Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 1/70 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses Prof.ª Patricia Fernanda Rosa de Siqueira Descrição Diagnóstico laboratorial e clínico das hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses. Propósito Compreender os aspectos laboratoriais das hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses auxiliará na interpretação diferencial dos exames laboratoriais de pacientes com anemias. Preparação Acesse um dicionário médico on-line para consultar as doenças relatadas neste conteúdo. Objetivos Módulo 1 Hemoglobinopatias: doença falciforme 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 2/70 Descrever as hemoglobinopatias e as características laboratoriais da doença falciforme. Módulo 2 Talassemias e hemoparasitoses Descrever as talassemias, as hemoparasitoses e o diagnóstico laboratorial dessas doenças. Módulo 3 Anemias hemolíticas Reconhecer as anemias hemolíticas e os métodos laboratoriais empregados no diagnóstico. Introdução A anemia é caracterizada pela diminuição dos níveis de hemoglobina, podendo ou não estar acompanhada da diminuição da contagem global de eritrócitos e causando diferentes manifestações clínicas. As anemias são causadas por vários fatores: a carência alimentar gera as anemias microcíticas, enquanto a anemia por deficiência de ferro ou a macrocítica é causada por uma deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. Entretanto, as anemias também podem ser ocasionadas pela associação com outras doenças, como, por exemplo, neoplasias, doença renal crônica e defeitos genéticos que modificam qualitativamente a síntese de hemoglobinas, caso da anemia falciforme, e/ou quantitativamente, como acontece nas 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 3/70 talassemias. Ocorrem ainda alterações em enzimas importantes, como a deficiência na enzima G6DP (necessária para a detoxificação dos agentes oxidantes produzidos pelo estresse oxidativo metabólico nos eritrócitos), além da modificação de proteínas que são componentes da membrana eritrocitária, o que ocorre na esferocitose. Além disso, outras alterações provocam a destruição dos eritrócitos. Entre elas, destacamos lesão mecânica, medicamentos, anticorpos e doenças parasitárias, como a malária. Ao longo deste conteúdo, estudaremos as características, as manifestações clínicas e o diagnóstico laboratorial das hemoglobinopatias (doença falciforme e talassemias) e das hemoparasitoses, assim como da anemia hemolítica. 1 - Hemoglobinopatias: doença falciforme Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever as hemoglobinopatias e as características laboratoriais da doença falciforme. Hemoglobina 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 4/70 Cadeias globínicas A molécula de hemoglobina é composta por duas cadeias globínicas do tipo alfa e duas do tipo beta, formando um tetrâmero. Entretanto, essa composição não é encontrada durante a vida embrionária e o período fetal. Mas como isso é possível? A produção das cadeias globínicas que compõem a hemoglobina depende da expressão de genes organizados em dois agrupamentos: Agrupamento alfa (α) Localizado no cromossomo 16, que contém os genes responsáveis pela produção das cadeias α da hemoglobina do adulto e das cadeias zeta (ζ), uma globina do período embrionário. Agrupamento beta (β) Encontrado no cromossomo 11, que engloba o gene épsilon (ε), o gama (γ) e os genes beta (β) e delta (δ). Na imagem a seguir, podemos ver detalhadamente a localização dos genes nesses agrupamentos: Localização dos genes responsáveis pela síntese das cadeias globínicas nos cromossomos 11 e 16. Durante as fases embrionária, fetal e pós-nascimento, ocorre a expressão de diferentes genes nos agrupamentos da α-globina e da β- globina. O padrão de expressão desses genes nos agrupamentos sofre alterações de acordo com o estágio de desenvolvimento do indivíduo, como podemos observar a seguir: 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 5/70 Fase do desenvolvimento Hemoglobinas produzidas Embrionária Gower -1 (ζ2ε2) Portland (ζ2γ2) Gower-2 (α2ε2) Fetal Fetal (α2γ2) – 90 a 100 % HbA e HbA2 – começam a ser produzidas em quantidades até o nascimento Pós-nascimento (após 6 meses de vida) A (α2β2) – 96 a 98% A2 (α2δ2) – 2 a 4% Fetal (α2γ2) – 0 a 1% Quadro - Perfil de hemoglobinas produzidas em cada fase do desenvolvimento humano. Patricia Fernanda Rosa de Siqueira Após o nascimento, a hemoglobina fetal é gradativamente substituída pela HbA e pela HbA2. A hemoglobina A é a predominante no perfil de hemoglobinas normais; assim, seus parâmetros moleculares, genéticos e físico-químicos são usados para a comparação com hemoglobinas variantes (HbS, HbC, hemoglobinas instáveis etc.) e outras normais (Hb embrionárias, HbA2 e Hb fetal). Quando ocorrem mutações, deleções, inserções ou qualquer alteração na estrutura dos genes responsáveis pela síntese das hemoglobinas normais, a produção de hemoglobina pode ser alterada. A hemoglobina S, por exemplo, é produzida quando há uma substituição do ácido glutâmico da posição 6 da cadeia polipeptídica da B-globina por uma valina devido à troca da base nitrogenada adenina (A) pela timina (T), como podemos ver na comparação adiante. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 6/70 Normal Mutação pontual (missense) Introdução às hemoglobinopatias As hemoglobinopatias são condições relacionadas a modificações genéticas que podem afetar a síntese das hemoglobinas de duas formas: Qualitativamente Ocorre com a produção de hemoglobinas que possuem diferenças estruturais na comparação com a HbA. Exemplo: anemia falciforme. Quantitativamente Quando as alterações em genes provocam a diminuição da produção de uma das cadeias globínicas. Exemplo: talassemias. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 7/70 Principais hemoglobinopatias Conheceremos agora mais detalhes sobre as principais hemoglobinopatias variantes que causam alterações qualitativas na produção da hemoglobina. Em geral, as hemoglobinas variantes são produzidas devido a trocas na sequência de nucleotídeos que provocam substituições de aminoácidos na cadeia polipeptídica da globina correspondente. Essas variações alteram a estrutura da hemoglobina e suas propriedades físico- químicas, como está exemplificado a seguir: Hemoglobinopatia Alteração proteica Local de alteraç HbS (βs) Ac. Glut > Val 6a posição β globina HbC (βc) Ac. Glut > Lis 6a posição β globina HbD (βd) Ac. Glut > Gli 121a posição β globina HbE (βe) Ac. Glut > Lis 26a posição β globina HbO (βo) Ac. Glut > Lis 121a posição β globina Quadro - Hemoglobinas variantes e suas respectivas alterações proteicas em relação à HbA. Adaptado de: OLIVEIRA, 2007, p. 268. Nem todas as hemoglobinas que apresentam variações estruturais provocam alterações clínicas e/ou laboratoriais significantes. Existem atualmente mais de mil hemoglobinas variantes descritas que podem ser classificadas em grupos distintos de acordo com o desfecho causado pela sua alteração estrutural. Veja alguns exemplos: 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 8/70 Classificação da alteração estruturalCaracterísticas Exemplos Hemoglobinas de agregação As hemoglobinas formam cristais no interior dos eritrócitos. HbS e HbC Hemoglobinas instáveis Graus variáveis de manifestações clínicas e hematológicas. Hb Hirosaki, Hb Moscova, Hb Guantanamo Hemoglobinas com alterações funcionais Provocam alteração de afinidade da hemoglobina pelo oxigênio (aumento ou diminuição). Pode haver eritrocitose, anemia hemolítica ou produção de meta- hemoglobina. Hb Kansas, Hb M Saskatoon, Hb Hiroshima Hemoglobinas sem alterações fisiológicas Constituem a maioria das hemoglobinas variantes. Hb F Texas, HbB Hemoglobinas com fenótipos talassêmicos Fenótipo de talassemia menor. Hb Fort Worth, H Tangariki Quadro - Hemoglobinas variantes e suas características. Patricia Fernanda Rosa de Siqueira As variantes de hemoglobinas mais comuns e mais importantes incluem as hemoglobinas E, S, C e algumas talassemias. Você já ouviu falar do teste do pezinho? 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 9/70 Instituído no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2001, esse teste é conhecido como Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Ele deve ser realizado entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido a partir da coleta de sangue do pé do bebê. Atualmente, são investigadas seis doenças genéticas ou congênitas, incluindo as hemoglobinopatias (mais frequentemente, as doenças falciformes). Seu objetivo é identificar os portadores de doenças, as quais, se não forem tratadas precocemente, poderão comprometer o desenvolvimento das crianças. Saiba mais Em 2021, foi sancionada a Lei n° 14.154, que ampliou o número de doenças investigadas no PNTN. O estudo mais abrangente será implementado de forma escalonada e passará a contemplar 14 grupos de doenças. Quer saber mais sobre o teste do pezinho? Não perca o vídeo a seguir! Triagem neonatal - teste do pezinho A especialista Patricia Fernanda Rosa de Siqueira fala sobre abordagem diagnóstica precoce das hemoglobinopatias. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 10/70 Doenças falciformes As doenças falciformes são caracterizadas pela produção da hemoglobina S (HbS). A mutação que origina essa produção pode ser transmitida aos descendentes. Caso essa mutação seja herdada do pai e da mãe, o indivíduo será homozigoto para o gene da HbS (padrão HbSS), característico da anemia falciforme. Caso a herança venha somente do pai ou apenas da mãe, ele possuirá o traço falcêmico, pois será heterozigoto para o gene da HbS (padrão HbAS), não apresentando, em geral, um sintoma relacionado à falcização dos eritrócitos. Ao nascer, o bebê possui grande percentual de hemoglobina fetal (HbF), que tem alta afinidade com o oxigênio e o protege de episódios de falcização. O percentual da HbF diminui até os 6 meses de idade. Essa fase costuma ser característica do início do aparecimento dos primeiros sintomas, já que os eritrócitos com HbS em baixas tensões de oxigênio sofrem uma deformação e adquirem formato de foice (falcização ou afoiçamento). 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 11/70 Hemácia normal e hemácia falciforme. Além disso, as moléculas de HbS, quando desoxigenadas, sofrem agregação em longos polímeros e tornam o eritrócito rígido, sem a maleabilidade característica do eritrócito que possui a HbA em seu interior. Isso dificulta a movimentação dessas células na circulação, pois são mais rígidas e facilmente agregáveis, podendo bloquear a passagem do sangue em vasos sanguíneos da microcirculação. Quando isso ocorre, o paciente pode sofrer com crises álgicas, infecções e danos crônicos em diversos órgãos. Na sequência, demonstraremos tal processo de comprometimento da circulação sanguínea: 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 12/70 Circulação com eritrócitos normais. Circulação com eritrócitos falciformes. A anemia decorrente da doença falciforme é resultado dos episódios de afoiçamento que, ao longo do tempo, promovem um dano irreversível na membrana do eritrócito e sua destruição (hemólise). As doenças falciformes são muito complexas, havendo diversas 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 13/70 intercorrências. Por conta disso, elas necessitam de tratamento e acompanhamento contínuos. Nesse processo, a qualidade de vida do paciente é comprometida não só no âmbito da saúde física, mas também no contexto social, que envolve educação, emprego e interações sociais. Entre as doenças falciformes, há duplos heterozigotos para hemoglobinas distintas, como HbS e HbC, embora a HbS esteja sempre presente nessa combinação. Doença falciforme com dupla heterozigose para HbS e HbC – célula falciforme e diversos eritrócitos em alvo. Existem também associações entre as talassemias e a HbS. Os diferentes genótipos das doenças falciformes estão relacionados aos variados quadros clínicos e aos distintos perfis de distribuição das hemoglobinas, como podemos observar adiante: Interações VGM % HbS AS Normal 35–38 SS Normal 88–93 S/β0-talassemia Diminuído 88–93 S/β+-talassemia Diminuído 50–93 S / PHHF Normal 65–80 AS / α+-talassemia Normal/ Diminuído 28–35 AS / α0-talassemia Diminuído 20–30 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 14/70 Interações VGM % HbS SS / α talassemia Normal/ Diminuído 88–93 Quadro - Perfil de hemoglobinas e do VGM nas doenças falciformes em adultos. LEWIS; BAIN; BATES, 2006, p. 227. Diagnóstico laboratorial das doenças falciformes Cromatogra�a líquida de alta e�ciência (CLAE) O principal teste diagnóstico das doenças falciformes é a análise do perfil de hemoglobinas. Essa pesquisa pode ser feita a partir da técnica de CLAE, que identifica as hemoglobinas de acordo com o tempo que elas levam para serem eluídas da coluna cromatográfica e, ao mesmo tempo, permite quantificá-las. Exemplo esquemático de separação de uma mistura de hemoglobinas usando CLAE. Podemos observar a seguir os resultados da CLAE de um indivíduo heterozigoto para HbS e de outro com o padrão de normalidade (qualitativo e quantitativo) das hemoglobinas (HbA, HbA2 e HbF). 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 15/70 CLAE de um indivíduo heterozigoto para HbS. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 16/70 CLAE de um indivíduo com o padrão de normalidade de HbAA. Eletroforese de hemoglobina A CLAE é uma técnica muito eficiente e precisa. No entanto, recomenda- se confirmar o resultado obtido por ela utilizando as eletroforeses de hemoglobinas nos meios alcalino e ácido. Isso é necessário por haver hemoglobinas que podem se sobrepor nas frações eluídas na CLAE. As eletroforeses auxiliam a identificação qualitativa das hemoglobinas. Adiante, podemos compreender melhor a diferença entre as eletroforeses alcalina e ácida e observar a representação das posições das hemoglobinas nas eletroforeses nos meios alcalino e ácido. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 17/70 Eletroforese alcalina No meio alcalino, a HbS move-se eletricamente de forma mais lenta que a HbA, pois a mudança do ácido glutâmico para a valina na posição 6 da cadeia da B-globinaprovoca uma mudança de carga elétrica em relação à HbA, tornando-a menos negativa. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 18/70 Eletroforese ácida A eletroforese em meio ácido faz com que possamos distinguir a HbS da HbD, pois ambas correm na mesma posição na eletroforese em meio alcalino. Além disso, essa metodologia nos permite diferenciar a HbS de outras hemoglobinas variantes que migram na mesma posição na eletroforese em meio alcalino. Sempre que um bebê é identificado com alguma hemoglobina variante, a recomendação é que seus pais também realizem a investigação do perfil de hemoglobina para conhecerem a possibilidade de transmissão a outros filhos de genes possivelmente relacionados a hemoglobinopatias. Hemograma 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 19/70 No hemograma, os achados mais característicos de pacientes com doenças falciformes são: Níveis baixos de hemoglobina; Eritrócitos normocíticos e normocrômicos na anemia falciforme e microcíticos quando há uma interação da HbS com talassemia; Exibição por hematoscopia de eritrócitos em forma de foice (falciforme) e de alvo, assim como em outras formas: anisocitose, policromasia, corpos de Howell-Jolly, pontilhados basófilos e eritroblastos; Contagem de reticulócitos (geralmente aumentada devido à hemólise intensa); Pesquisa de HbH na coloração de reticulócitos (quando presente, estabelece interação do genótipo de HbS e alfa-talassemia). Esta imagem apresenta uma amostra de paciente com hemácias falciformes: Hemácias falciformes — hemoglobina S . Exames de bioquímica Na avaliação bioquímica, consideramos a: Dosagem de ferritina sérica Como alguns pacientes falciformes costumam receber transfusões de concentrado de eritrócitos, d b d f i 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 20/70 Teste de falcização O teste de falcização (ou afoiçamento) é positivo quando há presença de HbS, mesmo em heterozigose. Falando em testes de falcização, você sabe como eles são feitos? Os eritrócitos são submetidos a uma droga redutora, o ditionito de sódio, que promove a desoxigenação da hemoglobina. Na presença da HbS, observa-se a falcização de eritrócitos ao microscópio em um microambiente formado entre lâmina e lamínula. Trata-se de um teste qualitativo que não apresenta boa sensibilidade e reprodutibilidade nem permite a identificação das associações genéticas da HbS. pode ocorrer uma sobrecarga de ferro; assim, os níveis de ferritina podem estar elevados. Dosagem de bilirrubina A hemólise contribui para a elevação da concentração de bilirrubina indireta. Dosagem de ácido úrico Pode estar elevado devido à hemólise. Dosagem de lactato desidrogenase (LDH) É um sensível marcador para crises hemolíticas, pois é encontrada em músculos, fígado, rins e eritrócitos. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 21/70 Teste de falcização em lâmina. Teste de solubilidade Em solução hipertônica contendo ditionito de sódio, o agente redutor, a HbS, é menos solúvel que a HbA. Submetendo o sangue do paciente a essa solução, a turvação da solução indica a presença da HbS. A hemoglobina C Harlem também apresenta teste de solubilidade positivo. Trata-se de um teste qualitativo que apresenta baixa reprodutibilidade. Diagnóstico das outras hemoglobinopatias variantes Conhecemos a doença falciforme, mas vimos que existem outras hemoglobinas variantes. As hemoglobinas C e D são, após a hemoglobina S, algumas das mais frequentes. Mas como podemos identificá-las? Observe adiante um resumo sobre as características clínicas e o diagnóstico diferencial das hemoglobinas C e D. Tipo de hemoglobinopatia Heterozigose HbC (HbAC) Homozigose Hb (HbCC) Manifestações clínicas Portador assintomático Anemia de grau variado (leve a moderada) 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 22/70 Tipo de hemoglobinopatia Heterozigose HbC (HbAC) Homozigose Hb (HbCC) Eletroforese HbC ≠ HbC Harlem (correm na mesma posição na eletroforese, mas HbC Harlem tem teste de solubilidade positivo, é insolúvel) HbC ≠ HbC Harle (correm na mes posição na eletroforese, ma HbC Harlem tem teste de solubilidade positivo, é insolúvel) Teste de solubilidade Normal Normal Sangue periférico/ teste de afoiçamento Eritrócitos em alvo em quantidade variável Eritrócitos em a e cristais de HbC Quadro - Outras hemoglobinas variantes mais frequentes. Patricia Fernanda Rosa de Siqueira Veja agora um exemplo de eritrócitos em alvo: Numerosos eritrócitos em alvo – homozigoto para hemoglobina C. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 23/70 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Vimos que as doenças falciformes são muito complexas; com diversas intercorrências, elas demandam tratamento e acompanhamento contínuos. A qualidade de vida do paciente é 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 24/70 comprometida não só no âmbito da saúde física, mas também no contexto social, que envolve educação, emprego e interações sociais. Sobre essas doenças, analise as afirmativas a seguir: I. A hemoglobina S, quando desoxigenada, sofre agregação em polímeros que tornam rígido o eritrócito e fazem com que ele adquira a forma de foice. II. Um indivíduo produz apenas um tipo de hemoglobina variante. III. Os eritrócitos falciformes prejudicam o fluxo sanguíneo nos pequenos vasos e provocam danos em diversos órgãos e tecidos. É correto o que se afirma em: Parabéns! A alternativa B está correta. Entre as doenças falciformes, existem duplos heterozigotos para hemoglobinas distintas, embora a HbS esteja sempre presente nessa combinação. Também há associações entre talassemias e a HbS. Questão 2 Vimos que a CLAE é uma técnica muito eficiente e precisa, mas devemos confirmar o resultado obtido pela eletroforese de hemoglobinas. Sobre a eletroforese, assinale a alternativa correta. A I e II B I e III C I D II e III E II A A eletroforese deve ser feita, pois existem hemoglobinas que podem ter frações eluídas juntas 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 25/70 Parabéns! A alternativa A está correta. Na CLAE, há frações que podem se sobrepor; por isso, a eletroforese tem de ser feita como exame confirmatório, podendo ser realizada nos meios alcalino e ácido. No meio ácido, é possível distinguir a HbS da HbD e diferenciar a HbS de outras hemoglobinas variantes. No meio alcalino, essas hemoglobinas migram na mesma posição. Já a HbS, nesse meio, move-se eletricamente de forma mais lenta que a HbA. Por fim, consegue-se verificar a HbF tanto no meio ácido como no alcalino. pela CLAE. B No meio alcalino, a HbS move-se eletricamente de forma mais rápida que a HbA. C A eletroforese em meio alcalino nos permite distinguir a HbS da HbD. D A eletroforese em meio ácido nos permite determinar HbF, fração que não é vista em meio alcalino. E A eletroforese em meio alcalino diferencia a HbS de outras hemoglobinas variantes que migram na mesma posição na eletroforese em meio alcalino. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html#26/70 2 - Talassemias e hemoparasitoses Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever as talassemias, as hemoparasitoses e o diagnóstico laboratorial dessas doenças. Hemoglobinopatias: talassemias Conceitos e classi�cações das talassemias Nas talassemias, ocorre a produção desequilibrada das cadeias alfa e das cadeias não alfa devido à ausência ou à diminuição da síntese de uma ou mais cadeias globínicas. O excesso de produção de uma dessas cadeias se acumula nas células como um produto instável e precipita, causando alterações na membrana do eritrócito que levam à destruição prematura das células. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 27/70 As talassemias são classificadas em α, β, γ, δ, δβ e γδβ de acordo com a cadeia que tem sua produção alterada. As mais frequentes são as α e β talassemias, que se apresentam como anemias microcíticas e hipocrômicas em razão da produção inadequada de hemoglobina. Atenção! O desequilíbrio na produção das cadeias globínicas causa eritropoiese ineficaz, produção insuficiente de hemoglobina, hemólise e anemia em grau variável. As manifestações clínicas variam da microcitose assintomática até a anemia extrema, que, incompatível com a vida, pode causar morte intrauterina. Alfa-talassemia Como já aprendemos, existem dois genes α em cada cromossomo 16. A α-talassemia pode ser causada pela deleção de um ou de ambos os genes da α-globina situados em cada um desses cromossomos. αα/αα Genótipo normal de um indivíduo quando os quatro genes α são funcionais. As alterações nesses genes podem gerar a diminuição ou a total falta da produção de cadeias α-globínicas. α+-talassemia 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 28/70 Quando um dos genes α do alelo está envolvido na redução da síntese das cadeias α-globínicas. α°-talassemia Quando os dois genes α do mesmo alelo não estão funcionais e não há produção de cadeias α-globínicas. O fenótipo da α-talassemia depende do número de genes α afetados e do tipo de mutação que ocorre neles. Veja as diferentes possibilidades a seguir (em que αTα é o gene alfa inativo devido à mutação pontual e -α, o gene alfa inativo devido à uma deleção). Tipo Defeito genético Fenótipo α+-talassemia (heterozigoto - portador silencioso) (-α/αα) ou (αα/αTα) Alterações hematológicas mínimas ou ausentes α+-talassemia (homozigoto - traço talassêmico) (-α/-α) ou (αTα/αTα) Microcitose e hipocromia discretas α0-talassemia (heterozigoto - traço talassêmico) (--/αα) Microcitose e hipocromia discretas Interação α0- talassemia e α+- talassemia (doença da HbH) (--/-α) ou (--/αTα) Anemia hemolít moderada, microcitose e hipocromia moderadas, inclusões de Hb anisopoiquilocit e reticulocitose α0-talassemia (homozigoto - hidropisia fetal) (--/--) Morte fetal ou intrauterina, ane severa incompa com a vida, 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 29/70 Tipo Defeito genético Fenótipo anisopoiquilocit e eritroblastose Quadro - Fenótipo da α-talassemia de acordo com o número de genes α afetados e o tipo de mutação. Patricia Fernanda Rosa de Siqueira Beta-talassemia Cada cromossomo 11 possui um gene β, que é responsável pela síntese de uma cadeia β-globínica. Nas β-talassemias, ocorrem substituições de bases em éxons, íntrons ou regiões promotoras dos genes β. O defeito em um gene β resulta na β-talassemia traço ou minor com anemia microcítica discreta e indivíduos assintomáticos. Quando os dois genes não são funcionais, o paciente apresenta β-talassemia maior e o diagnóstico se faz logo após o nascimento. Existe ainda a possibilidade de haver um grau intermediário de atividade do gene da β- globina, produzindo o fenótipo de β-talassemia intermédia. Observe adiante algumas características laboratoriais dos pacientes com β-talassemia que permitem uma correlação com o nível de acometimento dos genes β: Beta-talassemia menor Heterozigose simples para β+ (β+/ β) ou β° (β°/ β) 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 30/70 VGM: 55,0–68,0fL RDW: Normal ou elevado Concentração de Hb: 9,8–12,0g/dL (mulheres) e 10,5–14,5g/dL (homens) Número de eritrócitos: Aumentado HbA: Presente HBA2: 4–8% HbF: 0–5% Beta-talassemia maior Homozigose para β+ (β+/ β+) ou dupla heterozigose (β+/ β°) VGM: < 65,0fL RDW: Elevado Concentração de Hb: 6,0–9,0g/dL Número de eritrócitos: Aumentado HbA: Bastante diminuída, mas presente HBA2: 4–8% HbF: 50–90% Beta-talassemia maior Homozigose para (β°/ β°) VGM: < 60,0fL RDW: Elevado ou muito elevado Concentração de Hb: 3,0–7,0g/dL (dependente de transfusão) Número de eritrócitos: aumentado HbA: Ausente 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 31/70 HBA2: Elevada HbF: 95–100% Dependendo do grau de acometimento dos genes β, o paciente pode apresentar hepatoesplenomegalia, crescimento deficiente, hiperplasia maxilar (causada por deformação óssea devido à hiperplasia eritroide da medula óssea) e anemia dependente de transfusão. Diagnóstico laboratorial das talassemias Análise do per�l de hemoglobinas O acúmulo e a formação de agregados instáveis das cadeias globínicas excedentes causam a destruição prematura de eritroblastos na medula óssea (eritropoiese ineficaz), além de propiciarem a hemólise dos eritrócitos no sangue. A análise do perfil de hemoglobinas é feita pela CLAE, que apresenta resultados diferentes entre a α-talassemia e β- talassemia. O excesso de cadeias β ou ϒ leva à formação de hemoglobinas instáveis que precipitam no eritrócito e contribuem para a destruição da célula. No recém-nascido, são identificados tetrâmeros de cadeias globínicas ϒ excedentes que formam a hemoglobina Bart’s. Quando a hemoglobina A passa a ser a predominante, as cadeias globínicas β formam os tetrâmeros, conhecidos como hemoglobina H. Na α-talassemia, é possível identificar em alguns fenótipos a HbH (em crianças ou adultos) ou a Hb Bart’s (em recém-nascidos). O percentual de HbA2 costuma ser próximo a 3%, situando-se dentro da faixa de normalidade (2,0–3,5%). Alfa-talassemia 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 32/70 A principal característica observada é o aumento do percentual de HbA2 (α2δ2), normalmente igual ou superior a 4%. Hemograma e exames de bioquímica Como já aprendemos, as talassemias são anemias microcíticas e hipocrômicas. A investigação inicial dessas anemias começa sempre com a avaliação da cinética de ferro, na qual encontraremos: Dosagem de ferritina sérica: Valores normais a elevados nos casos de talassemias dependentes de transfusão. Avaliação da bioquímica do ferro: Ferro sérico, capacidade total de ligação ao ferro, capacidade latente de ligação ao ferro e índice de saturação de transferrina ‒ valores dentro dos parâmetros de normalidade. Para diferenciar da anemia ferropriva, há outros exames úteis, como a contagem de reticulócitos (% e número absoluto), que pode estar normal ou elevada a depender do nível de comprometimento da produção das cadeias globínicas. Também utilizamos a coloração com azul de cresil brilhante para evidenciar precipitados de HbH intraeritrocitários, que podem ser observados eventualmente nos portadores assintomáticos ou com traço α-talassêmico, sendo mais frequentes na α-talassemia com deleção de três genes α (doença da HbH). Na imagem a seguir, podemos ver os precipitados de HbH em dois eritrócitos (com o aspecto de bolade golfe) sinalizados com setas. Beta-talassemia 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 33/70 Coloração com azul de cresil brilhante para pesquisa de HbH em eritrócitos. Além dos exames já mencionados, também devemos considerar o hemograma e a hematoscopia. Hemograma: Em geral, há um alto número de eritrócitos, cuja anemia varia desde discreta até intensa, que se correlaciona ao número de genes afetado. Hematoscopia: Em pacientes com α-talassemia, os eritrócitos são microcíticos e hipocrômicos, havendo uma poiquilocitose de discreta a intensa. Nos pacientes com β-talassemia, a poiquilocitose costuma ser mais expressiva com células em alvo e dacriócitos (eritrócitos em forma de lágrima). Também podem ser observados: pontilhado basófilo, corpúsculo de Howell-Jolly e policromasia discreta a intensa, dependendo do comprometimento na síntese das cadeias β-globínicas. Hemácias com pontilhado basófilo (seta). Diagnóstico molecular 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 34/70 A análise molecular para a pesquisa das principais deleções relacionadas à alfa-talassemia (-α3,7 e -α4,2) ou às outras deleções permite o diagnóstico diferencial definitivo. Mais à frente, podemos ver a foto de um gel de agarose feita após a reação em cadeia da polimerase (PCR) para investigação da deleção -α3,7 em alguns pacientes e nos controles positivo (com deleção) e negativo (sem deleção). Note o padrão de bandas encontrado em cada uma das amostras observadas. A comparação deve ser feita em relação ao controle negativo (linha 8) e positivo (linha 9). PCR para investigação da deleção -α3,7 para o diagnóstico da α-talassemia. A pesquisa das principais mutações relacionadas à β-talassemia pela análise molecular contribui, por sua vez, para o diagnóstico diferencial definitivo. Entretanto, o diagnóstico é feito clinicamente e por meio de eritrograma e CLAE compatíveis. A investigação dos familiares é sempre recomendada para o melhor esclarecimento do diagnóstico por se tratar de doenças transmitidas hereditariamente. Se você está confuso, fique tranquilo, pois apresentaremos um esquema resumindo a conduta para a investigação laboratorial das talassemias (α ou β). Como você já sabe, a investigação deve começar sempre com a avaliação da cinética do ferro. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 35/70 Conduta para investigação laboratorial da α-talassemia e da β-talassemia. Caso se identifique uma deficiência de ferro, é recomendado fazer a sua reposição e que o paciente seja reavaliado posteriormente. Caso a microcitose e a hipocromia se mantenham após a regularização das reservas de ferro, a indicação é realizar uma investigação para o diagnóstico de talassemia. Diagnóstico laboratorial das talassemias A especialista Gabriela Cardoso explica como é realizado o diagnóstico laboratorial e quais são os achados laboratoriais encontrados nas talassemias alfa e beta, diferenciando os dois tipos de anemias. Hemoparasitoses 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 36/70 A presença de parasitas no interior das hemácias pode ocasionar a hemólise dos eritrócitos, que causa uma anemia hemolítica classificada como não imunológica, pois a lise das hemácias não é ocasionada pelas células do sistema imunológico. As anemias hemolíticas imunológicas (autoimune e aloimunes) serão estudadas mais adiante. O caso mais clássico é o provocado pelas espécies de Plasmodium, agente etiológico da malária. No Brasil, a Região Amazônica tem uma elevada incidência dessa doença, que é potencialmente grave. Ilustração demonstrando a ação do Plasmodium nas hemácias. Plasmodium spp., malária e anemia hemolítica A malária é transmitida pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles sp., que pode introduzir no organismo humano uma das espécies de Plasmodium com capacidade de infectá-lo: P. falciparum, P. ovale, P. vivax e P. malariae. Os casos mais graves costumam se relacionar à infecção por P. falciparum. O protozoário se instala inicialmente nas células da pele e do fígado, onde amadurece e se multiplica. Depois, ele atinge a corrente sanguínea e invade os eritrócitos, degradando a hemoglobina e utilizando os aminoácidos da globina para a síntese de suas proteínas. Ocorre a liberação do grupamento heme da hemoglobina armazenado no eritrócito na forma de hemozoína (pigmento malárico) e ingerido pelos fagócitos - em especial, pelos macrófagos presentes no baço. Desse modo, ocorre a fagocitose e destruição dos eritrócitos e a anemia. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 37/70 Hemozoína – pigmento malárico. Além da febre característica, com calafrios e prostração, esses pacientes podem apresentar hepatoesplenomegalia, icterícia, desidratação e confusão mental. Os ciclos de febre costumam ocorrer diariamente (P. falciparum), a cada 48 horas (P. vivax) ou a cada 72 horas (P. malariae). Aspectos laboratoriais da malária Os aspectos laboratoriais da malária podem ser observados por intermédio destes exames: Hemograma: O grau de anemia é bastante variável, sendo mais grave na infecção por P. falciparum e moderada quando o parasita é o P. vivax ou P. malariae. A trombocitopenia é frequente. Hematoscopia: A avaliação do sangue deve ser feita várias vezes, porque o número de parasitas varia de acordo com o ciclo do protozoário. O maior número de protozoários é observado antes do início da crise. A identificação das hemácias parasitadas no microscópio precisa ser feita cuidadosamente e requer experiência profissional. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 38/70 É possível observar a morfologia variada do parasito: trofozoítos jovens (anéis), trofozoítos ou gametócitos maduros, esquizontes jovens e esquizontes maduros no interior do eritrócito. A pesquisa de parasitas no sangue pode ser feita em esfregaço delgado ou espesso (gota espessa), sendo o método da gota espessa o mais empregado, pois a concentração da gota de sangue no campo microscópico facilita a identificação do parasita. Observe agora a morfologia dos estágios parasitários nos eritrócitos: Morfologia dos estágios parasitários nos eritrócitos. Exames complementares A reticulocitose não costuma ser elevada como em outras anemias hemolíticas, sendo frequente a identificação de hemoglobinúria (hemoglobina na urina). Conseguir identificar o DNA do parasito pelas técnicas de biologia molecular é muito útil; entretanto, tal técnica não é amplamente empregada por apresentar um custo mais elevado. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 39/70 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Nas talassemias, ocorre a produção desequilibrada das cadeias alfa e das cadeias não alfa devido à ausência ou à diminuição da síntese de uma ou mais cadeias globínicas. Elas são classificadas em α, β, γ, δ, δβ e γδβ de acordo com a cadeia que tem sua produção alterada. As mais frequentes são as α e β-talassemias. Sobre a beta-talassemia, assinale a alternativa correta. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 40/70 Parabéns! A alternativa C está correta. As talassemias são caracterizadas pela anemia microcítica hipocrômica com níveisde ferritina normais ou elevados. Embora os outros parâmetros da bioquímica do ferro estejam dentro da normalidade, esses exames são essenciais no momento do diagnóstico diferencial com a anemia ferropriva. Na beta- talassemia, além do aumento de HbA2, não é observada a hemoglobina Hb Bart’s (característica da α-talassemia). Questão 2 Aprendemos que as anemias podem ser ocasionadas por hemólise, gerada, por sua vez, pela presença de parasitas, como, por exemplo, o Plasmodium spp., causador da malária. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a seguir: I. A hematoscopia é o padrão-ouro da técnica em que se observa a presença de parasitas livres na corrente sanguínea. II. A trombocitopenia é frequente. III. O diagnóstico deve ser feito pela identificação do parasito pela hematoscopia e confirmado pela eletroforese. IV. O grau de anemia é bastante variável, sendo ela mais grave na infecção por P. falciparum. A Na CLAE, é possível observar a HbH. B Há um aumento do número de eritrócitos que se apresentam com macrocitose. C Ocorre um aumento da hemoglobina A2. D Na CLAE, verificamos a Hb Bart’s. E Observa-se a dosagem de ferritina e de ferro diminuídos ou normais. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 41/70 É correto o que se afirma em: Parabéns! A alternativa E está correta. As afirmativas II e IV estão corretas. Na hematoscopia, é observada a presença de parasitas no interior das hemácias em diferentes morfologias. São elas os trofozoítos jovens (anéis) e os trofozoítos ou gametócitos maduros, assim como os esquizontes jovens e os maduros. Como a hemólise é ocasionada pela presença do parasita, não é realizada a eletroforese como exame confirmatório de hemoparasitose, uma vez que esse método verifica o tipo de hemoglobina presente no paciente, não havendo, nesse caso, alterações. No entanto, a eletroferese pode ser realizada para excluir outras hemoglobinopatias. A I e II B I e III C I e IV D II e III E II e IV 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 42/70 3 - Anemias hemolíticas Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as anemias hemolíticas e os métodos laboratoriais empregados no diagnóstico. Introdução às anemias hemolíticas Qual é o tempo de vida de um eritrócito? Você se lembra de que a vida média dos eritrócitos em circulação é de aproximadamente 120 dias? Enquanto alguns são destruídos, outros estão sendo produzidos na medula óssea. A destruição dessas células geralmente acontece no interior dos macrófagos do baço, do fígado e da medula óssea. O baço e o fígado são os locais onde mais comumente se detectam defeitos nos eritrócitos, como, por exemplo, corpos de Heinz, corpúsculos de Howell- Jolly, eritrócitos falciformes e vacúolos. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 43/70 Corpúsculos de Howell-Jolly em eritrócitos (setas). O que são as anemias hemolíticas? As anemias hemolíticas são um conjunto de doenças provocadas pela redução da meia-vida dos eritrócitos na circulação. Com isso: A medula óssea tenta compensar a perda acentuada de células. A medula não consegue repor esse quantitativo. Instala-se, com isso, o quadro de anemia. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 44/70 Clinicamente, a destruição excessiva dos eritrócitos no baço e no fígado pode ocasionar esplenomegalia, hepatomegalia e icterícia. Resumiremos adiante alguns importantes marcadores laboratoriais das anemias hemolíticas: Atividade hiperproliferativa da medula óssea - evidenciada pelo aumento do número de reticulócitos no sangue periférico, além da presença de eritroblastos circulantes. Elevação do catabolismo do grupamento heme causado pelo aumento da hemólise - a protoporfirina do heme é convertida em biliverdina, a qual, por sua vez, é transformada em bilirrubina. Nas anemias hemolíticas, acontece o aumento da produção de bilirrubina não conjugada (bilirrubina indireta) no sangue periférico. O aumento da hemólise é também evidenciado pela elevação sérica da enzima lactato desidrogenase, que está normalmente presente nos eritrócitos. A haptoglobina é uma proteína plasmática capaz de se ligar à hemoglobina livre no plasma. Então, quando ocorre a hemólise, grande quantidade de hemoglobina livre liga-se à haptoglobina. O complexo haptoglobina-hemoglobina é catabolizado no fígado, o que diminui a concentração de haptoglobina plasmática. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 45/70 As anemias hemolíticas podem ser adquiridas ou hereditárias, com diferentes causas, são elas: Hereditárias Anemias por defeitos da membrana eritrocitária (esferocitose, eliptocitose e piropoiquilocitose); Anemias por defeitos hereditários da hemoglobina (já abordadas anteriormente); Anemias por defeitos enzimáticos (deficiências de G6PD e de piruvato quinase). Adquiridas Anemia hemolítica autoimune; Anemia hemolítica aloimune; Hemoglobinúria paroxística noturna; Outras causas de anemias hemolíticas. Estudaremos agora um pouco mais sobre essas anemias, lembrando que as anemias hemolíticas por defeitos hereditários da hemoglobina já foram estudadas e, por isso, não serão abordadas nos próximos tópicos. Detecção de hemoglobina na urina (hemoglobinúria) - quando a quantidade de hemoglobina livre na circulação é maior que a capacidade de ligação da haptoglobina, a hemoglobina livre é filtrada nos rins. Caso a quantidade de hemoglobina seja grande, ela será detectada na urina. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 46/70 Anemias hemolíticas hereditárias Anemia hemolítica por defeitos na membrana eritrocitária Essas anemias estão relacionadas a alterações que afetam a forma e a elasticidade para sofrer deformação na circulação capilar. A mais comum delas é a esferocitose hereditária, que está relacionada a alterações em uma ou mais proteínas do citoesqueleto do eritrócito que causam a perda de lipídeos, colesterol e fragmentos da membrana. Gradativamente, o eritrócito sofre perda da sua superfície celular e se transforma em esferócito, que, no baço, pode ser destruído ou fagocitado pelos macrófagos. Mecanismo da hemólise. A apresentação clínica dessas anemias é variável, correlacionando-se à severidade do defeito genético herdado de algum familiar ou gerado por novas mutações. É normal observar uma esplenomegalia e uma discreta icterícia nesses pacientes. Alguns casos têm indicação de esplenectomia (retirada do baço) a fim de diminuir a hemólise excessiva. O esquema adiante relaciona algumas das proteínas constituintes da membrana dos eritrócitos capazes de apresentar alterações que propiciem a destruição precoce das células: 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 47/70 Alterações da membrana eritrocitária. Avaliação laboratorial da esferocitose e eliptocitose Esferocitose hereditária A avaliação é realizada a partir do hemograma, da hematoscopia e da curva de fragilidade osmótica, como podemos verificar a seguir. Hemograma: Anemia normocítica e normocrômica, microcítica ou com dupla população de eritrócitos, CHGM aumentado em 50% dos pacientes e RDW elevado. Hematoscopia: Policromasia devido à reticulocitose. Mesmo nas anemias discretas, observam-se esferócitos em grau variado e ocasionalmente eritroblastos circulantes. Na imagem a seguir, podemosver uma amostra de sangue de paciente com esferocitose: 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 48/70 Anemia hemolítica com microesferócitos, policromasia e eritroblasto no sangue periférico. Existe ainda a avaliação da curva de fragilidade osmótica. Nessa curva, os eritrócitos são expostos a diferentes concentrações de soluções salinas e apresentam maior fragilidade osmótica que os eritrócitos normais. O mesmo teste pode ser realizado com sangue incubado a 37°C durante 24 horas, ou com sangue não incubado. Os esferócitos hemolisam mais em soluções salinas hipotônicas que os eritrócitos normais. Ocorre uma perda de membrana dos esferócitos, que se acentua ao incubar o sangue a 37°C durante 24 horas. A tabela a seguir apresenta os parâmetros utilizados nessa avaliação: Tubo % NaCl Curva não incubada (% de hemólise) 1 0 100 2 0,30 97–100 3 0,35 90–99 4 0,40 50–95 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 49/70 Tubo % NaCl Curva não incubada (% de hemólise) 5 0,45 5–45 6 0,50 0–6 7 0,55 0 8 0,60 0 9 0,65 0 10 0,70 0 11 0,75 0 12 0,85 0 Tabela - Parâmetros de normalidade da porcentagem de eritrócitos hemolisados em diferentes concentrações de NaCl. Patricia Fernanda Rosa de Siqueira Adiante, podemos ver uma representação gráfica de um controle de normalidade e de um paciente com esferocitose hereditária. Note o aumento da fragilidade osmótica dos eritrócitos do paciente. Essas células se rompem mais facilmente em diferentes concentrações de NaCl que os eritrócitos controles. Curva de fragilidade osmótica não incubada. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 50/70 Curva de fragilidade osmótica incubada Eliptocitose hereditária A avaliação das eliptocitoses hereditárias pode ser realizada por meio dos seguintes exames: Hemograma: Anemia normocítica e normocrômica ou microcítica, RDW normal a elevado. Hematoscopia: Revela mais de 25% de eliptócitos. Teste de Fragilidade Osmótica: É normal nos casos leves ou aumentado nos casos severos. A maioria dos pacientes não tem hemólise significativa, sendo assintomáticos. Observe agora uma amostra de paciente com eliptocitose hereditária, e note a presença de eliptócitos (seta): Anemias por defeitos enzimáticos nos eritrócitos 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 51/70 Diversas enzimas têm papel importante no desempenho das funções dos eritrócitos. Algumas delas podem apresentar defeitos genéticos que afetarão o tempo de vida dos eritrócitos, pois participam do ciclo metabólico dessas células. No entanto, somente algumas enzimas possuem importância clínica, sendo a principal delas a enzima glicose 6-fosfato desidrogenase (G6PD), que participa da via das pentoses. A enzima piruvato-quinase (PK), que participa da via de Embden- Meyerhof (via glicolítica), também pode ter sua função afetada. A deficiência da PK causa diminuição do ganho de energia dos eritrócitos, consequentemente reduzindo a vida média deles na circulação. Além dessas enzimas, enumeramos a seguir algumas outras que podem ter a produção comprometida nos eritrócitos: Hexocinase Pirimidina-5-nucleotidase Glicose-fosfato isomerase (GPI) Fosfofrutoquinase (PFK) Triose-fosfato isomerase (TPI) 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 52/70 Fosfoglicerato cinase (PGK) É comum que episódios hemolíticos sejam desencadeados após uma exposição a agentes oxidantes e infecções ou depois da ingestão de favas. Indivíduos com deficiência de G6PD devem evitar o uso de algumas substâncias. Listaremos algumas delas a seguir: Antimicrobianos: Cloranfenicol e ácido nalidíxico. Sulfonas e sulfonamidas: Sulfanilamida e dapsona. Analgésicos: Ácido acetilsalicílico e acetaminofeno. Antimalárico: Primaquina. Outros: Naftalina, vitamina K, ácido ascórbico e azul de metileno. A deficiência da G6PD torna o eritrócito suscetível a agressões oxidativas. Sob estresse oxidativo, formam-se corpos de Heinz derivados da oxidação da hemoglobina. Esses eritrócitos apresentam dificuldade de fluir pela microcirculação do baço, sendo fagocitados por macrófagos e destruídos. Hemácias com corpos de Heinz. A gravidade da deficiência da G6PD e as manifestações clínicas dependem da variante da enzima que o paciente possui. Ele pode ser assintomático, ter episódios de hemólise aguda ou apresentar anemia hemolítica crônica. Recomendação 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 53/70 É importante que também seja realizada uma investigação dos familiares. São doenças detectadas na infância, com quadro de hemólise crônica (anemia, icterícia, esplenomegalia e colelitíase) e algumas vezes com necessidade transfusional. Diagnóstico das anemias por defeitos enzimáticos Em geral, trata-se de anemias hemolíticas normocíticas e normocrômicas que possuem RDW elevado. Eritrócitos de paciente com deficiência da enzima G6PD. Elas apresentam dosagens de bilirrubina indireta e LDH elevadas e baixa dosagem de haptoglobina. O grau de anemia pode ser bastante variado de acordo com o nível de deficiência da enzima. As contagens de reticulócitos são elevadas após episódios hemolíticos, como, por exemplo, o reflexo da hiperatividade da medula óssea para produzir novos eritrócitos. Reticulócitos corados em azul. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 54/70 O diagnóstico diferencial é realizado pela quantificação da atividade enzimática das enzimas eritrocitárias. Inicialmente, são testadas as enzimas G6PD e a PK. O ideal é quantificá-las quando o paciente não está em crise hemolítica. A pesquisa de hemoglobinas instáveis é recomendada, submetendo o material ao calor e ao isopropanol. Na hematoscopia, é comum observar: De�ciência da enzima G6PD (fase hemolítica) Policromasia após episódios hemolíticos, discreto pontilhado basófilo, raros esferócitos e hemácias fragmentadas. De�ciência da enzima piruvato-quinase (PK) Policromasia em graus variados, podem ser observados equinócitos (eritrócitos com espículas). Pesquisa de corpos de Heinz com corante azul de cresil brilhante Positiva, ela ocorre 1 a 2 dias após exposição ao agente oxidante. Recomenda-se realizar o teste de Coombs direto, o qual, no caso desse tipo de anemia hemolítica, é negativo. Esse exame é feito para excluir o diagnóstico de anemia hemolítica autoimune. Anemias hemolíticas adquiridas Hemoglobinúria paroxística noturna A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma doença hemolítica adquirida, podendo ser grave. O defeito surge nas células-tronco hematopoiéticas e provoca uma hemólise intravascular mediada pelo complemento. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 55/70 A HPN é causada por mutações que diminuem a síntese do GPI. Mas o que é o GPI? Resposta O glicosilfosfatidilinositol (ou simplesmente GPI) é responsável por ancorar proteínas, como CD55 e CD59, na superfície dos eritrócitos, os quais, por sua vez, impedem a ação das proteínas do sistema de complemento e, assim, protegem os eritrócitos de serem destruídos pelo complemento. Na HPN, a deficiência do GPI na membrana celular leva à hemólise. Mas como isso ocorre? As proteínas não conseguem se ligar às células afetadas pela HPN. Com isso, a inibição do complementonão é possível, e acaba ocorrendo uma hemólise crônica das células da HPN mediada pelo complemento. Indivíduos com diminuição de eritrócitos, plaquetas e leucócitos conjuntamente que apresentem uma contagem de reticulócitos elevada são candidatos a uma investigação para HPN. A trombose é um achado clínico comum nos pacientes com HPN. Avaliação laboratorial da HPN Para a avaliação laboratorial da HPN, é recomendado fazer os seguintes exames: hemograma, exame de urina (EAS – elementos anormais do sedimento), dosagem sérica de ferro, testes de hemólise e exame para avaliar a deficiência de CD55 e CD59 nos granulócitos e de CD55 nos eritrócitos. Observe adiante os principais achados laboratoriais: Sangue periférico: A anemia pode ser acentuada, com hemoglobina abaixo de 5g/dL e leucopenia. Pode haver trombocitopenia e reticulocitose persistente (leve a moderada). Urina: Pode ocorrer a presença de hemoglobina e de coloração do sedimento urinário com azul da Prússia positiva, evidenciando uma hemossiderina (teste de triagem). Bioquímica: A deficiência de ferro pode ser detectada devido à perda urinária de hemoglobina. Testes de hemólise em sacarose e em soro acidificado (teste de Ham): Os eritrócitos HPN são suscetíveis à hemólise por 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 56/70 complemento. Nesses testes, os eritrócitos HPN sofrem lise na solução teste (em proporções variáveis da população eritroide). Os eritrócitos normais (controles) não são lisados. Investigação de deficiência de CD55 e CD59 nos granulócitos e de CD55 nos eritrócitos pela técnica de citometria de fluxo: É feita a marcação das células com anticorpos anti-CD55 e anti-CD59 ligados a fluorocromos. O anticorpo é direcionado para as proteínas unidas à GPI, que estão diminuídas nos eritrócitos e nos granulócitos do paciente com HPN. É necessário fazer o mesmo teste em paralelo com uma amostra de controle normal para comprovar se a negatividade nas células do paciente é real ou um artefato. Anemias hemolíticas autoimunes A destruição precoce de eritrócitos graças à ação de anticorpos poderá causar anemia caso a medula óssea não consiga responder adequadamente para compensar essa perda celular. As anemias hemolíticas autoimunes (AHAI) ocorrem em razão da fixação de imunoglobulinas formadas no organismo do paciente ou do complemento à membrana dos eritrócitos, destruindo-os precocemente. De acordo com uma classificação laboratorial, existem diferentes apresentações das AHAI. Vamos conhecê-las? AHAI causada por autoanticorpos a quente (IgG) que atuam melhor em temperaturas próximas a 37°C Mais frequente (60 a 70% dos casos), ela pode estar relacionada a alguma outra doença (lúpus eritematoso sistêmico, linfomas etc.). Entretanto, é i d d tâ 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 57/70 Os eritrócitos cobertos por esses autoanticorpos sofrem a ação dos macrófagos do baço, que os destroem ou retêm parte de suas membranas, formando esferócitos. Avaliação laboratorial da AHAI A avaliação laboratorial para a investigação da AHAI é feita a partir dos seguintes exames: Hemograma: Anemia de grau variável (leve a severa) com RDW elevado; em geral, as plaquetas estão em número normal, havendo um discreto aumento de neutrófilos. Hematoscopia: Policromasia pelo aumento do número de reticulócitos e pela presença de esferócitos; no caso de hemólise intensa e anemia severa, podem ser observados eritroblastos e eritrócitos fragmentados. mais comum ocorrer de modo espontâneo (idiopático), sem correlação com outra doença. AHAI causada por autoanticorpos a frio (IgM) �xadores de complemento que funcionam bem entre 5°C e 25°C: Mais comum em pacientes com neoplasias, infecções crônicas e doenças que afetam o colágeno. AHAI causada por autoanticorpos a quente e a frio (mista): Representam 7% a 8% dos casos de AHAI. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 58/70 Esta imagem apresenta a hematoscopia de paciente com AHAI: AHAI com numerosos esferócitos (setas azuis) e moderada policromasia (seta preta). Outros exames utilizados na avaliação laboratorial da AHAI são o mielograma (avaliação da medula óssea) e do exame de urina (EAS), assim como o teste de Coombs direto, como podemos ver na sequência. Mielograma (medula óssea): Hiperplasia eritroide. Urina: Urobilinogênio urinário aumentado. Teste de Coombs direto: Resultado positivo em 90% dos casos. Esse teste demonstra a presença de anticorpos ligados aos eritrócitos. O teste de Coombs direto segue algumas etapas, conforme podemos ver a seguir: 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 59/70 Amostra de sangue de um paciente com anemia hemolítica autoimune: anticorpos ligados a antígenos na superfície dos eritrócitos. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 60/70 Eritrócitos lavados do paciente são incubados com o soro de Coombs. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 61/70 Aglutinação dos eritrócitos - o soro de Coombs forma ligações entre os eritrócitos, ligando-se aos anticorpos antieritrócitos humanos. Quando esse teste apresenta resultado positivo, deve ser feita uma caracterização sorológica para distinguir entre o autoanticorpo a quente (anticorpos do tipo IgG que reagem contra antígenos de proteína sobre a superfície das hemácias, reação que ocorre na temperatura corporal) e o anticorpo a frio (anticorpos do tipo IgM que reagem contra antígenos de polissacarídeos na superfície da hemácia, ocorrendo apenas em temperaturas abaixo da temperatura corporal). Anemias hemolíticas aloimunes São anemias causadas pela ação de aloanticorpos, estando geralmente associadas à incompatibilidade materno-fetal ou às incompatibilidades transfusionais. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 62/70 Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) A DHRN é uma anemia causada pela incompatibilidade materno-fetal. Os anticorpos anti-A e anti-B costumam ser IgM que não têm a capacidade de atravessar a placenta. Entretanto, em gestantes do grupo O, também são produzidas as isoaglutininas IgG, que podem cruzar a placenta e causar hemólise nos eritrócitos A ou B de seus filhos. Os bebês nascem com anemia leve ou ausente e desenvolvem uma icterícia neonatal facilmente revertida com fototerapia. Existe ainda a incompatibilidade Rh(D) que depende da sensibilização prévia da mãe Rh negativo pelo filho Rh positivo (na gestação, no parto, por abortamento ou por transfusão incompatível), e ela passa a produzir um anticorpo anti-RhD. Atualmente, é feita a profilaxia com imunoglobulina humana anti-Rh após o parto do primeiro filho Rh positivo, o que diminui a aproximadamente 0,1% a perspectiva de isoimunização da mãe, impedindo a destruição de eritrócitos do feto em gestações posteriores. A DHRN pela incompatibilidade Rh(D) é um quadro grave em que o recém-nascido apresenta uma grave icterícia, podendo ocorrer sequelas 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 63/70 neurológicas permanentes devido à impregnação neuronal conhecida como Kernicterus. É indicada uma exsanguinotransfusão rapidamente. Em casos com grande quantidade de anticorpos maternos, pode haver ainda anemia hemolítica noútero, hidropisia fetal ou morte fetal. Também pode ser necessária uma transfusão intrauterina. Kernicterus Trata-se do depósito de bilirrubina não conjugada nos gânglios basais e no cerebelo. Avaliação laboratorial da DHRN A avaliação laboratorial da DHRN é realizada a partir do hemograma, da avaliação bioquímica e do teste do Coombs direto. Hemograma: Anemia grave. Policromasia moderada a intensa e eritroblastos circulantes em número muito elevado (eritroblastose fetal). VGM normocítico a macrocítico. Reticulócitos em número elevado. Esferócitos (seta azul), eritroblasto (seta laranja) e policromasia (setas pretas) na DHRN. Além do hemograma, temos os seguintes achados laboratoriais: Bioquímica: Bilirrubina não conjugada (indireta) muito elevada. Teste de Coombs direto: Positivo. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 64/70 Diagnóstico laboratorial das anemias hemolíticas autoimunes A especialista Cristiane de Sá Ferreira Facio fala sobre os tipos, as causas, o diagnóstico laboratorial e o tratamento das anemias hemolíticas autoimunes. Transfusão de sangue incompatível Quadro hemolítico variável dependendo do volume de sangue transfundido e/ou da antigenicidade correspondente. Outras causas de anemias hemolíticas Além das causas já relacionadas, as anemias hemolíticas podem ser: Anemia hemolítica microangiopática com eritrócitos fragmentados. Anemia hemolítica microangiopática Relacionada à destruição mecânica dos eritrócitos devido à obstrução de pequenos vasos, válvulas cardíacas e microtrombos, que podem causar um dano traumático às 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 65/70 células. No sangue, observam-se eritrócitos fragmentados (esquizócitos). Anemia hemolítica causada pelo uso de dapsona com eritrócitos fragmentados. Anemia hemolítica causada por drogas Ocorre por mecanismos diversos. Várias drogas, por exemplo, podem causar esse quadro. O paciente apresenta um teste de Coombs direto positivo. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 66/70 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Na esferocitose, os eritrócitos apresentam o formato esférico. Uma das formas de avaliação dessa anemia hemolítica é pela curva de fragilidade osmótica. Acerca desse assunto, analise as afirmativas a seguir: I. Os eritrócitos normais apresentam uma maior fragilidade que os esferócitos. II. Os esferócitos apresentam uma maior fragilidade que os eritrócitos normais. III. Os esferócitos hemolisam mais em soluções salinas hipotônicas que os eritrócitos normais. IV. A membrana dos esferócitos não será afetada caso o teste seja feito com sangue previamente incubado a 37°C durante 24 horas. É correto o que se afirma em: A I e II 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 67/70 Parabéns! A alternativa D está correta. Em uma solução salina hipotônica, os esferócitos apresentam maior fragilidade osmótica que os eritrócitos normais. Se o teste for realizado com sangue previamente incubado a 37°C durante 24 horas, os esferócitos tenderão a perder mais sua membrana plasmática. Questão 2 Vimos que as anemias hemolíticas podem ser de origem hereditária ou adquirida. Sobre as anemias hemolíticas hereditárias por defeitos enzimáticos, foram listados alguns achados laboratoriais. Assinale a alternativa que retrata de forma correta esse tipo de anemia. B I e III C I e IV D II e III E II e IV A Apresenta altas concentrações de haptoglobina. B Nos esfregaços sanguíneos, há presença de policromasia, fragmentos de eritrócitos e drepanócitos. C Apresenta teste de Coombs direto positivo. D Não apresenta reticulocitose após quadro hemolítico. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 68/70 Parabéns! A alternativa E está correta. Pacientes com deficiências enzimáticas causadoras de anemia hemolítica apresentam eritrócitos normocíticos e normocrômicos com reticulócitos aumentados após quadros de hemólise, aumento de LDH e bilirrubina indireta, baixa concentração de haptoglobina e Coombs direto negativo. Os drepanócitos estão presentes na doença falciforme. Considerações �nais Ao longo deste conteúdo, estudamos as características clínicas e laboratoriais de hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e a hemoparasitose. Observamos que, independentemente da causa, esses fatores reduzem a sobrevida do eritrócito, ocasionando a hemólise. Verificamos também que, para o diagnóstico laboratorial, é preciso começar com um simples hemograma e com as dosagens bioquímicas para avaliar o metabolismo do ferro. Além disso, outros testes confirmatórios devem ser realizados, como por exemplo, CLAE e eletroforese no caso das hemoglobinopatias; teste de Coombs para pesquisa de anemias hemolíticas autoimunes; testes de fragilidade osmótica quando a suspeita é de esferocitose; e, por fim, pesquisa do Plasmodium spp. nos casos de suspeita clínica de malária. Agora você está apto a compreender os resultados laboratoriais encontrados, correlacionando-os com a indicação clínica do paciente e auxiliando os médicos no diagnóstico laboratorial das anemias. Lembre- se de que algumas anemias têm cura, como no caso das anemias carenciais, mas outras não têm, o que acontece com as anemias por deficiência genética. Não esqueça também que, quando elas são diagnosticadas e tratadas precocemente, ocorre uma diminuição de sua mortalidade e morbidade. E Após quadro de hemólise, observam-se dosagens de bilirrubina indireta e de LDH elevadas. 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 69/70 Podcast As especialistas Patricia Fernanda Rosa de Siqueira e Cristiane de Sá Ferreira Facio encerram este conteúdo falando sobre anemia hemolítica do recém-nascido (incompatibilidade materno-fetal). Explore + Para saber mais sobre os tópicos apresentados neste conteúdo, leia: O Manual de diagnóstico laboratorial da malária, do Ministério da Saúde; a Portaria nº 822, de 6 de junho de 2001; e o Manual de normas técnicas e rotinas operacionais do Programa Nacional de Triagem Neonatal, do Ministério da Saúde. A dissertação sobre Anemias hemolíticas: clínica, diagnóstico e terapêutica – uma revisão crítica, de Sara Daniela Cabete Martins. O Manual de diagnóstico e tratamento da doença falciforme, da Anvisa. As Orientações para o diagnóstico e tratamento das talassemias beta, do Ministério da Saúde. O artigo intitulado Hemoglobinas AS/alfa talassemia: importância diagnóstica, de Renata Tomé- Alves e outros autores. Referências 02/11/2023, 09:01 Hemoglobinopatias, anemias hemolíticas e hemoparasitoses https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03907/index.html# 70/70 LEWIS, S. M.; BAIN, B. J.; BATES, I. Hematologia prática de Dacie e Lewis. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. LEWIS, S. M.; BAIN, B. J.; BATES, I. Practical haematology. 10. ed. Madrid: Elselvier, 2008. OLIVEIRA, R. A. G. Hemograma: como fazer e interpretar. 1. ed. São Paulo: LMP, 2007. STEENSMA, D. et.al. Acquired somatic ATRX mutations in myelodysplastic syndrome associated with thalassemia (ATMDS) convey a more severe hematologic phenotype than germline ATRX mutations. Blood. 103. 2004. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
Compartilhar