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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - ICB PALEONTOLOGIA PALEOINVERTEBRADOS RECIFE, 2015. ALEXANDRE PRADO Trabalho acadêmico como requisito para a nota da disciplina de Paleontologia Instituto de Ciências Biológicas Curso: Ciências Biológicas. RECIFE, 2015. INTRODUÇÃO O presente trabalho objetiva discorrer a respeito de grupos de animais invertebrados (poríferos, briozoários, cnidários, braquiópodes), ressaltando aspectos como: características gerais, distribuição estratigráfica e aplicações. É o ramo da Paleontologia que estuda os fósseis (restos de seres vivos ou vestígios de suas atividades que ficam registrados principalmente em rochas sedimentares, mas também em materiais como âmbar, asfalto e gelo) dos animais invertebrados. A Paleontologia dos invertebrados abrange uma das áreas fundamentais da Paleontologia sistemática e do estudo da diversidade taxonômica no mundo animal, ao longo das grandes etapas que caracterizaram a evolução orgânica, as extinções em massa e as consequentes reorganizações pelas quais passou a biosfera, até a sua conformação atual. Os invertebrados formam uma parte significativa do mundo orgânico e do registro fóssil, então a disciplina faz uso de metodologias derivadas da sistemática e taxonomia zoológicas, aplicadas aos fósseis. Os principais elementos de fossilização dos invertebrados são as estruturas esqueléticas de suporte externas (embora seja possível encontrar fósseis de compressão, geralmente crustáceos), principalmente impregnadas de carbonato de cálcio (mineralização), tais como: os corais (esqueletos maciços ou arborescentes), as placas dos trilobitas, os equinodermos (esqueletos de multielementos) ou as conchas dos moluscos (univalves e bivalves), que são grupos com boa representação no território brasileiro. Ainda é possível encontrar invertebrados, especialmente artrópodes, conservados em âmbar (inclusive as partes moles). Os invertebrados fósseis (sobretudo os marinhos) possibilitam estabelecer correlações cronoestratigráficas de bacias sedimentares distantes e são utilizados para delimitar províncias paleobiogeográficas, contribuindo para a caracterização de paleoambientes e suas respectivas paleopopulações e paleocomunidades de organismos. - Poríferos Os poríferos ou esponjas são animais aquáticos, na grande maioria marinhos, distribuídos em todas as latitudes e profundidades dos fundos oceânicos. Podem ser colônias ou solitárias apresentando grande variação de forma e tamanho, com os menores medindo menos que 1 mm e as maiores representantes podendo medir 2 m de altura. São os animais mais simples que existem, sem tecidos especializados. Uma esponja simples tem a forma similar de um vaso fixado pela, revestido externamente por pequenos poros e com uma cavidade central (átrio), que abre-se no topo por uma abertura (ósculo). Tais animais são revestidos interna e externamente por pinacócitos. Tem um esqueleto interno situado no mesênquima, que serve de suporte para a parte mole e pode ser formado por material orgânico e inorgânico. O esqueleto orgânico é formado por espongina ou colágeno. Já o inorgânico, de maior interesse paleontológico, pode ser formado por espículos ou não. As espículas podem ser constituídas de carbonato de cálcio ou sílica, podendo estar isolados ou formando redes. As esponjas podem ainda ser classificadas quanto ao tamanho em dois grupos: microscleras (de dimensões muito reduzidas e ocorrem isoladas no organismo) e megasclera (são maiores, formam redes e preservam-se mais). Há registros fósseis de poríferos desde o período Cambriano. O potencial de fossilização é variável. Indivíduos cujos espículos formam redes ou que tem esqueleto não espicular podem ser preservados como um todo, sendo possível a visualização dos poros dermais, ósculo e outras estruturas. Já os que têm esqueleto desarticulado (espículos soltos) são fossilizados como espículos dissociados, ficando dispersos nos sedimentos. Mecanismo de fossilização: processos que não afetam a morfologia individual do esqueleto. - Espículas silicosas: Transformação da sílica amorfa (opala) em sílicacristalina; Substituição dela por calcita ou outros minerais como óxido de ferro e pirita. - Espículas calcárias: Substituição de aragonita por calcita. Há três tipos de esponjas quanto à morfologia: ascon, sycon e leucon (inclui as mais complexas, correspondem a 98% das formas atuais e fósseis). As espículas classificam-se em quatro tipos em função de seus eixos e raios: monoaxônicas (um único eixo), triaxônicas (três eixos), tetraxônicas (quatro eixos) e poliaxônicas (vários eixos). Em termos de classificação dos fósseis, são utilizados como critérios a estrutura corporal e o grau de fusão dos elementos esqueléticos. Distribuição Estratigráfica As esponjas são organismos de longa história geológica, cuja origem e primeiros registros datam do Cambriano Inferior, representadas por espículas de Hexactinellida (classe na qual as espículas são do tipo hexactinal) e da C. Calcaria. Apesar da ampla distribuição estratigráfica do filo, há uma dificuldade em compreender o grupo através do tempo. O filo tem mostrado um notável conservadorismo em algumas características. P. ex.: espículas de esponjas do Paleozóico assemelham-se muito à spp viventes, tanto na estrutura quanto na tendência à fusão. Ordoviciano: 1º registro de estromatoporoides (elementos construtores de recifes) e C. Sclerospongia (esqueleto formado por espículas monoaxônicas e fibras de espongina). Permiano: expansão de Sphinctozoa. Cretáceo: período áureo do filo. Aplicações Os poríferos foram importantes bioconstrutores do passado. São uma fonte importante de sílica biogênica. Sofrem impacto destrutivo, em decorrência das atividades bioerosivas que ocorrem em estruturas recifais. Tem pouco valor estratigráfico. Ocorrência de espiculitos (rochas formadas por espículas silicosas) na Bacia do Solimões pela proliferação de bancos recifais do Siluriano. - Briozoários São animais invertebrados coloniais aquáticos, lofoforados, anatomicamente mais complexos que os corais, por possuírem celoma onde situa-se o intestino em forma de U, com boca e ânus. Formam um grupo muito diversificado e complexo, sendo abundantes nos ambientes marinhos, desde áreas entre-marés até zonas abissais, mas também podem ser encontrados em ambientes de transição (baías e estuários) e rios. Cada colônia chama-se zoário e cada indivíduo separado chama-se zooide. As partes moles dos zooides denominam-se polipídios e os esqueletos protetores são denominados zoécios ou cistídios. Distribuem-se em todas as profundidades e latitudes no ambiente marinho (cosmopolitas). Há 1.500 spp fósseis, que informam bastante sobre o Paleozoico (momento de surgimento ou extinção coincide com eventos geológicos ou biológicos globais). São encontrados normalmente em substratos firmes, como rochas e conchas, onde se assentam as larvas que vão gerar as futuras colônias. Distribuição Estratigráfica: Representados em todos os períodos geológicos, desde o Ordoviciano. Grande expansão evolutiva e diversificação no paleozoico. Dominantes no Mesozoico. Expansão dos Cheilostomata (ordem de maior êxito, são hoje os mais abundantes nos mares). Aplicações Aplicação bioestratigráfica limitada. Os fósseis ocorrem nas rochas sedimentares sob a forma de fragmentos de colônias,sendo mais abundantes em calcários, folhelhos carbonáticos e margas. Constituintes de rochas e sedimentos recentes, construtores de recifes do mesozoico. Inferências paleoambientais e paleoecológicas a partir do estudo da ecologia dos briozoários fósseis. - Cnidários São animais aquáticos e principalmente marinhos, representados por formas sésseis (pólipos) e livre – natantes (meduzas). Ex: Águas – vivas e anêmonas, que não têm partes mineralizadas e os corais, que formam os recifes, que secretam o esqueleto calcário. A boca, pode ficar na porção superior (pólipos) ou na parte inferior (medusas), com os braços orais. Hidrozoários, meduzas e anêmonas não possuem estruturas endurecidas para a sustentação do corpo. Os pólipos possuem exoesqueleto quitinosos, córneos ou calcários. Os portadores de esqueleto calcário formam os fósseis mais importantes. Os meduzoides são raros como fósseis, ocorrendo como moldes ou impressões em rochas sedimentares finas. Distribuição estratigráfica A maioria dos fósseis são de organismos portadores de esqueleto calcário. Mas há impressões de cnidários desprovidos de esqueleto desde o Pré – Cambriano Superior. Cretáceo Superior: presença marcante de hidrozoários. Ordoviciano Médio: proliferação dos corais. Aplicações Os hidrozoários fósseis fornecem dados para estudo de sua evolução e seus hábitats. As formas calcárias formam rochas. Os corais podem ser utilizados no zoneamento bioestratigráfico e também no estudo da variação temporal de fenômenos astronômicos. - Braquiópodes Animais bentônicos marinhos. De hábito solitário, podem viver livremente, fixados ou enterrados em substratos do fundo oceânico. A grande maioria das espécies têm articulações, que junto com os músculos realizam os movimentos de abertura e fechamento da concha. As partes moles do animal estão contidas em uma concha formada por duas valvas. Fixam-se ao substrato através do pedículo. São filtradores lofoforados, cujo lofóforo (não fossiliza-se) geralmente é sustentado por braquídios (conservam-se nos fósseis). Predominância maior das spp fósseis em relação às viventes, que apresentam uma diversidade morfológica maior. Fossilização: a concha é a principal estrutura que se fossiliza, podendo: (i) conservar-se integralmente mantendo ou não (subst.) sua composição mineralógica original ou (ii) encontram-se apenas os moldes das valvas no sedimento. Distribuição Estratigráfica Foram muito abundantes na Era Paleozoica, a partir do Ordoviciano. Devoniano: apogeu quanto à ocorrência. Permiano: período de maior diversidade morfológica e ecológica. Permiano-Triássico: diversidade dos braquiópodes sensivelmente abalada pela extinção em massa do Fanerozoico. Aplicações Os fósseis são encontrados normalmente em associações de invertebrados marinhos (onde geralmente são o grupo dominante), as quais são usadas para descrição da estrutura das paleocomunidades.
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