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Larissa Gusmão Guimarães| Tutoria (P6) 1 Definição Desordem autossômica dominante em 80% dos casos e recessiva nos outros 20%. Trata-se da denominação de um grande grupo de anemias hemolíticas caracterizada pela forma esférica dos eritrócitos. A frequência da forma típica é 1:2.000/5.000 nascimentos, mas assintomáticos e formas leves podem ser 1% da população. Etiopatogenia Defeito primário é a perda da área de superfície da membrana em relação ao volume intracelular com formação de esferócitos, redução da deformabilidade das hemácias e predisposição ao aprisionamento esplênico. A diminuição de superfície relaciona-se com a gravidade da hemólise. As anormalidades bioquímicas relacionadas podem ser divididas em 4 categorias: 1. deficiência isolada de espectrina; 2. deficiência combinada de espectrina e anquirina; 3. deficiência de banda 3; 4. deficiência de proteína 4.2. O sequestro e a destruição esplênica da maioria dos eritrócitos devem-se ao baixo pH plasmático na circulação do baço, comprometendo a deformabilidade dessas células, assim como o prolongado contato das hemácias com macrófagos esplênicos que podem conduzir a alterações adicionais na membrana eritrocitária. Manifestações clínicas O principal problema no diagnóstico da EsH é sua heterogeneidade clínica e as manifestações clínicas diferem até no período neonatal comparado à vida adulta. Traço: Portadores assintomáticos apresentam discretas alterações laboratoriais que dificultam o diagnóstico. Pode ser observado discreto aumento da fragilidade osmótica em hemácias incubadas, leve reticulocitose ou diminição dos níveis de haptoglobina. Formas leves e moderadas (ou típicas): mais frequentes e podem cursar com hemólise compensada. Nos adultos os sinais de esplenomegalia ou colelitíase tornam-se mais evidentes. Icterícia com episódios de agravamento durante infecções são comuns. Nas leves: esplenomegalia, icterícia e evidência laboratorial de destruição acelerada das hemácias podem ser mínimas ou ausentes, e apenas a fragilidade osmótica de hemácias incubadas encontra-se alterada. Formas moderadamente grave e grave ocorrem em menos de 10% dos casos. Quanto à transmissão genética, pode ser a. Dominante: mais comum, evolução clínica variável e, em geral, a resposta à esplenectomia é favorável. b. Recessivo ou mutações de novo: EsH típica ou leve, decorrente da herança de alelos que, em heterozigoze, não cursam com manifestação clínica. Há também descrição de herança recessiva com anemia hemolítica grave, dependente de transfusão e apenas parcialmente corrigida por esplenectomia. As hemácias desses pacientes são gravemente deficientes de espectrina. Larissa Gusmão Guimarães| Tutoria (P6) 2 EsH em neonatos: 50% dos pacientes com esferocitose hereditária apresentam icterícia neonatal e necessitam de fototerapia ou, mais raramente, exsanguinotransfusão. Diagnóstico 30% não apresentam, no sangue periférico, microesferócitos típicos. Raramente pode-se ver hemácias de contorno irregular, células pinçadas, acantócitos ou hemácias fragmentadas. A concentração de hemoglobina corpuscular média é > 36% em mais de 50% dos pacientes. Hemácias densas podem ser facilmente detectadas por ectacitometria. O teste de fragilidade osmótica (ou resistência globular osmótica-RGO) permanece o principal teste diagnóstico. O teste com hemácias incubadas é o mais sensível para diagnóstico. O teste da lise pelo glicerol acidificado e o Pink teste têm sido utilizados, com sucesso, para rastreio. Nos casos em que não se encontra um padrão familiar, o diagnóstico pode ser difícil. Afastar autoimunidade com teste de Coombs é mandatário. Além disso, investigar deficiência de proteínas de membrana, polimorfismos gênicos por biologia molecular e até sequenciamento gênico podem se justificar.