticas. O discurso da legitimação da cultura é visto em Hall (2003) que falará das atividades de autoridade cultural que começam a despertar vários membros para a prática de movimentos. 
Ainda com Hall (2003) a autenticação de que diversos movimentos, diversas pessoas e representações sociais passam a vincular o seu processo identitário na cultura, relendo a língua, o sentimento de nação, de brasileirismo, de Estado pelo viés político. As mudanças de uma cultura colonialista que irá anteceder a um movimento coeso e homogêneo vê na ruptura fragmentária cultural a multiculturalidade e o aparecimento de grupos sociais que começam a ocupar o seu espaço na sociedade contemporânea.
Na abertura dos portos, D. João VI e na Independência do Brasil a cultura incipiente começa a mostrar o seu nacionalismo que irá despontar na Semana de 22. (COSTA, 2001). São criados cursos acadêmicos, prédios, instituições, colégios oficiais. Essa estrutura que, hoje, é palco de projetos culturais, representou a materialidade cultural servindo a uma camada social específica. É o que Durand (2001) chama da cultura institucionalizada e burocrática. Havia um consumo, não conciliado à produtividade capitalista por certo, mas o consumo cultural das artes, da formação, os quais eram escolhidos sempre pela alta classe burguesa. 
Costa (2011) fala que os séculos XIX e XX foram para a cultura um reconhecimento de sua entidade social, legitimação e organização do processo cultural o qual obteve apoios de intelectuais e artistas das diversas camadas sociais. Ele falará da “cultura do povo” e do “povo da cultura” para entender que há essência popular em uma cultura genuína e não trazida pelos estrangeiros. 
O que é importante ressaltar também é o quanto a Ditadura do Estado Novo trouxe uma tônica cultural de resistência e coercitiva ao mesmo tempo refletindo nos movimentos como uma passagem por um regime autoritário, de medo, de recolhimento. Tudo estava sob judicie da censura: o cinema, a radiodifusão, as artes. Tudo que se produzira com viés cultural era sob a tutela do regime militar. (DURAND, 2001).
O que se coleta de positivo nesse período é o investimento tecnológico, o qual irá ecoar na sociedade contemporânea. A televisão e o rádio eram carros-chefes do projeto militar para a cultura e eram submetidos aos seus serviços. Costa (2001) fala que a conjugação do viés militar com a cultura gera descontinuidade de populismo mas fomenta os serviços tecnológicos que são benefícios coerentes para a sociedade de consumo. Mais adiante, entende-se que o autoritarismo foi combustível para o sentimento nacionalista que cresce na Semana de 22 resgatando as matrizes coloniais e cantando as três raças: 
“O mito da democracia racial pode, assim, ser usado como base na justificação de que a igualdade ou desigualdade de direitos independem da cor, na inexistência de discriminação racial no país, nas relações de tratamento entre brancos e negros e convivência em espaços diversos, na identificação de que as elites brasileira são mestiças, na mestiçagem como uma causa da democracia racial ou como o que indica a identidade nacional, ou mesmo por uma outra variação: o nosso racismo é diferente de outros racismos.” (COSTA, 2001, P.19)
A busca de um racismo que este em distintos paradoxos sociais é uma busca à matriz das raças na colônia e eu irá ter representação na sociedade contemporânea em que a população negra, indígena e branca são compreendidas em espaços unificados e que podem conviver nas mesmas localizações. É o resgate do jugo da escravidão e da manutenção das raízes dessas culturas subjugadas na cultura brasileira. O imaginário cultural, na Semana de 22, para Durand (2001) irá revisitar essas matrizes que tanto colaboraram para o país, com um ideário de que as desigualdades persistem, porém aproximam as classes e a forma de se pensar movimentos de distintos grupos sociais brasileiros. 
2.3 Cultura hoje: somos multiculturais 
E quando se desperta a relação de não predominância, de coexistência de diversos movimentos culturais em espaços ideologicamente igualitários, entende-se que essas relações são reconhecidas pelo público e ensaiam o multiculturalismo. Este percebe que há uma identidade nacional, com base em um incipiente sentimento democrático e que opera de forma universalista.
O universalismo possibilita que essas culturas coexistam em uma mesma comunidade, compreendendo que as práticas sejam pensadas e aplicadaspara definir espaços de forma que as minorias étnicas não sofram com o desigual atualmente. O multiculturalismo surge em um momento pós-ditatorial, para valorizar a diversidade cultural nos espaços da comunidade. (COSTA, 2001).
As diferenças culturais passam a ser disseminadas para combater as minorias étnicas as quais consolidam-se com o processo de redemocratização que inicia na década de 80. Falar de multiculturalismo é mais complexo que vive-lo. Defini-lo pode colocar em desigualdade ideológica várias culturas as quais ficaram à mercê do olhar da classe dominante por muitos séculos. Costa (2001, p. 24) fala que: 
“a multiculturalidade é uma terminologia centrada em torno da noção de exclusão e inclusão: é preciso pensar o Brasil de uma forma culturalmente, além de socialmente, mais inclusiva. Mais uma vez, talvez o viés mais forte devesse ser aquele de uma educação na e para a tolerância, mais do que uma ênfase numa diversidade cultural de parte da população deste país. Se enfatizarmos a diversidade cultural afro-brasileira ou a cultura indígena.”
O autor fala de minorias étnicas que foram, por longos séculos desde o colonialismo, subjugadas. E do cuidado que se deve ter para que essas manifestações não sejam excluídas ainda em um espaço de convivência para vários movimentos culturais.
Fato é que esse conceito recobrou as matrizes coloniais e a forma como as questões identitárias surgiram para avançar na reeducação cultural contextualizada, combatendo o esquecimento que formou a lacuna histórica de atenção a esses povos. Os grupos populacionais os quais traçam a genética cultural desse processo de tentativa de neutralização tentam recuperar a cultura genuína das matrizes, ao lado de uma crescente onda tecnológica que modifica as relações cotidianas. (COSTA, 2001).
O movimento multicultural pós período ditatorial rechaça a possibilidade de proclamar o país também com vertentes multiculturais por reafirmar as matrizes e movimentos grupos específicos que valorizem a distinção cultural de séculos de esquecimento. Logo, aproxima-se a multiculturalidade de pluralidade e da forma como os multiculturalismos reafirma os formatos culturais do processo identitário. Destaca-se que o veio multicultural parte da premissa de que as culturas minoritárias ganham novos espaços sociais, com novas formas e novas roupagens: a dança de rua, o grafitismo, as ocupações com saraus literários, a disseminação do seu vocabulário na educação bilíngue dos indígenas. São todos esses processos que irão incorporar essas culturas na sociedade. 
Quando se processa a oportunidade de estabilizar movimentos culturais relacionando-os à sua identidade matriz, resgata-se um processo histórico de classes nacionalmente falando. Essa pluralidade de manifestações não são somente contraposições de expressões de diferentes culturas, todavia, várias interfaces de uma mesma cultura que se amplia e recria as suas concepções externas. (COSTA, 2001)
O multiculturalismo firma nas bases de um processo identitário que traz fortes marcas regionais e urbanas, entremeadas por uma tecnologia e legitima o universo cultural do país, buscando compreender que a cultura é uma entidade que está em contínuo processo de transformação. O que se concebe também é que uma manutenção de espaços e distintas culturas não irá ceder a demandas surgidas na sociedade. Diga-se que os grupos de indivíduos religados à sua matriz cultural continuam submetidos à exclusão e à possibilidade de ver sua identidade como um reflexo cultural minoritário e prejudicado ao longo da história.
Multiculturalismo é uma instância que reconhece as múltiplas expressões culturais no país e a forma como a expressão simbólica irá contornas as relações que não são assimétricas. Constrói-se a história para gera qualidade expressiva no processo identitário. As interferências do consumo e da classe que domina não mais conduz o que a sociedade produz para cultura, mas bem reconhece que criar para a cultura irá emancipar e determinar processos de autonomia cultural de vários grupos sociais atualmente. (CHAUÍ, 2003)
CONSIDERAÇOES FINAIS
Falar de cultura é algo de extrema abrangência. Fala-se de um termo que atende a processos que percorreram a sociedade não só socialmente, mas historicamente atendendo somente a grupos majoritários. A cultura esteve à mercê da economia, dos sistemas de produção. Esteve para servir as questões relativas aos elementos dos grupos majoritários. Viu-se no presente estudo que o poder, o privilégio esteve exatamente aliado com a cultura e criaram visões defensoras para elevar o processo de seu interesse econômico.
Como no Brasil o discurso da hegemonia sempre prevaleceu, compreende-se que a cultura sempre foi mandatária das classes hegemônicas. As classes de minoridade étnica foram discriminadas e europeizadas ou americanizadas para que as conjugações dialógicas tivessem respaldo nas matrizes brasileiras. Atualmente, prepondera-se o discurso de uma matriz utópica e multicultural por entender que o espaço nacional rechaça essa ideia de valores os quais continuam atendendo a uma promoção de cultura massificada. 
No estudo, buscou-se conceituar a cultura, entender as relações que a cultura travou enquanto conceito em nosso país, reconhecendo as instâncias sociológicas e antropológicas e como que a coexistências de várias manifestações em um determinado período agregaram valores multiculturais. 
REFERENCIAS
BORDIEU, P. O poder simbólico. 6 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
CHAUI, M. Cidadania Cultural: o direito à cultura. São Paulo: Edição Fundação Perseu Abramo, 2006.
COSTA, A. Políticas Culturais: Conceitos e Perspectivas. Brasília: Observatório de Atividades Culturais, 1997.
DURAND, J. C. Cultura como objeto de políticas públicas. São Paulo: Perspectiva, v. 15, 2001.
HALL, P. As três versões do neoculturalismo. Estudos Políticas: São Paulo, 2006. 
MORIN, E. Cultura e Barbárie Européias. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2003.

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