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FABIO-ANDRETTI

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perspectivas e particularidades 
baseadas em evidências
CAPÍTULO 01 - VOLUME 01
Leandro Passos
16
O principal objetivo da Odontologia estética constitui-se 
na reprodução de tecidos naturais.1,2 Tal possibilidade so-
mente tem aumentado ao longo do tempo mediante no-
vos materiais e metodologias de fabricação introduzidas 
através do desenho auxiliado por computador e manufa-
tura assistida por computador (CAD/CAM)3-7 aliadas a 
diferentes opções de fluxos de trabalho.
Ao se realizar qualquer preparo deve-se observar os 
fatores biológicos associados ao mesmo. Em relação 
aos fatores quantitativos, pode-se observar o espa-
ço biológico como fator mandatório a ser respeitado. 
Preferencialmente os preparos devem ser supragengivais 
ou, quando indicados por razões estéticas e/ou estrutu-
rais, intrassulculares. Em relação aos fatores qualitativos, 
o fenótipo gengival deve ser avaliado e considerado como 
fundamental para a manutenção de resultados imediatos 
e a longo prazo em preparos que tenham uma relação 
mais íntima com o periodonto de proteção.8
Embora os materiais CAD/CAM mono e policromáti-
cos sejam disponibilizados, diferentes fatores incluin-
do a textura de superfície, opacidade e translucidez 
podem afetar a tonalidade final de restaurações ce-
râmicas. Concomitantemente, a mesma pode ser in-
fluenciada pela combinação de sombra e espessura da 
cerâmica, juntamente com o agente cimentante9 e a 
cor da estrutura dental subjacente.6,10,11 A translucidez 
também adiciona outro nível de complexidade ao pro-
cesso de combinação de cores, pois materiais cerâmi-
cos permitem que uma quantidade maior de luz entre 
e se espalhe, o que significa que o substrato subjacente 
possui influência significativa na cor final.11-13
Nesse contexto, o planejamento de preparos dentários 
anteriores visando à restauração da função e estética 
a um custo biológico mínimo tem importância ímpar, 
sendo considerado vantajoso tanto para a manutenção 
da vitalidade dentária como para a economia de teci-
dos duros14, requerendo uma técnica cuidadosa e me-
ticulosa que visa a obtenção de redução volumétrica 
correlata ao sucesso restaurador almejado.15
RELAÇÃO ENTRE PROCESSO 
PRODUTIVO NO SISTEMA 
CEREC E DESENHO CAVITÁRIO
A compreensão da forma como material é usinado e sua 
relevância na obtenção e qualidade das restaurações é 
fundamental quando se opta por trabalhar com o siste-
ma CEREC. O processo CAM utiliza blocos a partir dos 
quais a restauração é usinada através de método subtra-
tivo. Basicamente, preparos estão sendo realizados para 
uma unidade com possibilidades e limitações relaciona-
das à forma geométrica das brocas, amplitude e tipo de 
movimento dos eixos dos motores.16-18
No processo de usinagem, a primeira consideração a 
ser realizada é a limitação imposta pela geometria das 
fresas. Especificamente, a largura e o comprimento das 
mesmas estabelecem a necessidade de uma forma coe-
rente e contínua no contorno interno e externo dos pre-
paros. Caso a delimitação apresente quaisquer ângulos 
agudos, o diâmetro da broca de usinagem pode impedir 
a replicação exata da forma desejada justamente por ser 
maior do que os ângulos ou áreas em questão. Assim, 
o resultado pode refletir restaurações sem completo 
assentamento, com sobreusinagem interna e margens 
desadaptadas. Tal fato ocorre porque as fresas diaman-
tadas não foram projetadas para usinar ângulos retos, 
o que determina que todas as angulações internas das 
restaurações devam ser arredondadas.
O comprimento das fresas também pode limitar a ca-
pacidade de fabricação de restaurações com altura 
inciso-cervical substancial, como pode ser o caso de 
pacientes com perda óssea moderada, onde torna-se 
necessária a extensão mais apical do preparo sobre a 
superfície radicular que está sendo incorporada. Tal limi-
tação pode, ocasionalmente, ser superada pelo aumento 
do ângulo de convergência do preparo, o que acarretará 
em menor conservação da estrutura dentária. Ângulos 
internos e formas internas arredondadas são aconselha-
dos para uma adaptação ótima das restaurações.
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Especificamente, as unidades de usinagem de 4 moto-
res CEREC MCXL e de 2 motores CEREC MCX utili-
zam brocas de design cilíndrico com pontas retas para 
áreas internas e brocas de design cilíndrico com pontas 
cônicas para áreas externas e oclusais das restaurações. 
Durante o processo, o eixo de rotação do suporte do 
material apresenta-se fixo para garantia de que ambos 
os instrumentos manterão o eixo de inserção apropria-
do.19 Dessa forma, é essencial ter-se conhecimento do 
tipo de usinagem, diâmetro e funções das brocas para 
que a precisão de obtenção de estruturas menores e/
ou com maior profundidade seja assegurada.
A partir do software CEREC SW 4.4 foram adicio-
nadas novas possibilidades de usinagem no software 
que serão explicadas em sequência. No modo Rápido a 
restauração é obtida em um tempo 30% menor, apre-
sentando maior rugosidade quando comparada ao 
modo fino. Além disso, há maior possibilidade de “las-
camento” ou “chipping” marginal devido à usinagem 
ocorrer em incrementos de 50 micrômetros (µm). 
No modo Fino, a usinagem é realizada em incremen-
tos de 25 µm e pode ser comparada à denominação 
“Normal” utilizada em antigas versões do software. 
No modo Extrafino, a restauração é obtida em 2 ciclos 
e o tempo de usinagem é praticamente dobrado. No 
primeiro passo, a restauração é usinada no modo Fino 
com espessura de material adicional de 300 µm em 
todas as superfícies internas e externas. Já o segun-
do ciclo de usinagem é realizado com fresas especiais 
que possuem diâmetros de 0,92mm (Cylinder Bur 12 
Extrafina e Cylinder Pointed Bur 12 Extrafina) e reti-
ram os 300 µm restantes de material para obtenção 
das dimensões finais da restauração de forma mais 
refinada e delicada. É importante ressaltar que esse 
modo Extrafino é automático e operacional somente 
em unidade CEREC MCXL, justamente por apresen-
tar 4 motores. O modelo CEREC MCX não é capaz 
de executar esse modo por possuir apenas 2 motores.
Na usinagem de áreas internas das restaurações, tan-
to no modo rápido como fino ou extrafino (1ª etapa), 
a fresa de maior diâmetro (Step Bur 12S: ø 1,35mm) 
pode suportar mais ciclos de utilização e tem uma taxa 
de escavação maior do que uma de menor diâmetro 
(Step Bur 12: ø 1,0mm).20 Nesse contexto, o processo 
de usinagem mais rápido ou com instrumentos de maior 
diâmetro deve ser constantemente avaliado de acordo 
com o tipo e as características geométricas da restau-
ração a ser produzida. Formas extremamente sinuosas 
e/ou com ângulos internos agudos que não sejam pas-
siveis de execução pela fresa de menor diâmetro exis-
tente (Step Bur 12) devem ser reconsideradas durante 
o planejamento de preparos para que insucessos res-
tauradores sejam evitados. Por sua vez, a usinagem de 
áreas externas das restaurações no modo rápido, fino 
ou extrafino (1ª etapa) é realizada por fresa de ponta 
arredondada (Cylinder Bur 12S: ø 1,35mm).
Finalizando as opções de usinagem, há o modo Faceta, 
o qual assegura que toda e qualquer particularidade 
presente na superfície do preparo realizado seja co-
piada exatamente como se apresenta, não havendo 
nenhum tipo de compensação por parte do software 
em caso de arestas agudas e áreas retentivas e/ou ir-
regulares. Por um lado, isso assegura íntima correla-
ção entre a superfície interna da restauração obtida 
e a superfície do preparo realizado, porém, caso tal 
modo seja selecionado, o operador deverá ter plena e 
absoluta certeza da qualidade e das características de 
seu desenho cavitário para que não seja surpreendido 
por impedimentos de assentamento da restauração 
obtida e consequentes desadaptações.
PERSPECTIVAS EM PREPAROS 
GUIADOS - O DESAFIO 
VOLUMÉTRICO QUANDO 
O PLANEJAMENTO NÃO 
VISA SOMENTE A ADIÇÃO
Como há tempos a estética é uma das principais tô-
nicasda Odontologia, cada vez mais a interdisciplina-
ridade de especialidades está presente para obtenção 
de resultados que simulem a natureza.
18
Ao iniciar-se um caso, a consciência sobre o resultado 
final é a base em qualquer tipo de tratamento, ainda mais 
naqueles em que a morfologia, o tamanho e a proporção 
dos dentes anteriores são alterados.21 Um criterioso pla-
no de tratamento baseado em simulações diagnósticas, 
exames complementares, testes e aprovações por parte 
do paciente torna-se crucial para o sucesso restaurador. 
Uma vez o mesmo sendo aprovado, tais ferramentas 
diagnósticas podem ser usadas durante as diferentes 
fases do tratamento, desde a cirúrgica,22 se necessá-
rio, até a restauradora.23-25 Nessa linha, o enceramento 
diagnóstico sempre foi indicado para aumentar a previ-
sibilidade,25 avaliando proporções dentárias, alinhamento, 
textura e ângulos incisais. O técnico de laboratório den-
tário baseava-se em diretrizes estabelecidas para essas 
proporções, informações fornecidas pelo odontólogo e 
fotografias para gerar restaurações experimentais e fi-
nais caso fosse bem-sucedido.26 Assim, nesse processo 
evolutivo, o conceito do design do sorriso dentário27 foi 
introduzido visando o auxílio em tratamentos estéticos. 
A transferência de informação desde o design digital até 
o laboratório de prótese dentária mostrou-se eficaz,28-30 
sendo que outras variações do design do sorriso29 e téc-
nicas digitais31 foram desenvolvidas para melhorar a pre-
visibilidade dos tratamentos estéticos. Através de esca-
neamentos intraorais e novas possibilidades em termos 
de softwares também puderam ser realizadas projeções 
de tratamentos. Aspectos faciais de pacientes foram 
considerados e visualizados durante o planejamento de 
dentes virtuais. Este procedimento foi capaz de produzir 
um design que representasse a contiguidade do sorriso 
definitivo almejado para a avaliação do tratamento res-
taurador propriamente dito. Posteriormente, o fluxo de 
trabalho digital completo também pôde ser utilizado em 
um sistema CAD/CAM “chairside” na obtenção de res-
taurações finais.32
Seguindo tal dinâmica, o mock-up proposto para um 
preparo personalizado e planejado apresentava o objeti-
vo de prover a informação de qual aumento volumétrico 
seria realizado nos dentes preestabelecidos, assim como 
orientar a possível espessura mínima que a restauração 
deveria apresentar. Ressalta-se que esta última sempre 
recebeu influência de outros fatores como cor do re-
manescente e cor almejada, pois quanto maior fosse a 
discrepância de cor do substrato, maior seria a necessi-
dade de desgaste.33 Restaurações do tipo faceta sempre 
propuseram uma perspectiva conservadora que estabe-
lecia o mínimo de espessura e a máxima preservação do 
esmalte sadio, contribuindo com o processo de adesão 
restrito a este tecido dentário.34 
Efeitos deletérios de preparos guiados pela superfície 
dental preexistente também foram descritos25 por não 
levarem em consideração alterações morfológicas e 
perdas de esmalte sadio através de desgastes excessivos, 
principalmente em dentes já́ comprometidos estrutural-
mente gerando exposição dentinária e contribuindo para 
o fracasso das restaurações. Dessa forma, desde que a 
técnica de preparos guiados pelo volume final das restau-
rações foi apresentada,25,35 demonstrando que a quanti-
dade de redução do elemento dentário nunca deveria ser 
realizada conforme a superfície existente e sim pelo volu-
me final da restauração, virou referência em tratamentos 
estéticos conservadores e continua a ser utilizada até os 
dias atuais. Existem situações clínicas que tal modelo de 
planejamento aditivo se encaixa perfeitamente, porém, 
há casos em que a subtração deve ser praticada para pro-
piciar a simulação das restaurações pretendidas. Seja em 
próteses preexistentes ou estrutura dental sadia, sempre 
haverá necessidade de ajustes com diferentes graus de 
invasividade quando a subtração for necessária para a 
avaliação estética nessas condições. Atualmente, quan-
do esse procedimento não é realizado, um volume extra 
é gerado no momento do design da simulação e, conse-
quentemente, um mock-up volumoso com sobrecon-
torno é instalado.
Especificamente em simulações digitais, independen-
temente da necessidade de subtração, há relatos na 
literatura36 de que o contorno axial dos dentes modi-
ficados aumenta após o “enceramento” em softwares, 
sendo este diretamente proporcional à distância da 
margem gengival, caracterizando uma tendência do 
método digital causar maior aumento de contorno do 
que o convencional. Nessa linha, o maior aumento do 
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contorno dentário foi observado em dentes anteriores 
quando comparado aos posteriores.
Analisando a necessidade de simulação com subtração 
controlada para que sobrecontornos e volumes extras 
não sejam gerados, aliados ao conservadorismo da 
estrutura dental remanescente, será descrita no final 
desse capítulo uma técnica de redução guiada subtra-
tiva digital controlada para adaptação de mock-up. O 
intuito é se obter reduções mais direcionadas e corre-
latas ao volume final das restaurações pretendidas.
CORRELAÇÃO ENTRE 
CARACTERÍSTICAS DE 
PREPAROS DENTÁRIOS 
ANTERIORES E ÊXITO EM 
RESTAURAÇÕES CAD/CAM
Existem tópicos relevantes que devem ser apreciados 
tanto em restaurações parciais como totais em dentes 
anteriores no que tange às reduções necessárias para 
o sucesso clínico restaurador. Evidências de pesqui-
sas mostram que erros comuns em preparos, quando 
presentes, levam a restaurações desadaptadas.37,38 A 
percepção desses erros, aliada à capacidade de elimi-
nação dos mesmos, permite ao profissional a melhora 
da adaptação de suas restaurações CAD/CAM.
Na literatura, vários estudos quantificaram a estrutura 
dentária removida associada a diferentes designs de 
preparo, comparando restaurações totais e parciais 
anteriores. Logicamente, preparos parciais preservam 
mais estrutura dentária do que totais39-42 mas, por ou-
tro lado, estão associados a linhas de términos mais 
longas que podem aumentar o risco de cárie recorren-
te marginal.43 Tal fator leva ao entendimento de quão 
critica e importante a adaptação de restaurações deve 
ser considerada. Já o preparo para coroas cerâmi-
cas CAD/CAM requer formas de cúspides e ângulos 
arredondados;44 entretanto, esse requisito adicional 
não resulta em aumento significativo da remoção da 
estrutura dentária em comparação com restaurações 
cerâmicas fabricadas de forma convencional.45
Preparos para o sistema CEREC devem ser diferencia-
dos de preparos tradicionais, especialmente no que diz 
respeito à retenção e forma de resistência. A demanda 
em relação à forma do preparo tem maior influência no 
que diz respeito à inserção e ao posicionamento res-
taurador. Padrões geométricos e mecânicos apresen-
tam importância secundária, permitindo a preservação 
tecidual mediante análise da solidez restauradora ne-
cessária. É de fundamental importância que, anterior-
mente à realização do preparo, exista o conhecimento 
da forma da futura restauração como discutido ante-
riormente. Dentre as técnicas possíveis para atingir 
esse objetivo, o mock-up adesivo apresenta-se como o 
mais indicado pela facilidade de controle e visualização 
se comparado aos guias de silicone.25
PREPAROS PARCIAIS 
FACETAS
Redução vestibular
O preparo sempre começa com o traçado de três sulcos 
de orientação horizontais que variam em profundidade de 
acordo com o planejamento prévio (mock-up). Tais sulcos 
devem permanecer afastados da margem cervical. A cur-
vatura natural da superfície vestibular raramente permite 
que os mesmos sejam traçados simultaneamente; sendo 
assim, recomenda-se iniciar com sulcos cervicais e me-
diais, seguidos pelo ajuste de angulação do instrumento 
rotatório para que o medial seja utilizado como guia para a 
nova inclinação de preparo do terço inferior da superfície 
vestibular. Dependendo do elemento dentário, a subdivi-são de planos pode aumentar de 2 para 3 planos por uma 
questão anatômica. Pontas diamantadas anelares uni-
formes com função “stop” de 0,3mm, 0,5mm e 0,7mm 
permitirão um controle maior da quantidade de desgaste 
executado. Caso os sulcos de orientação necessitem de 
maior profundidade de acordo com o planejamento pré-
vio, recomenda-se seguir os mesmos planos anatômicos 
20
de redução utilizando-se a orientação vertical de pontas 
diamantadas tronco-cônicas com extremidade arredon-
dada para a execução dos três sulcos.
Depois de tal delimitação, as áreas remanescentes de 
esmalte serão removidas utilizando-se a mesma ponta 
diamantada tronco-cônica de extremidade arredon-
dada sempre respeitando a convergência da superfície 
vestibular. Nesse momento, devido a essa extremidade 
arredondada do instrumento de diamante, a margem 
cervical pode ser iniciada levemente acima do nível 
gengival tomando o perfil de minichanfro (medindo cer-
ca de 0,3mm) ou chanfro. A redução axial começa na 
porção cervical, criando-se o minichanfro ou chanfro 
gengival ao mesmo tempo. Um perfil correto do prepa-
ro será obtido assim que os sulcos de orientação forem 
eliminados, os quais também poderão ser modificados 
posteriormente com base na análise da necessidade de 
maior redução de acordo com cada caso.
Margem cervical
A margem cervical apresentará o perfil de minichanfro, 
medindo cerca de 0,3mm ou chanfro, dependendo da 
necessidade e especificidade da ponta do instrumento 
tronco-cônico de extremidade arredondada utilizado. 
Será supragengival, em nível gengival ou intrassulcular 
(em casos de demanda estética), pois esse tipo de res-
tauração geralmente permite margens supragengivais 
“invisíveis” devido às propriedades óticas dos materiais 
restauradores, mantendo um excelente perfil de emer-
gência. Em caso de alteração de cor, o preparo deve ser 
estendido intrassulcularmente; já em dentes sem esse 
tipo de alteração, as outras opções devem ser conside-
radas. Essa menor invasividade tem por objetivo aumen-
tar a disponibilidade de esmalte no preparo, ter melhor 
controle de umidade, permitir visualização direta da 
adaptação marginal e dar acesso aos procedimentos de 
acabamento e polimento. O término em minichanfro ou 
chanfro apresenta-se ideal para esse tipo de restauração 
pois permite o espaço necessário ao perfil de emergên-
cia a ser reproduzido, evitando sobrecontorno na região 
cervical e facilitando a leitura por parte da câmera intra-
oral do sistema CAD/CAM.
EXTENSÃO PROXIMAL E ÁREA 
DE VISIBILIDADE DINÂMICA
O delineamento das superfícies proximais já foi iniciado 
anteriormente durante o preparo vestibular com a cria-
ção da margem cervical subsequente. Os componentes 
que devem ser observados nesse momento são a preser-
vação das áreas de contato e a delimitação de margens 
além das áreas visíveis. Em relação ao primeiro, devido à 
camada de esmalte ser mais espessa em direção ao terço 
incisal do dente, a extensão proximal será delineada como 
um canal arredondado, prevenindo a destruição do conta-
to proximal e preservando o declive vestíbulo-incisal.
Em relação ao segundo, o preparo deve garantir que 
nenhuma área de estrutura dentária sob diferentes 
angulações fique visível, contemplando assim a área 
de visibilidade dinâmica.46,47 O ponto de contato deve, 
sempre que possível, ser mantido, minimizando a in-
vasividade e simplificando o processo de cimentação 
e acabamento restaurador. A exceção apresenta-se 
quando o elemento dentário apresenta restaurações 
proximais ou lesões cariosas, exigindo o envolvimento 
proximal pelo preparo e possível mudança de indica-
ção do tipo de restauração a ser executada. Quanto 
mais se estende o preparo proximal, mais ele deverá 
ser aumentado em espessura (profundidade), já que a 
proporção tem que ser mantida entre profundidade e 
comprimento da curva proximal para o desenho res-
taurador e estabelecimento do ponto de contato.
Outras circunstâncias clínicas, como diastemas ou alte-
ração da forma ou posição de um grupo de dentes, po-
dem demandar preparos específicos da área de contato 
proximal. Diastemas demandam preparos proximais mais 
extensos, uma vez que as arestas devem ser totalmente 
desgastadas em sentido palatino/lingual. Dificilmente o 
preparo será reduzido somente a um simples slice devi-
do à dificuldade de visualização em sentido frontal e, mais 
particularmente, em sentido lateral no processo de esca-
neamento e delimitação de margens no software. Uma 
das áreas mais críticas constitui-se na área cérvico-pro-
ximal, pois o preparo dentário precisa ser levado para a 
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região intrassulcular com o objetivo de obter um contor-
no natural. A profundidade e a extensão palatina do prepa-
ro são normalmente ditadas pelo tamanho do diastema e 
pelo volume da papila.48
Já o desvio de linha média ou inclinação da mesma apre-
senta-se como um dos fatores que mais contribuem 
para a desarmonia do sorriso. A correção desse tipo 
de desalinhamento por meio de facetas necessita que 
os contatos interproximais sejam rompidos e que haja 
uma compensação no preparo a ponto de propiciar uma 
anatomia em que a linha média fique alinhada adequada-
mente em relação aos componentes da face e do sorri-
so e volume restaurador. Dentes atípicos, como incisivos 
laterais com microdontia, deverão apresentar preparos 
extremamente limitados em termos de profundidade 
envolvendo toda a superfície disponível para que o de-
senho restaurador possa ser alcançado.
REDUÇÃO INCISAL
Revisões sistemáticas49,50 descrevem diferentes desig-
ns de preparos para facetas cerâmicas. Embora a redu-
ção incisal tenha sido amplamente discutida e apresen-
te uma variação de 0,5 a 2mm,51 não há consenso se a 
mesma é necessária e até que ponto deve ser realizada 
quando um aumento no comprimento incisal não é ne-
cessário.52,53 No entanto, artigos33 e meta-análises53,54 
referindo-se ao design de preparo mais indicado para 
facetas laminadas cerâmicas observam que a junta de 
topo constitui-se no tipo de preparo que menos afeta a 
resistência do dente e o chanfro palatino é o tipo mais 
suscetível a fraturas cerâmicas.
PONDERAÇÕES A RESPEITO 
DA AUSÊNCIA DE PREPARO 
EM RESTAURAÇÕES PARCIAIS
Restaurações anteriores com abordagens sem pre-
paro, embora idealmente consideradas as melhores 
opções devido à preservação máxima de estrutura 
dentária, foram essencialmente criticadas por apre-
sentarem algumas limitações potenciais, incluindo 
resultados estéticos e complicações periodontais, 
como consequência de sobrecontornos dentários 
que poderiam alterar os perfis de emergência.55,56
A filosofia de fazer Odontologia conservadora é um 
objetivo nobre, mas deve-se notar que o conserva-
dorismo não significa preparação limítrofe, e sim o 
preparo da menor quantidade de estrutura dentária 
necessária para alcançar os objetivos do caso. Dessa 
forma, a execução de facetas cerâmicas ultrafinas sem 
preparo é crítica e seu sucesso dependente de uma 
combinação de vários fatores, dentre eles a seleção do 
caso, posição de margens, estrutura dentaria comple-
tamente sadia e capacidade de execução da restaura-
ção por si própria por conta do laboratório. Os riscos 
de sobrecontorno cervical e proximal com dificuldade 
de higienização são grandes.57
Além da facilitação de execução e inserção, existem 
inegáveis vantagens biológicas em um minichanfro a 
nível cervical, incluindo um perfil de emergência apri-
morado, transição mais suave com o dente e ausência 
de danos à cerâmica durante procedimentos de acaba-
mento, os quais podem gerar acúmulo de placa bacte-
riana.58 Adicionalmente existem relatos na literatura58,59 
citando que a indicação para casos com ausência de 
preparo é extremamente rara e que na maioria das ve-
zes há necessidade de algum tipo de preparo.
Por fim, revisões sistemáticas concluem que, devido 
à falta de dados, não é possível uma afirmaçãoclínica 
definitiva sobre a técnica sem preparo. Mais estudos 
clínicos são necessários para avaliar a eficácia desse 
tipo de restauração. Podem ser considerados tra-
tamentos conservadores, que devem ser cuidado-
samente recomendados e demandam uma seleção 
cautelosa de casos. Mais pesquisas clínicas controla-
das são necessárias para identificar claramente pro-
tocolos clínicos previsíveis e avaliar os resultados a 
longo prazo de tais restaurações.60
22
DESIGNS DESFAVORÁVEIS 
EM PREPAROS PARCIAIS 
NO SISTEMA CEREC
Deve-se atentar para detalhes que fazem toda a 
diferença nesse tipo de preparo para o sistema. O 
primeiro constitui-se na delimitação da extensão 
proximal. Pode-se cometer o erro de evidencia-
ção exacerbada na redução dessa área, gerando 
retenção que, por sua vez, irá impedir o assen-
tamento restaurador. Outro detalhe refere-se à 
inclinação da redução incisal em junta de topo. 
Caso a mesma não seja realizada de modo que se 
tenha a formação de um ângulo reto entre redu-
ção vestibular e incisal, será obtido um plano incli-
nado para a face palatina que dificultará a deter-
minação do eixo de inserção restaurador. Ambos 
os fatores influenciam diretamente a capacidade 
de assentamento da restauração. Em casos de não 
redução incisal, a presença de remanescente den-
tal extremamente delgado e de difícil delimitação 
pode comprometer a longevidade da restauração 
(figuras 01A-C).
PREPAROS TOTAIS 
COROAS 
Todos os aspectos de planejamento e reduções 
em mock-ups adesivos guiados preconizados an-
teriormente também são válidos e essenciais para 
esse tipo de preparo. Destaca-se ainda que o con-
torno geral do preparo total deverá proporcionar 
solidez restauradora e espessura correlata à es-
pecificidade do material restaurador de eleição 
para cada caso.
Redução vestibular
Como descrito anteriormente, inicia-se o preparo 
com o traçado de sulcos de orientação verticais de 
acordo com os planos de convergência que variam 
em profundidade de acordo com o planejamento 
prévio. Dando sequência, o plano vestibular é unifor-
mizado de acordo com seus planos anatômicos utili-
zando-se a mesma ponta diamantada tronco-cônica 
de extremidade arredondada ou ponta cilíndrica de 
ombro arredondado utilizada para os traçados. Tais 
pontas findam por delimitar a margem cervical aci-
ma do nível gengival tomando o perfil de ombro ar-
redondado a 90º, inclinado a 110º, chanfro ou chan-
fro largo.
Margem cervical
Em relação à sua extensão, seguem os mesmos pre-
ceitos de restaurações parciais. Devem proporcionar 
espessura suficiente na margem cervical, ter redução 
axial adequada e possuir ângulos arredondados para 
assegurar resistência suficiente e precisão de mar-
gens no momento da usinagem.
Destaca-se que, nesse momento de delimitação, po-
dem ser criadas erroneamente “margens em calhas 
ou sulcos” primordialmente em função do executor 
do preparo. Através de movimentos de evidenciação 
do término e inclinações equivocadas do instrumento 
rotatório, são geradas fragilizações e áreas retentivas 
em margens.37
Redução proximal
O desgaste completo das faces proximais deve ser 
executado eliminando a convexidade natural desta 
área e atentando para a proteção do dente adjacente 
no momento da secção em canal da área de contato 
proximal. São finalizados a nível gengival ou intras-
sulcularmente, deixando as paredes proximais com 
algum paralelismo entre si.
Redução incisal
A redução é realizada em média em uma extensão en-
tre 1,5 – 2,00mm, dependendo da especificidade do 
material restaurador a ser usado, sempre com junta 
de topo e ângulos arredondados.
Redução palatina/lingual
As mesmas regras de preparo vestibular se apli-
cam à superfície língua/palatina dos elementos 
dentários. A redução deve permitir espaço sufi-
ciente para a coroa e o restabelecimento das re-
lações oclusais. Quando possível, o preparo deve 
gerar oposição entre a parede da área de subcín-
gulo e a parede vestibular do preparo por conser-
vadorismo. Já a redução da área de supracíngulo 
deve ser anatômica e adequada com a relação 
oclusal pretendida.
01. A-C. Seta indicando região retentiva por sobrepreparo da área de visibilidade dinâmica (A). Redução incisal em plano inclinado para face palatina 
(seta do meio) ocasionando dificuldade de determinação de eixo restaurador ideal sem retenções (setas laterais) (B). Seta indicando espessura vesti-
bular delgada em casos de não redução incisal e consequente presença de irregularidades de difícil delimitação da margem na região (C).
02. A-G. A redução inadequada dos planos vestibulares gera áreas de retenção (setas) (A). O sobrepreparo dos planos vestibulares leva a planificação 
e maior perda de estrutura dentária (B) e o termino cervical em calha ou sulco (seta) (C) leva a maior perda de estrutura e configuração inadequada 
das margens das restaurações. A redução excessiva de faces proximais buscando convergência pode levar a maior invasividade (setas amarelas) (D), 
enquanto a redução incisal com arestas vivas (setas amarelas) aumenta o potencial de sobreusinagem interna seguindo o calculo da restauração pelo 
software (E). Não preservação da área de subcingulo (setas) por sobrepreparo gerando menor conservadorismo de estrutura dentaria (F), área de 
supracingulo apresentando subpreparo (setas) com potencial comprometimento da resistência estrutural da restauração (G).
DESIGNS DESFAVORÁVEIS 
EM PREPAROS TOTAIS 
NO SISTEMA CEREC
É imprescindível estar atento aos pormenores também 
presentes nesse tipo de preparo, devendo-se desta-
car: reduções inadequadas do plano vestibular (figuras 
02A,B), término cervical em calha ou sulco(figura 02C), 
sobrepreparo de faces proximais (figura 02D), redução 
incisal com extremidade em aresta (figura 02E), não pre-
servação de área de subcíngulo (figura 02F) e área de su-
pracíngulo com redução inadequada (figuras 02G).
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DICA EM PREPAROS 
ANTERIORES NO SOFTWARE 
DO SISTEMA CEREC
Preferencialmente, sempre que o afastamento gen-
gival for empregado, deve- se optar pela adição do 
catálogo de imagens referente à Máscara Gengival 
na fase de captura do software. Dessa forma, o pro-
fissional obterá imagens com preparos sem afasta-
mento gengival. Essa aquisição beneficiará o mes-
mo, já que possíveis interpretações de presenças 
de black spaces poderão ser facilmente verifica-
das com a ativação e transparência na Exibição de 
Objetos do software na fase de design. A consta-
tação da veracidade ou ilusão transitória devido ao 
afastamento poderá ser efetivada evitando edições 
e acréscimos desnecessários no formato das res-
taurações que, por sua vez, poderiam gerar volumes 
restauradores desnecessários. Como o fechamento 
do sulco gengival pós-afastamento não é imediato61, 
é fundamental estar atento ao momento ideal para 
essa aquisição (figuras 03A,B).
03. A,B. Catálogo de imagem de Máscara Gengival prévio ao afastamento gengival no software CEREC SW 4.5.2 (A). Catálogo de imagem 
pós-afastamento gengival. Nota-se a criação de espaços interdentários (black spaces em áreas de papilas gengivais) transitórios (B).
PREPAROS GUIADOS 
SUBTRATIVOS
Como descrito anteriormente, existem casos onde 
há necessidade de subtração controlada de determi-
nadas faces para que a simulação seja realizada sem 
sobrecontornos e/ou volume excessivo. Em tais si-
tuações, principalmente quando a estrutura dentária 
se apresenta preservada, ajustes devem ser direcio-
nados para permitir a instalação correta do mock-up 
correlato ao volume final das restaurações e, dessa 
forma, guiar preparos dentários com o mínimo de in-
vasividade. Essa será a proposta descrita a seguir.
RELATO DE CASO
DIAGNÓSTICO
Paciente relatou insatisfação com harmonia do 
sorriso, porém não descrevia nenhum descon-
forto ou queixa clínica. Exames radiográficos ini-
ciais demonstraram tratamentos endodônticos 
nos elementos 11 e 12 sem lesões periapicais e 
restauraçõesinsuficientes em compósito foram 
observadas nesses mesmos elementos, além dos 
dentes 21 e 22. O exame periodontal apresentou 
normalidade, assim como avaliação tomográfica 
em relação à ATM e aos tecidos duros.
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Análises estáticas e dinâmicas decorrentes de 
protocolos fotográficos e videográficos propor-
cionaram observação da não coincidência das 
bordas dos incisivos superiores com o lábio infe-
rior (figuras 04 e 05), assim como o não parale-
lismo do plano das comissuras labiais com o plano 
bipupilar em repouso62,63 (figura 04). Além desses 
fatores, também foram constatados sorriso inver-
tido, assimetria de forma e espaços interincisivos 
aumentados entre os elementos 12, 11 e 21 devido 
à técnica restauradora pregressa e inobservância 
de proporções dentárias64 (figura 06). Um peque-
no desalinhamento dentário em vista superior ou 
“12 horas” também foi verificado (figura 07).
04. Não coincidência das bordas dos incisivos superiores com o lábio 
inferior e não paralelismo do plano das comissuras labiais com o plano 
bipupilar em repouso.
05. Não coincidência das bordas dos incisivos superiores com o lábio 
inferior e paralelismo do plano das comissuras labiais com o plano bi-
pupilar em sorriso máximo.
06. Assimetria de forma e espaços interincisivos aumentados entre 
os elementos 12, 11 e 21.
07. Pequeno desalinhamento dentário em vista superior.
PLANEJAMENTO – FASE 1
A proposta para correção estética do sorriso da 
paciente constituiu-se no remodelamento dos 
incisivos superiores e caninos com o intuito de 
corrigir a proporção dentária e redefinir uma nova 
curvatura para as bordas incisais.
A primeira etapa do planejamento para obtenção da 
nova proposição dentária almejada iniciou-se através 
do escaneamento intraoral de ambas as arcadas e re-
gistro oclusal (Cerec AC, Omnicam, software Cerec 
SW, versão 4.5.2, Dentsply Sirona) (figura 08A). Após 
escaneamento, os modelos iniciais foram exportados 
em formato STL (formato de arquivo que permite a 
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comunicação com outros softwares do próprio fabri-
cante). Concomitantemente, foi realizado o envio dos 
mesmos através do software Sirona Connect a um la-
boratório digital para o desenho da primeira proposta 
restauradora no software inLab 16 (Dentsply Sirona). 
Imediatamente após aprovação do desenho do sorriso 
realizado no software laboratorial por adição de ca-
madas (figuras 08B,C), o modelo superior modificado 
também foi exportado em formato STL e enviado di-
gitalmente de volta ao consultório via servidor online 
de compartilhamento de arquivos. A paciente já havia 
realizado exames complementares tomográficos da 
maxila e mandíbula e os arquivos DICOM (abreviação 
de Digital Imaging and Communications in Medicine 
ou comunicação de imagens digitais em medicina) re-
ferentes ao mesmo já haviam sido disponibilizados. A 
partir desse momento, utilizando o software Autodesk 
Meshmixer (versão 3.5) – Autodesk Incorporação, 
a imagem tomográfica da maxila, o modelo inicial e o 
modelo do sorriso planejado foram sobrepostos para 
estudar a opção por aumento de coroa clínica e har-
monização do posicionamento dos zênites gengivais, 
associada ou não à osteoplastia localizada (figura 09). 
A confecção de guia cirúrgico tridimensional, que se 
constituía no objetivo primário desse primeiro desenho 
do sorriso, pôde ser realizada em seguida.
08. A-C. Escaneamento intraoral de ambas as arcadas e registro oclusal através do sistema CAD Ominicam versão do software CEREC SW 
4.5.2 (A). Desenho da primeira proposta restauradora para cirurgia periodontal guiada realizada no software inLab 16 (B). Obtenção de modelo 
único (restaurações + modelo) através da ferramenta de adição de camadas no software inLab 16 (C).
09. Sincronização da imagem tomográfica da maxila (cor cinza escuro), modelo inicial (cor cinza claro) e modelo 
do sorriso planejado (transparência) no software Autodesk Meshmixer para planejamento cirúrgico periodontal.
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PROCEDIMENTOS CLÍNICOS – FASE 1
Com a indicação de aumento de coroa clínica nos ele-
mentos 11 e 22, associada à osteoplastia sem retalho,65 
a impressão do guia cirúrgico foi realizada (Flash Forge 
Hunter, FlashForge Corporation) em modo padrão (50 
mícrons de camada em Z e 62.5 mícrons de camada 
em XY) utilizando resina específica para guias cirúrgi-
cos (NextDent SG Surgical Guide, NextDent B.V.) (fi-
guras 10 A,B) e a cirurgia foi feita. Após 90 dias, já com 
o periodonto cicatrizado,66 um novo escaneamento in-
traoral da arcada superior foi realizado e exportado em 
STL (figura 11) para a correção do planejamento ante-
riormente realizado devido à presença de sobrecontor-
nos vestibulares e gengivais em regiões que necessita-
vam da abordagem cirúrgica. Para tal, essa nova etapa 
de correção do planejamento foi realizada (DentalCAD, 
versão 2.2, Exocad) e o desenho virtual ideal do sorriso 
em volume e forma foi finalizado de acordo com os pa-
râmetros adotados (figura 12).
10. A,B. Desenho no software Autodesk Meshmixer do guia cirúrgico periodontal (A). Prova do guia cirúrgico periodontal na paciente (B).
11. Novo escaneamento intraoral pós-cirúrgico de ambas 
as arcadas e registro oclusal (CEREC SW 4.5.2, Omnicam, 
Dentsply Sirona).
12. Desenho restaurador final em volume e forma (Exocad).
PLANEJAMENTO – FASE 2
O modelo em formato STL do desenho virtual final do 
sorriso obtido no software exocad foi importado no 
software inLab 18 – Dentsply Sirona e uma placa de 
Michigan foi obtida (figura 13).
Em seguida, o modelo em STL pós-cirúrgico e o de-
senho virtual final do sorriso foram sobrepostos no 
software Exocad, sendo observada a falta de espaço 
em determinadas regiões com consequente necessi-
dade de subtração para que o mock-up pudesse ser 
instalado sem perfurações ou excesso de volume (fi-
gura 14). Logo em seguida, o arquivo referente à pla-
ca de Michigan gerado no software inLab 18 também 
foi importado para essa fase no software exocad e fe-
nestrações foram realizadas na placa em regiões que 
necessitavam de alívio para ajuste (figura 15). 
a b
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PROCEDIMENTOS CLÍNICOS – FASE 2
Após prova, verificação de estabilidade e posicionamen-
to do guia no modelo impresso (utilizando os mesmos 
hardwares, softwares e insumos anteriores para con-
fecção do guia cirúrgico) (figuras 16A-C) e na paciente 
(figuras 17A-E), optou-se pela realização das reduções 
localizadas com uma ponta diamantada esférica de pe-
queno diâmetro (801.FGXL.010 - JOTA AG - Suíça). 
A mesma foi posicionada paralelamente à superfície 
vestibular a fim de proporcionar a redução de metade de 
sua parte ativa tendo sua haste como delimitadora.25 A 
redução obtida nessas áreas foi de 0,4mm, que se apre-
sentou suficiente para a instalação do mock-up em re-
sina bisacrílica sem nenhum tipo de falha ou perfuração 
no mesmo. Caso alguma falha tivesse sido presenciada 
durante a prova, pontas esféricas de diâmetros maiores 
teriam sido utilizadas de forma escalonada até que uma 
dimensão mínima de espaço pudesse ser obtida para o 
preenchimento do mock-up.
13. Desenho da placa de Michigan no software inLab 18 sobre o modelo restaurador final obtido no software exocad.
14. Sobreposição do modelo restaurador final sobre o modelo pós-
-cirúrgico no software exocad para verificação de possíveis áreas de 
ajuste volumétrico.
15. Importação da placa de Michigan no software exocad e fenestra-
ção das áreas correlatas ao ajuste de volume necessário.
16. A-C. Guia de preparo impresso (A). Verificação da adaptação no modelo impresso – detalhe nos elementos 13 e 23 (B,C).
a b c
29
Após aprovação do mock-up pós-redução guiada 
(figuras 18A-D), o mesmo foi removido para reali-
zação de condicionamento e hibridização das su-
perfícies dentárias dos elementos envolvidos para a 
instalação da simulação adesiva final com o objetivo 
de guiar os preparos dentários.
O plano de tratamento inicialconsistiu de facetas 
cerâmicas nos elementos 13, 11, 21, 22 e 23. Já 
no elemento 12 foi indicada coroa total cerâmica. 
Posteriormente às reduções iniciais, verificou-se 
a necessidade de remoção de restaurações em 
compósito antigas e insatisfatórias nos elementos 
17. A-E. Guia instalado na paciente, áreas delimitadas e reduções realizadas (A). Detalhes ampliados das reduções realizadas com o guia nos 
elementos 13 e 23 (B,C). Detalhes das reduções executadas após a remoção do guia (D,E).
12, 11 e 22. Assim foi indicada a instalação de um 
retentor intrarradicular fibro-resinoso no ele-
mento 12 e o elemento 11 teve sua indicação res-
tauradora modificada devido à grande extensão de 
restaurações em compósito presentes, sendo en-
tão realizado o preparo para coroa total. Por fim, 
no elemento 22 que se constituía em um dente 
conoide como o 12 e apresentava vitalidade, foi 
realizada a remoção de restaurações de resina 
composta deficientes e preparo para faceta com 
a maior extensão possível para que o design res-
taurador no software fosse viabilizado (figura 19).
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ANÁLISE CRÍTICA DO 
GUIA SUBTRATIVO
Apesar do método proposto acima ser capaz de es-
tabelecer áreas de correção para instalação do mo-
ck-up, minimizando desgastes desnecessários e ale-
atórios, o cálculo da redução em profundidade ainda 
não pôde ser obtido, o que seria altamente desejável. 
Atualmente, essa interação entre softwares permite 
que somente distâncias entre os bordos das fenestra-
ções do guia de preparo sejam mensuradas (figuras 
20A-D); assim, concerne ao profissional o escalona-
mento da profundidade de desgaste que irá propiciar 
um volume mínimo a ser ocupado pelo mock-up ade-
sivo para o estabelecimento do preparo guiado em 
cada elemento dentário indicado.
18. A-D. Mock-up instalado (A). Detalhes de áreas reduzidas e preenchidas por resina bisacrílica nos elementos 13 e 23 (setas). Nota-se o aspecto 
mais escuro e delimitado condizente com os ajustes realizados através do guia (B,C), Detalhe da textura obtida com o mock-up finalizado (D).
19. Preparos finalizados com afastamento gengival.
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01CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com todos os avanços tecnológicos, a capacida-
de do profissional para realizar o atendimento ao paciente 
ainda é fundamental e avanços simples também podem 
melhorar drasticamente seu desempenho. Na temática 
de preparos dentários, deve-se considerar a qualidade 
dos instrumentos rotatórios, pontas diamantadas e bro-
cas, acessórios para acabamento e visualização do cam-
po operatório, além de instrumentos piezoelétricos. Esse 
estabelecimento e essa seleção de arsenal são um dos 
passos mais importantes na prática diária visando uma 
melhoria na sistemática de trabalho. Quando ferramentas 
tradicionais e inovações tecnológicas são combinadas, 
realiza-se um melhor atendimento ao paciente67, afinal o 
sistema CEREC é uma ferramenta ímpar, mas não “exer-
ce” a Odontologia para ninguém.
A fim de se manter o nível de frustração o mais baixo 
possível, há de se dedicar tempo para tarefa tão meti-
culosa. Alguns fundamentos básicos permanecem os 
mesmos, porém, apesar da ilusão da simplificação em 
preparos para CAD/CAM, o senso crítico pode ser 
cada vez mais despertado devido à possibilidade de vi-
sualização e análise diferenciada no sistema CEREC. 
A utilização de tais fundamentos permite ao profis-
sional investir seu tempo de forma mais produtiva, 
sem perder tempo procurando margens inexistentes 
ou procurar descobrir o que ocorreu em uma situa-
ção de redução incisal/oclusal insuficiente.68
AGRADECIMENTOS
A Fernando Peixoto Soares pela execução da ci-
rurgia periodontal guiada. A Ricardo Kimura e 
Domingos Facioli Júnior pelo suporte laboratorial 
envolvendo planejamento, simulações por softwa-
res e impressão de modelos e guias.
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and aesthetic comparison of metal-ceramic and all-ceramic 
posterior three-unit fixed dental prostheses. Int J Prosthodont 
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Influence of core buildup material on the fatigue strength of an ce-
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Colour pa- rameters and shade correspondence of CAD-CAM 
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Measurement of J- integral in CAD/CAM dental ceramics and 
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07. Sannino G, Germano F, Arcuri L, Bigelli E, Arcuri C, 
Barlattani A. Cerec CAD/CAM chairside system. Oral Implantol 
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08. Callegari A, Chediek W. Beleza do Sorriso - Especialidade em 
Foco. Editora Napoleão 2014;495p.246-287.
20. A-D. Detalhe da análise e mensuração realizada no momento do desenho do guia de preparo no software Exocad. Medições de áreas 
vestibulares cérvico-medial e médio-incisal, respectivamente, no elemento 13 (A,B). Medições de altura e largura em área vestibular mé-
dio-incisal no elemento 23 (C,D).
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