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TCC DIREITO DO TRABALHO

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE PALMAS 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO E PROCESSO DO 
TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DE 
PERSONALIDADE DO OBREIRO EM FACE DO PODER DIRETIVO DO 
EMPREGADOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NELSON HENRIQUE DE ARAÚJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2019 
 
 
NELSON HENRIQUE DE ARAÚJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE DO OBREIRO EM FACE DO PODER DIRETIVO DO 
EMPREGADOR 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade de 
Tecnologia de Palmas, como requisito parcial à 
obtenção do grau de Especialista em Direito e 
Processo do Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2019 
 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL POR VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DE 
PERSONALIDADE DO OBREIRO EM FACE DO PODER DIRETIVO DO 
EMPREGADOR 
 
 
Nelson Henrique de Araújo 
 
 
RESUMO 
 
As relações de trabalho são resultantes da sucessão das mais variadas condutas e/ou ações 
experienciados pelos empregados e empregadores na ambiência laboral. Ocorre que, em 
determinadas situações, os empregadores, malgrado sua condição de superioridade, extrapolam 
os limites do seu poder de direção, de modo que afrontam direitos e garantias fundamentais que 
norteiam as relações de trabalho, resultando, destarte, em responsabilização civil, ante a 
violação de preceitos esculpidos na Carta Magna e na legislação infraconstitucional, o que 
justifica desde já a feitura do presente trabalho monográfico.Assim,a presente pesquisa tem 
como principal objetivo analisar a aplicabilidade do instituto da responsabilidade civil nas 
relações laborais, notadamente quando da violação aos direitos da personalidade do trabalhador, 
abordando, ainda, o conceito e características desse instituto, assim como explanar sobre os 
direitos da personalidade e expor as nuances atinentes ao poder diretivo do empregador. A 
metodologia empregada foi a qualitativo-bibliográfica, a partir da qual foram utilizados 
embasamentos doutrinários e jurisprudenciais, os quais trataram do tema em voga. A fim de 
concretizar o objetivo proposto, o trabalho, inicialmente, apresenta aspectos históricos, 
conceituais e características da responsabilidade civil, direitos da personalidade e poder diretivo 
do empregador, imersos no Ordenamento Jurídico Pátrio. Posteriormente, detecta condutas 
nocivas adotadas pelos empregadores, as quais violem direitos e resultem na sua 
responsabilização civil e, por fim, desenvolve uma análisede decisões proferidas no âmbito do 
Colendo Tribunal Superior do Trabalho no tocante 
ao reconhecimento de violação de direitos fundamentais com a respectiva responsabilização 
civil dos agentes patronais, em face da conduta ilícita perpetrada por aqueles em desfavor da 
classe trabalhadora. 
 
Palavras chave: Responsabilidade Civil. Direitos da Personalidade. Poder Diretivo do 
Empregador. Tribunal Superior do Trabalho. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Labor relations are the result of succession of the most varied conducts and / or actions 
experienced by employees and employers in the work environment. In certain situations, 
employers, in spite of their status as employers, go beyond the limits of their power of 
management, so that they face fundamental rights and guarantees that guide labor relations, 
resulting in civil violation of precepts carved in the Magna Carta and in the infraconstitutional 
legislation, which justifies already the making of this monographic work. Thus, the main 
 
 Graduado em Direito. Pós-graduando em Direito e Processo do Trabalho. 
 
 
 
objective of this research is to analyze the applicability of the institute of civil liability in labor 
relations, especially when it violates the rights of the employee's personality, also addressing 
the concept and characteristics of this institute, as well as explaining the rights of the worker. 
personality and expose the nuances pertaining to the directive power of the employer. The 
methodology used was qualitative-bibliographical, from which doctrinal and jurisprudential 
foundations were used, which dealt with the current theme. In order to fulfill the proposed 
objective, the work initially presents historical, conceptual aspects and characteristics of civil 
responsibility, personality rights and directive power, immersed in the Brazilian Legal Order. 
Subsequently, it detects harmful conduct adopted by employers, which violates rights and 
results in their civil responsibility and, finally, develops an analysis of decisions issued in the 
scope of the Higher Labor Court in relation to the recognition of violation of fundamental rights 
with the respective civil liability of the employers in the face of the unlawful conduct 
perpetrated by those in disadvantage of the working class. 
 
Keywords: Civil responsability. Rights of the Personality. Executive Power of the Employer. 
Superior Labor Court 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO; 2. RESPONSABILIDADE CIVIL – Breve Panorama Conceitual; 2.1 
Conceito e características; 2.2 Incidência nas Relações de Trabalho; 3. PODER DIRETIVO DO 
EMPREGADOR; 4. DIREITOS DA PERSONALIDADE; 4.1 Direitos da Personalidade nas 
Relações de Trabalho; 5. Responsabilidade Civil e Direitos da Personalidade: Atuação do 
Tribunal Superior do Trabalho; CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS. 
 
 
 
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
É cediço que a condição de empregado, ao qual decorre de um contrato de trabalho 
firmado com o empregador, torna o trabalhador subordinado aos ditames pré-estabelecidos por 
aquele, por meio do seu poder diretivo, de modo que tais comandos devem ser obedecidos na 
ambiência das relações laborais. 
Ocorre que esse poder de direção não é absoluto, de modo que o empregador deve 
atentar-se quando da feitura e/ou imposição de normas, corporificadas por meio dos seus 
regulamentos internos, a fim de evitar o cometimento de excessos, notadamente a violação de 
direitos da personalidade do obreiro, resultando na ilicitude do negócio jurídico, apto, portanto, 
à devida responsabilização nas esferas cabíveis. 
Em que pese à proteção dada ao trabalhador pelo ordenamento jurídico pátrio, observa-
se, comumente, a violação de direitos na esfera das relações laborais, mormente a condição de 
superioridade do empregador, de modo a impor ordens, punições, bem como condições de 
trabalho desarrazoáveis e desproporcionais, ferindo, destarte, a dignidade do obreiro. 
Partindo desta conjuntura, patente a estrita necessidade de impor limites a este poder de 
direção do empregador, precipuamente a crescente violação de direitos fundamentais dos 
trabalhadores, ante aos excessos cometidos pelos empregadores, quando da imposição de 
normas de organização, fiscalização e controle a serem adotadas no local de trabalho, 
resultando, assim, na ilicitude do negócio jurídico. 
É diante dessa realidade que se justifica a devida responsabilização civil do empregador, 
em se tratando de violação de direitos constitucionalmente previstos, assim como na legislação 
infraconstitucional, quais sejam os direitos da personalidade, no fito de coibir que práticas 
abusivas e discriminatórias norteiem as relações de trabalho. 
Assim, a presente pesquisa tem como escopo fazer uma abordagem acerca da 
responsabilização civil do empregador, ante aos excessos cometidos por meio do seu poder 
diretivo, de forma a violar direitos da personalidade do empregado, assim como mostrar a 
possibilidade de se sopesar direitos e deveres nas relações laborais, nas quais devem se pautar 
no respeito mútuo, propiciando um adequado e saudável ambiente de trabalho. 
Desta forma, a abordagem deste assunto se dá pela veemente necessidade de se discutir 
e difundir acerca da proteção do trabalhador, considerando a sua condição de hipossuficiência,em face do poder diretivo do empregador e dos reflexos decorrentes, visto que esse poder, na 
maioria das vezes, é exercido de forma irregular e ilícita, importando em violação de direitos. 
2 
 
Assim, com base nas considerações expostas acerca da problemática que envolve o tema 
em voga, esta pesquisa tem por finalidade analisar a aplicabilidade do instituto da 
responsabilidade civil nas relações laborais, notadamente quando da violação aos direitos da 
personalidade do trabalhador, expondo todas as nuances atinentes a este instituto, de modo a 
possibilitar aos leitores e eventuais pesquisadores interesse em aprofundar e pesquisar sobre 
essa temática nos mais diferentes enfoques possíveis. 
Nesse contexto, a pesquisa apresenta os seguintes objetivos específicos: expor os limites 
do poder diretivo do empregador, notadamente quando da colisão de direitos fundamentais; 
conceituar e caracterizar os direitos da personalidade; detectar dispositivos normativos que 
protejam o trabalhador das conduta nocivas perpetradas pelo empregador e traçar um panorama 
geral acerca das decisões proferidas no âmbito do Colendo Tribunal Superior do Trabalho no 
tocante ao reconhecimento de violação de direitos fundamentais com a respectiva 
responsabilização civil dos agentes patronais. 
Em busca de concretizar os objetivos propostos, o presente trabalho está dividido em 
duas etapas, sendo a primeira uma reflexão teórica, através de uma pesquisa bibliográfica, 
baseada em doutrinas que abordam a respectiva temática. Dentre as fontes pesquisadas, 
destacam-se os seguintes autores: Martins (2018), Barros (2016), Delgado (2017), Leite (2007), 
dentre outros. 
A segunda etapa ficou caracterizada por uma pesquisa analítica, na qual se analisam os 
julgados proferidos pelo Tribunal Superior do Trabalho que discutiram a temática proposta no 
presente trabalho, qual seja a responsabilização civil pela violação de direitos, de modo que é 
traçado um panorama geral, sendo realizados alguns apontamentos pertinentes à pesquisa. 
Com a finalidade de concretizar os objetivos propostos, a pesquisa está estruturada em 
5 tópicos. Primeiramente, é traçado um panorama geral acerca do instituto da responsabilidade 
civil, sendo expostos os aspectos gerais, seu conceito, características e sua aplicabilidade nas 
relações de trabalho. 
Em seguida, abordam-se os aspectos gerais atinentes ao poder diretivo do empregador 
e, em ato contínuo, os direitos da personalidade aplicados às relações laborais. 
Por fim, são analisados os julgados proferidos na ambiência do Tribunal Superior do 
Trabalho que versem sobre a responsabilidade do empregador, face ao cometimento de 
excessos por meio do seu poder diretivo, ao qual impactou na sua responsabilização civil. 
 
 
3 
 
2 RESPONSABILIDADE CIVIL: BREVE PANORAMA CONCEITUAL 
 
Sabe-se que o ser humano, desde os primórdios e no decorrer de sua existência, sempre 
teve que conviver e se relacionar com seus iguais pares, de forma a buscar sua subsistência, já 
que a vida em coletividade se tornou uma máxima para fins de sobrevivência. 
Nesse esteio, a vida em sociedade, fatalmente, impõe a observância de regras de boa 
convivência, a fim de que se possa garantir um convívio harmonioso, equilibrado e duradouro 
entre os diferentes e variados grupos sociais. 
Assim, em caso de descumprimento desses ditames por algum dos membros daquela 
coletividade, este deverá ser responsabilizado pelos seus atos, uma vez que agiu de forma ilícita 
em não respeitar as regras de convivência então estabelecidas. 
Com efeito, quando se fala em responsabilidade, significa exprimir uma “idéia de 
restauração de equilíbrio, de contraprestação, de reparação de dano” Gonçalves (2017). 
Nesse contexto, infere-se que em caso de cometimento de algum ilícito, por óbvio 
caberá o dever de reparação, ante o prejuízo causado a outrem. Em verdade, tal reparação é 
inerente a vida em coletividade, sendo tal dever positivado por meio das normas jurídicas. 
Fato é que desde os primórdios da humanidade, já existia a idéia de responsabilização, 
por danos causados a terceiro, porém com o tempo, esse instituto foi se aperfeiçoando a se 
amoldando às significativas mudanças estruturais das sociedades. 
Vale ressaltar que, quando se fala em danos causados, deve-se fazer uma interpretação 
extensiva, visto que estes podem advir de um caráter patrimonial, moral ou até mesmo religiosa. 
Ou seja, a responsabilidade pode resultar da violação de normas tanto jurídicas como morais. 
(GONÇALVES. 2017). 
Relevante a reflexão acerca da responsabilidade civil no contexto dos direitos da 
personalidade do indivíduo, uma vez que, em se tratando de violação dos referidos direitos, o 
agente causador do dano deverá ser devidamente responsabilizado, ante o cometimento do 
ilícito. Logo, a importância e efetiva aplicabilidade desse instituto traduzem, inegavelmente, na 
efetividade dos direitos da personalidade. 
Assim, o instituto da responsabilidade civil tem como premissa maior o dever de reparar 
o dano por parte do agente causador, seja ele de natureza patrimonial ou extrapatrimonial e 
decorrente da violação de um dever legal ou até mesmo contratual (TARTUCE, 2018). 
 
4 
 
2.1 Conceito e características 
 
Etimologicamente, o vocábulo “responsabilidade” encontra sua origem no latim 
respondere, ou seja, responder por algo. Em outras palavras, significa dizer que aquele que 
cometer algum ato ilícito, deverá ser devidamente responsabilizado, ante a ilicitude perpetrada. 
Stolze e Pamplona definem responsabilidade civil lecionando que a mesma “deriva da 
transgressão de uma norma jurídica preexistente (civil), legal ou contratual, resultando na 
imposição do dever de indenizar ao causador do dano.” 
O renomado Jurista Clóvis Bevilácqua também terce considerações acerca da 
responsabilidade civil quando sustenta que esta pode ser definida como a situação de quem 
sofre as conseqüências da violação de uma norma, ou como a obrigação que incumbe a alguém 
de reparar o prejuízo causado a outrem pela sua atuação ou em virtude de danos provocados 
por pessoas ou coisas dele dependentes. 
Assim, o instituto da responsabilidade civil se apresenta no escopo de responsabilizar 
aquele que cause dano a outrem, trazendo, destarte, efetividade às normas jurídicas. 
Ademais disso, ressalte-se que o referido instituto surge com o fito de restaurar o 
equilíbrio patrimonial e moral violado, de modo que toda atividade que acarrete prejuízo a um 
terceiro gera a responsabilidade ou dever de reparar, sendo, portanto, a responsabilidade civil 
todo o conjunto de princípios e normas que regem a obrigação de indenizar. (VENOSA, 2017). 
Em outros dizeres, o intuito da responsabilidade civil é buscar obter o status quo ante, 
ao dano causado, ou seja, é tentar de alguma forma compensar o prejuízo suportado pelo 
terceiro, seja em pecúnia, seja com a prestação de serviço, o que ocorre por meio das 
indenizações de cunho moral ou material. 
A legislação brasileira disciplina o instituto da responsabilidade civil no Art. 5º, inciso 
V e X da Constituição Federal, assim como nos arts. 187, 187 e 97, todos do Código Civil. 
Assim, para verificar a responsabilidade civil do agente, deverão estar presentes o ato ilícito, o 
nexo causal e o elemento subjetivo, conforme preceitua o art. 186 do Código Civil. 
Quanto a sua origem, a responsabilidade civil se apresenta em duas grandes vertentes: 
a responsabilidade civil contratual e a extracontratual. 
A responsabilidade contratual pode ser entendida como aquela que pressupõe a 
existência de um contrato firmado entre as partes, ao qual fora descumprido, tornando-se o 
agente, portanto, inadimplente. 
5 
 
A extracontratual, por seu turno, também chamada de aquiliana, pressupõe a infração a 
uma norma jurídica vigente, gerando, destarte, o dever de indenizar. Vale ressaltar que nesse 
caso não há qualquer vínculojurídico existente entre a vítima e o causador do dano. 
Venosa (2017) adverte que, em que pese à responsabilidade contratual decorrer 
essencialmente de um contrato, outros atos unilaterais de manifestação da vontade e negócios 
jurídicos também são passíveis de devida responsabilização, como por exemplo, testamento, 
procuração, dentre outros. 
No que tange aos elementos da responsabilidade civil, pode-se afirmar a existência de 
duas dimensões no ordenamento jurídico pátrio, as quais se diferenciam pelo elemento culpa, 
quando da obrigação de reparar o dano, quais sejam: a responsabilidade subjetiva e a 
responsabilidade objetiva. 
Na responsabilidade subjetiva, o fator culpa é primordial para caracterização da 
responsabilidade civil, de modo que a ausência do referido elemento descaracteriza a 
responsabilidade de indenizar. Assim, têm-se como elementos da responsabilidade subjetiva: a 
conduta, o nexo causal, o dano e a culpa 
Ademais, segundo a exegese do art. 186 do Código Civil, dolo e culpa são pressupostos 
fundantes para obrigação de reparar, razão pela qual é adotada como regra geral a 
responsabilidade civil subjetiva, de modo que o ofensor tem o dever de reparar ou de restituir 
o mal causado desde que comprovado o dano, nexo causal e a culpa. 
Nesse sentido, têm-se os ensinamentos do renomado Sérgio Cavalieri Filho, in verbis: 
Há primeiramente um elemento formal, que é a violação de um dever jurídico 
mediante conduta voluntária; um elemento subjetivo, que pode ser o dolo ou a culpa; 
e, ainda, um elemento causal-material, que é o dano e a respectiva relação de 
causalidade. Esse três elementos, apresentados pela doutrina francesa como 
pressupostos da responsabilidade civil subjetiva, podem ser claramente identificados 
no art. 186 do Código Civil, mediante simples análise do seu texto [...] (Sergio 
Cavalieri Filho, Programa de responsabilidade civil, 7ªedição, p. 17. São Paulo: 
Atlas, 2007). 
 
Por sua vez, a responsabilidade objetiva dispensa o elemento culpa para fins de 
responsabilização, de modo que a lei impõe a reparação, tendo como elemento fundante o risco, 
consubstanciado no art. 927 do Código Civil, ao qual admite a responsabilidade sem culpa pelo 
exercício da atividade que por sua própria natureza, já representa risco para terceiros. Por isso 
é também chamada de responsabilidade pelo risco. 
Nesse espeque, Silvio Venosa elucida que o risco é inerente a atividade desempenhada 
pelo agente de sorte que este deverá arcar com prejuízos ocasionados a terceiros e complementa 
6 
 
sustentando que tal atividade de risco proporciona benefícios. Logo, nada mais justo a devida 
reparação e conseqüente responsabilização do agente causador do ilícito. (VENOSA, 2002). 
Com efeito, para que seja caracteriza a responsabilidade civil, seja ela subjetiva ou 
objetiva, ou até mesmo contratual ou extracontratual, necessário se faz a presença de requisitos, 
a saber: conduta, nexo causal, dano, risco em se tratando de responsabilidade objetiva ou culpa, 
em se tratando de responsabilidade subjetiva. 
Ressalte-se que não há unanimidade na doutrina quanto aos pressupostos do dever de 
indenizar, notadamente quando se fala em culpa. 
A conduta consiste na atuação e consciência humana quando da prática de um ato ilícito, 
que se perfaz de forma voluntária, livre e consciente, de modo que pode ser comissiva ou 
omissiva. 
Nos dizeres de Maria Helena Diniz, a conduta significa a existência de uma ação, 
comissiva ou omissiva igualmente qualificada juridicamente, ou seja, que se apresente como 
ato lícito ou ilícito, juntamente com culpa ou risco. (DINIZ, 2005). 
Ademais, há de se ressaltar que a conduta por derivar de ato próprio ou de terceiro que 
esteja sob a guarda do agente, podendo ainda a responsabilidade ser solidária. Nesse caso, 
considerando que existem vários causadores do dano, a vítima pode eleger dentre os 
corresponsáveis aquele que tenha maior capacidade econômica, a fim de suportar os prejuízos, 
segundo exegese do art. 942 do Código Civil. 
No que tange ao nexo causal, oportuno salientar que se trata de um tema de vital 
relevância no estudo da responsabilidade civil, visto que aquele é fator decisivo para o dever de 
indenizar. Ou seja, uma vez verifica a ocorrência de um dano, certamente este adveio de uma 
conduta causadora e no liame desta reação está o nexo de causalidade. 
Gonçalves elucida que o nexo causal é a “relação de causa e efeito entre a ação e a 
omissão do agente e o dano verificado” (GONÇALVES, 2017). 
Sergio Cavalieri Filho (2007), por sua vez, assevera que é por meio do nexo causal que 
se pode mensurar quem de fato foi o causador do dano, decerto, que o nexo causal é pressuposto 
indispensável para fins de responsabilização civil, já que sem nexo, não há o que se falar em 
dever de indenizar. 
Outro pressuposto da responsabilidade civil é o dano. Como o próprio nome sugere, o 
dano traduz um prejuízo para a vítima que pode se manifestar nas mais variadas formas. Ou 
seja, trata-se de uma lesão a um bem jurídico tutelado, podendo este ser de cunho material, 
moral ou estético. 
Sergio Cavalieri Filho define dano como: 
7 
 
(...). Conceitua-se, então, o dano como sendo a subtração ou diminuição de um bem 
jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer 
se trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima, como a sua honra, 
a imagem, a liberdade etc. Em suma, dano é lesão de um bem jurídico, tanto 
patrimonial como moral, vindo daí a conhecida divisão do dano em patrimonial e 
moral" (FILHO, 2005, p. 95/96. 
 
Vale ressaltar que, para maioria da doutrina, não há responsabilidade sem dano. O que 
pode ocorrer é um dano implícito, mas que tem que haver prejuízo para fins de 
responsabilização, mormente o fato de que o dano é que traduz a violação de um interesse 
patrimonial ou extrapatrimonial. 
Nesse esteio, a vítima, uma vez prejudicada, tem o direito de ver o seu dano devidamente 
reparado e, se possível, restaurado o statu quo ante. 
Para ser indenizável, o dano possui requisitos: Violação de um interesse jurídico 
material ou moral, a subsistência do dano, bem como a sua certeza. 
Posto essas considerações gerais acerca da responsabilidade civil, adiante ver-se-á 
algumas reflexões acerca da responsabilização patronal na ambiência laboral, notadamente 
quando da violação aos direitos da personalidade do obreiro. 
 
2.2 Incidência nas Relações de Trabalho 
 
Em que pese à proteção legal e constitucional conferida ao trabalhador quando do 
exercício de suas atividades laborais, comumente observa-se nas relações de trabalho, em 
especial, no liame empregador e empregado, violação de direitos fundamentais desse obreiro, 
notadamente pelo fato daquele figurar em uma posição inferior na escala funcional da 
ambiência empregatícia. 
Ademais, nas relações de emprego, espécie do gênero relação de trabalho mais comum 
na conjuntura atual, o empregado preenche vários requisitos que configuram o vínculo 
empregatício, quais sejam a habitualidade, subordinação, pessoalidade e onerosidade. O 
empregador, por sua vez, assume o risco da atividade ora desenvolvida, devendo, se 
responsabilizar por eventuais danos causados aos seus empregados, não só do ponto de vista 
material, mas, sobretudo moral com espeque na dignidade humana. 
Com efeito, necessária a devida intervenção estatal no escopo de coibir condutas que 
resultem em afronta à dignidade dos trabalhadores, devendo o agente patronal ser devidamente 
responsabilizado, ante o ilícito perpetrado, maculando, destarte, a validade do negócio jurídico 
firmado entre patrão e empregado, quando da formalização do contrato de trabalho. 
8 
 
Via de regra, quando se fala em responsabilidade civil, a Carta Magna de 1988 confere 
proteção ao empregado para fins de indenização, quando o empregador agir com dolo ou culpa, 
a chamada responsabilidadecivil subjetiva, de modo que o deve de indenizar o trabalhador, 
ante o dano sofrido por este, só será obrigatório se presentes os requisitos para tanto, a saber: 
conduta, nexo causal, dano e a culpa. 
O Código Civil, por sua vez, elucida a responsabilidade civil objetiva, ou seja, aquela 
que independe de culpa para fins de responsabilização, na hipótese em que a atividade 
desempenhada pelo autor do dano, no caso o empregador, acarrete risco aos seus empregados. 
Dispõe o artigo 927, parágrafo único do Código Civil brasileiro que: Parágrafo único. 
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em 
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua 
natureza, risco para os direitos de outrem. 
Fato é que o empregador tem a obrigação legal de indenizar seus empregados em caso 
de dano ocasionados a estes, incluindo, frise-se, dano à sua dignidade, de modo que direitos 
personalíssimos do obreiro são violados. 
Ademais, quando se fala em responsabilização do agente patronal, comumente diz 
respeito a um dano decorrente de um acidente de trabalho, por exemplo, de modo que afeta o 
corpo ou patrimônio da vítima, gerando o direito a uma indenização no escopo de minorar os 
efeitos do dano causado. 
Ocorre que não se deve observar tão somente essa lógica de dano. Em verdade, o dano 
material ocorre, de fato, porém as relações de trabalhos são muito complexas, passíveis de 
constantes atritos entre seus membros, de sorte que o aspecto psicológico, emocional e moral 
se tornam máxima quando se fala em eventual violação de direitos, mormente, os que dizem 
respeito à dignidade do trabalhador, a exemplo do assédio moral ou práticas ofensivas e/ou 
discriminatórias no ambiente de trabalho. 
Kaminici (2014) elucida de forma objetiva e sensata o dano moral nas relações de 
trabalho, a saber: 
 
Os danos morais ou extrapatrimoniais no direito trabalhista consistem em 
consequências de uma prática degradante ou aviltante, que obsta a continuidade de 
uma relação de trabalho digna, ao passo que a torna insuportável em virtude de 
lesionar a integridade dos direitos da vítima de forma material, pessoal, na sua alma, 
espírito ou capacidade de se relacionar. (KAMINICI, Nathália Ayumi Prado. Direitos 
da personalidade no direito do trabalho. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 
126, jul 2014. 
 
E continua: 
9 
 
 
(...) Os danos que atacam os direitos à personalidade e a dignidade humana, afetam 
sua consciência, seus sentimentos e comportamento. E merecem maior destaque estes 
direitos, uma vez que a nova tipologia a ser aqui apresentada e defendida no tocante 
à possibilidade de seu ressarcimento no direito do trabalho é considerada deles 
decorrente, e também merece ressarcimento autônomo e desvinculado das classes 
maiores de dano. (KAMINICI, Nathália Ayumi Prado. Direitos da personalidade no 
direito do trabalho. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 126, jul 2014. 
 
É nesse contexto que se fala em responsabilidade civil do empregador ante a violação 
de direitos personalíssimos do obreiro, momento pelo qual aquele age com excessos, se 
utilizando do seu poder diretivo de forma desarrazoável e desproporcional, reputando, ressalte-
se, em abuso de direito, de modo a expor os trabalhadores a situações vexatórias, 
constrangedoras, ofensas a sua honra, imagem e dignidade perante os colegas de trabalho; 
agressões físicas, verbais, coações, perseguições, rigor excessivo, dentre outras situações 
ultrajantes. 
Tal situação, inegavelmente, acarreta prejuízos de cunho psicológico ao trabalhador, 
visto que o mesmo fica impossibilitado de trabalhar, de modo que adquire síndromes, pânico e 
aversão ao ambiente de trabalho. 
Diante desse quadro, cabe à vítima buscar a tutela estatal de modo a ver responsabilizado 
o agente patronal causador do dano de cunho moral, sendo-lhe devida uma indenização 
proporcional á lesão ocasionada, muito embora seja impossível restabelecer o status quo ante, 
visto às seqüelas que ficam sob a ótica emocional, cabendo ao Direito ressarcimento de ordem 
econômica, ou seja, mediante indenização monetária no fito de remediar a perda sofrida 
(MONTEIRO, 2012). 
Como se verá adiante, o colendo Tribunal Superior do Trabalho já vem se manifestando 
no sentido de resguardar a personalidade do obreiro, visto que o dano personalíssimo lesa um 
bem jurídico do trabalhador, razão pela qual perfeitamente cabível a responsabilização do 
empregador. 
Assim, inadmissível, em plena conjuntura de precarização de direitos trabalhistas, ainda 
se permitir lesões aos direitos da personalidade, direitos estes amplamente tutelados pelo 
ordenamento pátrio, notadamente por se tratarem atributos essenciais e indisponíveis da pessoa 
humana. 
 
3 PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR 
 
10 
 
É sabido que o empregador, ao optar em abrir seu próprio negócio, inegavelmente trás 
para si o ônus em assumir os riscos do empreendimento advindos da atividade econômica 
desenvolvida. 
Nesse esteio, nada mais prudente que o mesmo goze de algumas prerrogativas no que 
dizem respeito ao seu poder de gerir a empresa, bem como os seus colaboradores, da maneira 
que achar melhor conveniente, por meio do seu poder de direção, ou seja, de dirigir, fiscalizar, 
controlar e disciplinar seus empregados. 
Delgado (2017) assevera que o poder empregatício, gênero do poder diretivo e demais 
dimensões de poderes, confere a pessoa do empregador determinadas prerrogativas, as quais 
apresentam “grande relevo socioeconômico, que favorecem, regra geral, a figura do 
empregador, conferindo-lhe enorme influência no âmbito do contrato de trabalho e da própria 
sociedade.” 
Sergio Pinto Martins (2018), leciona que o empregador é quem determina a forma e o 
modo como serão desenvolvidas às atividades do empregado, consubstanciado no seu poder de 
direção, ao qual tem como amparo legal o art. 2ª da CLT. 
Nas palavras de Alice Monteiro de Barros (2016), o poder diretivo do empregador 
caracteriza-se pela capacidade que o mesmo tem de dirigir o empreendimento, ou seja, uma 
espécie de poder jurídico existente perante os empregados, de modo que impõe alterações na 
estrutura da relação de emprego. 
Delgado (2017) conceitua poder empregatício como o “conjunto de prerrogativas 
asseguradas pela ordem jurídica e tendencialmente concentradas na figura do empregador, para 
exercício no contexto da relação de emprego” (DELGADO, 2017, p. 749). 
Em sua obra, Delgado (2017) esclarece que utiliza o termo “poder empregatício” como 
expressão de caráter geral, no qual envolve todos os demais poderes do empregador, não sendo 
muito usual por parte da doutrina, de modo que esta se utilizava da expressão “poder 
hierárquico”, ou até mesmo de referências autônomas que Delgado chama dimensões do poder 
empregatício, quais sejam, poder diretivo, poder regulamentar, poder fiscalizatório e poder 
disciplinar. 
Por seu turno, imperioso ressaltar que, segundo Delgado (2017), o poder diretivo e 
disciplinar, por alcançarem maior amplitude nas relações de trabalho, se apresentam como 
dimensões específicas poder empregatício. Por outro lado, o poder regulamentar e fiscalizatório 
seriam desdobramentos do poder diretivo. 
Não obstante a ressalva aqui exposta ver-se-á mais adiante as características individuais 
de cada poder. 
11 
 
Fato é que vários doutrinadores tentam explicam, por meio de teorias, a justificativa 
desse poder de direção atribuído aos empregadores na ambiência das relações laborais. 
Segundo Alice Monteiro de Barros (2016, p. 386), “são três as principais correntes 
utilizadas para fundamentar a existência do poder diretivo e disciplinar: a teoria da propriedade 
privada, a teoria institucional e a teoria contratual.” 
Na teoria da propriedade privada, afirma-se que o empregador faz jus a essa 
prerrogativa, pois é, simplesmente, o proprietárioda empresa, razão pela qual possui o direito 
de impor ordens de trabalho. 
Outrossim, para a teoria institucional, a empresa é análoga a uma instituição, de modo 
que os empregados fazem parte do seu corpo de pessoal, motivo pela qual estão sujeitos ao 
poder de direção do empregador, devendo, portanto, obedecer às normas impostas pela 
instituição. 
Ademais, no que se refere à teoria contratual, defende-se que, considerando a presença 
de um dos requisitos da relação de emprego, qual seja a subordinação, essa condição, por si só, 
já pressupõe o poder de direção do empregador, face o empregado. 
Nesse contexto, conforme defendido pela doutrina, o poder diretivo seria um direito 
potestativo, “ao qual o empregado não poderia opor-se”, leciona Sergio Pinto Martins (2018, 
p.357). 
Nos dizeres de Delgado (2017), poder diretivo também chamado por ele de poder 
organizativo ou de comando, pode ser entendido como: 
[...] o conjunto de prerrogativas tendencialmente concentradas no empregador 
dirigidas à organização da estrutura e espaço empresariais internos, inclusive o 
processo do trabalho adotado no estabelecimento e na empresa, com a especificação 
e orientação cotidianas no que tange à prestação de serviços. 
 
Infere-se do conceito supracitado que o referido autor inclui na ambiência do poder 
diretivo o poder de organização, no qual o empregador faz jus, conceito este divergente de 
outros autores que conferem ao poder de organização uma modalidade autônoma, conforme se 
verá adiante. 
Porém, oportuno ressaltar que esse poder, consoante exposto anteriormente, não é 
absoluto, uma vez que existem limites internos e externos a serem seguidos pelo empregador 
quando da imposição de serviços ilegais/ilícitos, os quais são impostos pela própria 
Constituição, assim como pelas leis, normas coletivas, contrato, a boa-fé objetiva e o exercício 
regular do direito. (Martins, 2018). 
12 
 
Destarte, vislumbra-se a presença de subdivisões dentro do poder diretivo do 
empregador, ou seja, para que se dirija com eficiência e qualidade a empresa e seus empregados, 
necessário o estabelecimento de outros poderes que irão nortear a atuação patronal, mas, frise-
se, sempre com limites, respeitando a constituição e a legislação infraconstitucional, quais 
sejam eles: Poder de organização; poder de controle e poder disciplinar. 
Ressalte-se que a nomenclatura dos poderes pode diferir de um autor para outro. 
Delgado (2017), por exemplo, trás, ainda, a figura do poder regulamentar que nada mais é que 
o poder do empregador de fixar regras gerais de observância obrigatória pelos empregados no 
interior do estabelecimento e da empresa, ou seja, uma mera manifestação do poder diretivo. 
O poder de organização consiste, como o próprio nome sugere, na prerrogativa que o 
empregador detém de organizar a sua empresa de acordo com as necessidades destas, de modo 
a otimizar os trabalhos e, conseqüentemente, na geração de resultados. Tal poder resta 
corporificado por meios dos regulamentos internos das empresas, os quais informam os ditames 
a serem seguidos pelos empregados. 
Partindo desse contexto, o conceito de poder de organização atinge uma máxima quando 
engloba aspectos organizacionais nos mais variados setores do empreendimento, tais como 
setor jurídico, departamento pessoal, recursos humanos, financeiro, administrativo, dentre 
outros. 
Sergio Pinto Martins (2018) exemplifica bem o poder e organização do empregador no 
aspecto jurídico, por exemplo, quando aquele estabelece o tipo societário, ao qual a empresa 
será regida. 
Ainda dentro do seu poder de organização, importante citar algumas medidas do 
empregador consubstanciada no referido poder, tais como estabelecimento de jornada de 
trabalho, número de empregados, criação de cargos e funções; implantação de áreas e/ou setores 
estratégicos no seu empreendimento, dentre outros. 
No que tange ao poder disciplinar, este pode ser definido como o poder que o 
empregador tem de impor sanções aos seus empregados em caso de descumprimento de normas 
internas da empresa, ou seja, das obrigações contratuais. 
Vale ressaltar que o referido poder se confunde com o poder diretivo, mas segundo 
Delgado (2017), aquele contém certas particularidades o que o torna uma modalidade própria, 
notadamente quanto ao aspecto punitivo, visto que decorre de um ilícito trabalhista, gerando, 
por ser turno, uma sanção corporificada mediante um procedimento punitivo. 
13 
 
O poder de controle do empregador é, indiscutivelmente, o que mais demanda polêmicas 
e controvérsias quando da sua aplicação nas relações de trabalho. Tal poder consiste em 
fiscalizar e controlar as atividades do empregado no exercício de suas funções. 
É certo às vastas discussões doutrinárias e jurisprudenciais acerca dos excessos 
cometidos pelo empregador no que tange à aplicação do poder de controle. Importante frisar 
que o referido controle, nas palavras de Sergio Pinto Martins (2018, p.358), “é feito sobre o 
trabalho e não sobre a pessoa do trabalhador”. 
Assim, qualquer tipo de controle/fiscalização que viole a honra ou intimidade do 
empregado ou, até mesmo, que o exponha a uma situação vexatória, deve ser reprimida, de 
modo que o empregador deve ser responsabilizado civilmente, ante à violação de direitos. 
Nas palavras de Maurício Godinho Delgado (2017), poder de controle “seria o conjunto 
de prerrogativas dirigidas a propiciar o acompanhamento contínuo na prestação de trabalho e a 
própria vigilância efetivada ao longo do espaço empresarial interno” (DELGADO, 2017, p. 
753.) 
Alice Monteiro de Barros (2016, p. 388) conceitua o poder de controle como aquele que 
“consiste na faculdade do empregador de fiscalizar as atividades profissionais de seus 
empregados. A função de controle compreende as revistas”. 
Um exemplo clássico que ainda é motivo de bastante discussão na ambiência do poder 
de controle é a chamada “revista”. Esta ocorre no escopo do empregador evitar perdas 
patrimoniais, sob o fundamento do seu direito de propriedade garantido pela Constituição 
Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXII, de modo que o obreiro, ao final do expediente, 
é revistado, a fim de verificar a presença de objetos de propriedade do empregador. 
Nesse esteio, oportuno frisar que a doutrina e jurisprudência são unânimes quando 
acentuam que essa conduta é lícita e legal, desde que seja realizada de forma discreta, cautelosa 
e sem constrangimento ao trabalhador, que esteja expressa no regulamento interno da empresa, 
bem como buscando o equilíbrio entre os direitos da personalidade da classe obreira e os 
direitos da classe patronal, pautando a conduta em critérios como a razoabilidade e 
proporcionalidade. 
Para Alice Monteiro de Barros (2016), a revista só deve ocorrer em última opção, ou 
seja, quando não mais houver, para o empregador, outros meios lícitos e legais que resguardem 
o seu patrimônio e mais do que isso, para resguardar a vida dos próprios trabalhadores, 
mormente a crescente onda de violência que terrorismo que assola vários países ao redor do 
mundo. 
14 
 
A referida autora complementa seus dizeres ao assinalar que é possível minimizar 
eventuais distorções quanto ao real intento da revista, não conferindo qualquer abuso, quando 
se utiliza da tecnologia, “a título de exemplo, a colocação de etiquetas magnéticas em livros e 
roupas, torna desnecessária a inspeção em bolsas e sacolas, nos estabelecimentos comerciais” 
(Alice Monteiro de Barros, 2016, p. 389) 
A citada prática é só mais uma das diversas condutas que se pode mensurar no âmbito 
do poder de controle. Outros exemplos, têm-se o monitoramento da atividade do empregado no 
computador, qual seja a utilização de e-mails; a marcação do ponto, instalação de câmeras ou 
microfones no local de trabalho, submissão a exames toxicológicos, definição de padrão de 
vestimenta no meio ambiente laboral, controle de portaria,controle de horário e freqüência, 
dentre outros. 
Fato é que todas essas condutas, ao serem impostas pelo empregador aos seus 
empregados, devem respeitar o princípio da dignidade da pessoa humana, assim como o direito 
à privacidade, intimidade, honra e imagem do obreiro, preceitos estes esculpidos na Carta 
Magna de 1988, sob pena de o empregador ser responsabilizado nas esferas cabíveis, 
notadamente a cível e criminal. 
Outrossim, deve-se, indiscutivelmente, se estabelecer limites para quaisquer dos 
poderes aqui discutidos, de modo que é necessário que a ordem jurídica vigente estabeleça 
“firme contingenciamento ao exercício de tais atividades de fiscalização e controle internas à 
empresa em benefício da proteção à liberdade e dignidades básicas da pessoa do trabalhador” 
(DELGADO, 2017, p. 754). 
Partindo dessa premissa básica, a Constituição Federal de 1988 tem um papel primordial 
no combate desses abusos, notadamente pelo fato de que tais condutas violadoras de direitos 
por parte do empregador chocam-se frontalmente com os preceitos esculpidos na Carta Magna 
que instituiu um Estado Democrático de Direito, primando pela dignidade da pessoa humana 
em todas as suas relações sociais. 
Nesse contexto, Delgado (2017) elucida: 
[...] todas essas regras e princípios gerais, portanto, criam uma fronteira inegável ao 
exercício das funções fiscalizatórias e de controle no contexto empregatício, 
colocando na franca ilegalidade medias que venham agredir ou cercear a 
liberdade e dignidade da pessoa que trabalha empregaticiamente no país. 
DELGAGO, 2017, p. 755. Grifos nossos. 
 
Portanto, à guisa do exposto, patente a necessidade de se coibir efetivamente afrontas 
aos direitos da personalidade do obreiro, mormente a norma jurídica máxima do ordenamento 
15 
 
pátrio, rechaçar toda e qualquer violação a dignidade dos trabalhadores na sua ambiência 
laboral. 
 
4 DIREITOS DE PERSONALIDADE DO EMPREGADO 
 
É de notório conhecimento que, com o advento da globalização, da propagação 
desenfreada dos meios de comunicação e das múltiplas relações interpessoais na ambiência 
laboral, restou patente a facilidade em violar preceitos fundamentais, notadamente àqueles que 
dizem respeito aos direitos da personalidade do indivíduo, assim como ao princípio fundamento 
da dignidade da pessoa humana. 
Nesse panorama, considerando que a dignidade da pessoa humana atua como valor 
fundante do ordenamento jurídico pátrio, mister ressaltar a imprescindibilidade do referido 
preceito fundamental no intróito dos direitos da personalidade. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald ressaltam a importância da abordagem do 
princípio da dignidade da pessoa humana quando do estudo dos direitos da personalidade, 
mormente que, sem essa análise, a teoria da personalidade, bem como os efeitos dela 
decorrentes, tornar-se-iam vazios. 
Tal acepção parte do pressuposto de que, o princípio da dignidade da pessoa humana, é 
o fundamento do Estado Democrático de Direito do Brasil (art.1ª, inc.III da C/88), o que 
condiciona a validade e a eficácia das demais fontes do direito brasileiro, dentre estas as dos 
direitos da personalidade. 
De igual modo, considerando o fato de o princípio da dignidade da pessoa humana ser 
o valor fundante do nosso ordenamento pátrio, o indivíduo ocupa uma posição central no 
sistema jurídico, de modo que às normas e regras jurídicas devem ser pensadas e impostas no 
fito de proteger a sua dignidade, além do que devem garantir o mínimo de direitos fundamentais 
para lhe proporcionar uma vida digna (Farias e Rosenvald, 2013, p.164). 
Superada essa fase introdutória, fato é que os direitos da personalidade são direitos 
inerentes aos valores existenciais da pessoa humana e a ela ligados de maneira perpétua e 
permanente. Não são mensuráveis economicamente, pois estão voltados à própria condição 
existencial da pessoa, tais como, à vida, à liberdade, o nome, o próprio corpo, à imagem e à 
honra (Farias e Rosenvald, 2013, p.177; Gonçalves, 2013, p.184). 
Ademais, os direitos da personalidade decorrem essencialmente dos direitos 
fundamentais consagrados na carta magna de 1988, razão pela qual é necessário estudá-los não 
se olvidando da ótica constitucional, muito embora integrem a legislação ordinária. 
16 
 
Nesse esteio, brilhante as palavras de Tartuce (2014, p.119) quando afirma que “a ordem 
jurídica é um todo harmônico e os grandes princípios e garantias ditados pela Constituição 
Federal devem ter os contornos e características que a lei ordinária lhes der, sem infringi-los ou 
restringi-los.” 
Partindo desse contexto, os direitos da personalidade estão dispostos genericamente em 
duas escalas dentro do ordenamento pátrio, qual seja, na Constituição Federal, onde se tem a 
base de todos os direitos; e no Código Civil Brasileiro, onde se encontra as especificidades dos 
mesmos. (Venosa, 2012). 
Por sua vez, há de se ressaltar que os direitos da personalidade possuem como grande 
alicerce o fundamento constitucional do respeito à dignidade da pessoa humana, no qual embasa 
todo o ordenamento jurídico brasileiro. (Gonçalves, 2013). 
Assim, derivados do referido princípio, os direitos da personalidade tutelam os valores 
mais significativos do indivíduo, seja perante outras pessoas, seja em relação ao Poder Público. 
Com as cores constitucionais, os direitos da personalidade passam a expressar o mínimo 
necessário e imprescindível a uma vida com dignidade e integridade (Farias e Rosenval, 2013, 
p.178). 
Com efeito, fora editado e aprovado o enunciado nº 274 oriundo da IV Jornada de 
Direito Civil do CSJ/STJ com fundamento no art. 11 do Código Civil, in verbis: 
Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, 
são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art 1º, III, da 
Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana.). Em caso de colisão entre 
eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da 
ponderação. 
 
Ademais, é certo que os direitos da personalidade, como explicitado no enunciado 
supracitado, estão dispostos no Código Civil não de maneira taxativa, mas sim meramente 
exemplificativa razão essa pela qual, poder-se-á agrupar outros direitos que tutelam a proteção 
humana, tal como nas relações de trabalho. 
Logo, os Direitos da Personalidade são ilimitados diante da impossibilidade de se 
enumerar todas as suas vertentes, toda a sua extensão (DINIZ, 2005, p. 124). Seu rol não é 
exaustivo ou taxativo. 
 Por visar tutelar de forma holística o ser humano, não há como estabelecer um rol taxativo 
dos direitos da personalidade, visto que o homem enquanto produto da sociedade evolui 
conjuntamente com esta, incorporando novos valores à sua personalidade, os quais assim como 
os outros já existentes, merecem toda proteção do ordenamento jurídico. 
17 
 
Nessa linha de idéias, pode-se afirmar que os direitos da personalidade são expressões da 
cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art.11º, inc.III da CF/88 (enunciado 274 
da Jornada de Direito Civil). Logo, os direitos da personalidade decorrem de uma cláusula geral 
de proteção da personalidade, a qual encontra-se inserida no princípio da dignidade da pessoa 
humana, o que por si impossibilita que tais direitos sejam esgotados e limitados (Farias e 
Rosenvald, 2013, p.207). 
Flávio Tartuce (2014) coaduna nesse sentido, quando escreve sobre os direitos da 
personalidade em suas múltiplas derivações, no sentido de que estes podem se manifestar, até 
mesmo, em uma derivação que não consta em nenhuma norma jurídica. 
Silvio Venosa corrobora com este entendimento de que os direitos da personalidade se 
manifestam nas mais diferentes vertentes, sendo impossível individualizá-lo (2012, p.177). 
Geralmente, os direitos da personalidade decompõem-se em direito à vida, a própria 
imagem, ao nome e à privacidade.Essa classificação, contudo, não é exaustiva. Os 
direitos de família puros, como, por exemplo, o direito ao reconhecimento de 
paternidade e o direito a alimentos, também se inserem nessa categoria. Não é 
possível, como apontamos, esgotar esse elenco. 
 
Tem-se, ainda, no ordenamento jurídico pátrio, uma gama de autores civilistas, razão 
pela qual se faz imperioso ressaltar as impressões dos mesmos acerca dos direitos da 
personalidade e seus desdobramentos, notadamente no seu aspecto conceitual e suas 
características. 
Para Sílvio Venosa, os direitos da personalidade são “direitos privados fundamentais 
que devem ser respeitados como conteúdo mínimo para permitir a existência e a convivência 
dos seres humanos” (2012, p.175). 
É cediço que os direitos da personalidade possuem imensa proteção por parte do estado, 
notadamente quando a legislação pertinente, qual seja o Código Civil vigente, elenca um 
capítulo específico para os mesmos. Tal fato se dá pela preocupação do estado em proteger a 
vida humana em suas mais variadas manifestações, assim como pela importância da matéria na 
pós-modernidade, momento em que o direito privado assume uma nova feição, face às 
transformações sociais. (Venosa, 2012). 
Tamanha a importância e a relação destes direitos para com a dignidade da pessoa 
humana, que os autores são unânimes, em se tratando das características de tais direitos, quando 
afirmam que estes são inatos, vitalícios, imprescritíveis e inalienáveis. 
Analisando tais características, percebe-se quão complexo e importante são estes 
direitos, razão pela qual merecem toda a atenção e proteção estatal, precipuamente, por 
tutelarem a proteção à vida, o bem jurídico maior. 
18 
 
A título exemplificativo, Silvio Venosa (2012, p.178) enumera alguns destes direitos, 
lembrando que o rol não é taxativo: 
Os direitos da personalidade são os que resguardam a dignidade humana. Desse modo, 
ninguém pode, por ato voluntário, dispor da sua privacidade, renunciar à liberdade, 
ceder seu nome de registro para utilização por outrem, renunciar ao direito de pedir 
alimentos no campo de família, por exemplo. 
 
Já sob a ótica de Pablo StolzeGagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2016, p.196), os 
mesmos elucidam, por sua vez, que os direitos da personalidade são “aqueles que têm por objeto 
os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais”. 
No que tange às suas características, continuam: 
Sendo direitos ínsitos à pessoa, em suas projeções física, mental e moral, os direitos 
da personalidade são dotados de certas características particulares que lhes conferem 
posição singular no cenário dos direitos privados. Assim, os direitos da personalidade 
são: a) absolutos; b)gerais; c)extrapatrimoniais; d)indisponíveis; e)imprescritíveis; 
f)impenhoráveis; g)vitalícios. 
 
Mesmo considerando que os direitos da personalidade decorrem de uma cláusula geral 
– a qual por sua vez encontra-se inserida no princípio da dignidade da pessoa humana – é 
possível classificá-los levando em consideração alguns critérios, sem contudo, remover o seu 
caráter ilimitado. Assim, confirme Farias e Rosenvald (2013, p.207), os direitos da 
personalidade são classificados segundo a: 
 a) integridade física: direito à vida, direito ao corpo, direito à saúde ou a inteireza corporal, 
direito ao cadáver e outros; 
 b) integridade moral ou psíquica: direito à imagem, direito à privacidade, ao nome, etc ; 
 c) integridade intelectual: direito à autoria científica ou literária, à liberdade religiosa e de 
expressão, dentre outras manifestações do intelecto. 
Bittar (2003), assim leciona: 
Os direitos da personalidade são direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si 
mesma e em suas projeções na sociedade, previstos no ordenamento jurídico 
exatamente para a defesa de valores inatos ao homem, como a vida, a higidez física, 
a intimidade, a honra, a intelectualidade e outros tantos. (BITTAR, 2003, p. 03). 
 
Por sua vez, Maria Helena Diniz preceitua os direitos da personalidade com algumas 
reflexões acerca da personalidade: 
[...] a personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. A 
personalidade não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano 
tem direito à personalidade. A personalidade é que apóia os direitos e deveres que dela 
irradiam, é objeto de direito, é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence como 
primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para sobreviver e se adaptar às 
19 
 
condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, 
adquirir e ordenar outros bens3 (DINIZ, 2005, p. 121). 
 
Fato é que os direitos da personalidade englobam diversos direitos, sendo os mais 
relevantes segundo Gonçalves (2012), o direito a intimidade, vida privada, honra e imagem das 
pessoas. 
Ademais, oportuno salientar que, em se tratando de violação a uma destes direitos, a 
Constituição preconiza que é “assegurado direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação.” (art. 5º, X). 
Por sua vez o Código Civil em seu art. 12 também vai de encontro ao postulado 
constitucional supra quando dispõe que “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito 
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
O parágrafo único do referido artigo complementa, dizendo que “Em se tratando de morto, terá 
legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer 
parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.” 
Nesse esteio, a violação do direito da personalidade de modo a acarretar danos aos 
indivíduos, gera, por si só, responsabilização civil decorrente de ato ilícito. Assim, nasce para 
o lesionado, o direito subjetivo de reparação sob a ótica não somente dos ditames 
constitucionais e cíveis, mas também na seara trabalhista. 
 
4.1. Os Direitos da Personalidade nas Relações de Trabalho. 
 
Os direitos da personalidade, inegavelmente, estão associados a valores existenciais da 
pessoa humana, ou seja, estão voltados para a própria concepção do ser em suas diversas 
relações sociais. 
Partindo dessa conjuntura, é bem verdade que o ser humano passa grande parte da sua 
vida na ambiência laboral, de sorte que é por meio do seu trabalho que tiram a sua subsistência 
e de sua família. 
Nesse sentido, Belmonte (2004, p. 28) preceitua uma problemática crescente no 
ambiente de trabalho nos tempos hodiernos, ou seja, é que “está cada vez mais difícil delimitar 
o espaço do trabalho, pela mistura crescente entre os elementos relacionados ao 
trabalho ou à vida profissional com os relacionados à vida íntima do empregado” 
Assim, considerando a sucessão das mais variadas condutas e/ou ações experienciados 
pelos empregados e empregadores na ambiência laboral, facilmente pode-se acarretar conflitos 
internos que, em excesso, pode se traduzir em afronta direta aos direitos da personalidade do 
20 
 
empregado, notadamente quando se leva em consideração a sua situação de vulnerabilidade em 
relação ao seu empregador. 
Fato é que aspectos do trabalhador, intrinsecamente ligados aos direitos da 
personalidade, tais como o físico, psíquico, moral, intelectual, dentre outros devem ter a sua 
plena preservação, sob pena de se estar violando a sua dignidade. 
Delgado (2017) destaca o universo dos direitos da personalidade do trabalhador com 
características próprias, in verbis: 
[...] esse novo universo normativo trata, certamente, de temas como a dignidade da 
pessoa do trabalhador, sua intimidade e até mesmo a simples privacidade, com as 
diversas facetas que podem assumir no contexto da vida real no contrato de emprego 
e no ambiente de trabalho. Trata também, com certeza, do tema da imagem do 
trabalhador, com as dimensões diversas que pode manifestar na experiência 
empregatícia. (DELGADO,2017, p. 726). 
 
Delgado (2017) leciona, ainda, importante questão envolta aos direitos da personalidade 
do obreiro na ambiência laboral, qual seja o contraponto jurídico envolvendo estes direito em 
divergência com o poder empregatício e, frise-se, em qualquer de suas dimensões, a saber: 
poder normativo, diretivo, fiscalizatório e disciplinar. 
Tal contraponto decorre do fato de, enquanto os direitos da personalidade têm como 
propósito a tutela da dignidade humana, consubstanciado na ordem jurídica democrática e 
republicana, o poder empregatício confere ao empregador excessiva vantagem “inerente à 
situação jurídica de subordinação de seus empregados” (DELGADO, 2017, p. 726). 
Essa relação desarrazoável e desproporcional no âmbito das relações laborais foi fator 
determinante para que o Direito do Trabalho buscasse sopesar tais relações, proporcionando 
meios legais para fins de proteção da parte hipossuficiente da relação empregatícia. 
Nas brilhantes palavras de Delgado (2017), o Direito do Trabalho, em decorrência de 
contraponto jurídico: 
[...] afirmou-se como o grande contraponto às prerrogativas do poder empregatício. 
Com suas regras, princípios e institutos, consolidou, nos últimos 150 anos, no 
Ocidente, significativa barreira – ou pelo menos atenuação - ao antes incontrastável 
exercício desse poder no mundo laborativo. (DELGADO, 2017, p. 727). 
 
Ademais disso, relevante ressaltar que com a promulgação da Carta Magna de 1988, 
inaugurou-se uma nova força normativa capaz de frear abusos nas relações de emprego, sendo 
notável a expressiva valoração dos direitos da personalidade e, conseqüentemente, em um novo 
contraponto jurídico no Brasil, mormente, a tendência de se harmonizar as duas posições ora 
contrapostas, de forma sistêmica e harmônica. 
Segundo Delgado (2017), a harmonização ora discutida dar-se-á: 
21 
 
[...] por meio da atenuação, racionalização e civilização do poder empregatício, que 
tem, de passar a se harmonizar à relevância dos princípios, regras e institutos 
constitucionais que asseguram tutela aos direitos de personalidade do ser humano, 
partícipe da relação de emprego no pólo obreiro. (DELGADO, 2017, p. 727). 
 
A guisa do exposto, a legislação trabalhista vigente, em consonância com a nova ordem 
jurídica de harmonização e não se olvidando da necessidade e importância de se tutelar a 
dignidade do trabalhador, com espeque no princípio constitucional da dignidade da pessoa 
humana, confere proteção aos trabalhadores no que tange à proteção aos direitos da 
personalidade do obreiro, em especial por limitar os poderes do empregador. 
A CLT (consolidação das leis do trabalho) possui dispositivos normativos que albergam 
a proteção da dignidade do empregador, quando determina proibições e/ou limitações quanto 
ao poder empregatício. 
Como norma expressa de proteção aos direitos da personalidade, por exemplo, a CLT, 
em seu art. 373-A,VI, veda que o empregador proceda com revistas íntimas nas empregadas ou 
funcionárias, protegendo, portanto, a intimidade e privacidade da obreira. 
Ademais, ainda segundo a legislação celetária, é hipótese de justa causa para rescisão 
do contrato de trabalho, ato lesivo a honra contra qualquer pessoa, exegese do art. 482, j,k. da 
CLT. 
Outrossim, o art. 483 da CLT, ao qual trata da rescisão indireta do contrato de trabalho, 
elenca hipóteses que em sua essência são protetivas ao trabalhador, mormente, por tutelar 
direitos da personalidade, quando, por exemplo, o empregado é submetido a um rigor excessivo 
e perigo manifesto, situações que afrontam a dignidade do obreiro. 
Alvarenga (2014) detecta dispositivos normativos na legislação celetária que tutelam os 
direitos da personalidade. Por exemplo, a referida autora faz referência ao art. 29 da CLT que 
confere proteção aos direitos da personalidade do trabalhador quando proíbe o empregador de 
proceder a qualquer espécie de anotação desabonadora acerca da conduta do empregado em sua 
CTPS. 
Vale ressaltar que, em que pese os direitos da personalidade estarem dispostos no 
Código Civil, nada impede que os mesmos sejam aplicados na seara trabalhista, uma vez 
observadas lacunas na legislação celetista, por meio da aplicação subsidiária. 
Ressalte-se, porém, que essa aplicação subsidiária do Código Civil nas relações laborais, 
especificamente aos artigos que tratam dos direito da personalidade, quais sejam arts. 11 a 21 
deve observar algumas peculiaridades. 
22 
 
Maurício Delgado (2017) perfeitamente leciona quanto à necessidade de se observar 
alguns critérios quando da aplicação subsidiária da legislação cível na esfera trabalhista, in 
verbis: 
Qualquer dos princípios gerais que se aplique ao Direito do Trabalho sofrerá, 
evidentemente, uma adequada compatibilização com os princípios e regras próprias a 
este ramo jurídico especializado, de modo que a inserção da diretriz geral não se 
choque com a especificidade inerente ao ramo justrabalhista. (DELGADO, 2017, p. 
192). 
 
Leite (2007) complementa que, em que pese a CLT não possuir um capítulo específico 
destinado à proteção dos direitos da personalidade no direito do trabalho, assim como há no 
Código Civil, a própria Constituição Federal tutela tais direito, o que já legitima a sua aplicação 
na esfera trabalhista, in verbis: 
Sem embargo da autorização do parágrafo único do art. 8º da CLT para a aplicação 
subsidiária do Código Civil de 2002, o certo é que a própria Constituição Federal de 
1988, por ser a fonte de todo o ordenamento jurídico brasileiro, já é condição 
suficiente para sanar a lacuna do texto consolidado. (LEITE, 2007, p. 40). 
 
Portanto, resta indiscutível a aplicação dos direitos da personalidade nas relações de 
trabalho, notadamente quando estes resultam de preceitos fundamentais, os quais se aplicam 
em todas as esferas jurídicas com supedâneo no princípio da dignidade da pessoa humana. 
 
5 RESPONSABILIDADE CIVIL E DIREITOS DA PERSONALIDADE: ATUAÇÃO DO 
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 
 
Por se tratar de uma problemática corriqueira nas relações de trabalho, demandas 
judiciais pugnando por indenizações de cunho moral em decorrência de afronta aos direitos da 
personalidade do obreiro em face de excessos cometidos pelo empregador, comumente chegam 
ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho, ao qual já vem firmando posicionamento acerca da 
matéria em voga. 
São inúmeras às imposições e condutas patronais decorrentes do abuso do poder 
diretivo, assim como práticas ofensivas e/ou discriminatórias no ambiente de trabalho dispostas 
nos regulamentos internos das empresas, que geram reflexos em demandas judiciais propostas 
pelos trabalhadores na Justiça do Trabalho. 
Pode-se citar, por exemplo, como hipóteses de conflitos entre poder diretivo e direitos 
da personalidade do empregado as revistas íntimas e pessoal; fiscalização por instrumentos 
visuais, assédio moral, monitoramente de e-mail, dentre outras condutas patronais na ambiência 
do poder diretivo. 
23 
 
Assim, levando em consideração a gama de situações conflitantes que surgem das 
relações de trabalho no que tange ao cometimento de excessos no poder diretivo e no 
ajuizamento de ações judiciais na Justiça do Trabalho, que o Tribunal Superior do Trabalho já 
vem se posicionando sobre o tema, adotando como premissa básica os critérios de razoabilidade 
e proporcionalidade quando da aplicação do direito ao caso concreto. 
Compulsando a jurisprudência do TST, o que mais se observa é a prática da revista seja 
pessoal, seja a revista íntima sendo judicializada. Em verdade, tais condutas não encontram 
guarida na doutrina e jurisprudência pátria, de modo que o empregador é devidamente 
responsabilizado. 
O empregador justifica a prática imoderada, sustentando a tese de que tal procedimento 
encontra respaldo na Carta Política de 1988, a qual confere a este o direito propriedade, tese 
esta já derrubada e não aceita pela comunidadeacadêmica. 
Segue julgado do TST que corrobora com o aqui expendido, in verbis: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A 
ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 - DESCABIMENTO . 1. TRANSCENDÊNCIA. A 
lembrança do princípio da transcendência não é necessária ao impulso do apelo, pois, 
em que pese o art. 896 da CLT, acrescido pela MP nº 2.226/2001, dispor sobre o 
requisito para o recurso de revista, ainda não foi regulamentada a sua aplicação. 2. 
REVISTA PESSOAL. ABUSO NO EXERCÍCIO DO PODER DIRETIVO. 
DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 5º, INCISOS V e X. INDENIZAÇÃO. 
VALOR. CRITÉRIOS PARA ARBITRAMENTO. Os princípios e garantias 
constitucionais atuam, na contemporaneidade, em defesa do trabalhador, enquanto e 
em contrapartida, estabelecem freios para a conduta patronal. A ordem inaugurada 
pela Constituição Federal de 1988, quando dá destaque à dignidade da pessoa humana 
e tutela intimidade, privacidade e honra, vedando tratamentos degradantes, revela 
visível avanço em relação à situação pregressa: ergue a nível matricial a proteção que 
a classe trabalhadora reclama desde a Revolução Industrial. Fazendo concreto o ideal 
do Estado Democrático de Direito, este conjunto de princípios deita-se sobre a 
legislação ordinária, relendo os limites da atuação patronal no exercício do poder 
diretivo - de base restritamente contratual -, sobretudo naquilo que represente 
desnecessária exposição e ofensa aos seus subordinados. Somente como exceção e 
sob escasso olhar, o art. 373-A da CLT admite revistas, regra igualmente limitada para 
as mulheres e, por influência do princípio isonômico, para os homens: ao empregador 
incumbe adotar os meios que a tecnologia lhe oferece para defesa de seu patrimônio, 
sendo-lhe vedado, mesmo com tal aparato, violentar a esfera privada daqueles 
trabalhadores que contrata. Sendo a última de suas possibilidades, o empregador 
poderá recorrer às revistas pessoais, desde que o faça sob condições, mas sem jamais 
macular a privacidade e a intimidade dos empregados. O excesso a tais parâmetros 
desperta a sanção constitucional e obriga à indenização do dano moral, 
providência que empresta coerção e concretude ao pilar da dignidade da pessoa 
humana e delega expressão máxima ao vetor eleito pela Constituição Federal. 
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. 
(TST - AIRR: 1699220125050101, Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 
Data de Julgamento: 07/12/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/12/2016) 
grifos do autor. 
 
 
24 
 
No caso em espeque, o TST entendeu que houve, de fato, abuso no poder diretivo do 
empregador, de modo que pugnou por devida a obrigação de indenizar o empregado, ante a 
conduta da revista pessoal feita de forma desarrazoável e desproporcional, com supedâneo em 
princípios e garantias fundamentais como a dignidade humana. 
Por outro lado, imperioso ressaltar que tal entendimento não é absoluto, devendo cada 
caso concreto ser analisado em consonâncias com os princípios da razoabilidade e 
proporcionalidade. 
Um exemplo disso é um julgado recente do TST em sede de Recurso de Revista 
interposto pelo empregador a que fora dado provimento, sob a relatoria do Ministro Douglas 
Alencar Rodrigues, que entendeu pelo exercício regular do poder diretivo, defesa do patrimônio 
e dentro dos limites legais e constitucionais, em se tratando de revista pessoal. Ementa, in 
verbis: 
RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014. INDENIZAÇÃO POR 
DANOS MORAIS. REVISTA DIÁRIA AOS PERTENCES DO EMPREGADO. O 
Tribunal Regional consignou que "Não há controvérsia acerca da vistoria de bolsas e 
sacolas, salvo que concerne à sua publicidade para clientes, o que não foi confirmado." 
e que "No caso, configura excesso na fiscalização patronal e extrapolação do exercício 
regular do seu poder diretivo a submissão do empregado à revista pessoal em seus 
pertences, de forma diária" O entendimento da SBDI-1 deste Tribunal Superior é no 
sentido de que a fiscalização do conteúdo das mochilas, sacolas e bolsas dos 
empregados, indiscriminadamente e sem qualquer contato físico ou revista íntima, não 
caracteriza ofensa à honra ou à intimidade da pessoa, capaz de gerar dano moral 
passível de reparação. Assim, tem-se que a Reclamada agiu dentro dos limites do 
seu poder diretivo, no regular exercício de proteção e defesa do seu patrimônio. 
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. 
(TST - RR: 104927720135050019, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de 
Julgamento: 11/04/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/04/2018). Grifos do 
autor. 
 
 
Por seu turno, relevante destacar o posicionamento do TST no que atine a revista pessoal 
que, na hipótese de contato físico durante a revista a que se submete o trabalhador, evidencia-
se a conduta abusiva e violadora de direitos, in verbis: 
 
RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014.1. HORAS EXTRAS. 
INTERVALO INTRAJORNADA. PARTE DOS CARTÕES DE PONTO 
APÓCRIFOS. IRRELEVÂNCIA. JORNADA DE TRABALHO APONTADA NA 
INICIAL CONFIRMADA PELA PROVA ORAL PRODUZIDA. SÚMULA 126 DO 
TST. [...] INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. REVISTA PESSOAL. 
CONTATO FÍSICO. CONFIGURAÇÃO. SÚMULA 333/TST. O entendimento da 
SBDI-1 desta corte é no sentido de que a fiscalização do conteúdo das mochilas, 
sacolas e bolsas dos empregados indiscriminadamente e sem qualquer contato físico 
ou revista íntima, não caracteriza ofensa à honra ou intimidade da pessoa, capaz de 
gerar dano moral passível de reparação. No caso, contudo, verifica-se situação 
diversa, na medida em que o Tribunal Regional sustentou que havia contato físico 
durante a revista a que era submetido à Reclamante, circunstância que evidencia 
conduta abusiva da Reclamada que implica ofensa à honra e à dignidade da 
Reclamante. Recurso de revista não conhecido. (TST – RR: 11215220145050020. 
25 
 
Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 04/04/2018. 5ª turma, Data 
da publicação: DEJT 13/04/2018. 
 
 
Outrossim, relevante destacar julgados tratando de outras hipóteses de conflitos entre 
poder diretivo e direitos da personalidade do empregado, como por exemplo a utilização de 
instrumentos visuais como câmeras, a fim de se observar o obreiro no exercício de suas funções. 
Com efeito, é de farta sabença que o aporte tecnológico já é uma realidade nas empresas. 
Empregadores se utilizam de tais ferramentas digitais no fito de resguardar seu patrimônio, 
assim como conferir se o trabalhador está exercendo seus mister nos moldes esperados, ou seja 
fiscalizar e controlar os seus empregados. 
Ademais disso, oportuno ressaltar que o uso indiscriminado desses artifícios 
tecnológicos pode configurar afronta aos direitos personalíssimos do obreiro, notadamente a 
instalação de câmeras em locais íntimos, ensejando na ilicitude da prática adotada. 
Nessa linha de raciocínio, o TST entendeu como excesso no poder diretivo do 
empregado, a instalação de câmeras nos vestiários da empresa, mantendo a condenação em 
danos morais em favor do trabalhador, considerando que tal conduta fere o direito a intimidade 
do obreiro. 
Segue ementa do julgado, in verbis: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL – 
MONITORAMENTO DE VESTIÁRIOS COM CÂMERAS – A corte regional 
assenta a premissa fática, impassível de revisão nessa fase recursal extraordinária, de 
que a reclamada não provou que as câmeras instaladas nos vestuários estavam 
voltadas exclusivamente para os armários. Sem superar essa premissa (óbice da 
Súmula nº 126 do TST), não se pode afastar a tese regional no sentido de que a 
conduta da empregadora fere o direito a intimidade dos empregados, ensejando 
dano moral, uma vez que o exercício do poder empregatício não justifica a 
exposição e a invasão da esfera privada e da intimidade dos empregados. Por essa 
razão, medidas de segurança devem ser adotadas com cautela suficientepara que estas 
sejam compatibilizadas com os direitos da personalidade dos empregados de forma 
ilícita e culposa, preenchendo os requisitos para a reparação por dano moral. 
Precedentes. Agravo de Instrumento desprovido. (TST – AIRR: 
16844120155230107. Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho. Data de 
Julgamento: 16/05/2018, 7ª turma, Data da Publicação: DEJT 18/05/2018). Grifos do 
autor. 
 
 
Outra questão bastante polêmica e que, constantemente, chega ao TST nos tempo 
hodiernos é o assédio moral no ambiente de trabalho. Tal problemática se resume a submissão 
de trabalhadores a situações vexatórias, ultrajantes, humilhantes e constrangedoras, em grande 
maioria dos casos, atingindo o sexo feminino. 
Vale ressaltar que o assédio moral pode ocorrer nas diversas escalas hierárquicas, e não 
somente no liame patrão e empregado. 
26 
 
Delgado (2017) leciona que no assédio moral, o agente causador buscar desgastar o 
equilíbrio emocional da vítima, por meio de gestos, palavras, condutas no fito de rebaixar a 
vítima e até mesmo diminuir sua autoestima, causando, destarte, desequilíbrios e tensões 
emocionais graves. 
Nesse esteio, infere-se que para configuração do assédio moral, dever-se-á verificar a 
intensidade da violência psicológica, de modo a ocasionar um dano psíquico ou moral no 
empregado, tratando-se, portanto de violência que perdura no tempo. 
Segue julgado do TST corroborando com o entendimento acima delineado: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. DISPENSA 
IMOTIVADA. DANOS MORAIS. Segundo consignou o Tribunal Regional, restou 
cabalmente demonstrado nos autos o assédio moral sofrido pelo autor, em razão da 
conduta do superior hierárquico do reclamante. Por esse motivo, o Regional julgou 
correta a decisão de origem que afastou a demissão e converteu a dispensa para 
imotivada. Diante desse contexto fático, insuscetível de reexame nesta instância 
recursal, nos termos da Súmula nº 126/TST, não há falar em violação dos arts. 5º, X, 
e 7º, XXVIII, da CF e 186 e 927 do Código Civil, porque demonstrado o assédio moral 
sofrido pelo reclamante. 2. INDENIZAÇÃO. CONVÊNIO MÉDICO. O Tribunal 
Regional não emitiu tese sobre a matéria, o que atrai a incidência da Súmula nº 297 
do TST, em razão da ausência de prequestionamento. Agravo de instrumento 
conhecido e não provido. 3. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. Em 
face de possível violação do art. 5º, V, da CF, dá-se provimento ao agravo de 
instrumento para determinar o prosseguimento do recurso de revista. 4. 
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. Em face de possível violação do art. 880 da 
CLT, dá-se provimento ao agravo de instrumento para determinar o prosseguimento 
do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. B) RECURSO DE 
REVISTA. 1. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. Tendo em vista o 
que determina o artigo 5º, V, da Constituição Federal, a fixação do valor da 
indenização por danos morais deve pautar-se por critérios de proporcionalidade e de 
razoabilidade. No presente caso, a indenização arbitrada revela-se excessiva em face 
da circunstância que ensejou a condenação, qual seja o assédio moral sofrido pelo 
reclamante. Recurso de revista conhecido e provido. 2. CUMPRIMENTO DA 
SENTENÇA. O Tribunal a quo concluiu que o cumprimento da sentença deve 
observar o disposto nos arts. 652, "d", e 832, § 1º, da CLT. Contudo, o art. 880 da 
CLT disciplina expressamente os procedimentos relativos à execução trabalhista, 
sobretudo em relação à obrigação de pagar quantia certa, no sentido de que o 
pagamento seja efetuado no prazo de quarenta e oito horas ou de que seja garantida a 
execução, sob pena de penhora. Logo, a imposição de multa pelo descumprimento da 
sentença quanto à obrigação de pagar, com escopo em normas de caráter genérico, 
afronta o referido preceito consolidado. Recurso de revista conhecido e provido. 
(TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464. Relatora: Dora Maria da Costa. Data do 
julgamento:14/11/2018, 8ª turma. Data da Publicação: DEJT 19/11/2018). 
 
 
Por fim, oportuno tecer comentários no que tange aos desdobramentos do assédio moral 
em distintas hipóteses. Exemplo claro é a restrição ao uso do banheiro. O seu uso de forma 
limitada é hipótese de abuso de direito por parte do empregador, sendo uma prática lesiva de 
afronta a dignidade do trabalhador. 
Porém a quem defenda que se trata de conduta inserida dentro dos limites do poder 
diretivo do empregador, a qual estabelece parâmetros para utilização do banheiro, tais como 
27 
 
quantidade de idas no decorrer da jornada de trabalho, assim como o tempo despendido para 
realização das necessidades fisiológicas. 
TST firmou entendimento no sentido de restrição do uso de banheiro expõe 
indevidamente a privacidade do empregado, ofendendo sua dignidade, visto que não se pode 
objetivamente controlar a periodicidade da satisfação de necessidades fisiológicas que se 
apresentam em diferentes níveis em cada indivíduo. Tal procedimento revela abuso aos limites 
do poder diretivo do empregador. 
Segue julgado nesse sentido: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE 
REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014 REGIDO PELO 
CPC/2015 E PELA IN Nº40/2016 DO TST. DANO MORAL. RESTRIÇÃO PELA 
EMPREGADORA AO USO DO BANHEIRO DA EMPREGADA. ATO ILÍCITO. 
OFENSA A HONRA SUBJETIVA DA EMPREGADA. DANO IN RE IPSA. 
INDENIZAÇÃO DEVIDA. O Regional manteve a decisão do juiz de origem em que 
se condenou a ré ao pagamento de indenização por danos morais, ao fundamento de 
se encontrar evidenciada a restrição ao uso de banheiros de maneira abusiva que 
configurasse lesão à integridade física e psicológica da autora. O Tribunal Superior 
do Trabalho tem entendido que a restrição pelo empregador ao uso do banheiro pelos 
seus empregados fere o princípio da dignidade da pessoa humana, traduzindo-se em 
verdadeiro abuso no exercício do poder diretivo da empresa (art. 2 ª da CLT), o que 
configura ato ilícito, sendo, assim, indenizável o dano moral sofrido pelos empregados 
(Precedentes desta corte). Por outro lado, cabe salientar que a ofensa à honra subjetiva 
do reclamante se revela in re ipsa, ou seja, presume-se, sendo desnecessário qualquer 
tipo de prova para demonstrar o abalo moral sofrido em decorrência da restrição ao 
uso do banheiro a que o trabalhador estava submetido. Isso significa afirmar que o 
dano moral se configura independentemente de seus efeitos, já que a dor, o sofrimento, 
a angústia, a tristeza ou o abalo psíquico da vítima não são passíveis de um direito da 
personalidade e da dignidade da pessoa humana para que o dano moral esteja 
configurado. Agravo de instrumento desprovido. (TST – AIRR: 
114806720155010075. Relator: José Roberto Freire Pimenta. Data de Julgamento: 
22/10/2018, 2 ª turma, Data da publicação: DEJT: 26/10/2018). 
 
 
Outras medidas que merecem destaque do ponto de vista jurisprudencial e que se 
encaixam nas hipóteses de conflito entre poder o diretivo do empregador e direitos 
personalíssimos do trabalhador são, por exemplo, a utilização de instrumentos visuais para fins 
de fiscalização, assim como monitoramento de e-mail. 
O TST já se manifestou no sentido de ser abusiva a utilização de câmeras que afrontem 
a intimidade e privacidade do obreiro, com supedâneo no Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana, notadamente em locais íntimos, como em banheiros, por exemplo. 
Segue julgado sob a perspectiva dita alhures, in verbis: 
 
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. DANOS MORAIS. INSTALAÇÃO 
DE CÂMERA DE SEGURANÇA NO BANHEIRO. CONFIGURAÇÃO. A 
dignidade da pessoa humana, fundamento da república, no termos do era. 1ª, III da 
CF/88 e regra matriz do direito a indenização por danos morais, previsto no art. 5ª, X 
da CF/88, impo-se contra a conduta abusiva do empregador no exercício do poder de 
28 
 
direção a que se refere o art. 2ª da CLT, o qual abrange os poderes de organização, 
disciplinar

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