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Teorias Psicodinâmicas

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–
Teoria Psicanalítica 
Seu nome ficou associado à psicanálise, a mais 
famosa de todas as teorias da personalidade, cujos pilares, 
sexo e agressão, são temas de popularidade constante. 
A compreensão de Freud da personalidade humana 
foi baseada em suas experiências com pacientes, em sua 
análise dos próprios sonhos e em sua vasta leitura de 
várias ciências e humanidades. Freud se baseou mais no 
raciocínio dedutivo, fazendo observações de modo subjetivo 
e em uma amostra relativamente pequena de pacientes, e 
seu conceito de personalidade passou por constantes 
revisões durante os últimos 50 anos de sua vida. 
Para Freud, a vida mental divide-se em dois níveis: 
o Inconsciente; dividido em dois níveis: 
o Inconsciente propriamente dito; 
o Pré-consciente; 
o Consciente. 
Na psicologia freudiana, os três níveis são usados 
para designar tanto um processo quanto uma localização 
(hipotética). 
Contém todos os impulsos, desejos ou instintos que 
estão além da consciência, mas que, no entanto, motivam 
a maioria de nossos sentimentos, ações e palavras. 
Exemplo: um homem pode saber que está atraído 
por uma mulher, mas pode não compreender inteiramente 
todas as razões para a atração, algumas das quais podem, 
até mesmo, ser irracionais. 
Freud defendia que a existência do inconsciente 
podia ser comprovada apenas indiretamente, sendo a 
explicação para o significado subjacente de sonhos, lapsos 
de linguagem e certos tipos de esquecimento, chamados de 
repressão. 
Os processos inconscientes com frequência 
entram na consciência, mas somente depois de serem 
disfarçados ou distorcidos para escapar da censura, sendo 
então vistas como experiências relativamente agradáveis, 
não ameaçadoras. Na maioria dos casos, tais imagens 
possuem fortes temas sexuais ou agressivos, pois estes 
costumam ser punidos ou suprimidos, criando sentimentos 
de ansiedade, a qual estimula a repressão como forma de 
defesa. 
Freud usou a analogia de um guardião ou censor 
bloqueando a passagem entre o inconsciente e o pré-
consciente e impedindo que lembranças indesejáveis entrem 
na consciência. Para entrar, essas imagens primeiro devem 
ser disfarçadas para escapar do censor primário e, então, 
fugir de um censor final. 
No entanto, Freud acreditava que uma parte do 
nosso inconsciente se origina das experiências de nossos 
ancestrais que nos foram transmitidas por meio de 
repetição em centenas de gerações, denominadas herança 
filogenética. Freud se baseava na noção de disposições 
herdadas somente como último recurso (quando as 
explicações construídas sobre as experiências individuais 
não eram adequadas). 
A mente inconsciente de uma pessoa pode se 
comunicar com o inconsciente de outra sem que nenhuma 
delas esteja consciente do processo. Além disso, as ideias 
inconscientes têm potencial para motivar as pessoas. 
Contém todos aqueles elementos que não são 
conscientes, mas podem se tornar conscientes 
prontamente ou com alguma dificuldade. 
Seu conteúdo provém de duas fontes: 
o Consciente: a percepção consciente 
rapidamente passa para o pré-consciente 
quando o foco da atenção muda para outro. 
Essas ideias estão, em grande parte, livres de 
ansiedade. 
o Inconsciente: ideias que podem escapar do 
censor vigilante e entrar no pré-consciente 
 
–
de uma forma disfarçada. Algumas nunca se 
tornam conscientes, pois experimentaríamos 
níveis crescentes de ansiedade (que ativariam 
o censor final para reprimi-las de volta), 
enquanto outras são admitidas na consciência, 
mas somente porque são disfarçadas pelos 
sonhos, por um lapso de linguagem ou por uma 
medida defensiva elaborada. 
Pode ser definido como aqueles elementos mentais 
na consciência em determinado ponto no tempo. Ele é o 
único nível da vida mental que está diretamente disponível 
para nós. 
As ideias chegam à consciência a partir de duas 
direções: 
o Do sistema consciente perceptivo: está 
voltado para o mundo exterior e age como um 
meio para a percepção dos estímulos externos 
(percebidos pelos órgãos do sentido, se não 
for muito ameaçador). 
o Da estrutura mental: inclui ideias não 
ameaçadoras do pré-consciente, além de 
imagens ameaçadoras, porém bem 
disfarçadas, do inconsciente. 
Freud comparou o inconsciente a um grande hall 
de entrada, em que muitas pessoas (imagens inconscientes) 
perambulam e tentam incessantemente escapar para uma 
sala de recepção menor adjacente (pré-consciente). No 
entanto, um vigilante (censor primário) protege o limite 
entre eles – fazendo as pessoas voltarem para a porta ou 
rejeitando aquelas que anteriormente haviam entrado de 
modo clandestino 
na sala de 
recepção –, 
impedindo-as de 
se mostrar para 
um convidado 
importante (olhar 
da consciência) 
que está sentado 
ao fundo da sala 
de recepção, 
atrás de uma tela 
(censor final). 
Modelo introduzido por Freud na década de 1920 
que o ajudou a explicar as imagens mentais de acordo com 
suas funções ou propósitos. Esse modelo divide a mente 
em três instâncias (lugares hipotéticos), que interagem 
com os três níveis da vida mental. 
Encontra-se na essência da personalidade e é 
totalmente inconsciente. Não tem contato com a realidade, 
embora se esforce para isso, e não é alterado pela 
passagem do tempo ou pelas experiências da pessoa. Sua 
única função é procurar o prazer, logo, dizemos que serve 
ao princípio do prazer. 
Exemplo: um recém-nascido procura a gratificação das 
necessidades sem consideração pelo que é possível ou 
apropriado. Em vez disso, ele suga quando o mamilo está 
presente ou ausente e obtém prazer nas duas situações, 
pois seu id não está em contato com a realidade. 
Além disso, o id é ilógico e pode, simultaneamente, 
possuir ideias incompatíveis. Esses desejos opostos são 
possíveis porque o id não possui moralidade, sendo 
meramente amoral. 
O id opera pelo processo primário. Como ele busca 
cegamente satisfazer o princípio do prazer, sua 
sobrevivência depende do desenvolvimento de um processo 
secundário, que funciona por meio do ego, para colocá-lo 
em contato com o mundo externo. 
É a única região da mente em contato com a 
realidade. Ele se desenvolve a partir do id e se transforma 
na única fonte de comunicação da pessoa com o mundo 
externo, sendo governado pelo princípio da realidade. Como 
é parte consciente, parte pré-consciente e parte 
inconsciente, o ego pode tomar decisões em cada um 
desses três níveis. 
Exemplo: o ego de uma mulher pode motivá-la 
conscientemente a escolher roupas limpas e sob medida, 
porque se sente confortável quando está bem-vestida. Ao 
mesmo tempo, ela pode ser apenas vagamente consciente 
(pré-conscientemente) de experiências prévias de ser 
recompensada por isso. Além disso, ela pode ser 
 
–
inconscientemente motivada a tal hábito devido ao 
treinamento no início da infância. 
Ao desempenhar suas funções cognitivas, o ego 
deve levar em consideração as demandas irracionais do id 
e do superego e deve servir às demandas realistas do 
mundo externo, tentando reconciliá-las. Em meio a tantas 
divergências, o ego torna-se ansioso, e então usa a 
repressão e outros mecanismos de defesa para se 
defender. 
O ego deve controlar e inibir os impulsos do id, 
porém ele está de modo mais ou menos constante à mercê 
do id, mais forte, porém pouco organizado. O ego não tem 
sua própria força, mas toma emprestada a energia do id. 
Há vezes em que o ego consegue controlar o id, mas, 
outras vezes, ele perde o controle. 
Na infância, prazer e dor são funções do ego. 
Quando as crianças atingem a idade de 5 ou 6 anos, elas 
se identificam com seus pais e começam a aprender o que 
devem e não devem fazer, dando origem a uma consciência 
de um ideal de ego, o superego 
Representa os aspectos morais e ideais da 
personalidade, não possui energia própria e é guiado por 
princípios moralistas e idealistas. O superego se desenvolve 
a partir do ego, mas não tem contato com o mundo 
externo e, portanto, é irrealista em suas demandas por 
perfeição. 
O superegopossui dois subsistemas: 
o A consciência: resulta de experiências com 
punições por comportamento impróprio e diz 
o que não devemos fazer; 
o O ideal de ego: se desenvolve a partir de 
experiências com recompensas por 
comportamento adequado e dita o que 
devemos fazer; 
Um superego bem-desenvolvido atua para 
controlar os impulsos sexuais e agressivos pelo processo de 
repressão, ordenando que o ego faça isso. Ele não se 
preocupa com a felicidade do ego, mas com a perfeição. A 
culpa é o resultado da atuação contrária aos padrões 
morais do superego, enquanto os sentimentos de 
inferioridade surgem da incapacidade do ego de 
corresponder aos padrões de perfeição do superego. 
No indivíduo saudável, o id e o superego estão 
integrados em um ego de funcionamento tranquilo e 
operam em harmonia e com um mínimo de conflito. No 
entanto, Freud assinalou que as divisões entre as 
diferentes regiões da mente não são nítidas e bem-
definidas, e seu desenvolvimento varia de forma ampla em 
indivíduos diferentes. 
 
Explica a força motora por trás das ações das 
pessoas, cujos impulsos básicos originam energias psíquica 
e física que as motivam a procurar o prazer e reduzir a 
tensão e a ansiedade. 
Operam como uma força motivacional constante 
que difere dos estímulos externos, pois não podem ser 
evitados pela fuga. Os impulsos se originam no id, mas ficam 
sob o controle do ego, e cada um deles tem sua própria 
forma de energia psíquica. 
Cada impulso básico é caracterizado por um (a): 
o Ímpeto: a quantidade de força que ele exerce; 
o Fonte: a região do corpo em estado de 
excitação ou tensão; 
o Finalidade: buscar uma meta removendo essa 
excitação ou reduzindo a tensão; e 
o Objeto: a pessoa ou coisa que serve como meio 
pelo qual a finalidade é satisfeita. 
Os impulsos podem ser agrupados em dois títulos: 
1. Sexo, ou Eros 
A finalidade do impulso sexual é o prazer, não 
limitado à satisfação genital (Freud acreditava que todo o 
 
–
corpo é investido de libido, assim, boca e ânus – chamados 
de zonas erógenas – seriam capazes de produzir prazer 
sexual). O objetivo final do impulso sexual (redução da 
tensão sexual) não pode ser mudado, mas o caminho pelo 
qual a finalidade é alcançada pode variar, de uma forma 
ativa ou passiva, ou temporária ou permanentemente 
inibido. 
Por isso, muitos comportamentos motivados por 
Eros são difíceis de reconhecer como comportamento 
sexual. Para Freud, no entanto, toda atividade prazerosa é 
rastreável até o impulso sexual. 
Exemplo: um bebê forçado prematuramente a abandonar 
o mamilo como um objeto sexual pode substituí-lo pelo dedo 
polegar como um objeto de prazer oral. 
O sexo pode assumir muitas formas, incluindo: 
a. Narcisismo: os bebês, primariamente 
autocentrados, têm sua libido investida quase 
exclusivamente em seu próprio ego, condição 
universal conhecida como narcisismo primário. 
À medida que o ego se desenvolve, as crianças 
tendem a expressar um interesse maior por 
outras pessoas (a libido narcisista é, então, 
transformada em libido objetal). Durante a 
puberdade, no entanto, os adolescentes 
redirecionam sua libido para o ego e se 
tornam preocupados com a aparência pessoal 
e outros interesses próprios, o chamado 
narcisismo secundário (não universal). 
b. Amor: se desenvolve quando as pessoas 
investem sua libido em um objeto ou uma 
pessoa que não elas mesmas. Durante a 
primeira infância, as crianças de ambos os 
sexos experimentam o amor sexual pela 
pessoa que cuida delas, em geral a mãe. Esse 
amor costuma ser reprimido, o que traz à 
tona um segundo tipo: o amor com finalidade 
inibida (porque a finalidade original é 
reprimida), o tipo de amor que as pessoas 
sentem por seus irmãos ou pais. 
Amor e narcisismo estão inter-
relacionados: narcisismo envolve o amor por si 
mesmo, enquanto o amor é com frequência 
acompanhado por tendências narcisistas. 
c. Sadismo: é a necessidade de prazer sexual por 
meio do ato de infligir dor ou humilhação a 
outra pessoa. Levado ao extremo, ele é 
considerado uma perversão sexual, mas em 
grau moderado é uma necessidade comum e 
existe até certo ponto em todos os 
relacionamentos sexuais. 
d. Masoquismo: experimentam o prazer sexual 
ao sofrerem dor e humilhação infligida por 
eles mesmos ou por outros, não dependendo 
necessariamente de outra pessoa para a 
satisfação das necessidades. Como o sadismo, 
é uma necessidade comum, mas se 
transforma em uma perversão quando Eros 
se torna subserviente ao impulso destrutivo. 
2. Agressividade, destruição ou Tanatos 
A finalidade do impulso destrutivo é a 
autodestruição. Como ocorre com o impulso sexual, a 
agressividade é flexível e pode assumir inúmeras formas, 
como provocação, fofoca, sarcasmo, humilhação, humor e 
satisfação com o sofrimento de outras pessoas. 
A tendência agressiva está presente em todos e 
é a explicação de guerras, atrocidades e perseguições 
religiosas, e também explica a necessidade das barreiras 
erigidas para controlar a agressividade. 
Ao longo da vida, os impulsos de vida e morte 
lutam constantemente um contra o outro pela 
ascendência, mas, ao mesmo tempo, ambos precisam se 
curvar ao princípio da realidade. Eles, muitas vezes, criam 
ansiedade. 
É um estado afetivo desagradável acompanhado 
por uma sensação física que alerta a pessoa contra um 
perigo iminente. Compartilha o centro da teoria dinâmica 
freudiana com o sexo e a agressividade. 
Somente o ego pode produzir ou sentir ansiedade, 
mas o id, o superego e o mundo externo estão envolvidos 
em um dos três tipos de ansiedade: 
a. Neurótica: apreensão ante um perigo 
desconhecido. O sentimento existe no ego, mas 
se origina nos impulsos do id. 
b. Moral: provém do conflito entre o ego e o 
superego, é o medo da consciência. 
 
–
c. Realista: é definida como um sentimento 
desagradável não específico que envolve um 
possível perigo. Intimamente relacionada ao 
medo, no entanto, ela não envolve um objeto 
de temor específico. Decorre da dependência 
do ego ao mundo externo. 
Esses três tipos de ansiedade raramente são 
nítidos ou separáveis, e tendem a existir em combinação. 
A ansiedade também serve como um mecanismo 
de preservação do ego, porque ela sinaliza que algum perigo 
está rondando. Além disso, ela é autorreguladora, pois 
precipita a repressão, o que, por sua vez, reduz a dor da 
ansiedade. Do contrário, a ansiedade se tornaria intolerável. 
Freud reconheceu a existência de outros 
mecanismos de defesa, mas dedicou a maior parte de sua 
atenção à repressão. Sua filha, Anna, expandiu o trabalho 
do pai ao descrever em detalhes nove mecanismos de 
defesa individuais, e reconheceu as implicações que essa 
observação cada vez mais atenta da operação defensiva 
do ego teria no tratamento. 
Todas as defesas têm em comum a proteção do 
ego contra demandas instintivas do id. Todos nós temos 
mecanismos de defesa, e as defesas que utilizamos 
revelam muito sobre nós. Com frequência, elas são 
classificadas segundo uma hierarquia que vai da mais 
imatura, ou patológica, até a mais madura, ou saudável 
(ver quadro p. 06). 
A personalidade se desenvolve em resposta a 
quatro fontes de tensão: 
1. Processos de crescimento fisiológico 
2. Frustrações 
3. Conflitos 
4. Ameaças 
Para Freud, os primeiros quatro ou cinco anos de 
vida são os mais cruciais para a formação da 
personalidade. Além disso, um de seus pressupostos mais 
importantes é que os bebês possuem uma vida sexual e 
atravessam um período de desenvolvimento sexual pré-
genital durante esses anos. 
Na época, o conceito foi recebido com alguma 
resistência. Hoje, contudo, quase todos os observadores 
atentos aceitam a ideia de que as crianças apresentam 
interesse pelos genitais, deleite no prazer sexual e 
manifestam excitação sexual. 
A sexualidade infantil difere da adulta, já que a 
primeira é exclusivamente autoerótica (não tem 
capacidade reprodutiva). Contudo, para ambos, os impulsos 
sexuais podem ser satisfeitos por meio de outros órgãos 
alémdos genitais. 
Freud dividiu o período infantil em três fases, de 
acordo com qual das três zonas erógenas primárias o 
desenvolvimento é mais relevante. Os três períodos se 
sobrepõem, e cada um continua após o início do posterior. 
1. Fase oral 
A boca é o primeiro órgão a proporcionar prazer 
a um bebê, visto que, através dela, obtém nutrição para 
manutenção da vida e também prazer pelo ato de sugar. 
Durante a fase oral-receptiva, a finalidade sexual 
da atividade é incorporar ou receber dentro do próprio 
corpo o objeto de escolha (o seio). Os bebês não sentem 
ambivalência quanto ao objeto prazeroso, e suas 
necessidades tendem a ser satisfeitas com um mínimo de 
frustração e ansiedade. À medida que crescem, no entanto, 
é mais provável que experimentem tais sentimentos, em 
geral, acompanhados por sentimentos de ambivalência em 
relação a seu objeto de amor (a mãe) e pela crescente 
capacidade de seu ego de se defender do ambiente e da 
ansiedade. 
Uma segunda fase, o período oral-sádico, origina-
se pela emergência dos dentes, uma defesa do bebê contra 
o ambiente no qual eles respondem mordendo, arrulhando, 
fechando a boca, sorrindo e chorando; enquanto isso, sugar 
o polegar (sua primeira experiência autoerótica) atua como 
defesa contra a ansiedade, satisfazendo suas necessidades 
sexuais, mas não nutricionais. 
Enquanto as crianças crescem, a boca continua a 
ser uma zona erógena, e, quando se tornam adultas, são 
capazes de satisfazer suas necessidades orais de inúmeras 
maneiras. 
 
–
Mecanismo de defesa Descrição 
Defesas primitivas 
Cisão Compartimentalização de experiências do self e do outro, de modo que a integração não é possível. Quando o indivíduo é 
confrontado com as contradições no comportamento, no pensamento ou no afeto, ele encara as diferenças com suave negação 
ou indiferença. Essa defesa impede que o conflito surja da incompatibilidade dos dois aspectos polarizados do self ou do outro. 
Identificação projetiva Sendo tanto um mecanismo de defesa intrapsíquico quanto uma comunicação interpessoal, esse fenômeno envolve se comportar 
de tal modo que uma pressão interpessoal sutil é colocada sobre outra pessoa para que essa adquira características de um aspecto 
do self ou de um objeto interno que é projetado naquela pessoa. A pessoa que é o alvo da projeção começa, então, a se comportar, 
pensar e sentir de acordo com aquilo que foi projetado nela. 
Projeção A percepção e a reação a impulsos internos inaceitáveis e seus derivados como se eles estivessem fora do self. Difere da 
identificação projetiva pelo fato de o alvo da projeção não ser mudado. 
Negação A evitação da consciência de aspectos da realidade exterior que sejam difíceis de encarar pela desconsideração de dados 
sensoriais. 
Dissociação A perturbação do sentido de continuidade do indivíduo nas áreas da identidade, da memória, da consciência ou da percepção, 
como forma de reter uma ilusão de controle psicológico diante do desamparo e da perda de controle. Apesar de se parecer com 
a cisão, a dissociação pode, em casos extremos, envolver a alteração da memória de eventos em decorrência da desconexão entre 
o self e o evento. 
Idealização A atribuição de qualidades perfeitas ou quase perfeitas a outras pessoas, como forma de evitar a ansiedade ou os sentimentos 
negativos, como desprezo, inveja ou raiva. 
Atuação A encenação impulsiva de uma fantasia ou um desejo inconsciente, como forma de evitar afeto doloroso. 
Somatização A conversão de dor emocional ou de outros estados afetivos em sintomas físicos, bem como o foco da atenção do indivíduo em 
preocupações somáticas (em vez de intrapsíquicas). 
Regressão O retorno a uma fase anterior do desenvolvimento ou do funcionamento para evitar conflitos e tensões associados ao nível atual 
de desenvolvimento do indivíduo. 
Fantasia esquizoide A busca pelo refúgio no mundo interno privado do indivíduo a fim de evitar a ansiedade relacionada às situações interpessoais. 
Defesas neuróticas “de nível mais elevado” 
Introjeção A internalização de aspectos de uma pessoa significativa, como forma de lidar com a perda dessa pessoa. Também pode ser 
introjetado um objeto mau ou hostil, como forma de obter a ilusão de controle sobre o objeto. A introjeção ocorre de maneiras 
não defensivas, como parte normal do desenvolvimento. 
Identificação A internalização das qualidades de outra pessoa, tornando-se parecida a essa. Enquanto a introjeção leva a uma representação 
internalizada que é vivenciada como um “outro”, a identificação é vivenciada como parte do self. Isso também pode desempenhar 
funções não defensivas no desenvolvimento normal. 
Deslocamento A transferência de sentimentos associados a uma ideia ou um objeto para outro que se parece, de alguma forma, com o original. 
Intelectualização O uso de ideação excessiva e abstrata para evitar sentimentos difíceis. 
Isolamento afetivo A separação de uma ideia de seu estado afetivo associado, a fim de evitar turbulência emocional. 
Racionalização A justificação de atitudes, crenças ou comportamentos inaceitáveis para torná-las aceitáveis para si mesmo. 
Sexualização A concessão de significado sexual a um objeto ou comportamento para transformar uma experiência negativa em uma outra que 
seja excitante e estimulante ou para debelar ansiedades associadas ao objeto. 
Formação reativa A transformação de um impulso ou desejo inaceitável em seu oposto. 
Repressão A expulsão de impulsos ou ideias inaceitáveis, ou o impedimento de que esses entrem na consciência. Esta defesa difere da 
negação uma vez que a última está associada a dados sensoriais externos, enquanto a repressão está associada a estados internos. 
Anulação A tentativa de negar implicações sexuais, agressivas ou vergonhosas de um comentário ou comportamento anterior elaborando, 
esclarecendo ou fazendo o oposto. 
Defesas maduras 
Humor A descoberta de elementos cômicos e/ou irônicos em situações difíceis, a fim de reduzir afetos desagradáveis e desconforto 
pessoal. Este mecanismo também permite alguma distância e objetividade dos eventos, de modo que um indivíduo pode refletir 
sobre o que está acontecendo. 
Supressão A decisão consciente de não dar vazão a um sentimento, estado ou impulso em particular. Esta defesa difere da repressão e da 
negação uma vez que é consciente, em vez de inconsciente. 
Ascetismo A tentativa de eliminar aspectos prazerosos da experiência por causa de conflitos produzidos por esse prazer. Este mecanismo 
pode estar a serviço de metas transcendentais ou espirituais, como no celibato. 
Altruísmo O comprometimento do indivíduo com as necessidades dos outros mais do que com as próprias. O comportamento altruísta pode 
ser usado a serviço de conflitos narcisistas, mas pode, também, ser a fonte de grandes realizações e contribuições construtivas à 
sociedade. 
Antecipação O retardo de gratificação imediata ao planejar e pensar sobre conquistas e realizações futuras. 
Sublimação A transformação de objetivos socialmente reprováveis ou internamente inaceitáveis em outros que sejam socialmente aceitáveis. 
 
–
2. Fase anal/anal-sádica 
Esse período é caracterizado pela satisfação 
obtida pelo comportamento agressivo, no qual esse impulso 
atinge seu desenvolvimento integral, e pela função 
excretória. Divide-se em duas subfases: 
a. Anal inicial: as crianças encontram satisfação 
destruindo ou perdendo objetos (natureza 
destrutiva do impulso sádico > erótica) e, com 
frequência, se comportam agressivamente em 
relação a seus pais por frustrá-las com o 
treinamento esfincteriano. 
b. Anal final: as crianças assumem um interesse 
amistoso em relação a suas fezes, que 
provém do prazer erótico de defecar. 
Com frequência, elas apresentam suas fezes 
aos pais como um presente. Se seu 
comportamento for aceito e elogiado pelos 
pais, provavelmente se transformarão em 
adultos generosos e magnânimos, mas se for 
rejeitado de maneira punitiva, as crianças 
podem adotar outro método para a obtenção 
deprazer anal – retendo as fezes até que se 
torne doloroso e eroticamente estimulante. 
Esse modo de prazer narcisista e masoquista 
estabelece as bases para o caráter anal. Tal 
erotismo anal se transforma na tríade anal 
de organização, mesquinhez e obstinação que 
tipifica o caráter anal adulto. 
Freud acreditava que, para as meninas, o erotismo 
anal era transferido para a inveja do pênis durante o 
estágio fálico e podia, por fim, ser expresso ao dar à luz 
um bebê. Ele também acreditava que, no inconsciente, os 
conceitos de pênis e bebê (referidos como “o pequeno”), 
significam a mesma coisa, e, junto com as fezes (forma 
alongada removidas do corpo), são representados pelos 
mesmos símbolos nos sonhos. 
Durante os estágios oral e anal, não existe uma 
distinção básica entre o crescimento psicossexual 
masculino e feminino. As crianças de cada gênero podem 
desenvolver uma orientação ativa (qualidades masculinas 
de dominância e sadismo) ou passiva (qualidades femininas 
de voyeurismo e masoquismo), e podem, cada uma delas, 
ou uma combinação das duas, se desenvolver tanto em 
meninas quanto em meninos. 
3. Fase fálica 
Em torno dos 3 ou 4 anos de idade, a área genital 
se torna a principal zona erógena. Esse estágio é marcado 
pela dicotomia entre o desenvolvimento masculino e 
feminino, uma distinção que Freud acreditava ser devida 
às diferenças anatômicas entre os sexos, que justificariam 
muitas distinções psicológicas importantes. 
Durante o estágio fálico, a masturbação é quase 
universal, mas, como os pais geralmente suprimem essas 
atividades, as crianças tendem a reprimir seu desejo 
consciente quando esse período chega ao fim. 
Complexo de Édipo masculino: Freud acreditava 
que, antes do estágio fálico, o menino desenvolve uma 
identificação com seu pai (deseja ser seu pai) e, 
posteriormente, desenvolve um desejo sexual por sua mãe 
(deseja ter sua mãe). Quando finalmente reconhece a 
inconsistência de tais desejos, ele abandona a identificação 
com seu pai e passa a ver seu pai como um rival pelo 
amor da mãe. O desejo de afastar seu pai e possuir sua 
mãe em uma relação sexual é uma condição conhecida 
como complexo de Édipo masculino simples. 
A natureza bissexual da criança (de ambos os 
gêneros) complica esse quadro. Antes que um menino 
ingresse no estágio edípico, ele desenvolve certa tendência 
feminina, a qual, durante esse período, pode levá-lo a exibir 
afeição por seu pai e hostilidade por sua mãe, enquanto, ao 
mesmo tempo, sua tendência masculina o disponha para o 
contrário. Durante essa condição ambivalente, conhecida 
como complexo de Édipo completo, afeição e hostilidade 
coexistem, sendo um ou ambos inconscientes. Esses 
sentimentos de ambivalência desempenham um papel na 
evolução do complexo de castração: a ansiedade de 
castração ou medo de perder o pênis. 
O complexo de castração começa depois que o 
menino (que assumiu que todas as outras pessoas, incluindo 
as meninas, têm genitais como os dele) toma conhecimento 
da ausência de um pênis nas meninas, e conclui que a 
menina teve seu pênis cortado. Para ele, essa consciência 
se transforma no maior choque emocional de sua vida e 
se torna uma possibilidade temida. Como essa ansiedade 
não pode ser tolerada por muito tempo, o menino reprime 
seus impulsos de atividade sexual. 
 
–
Depois que seu complexo de Édipo é dissolvido ou 
reprimido, o menino transforma seus desejos incestuosos 
em sentimentos de amor terno e começa a desenvolver 
um superego primitivo. Ele pode se identificar com o pai ou 
com a mãe, dependendo da força de sua disposição 
feminina, e usa o pai ou a mãe como um modelo para a 
determinação do comportamento certo e errado, 
incorporando-os ao próprio ego, cultivando, assim, as 
sementes de um superego maduro. 
Complexo de Édipo feminino: assim como os 
meninos, as meninas pré-edípicas assumem que todas as 
outras crianças possuem genitais semelhantes aos seus. 
Logo, elas descobrem que os meninos não só possuem 
genital diferente, como têm algo extra, e sentem-se 
ludibriadas, desejando possuir um pênis. Tal experiência de 
inveja do pênis, diferente da ansiedade de castração, pode 
durar anos, em uma forma ou outra, frequentemente 
expressa como um desejo de ser um menino ou de ter um 
homem, sendo quase universalmente transferida para o 
desejo de ter um bebê. 
Antes do complexo de castração, a menina 
estabelece uma identificação com sua mãe similar à 
desenvolvida por um menino (fantasia ser seduzida). 
Posteriormente, esses sentimentos são transformados em 
hostilidade, quando atribui a sua mãe a responsabilidade por 
trazê-la ao mundo sem um pênis. Sua libido, então, volta-
se para o pai, que pode satisfazer seu desejo por um pênis, 
dando-lhe um bebê (um substituto para o falo). O desejo 
de ter relação sexual com o pai e os sentimentos de 
hostilidade pela mãe são conhecidos como complexo de 
Édipo feminino simples. 
Nem todas as meninas, entretanto, agem assim. 
Freud sugeriu que, quando as meninas pré-edípicas tomam 
conhecimento de sua castração e reconhecem sua 
inferioridade em relação aos meninos, elas se rebelam de 
três maneiras: abandonando a sua sexualidade – tanto as 
disposições femininas quanto masculinas – e desenvolvendo 
intensa hostilidade em relação a sua mãe; agarram-se 
desafiadoramente a sua masculinidade, esperando por um 
pênis e fantasiando ser um homem; ou, se desenvolvendo 
normalmente (complexo de Édipo simples). A escolha é 
influenciada por sua bissexualidade inerente e pelo grau de 
masculinidade desenvolvido durante o período pré-edípico. 
O complexo de Édipo feminino simples é resolvido 
quando a menina desiste da atividade masturbatória, 
renuncia a seu desejo sexual por seu pai e se identifica 
mais uma vez com a mãe. No entanto, ele é dissolvido de 
modo mais lento e menos completo do que o masculino. 
Freud acreditava que o superego da menina era 
mais fraco, mais flexível e menos severo do que o do 
menino. A razão é que, como as meninas não 
experimentam uma ameaça de castração, elas não sofrem 
um choque traumático repentino, e assim, a sua libido 
permanece parcialmente empregada para manter o 
complexo de castração e seus vestígios, bloqueando, desse 
modo, parte da energia psíquica que poderia ser usada de 
outra maneira para construir um superego forte. 
Freud acreditava que, do quarto ou quinto ano até 
a puberdade, meninos e meninas geralmente atravessavam 
um período de desenvolvimento sexual adormecido, 
ocasionado, em parte, pelas tentativas dos pais de punir ou 
desencorajar a atividade sexual em seus filhos pequenos. 
Entretanto, Freud ainda sugeriu que esse período de 
proibição da atividade sexual é parte de nossa dotação 
filogenética e não precisa de experiências pessoais de 
punição das atividades sexuais para reprimir o impulso 
sexual. 
A continuação da latência é reforçada pela 
supressão constante da parte de pais e professores e da 
parte de sentimentos internos de vergonha, culpa e 
moralidade. A libido sublimada agora se apresenta em 
realizações sociais e culturais e durante esse tempo, as 
crianças formam grupos ou turmas. 
A puberdade sinaliza o redespertar do alvo sexual 
e o início do período genital, que continua por toda a vida. 
Durante a puberdade, a vida sexual difásica de uma pessoa 
entra em um segundo estágio, o qual difere do período 
infantil: os adolescentes abandonam o autoerotismo e 
direcionam sua energia sexual para outra pessoa; a 
reprodução agora é possível; embora a inveja do pênis 
possa perdurar nas meninas, a vagina finalmente obtém o 
mesmo status do que o pênis para elas (paralelamente, os 
meninos agora veem o órgão feminino como um objeto 
desejado); e, todo impulso sexual assume uma organização 
 
–
mais completa, e a boca, o ânus e outras áreas produtoras 
de prazer agora possuem supremacia como zona erógena. 
Em vários outros aspectos, no entanto, Eros 
permanece imutável, e pode continuar a ser reprimido, 
sublimado; ou expresso na masturbação ou em outrosatos 
sexuais. 
Um período de maturidade psicológica é um estágio 
alcançado depois que a pessoa passou pelos períodos 
evolutivos anteriores de maneira ideal. Infelizmente, ela 
raras vezes acontece, porque as pessoas têm muitas 
oportunidades de desenvolver psicopatologias ou 
predisposições neuróticas. 
Tais pessoas teriam um equilíbrio entre as 
estruturas da mente, com o ego controlando o id e o 
superego, mas, ao mesmo tempo, permitindo desejos e 
demandas razoáveis. O ideal de ego seria realista e 
congruente com o ego da pessoa e a fronteira entre seu 
superego e seu ego se tonaria quase imperceptível. A 
consciência desempenharia um papel mais importante no 
comportamento das pessoas maduras, que teriam apenas 
uma necessidade mínima de reprimir os impulsos sexuais e 
agressivos. Como o complexo de Édipo de pessoas maduras 
está por completo ou quase por completo dissolvido, a sua 
libido, que anteriormente era direcionada para os pais, seria 
liberada para procurar o amor terno e sensual. 
 
 
Psicologia do Ego 
Filha de Sigmund Freud, Anna foi a responsável por 
refinar e organizar o conceito dos mecanismos de defesa, 
ideia elaborada inicialmente por ele. Em seu livro “O Ego e 
os Mecanismos de Defesa” ela aprofunda alguns desses 
mecanismos e muda a ênfase da psicanálise dos impulsos 
para as defesas do ego, antecipando o movimento da 
psicanálise e da psiquiatria dinâmica, rumando em direção 
à patologia do caráter. 
Anna seguiu a linha psicanalítica de seu pai e 
vivenciou uma história de divergências com Melanie Klein. 
O atrito entre ambas jamais cedeu, com cada lado alegando 
ser mais “freudiano” do que o outro, até que, em 1946, a 
Sociedade Psicanalítica Britânica aceitou três 
procedimentos de treinamento: o tradicional de Melanie 
Klein (relação de objetos), o defendido por Anna Freud 
(psicologia do ego) e o de um grupo intermediário que não 
aceitava qualquer escola de treinamento, mas era mais 
eclético em sua abordagem. 
Anna defendia que “todos os métodos defensivos 
até hoje descobertos pela análise servem a uma finalidade 
única: auxiliar o ego na luta com a sua vida pulsional”, ou 
seja, no embate do ego com o id. Assim, a identificação 
com o agressor serve como uma forma de evitar o medo. 
A Síndrome de Estocolmo ocorre quando a vítima 
passa a se identificar com/ter afeição pelo agressor, 
podendo assumir algumas características do agressor, 
geralmente em um contexto de trauma. Isso faz parte de 
distorções cognitivas que acontecem no Transtorno de 
Estresse Pós-Traumático (TEPT), as quais, não raro, são 
enfatizadas pela cultura ou pela sociedade. 
–
Os estudos sobre Transtorno de Estresse Pós-
Traumático ganharam evidência cientifica depois dos anos 
80, quando recebeu esse nome, mas os conceitos iniciais 
remontam a uma época anterior. Conhecida como neurose 
traumática, essa condição, na época, se referia 
principalmente a traumas de guerra (situações 
avassaladoras, como em contextos de guerra, ataques 
terroristas, etc.), experiências incomuns à maioria das 
pessoas. 
Nesse contexto, Anna começou a mostrar que 
existia uma neurose traumática decorrente de traumas 
“menos violentos”, mas continuados (como abuso emocional, 
assédio, violência sexual, etc.), que, particularmente quando 
acontecem na infância, acabam gerando traumas 
complexos que impactam no desenvolvimento propício da 
instância psíquica, alterando a trajetória daquela 
personalidade. 
Nos anos 90, o trauma complexo foi revisitado por 
um grupo de psiquiatras e psicanalistas/psicólogos que 
lançaram uma proposta diagnostica denominada, na CID-11, 
como TEPT complexo. 
 
–
Teoria das Relações 
Objetais 
Klein estendeu a teoria psicanalítica além das 
fronteiras definidas por Sigmund Freud. Sua teoria da 
relação dos objetos foi construída a partir de observações 
de crianças pequenas pois, em contraste com Freud, 
enfatizava a importância dos primeiros 4 a 6 meses após 
o nascimento e insistia que os impulsos do bebê (fome, 
sexo, etc.) são direcionados para um objeto: o seio, o pênis, 
a vagina. Assim, as ideias de Klein tendem a mudar o foco 
da teoria psicanalítica para o papel da fantasia precoce na 
formação das relações interpessoais. 
Sua teoria é fruto da teoria dos instintos de Freud, 
porém difere em, pelo menos, três aspectos gerais: coloca 
menos ênfase nos impulsos fundamentados biologicamente 
e mais importância nos padrões consistentes das relações 
interpessoais; tende a ser mais materna, destacando a 
intimidade e a criação da mãe; e, vê, em geral, o contato 
e as relações humanas – não o prazer sexual – como o 
motivo primordial do comportamento humano. 
Para Klein, os bebês não começam a vida como 
uma tela em branco, mas com uma predisposição herdada 
de reduzir a ansiedade que experimentam em consequência 
do conflito entre as forças do instinto de vida e de morte, 
pressupondo a existência de dotação filogenética. 
 
Um de seus pressupostos básicos é que o bebê, 
mesmo no nascimento, possui uma vida de fantasia ativa, 
representações psíquicas dos instintos inconscientes do id. 
Klein dizia que os bebês que adormecem enquanto 
sugam os dedos estão fantasiando ter o seio bom da mãe 
dentro deles, enquanto, os bebês com fome que choram e 
esperneiam estão fantasiando chutar ou destruir o seio 
mau. Em ambos os casos, “bom” e “mau” tratam-se de 
imagens inconscientes. 
À medida que o bebê amadurece, tais fantasias 
inconscientes continuam a exercer um impacto na vida 
psíquica, mas também surgem novas fantasias, moldadas 
pela realidade e pelas predisposições herdadas. Como essas 
fantasias são inconscientes, elas podem ser contraditórias. 
Klein concordava com Freud que os humanos 
possuem impulsos/instintos inatos, incluindo um de morte, 
e que esses precisam ter algum objeto. Além disso, 
acreditava que, desde o início da infância, as crianças se 
relacionam com esses objetos externos, tanto em fantasia 
quanto na realidade. 
As primeiras relações objetais são com o seio da 
mãe, mas logo em seguida se desenvolve interesse pelo 
rosto e pelas mãos. Em sua fantasia ativa, os bebês 
introjetam ou assimilam a sua estrutura psíquica esses 
objetos externos (incluindo o pênis do pai, as mãos e o 
rosto da mãe e outras partes do corpo), em fantasias de 
internalizar o objeto em termos concretos e físicos. 
Exemplo: crianças que introjetaram suas mães acreditam 
que elas estão dentro do corpo delas. 
A noção de Klein de objetos internos sugere que 
esses objetos têm força própria, comparável ao conceito 
de Freud de superego. 
Klein via os bebês como constantemente se 
engajando em um conflito básico entre o instinto de vida e 
o de morte. Na tentativa de lidar com essa dicotomia, eles 
organizam suas experiências em posições, ou formas de 
lidar com os objetos internos e externos, que representam 
o crescimento e o desenvolvimento social normal. 
As experiências alternantes de gratificação e 
frustração (seio bom/seio mau) ameaçam a existência do 
ego vulnerável do bebê: ele deseja controlar o seio 
devorando-o e abrigando-o e, ao mesmo tempo, cria 
fantasias de dano mordendo-o e rasgando-o. Para tolerar 
tais sentimentos, o ego se divide, retendo parte de seus 
instintos de vida e de morte enquanto desvia parte deles 
para o seio, e o bebê passa a temer o seio persecutório. 
Para controlar o seio bom e combater seus 
perseguidores, o bebê adota a posição esquizoparanoide, 
uma forma de organizar as experiências que inclui os 
sentimentos paranoides de ser perseguido e uma divisão 
 
–
dos objetos internos e externos em bons e maus. Os bebês 
desenvolvem essa posição durante os primeiros 3-4 meses 
de vida, quando a percepção que o ego tem do mundo 
externo é subjetiva e fantástica. Esses sentimentos 
persecutórios são considerados paranoides, pois não se 
fundamentam em algum perigo real. 
No mundo esquizoide do bebê, a ira e os 
sentimentos destrutivos são direcionados para o seio mau, 
enquanto os sentimentos de amor e conforto estãoassociados ao seio bom, devido a uma predisposição 
biológica de vincular um valor positivo ou negativo a um 
instinto. Essa dissociação pré-verbal em bom e mau serve 
como protótipo para o posterior desenvolvimento de 
sentimentos ambivalentes em relação a uma única pessoa. 
Exemplo: a posição esquizoparanoide infantil pode ser 
comparada com os sentimentos de transferência que os 
pacientes em terapia desenvolvem quando, sob pressão da 
ambivalência, dissociam a figura do analista, e, assim, 
podem, em certos momentos, amá-lo ou odiá-lo. 
A maioria das pessoas tem sentimentos positivos 
e negativos em relação aos entes queridos; ambivalência 
consciente, no entanto, que não captura a essência da 
posição esquizoparanoide. Quando os adultos adotam essa 
posição, fazem isso de maneira primitiva e inconsciente. 
Exemplos: algumas pessoas podem projetar seus 
sentimentos paranoides inconscientes nos outros como um 
meio de evitar sua própria destruição; outros podem 
projetar sentimentos positivos inconscientes em outra 
pessoa e ver essa pessoa como perfeita, enquanto veem 
a si mesmos como vazios ou sem valor. 
Em torno dos 5 ou 6 meses, o bebê começa a ver 
os objetos externos como um todo, a entender que o bom 
e o mau podem existir na mesma pessoa e a desenvolver 
uma imagem mais realista da mãe. O ego começa a 
amadurecer e passa a tolerar alguns dos próprios 
sentimentos destrutivos, em vez de projetá-los. O bebê 
então percebe que a mãe pode ir embora e ser perdida 
para sempre, e passam a sentir empatia por ela. Todavia, 
seu ego é maduro o suficiente para perceber que ele não 
tem capacidade de protege-la, e, assim, o bebê 
experimenta culpa por seus impulsos destrutivos 
anteriores. Os sentimentos de ansiedade quanto à perda de 
um objeto amado associados a um sentimento de culpa por 
querer destruí-lo constituem a posição depressiva. 
Essa posição é resolvida quando as crianças 
fantasiam que fizeram a reparação por suas 
transgressões anteriores e quando reconhecem que a mãe 
não irá embora permanentemente. Quando resolvida, as 
crianças são capazes não só de experimentar o amor da 
mãe, mas também de expressar seu amor por ela; contudo, 
uma resolução incompleta pode resultar em falta de 
confiança, luto patológico pela perda de uma pessoa amada 
e uma variedade de outros transtornos psíquicos. 
As crianças adotam vários mecanismos de defesa 
psíquicos para proteger seu ego contra a ansiedade 
despertada por suas fantasias destrutivas, que surgem 
com as ansiedades oral-sádicas referentes ao seio. 
Os bebês fantasiam incorporar a seu corpo 
percepções e experiências que tiveram com o objeto 
externo, originalmente o seio da mãe. Normalmente, o bebê 
tenta introjetar objetos bons, como uma proteção contra 
a ansiedade; contudo, às vezes, introjeta objetos maus, 
para obter controle sobre eles. Esses objetos não são 
representações precisas dos objetos reais, mas 
influenciados pelas fantasias das crianças. 
Quando objetos perigosos são introjetados, eles se 
transformam em perseguidores internos, capazes de 
aterrorizar o bebê e deixar resíduos expressos em sonhos 
ou em um interesse por contos de fadas como “O lobo 
mau” ou “Branca de Neve e os sete anões”. 
É a fantasia de que sentimentos e impulsos 
próprios, na verdade, residem em outra pessoa e não 
dentro de nosso corpo. Ao projetarem impulsos destrutivos 
incontroláveis nos objetos externos, em especial nos pais, 
os bebês aliviam a ansiedade insuportável de serem 
destruídos por forças internas perigosas. 
Exemplo: um menino que deseja castrar o pai pode projetar 
essas fantasias no pai, invertendo os desejos de castração 
e acusando o pai de querer castrá-lo. 
Impulsos bons também podem ser projetados. Os 
adultos, por vezes, projetam os próprios sentimentos de 
 
–
amor em outra pessoa e se convencem de que os outros 
os amam. A projeção permite, assim, que as pessoas 
acreditem que suas opiniões subjetivas são verdadeiras. 
Separação dos impulsos incompatíveis por meio da 
qual os bebês conseguem manejar os aspectos bons e maus 
deles mesmos e dos objetos externos. Para isso, o ego 
precisa ser dividido: assim, os bebês desenvolvem uma 
imagem de “eu bom” e “eu mau” que lhes possibilita lidar 
com os impulsos em relação aos objetos externos. 
A dissociação pode ter um efeito positivo ou 
negativo na criança. Se não for extrema e rígida, ela 
possibilita, incluindo adultos, ver os aspectos positivos e 
negativos de si mesmos, avaliar seu comportamento e 
diferenciar entre os conhecidos admirados e desagradáveis; 
todavia, a dissociação excessiva e inflexível pode levar à 
repressão patológica. 
Mecanismo no qual os bebês dissociam partes 
inaceitáveis de si mesmos, as projetam em outro objeto e 
as introjetam de volta de forma alterada ou distorcida, se 
identificando com aquele objeto. Essa identificação exerce 
influência nas relações interpessoais adultas, existindo 
somente no mundo das relações interpessoais reais. 
Exemplo: um marido com tendências de dominar os outros 
projeta esses sentimentos na esposa, a quem ele vê como 
dominadora. O homem, então, sutilmente, tenta tornar a 
esposa dominadora, se comportando com submissão 
excessiva na tentativa de forçá-la a exibir as tendências 
depositadas nela. 
Incorporação de aspectos do mundo externo 
organizados em uma estrutura psicologicamente 
significativa. Na teoria kleiniana, as 3 internalizações são: 
Klein acreditava que o ego, ou a noção de self, 
atinge a maturidade em um estágio anterior ao considerado 
por Freud. Ela ignorou em grande parte o id e baseou sua 
teoria na capacidade precoce do ego de perceber as forças 
destrutivas e amorosas e manejá-las por meio da 
dissociação, da projeção e da introjeção. 
Klein acreditava que, no nascimento, o ego é 
desorganizado, mas suficientemente forte para sentir 
ansiedade, usar mecanismos de defesa e formar relações 
objetais, tanto em fantasia quanto na realidade. O ego 
começa a se desenvolver na primeira experiência do bebê 
com a amamentação, quando introjeta o seio bom e o seio 
mau, fornecendo um ponto focal para a maior expansão 
do ego: todas as experiências são avaliadas em termos de 
como elas se relacionam com o seio bom e com o seio mau. 
Entretanto, antes de emergir um ego unificado, 
ele deve, primeiro, dividir-se. Os bebês lutam pela 
integração, mas, ao mesmo tempo, são forçados a lidar 
com as forças opostas de vida e morte, como reflexo de 
sua experiência com o seio. Para evitar a desintegração, o 
ego recém-emergente deve se dissociar em “eu bom” e 
“eu mau”, permitindo aos bebês manejar os aspectos bons 
e maus dos objetos externos. À medida que eles 
amadurecem, suas percepções se tornam mais realistas e 
seu ego se torna mais integrado. 
Por meio da análise de crianças pequenas, Klein 
chegou a três diferenças da imagem de superego de Freud: 
ele surge muito mais cedo (entre 2 anos e 9 meses e 4 
anos de idade); não é fruto do complexo de Édipo; e, é 
muito mais severo e cruel. Klein ainda concordava que o 
superego maduro produz sentimentos de inferioridade e 
culpa, mas acreditava que o superego precoce produz não 
culpa, mas terror. 
Para ela, as crianças pequenas temem ser 
devoradas e rasgadas em pedaços em resposta ao seu 
próprio instinto destrutivo, experimentado como ansiedade. 
Para manejar essa ansiedade, o ego da criança mobiliza a 
libido (instinto de vida) contra o instinto de morte, de modo 
que o ego é forçado a se defender contra suas próprias 
ações, resultando no estabelecimento das bases para o 
desenvolvimento do superego. Esse superego severo e cruel 
seria responsável por tendências antissociais e criminais 
em adultos. 
A concepção de Klein se afastou da de Freud em 
vários aspectos, uma vez que ela: sustentava que o 
complexo de Édipo começava em idade muito mais precoce 
(durante os primeiros meses de vida, sobrepondo-se às 
 
–
fases oral e anal e atingindo seu clímax durante a fase 
genital – ou fálica, para Freud -, em torno dos 3 ou4 anos 
de idade); acreditava que uma parte significativa do 
complexo de Édipo é o medo da criança de retaliação pelo 
genitor, devido a sua fantasia de esvaziar o corpo dele; 
enfatizava a importância de as crianças conservarem 
sentimentos positivos em relação a ambos os pais durante 
os anos edípicos; levantou a hipótese de que, durante as 
fases iniciais, o complexo de Édipo serve à mesma 
necessidade para ambos os gêneros, isto é, estabelecer 
uma atitude positiva com o objeto bom e gratificante (seio 
ou pênis) e evitar o objeto mau e aterrorizador (seio ou 
pênis), podendo direcionar seu amor de forma alternada ou 
simultânea para cada um dos pais. 
Do mesmo modo que Freud, Klein assumiu que 
meninas e meninos acabam experimentando o complexo de 
Édipo de formas diferentes. Para ambos, no entanto, uma 
resolução saudável desse complexo depende da capacidade 
de permitir que a mãe e o pai fiquem juntos e tenham 
relações sexuais um com o outro. Os sentimentos positivos 
em relação aos pais posteriormente servem para reforçar 
suas relações sexuais adultas. 
Desenvolvimento edípico feminino: nos primeiros 
meses de vida, a menina vê o seio da mãe como “bom e 
mau”. Por volta dos 6 meses, ela começa a ver o seio como 
mais positivo do que negativo. Mais tarde, ela vê a mãe 
inteira como cheia de coisas boas, e começa a imaginar 
como são feitos os bebês: ela fantasia que o pênis do pai 
alimenta a mãe com coisas valiosas, incluindo bebês. Como 
a menina vê o pênis do pai como doador de crianças, ela 
desenvolve uma relação positiva com ele e fantasia que 
seu pai irá encher seu corpo com bebês. Se o estágio edípico 
feminino prossegue tranquilo, a menina adota uma posição 
“feminina” e tem uma relação positiva com ambos os pais. 
No entanto, em circunstâncias menos ideais, a 
menina verá sua mãe como uma rival e fantasiará roubá-
la o pênis do pai e os bebês. Esse desejo produz um temor 
paranoide de que a mãe faça uma retaliação, causando-
lhe danos ou levando seus bebês, resultando em ansiedade, 
somente aliviada quando der à luz um bebê saudável. De 
acordo com Klein, a inveja do pênis se origina do desejo da 
menina de internalizar o pênis do pai e receber um bebê 
dele e, ao contrário de Freud, para ela a menina mantém 
uma forte ligação com a mãe durante o período edípico. 
Desenvolvimento edípico masculino: assim como a 
menina, o menino vê o seio da mãe como bom e mau. 
Então, durante os primeiros meses do desenvolvimento 
edípico, transfere alguns de seus desejos orais do seio da 
mãe para o pênis do pai, adotando uma atitude homossexual 
passiva em relação ao pai. A seguir, ele avança para uma 
relação heterossexual com a mãe, mas, devido a seu 
sentimento homossexual anterior, não tem medo de que o 
pai o castre. Conforme amadurece, no entanto, desenvolve 
impulsos orais sádicos em relação ao pai, desejando 
arrancar seu pênis e matá-lo, sentimentos que despertam 
a ansiedade de castração e o temor de retaliação do pai. 
O complexo de Édipo do menino é resolvido 
parcialmente por essa ansiedade. Um fator importante é a 
capacidade de estabelecer relações positivas com ambos 
os pais ao mesmo tempo, quando vê seus pais como objetos 
totais, possibilitando-lhe elaborar sua posição depressiva. 
 
 
 
 
Teoria da Simbiose
Mahler preocupava-se com o nascimento 
psicológico do indivíduo, que ocorre durante os primeiros 
três anos de vida, quando a criança gradualmente renuncia 
à segurança em favor da autonomia, a qual leva a uma 
noção de identidade. Originalmente, suas ideias partiram da 
observação do comportamento de crianças perturbadas 
interagindo com as mães; depois, observou bebês normais 
em sua ligação com as mães durante os primeiros 36 
meses de vida. 
Para atingir o nascimento psicológico e a 
individuação, a criança passa por três estágios evolutivos: 
1. Autismo normal 
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–
É o primeiro estágio evolutivo e se estende do 
nascimento até 3 ou 4 semanas de idade. Para Mahler, um 
bebê recém-nascido satisfaz várias necessidades dentro 
da órbita protetora dos cuidados da mãe e possui um senso 
de onipotência, porque suas necessidades são atendidas 
automaticamente e sem que tenha que fazer esforço. 
Ao contrário de Klein, Mahler apontava para 
períodos relativamente longos de sono e ausência geral de 
tensão, sendo um período de narcisismo primário absoluto 
no qual o bebê não tem consciência de qualquer outra 
pessoa - ou seja, um estágio “sem objeto”, no qual o bebê 
naturalmente procura pelo seio da mãe - e discordava da 
noção de que os bebês incorporam o seio bom e outros 
objetos a seu ego. 
2. Simbiose normal 
À medida que os bebês vão percebendo que não 
conseguem satisfazer suas próprias necessidades, eles 
começam a reconhecer sua cuidadora primária e a buscar 
uma relação simbiótica com ela, levando-os ao segundo 
estágio evolutivo, da 4a ou 5a semana até o 4o ou 5o 
mês. Ao longo desse período, o bebê se comporta e funciona 
como se ele e sua mãe fossem um sistema onipotente – 
uma unidade dual dentro de uma fronteira comum. 
Nessa idade, o bebê consegue reconhecer o rosto 
da mãe e pode perceber seu prazer ou sofrimento. 
Entretanto, as relações objetais ainda não começaram – a 
mãe e os outros ainda são “pré-objetos”. Crianças maiores 
e até mesmo adultos às vezes regridem para esse estágio, 
procurando a força e a segurança dos cuidados da mãe. 
Mahler reconheceu que essa relação não é uma 
simbiose verdadeira, pois, embora a vida do bebê dependa 
da mãe, a mãe não precisa absolutamente do bebê. 
3. Separação-individuação 
O terceiro estágio estende-se do 4o ou 5o mês 
até aprox. o 30o a 36o mês de idade. Durante esse período, 
as crianças tornam-se psicologicamente separadas de suas 
mães, alcançam um senso de individuação e começam a 
desenvolver sentimentos de identidade pessoal. Como já não 
experimentam mais uma unidade dual, precisam renunciar 
à ilusão de onipotência e enfrentar sua vulnerabilidade às 
ameaças externas. Assim, acabam experimentando o 
mundo externo como mais perigoso do que anteriormente. 
Divide-se em 4 subestágios que se sobrepõem: 
a. Diferenciação: dura do 5o até o 7o ou 10o mês 
de idade e é marcado por um rompimento 
corporal da órbita simbiótica. Nessa etapa os 
bebês sorriem em resposta à mãe, indicando 
uma ligação com outra pessoa específica. Os 
bebês psicologicamente saudáveis são curiosos 
acerca de estranhos e os examinam; os não 
saudáveis temem os estranhos e se 
distanciam deles. 
b. Treinamento: período do 7o ao 10o até aprox. 
o 15o ou 16o mês de idade. As crianças nessa 
subfase distinguem seu corpo do da mãe, 
estabelecem um vínculo com ela e começam 
a desenvolver um ego autônomo. Ao longo dos 
primeiros estágios, não gostam de perder a 
mãe de vista; eles seguem-na com os olhos e 
demonstram sofrimento quando ela se afasta.Posteriormente, começam a caminhar e a 
assimilar o mundo externo, experimentado 
como fascinante e excitante. 
c. Reaproximação: de 16 a 25 meses de idade. 
Nela, as crianças desejam reunir-se outra vez 
com a mãe, física e psicologicamente, e 
compartilham com ela cada nova aquisição de 
habilidade e experiência. Agora, embora 
consigam caminhar com facilidade, têm maior 
probabilidade de apresentarem ansiedade de 
separação, já que suas habilidades cognitivas 
aumentadas as tornam mais conscientes da 
separação, fazendo-as experimentar 
estratagemas para recuperar a unidade dual 
com a mãe. Como nunca são completamente 
bem-sucedidas, as crianças dessa idade com 
frequência lutam dramaticamente com a mãe, 
em uma crise de reaproximação. 
d. Constância do objeto libidinal: é a subfase final, 
em torno do 3o ano de vida. Durante essa 
época, as crianças precisam desenvolver uma 
representação interna constante da mãe, 
para que consigam tolerar a separação física. 
Além disso, as crianças precisam consolidar 
sua individualidade, ou seja, aprender a 
funcionar sem a mãe e a desenvolver outras 
relações de objeto. 
 
–
Teoria Social 
Psicanalítica
Os primeiros escritos de Karen Horney têm um 
toque freudiano próprio, no entanto, ela se desencantou 
com a psicanálise ortodoxa e construiu uma teoria 
revisionista que refletia suas experiências pessoais – 
clínicas e outras. Sua teoria foi construída sobre o 
pressuposto de que as condições sociais e culturais, em 
especial as experiências da infância, são, em grande parte, 
responsáveis pela formação da personalidade. 
Apesar de Horney ter escrito quase 
exclusivamente sobre neuroses e personalidades 
neuróticas, seu trabalho sugere muito do que é apropriado 
ao desenvolvimento normal e sadio. Para ela, a cultura, em 
especial as experiências precoces da infância, desempenha 
um papel essencial na formação da personalidade humana. 
Horney, então, concordava com Freud que os traumas no 
início da infância são importantes, mas discordava dele ao 
insistir que as forças sociais, em vez das biológicas, são 
primordiais no desenvolvimento da personalidade. 
Horney acreditava que cada indivíduo começa a 
vida com um potencial para o desenvolvimento saudável, 
mas, assim como outros organismos vivos, precisa de 
condições favoráveis para o crescimento, tais como um 
ambiente afetivo e amoroso, que não seja excessivamente 
permissivo. As crianças precisam experimentar o amor 
genuíno e uma disciplina saudável, que proporcionam 
sentimentos de segurança e satisfação e permitem-na 
crescer em conformidade com seu self real. 
Muitas influências adversas podem interferir 
nessas condições favoráveis, sendo a principal delas a 
incapacidade ou indisponibilidade dos pais. Devido a suas 
necessidades neuróticas, os pais, com frequência, dominam, 
negligenciam, superprotegem, rejeitam ou mimam em 
excesso a criança, que desenvolve sentimentos de 
hostilidade básica em relação a eles. No entanto, as 
crianças costumam reprimir sua hostilidade em relação aos 
pais e não têm consciência de tal circunstância, levando, 
então, a profundos sentimentos de insegurança e a uma 
sensação vaga de apreensão, denominada ansiedade básica. 
Horney acreditava que a hostilidade básica e a ansiedade 
básica estão “inextricavelmente interligadas”, sendo os 
impulsos hostis a principal fonte de ansiedade básica. 
Contudo, ansiedade e medo também podem levar 
a fortes sentimentos de hostilidade. Crianças que se 
sentem ameaçadas por seus pais desenvolvem uma 
hostilidade reativa em defesa a essa ameaça, que, por sua 
vez, pode criar ansiedade adicional, completando, assim, o 
ciclo interativo entre hostilidade e ansiedade. 
A ansiedade básica, em si, não é uma neurose, 
mas é constante e implacável. Ela permeia todas as 
relações com os outros e leva a formas insalubres de 
tentar lidar com as pessoas. 
Horney identificou quatro mecanismos protetores 
contra o sentimento de estarem sozinhos em um mundo 
potencialmente hostil. São eles: 
1. Afeição 
É uma estratégia que nem sempre leva a amor 
autêntico. Em sua busca, algumas pessoas podem tentar 
comprar amor com complacência e autoanulação, bens 
materiais ou favores sexuais. 
2. Submissão 
Os neuróticos podem se submeter a pessoas ou a 
instituições, tais como uma organização ou uma religião. 
Aqueles que se submetem a outra pessoa com frequência 
fazem isso para ganhar afeição. 
3. Poder, prestígio ou posse 
O poder é uma defesa contra a hostilidade real ou 
imaginada dos outros e assume a forma de uma tendência 
a dominar os demais; o prestígio é uma proteção contra a 
humilhação e é expresso como uma tendência a humilhar 
os outros; e a posse atua como um amortecedor contra a 
destituição e a pobreza e se manifesta como uma 
tendência a privar os outros de algo. 
4. Afastamento 
Os neuróticos, muitas vezes, se protegem 
desenvolvendo uma independência dos outros ou tornando-
se emocionalmente desligados deles. Ao afastarem-se 
psicologicamente, sentem que não podem ser machucados 
por outras pessoas. 
 
 
–
Os indivíduos neuróticos têm os mesmos 
problemas que afetam as pessoas normais, mas em grau 
maior. Todos utilizam os mecanismos protetores para se 
defender, todavia, os neuróticos repetem compulsivamente 
a mesma estratégia de forma improdutiva. Essa estratégia 
defensiva, no entanto, os prende em um círculo vicioso, em 
que suas necessidades compulsivas de reduzir a ansiedade 
básica conduzem a comportamentos que perpetuam a 
baixa autoestima, a hostilidade generalizada, a luta 
inadequada pelo poder, os sentimentos inflados de 
superioridade e a apreensão persistente, todos os quais 
resultam em mais ansiedade básica. 
Horney identificou 10 categorias de necessidades 
neuróticas, descrevendo as mesmas quatro estratégias 
defensivas básicas de maneira mais específica. Essas 10 
categorias se sobrepõem umas às outras, e uma única 
pessoa pode empregar mais de uma. São elas: 
1. Necessidade neurótica de afeto e aprovação 
Em sua busca por afeto e aprovação, os 
neuróticos tentam, indiscriminadamente, agradar os outros. 
Eles tentam estar à altura das expectativas dos outros, 
tendem a temer a autoafimação e ficam muito 
desconfortáveis com a hostilidade de terceiros, assim como 
com os sentimentos hostis dentro de si mesmos. 
2. Necessidade neurótica de um parceiro poderoso 
Carecendo de autoconfiança, os neuróticos tentam 
se vincular a um parceiro poderoso, incluindo uma 
superavaliação do amor e um temor de ficar sozinho ou 
ser abandonado. 
3. Necessidade neurótica de restringir a própria vida 
dentro de limites estreitos 
Os neuróticos, com frequência, se esforçam para 
permanecer imperceptíveis, assumem o segundo lugar e 
temem fazer exigências aos outros. 
4. Necessidade neurótica de poder 
Geralmente acompanha as necessidades de 
prestígio e posse e se manifesta como a necessidade de 
controlar os outros e evitar sentimentos de fraqueza ou 
ignorância. 
5. Necessidade neurótica de explorar os outros 
Os neuróticos, muitas vezes, avaliam os outros 
com base em como podem ser usados ou explorados, mas, 
ao mesmo tempo, temem ser explorados pelos outros. 
6. Necessidade neurótica de reconhecimento ou 
prestígio social 
Algumas pessoas combatem a ansiedade básica 
tentando ser as primeiras, ser importantes ou atrair a 
atenção para si. 
7. Necessidade neurótica de admiração pessoal 
Os neuróticos têm uma necessidade de ser 
admirados pelo que são, em vez de pelo que possuem. Sua 
autoestima inflada deve ser constantemente alimentada 
pela admiração e pela aprovação dos outros. 
8. Necessidade neurótica de ambição e realização 
pessoal 
É comum os neuróticos possuírem um forte 
impulso de serem os melhores. Eles precisam derrotar 
outras pessoas para confirmarem sua superioridade. 
9. Necessidade neurótica de autossuficiência e 
independência 
Muitos neuróticos possuem uma forte necessidade 
de se afastar das pessoas, provando, assim, que 
conseguem ficar bem sem os outros.10. Necessidade neurótica de perfeição e 
invulnerabilidade 
Esforçando-se incansavelmente pela perfeição, os 
neuróticos recebem a “prova” de sua autoestima e 
superioridade pessoal. Eles temem cometer erros e ter 
falhas pessoais, e tentam desesperadamente esconder 
suas fraquezas dos outros. 
São o agrupamento das 10 necessidades neuróticas 
em três categorias gerais, cada uma se relacionando a uma 
atitude básica da pessoa em relação a si e aos outros (ver 
esquema p. 17). Em crianças saudáveis, esses três impulsos 
não são, necessariamente, incompatíveis. Entretanto, a 
ansiedade básica leva algumas delas a experimentar 
atitudes basicamente contraditórias em relação aos outros, 
levando-as a resolver tal conflito básico tornando 
dominante uma dessas três tendências. São elas: 
 
–
1. Movimento em direção às pessoas 
Em suas tentativas de se protegerem contra os 
sentimentos de desamparo, as pessoas submissas lutam 
desesperadamente pela afeição e pela aprovação dos 
outros ou procuram um parceiro poderoso que assumirá a 
responsabilidade por suas vidas. Horney se referiu a essas 
necessidades como “dependência mórbida”, conceito que 
antecipou o termo “codependência”. 
Essa tendência neurótica envolve um complexo de 
estratégias e é também uma filosofia de vida. Os 
neuróticos que adotam essa filosofia provavelmente se 
veem como amorosos, generosos, altruístas, humildes e 
sensíveis aos sentimentos dos outros, mas são inclinados a 
se subordinarem aos outros, a verem os outros como mais 
inteligentes ou atraentes e a se classificarem de acordo 
com o que os outros pensam deles. 
2. Movimento contra as pessoas 
Os indivíduos neuroticamente agressivos são tão 
compulsivos quanto os submissos, e seu comportamento é 
da mesma forma impulsionado pela ansiedade básica, no 
entanto se movem contra os outros, parecendo duros ou 
implacáveis. Eles são motivados por uma forte necessidade 
de explorar os outros e usá-los para seu próprio benefício, 
raras vezes admitem seus erros e são compulsivamente 
levados a parecerem perfeitos, poderosos e superiores. 
Cinco das 10 necessidades neuróticas estão 
incorporadas à essa tendência neurótica: a necessidade de 
ser poderoso, de explorar os outros, de obter 
reconhecimento e prestígio, de ser admirado e ter sucesso. 
Tais indivíduos podem parecer que se esforçam e são 
engenhosos no trabalho, mas desfrutam de pouco prazer 
no trabalho em si. Sua motivação básica é por poder, 
prestígio e ambição pessoal, e essas pessoas, de fato, com 
frequência chegam ao topo em muitos empreendimentos 
valorizados pela sociedade. 
3. Movimento para longe das pessoas 
Para resolver o conflito básico do isolamento, 
alguns se comportam de uma maneira desprendida. Essa 
estratégia é uma expressão das necessidades que podem 
levar a comportamentos positivos. No entanto, tais 
necessidades tornam-se neuróticas quando as pessoas 
tentam satisfazê-las ao colocarem compulsivamente uma 
distância emocional entre elas e os outros. 
Muitos neuróticos consideram a associação com 
outros um esforço intolerável e, em consequência, são 
compulsivamente levados a se mover para longe das 
pessoas. Eles valorizam a liberdade e a autossuficiência, 
parecem indiferentes e inacessíveis e evitam compromissos 
sociais, mas seu maior medo é precisar de outras pessoas. 
Essas pessoas têm uma necessidade intensificada 
de serem fortes e poderosas, mas têm medo da 
competição, temendo um abalo em seus sentimentos 
ilusórios de perfeição e superioridade. Em vez disso, 
preferem que sua grandeza oculta seja reconhecida sem 
qualquer esforço de sua parte. 
 Tendências neuróticas 
Conflito básico ou fonte da 
tendência neurótica 
Em direção às pessoas Contra as pessoas Para longe das pessoas 
Necessidades neuróticas 
1. Afeto e aprovação 
2. Parceiro poderoso 
3. Limites estreitos na vida 
4. Poder 
5. Exploração 
6. Reconhecimento e invulnerabilidade 
7. Admiração pessoal 
8. Conquistas pessoais 
9. Autossuficiência e independência 
10. Perfeição e prestígio 
Análogo normal Amistoso, carinhoso 
Capacidade de sobreviver em uma 
sociedade competitiva 
Autônomo e sereno 
Hostilidade básica
Resulta de sentimentos da infância de rejeição ou negligência por parte 
dos pais ou de uma defesa contra a ansiedade básica.
Ansiedade básica
Resulta de ameaças parentais ou de uma defesa contra a hostilidade.
Defesas contra a ansiedade
Defesas normais
Movimento espontâneo 
Em direção às pessoas
(personalidade amigável, terna)
Contra as pessoas
(um sobrevivente em uma 
sociedade competitiva)
Para longe das pessoas
(personalidade autônoma, serena)
Defesas neuróticas
Movimento compulsivo
Em direção às pessoas
(personalidade complacente) 
Contra as pessoas
(personalidade agressiva) 
Para longe das pessoas
(personalidade isolada)
 
–
Conforme a teoria de Horney evoluiu, ela passou 
a enfatizar os conflitos internos que tanto os indivíduos 
normais quanto os neuróticos experimentam. Os processos 
intrapsíquicos se originam das experiências interpessoais; 
mas, à medida que se tornam parte de um sistema de 
crenças da pessoa, eles adquirem uma existência separada 
dos conflitos interpessoais que lhes deram vida. 
Horney acreditava que os seres humanos, em um 
ambiente de disciplina e afeto, desenvolverão sentimentos 
de segurança e autoconfiança e tenderiam em direção à 
autorrealização. Influências negativas precoces impediriam 
essa tendência natural, deixando-as com sentimentos de 
isolamento e inferioridade, somado a um crescente senso 
de alienação de si mesmas. Sentindo-se alienadas de si 
mesmas, as pessoas precisam desesperadamente adquirir 
um senso de identidade estável. 
Esse dilema só pode ser resolvido criando-se uma 
autoimagem idealizada, uma visão extravagantemente 
positiva de si mesmas, existente apenas em seu sistema 
de crenças pessoais, por meio da autoconcessão de poderes 
infinitos e capacidades ilimitadas e da glorificação e 
veneração a si mesmos. Assim, as pessoas submissas se 
veem como boas e santas; as agressivas constroem uma 
imagem como fortes, heroicas e onipotentes; e os distantes 
pintam-se como sábios, autossuficientes e independentes. 
Quando solidificada, os neuróticos começam a 
acreditar na realidade daquela imagem, perdendo contato 
com seu self real e usam o self idealizado como padrão 
para autoavaliação. Horney ainda reconheceu 3 aspectos 
da imagem idealizada: 
1. Busca neurótica pela glória 
Trata-se do impulso abrangente em direção à 
realização do self ideal, quando os neuróticos passam a 
acreditar na realidade da imagem idealizada e começam a 
incorporá-la em todos os aspectos de sua vida – seus 
objetivos, seu autoconceito e suas relações com os outros. 
Além da autoidealização, inclui ainda três outros elementos: 
a. Necessidade de perfeição: refere-se ao 
impulso de moldar toda a personalidade em 
um self idealizado. Dessa forma, os neuróticos 
tentam alcançar a perfeição por um conjunto 
complexo de “deveria” e “não deveria” (impulso 
referido como tirania do dever) no qual eles, 
de modo inconsciente, dizem a si mesmos: 
“esqueça a criatura vergonhosa que você 
realmente é; isso é como você deveria ser”. 
 
b. Ambição neurótica: é o impulso compulsivo em 
direção à superioridade. Por terem uma 
necessidade exagerada de se sobressair em 
tudo, os neuróticos comumente canalizam 
suas energias para aquelas atividades que são 
mais prováveis de trazer sucesso. Esse 
impulso pode assumir diversas formas, 
inclusive uma menos materialista. 
 
c. Impulso em direção a um triunfo vingativo: 
embora possa ser disfarçado como um 
impulso por realizações ou sucesso, sua 
finalidade principal é levar os outros à 
vergonha ou derrotá-los por meio do próprio 
sucesso; ou alcançar o poder para infligir 
sofrimento a eles – sobretudo humilhante. 
Esse impulso se desenvolve a partir do desejo 
de infância de se vingar por humilhações reais 
ou imaginadas e nunca termina – em vez 
disso, aumenta a cada vitória. 
2. Reivindicaçõesneuróticas 
Na busca pela glória, os neuróticos constroem um 
mundo de fantasia e, acreditando que o mundo externo 
está errado, proclamam que são especiais e, portanto, têm 
o direito de serem tratados de acordo com a visão 
idealizada que possuem de si mesmos. Suas reivindicações 
neuróticas se originam das necessidades e dos desejos 
normais; porém, quando as reivindicações neuróticas não 
são atendidas, os neuróticos ficam indignados, confusos e 
incapazes de compreender por que os outros não foram 
ao encontro de suas reivindicações. 
Exemplo: em uma fila para comprar ingressos no cinema, 
a maioria das pessoas próximas ao fim gostaria de estar 
na frente, no entanto, sabem que, na verdade, elas não 
merecem passar na frente dos outros. As pessoas 
neuróticas, por sua vez, acreditam verdadeiramente que 
têm o direito de ficar no início da fila e não sentem culpa 
ou remorso em desrespeitar a ordem na fila. 
 
–
3. Orgulho neurótico 
É um falso orgulho fundamentado em uma imagem 
idealizada do self, qualitativamente diferente do orgulho 
saudável ou da autoestima realista, e que costuma ser 
proclamado em altos brados para proteger e sustentar 
uma visão glorificada do próprio self. Os neuróticos se 
imaginam como gloriosos, maravilhosos e perfeitos; 
portanto, quando não são tratados dessa forma, seu 
orgulho neurótico é ferido. Para impedir a ofensa, eles 
evitam as pessoas que se recusam a ceder a suas 
reivindicações neuróticas e passam a tentar se associar a 
instituições e a aquisições socialmente prestigiosas. 
As pessoas com uma busca neurótica pela glória 
nunca estão felizes consigo mesmas, porque, quando 
percebem que seu self real não combina com as demandas 
insaciáveis do self idealizado, elas começam a odiar e a 
menosprezar a si mesmas. Horney reconhecia seis formas 
pelas quais as pessoas expressam auto-ódio: 
1. Demandas incessantes ao self 
São exemplificadas pela tirania do dever. 
Exemplo: pessoas que fazem demandas a si mesmas e que 
não terminam nem mesmo quando elas atingem uma 
medida de sucesso; 
2. Autoacusação impiedosa 
Os neuróticos criticam-se constantemente; essa 
autoacusação pode assumir uma variedade de formas – 
desde expressões obviamente grandiosas, como assumir a 
responsabilidade por desastres naturais, até questionar de 
modo escrupuloso o mérito de suas motivações. 
Exemplo: assumir a responsabilidade por desastres 
naturais; questionar de modo escrupuloso o mérito de suas 
motivações; 
3. Autodesprezo 
Pode ser expresso como desvalorização, 
depreciação, dúvida, descrédito e ridicularização de si 
mesmo. O autodesprezo impede que as pessoas se 
esforcem pela melhora ou por realizações. 
Exemplo: um jovem que diz a si mesmo: “Seu idiota 
convencido! O que faz você achar que pode ter um 
encontro com a mulher mais bonita da cidade?” 
4. Autofrustração 
Distingue-se entre autodisciplina saudável, que 
envolve adiar ou abrir mão de atividades prazerosas para 
alcançar objetivos razoáveis, e autofrustração neurótica, 
que provém do auto-ódio e é concebida para tornar real 
uma autoimagem inflada. Os neuróticos costumam ser 
imobilizados por tabus contra o prazer. 
Exemplo: uma pessoa que diz não “merecer um carro novo” 
ou não “precisar usar roupas bonitas porque muitas 
pessoas no mundo usam trapos”; 
5. Autotormento ou autotortura 
Apesar de poder existir em cada uma das outras 
formas de auto-ódio, ele se torna uma categoria separada 
quando a intenção principal das pessoas é infligir dano ou 
sofrimento a elas mesmas. 
Exemplo: um indivíduo que obtêm uma satisfação 
masoquista se angustiando com uma decisão ou cortando-
se com uma faca; 
6. Ações e impulsos autodestrutivos 
Podem ser físicos ou psicológicos, conscientes ou 
inconscientes, agudos ou crônicos, executados na ação ou 
encenados apenas na imaginação. 
Exemplo: comer excessivo; o abuso de álcool e outras 
drogas; o abandono de um emprego justamente quando ele 
começa a ser gratificante. 
 
 
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FEIST, Jess; FEIST, Gregory J; ROBERTS, Tomi-Ann. Teorias da personalidade. 8 ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. 
GABBARD, Glen O. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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