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Saber Direito - Direitos fundamentais - resumos dos tópicos

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SABER DIREITO – FORMULÁRIO 
TÍTULO DO CURSO 
 
 
 
 
Direitos e Garantias Fundamentais 
 
PROFESSOR 
 
 
João Alexandre Viegas 
QUALIFICAÇÃO 
 
 Professor de Direito Constitucional 
AULA 01 
TÍTULO 
 
Teoria Dimensional 
ROTEIRO DE ESTUDO 
 
 
1. Teoria das Gerações dos Direitos Fundamentais (ou dimensões) 
 
Num primeiro momento, é de se ressaltarem as fundadas críticas que vêm 
sendo dirigidas contra o próprio termo “gerações”, já que o reconhecimento 
progressivo dos novos direitos fundamentais tem o caráter de um processo 
cumulativo, de complementaridade, e não de alternância, de tal sorte que o 
uso da expressão “gerações” pode ensejar a falsa impressão da substituição 
gradativa de uma geração por outra, razão pela qual há quem prefira o termo 
“dimensões” dos direitos fundamentais, posição esta que aqui optamos por 
perfilhar, na esteira da mais moderna doutrina. (pág. 258 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
… a “teoria dimensional” dos direitos fundamentais não aponta, tão somente, 
para o caráter cumulativo do processo evolutivo e para a natureza 
complementar de todos os direitos fundamentais, mas afirma, para além 
disso, sua unidade e indivisibilidade no contexto do direito constitucional 
interno e, de modo especial, na esfera do moderno “Direito Internacional dos 
Direitos Humanos”. 
Além disso, assim como não se pode falar em modelos uniformes de Estado 
e Constituição, visto que se trata de categorias de conteúdo muito variável e 
que não experimentaram um processo evolutivo linear (por exemplo, muitos 
Estados, em pleno século XXI, ainda não vivenciaram o Estado Social, 
embora possam – e mesmo assim, várias vezes nem isso – terem 
consagrado formalmente nos textos constitucionais), também a evolução do 
reconhecimento jurídico-positivo dos direitos humanos e fundamentais não se 
revela uniforme. Com efeito, segue havendo constituições que não 
contemplam uma série de direitos fundamentais, notadamente os assim 
chamados direitos sociais da segunda dimensão, ao passo que outros 
diplomas constitucionais já asseguram direitos até mesmo à vida não 
humana. (pág. 259 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
… se trata apenas de um modo de apresentação da trajetória evolutiva, que 
não afasta a integração e interdependência entre todos os direitos humanos e 
fundamentais. (pág. 260 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
 
1.1. Os direitos fundamentais de primeira geração 
 
Em rigor, o lema revolucionário do século XVIII, esculpido pelo gênio político 
francês, exprimiu em três princípios cardeais todo o conteúdo possível dos 
direitos fundamentais, profetizando até mesmo a sequência histórica de sua 
gradativa institucionalização: liberdade, igualdade e fraternidade. (pág. 
576/577 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
... Os direitos fundamentais passaram na ordem institucional a manifestar-se 
em três gerações sucessivas, que traduzem sem dúvida um processo 
cumulativo e qualitativo, o qual, segundo tudo faz prever, tem por bússola 
uma nova universalidade: a universalidade material e concreta, em 
substituição da universalidade abstrata e, de certo modo, metafísica daqueles 
direitos, contida no jusnaturalismo do século XVIII. (pág. 577 – Paulo 
Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
Enfim, se nos deparam direitos da primeira, segunda e terceira gerações, a 
saber, direitos da liberdade, da igualdade e da fraternidade, conforme tem 
sido largamente assinalado, com inteira propriedade, por abalizados juristas. 
Haja vista a esse respeito a lição de Karel Vasak na aula inaugural de 1979 
dos Cursos do Instituto Internacional dos Direitos do Homem, em 
Estrasburgo. (pág. 577 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 
29ª edição) 
Os direitos da primeira geração são os da liberdade, os primeiros a 
constarem do instrumento normativo constitucional, a saber, os direitos civis e 
políticos, que em grande parte correspondem, por um prisma histórico, 
àquela fase inaugural do constitucionalismo do Ocidente. (pág. 577 – Paulo 
Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
Os direitos da primeira geração ou direitos de liberdade têm por titular o 
indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou 
atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é o seu traço mais 
característico; enfim, são direitos de resistência ou de oposição perante o 
Estado. (pág. 578 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª 
edição) 
Entram na categoria do status negativus da classificação de Jellinek e fazem 
também ressaltar na ordem dos valores políticos a nítida separação entre 
Sociedade e Estado. Sem o reconhecimento dessa separação, não se pode 
aquilatar o verdadeiro caráter antiestatal dos direitos da liberdade, conforme 
tem sido professado com tanto desvelo teórico pelas correntes do
pensamento liberal de teor clássico. (pág. 578 – Paulo Bonavides – Curso de 
Direito Constitucional 29ª edição) 
São por igual direitos que valorizam primeiro o homem-singular, o homem 
das liberdades abstratas, o homem da sociedade mecanicista que compõe a 
chamada sociedade civil, da linguagem jurídica mais usual. (pág. 578 – Paulo 
Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
 
1.2. Os direitos fundamentais da segunda geração 
 
São direitos sociais, culturais e econômicos bem como direitos coletivos ou 
de coletividades, introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de 
Estado social, depois que germinaram por obra da ideologia e da reflexão 
antiliberal do século XX. Nasceram abraçados ao princípio da igualdade, do 
qual não se podem separar, pois fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da 
razão de ser que os ampara e estimula. (pág. 578 – Paulo Bonavides – Curso 
de Direito Constitucional 29ª edição) 
Da mesma maneira que os direitos de primeira geração, esses direitos foram 
inicialmente objeto de uma formulação especulativa em esferas filosóficas e 
políticas de acentuado cunho ideológico; uma vez proclamados nas 
Declarações solenes das Constituições marxistas e também de maneira 
clássica no constitucionalismo da social-democracia (a de Weimar, 
sobretudo), dominaram por inteiro as Constituições do segundo pós-guerra. 
(pág. 578 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
 
1.3 Os direitos fundamentais de terceira geração 
 
... Dotados de altíssimo teor de humanismo e universalidade, os direitos de 
terceira geração tendem a cristalizar-se no fim do século XX enquanto 
direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de 
um indivíduo, de um grupo ou de determinado Estado. Têm primeiro por 
destinatário o gênero humano mesmo, num momento expressivo de sua 
afirmação como valor supremo em termos de existencialidade concreta. (pág. 
584 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
A teoria com Vazak e outros, já identificou cinco direitos da fraternidade, ou 
seja, de terceira geração: o direito ao desenvolvimento, a direito à paz, o 
direito ao meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum 
da humanidade e o direito de comunicação. (pág. 584 – Paulo Bonavides –
Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
 
Decisão do STF a respeito das gerações de direitos fundamentais:
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que 
compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o 
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, 
sociais e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou 
concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira 
geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da 
solidariedade e constituem um momento importante no processo de 
desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, 
caracterizados,enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de 
uma essencial inexauribilidade.” (MS 22.164, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 30-10-1995, Plenário, DJ de 17-11-1995.) 
 
1.4. Os direitos de quarta e quinta geração 
 
A globalização política na esfera da normatividade jurídica introduz os direitos 
da quarta geração, que, aliás, correspondem à derradeira fase de 
institucionalização do Estado social. São direitos da quarta geração o direito à 
democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. (pág. 585/586 –
Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
A democracia positivada enquanto direito de quarta geração há de ser, de 
necessidade, uma democracia direta. (pág. 586 – Paulo Bonavides – Curso 
de Direito Constitucional 29ª edição) 
 
1.4.1 A quinta geração dos direitos fundamentais 
 
A concepção da paz no âmbito da normatividade jurídica configura um dos 
mais notáveis progressos já alcançados pela teoria dos direitos fundamentais. 
Karel Vasak, o admirável precursor, ao coloca-lo no rol dos direitos da 
fraternidade – a saber, da terceira geração -, o fez, contudo, de modo 
incompleto, teoricamente lacunoso. 
Não desenvolveu as razões que a elevam a categoria de norma. Sobretudo 
aquela que lhe conferem relevância pela necessidade de caracterizar e 
encabeçar e polarizar toda uma nova geração de direitos fundamentais, como 
era mister fazer, e ele não o fez. O direito à paz caiu em um esquecimento 
injusto por obra, talvez da menção ligeira, superficial, um tanto vaga, perdida 
os direitos de terceira geração. (pág. 594 – Paulo Bonavides – Curso de 
Direito Constitucional 29ª edição) 
O direito à paz é concebido ao pé da letra qual o direito imanente à vida, 
sendo condição indispensável ao progresso de todas as nações, grande e 
pequenas, em todas as esferas. (pág. 595 – Paulo Bonavides – Curso de 
Direito Constitucional 29ª edição) 
 
A quinta geração dos direitos fundamentais corresponde à paz. (Curso de 
Direito Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 516) 
 
1.4.2 A visualização da paz enquanto direito da quinta geração 
 
Karel Vasak o classificara entre os direitos da fraternidade, fazendo avultar, 
acima de todos, o direito ao desenvolvimento; o mais característico, portanto, 
em representar os direitos da terceira geração. Tão característico e idôneo 
quanto a liberdade o fora em relação aos da primeira geração, a igualdade 
aos da segunda, a democracia aos da quarta, e doravante a paz há de ser 
com respeito aos da quinta. (pág. 598 – Paulo Bonavides – Curso de Direito 
Constitucional 29ª edição) 
De último, a fim de acabar com a obscuridade a que ficara relegado, o direito 
à paz está subindo a um patamar superior, onde, cabeça de uma geração de 
direitos humanos fundamentais, sua visibilidade fica incomparavelmente 
maior. (pág. 598 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª 
edição) 
O novo Estado de Direito das cinco gerações de direitos fundamentais vem 
coroar, por conseguinte, aquele espírito de humanismo que, no perímetro da 
juridicidade, habita as regiões sociais e perpassa o Direito em todas as suas 
dimensões. (pág. 598 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 
29ª edição) 
A dignidade jurídica da paz deriva do reconhecimento universal que se lhe 
deve enquanto pressuposto qualitativo da convivência humana, elemento de 
conservação da espécie, reino de segurança dos direitos. (pág. 598 – Paulo 
Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
Tal dignidade unicamente se logra, em termos constitucionais, mediante a 
elevação autônoma e paradigmática da paz a direito de quinta geração. (pág. 
599 – Paulo Bonavides – Curso de Direito Constitucional 29ª edição) 
 
1.4.3 Posição de outros autores quanto aos direitos de quarta e quinta 
geração 
 
Além da posição de Paulo Bonavides, que, consoante visto, advoga ser a 
democracia direta (participativa) o eixo da quarta dimensão, ao passo que o 
direito à paz poderia ser reconduzido a uma quinta dimensão, podem ser 
identificadas outras propostas que agregam uma quarta ou mesmo uma 
quinta dimensão às convencionalmente reconhecidas três dimensões. Dentre 
tais propostas, colaciona-se, em caráter ilustrativo, a de José Alcebíades de 
Oliveira Júnior, para quem, com base na dinâmica da sociedade tecnológica, 
a quarta geração dos direitos incluiria os direitos relacionados ao domínio da 
biotecnologia e bioengenharia, os quais, por tratarem de questões ligadas à 
vida e à morte, requerem uma discussão ética prévia, ao passo que a quinta 
geração diz respeito ao campo da cibernética e da tecnologia da informação 
e comunicação de dados, que apresenta como característica comum a 
superação das fronteiras mediante o uso da internet e outras ferramentas. 
(nota de rodapé: Oliveira Júnior, José Alcebíades de. Teoria jurídica e novos 
direitos, p. 83 e ss.) (pág. 265 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
 
… Mas já se apresentam novas exigências que só poderiam chamar-se de 
direitos de quarta geração, referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos 
da pesquisa biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de 
cada indivíduo. Quais são os limites dessa possível (e cada vez mais certa no 
futuro) manipulação? Mais uma prova, se isso ainda fosse necessário, de que 
os direitos não nascem todos de uma vez. Nascem quando devem ou podem 
nascer. Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o homem —
que acompanha inevitavelmente o progresso técnico, isto é, o progresso da 
capacidade do homem de dominar a natureza e os outros homens — ou cria 
novas ameaças à liberdade do indivíduo ou permite novos remédios para as 
suas indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de 
limitações do poder; remédios que são providenciados através da exigência 
de que o mesmo poder intervenha de modo protetor. (Norberto Bobbio – A 
Era dos Direitos – Editora Campus/Elsevier - Página 9) 
 
Referimo-nos aos direitos fundamentais de quarta geração, relativos à saúde, 
à informática, softwares, biociências, eutanásia, alimentos transgênicos, 
sucessão de filhos gerados por inseminação artificial, clonagens, dentre 
outros acontecimentos ligados à engenharia genética. (Curso de Direito 
Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 516) 
 
Os direitos de quarta geração estão em fase de definição e ainda não 
despertaram consenso entre os estudiosos. Seriam, para uns, 
desdobramentos da terceira geração, com o destaque necessário para a vida 
permanente e saudável na e da Terra, compondo os direitos intergeracionais 
a uma vida saudável ou a um ambiente equilibrado... Reconhecem-se os 
direitos à vida das gerações futuras; a uma vida saudável e em harmonia com 
a natureza e o desenvolvimento sustentável (Tehrarian, 1997 a e b; 
Shabecoff, 1996). Também incluiriam limites ou restrições aos avanços da 
ciência e especialmente da biotecnologia nos domínios da interferência com a 
liberdade, a igualdade e a dignidade humanas. Assim, temos os direitos 
bioéticos ou biodireitos, referidos à manipulação genética, à biotecnologia e à 
bioengenharia. (Direitos Fundamentais – José Adércio Leite Sampaio – 2ª 
Edição - pág. 278/279) 
 
De outra parte, em obra conjunta com Celso Bastos publicada em 2000, 
havia indicado esta quarta dimensão como composta por um direito universal 
ao desarmamento nuclear, como forma de preservação da própria espécie 
humana, o direito à não intervenção genética (como a replicação na espécie) 
e o direito a uma democracia participativa (Bonavides). (Curso de Direito 
Constitucional – André Ramos Tavares – 12ª Edição – pág. 355) 
 
… há quem fale já de uma quinta geração dos direitos humanos com 
múltiplas interpretações. Tehrarian (1997 a e b) diz sobre “direitos ainda a 
serem desenvolvidos e articulados”, mas que tratam do cuidado, compaixão e 
amor por todas as formas de vida... (Direitos Fundamentais – José Adércio 
Leite Sampaio – 2ª Edição - pág. 278/279) 
 
1.4.4Proposta de uma sexta dimensão (ainda não reconhecida pela 
doutrina) 
 
Afirma-se, agora, a existência de uma sexta dimensão de direitos 
fundamentais. A água potável, componente do meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, exemplo de direito fundamental de terceira 
dimensão, merece ser destacada e alçada a um plano que justifique o 
nascimento de uma nova dimensão de direitos fundamentais. (Fonte: FACHIN, 
Zulmar; SILVA, Deise Marcelino. Direito fundamental de acesso à água potável: uma proposta de 
constitucionalização. http://www.stf.jus.br/arquivo/biblioteca/NovasAquisicoes/2011-
07/892910/sumario.pdf) 
 
Confusão feita pelo autor Uadi Lammêgo Bulos, interpretando os direitos de 
quarta geração de Paulo Bonavides como de sexta dimensão: Os direitos 
fundamentais de sexta geração correspondem à democracia, à liberdade de 
informação, ao direito de informação e ao pluralismo político. (Curso de 
Direito Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 517) 
 
2. Teoria dos quatro status dos direitos fundamentais (Jellinek) 
 
... publicista alemão George Jellinek, tendo sido formulada no final do século 
XIX, portanto, ainda fortemente impregnada de elementos do Estado Liberal,
mas que mesmo assim foi precursora da evolução posterior. De maneira 
sumária, para Jellinek, designadamente a partir de sua obra intitulada 
“Sistema dos Direitos Subjetivos Públicos” (System der subjektiv offentlichen 
Rechte), o indivíduo, como vinculado a determinado Estado, encontra sua 
posição relativamente a este cunhada por quatro espécies de situações 
jurídicas (status), seja como sujeitos de deveres, seja como titular de direitos. 
No âmbito do status passivo (status subjectionis), o indivíduo estaria 
subordinado aos poderes estatais, sendo, neste contexto, meramente 
detentor de deveres, de modo que o Estado possui a competência de vincular 
o cidadão juridicamente por meio de mandamentos e proibições. O status 
negativus consiste numa esfera individual de liberdade imune ao jus imperii
do Estado, que, na verdade, é poder juridicamente limitado. O terceiro status 
referido por Jellinek é o assim denominado status positivus (ou status 
civitatis), no qual ao indivíduo é assegurada juridicamente a possibilidade de 
utilizar-se das instituições estatais e de exigir do Estado determinadas ações 
positivas. Por fim encontra-se o chamado status activus, no qual o cidadão 
passa ser considerado titular de competências que lhe garantem a 
possibilidade de participar ativamente da formação da vontade estatal, como, 
por exemplo, pelo direito de voto. (pág. 299/300 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
RESUMO FINAL 
 
 
- Os direitos fundamentais de primeira geração 
- Os direitos fundamentais da segunda geração 
- Os direitos fundamentais de terceira geração 
- Os direitos de quarta e quinta geração 
- Proposta de uma sexta dimensão (ainda não reconhecida pela 
doutrina) 
 
- Teoria dos quatro status dos direitos fundamentais (Jellinek) 
 
AULA 02 
TÍTULO 
 
Características 
ROTEIRO DE ESTUDO 
 
2. Caracteres dos direitos fundamentais 
 
Esse tema desenvolveu-se à sombra das concepções jusnaturalistas dos 
direitos fundamentais do homem, de onde programa a tese de que tais 
direitos são inatos, absolutos, invioláveis (intransferíveis) e imprescritíveis. 
(pág.182/183 – José Afonso da Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª 
Edição) 
 
a) Universalidade: a abrangência desses direitos engloba todos os 
indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou 
convicção político-filosófica. (Alexandre de Moraes –Direitos Humanos 
Fundamentais - 8ª Edição – Pág. 22) 
O traço da universalidade deve ser compreendido em termos. Não é 
impróprio afirmar que todas as pessoas são titulares de direitos fundamentais 
e que a qualidade de ser humano constitui condição suficiente para a 
titularidade de tantos desses direitos. Alguns direitos fundamentais 
específicos, porém, não se ligam a toda e qualquer pessoa. Na lista brasileira 
dos direitos fundamentais, há direitos de todos os homens - como o direito à 
vida -, mas há também posições que não interessam a todos os indivíduos, 
referindo-se apenas a alguns – aos trabalhadores, por exemplo. (pág. 
142/143 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco –
9ª Edição) 
Os direitos fundamentais caracterizam-se pela universalidade, ou seja, são 
direitos que valem em todos os lugares, em todos os tempos e são aplicáveis 
a todas as pessoas. Tal característica passou a ser destacada depois da 
Segunda Guerra Mundial, tendo sido prevista de modo expresso na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Proclamação de Teerã
(1968) e na Declaração e Programa de ação de Viena (1993). 
A universalidade dos direitos fundamentais pode conflitar com direitos, 
também fundamentais, de grupos minoritários e de culturas diferentes da 
ocidental. Por essa ótica, poder-se-ia reconhecer que tais direitos não seriam 
universais, porém relativos. ( Pág. 236 - Zulmar Fachin – Curso de Direito 
Constitucional 7ª Edição) 
Ultrapassam os limites territoriais de um lugar específico para beneficiar os 
indivíduos, independentemente de raça, credo, cor, sexo, filiação etc. 
Exemplo: princípio da isonomia (CF, art. 5º, caput) (Curso de Direito 
Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 520) 
Devem abranger todos os indivíduos, independentemente de sua 
nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica. (Direito 
Constitucional Descomplicado – Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino – 7ª 
Edição - pág. 100) 
 
a.1 A titularidade dos direitos fundamentais: quem é o sujeito dos 
direitos? 
 
... Em apertada síntese, titular do direito é o sujeito do direito, ou seja, é quem 
figura como sujeito ativo da relação de direito subjetivo, ao passo que 
destinatário do direito é a pessoa (física ou mesmo jurídica ou ente 
despersonalizado) em face da qual o titular pode exigir o respeito, proteção 
ou promoção do seu direito. (pág. 302/303 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
... Assim, resulta correto afirmar que a determinação da titularidade 
(independentemente da distinção entre titularidade e capacidade jurídica) de 
direitos fundamentais não pode ocorrer de modo prévio para os direitos 
fundamentais em geral, mas reclama identificação individualizada, à luz de 
cada norma de direito fundamental e das circunstâncias do caso concreto e 
de quem figura nos polos da relação jurídica. (pág. 300 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
a.2 A pessoa natural como titular de direitos fundamentais: a titularidade 
universal e sua interpretação na Constituição Federal 
 
... De acordo com o princípio da universalidade, todas as pessoas, pelo fato 
de serem pessoas, são titulares de direitos e deveres fundamentais, o que, 
por sua vez, não significa que não possa haver diferenças a serem 
consideradas, inclusive, em alguns casos, por força do próprio princípio da 
igualdade, além de exceções expressamente estabelecidas pela 
Constituição, como dá conta a distinção entre brasileiro nato e naturalizado, 
algumas distinções relativas aos estrangeiros, entre outras. (pág. 304 – Curso 
de Direito Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
O princípio da universalidade, por sua vez, diz respeito, em primeira linha, à 
pessoa natural (pessoa física)... (pág. 305 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
a.3 Pessoas jurídicas como titulares de direitos fundamentais 
 
.... recepcionada no direito constitucional brasileiro a tese de que as pessoas 
jurídicas, ao contrário das pessoas naturais (físicas ou singulares) não são 
titulares de todos os direitos, mas apenas daqueles direitos que lhes são 
aplicáveis por serem compatíveis com a sua natureza peculiar de pessoa 
jurídica, além de relacionados aos fins da pessoa jurídica, o que, todavia, há 
de ser verificadocaso a caso. (pág. 311 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
... não há como deixar de reconhecer às pessoas jurídicas de direito público, 
evidentemente consideradas as peculiaridades do caso, a titularidade de 
determinados direitos fundamentais. 
...é possível identificar algumas hipóteses atribuindo a titularidade de direitos 
fundamentais às pessoas jurídicas de direito público, o que se verifica 
especialmente na esfera de direitos de cunho processual (como o de ser 
ouvido em Juízo, o direito à igualdade de armas – este já consagrado no STF 
– e o direito à ampla defesa), mas também alcança certos direitos de cunho 
material, como é o caso das Universidades (v. a autonomia universitária 
assegurada no art. 207 da CF), órgãos de comunicação social (televisão, 
rádio etc.), corporações profissionais, autarquias e até mesmo fundações, 
que podem, a depender das circunstâncias, serem titulares do direito de 
propriedade, de posições defensivas em relação a intervenções indevidas na 
sua esfera de autonomia, liberdades comunicativas, entre outros. (pág. 312 
Curso de Direito Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
a.4 Destinatários dos direitos e garantias individuais (José Afonso da 
Silva diverge de Sarlet, pois utiliza a expressão “Destinatários” 
referindo-se aos “Titulares” dos direitos fundamanetais) 
 
Por isso, quando a constituição, como as anteriores, assegura tais direitos 
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, indica, concomitantemente, 
sua positivação em relação aos sujeitos subjetivo (poder ou permissão de 
exigibilidade) relativamente aos enunciados constitucionais dos direitos e 
garantias individuais. Se a constituição aponta os destinatários desses 
direitos, isso há de ter consequências normativas. (pág. 195 – José Afonso 
da Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª Edição) 
Isso não quer dizer que os estrangeiros não residentes, quando regulamente 
se encontrem no território nacional, possam sofrer o arbítrio, e não 
disponham de qualquer meio, incluindo os jurisdicionais, para tutelar 
situações subjetivas. Para protegê-los, há outras normas jurídicas, inclusive 
de Direito Internacional, que o Brasil e suas autoridades têm que respeitar e 
observar, assim como existem normas legais, traduzidas em legislação 
especial, que definem os direitos e a condição jurídica do estrangeiro não 
residente, que tenha ingressado regularmente no território brasileiro. (pág. 
195 – José Afonso da Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª Edição) 
A pesquisa no texto constitucional mostra que vários dos direitos arrolados 
nos incisos do art.5º se entendem às pessoas jurídicas, tais como o princípio 
da isonomia, o princípio da legalidade, direito de resposta, o direito de 
propriedade, o sigilo da correspondência e das comunicações em geral, a 
inviolabilidade do domicílio, a garantia do direito adquirido, ao ato jurídico 
perfeito e à coisa julgada, assim como a proteção jurisdicional e o direito de 
impetrar mandando de segurança. Há até direito que é próprio de pessoa 
jurídica, como o direito à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e 
a outros signos distintivos (logotipos, fantasias, p.ex.). Mas as empresas de 
capital estrangeiro, incluindo as multinacionais, não se beneficiam desses 
direitos e garantias constitucionais individuais, salvo, no que tange a marcas, 
nomes e signos, proteção de Direito Internacional. (pág.194 – José Afonso da 
Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª Edição) 
 
a.5 Destinatários dos direitos fundamentais (Para Sarlet a expressão 
“destinatários” tem significado diferente do abordado por José Afonso, 
vejamos a seguir) 
 
Destinatários dos direitos e garantias fundamentais são, em contraposição 
aos titulares, os sujeitos passivos da relação jurídica, em outras palavras, as 
pessoas físicas ou jurídicas (de direito público ou privado) que estão 
vinculadas pelas normas de direitos fundamentais. (pág. 319 – Curso de 
Direito Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
a.6 Particulares como destinatários dos direitos fundamentais: o 
problema da eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas 
(Eficácia Horizontal) 
 
Além dos órgãos estatais (na acepção ampla aqui utilizada) também os 
particulares, na condição de destinatários, estão sujeitos à força vinculante 
dos direitos fundamentais, temática habitualmente versada sob o rótulo da 
constitucionalização do direito privado ou, de modo mais preciso, da eficácia 
dos direitos sociais nas relações privadas. (pág. 323 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
b) Historicidade: São históricos como qualquer direito. Nascem, modificam-
se e desaparecem. Eles aparecem com a revolução burguesa e evoluem, 
ampliam-se, com o correr dos tempos. Sua historicidade rechaça toda 
fundamentação baseada no direito natural, na essência do homem ou na 
natureza das coisas. (pág.183 – José Afonso da Silva – Direito Constitucional 
Positivo 37ª Edição) 
...O recurso à História mostra-se indispensável para que, à vista da gênese e 
do desenvolvimento dos direitos fundamentais, cada um deles se torne mais 
bem compreendido. 
O caráter da historicidade, ainda, explica que os direitos possam ser 
proclamados em certa época, desaparecendo em outras, ou que se 
modifiquem no tempo. Revela-se, desse modo, a índole evolutiva dos direitos 
fundamentais. Essa evolução é impulsionada pelas lutas em defesa das 
novas liberdades em face de poderes antigos – já que os direitos 
fundamentais custumam ir-se firmando gradualmente – e em face das novas
feições assumidas pelo poder... (pág. 144 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
Os direitos fundamentais são produto da história. Se, por um lado, é possível 
admitir o caráter transcendental de alguns direitos fundamentais (vida), por 
outro, não se pode ignorar que tais direitos vão se afirmando na dinâmica da 
realidade histórico-social (bem de família, direito de greve). Nasceram a partir 
de lutas encetadas na vida cotidiana – lutas sem tréguas, longas no tempo. 
Os direitos fundamentais foram-se construindo e sendo construídos ao longo 
do tempo. Ensina Noberto Bobbio que eles “nascem em certas 
circunstâncias, caracterizados por lutas em defesa de novas liberdades 
contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e 
nem de vez por todas”. ( Pág. 235 - Zulmar Fachin – Curso de Direito 
Constitucional 7ª Edição) 
Derivam da longa evolução, participando de um contexto histórico 
perfeitamente delimitado. Nascem, morrem e extinguem-se. Não são obra da 
natureza, mas das necessidades humanas, ampliando-se ou limitando-se a 
depender das circunstâncias. Exemplo: direito de propriedade (CF, art. 5º, 
XXII) (Curso de Direito Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição -
pág. 520) 
 
c) Indisponibilidade (Inalienabilidade e Irrenunciabilidade) 
Uma vez que a indisponibilidade se funda na dignidade humana e esta se 
vincula à potencialidade do homem de se autodeterminar e de ser livre, nem 
todos os direitos fundamentais possuiriam tal características. Apenas os que 
visam resguardar diretamente a potencialidade do homem de se 
autodeterminar deveriam ser considerados indisponíveis... (pág. 146 - Curso 
de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
c.1) Inalienabilidade: São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não 
são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os 
confere a todas, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis. 
(pág.183 – José Afonso da Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª Edição) 
Não há possibilidade de transferência dos direitos humanos fundamentais, 
seja a título gratuito, seja a título oneroso. (Alexandre de Moraes –Direitos 
Humanos Fundamentais - 8ª Edição – Pág. 22) 
 
Os direitos fundamentais não podem ser alienados. Na lição de Walter
Rothenburg, uma pessoa não pode se desinvestirde seus direitos 
fundamentais, embora, na prática, possa deixar de exercê-los; ou seja, “os 
direitos fundamentais não se perdem com o tempo, sendo imprescritíveis 
inclusive quanto ao seu exercício”. Nesse sentido, é juridicamente ineficaz o 
ato de pessoa que aliena algum aspecto de sua liberdade de sua liberdade, 
como, por exemplo, a liberdade religiosa. ( Pág. 236 - Zulmar Fachin – Curso 
de Direito Constitucional 7ª Edição) 
Inalienável é um direito ou uma coisa em relação a que estão excluídos 
quaisquer atos de disposição, quer jurídica – renúncia, compra e venda, 
doação -, quer material – destruição material do bem. Isso significa que um 
direito inalienável não admite que o seu titular o torne impossível de ser 
exercitado para si mesmo, física ou juridicamente... (pág. 145– Curso de 
Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
A inalienabilidade traz uma consequência prática importante – a de deixar 
claro que a preterição de um direito fundamental não está sempre justificada 
pelo mero fato de o titular do direito nela consentir. (pág. 145– Curso de 
Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
São indisponíveis. Os seus titulares não podem vendê-los, aliená-los, 
comercializá-los, pois não têm conteúdo econômico. Exemplo: a função social 
da propriedade não pode ser vendida porque não corresponde a um bem 
disponível (CF, art. 5º, XXIII) (CF, art. 5º, caput) (Curso de Direito 
Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 520) 
 
c.2) Irrenunciabilidade: Alguns deles podem até não ser exercidos, pode-se 
deixar de exercê-los, mas não se admite sejam renunciados. (pág.183 – José 
Afonso da Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª Edição) 
O que pode ocorrer é o seu não exercício, mas nunca a sua renunciabilidade. 
(Pedro Lenza – Direito Constitucional Esquematizado 18ª Edição – Pág. 
1060) 
Podem deixar de ser exercidos, mas nunca renunciados. Exemplo: não 
ajuizamento de mandado de segurança, algo que não o retira da Constituição 
(CF, art. 5º, LXIX) (CF, art. 5º, caput) (Curso de Direito Constitucional – Uadi 
Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 520) 
Os direitos humanos fundamentais não podem ser objeto de renúncia. Dessa 
característica surgem discussões importantes na doutrina e posteriormente 
analisadas, como a renúncia ao direito à vida e a eutanásia, o suicídio e o 
aborto. (Alexandre de Moraes –Direitos Humanos Fundamentais - 8ª Edição 
– Pág. 22) 
 
d) Imprescritibilidade: Os direitos humanos não se perdem pelo decurso do 
prazo. (Alexandre de Moraes –Direitos Humanos Fundamentais - 8ª Edição –
Pág. 22) 
Nunca deixam de ser exigíveis. Prescrição é um instituto jurídico que 
somente atinge, coarctando, a exigibilidade dos direitos de caráter 
patrimonial, não a exigibilidade de direitos personalíssimos. (pág.183 – José 
Afonso da Silva – Direito Constitucional Positivo 37ª Edição) 
Tem-se afirmado que os direitos fundamentais não prescrevem. Pode 
decorrer o tempo que for sem serem exercidos, e contra eles não corre a 
prescrição extintiva do direito. Imagine-se a hipótese de uma pessoa que, 
durante vinte anos, não exerceu o direito à liberdade de locomoção. Ela 
poderá exercê-lo a qualquer momento, pois o direito fundamental de 
locomover-se livremente não prescreve. Porém, o exercício do direito de ação 
em face de um direito fundamental pode ser atingido pela prescrição. Isso 
ocorre, por exemplo, em face de lesão ao direito fundamental da imagem de 
uma pessoa (art. 5º, X). Deixando fluir o prazo para ajuizá-la, estará prescrito 
o direito de ação. ( Pág. 236/237 - Zulmar Fachin – Curso de Direito 
Constitucional 7ª Edição) 
Não prescrevem, uma vez que não apresentam caráter patrimonial. Exemplo: 
direito à vida (CF, art. 5º, caput). (CF, art. 5º, caput) (Curso de Direito 
Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 520) 
… Não desaparecem pelo decurso do tempo. Nesse sentido, eles são 
sempre dotados de exigibilidade. (Curso de Direito Constitucional – Bernardo 
Gonçalves Fernandes – 4ª Edição - pág. 328) 
RESUMO FINAL 
 
 
- Caracteres dos direitos fundamentais: a) Universalidade 
 
- A titularidade dos direitos fundamentais: quem é o sujeito dos 
direitos? 
 
- A pessoa natural como titular de direitos fundamentais 
 
- Pessoas jurídicas como titulares de direitos fundamentais 
 
- Destinatários dos direitos e garantias individuais (José Afonso da Silva 
diverge de Sarlet, pois utiliza a expressão “Destinatários” referindo-se 
aos “Titulares” dos direitos fundamanetais) 
 
- Caracteres dos direitos fundamentais: b) Historicidade c) 
Indisponibilidade (Inalienabilidade e Irrenunciabilidade) c.1) 
Inalienabilidade c.2) Irrenunciabilidade d) Imprescritibilidade 
AULA 03 
TÍTULO 
 
Características 
ROTEIRO DE ESTUDO 
 
e) Relatividade/Limitabilidade: Pode-se ouvir, ainda, que os direitos 
fundamentais são absolutos, no sentido de se situarem no patamar máximo 
da hierarquia jurídica e de não tolerarem restrição. Tal ideia tem premissa no 
pressuposto jusnaturalista de que o Estado existe para proteger direitos 
naturais como a vida, a liberdade e a propriedade, que, de outro modo, 
estariam ameaçados. Se é assim, todo poder aparece limitado por esses 
direitos e nenhum objetivo estatal ou social teria como prevalecer sobre eles. 
Os direitos fundamentais gozariam de prioridade absoluta sobre qualquer 
interesse coletivo. 
Essa acertiva esbarra em dificuldades para ser aceita. Tornou-se voz 
corrente em nossa família do Direito admitir que os direitos fundamentais 
podem ser objeto de limitações, não sendo, pois, absolutos. Tornou-se 
pacífico que os direitos fundamentais podem sofrer limitações , quando 
enfrentam outros valores de ordem constitucional, inclusive outros direitos 
fundamentais. (pág. 143 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e 
Gonet Branco – 9ª Edição) 
Quanto ao caráter absoluto que se reconhecia neles no sentido de 
imutabilidade, não pode mais ser aceito desde que se entenda que tenham 
caráter histórico. (pág.183 – José Afonso da Silva – Direito Constitucional 
Positivo 37ª Edição) 
 
Outra abordagem doutrinária sobre a relatividade: Nem todo direito ou 
garantia fundamental pode ser exercido de modo absoluto ou irrestrito, salvo 
algumas exceções. (CF, art. 5º, caput) (Curso de Direito Constitucional – Uadi 
Lammêgo Bulos – 5ª Edição - pág. 520) 
 
Relatividade dos direitos fundamentais em julgado do STF: "Os direitos e 
garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há, no sistema 
constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter 
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências 
derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que 
excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas 
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados 
os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional 
das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão 
sujeitas – e considerado o substrato ético que as informa – permite que sobre 
elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger 
a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência 
harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser 
exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e 
garantias de terceiros." (MS 23.452, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento 
em 16-9-1999, Plenário, DJ de 12-5-2000.) Vide: HC 103.236, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-6-2010, Segunda Turma, DJE de 3-9-
2010. 
 
Relatividade dos direitos fundamentais em julgado do STF: "As 
liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de 
maneira harmônica, observados os limites definidos na própria CF (CF, art. 
5º, § 2º, primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão 
não consagra o 'direito à incitação ao racismo', dado que um direitoindividual 
não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede 
com os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da 
pessoa humana e da igualdade jurídica." (HC 82.424, Rel. p/ o ac. 
Min. Presidente Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-2003, Plenário, DJ de 
19-3-2004.) 
 
f) Inexauribilidade: O rol de direitos fundamentais previsto na Constituição 
de 1988 não é exaustivo, não se exaure. Ao contrário, os direitos ali 
constantes são meramente exemplificativos, admitindo-se outros que 
decorram do regime, dos princípios adotados por ela ou dos tratados em que 
a República federativa do Brasil seja parte (art. 5º, § 2º). 
Por outro lado, não se deve ignorar que, em razão da historicidade, há 
sempre novos direitos fundamentais, formando-se na dinâmica social. É o 
caso, por exemplo, do direito à moradia, que por força da Emenda 
Constitucional 26, de 14 de fevereiro de 2000, passou a ser considerado 
formalmente direito fundamental (art.6º) ( Pág. 237/238 - Zulmar Fachin –
Curso de Direito Constitucional 7ª Edição) 
 
g) Constitucionalização: … a locução direitos fundamentais é reservada aos 
direitos relacionados com posições básicas das pessoas, inscritos em 
diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem em uma ordem 
jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no 
tempo, pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra. 
(pág. 147 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco 
– 9ª Edição) 
Essa característica da constitucionalização dos direitos fundamentais traz 
consequências de evidente relevo. As normas que os obrigam impõe-se a 
todos os poderes constituídos, até ao poder de reforma da Cionstituição. 
(pág. 147 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco 
– 9ª Edição) 
 
h) Vinculação dos Poderes Públicos: O fato de os direitos fundamentais 
estarem previstos na Constituição torna-os parâmetros de organização e de 
limitação dos poderes constituídos. A constitucionalização dos direitos 
fundamentais impede que sejam considerados meras autolimitações dos 
poderes constituídos – dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário -, 
passíveis de serem alteradas ou suprimidas ao talante destes. Nenhum 
desses Poderes se confunde com o poder que consagra o direito 
fundamental, que lhe é superior. Os atos dos poderes constituídos devem 
conformidade aos direitos fundamentais e se expõe à invalidade se os 
desprezam. (pág. 147/148 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes 
e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
Vinculação dos Poderes Públicos em julgado do STF: "Extradição e 
necessidade de observância dos parâmetros do devido processo legal, do 
estado de direito e do respeito aos direitos humanos. CB, arts. 5º, § 1º, e 60, 
§ 4º. (...) Obrigação do STF de manter e observar os parâmetros do devido 
processo legal, do estado de direito e dos direitos humanos. (...) Necessidade 
de assegurar direitos fundamentais básicos ao extraditando. Direitos e 
garantias fundamentais devem ter eficácia imediata (cf. art. 5º, § 1º); a 
vinculação direta dos órgãos estatais a esses direitos deve obrigar o 
Estado a guardar-lhes estrita observância. Direitos fundamentais são 
elementos integrantes da identidade e da continuidade da Constituição (art. 
60, § 4º)." (Ext 986, rel. min. Eros Grau, julgamento em 15-8-2007, Plenário, 
DJ de 5-10-2007.) 
 
i) Indivisibilidade: Cada direito fundamental constitui uma unidade incindível 
em seu conteúdo elementar. Por exemplo, não se pode cindir a liberdade 
religiosa, de modo que seja admitida a liberdade de crença, porém nagada a 
liberdade de culto. Se isso ocorrer, o direito fundamental – liberdade religiosa 
– terá sido negado. 
A indivisibilidade dos direitos fundamentais, todavia, pode ser compreendida 
em outro sentido. Os direitos civis e políticos não podem estar dissociados 
dos direitos econômicos, sociais e culturais. Essa compreensão está 
formalizada na Proclamação de Teerã (art. 13). Nessa perspectiva, segundo 
Vladimir Brega Filho, “a indivisibilidade dos direitos fundamentais faz com que 
tenhamos que tratar os direitos fundamentais das várias gerações de forma 
igual, pois se cuida de um mesmo gênero de direitos”. ( Pág. 237 - Zulmar 
Fachin – Curso de Direito Constitucional 7ª Edição) 
 
 j) Interdependência: as várias previsões constitucionais, apesar de 
autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas finalidades. 
Assim, por exemplo, a liberdade de locomoção está intimamente ligada à 
garantia do habeas corpus, bem como previsão de prisão somente por 
flagrante delito ou por ordem de autoridade judicial competente. (Alexandre 
de Moraes – Direitos Humanos Fundamentais - 8ª Edição – Pág. 22) 
 
j.1) Indivisibilidade e interdependência: pela indivisibilidade, entende-se 
que a realização dos direitos civis e políticos, sem o gozo dos direitos 
econômicos, sociais e de solidariedade, torna-se impossível; portanto, só há 
falar em direitos fundamentais se todos eles tiverem sendo respeitados, pelo 
caráter conjunto deles. 
A interdependência significa que, considerados em espécie, determinado 
direito fundamental não alcança a eficácia plana sem a realização simultânea 
de alguns ou de todos os outros direitos humanos (Direito Constitucional –
Kildare Gonçalves Carvalho – 19ª Edição - pág. 614) 
 
k) Complementaridade: os direitos humanos fundamentais não devem ser 
interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de 
alcance dos objetivos previstos pelo legislador constituinte. (Alexandre de 
Moraes – Direitos Humanos Fundamentais - 8ª Edição – Pág. 22) 
Os direitos fundamentais não devem ser interpretados isoladamente, mas sim 
de forma conjunta com a finalidade de alcançar os objetivos previstos pelo 
legislador constituinte. (Direito Constitucional Descomplicado – Vicente Paulo 
e Marcelo Alexandrino – 7ª Edição - pág. 101) 
Os direitos fundamentais complementam-se. Segundo Francisco Balaguer 
Callejón, eles são complementares “porque se apoiam uns nos outros; não 
são compartimentos estanques, mas se inter-relacionam mutuamente, de tal 
forma que o desfrute de um deles pressupõe o desfrute de outro”. 
Há direitos fundamentais que, para serem efetivados, dependem de outros. O 
exercício do direito fundamental de participação política pressupõe o direito 
fundamental de informação. Em outras palavras, a informação é 
imprescindível para o exercício dos direitos políticos. (Pág. 238/239 -Zulmar 
Fachin – Curso de Direito Constitucional 7ª Edição) 
 
l) Fundamentalidade: Os direitos fundamentais têm posição de 
fundamentalidade em dois sentidos: primeiro, constituem a base axiológica, a 
base de valores vigentes em uma sociedade; segundo, localizam-se em um 
plano normativo especial: a Constituição. 
A fundamentalidade, segundo Walter Rothenburg, “revela-se pelo conteúdo 
do direito (o que é dito: referência aos valores supremos dos ser humano e 
preocupação com a promoção da dignidade da pessoa humana) e revela-se 
também pela posição normativa (onde e como é dito: expressão no 
ordenamento jurídico como norma da constituição). Concorrem, portanto, 
ambos os critérios (material e formal) para definir a fundamentalidade de um 
direito”. ( Pág. 235 - Zulmar Fachin – Curso de Direito Constitucional 7ª 
Edição) 
 
l.1) A dupla fundamentalidade em sentido formal e material: ... José 
Joaquim Gomes Canotilho, “aponta para a especial dignidade e proteção dos 
direitos num sentido formal e material” (pág. 266 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
A fundamentalidade formal encontra-se ligada ao direitos constitucional 
positivo, no sentido de um regime jurídico definido a partir da própria 
constituição, seja de forma expressa, seja de forma implícita, e composto, em 
especial, pelos seguintes elementos: (a) como parte integrante da 
Constituição escrita, os direitos situam-se no ápice de todo o ordenamento 
jurídico, gozando da supremaciahierárquica das normas constitucionais; (b)
na qualidade de normas constitucionais encontram-se submetidos aos limites 
formais (procedimento agravado) e materiais (cláusulas pétreas) da reforma 
constitucional (art. 60 da CF), muito embora se possa controverter a respeito 
dos limites da proteção outorgada pelo Constituinte, aspecto desenvolvido no 
capítulo sobre o poder de reforma constitucional; (c) além disso, as normas 
de direitos fundamentais são diretamente aplicáveis e vinculam de forma 
imediata as entidades públicas e, mediante as necessárias ressalvas e 
ajustes, também os atores privados (art. 5º, § 1º, da CF), o que igualmente 
será aprofundado mais adiante. (pág. 267 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
A fundamentalidade material (ou em sentido material, por sua vez, implica 
análise do conteúdo dos direitos, isto é, da circunstância de conterem, ou 
não, decisões fundamentais sobre a estrutura do Estado e da sociedade, de 
modo especial, porém, no que diz a posição nestes ocupada pela pessoa 
humana. (pág. 268 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
 
m) Positividade: Apesar de se admitir a existência de direitos fundamentais 
independentemente de terem sido reconhecidos pelo Estado, eles se 
encontram positivados. Expõe Gomes Canotilho que “ a positivação dos 
direitos fundamentais significa a incorporação na ordem jurídica positiva dos 
direitos considerados 'naturais' e 'inalienáveis' do indivíduo. Não basta 
qualquer positivação. É necessário assinalar-lhes a dimensão de 
Fundamental Rights colocado no lugar cimeiro das fontes do direito: as 
normas constitucionais”. A Constituição de cada país costuma a ter um rol 
específico desses direitos. Essa prática tem a sua regra-matriz na Declaração 
de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, que assim previu: “A 
sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos, nem 
estabelecida a separação dos poderes, não tem Constituição” (art. 16). ( Pág. 
238 - Zulmar Fachin – Curso de Direito Constitucional 7ª Edição) 
 
n) Transindividualidade: Há direitos fundamentais cuja titularidade não 
pertence a uma, mas a centenas, milhares ou milhões de pessoas. O direito 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito à paz são exemplos 
de de direitos fundamentais transindividuais. Esses direitos, que se afirmaram 
a partir da segunda metade do século XX, constituem uma categoria diversa, 
gerando a noção de direitos difusos e coletivos. ( Pág. 238 - Zulmar Fachin –
Curso de Direito Constitucional 7ª Edição) 
 
o) Concorrência/Cumulatividade: podem ser exercidos cumulativamente, 
quando, por exemplo, o jornalista transmite uma notícia (direito de infirmação) 
e, ao mesmo tempo, emite uma opinião (direito de opinião); (Pedro Lenza –
Direito Constitucional Esquematizado 18ª Edição – Pág. 1060) 
Podem ser exercidos ao mesmo tempo. Exemplo: direito de informação e de 
liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV e XXXIII) (CF, art. 5º, 
caput) (Curso de Direito Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos – 5ª Edição -
pág. 520) 
Os direitos fundamentais podem ser exercidos cumulativamente. Vale dizer, 
num mesmo titular podem cumular-se vários direitos, como, por exemplo, o 
direito de liberdade de manifestação do pensamento com o direito de reunião 
ou associação. (Curso de Direito Constitucional – Dirley da Cunha Júnior – 5ª 
Edição - pág. 622) 
 
p) Inerência: são inerentes a cada pessoa, pelo simples fato de existir, o que 
não exclui a sua constante mutação, acompanhando e interferindo na 
evolução social e no processo histórico. (Direito Constitucional – Kildare 
Gonçalves Carvalho – 19ª Edição - pág. 614) 
 
q) Proibição de Retrocesso: sendo os direitos fundamentais o resultado de 
um processo evolutivo, marcado por lutas e conquistas em prol da afirmação 
de posições jurídicas concretizadoras da dignidade da pessoa humana, uma 
vez reconhecidos, não podem ser suprimidos, ou abolidos, ou enfraquecidos. 
Milita em seu favor a proteção da proibição de retrocesso. No plano 
normativo, essa característica impede a mera revogação das normas que 
consagram direitos fundamentais ou a substituição dessas normas por outras 
menos generosas para com tais direitos; já no plano concreto, a eficácia 
impeditiva de retrocesso obsta a implementação de políticas públicas de 
enfraquecimento dos direitos fundamentais. 
Canotilho também defende essa importante característica dos direitos 
fundamentais, quando alude a um princípio do não retrocesso social, com 
base no qual os direitos sociais, uma vez obtido um determinado grau de 
realização, passam a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e 
um direito subjetivo. Essa proteção dos direitos subjetivamente adquiridos 
constitui um poderoso limite jurídico da liberdade de conformação do 
legislador e, simultaneamente, uma obrigação de realização de uma política 
consentânea com os direitos concretos e as expectativas subjetivamente 
alicerçadas, de sorte que o núcleo essencial dos direitos sociais, já realizado 
e efetivado através de medidas legislativas ou políticas públicas, “deve 
considerar-se constitucionalmente garantido, sendo inconstitucionais 
quaisquer medidas que, sem a criação de outros esquemas alternativos ou 
compensatórios, se traduzam na prática numa 'anulação', 'revogação', ou 
'aniquilação' pura e simples desse núcleo essencial”. (Curso de Direito 
Constitucional – Dirley da Cunha Júnior – 5ª Edição - pág. 623) 
 
r) Inviolabilidade: impossibilidade de desrespeito por determinações 
infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de 
responsabilização civil, administrativa e criminal. (Alexandre de Moraes –
Direitos Humanos Fundamentais - 8ª Edição – Pág. 22) 
Impossibilidade de sua não observância por disposições infraconstitucionais 
ou por atos de autoridades públicas (Direito Constitucional Descomplicado –
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino – 7ª Edição - pág. 100) 
 
s) Efetividade: a atuação do Poder Público deve ser no sentido de garantir a 
efetivação dos direitos e garantias previstos, com mecanismos coercitivos 
para tanto, uma vez que a Constituição Federal não se satisfaz com o 
simples reconhecimento abstrato. (Alexandre de Moraes – Direitos Humanos 
Fundamentais - 8ª Edição – Pág. 22) 
A atuação do Poder Público deve ter por escopo garantir a efetivação dos 
direitos fundamentais. (Direito Constitucional Descomplicado – Vicente Paulo 
e Marcelo Alexandrino – 7ª Edição - pág. 100) 
Em termos teóricos temos que o poder público em suas ações deve sempre 
se voltar para o cumprimento dos direitos fundamentais. Todavia, aqui cabe 
pontuar que uma ves assumindo uma ou outra teoria sobre direitos 
fundamentais, as consequências práticas serão radicalmente opostas: na 
perspectiva liberal, por serem os direitos fundamentais direitos subjetivos de 
todos indivíduos de uma sociedade que se reconhece livre e igual, devem ser 
efetivados na mesma medida para todos, sem exceção. Além do mais, sua 
condição de norma pré-estatal não transmite o dever de efetivação do Poder 
Público, garantindo-se, desde o início, o mesmo catálogo de direitos 
fundamentais aos seus cidadãos; por outro lado, a perspectiva do 
comunitarismo, a tese dos direitos fundamentais como ordens de valores, 
delega ao Poder Público a sua implementação na sociedade, que se pode 
dar em graus, ou seja, de modo não efetivo para todos, mas sempre 
buscando um resultado otimizado. (Curso de Direito Constitucional –
Bernardo Gonçalves Fernandes – 4ª Edição - pág. 330) 
 
t) Continuidade/Identidade: O constituinte reconheceu ainda que os direitos 
fundamentais são elementos integrantes da identidade e da continuidade da 
Constituição, considerando, por isso, ilegítima qualquer reforma constitucional 
tendente a suprimi-los (art. 60, § 4o). (Gilmar Ferreira Mendes - Os Direitos 
Fundamentais e seus múltiplos significados na ordem constitucional – Revista 
Jurídica Virtual - Brasília,vol. 2, n. 13, junho/1999) 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_14/direitos_fund.htm) 
 
Contitunidade/Identidade em julgado do STF: "Extradição e necessidade 
de observância dos parâmetros do devido processo legal, do estado de 
direito e do respeito aos direitos humanos. CB, arts. 5º, § 1º, e 60, § 4º. (...) 
Obrigação do STF de manter e observar os parâmetros do devido processo 
legal, do estado de direito e dos direitos humanos. (...) Necessidade de 
assegurar direitos fundamentais básicos ao extraditando. Direitos e garantias 
fundamentais devem ter eficácia imediata (cf. art. 5º, § 1º); a vinculação direta 
dos órgãos estatais a esses direitos deve obrigar o Estado a guardar-lhes 
estrita observância. Direitos fundamentais são elementos integrantes da 
identidade e da continuidade da Constituição (art. 60, § 4º)." (Ext 986, rel. 
min. Eros Grau, julgamento em 15-8-2007, Plenário, DJ de 5-10-2007.) 
 
 
RESUMO FINAL 
 
 
- Caracteres dos direitos fundamentais: e) Relatividade/Limitabilidade f) 
- Caracteres dos direitos fundamentais: g) Constitucionalização h) 
Vinculação dos Poderes Públicos i) Indivisibilidade 
- Caracteres dos direitos fundamentais: h) Vinculação dos Poderes 
Públicos i) Indivisibilidade j) Interdependência j.1) Indivisibilidade e 
interdependência k) Complementaridade 
 
- Caracteres dos direitos fundamentais l) Fundamentalidade l.1) A dupla 
fundamentalidade em sentido formal e material 
 
- Caracteres dos direitos fundamentais m) Positividade n) 
Transindividualidade o) Concorrência/Cumulatividade 
 
- Caracteres dos direitos fundamentais p) Inerência q) Proibição de 
Retrocesso r) Inviolabilidade s) Efetividade t) Continuidade/Identidade 
AULA 04 
TÍTULO 
 
Aplicabilidade e Eficácia 
ROTEIRO DE ESTUDO 
 
4. Aplicação imediata dos direitos fundamentais (natureza e eficácia das 
normas sobre direitos fundamentais) 
 
A eficácia e aplicabilidade das normas que contêm os direitos fundamentais 
dependem muito do seu enunciado, pois se trata de assunto que está em 
função do Direito positivo. A Constituição expressa sobre o assunto, quando 
estatui que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm 
aplicação imediata. Mas certo é que isso não resolve todas as questões, 
porque a Constituição mesma faz depender da legislação ulterior a 
aplicabilidade de algumas normas definidoras de Direitos sociais, 
enquadrados dentre os fundamentais. Por regra, as normas que 
consubstanciam os Direitos fundamentais democráticos e individuais são de 
eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os 
direitos econômicos e sociais tendem a sê-lo também na Constituição 
vigente, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora, 
são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade 
indireta, mas são tão jurídicas como as outras e exercem relevante função, 
porque, quanto mais se aperfeiçoam e adquirem eficácia mais ampla, mais se 
tornam garantias da democracia e do efetivo exercício dos demais direitos 
fundamentais. (pág.182 – José Afonso da Silva – Direito Constitucional 
Positivo 37ª Edição) 
O significado essencial dessa cláusula é ressaltar que as normas que 
definem direitos fundamentais são normas de caráter preceptivo, e não 
meramente programático. Explicita-se, além disso, que os direitos 
fundamentais se fundam na Constituição, e não na lei – com o que se deixa 
claro que é a lei que deve mover-se no âmbito dos direitos fundamentais, não 
o contrário. Os direitos fundamentais não são meramente normas matrizes de 
outras normas, mas são também, e sobretudo, normas diretamente 
reguladoras de relações jurídicas. (pág. 154 – Curso de Direito 
Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
Há normas constitucionais, relativas a direitos fundamentais, que, 
evidentemente, não são autoaplicáveis. Carecem da interposição do 
legislador para que produzam todos os seus efeitos. As normas que dispõe 
sobre fundamentais de índole social, usualmente, têm a sua plena eficácia 
condicionada a uma complementação pelo legislador... (pág. 155 – Curso de 
Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
Mesmo algumas normas constantes no art. 5º da Constituição Federal não 
dispensam concretização, por via legislativa, para que posssam produzir 
efeitos plenos e mesmo adquirir sentido. (pág. 155 – Curso de Direito 
Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
… essas circunstâncias levam a doutrina a entrever no art. 5º, § 1º, da 
Constituição Federal uma norma-princípio, estabelecendo uma ordem de 
otimização, uma determinação para que se confira a maior eficácia possível 
aos direitos fundamentais. O princípio em tela valeria como indicador de 
aplicabilidade imediata da norma constitucional, devendo presumir a sua 
perfeição, quando possível. (pág. 155 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
Os direitos fundamentais, dotados de normatividade, têm aplicação imediata 
(art. 5º, § 1º). Na lição de Walter Rothenburg “Consequência desta 
característica é a necessidade de previsão de mecanismos de garantias dos 
direitos fundamentais, do que decorre: (i) que a própria Constituição deve, 
além de apontar os direitos, fornecer-lhes meios assecuratórios adequados; 
(ii) que também os meios assecuratórios devem ser dotados de aplicabilidade 
direta ou imediata; (iii) que os meios assecuratórios nunca podem, a pretexto 
de regular o direito constitucional, restringi-lo; (iv) que, na ausência da 
previsão de meios específicos, podem-se utilizar os meios ordinariamente 
previstos (por exemplo, o procedimento judicial comum); (v) que os direitos 
fundamentais devem valer mesmo que não estejam acompanhados de 
garantias jurisdicionais (não correlação necessária). 
Somente em hipóteses excepcionais, previstas na Constituição, um direito 
fundamental exige intermediação normativa de órgão estatal para ser 
aplicado no caso concreto. Pode-se mencionar, como exemplo, o direito de o 
trabalhador participar nos lucros ou resultados da empresa, “conforme 
definido em lei” (art. 7º, inciso XI). Nessa hipótese, mesmo se tratando de um 
direito fundamental, entendeu-se que ele somente seria aplicado ao caso 
concreto após a edição da lei exigida. A lei 10.101, de 19 de dezembro de 
2000, veio dispor sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou 
resultados das empresas. ( Pág. 239 - Zulmar Fachin – Curso de Direito 
Constitucional 7ª Edição) 
5. Dimensão objetiva e subjetiva dos direitos Fundamentais 
 
Cuida-se da proposta formulada por Robert Alexy, que edifica sua concepção 
de direitos fundamentais (o que chamou de sistema das posições jurídicas 
fundamentais) com base na seguinte tríade de posições fundamentais, que, 
em princípio pode integrar um direito fundamental na condição de direito 
subjetivo (a) direitos a qualquer coisa (que englobariam os direitos e ações 
negativas e positivas do Estado e/ou particulares e, portanto, os clássicos 
direitos de defesa e os direitos a prestações); (b) liberdades (no sentido de 
negação de exigências e proibições); e (c) os poderes (competências e 
autorizações). 
... a noção de uma perspectiva subjetiva de direitos fundamentais engloba a 
possibilidade do titular do direito fazer valer judicialmente os poderes, as 
liberdades ou mesmo o direito à ação ou às ações negativas ou positivas que 
lhe foram outorgadas pela norma consagradora do direito fundamental em 
questão, ainda que tal exigibilidade seja muito variável e careça de uma 
apreciação à luz de cada direito fundamental em causa, dos seus limites, 
entre outros aspectos a serem considerados. (pág. 295 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
... os direitos fundamentais passaram a apresentar-se, no âmbito da ordem 
constitucional, como um conjunto de valores objetivos básicos e fins diretivos 
da ação positiva dos poderes públicos, e não apenas garantias negativas(e 
positivas) dos interesses individuais. 
Como um dos mais importantes desdobramentos da força jurídica objetiva 
dos direitos fundamentais, costuma-se apontar-se para o que boa parte da 
doutrina e da jurisprudência constitucional na Alemanha denominou de uma 
eficácia irradiante ou efeito de irradiação dos direitos fundamentais, no 
sentido de que estes, na sua condição de direito objetivo, fornecem impulsos 
e diretrizes para a aplicação e interpretação do direito infraconstitucional, 
implicando uma interpretação conforme aos direitos fundamentais de todo o 
ordenamento jurídico ((pág. 296 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
Outra função que tem sido reconduzida à dimensão objetiva está vinculada 
ao reconhecimento de que os direitos fundamentais implicam deveres de 
proteção do Estado, impondo aos órgãos estatais a obrigação permanente 
de, inclusive permanentemente, zelar pela proteção dos direitos fundamentais 
dos indivíduos, não somente contra os poderes públicos, mas também contra 
agressões por parte de particulares e até mesmo por parte de outros 
Estados. (pág. 297 – Curso de Direito Constitucional –
Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
Uma terceira função, igualmente vinculada à dimensão objetiva... pode ser 
genericamente designada de função organizatória e procedimental. Nesse 
sentido, sustenta-se que a partir do conteúdo das normas de direitos 
fundamentais é possível se extrair as consequências para a aplicação e 
interpretação das normas procedimentais, mas também para uma formatação 
do direito organizacional e procedimental que auxilie na efetivação da 
proteção aos direitos fundamentais, evitando-se os riscos de uma redução de 
seu significado e conteúdo material. (pág. 297/298 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero - 2ª Tiragem) 
A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais corresponde à característica 
desses direitos de, em maior ou menor escala, ensejarem uma pretensão a 
que se adote um dado comportamento ou se expressa no poder da vontade 
de produzir efeitos sobre certas relações jurídicas. 
Nessa perspectiva, os direitos fundamentais correspondem à exigência de 
uma ação negativa (em especial, de respeito ao espaço de liberdade do 
indivíduo) ou positiva de outrem, e, ainda, correspondem a competências –
em que não se cogita de exigir comportamento ativo ou omissivo de outrem, 
mas do poder de modificar-lhe as posições jurídicas. (pág. 167 – Curso de 
Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
A dimensão objetiva resulta do significado dos direitos fundamentais como 
princípios básicos da ordem constitucional. Os direitos fundamentais 
participam da essência do Estado de Direito democrático, operando como 
limite do poder e como diretriz para sua ação. As constituições democráticas 
assumem um sistema de valores que os direitos fundamentais revelam e 
positivam. Esse fenômeno faz com que os direitos fundamentais influam 
sobre todo o ordenamento jurídico, servindo de norte para a ação de todos os 
poderes constituídos. (pág. 167 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar 
Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
Os direitos fundamentais, assim, transcendem a perspectiva da garantia de 
posições individuais, para alcançar a estatura de normas que filtram os 
valores básicos da sociedade política, expandindo-se para todo o direito 
positivo. Formam, pois, a base do ordenamento jurídico de um Estado 
democrático. (pág. 167 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e 
Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
A perspectiva objetiva, nesse sentido, legitima até restrições aos direitos 
subjetivos individuais, limitando o conteúdo e o alcance dos direitos 
fundamentais em favor dos seus próprios titulares ou de outros bens 
constitucionalmente valiosos. (pág. 167 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
O aspecto objetivo dos direitos fundamentais comunica-lhes, também, uma 
eficácia irradiante, o que os converte em diretriz para a interpretação e 
aplicação das normas dos demais ramos do Direito. A dimensão objetiva 
enseja, ainda, a discussão sobre a eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais – a eficácia desses direitos na esfera privada, no âmbito das 
relações entre particulares. (pág. 168/169 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
6. Eficácia Vertical e Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais 
 
6.1 Destinatários dos direitos fundamentais 
 
Destinatários dos direitos e garantias fundamentais são, em contraposição 
aos titulares, os sujeitos passivos da relação jurídica, em outras palavras, as 
pessoas físicas ou jurídicas (de direito público ou privado) que estão 
vinculadas pelas normas de direitos fundamentais. (pág. 319 – Curso de 
Direito Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
 
6.2 Eficácia Vertical 
 
Como se sabe, os direitos fundamentais foram concebidos, originariamente, 
como instrumentos de proteção dos indivíduos contra a opressão estatal. O 
particular era, portanto, o titular dos direitos e nunca o sujeito passivo. É o 
que se pode chamar de eficácia vertical dos direitos fundamentais, 
simbolizando uma relação (assimétrica) de poder em que o Estado se coloca 
em uma posição superior em relação ao indivíduo. (George Marmelstein –
Curso de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 337) 
 
6.3 Eficácia Horizontal 
 
No entanto, atualmente, onde cada vez é mais aceita a dimensão objetiva 
dos direitos fundamentais, tem-se reconhecido que os valores contidos 
nesses direitos projetam-se também nas relações entre os particulares, até 
porque os agentes privados – especialmente aqueles detentores de poder 
social e econômico – são potencialmente capazes de causar danos efetivos 
aos princípios constitucionais e podem oprimir tanto ou até mais que o estado 
(George Marmelstein – Curso de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 
337) 
 
…fala-se hoje na aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, 
ou seja, esses direitos deixaram de ser um mero instrumento de limitação do 
poder estatal para se converter também em uma ferramenta de conformação 
ou modelação de toda a sociedade, melhor dizendo, em um “sistema de 
valores” a orientar toda ação pública e privada. É o que se pode chamar de 
eficácia horizontal dos direitos fundamentais. (George Marmelstein – Curso 
de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 338) 
 
A percepção clara da força vinculante e da eficácia imediata dos direitos 
fundamentais e da sua posição no topo da hierarquia das normas jurídicas 
reforçou a ideia de que os princípios que informam os direitos fundamentais 
não poderiam deixar de ter aplicação também no setor privado. 
Ganhou alento a percepção de que os direitos fundamentais possuem uma 
feição objetiva, que não somente obriga o Estado a respeitar os direitos 
fundamentais, mas que também o força fazê-lo respeitados pelos próprios 
indivíduos, nas suas relações entre si. Ao desvendar o aspecto objetivo dos 
direitos fundamentais, abriu-se à inteligência predominante a noção de que 
esses direitos, na verdade, exprimem os valores básicos da ordem jurídica e 
social, que devem ser prestigiados em todos os setores da vida civil, que 
devem ser preservados e promovidos pelo Estado como princípios 
estruturante da sociedade. (pág. 172 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
… Definir quando um direito fundamental incide numa relação entre 
particulares demanda exercício de ponderação entre o peso do mesmo 
direito fundamental e o princípio da autonomia da vontade. Há de se efetuar 
essa ponderação à vista de casos concretos, reais ou ideados... (pág. 178 –
Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
… o princípio da autonomia de vontade, mesmo que não conste literalmente 
na Constituição, acha no Texto Magno proteção para os seus aspectos 
essenciais. A Carta de 1988 assegura uma liberdade geral nocaput de seu 
art. 5º e reconhece o valor da dignidade da pessoa humana como 
fundamento do Estado brasileiro (art. 1º, III, da CF), dignidade que não se 
concebe sem referência ao poder da autodeterminação. Confirma-se os 
status constitucional do princípio da autonomia do indivíduo. (pág. 177 –
Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
… A incidência das normas de direitos fundamentais no âmbito das relações 
privadas passou a ser conhecida, sobretudo a partir dos anos cinquenta, 
como o efeito externo, ou a eficácia horizontal, dos direitos fundamentais (a 
drittwirkung do Direito alemão)... (pág. 176 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
O reconhecimento da eficácia horizontal dos direitos fundamentais ocorreu, 
pela primeira vez, de forma expressa, em 1958, quando o Tribunal 
Constitucional Federal alemão julgou o caso Luth. (George Marmelstein –
Curso de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 338) 
 
A decisão deu início ao desenvolvimento da ideia da dimensão objetiva dos 
direitos fundamentais e da eficácia irradiante desses direitos (George 
Marmelstein – Curso de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 340) 
 
… a eficácia horizontal tem muito a ver com a dimensão objetiva dos direitos 
fundamentais, até porque é consequência desta. Com a eficácia horizontal e 
a dimensão objetiva (força irradiante), toda legislação infraconstitucional, 
inclusive aquela que disciplina as relações privadas, deve ser interpretada 
sob a ótica dos direitos fundamentais. (George Marmelstein – Curso de 
Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 342) 
 
6.3.1 Eficácia Horizontal direta (imediata) e indireta (mediata) 
 
Além dos órgãos estatais (na acepção ampla aqui utilizada) também os 
particulares, na condição de destinatários, estão sujeitos à força vinculante 
dos direitos fundamentais, temática habitualmente versada sob o rótulo da 
constitucionalização do direito privado ou, de modo mais preciso, da eficácia 
dos direitos sociais nas relações privadas. (pág. 323 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
 
Nesse particular, a doutrina oscila entre os que advogam a tese da eficácia 
mediata (indireta) e os que sustentam uma vinculação imediata (direta), 
ressaltando-se a existência de posicionamentos que assumem feição mais 
temperada em relação aos modelos básicos referidos, situando-se, por assim 
dizer, numa esfera intermediária. (pág. 324 – Curso de Direito Constitucional 
– Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
 
Na doutrina, duas teorias disputam o equacionamento das questões 
relacionadas com a incidências dos direitos fundamentais nas relações entre 
particulares. Conforme o grau de interferência que reconhecem a esses 
direitos nessas relações, dividem-se os que postulam uma eficácia imediata e 
direta dos direitos fundamentais sobre as relações privadas e os que 
advogam que os direitos fundamentais, aí, devem atuar indiretamente (teoria 
da eficácia mediata ou indireta) (pág. 179 – Curso de Direito Constitucional –
Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
Em primeiro lugar, há quem negue completamente a incidência dos direitos 
fundamentais nas relações privadas. Esse ponto de vista vigora, por exemplo, 
nos Estados Unidos da América, onde predomina a doutrina do state acion 
(ação estatal), que defende a não aplicação dos direitos fundamentais nas 
relações privadas, se houver lei expressamente prevendo essa aplicação ou 
então se o agente privado estiver exercendo uma função estatal (George
Marmelstein – Curso de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 342) 
 
A segunda possibilidade é reconhecer um efeito indireto dos direitos 
fundamentais nas relações privadas, de modo que as normas constitucionais 
funcionariam tão somente para permitir melhor interpretação do direito 
infraconstitucional, não se aplicando de modo direto nessas relações. Essa 
ideia vigora, por exemplo, na Alemanha, que entende que a lei é o principal 
instrumento normativo para a regulação das relações entre particulares, 
devendo a Constituição ser utilizada de modo meramente subsidiário. 
(George Marmelstein – Curso de Direitos Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 
342) 
 
A teoria da eficácia indireta ou mediata, pretendendo maior resguardo do 
princípio da autonomia de do livre desenvolvimento da personalidade, recusa 
a incidência direta dos direitos fundamentais na esfera privada, alertando que 
uma tal latitude dos direitos fundamentais redundaria num incremento do 
poder do Estado, que ganharia espaço para uma crescente ingerência na 
vida privado do indivíduo, a pretexto de fiscalizar o cumprimento dos deveres 
resultantes da incidência dos direitos fundamentais sobre as relações 
particulares. A incidência dos direitos fundamentais nas relações entre 
particulares haveria de aflorar por meio de pontos de irrupção do 
ordenamento civil, propiciados pelas cláusulas gerais (ordem pública, bons 
costumes, boa-fé etc) insertas nas normas de direito privado, ou pela 
interpretação das demais regras desse ramo do ordenamento jurídico... (pág. 
180 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e Gonet Branco – 9ª 
Edição) 
 
Por fim, a última opção é considerar que os direitos fundamentais devem ser 
aplicados de forma direta às relações entre particulares, da mesma forma 
como são aplicados na relação entre o Estado e os indivíduos, ainda que com 
temperamentos.(George Marmelstein – Curso de Direitos Fundamentais - 5ª 
Edição – Pág. 342) 
 
No Brasil, essa terceira possibilidade vem ganhando cada vez mais força na 
doutrina e na jurisprudência e parece ser a mais adequada ao espírito da 
Constituição Federal de 1988. (George Marmelstein – Curso de Direitos 
Fundamentais - 5ª Edição – Pág. 342) 
 
A teoria da eficácia direta ou imediata sustenta que os direitos fundamentais 
devem ter pronta aplicação sobre as decisões das entidades privadas que 
desfrutem de considerável poder social, ou em face de indivíduos que 
estejam, em relação a outros, numa situação de supremacia de fato ou de 
direito... (pág. 179 – Curso de Direito Constitucional – Gilmar Mendes e 
Gonet Branco – 9ª Edição) 
 
De qualquer modo, para além dessas e de outras considerações que aqui 
poderiam ser tecidas, constata-se que no direito constitucional brasileiro tem 
prevalecido a tese de que, em princípio, os direitos fundamentais geram uma 
eficácia direta prima facie na esfera das relações privadas, sem deixar de 
reconhecer, todavia, que o modo pela qual se opera a aplicação dos direitos 
fundamentais às relações jurídicas entre particulares não é uniforme, 
reclamando situações diferenciadas. (pág. 325 – Curso de Direito 
Constitucional – Sarlet/Marinoni/Mitidiero) 
 
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais em julgamento do STF:
"Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas. As violações a 
direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o 
cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas 
físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais 
assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes 
públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face 
dos poderes privados. Os princípios constitucionais como limites à autonomia 
privada das associações. A ordem jurídico-constitucional brasileira não 
conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos 
princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por 
fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente 
em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de 
autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está 
imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito 
aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que 
encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em 
detrimento ou com desrespeito aos

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