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Estudo Dirigido Psicoterapia infanto-juvenil 1

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
 UNIDADE CAMPO LIMPO
Estudo Dirigido – Psicoterapia infanto-juvenil
1. Defina o conceito de “associatividade verbal”.
Consiste na técnica da associação livre É esperado que o paciente fale à respeito do seu sofrimento. A fala constitui uma forma ordenada de organizar as emoções por meio de frases e palavras.
O peso do pensamento de certo número de lacanianos – não de Lacan – foi dizer que a associatividade é verbal, o que não é a posição de Freud e nem acho que seja a posição de Lacan. Quando Lacan diz que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, ele não diz que o inconsciente é estruturado pela linguagem verbal. Ele diz que o campo representativo do sujeito humano se organiza como uma linguagem, tudo podendo ser entendido como buscando se organizar à maneira de uma linguagem. Logo, precisamos de uma compreensão da associatividade que integre não apenas a associatividade verbal, mas também a associatividade dos atos, dos gestos, das mímicas, das posturas. (Roussillon, 2013, p. 67).
Devemos interpretar tanto as palavras quanto as atividades com brinquedos dos pacientes, já que a “brincadeira e variadas atividades – de fato o comportamento como um todo – são meios de expressar o que os adultos expressam predominantemente através de palavras” (Klein, 1955, p. 37). Aqui encontramos Klein tranquila com as adequações que o novo setting exigiu, isto é, a inclusão de modos de expressão não verbais no campo clínico.
2. Defina o conceito de “associatividade polimorfa”.
Consiste na associação de atos, dos gestos, das mímicas, das posturas. Realizada por meio do jogo e do brincar. Entende que a situação clínica com crianças não pode ser um paralelo direto com a clínica de adultos (a criança não é um adulto pequeno). Com o conceito de associatividade polimorfa, vemos reforçada a ideia de que a linguagem verbal não corresponde a todo o campo simbólico do ser humano. “O silêncio barulhento, antes da linguagem se juntar, é uma longa parte” da história do ser humano (Philips, 1998, p. 50).
“Partimos da afirmação de Adam Philips de que “as palavras não são meras substitutos para a falta de palavras; elas são outra coisa inteiramente diferente” (ibidem), para reconhecer que trabalhar no campo infra-linguístico não é a mesma coisa do que trabalhar com palavras. Ou dito de outro modo, uma experiência não se reduz a outra.”
3. Defina o conceito de “símbolo discursivo”.
Comunicação por meio de expressões verbais e discursivas. Apresenta-se de forma organizada (tempo-espacial). Elementos simbólicos estão dispostos como em um varal.
Nossa cultura valoriza intensamente a linguagem discursiva. É muito difícil concebermos um fenômeno que não possa ser passível de decodificação. No trato com a criança ou com o paciente adulto, é fundamental que o analista possa tanto acompanhar as vivências psíquicas que se expressam pela linguagem discursiva, quanto aquelas que emergem através de símbolos apresentativos, símbolos do self, articulados no campo sensorial. (Safra, 1996, p.72; grifo nosso)
4. Defina o conceito de “símbolo apresentativo”.
Comunicação por meio de desenhos, gestos, moldes (massa de modelar), pinturas. Apresenta-se de forma simultânea (não-organizada). Elementos simbólicos estão dispostos como em um varal.
O conceito de símbolo apresentativo foi construído por oposição ao de símbolo discursivo e tenta dar conta da especificidade dos meios expressivos plásticos. Langer aponta que as vias de expressão plásticas - desenhos e pinturas, por exemplo - primam por dispor elementos em simultaneidade, enquanto as vias expressivas verbais e discursivas organizam os elementos em sequência temporo-espacial. É como se os símbolos discursivos das expressões verbais apresentassem seus elementos em um varal, enquanto os símbolos apresentativos os dispusessem simultaneamente no mesmo tempo-espaço de uma tela. (Langer, 1942)
5. A partir do que foi discutido em sala de aula, descreva como o psicólogo deve atuar no atendimento infantil considerando as noções de verdade e mentira no conteúdo apresentado pela criança.
Tudo que a gente diz é um pouco verdade. Não compartilho do ponto de vista que está em voga atualmente, de que as afirmações feitas pelas crianças são invariavelmente arbitrárias e indignas de confiança. O arbitrário não tem existência na vida mental. A não confiabilidade das afirmações das crianças é devida à predominância da sua imaginação, exatamente como a não confiabilidade das afirmações das pessoas crescidas é devida à predominância dos preconceitos. Quanto ao resto, mesmo a crianças não mentem sem um motivo. (Freud)
	A fantasia da criança faz obstáculo à violenta injeção de saber do adulto, “na medida que ela detém uma verdade que a realidade é incapaz de fornecer” (ibidem, p. 135) “Aqui, o equívoco é a voz da verdade.” (ibidem)
	Alguém não passível à sedução pela realidade, não impressionável pelas verdades das outras pessoas (...). A criança freudiana é guiada por questões e não acredita em nenhuma das respostas, exceto sua própria que considera satisfatória. (...) É viciada e guiada pelo que não conhece. (Philips, 1998, p. 11)
6. Defina o conceito de “ludoterapia”
A Ludoterapia é a psicoterapia adaptada para o tratamento infantil, através do qual a criança, brincando, projeta seu modo de ser. O objetivo dessa modalidade de análise é ajudar a criança, através da brincadeira, a expressar com maior facilidade os seus conflitos e dificuldades, ajudando-a em sua solução para que consiga uma melhor integração e adaptação social, tanto no âmbito da família como da sociedade em geral. O terapeuta observa e interpreta suas projeções para compreender o mundo interno e a dinâmica da personalidade da criança. Para isso, buscam-se instrumentos através dos quais as projeções são facilitadas uma vez que, quanto menor a criança, mais difícil é para ela verbalizar adequadamente seus conflitos. Pode ser brincar de casinha, criação e prática de estórias e contos de fadas, jogo do rabisco, desenho, pintura, modelagem, dentre várias outras atividades.
No contexto de desenvolvimento social da criança a atividade lúdica é parte do repertório infantil e integra dimensões da interação humana necessária na análise psicológica (regras, cadeias comportamentais, simulações ou faz-de-conta, aprendizagem observacional e modelagem” ( NEOLACIO, 2013; 107).
7. Os conceitos de posição esquizo-paranóide e posição maníaco-depressiva foram descritos por qual psicanalista?
A Posição Esquizo-paranóide, conceito elaborado por Melanie Klein (1946), é considerada como a fase mais arcaica do desenvolvimento humano. Esta posição, situada nos primeiros meses de vida, é caracterizada pela primeira relação de objeto do bebê, sendo esse o seio da mãe. Os bebês sentem, logo quando nascem, dois sentimentos básicos: amor e ódio. É fácil, portanto, perceber que a criança ama o “seio bom” e odeia o “seio mau”. O problema é que na fantasia da criança, o “seio mau”, esse objeto interno, vai se vingar dela pelo ódio e destrutividade direcionados a ele. Esse medo de vingança é chamado de ansiedade persecutória. O conjunto de ansiedade persecutória e suas respectivas defesas são chamados por Klein de “posição esquizoparanóide”.
Com o desenvolvimento o bebê percebe que o mesmo objeto que odeia (seio mau) é o mesmo que ama (seio bom). Ele percebe que ambos os registros fazem parte de uma mesma pessoa. Agora o bebê teme perder o seio bom, pois teme que seus ataques de ódio e voracidade o tenham danificado ou morto. Esse temor da perda do objeto bom é chamado por Klein de “ansiedade depressiva”. O conjunto de ansiedade depressiva e suas respectivas defesas são chamados por Klein de “posição maníaco-depressiva”.
8. A partir do seminário apresentado em aula, defina as três formas de atuação da Terapia Cognitivo-Comportamental.
1) terapias de habilidades de enfrentamento, que enfatizam o desenvolvimento de um repertório de habilidades que objetivam fornecer ao pacienteinstrumentos para lidar com uma série de situações problemáticas;
2) terapia de solução de problemas, que enfatiza o desenvolvimento de estratégias gerais para lidar com uma ampla variedade de dificuldades pessoais; e
3) terapias de reestruturação, que enfatizam a pressuposição de que problemas emocionais são uma consequência de pensamentos mal adaptativos, sendo a meta do tratamento reformular pensamentos distorcidos e promover pensamentos adaptativos.

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