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Gabriela de Godoy Medicina TROMBOCITOPENIA A trombocitopenia consiste em um numero reduzido de plaquetas no sangue, o que aumenta o risco de hemorragia. Podem ocorrer hemorragias na pele e hematomas. Ela se desenvolve por meio de 3 mecanismos: destruição excessiva de plaquetas, como a observada em causas mediadas pelo sistema imunológico; produção diminuída, geralmente a distúrbio da medula óssea, como acontece na leucemia ou em outros distúrbios primários da medula óssea; e sequestro de plaquetas no baço, como em condições que causam esplenomegalia. Por exemplo, em um paciente que desenvolve trombocitopenia aguda durante a hospitalização, a baixa contagem plaquetária pode ser causada por uma infecção ou novo medicamento. Ambos os processos não imunológicos e imunológicos podem causar um encurtamento da vida útil das plaquetas. Razoes não imunológicas para a destruição acelerada de plaquetas incluem: sepse, coagulação intravascular disseminada (CIVD), purpura trombocitopênica, síndrome hemolítica-urêmica (SHU), pré-eclâmpsia ou eclampsia, by-pass cardiopulmonar e hemangioma cavernoso gigante. A destruição plaquetária mediada pelo sistema imunológico pode ocorrer em decorrência de drogas, sensibilização aloimune ou autoimunidade. Aproximadamente 30% da massa plaquetária circulante normal é sequestrada dentro do baço. Esse numero pode ser ainda maior quando o baço aumenta de tamanho devido a hipertensão portal ou doenças Infiltrativas. A diminuição da produção plaquetária ocorre em doenças primarias da medula óssea, como leucemia aguda e anemia aplástica; após quimioterapia e/ou terapia de radiação; com toxicidade por etanol e durante infecções por vírus, como o HIV, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr (EBV) e varicela. A trombocitopenia também ocorre quando a proliferação megacariocítica é debilitada pela mielodisplasia. Gabriela de Godoy Medicina ORIGEM PLAQUETÁRIA No feto, as plaquetas são geradas no fígado. Após o nascimento, esse processo passa a ocorrer na medula óssea. As plaquetas têm origem em uma série de eventos, que culminam com a produção de megacariócitos, uma das maiores células presentes no sistema hematopoiético. Esses eventos são divididos em duas etapas principais: megacariocitopoiese e trombopoiese. Na megacariocitopoiese, células tronco hematopoiéticas sofrem diferenciação e geram megacarioblastos. Essas células são precursoras dos megacariócitos. No estágio final de desenvolvimento, a contração nuclear e emissão de pseudópodes permitem a liberação das plaquetas para a corrente sanguínea, em um processo conhecido como trombopoiese. Em média, são necessários 10 dias entre a diferenciação das células tronco e a produção das plaquetas. Com uma meia-vida de cerca de 10 dias, um volume sanguíneo de 5 L e um terço das plaquetas estocadas no baço, um adulto deve produzir, a cada dia, em média cerca de 100 bilhões de plaquetas para manter uma contagem normal em condições estáveis, nível de produção que pode elevar-se muito sob condições de aumento da demanda. Em indivíduos normais, a produção de plaquetas é de aproximadamente 35.000 a 50.000/ L de sangue total por dia. A trombopoiese depende do microambiente da medula óssea, da superfície celular e de fatores de crescimento hematopoiéticos solúveis, especialmente o fator de crescimento da célula-tronco (SCF) e a trombopoietina (Tpo), que são indispensáveis para a trombopoiese normal e estimulada in vivo. SINAIS E SINTOMAS Pacientes com trombocitopenia podem ser assintomáticos, e é possível que a trombocitopenia seja primeiramente observada em um hemograma de rotina. A apresentação sintomática da trombocitopenia é o sangramento, que ocorre em geral imediatamente após a lesão, inicialmente, na pele e nas membranas mucosas, e não envolve articulações e músculos. Geralmente não há sangramentos cirúrgicos apenas pela redução no número de plaquetas, pelo menos até que a contagem de plaquetas seja menor do que Gabriela de Godoy Medicina 50.000/ L, e sangramentos espontâneos e clínicos não ocorrem até que a contagem de plaquetas seja menor do que 10.000 a 20.000/ L. TRANSFUSÕES DE PLAQUETAS Geralmente os médicos consideram o sangramento úmido muito mais grave do que o sangramento seco. Sinais de sangramento úmido incluem: epistaxe (nasal), sangramento gengival, sangramento gastrointestinal ou geniturinário, ou sangramento por locais intravenosos. O sangramento seco é definido como equimoses ou petéquica. O sangramento visível que é claramente devido a trombocitopenia geralmente pode ser tratado com transfusão de plaquetas. A transfusão de plaquetas profiláticas para pacientes que não estão se sangrando é controvérsia. Algumas complicações decorrentes da transfusão de plaquetas podem ocorrer. Primero, alguns pacientes podem ficar alo imunizados contra os antígenos plaquetários e podem vir a ser refratários a transfusões futuras. Em segundo lugar, a contaminação bacteriana das plaquetas armazenada é uma complicação muito mais comum do que o risco infeccioso associado a transfusões de glóbulos vermelhos, pois elas precisam ser armazenadas em lugares com temperatura ambiente e isso resulta em maior proliferação bacteriana nas bolsas de transfusão. DIAGNÓSTICO O padrão-ouro para a avaliação de trombocitopenia de qualquer causa é o exame do esfregaço do sangue periférico preparado de uma amostra fresca de sangue não anticoagulado. O esfregaço periférico proporciona uma estimativa do número de plaquetas, determina a presença ou a ausência de agregados plaquetários, a morfologia das plaquetas, bem como a avaliação de alterações associadas das séries branca e eritroide. A determinação da causa da trombocitopenia é fundamental para o tratamento do quadro clínico. Certos sintomas podem ajudar a determinar a causa. As pessoas normalmente apresentam febre, por exemplo, quando a trombocitopenia resulta de uma infecção. Por outro lado, a trombocitopenia Gabriela de Godoy Medicina imune, a púrpura trombocitopênica trombótica ou a síndrome hemolítico- urêmica geralmente não provocam febre. TROMBOCITOPENIA IMUNOMEDIADA A trombocitopenia imunomediada corresponde à destruição das plaquetas por mecanismos de hipersensibilidade de tipo II (citotoxicidade dependente de anticorpos) em que anticorpos (principalmente IgG) ligam-se à superfície de plaquetas resultando em sua destruição prematura pelos macrófagos no baço e no fígado. A TIM pode ser classificada em primária e secundária, baseada na sua etiologia. Pode ser primária ou idiopática quando os exames complementares de diagnóstico não permitem encontrar nenhum factor desencadeador da destruição das plaquetas ou pode ser secundária a diversos agentes etiológicos, entre os quais infecções, neoplasias e fármacos. Trombocitopenia Imunomediada Primária: A TIM idiopática ou primária é causada por autoanticorpos que são reativos com autoantígenos das plaquetas circulantes. Quando a produção de plaquetas não compensa o consumo das plaquetas pelos megacariócitos, a trombocitopenia se desenvolve. Trombocitopenia Imunomediada Secundária: Na TIM secundária a IgPSA (IG ligantes a plaquetas) não é causada por anticorpos anti-plaquetas, mas de antígenos exógenos de agentes infecciosos, drogas ou neoplasias. Também pode incluir imunocomplexos que se ligam às plaquetas por: aderência do imunocomplexo, receptores Fc para IgG em algumas espécies e interações não específicas. Os imunocomplexos podem chegar de doenças infecciosas (principalmente Leishmaniose Visceral canina), vacinações, drogas, neoplasias ou doenças autoimunes sistêmicas.
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