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Manual de Redação Policial-Militar Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – por qualquer meio ou processo, seja mecânico ou eletrônico, inclusive xerográfico, fotográfico, microfilme, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização do autor. Essas proibições se aplicam também às características gráficas e ou editoriais (Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998). Copyright © Paulo César Luz Nunes (Professor de Língua Portuguesa da Academia de Polícia Militar da Bahia) Críticas e sugestões a esta obra devem ser enviadas para: pcesar@pmba.ba.gov.br Solisluna Design e Editora edição gráfica e design Enéas Guerra e Valéria Pergentino projeto gráfico e editoração Rafael Casanova assistente de editoração Elaine Quirelli ilustrações Hamilton de Oliveira fotografia Ieda Marques N972m Nunes, Paulo César Luz. Manual de redação policial-militar: para comandantes, chefes, diretores, coordenadores, secretários administrativos e auxiliares; instrutores e alunos dos cursos de formação e aperfeiçoamento; estudantes e afins / Paulo César Luz Nunes. – Salvador-BA : O Autor, 2001. 224p. ; 12 il. ISBN 85-902037-1-9 (broch.) (Aprovado pelo Comando Geral da Polícia Militar do Estado da Bahia, conforme publicação no Boletim Geral Ostensivo n. 219, de 13 de novembro de 2000, fls. 5632-3, sob a rubrica Projeto de Manual de Redação da PMBA). 1. Redação oficial. 2. Língua Portuguesa - Gramática. I. Título. CDD: 808.066 Manual de Redação Policial-Militar Paulo César Luz Nunes Outubro de 2001, Salvador, Bahia Para comandantes, chefes, diretores, coordenadores, secretários administrativos e auxiliares; instrutores e alunos dos cursos de formação e aperfeiçoamento; estudantes e afins. “Não pedimos fluência, elegância, nem limpeza, mas um respeito aos limites mesmos da Língua, além dos quais ela perde não apenas sua beleza e seu sentimento, mas sua própria natureza. É um mínimo de decência e de dignidade, na escrita, sem o qual o pensamento mais profundo e a idéia mais brilhante se tornam torpes e ridículos.” Rubem Braga “Com um sorriso freqüente nos lábios, ele conquistou as inúmeras amizades que deixou.” À memória do meu honrado, leal e eterno amigo, Ten PM André Luís Freitas Mota. Paulo César Luz Nunes A Deus, por ter-me dado sabedoria e conhecimento para a realização desta obra. Aos meus pais, à Paula e aos seus familiares, por me sustentarem com palavras e gestos de carinho, fazendo com que eu alcançasse os meus ideais. Aos Ex.mos Srs. Cel PM Christóvão Rios de Britto e Cel PM Jorge Luiz de Souza Santos, pelo apoio e incentivo em prol do engrandecimento cultural da Polícia Militar do Estado da Bahia. À Comissão, presidida pelo Ten Cel PM Jorge da Silva Ramos, que, com zelo e competência, avaliou este Manual, reputando-o por trabalho técnico-profissional. Aos oficiais, praças e amigos civis que, por qualquer meio ou forma, contribuíram para a realização desta primeira edição. Um singular agradecimento aos companheiros da Corregedoria da PMBA e, em especial, ao 1º Ten PM Luciano Nery da Silva e ao Sd 1ª Cl PM Décio Amorim Pimentel, pela efetiva participação na concretização deste trabalho. Paulo César Luz Nunes Agradecimentos Sumário Manual de Redação Policial-Militar APRESENTAÇÃO ABREVIATURAS, SINAIS CONVENCIONAIS E SIMILARES primeira parte A REDAÇÃO OFICIAL Redação oficial Estudando o ofício Outros documentos segunda parte GRAMÁTICA APLICADA À REDAÇÃO POLICIAL-MILITAR Emprego dos pronomes de tratamento Estudando as abreviaturas Tira-dúvidas de expressões castrenses Expresões latinas Expressões que confundem Exercitando os seus conhecimentos Breve comentário à canção Força Invicta Conferindo o exercício terceira parte TEXTOS OFICIAIS DA ORTOGRAFIA BIBLIOGRAFIA 15 16 19 69 195 25 53 19 69 81 109 131 145 221 183 187 191 I II III IV V VI VII VIII IX X XI Paulo César, o Gramático! Paulo César Luz Nunes é uma dessas raras pessoas que combinam, em sua personalidade, sensibilidade e competência. A equanimidade com que modela suas decisões fundamentais, e a determinação de realizar sempre o que lhe parece justo e plausível destacam-se, de pronto, como qualidades expressivas desse jovem professor. Ainda aluno, adotava o comportamento de não permanecer refém de dúvidas, buscando sempre, nos intervalos, dirimi-las, de todo, com o velho mestre, provavelmente um tanto exausto. Mas persistia. O olhar atento, acompanhado por um leve sorriso de satisfação quando lograva entender o assunto, traçava sempre, a meus olhos, a figura do aprendiz apaixonado pela matéria. Esplêndido aprendiz! Na minha intuição quase matemática, poderia apostar que ali nascia um novo e grande amante da Língua Portuguesa, a nossa “última flor do Lácio inculta e bela”. Não me enganei. E, mais que isso, alguns anos depois, reencontro-o, compenetrado, dando-me notícias das suas incursões nas salas de aula. Paulo César, agora, professor de Português, demonstrava singular talento, ao transmitir aos seus alunos tudo que aprendera pelo seu grande esforço e vontade. Reaparece-me agora com nova surpresa. É o Manual de Redação Policial- Militar, de sua autoria. Trabalho minucioso, fôlego de pesquisador, disciplina estóica de quem se revela sempre um apaixonado das Letras. Descobriu uma lacuna ponderável no seu segmento profissional – quer seja o estudo do Português e sua aplicação específica na área militar – e tratou de preenchê-la com invulgar competência. Resultado: um completo manual destinado a um público-alvo que certamente fará dele uma verdadeira referência para as suas consultas. O Manual mapeia todos os assuntos de interesse da classe, oferecendo- se – hierarquia à parte – a expectativas iguais. Em linguagem objetiva e clara, traça um roteiro preciso que vai do ensino da Redação Oficial, com todos os capítulos decorrentes, à Gramática aplicada à Redação Prefácio Policial-Militar. Tudo feito com dedicação e esmero. Um grande presente para todos os seus pares. Tecnicamente, perfeito; no que tange à demanda, oportuno. O Manual de Redação Policial-Militar de Paulo César Nunes, com certeza, vai figurar no elenco das melhores contribuições à Língua Portuguesa ofertadas por um seu verdadeiro Professor. Salvador, maio de 2001. Jorge Portugal Conselheiro Cultural do Estado da Bahia; professor de Língua Portuguesa e Redação; compositor. Este Manual é fruto de um trabalho minucioso, amadurecido ao longo dos anos pelos estudos e pesquisas ligados à área da comunicação verbal, principalmente na atividade de revisão dos mais variados textos produzidos pela Polícia Militar do Estado da Bahia. Incorporando o espírito do revisor gramatical e atendendo à solicitação de amigos e companheiros de profissão, apresentamos e discutimos alguns deslizes redacionais, nos quais incorremos a todo o momento – basta escrevermos um bilhete simples para que isso ocorra –, solucionamos questões controversas do dia-a-dia castrense, padronizamos alguns tipos de documentos, indicamos as melhores formas de desenvolvê-los, e muito mais. Escrito numa linguagem simples, com uma narrativa contínua e envolvente, o Manual se destina aos policias militares de todos os níveis hierárquicos, bem como a todos aqueles que estimam e cultuam as letras. Transpõe, assim, os muros dos quartéis, estendendo-se também ao público civil. Para facilitar a compreensão, dividimo-lo em três partes: tratamos da redação oficial na parte primeira, definindo-a e situando, nesse contexto, a correspondência policial-militar, partindo-se, daí, para o estudo e padronização de alguns documentos castrenses. Na segunda, aplicamos, na expressão escrita dos integrantes da PM, as normas gramaticais vigentes. Na última parte reunimos, para efeito de complementação, textos oficiais da nossa Ortografia. Esperamos que este trabalho corresponda às expectativas, servindo de guia prático para consultas futuras, uniformizando procedimentose contribuindo, conseqüentemente, para a melhoria da qualidade do serviço que prestamos à sociedade. O Autor Apresentação § parágrafo adv. advérbio agl. aglutinação atual. atualizada (a edição) C 21 – 30 Manual de Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas do Exército cf. confronte, compare, confira conj. conjunção ed. edição I – 7 – PM Instruções para a Correspondência na Polícia Militar do Estado de São Paulo ibid. ibidem (no mesmo lugar) id. idem (o mesmo) id. ibid. idem ibidem (o mesmo, no mesmo lugar) i. é, isto é IG 10 – 42 Instruções Gerais para Correspondência, Publicações e Atos Normativos no Ministério do Exército (atualizadas até 1996) IG 10 – 42 revogadas Instruções Gerais para Correspondência no Ministério do Exército (1975) interj. interjeição loc. cit. loco citato (no lugar citado) Abreviaturas, sinais convencionais e similares 1 Manual da Presidência Manual de Redação da Presidência da República NGB Nomenclatura Gramatical Brasileira OM Organização Militar op. cit. opus citatum (obra citada) OPM Organização Policial-Militar p. página p. ex. por exemplo perf. do ind. perfeito do indicativo PMBA Polícia Militar do Estado da Bahia prep. preposição 1 Algumas dessas abreviaturas já constam no tópico “Outras abreviaturas empregadas na Corporação”, mas achamos conveniente apresentá-las logo, para facilitar a compreensão dos tópicos anteriores. pres. ind. presente do indicativo pron. pronome rev. e ampl. revista e ampliada (a edição de um livro) RDPM Regulamento Disciplinar da Polícia Militar reimp. reimpresso, reimpressa seq. sequentia (seguinte ou o que se segue) s. f. comp. substantivo feminino composto s.m. substantivo masculino v. ver, vide, verbo I RedaçãoOficial A redação literária e a redação técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O que é redação técnica A comunicação oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A redação oficial A correspondência militar A correspondência policial-militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Alguns documentos utilizados na Polícia Militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Redação Oficial 21 22 23 24 Manual de Redação Policial-Militar 21 A redação literária e a redação técnica Redigir é exercitar o pensamento; assim, exercitamo-lo das mais variadas formas, exprimindo nossas impressões e desenvolvendo as nossas idéias. Essas idéias são desenvolvidas, a rigor, por intermédio dos três principais gêneros de composição em prosa: a descrição, a narração e a dissertação. Essa é a classificação clássica, a qual valoriza o feitio artístico da composição, também conhecida por redação literária. Contudo, embora as imagens estilísticas melhor se adequem à criação artístico-literária, redação há que repousa na objetividade da linguagem, a que chamamos de redação técnica. O que é redação técnica Nada melhor do que a definição de Margaret Norgaard: “Redação técnica é qualquer espécie de linguagem escrita que trate de fatos ou assuntos técnicos ou científicos, e cujo estilo não deve ser diferente de outros tipos de composição. A redação técnica é necessariamente objetiva quanto a ponto de vista, mas uma objetividade completamente desapaixonada torna o trabalho de leitura penoso e enfadonho por levar o autor a apresentar os fatos em linguagem descolorida, sem a marca da sua personalidade. Opiniões pessoais, experiência pessoal, crenças, filosofia de vida e deduções são necessariamente subjetivas, não obstante constituírem parte integrante de qualquer redação técnica meritória.” (citado por Júnior3: 19) Othon M. Garcia4 arremata: “(...) toda composição que deixe em segundo plano o feitio artístico da frase, preocupando-se de preferência com a objetividade, a eficácia e a exatidão da comunicação, pode ser considerada como redação técnica. Nesse caso, a redação oficial, a correspondência comercial e bancária, os papéis e documentos notariais e forenses constituem redação técnica.” 3 Cf. JÚNIOR, Edgard de Brito Chaves. Modelos de redação oficial: para funcionários públicos, advogados, despachantes, etc. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1979. p. 19. 4 Cf. GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 17. ed. reimp. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 386. A Redação Oficial22 A comunicação oficial A comunicação oficial é aquela que advém dos órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, constituindo um conjunto de normas regedoras da comunicação escrita. O redator desse tipo de comunicação deve preocupar-se mais com o estilo oficial do que com o seu próprio estilo, haja vista a impessoalidade da redação, a sua formalidade, concisão e clareza, conforme veremos no capítulo seguinte (v. “O texto”). A redação oficial A redação oficial, portanto, é o mecanismo por meio do qual funciona a comunicação oficial escrita, dando-lhe forma específica; é o modo de redigir uma correspondência, dentro dos cânones estabelecidos pelo Manual de Redação da Presidência da República e pelas regras gramaticais vigentes. Foi com a edição do Decreto n.º 100.000, de 11 de janeiro de 1991, que o Presidente da República autorizou a criação de uma comissão para rever, atualizar, uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comunicações oficiais, no âmbito federal, inclusive aqueles praticados no Exército, daí surgindo, após o período de uma “gestação”, o Manual da Presidência. Editado, foram as regras do mencionado Manual consolidadas por meio da Instrução Normativa n.º 4, de 6 de março de 1992, que tornou obrigatória a sua observação pelos órgãos componentes da Administração Federal. A correspondência militar A correspondência militar é o tipo de comunicação oficial peculiar às forças militares da União. Apresenta algumas especificidades, porém não deve opor-se aos preceitos normativos elencados no Manual da Presidência. Até antes da edição do Manual da Presidência, no que se refere ao Exército Brasileiro, vigoravam as Instruções Gerais para a Correspondência no Ministério do Exército (IG 10-42), editadas no ano de 1975, três anos após a publicação das Normas sobre Correspondência, Comunicação e Atos Oficiais, do Ministério da Educação e Cultura (1972). Manual de Redação Policial-Militar 23 As IG 10-42 estribaram-se no texto normativo do Ministério da Educação, nas normas estabelecidas pelas Circulares de n.os 13/44, de 28 de outubro de 1944; 18/46, de 5 de julho de 1946; e 7/69, de 9 de dezembro de 1969; a segunda circular, proveniente da Secretaria da Presidência da República; as restantes, do Gabinete Civil, além de tantas outras que visavam a padronizar a comunicação oficial brasileira. Entretanto, com o surgimento do Manual da Presidência, as IG 10-42 foram atualizadas, por intermédio da Portaria n.º 433, de 24 de agosto de 1994, revogando, expressamente, as instruções anteriores. Nesse sentido, alguns ajustes foram feitos, porém nem tudo estabelecido no Manual da Presidência foi adotado pelas atuais IG 10-42, a exemplo do modelo de ofício, que permaneceu com a antiga estrutura, conforme veremos mais adiante (v. “Estudando o Ofício”). A correspondência policial-militar Força auxiliar e reserva do Exército, nos termos do §6º do art.144 da vigente Constituição Federal brasileira5 , a PMBA, a qual será o referencial de estudo neste trabalho, é alcançada, no que couber, pelas IG 10-42, embora, para alguns, tais instruções não mais tenham vinculação com a Corporação, isto por força do caput do art. 42 da Carta Magna, com a nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 18, de 5 de fevereiro de 19986 . Ocorre, porém, consoante visto anteriormente, que as IG 10-42 não estão perfeitamente ajustadas no cenário da comunicação oficial brasileira, o que nos faz concluirque as normas de correspondência, dentro da Polícia Militar, também estão carentes de uma uniformidade, necessitando sejam amoldadas ao padrão estatuído pelo Manual da Presidência, 5 Cf. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Obra coletiva da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto e Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt. 20 ed. atual. e ampl. São Paulo, Saraiva, 1998. p. 83: “§6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reservas do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.” 6 Ibid., p. 40: “Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.” A Redação Oficial24 acrescidas de alguns senões, referentes às nossas singularidades – que são as particularidades adstritas à vivência militar. Esta, pois, é a razão de ser do Manual de Redação Policial-Militar: padronizar normas de comunicação oficial no âmbito castrense. Alguns documentos utilizados na Polícia Militar A padronização a que nos referimos diz respeito, notadamente, à confecção de alguns documentos utilizados em larga escala nos quartéis, os quais mais parecem uma colcha de retalhos, em razão de que um determinado expediente, oriundo de uma Unidade X, nunca, ou quase nunca, é igual, na forma e estrutura, àquele confeccionado na unidade Y, que, por sua vez, também apresenta patente discordância ao elaborado na unidade Z. O campeão de modelos divergentes é, com certeza, o ofício . Em recente pesquisa por nós efetuada, analisamos ofícios de diversas unidades da atividade fim (operacionais), inclusive as do interior do Estado baiano, assim como algumas da atividade meio (administrativas) – cujo teor do documento tratava de apresentação de policial militar –, que nos propiciou chegar, acreditem, à seguinte conclusão: nenhum ofício se igualou, na forma e estrutura, a algum outro; nem mesmo o acaso colaborou. Não fossem os dizeres: “Polícia Militar da Bahia”, acreditaríamos que cada expediente pertencia a uma polícia diferente. Essa é a razão por que dedicamos um capítulo exclusivo para o estudo do ofício. A sua compreensão também servirá para entendermos os demais documentos abordados neste Manual, a saber, o memorando, o fax e a portaria (v. “Outros Documentos”), como também a tantos outros aqui não referidos, em virtude de que, no ofício, constam preceitos gerais da maior relevância, necessários à uniformização da comunicação oficial. II Estudandoo ofício Linhas gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . parte I O timbre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A numeração do documento . . . . . . . . . . . O local e a data . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O vocativo parte II O texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto à mensagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto ao estilo Quanto ao tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quanto à forma Desdobramento do parágrafo . . . . . . . . . . . Outras peculiaridades do texto . . . . . . . . . parte III O fecho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Por que o fecho vem seguido por vírgula? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A assinatura e a identificação do signatário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O substituto interino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O substituto que responde pelo comando, chefia, direção ou coordenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Assinatura por delegação Assinatura no impedimento . . . . . . . . . . . . . O destinatário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O cabeçalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O assunto A referência O anexo O slogan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O endereço no rodapé A distribuição O grupo indicador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O modelo do ofício padrão . . . . . . . . . . . . . A Redação Oficial 27 27 29 31 32 33 34 35 36 37 39 40 41 42 43 44 46 47 48 49 50 Manual de Redação Policial-Militar 27 Linhas gerais Didaticamente, para estudarmos a forma e estrutura do ofício, dividimo- lo em três partes, a saber: parte I – que compreende o timbre, a numeração, o local e a data, e o vocativo; parte II – que é o texto propriamente dito; parte III – compreendendo o fecho, a assinatura e identificação do signatário, e o destinatário. parte I O timbre O timbre caracteriza o papel. Desta forma, não teremos mais um papel qualquer. Trata-se do papel timbrado. Vem centrado no alto da folha, composto pelo brasão institucional da PM local7 e pelos dizeres “Polícia Militar do Estado Tal”, acrescidos da organização policial-militar (OPM) expedidora. Às vezes, também compõem o timbre o endereço, o número de telefone, fax ou telex e até nomenclatura para telegrama. Na PMBA – utilizada em nossos exemplos –, esses acessórios do timbre vêm, seguindo a tendência das cartas comerciais, no rodapé do papel, separados por um filete horizontal. É importante ressaltar que o Manual da Presidência da República não faz qualquer tipo de referência ao timbre do papel, tanto no ofício, quantos nos demais documentos, a exemplo do memorando e da portaria. No entanto, é o papel timbrado que caracteriza a oficialidade do documento. A omissão do Manual da Presidência implica a manutenção da regra constante na Instrução Normativa n.º 83, de 3 abril de 1978, no anexo I 7 Em alguns órgãos públicos baianos, como a Polícia Civil, o timbre é composto tão-somente pelo brasão do Estado, seguido dos dizeres do órgão correspondente. Na PMBA, por tradição, usa-se o seu brasão institucional, em detrimento do brasão do Estado da Bahia. Na sua história, o brasão institucional da PMBA passou por algumas modificações evolutivas. Com efeito, o atual aperfeiçoamento gráfico do brasão foi desenvolvido a partir dos seus princípios heráldicos; totalmente redesenhado, tornando-se uma forma única, limpa e clara nos seus detalhes, apta para o uso adequado em computação gráfica e aplicações diversas, de uso exclusivo e padronizado pela Polícia Militar da Bahia. A Redação Oficial28 de timbres padronizados8 , que também é utilizada, de maneira análoga, no serviço público estadual. Partindo-se do formato do papel, que deve ser do tamanho “A-4” (29,7 x 21 cm)9 , tem-se a margem esquerda a 2,5 cm ou dez toques da borda esquerda do papel, e a margem direita a 1,5 cm ou seis toques da borda direita do papel. O brasão da PMBA (que deve ter 2,5 cm de diâmetro) deverá estar centrado10 , a 1,5 cm ou seis toques da margem superior do papel (de acordo com as IG 10-4211 ), com os dizeres apostos logo abaixo, em caixa alta, a 0,6 cm da borda inferior do brasão, também centralizado. Um fato interessante são os brasões como, p. ex., o da Academia de Polícia Militar da Bahia (APM), além das logomarcas e dos signos de batalhões e companhias independentes, os quais são utilizados quando da confecção de alguns documentos, a exemplo do ofício. Muitas vezes, esses brasões, logomarcas e signos compõem o próprio timbre, ou vêm ao lado do brasão da PMBA, ou abaixo dele. Recomendamos o uso do brasão da PM, tão-somente, quando o ofício se destinar a um órgão externo, público ou privado, em razão de que é esse o brasão institucional representativo da Corporação. É a sua identidade, que não pode ser perdida ou preterida por um festival de designers, dos mais variados, que acabam confundindo o seu destinatário. Papel timbrado é o papel oficial, é o meio por que se fala em nome do órgão Polícia Militar. No entanto, quando a correspondênciafor interna, i. é, dentro da própria Polícia Militar, nada obsta que se use, em assim querendo, o brasão, a logomarca ou o signo característico da unidade (e tão-só) na composição do timbre; nunca, porém, estes associados ao brasão da PM, num mesmo documento, como já observamos nos expedientes de algumas OPMs. 8 Cf. COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS. Subcomissão de Política Editorial e Normalização. Editoração de publicações oficiais. Brasília, Departamento de Imprensa Nacional, 1987. p.123 9 Esse tamanho, juntamente com o formato “A-5” do memorando (14,8 x 21 cm), foi introduzido no Brasil em 1970, por meio da Instrução Normativa DFC/1-70. 10 É comum verificarmos, na maioria dos ofícios expedidos dentro da Polícia Militar, que o brasão da PM vem localizado à esquerda do papel, e não ao centro; porém, conforme a Instrução Normativa n. 83, o brasão vem à esquerda quando se tratar de memorando. 11 Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Instruções gerais para correspondência, publicações e atos normativos no Ministério do Exército: Portaria n. 433, de 24 de agosto de 1994. 1. ed. 1994 (atual. até 29 de fevereiro de 1996). IG 10-42. p. 73. Manual de Redação Policial-Militar 29 A numeração do documento A numeração do documento, conhecida por índice na redação comercial, também constitui um grande problema nos ofícios castrenses. Não existe uma sintonia entre as unidades, no que toca à sua padronização, conquanto o Manual da Presidência seja bastante claro, citando apenas o tipo do documento, no caso o ofício (escrito por extenso, embora as IG 10 4212 grafem abreviadamente Of – sem ponto), seguido da abreviatura de número (n.º) mais a numeração (geralmente com três dígitos) e a sigla do órgão expedidor, este separado por uma barra inclinada (/). Deve estar situado, horizontalmente, no início da margem esquerda (a 2,5 cm ou dez toques da borda do papel) e eqüidistante, verticalmente, de 5,5 cm ou de seis espaços duplos (“espaço dois”) de sua borda superior, assim devendo ser grafado: a. Ofício n.º 001/DA (Ofício n. 001, expedido pelo Departamento de Administração). b. Ofício n.º 222/UAAF (Ofício n.º 222, expedido pela Unidade de Apoio Administrativo Financeiro13 de um batalhão da Região Metropolitana de Salvador). Obs.: Se o ofício for circular, essa indicação deve ser assinalada em seguida à numeração, em caixa alta (maiúsculas)14 : Ofício n.º 001/DA – CIRCULAR / Ofício n.º 222/UAAF – CIRCULAR. 12 ibid., p. 48. 13 Segundo a nova organização estrutural e funcional da PMBA, Decreto n.º 7.796, de 28 de abril de 2000. 14 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 47. 15 ibid. p. 19. As IG 10-4215 assim se pronunciam a respeito: “Art. 45 – Para cada tipo de correspondência (...) é adotada uma numeração seguindo a ordem natural dos números inteiros, iniciada a 1º de janeiro de cada ano e encerrada a 31 de dezembro. Art. 46 – Após a numeração, seguem-se um traço horizontal e a sigla da seção, repartição, divisão ou gabinete no qual o expediente foi estudado e elaborado.” Nota-se uma semelhança com o prescrito pelo Manual da Presidência, salvo o traço horizontal, que fica entre o número e a sigla. Segundo o Manual, usa-se uma barra. A Redação Oficial30 No entanto, a maioria dos ofícios é numerada conforme o antigo modelo da PM paulistana, i. é, com a sigla do órgão expedidor do documento antecedendo os números, bem como se procedendo a grafia dos dois últimos algarismos do ano em que foi confeccionado, fato este que contraria a recomendação do Manual da Presidência. Às vezes, até o mês da confecção é referenciado, senão vejamos o que diziam as antigas I – 7 – PM16 , de São Paulo: “Artigo 44 – A correspondência da Polícia Militar é identificada pelo conjunto de identificação composto de: designação do tipo de documento, seguida da abreviatura de número (n.º); sigla da OPM, seguida de traço; numeração do documento, seguida de barra ( / ); prefixo numérico identificador da fração e subfração da OPM que elaborou o documento; os dois últimos algarismos referentes ao ano em que foi elaborado, depois de uma barra.” É fácil perceber que constitui uma redundância a referência à sigla da OPM e a indicação do ano ou do mês de elaboração do ofício na numeração, em face de que no próprio timbre do papel já consta a identificação do órgão signatário, assim como o local e a data já têm um local específico para serem referenciados, consoante veremos mais adiante, não havendo qualquer necessidade de sua repetição. Em algumas unidades, como a Corregedoria da PMBA, além da numeração normal, também há a necessidade de acostar-se o Registro de Corregedoria Geral (RCG), que acompanha a história de determinado processo ou documento. Nesse caso, o RCG seguirá após a numeração ordinária, separado por um traço horizontal: – Ofício n.º 123-4567-99/99/SA (Ofício n.º 123, com referência ao RCG n.º 4567-99/99, produzido pela Seção Administrativa da Corregedoria). 16 Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Instruções para correspondência na Polícia Militar. Aprovadas pelo Decreto n.º 1EM/PM-283/02, de 20 de maio de 1980, e publicadas no Boletim Geral n.º 31/81. 3. ed. São Paulo, 1982. I-7-PM. p. 21. Ressalte-se que essas instruções foram atualizadas, conforme o Boletim Geral n.º 116, da PMESP, de 22 de julho de 1993. Manual de Redação Policial-Militar 31 O local e a data O local e a data são elementos fundamentais da “certidão de nascimento” do expediente, correspondendo ao momento em que o ofício foi confeccionado e assinado, convindo que se usem por extenso todos os elementos desse tópico. O término da data deve coincidir com a margem direita e, verticalmente, deve estar a 6,5 cm ou sete espaços duplos (“espaço dois”) da margem superior do papel: Salvador, 25 de janeiro de 1973. Há, pois, três observações a serem feitas: a. O mês é grafado com a letra inicial minúscula17, apesar de nome próprio; b. Depois da menção ao local e à data, usamos o ponto-final, por se tratar de oração cujo verbo aí se oculta (embora alguns acreditem que o ponto-final se dá em virtude de existir uma frase nominal, i. é, sem verbo); c. O nome da cidade de origem não precisa ser seguido pela sigla do seu Estado. Esse nome, entretanto, poderá ser omitido, se já vier especificado no timbre do papel. O vocativo Segundo Celso Cunha18 , os vocativos “servem apenas para invocar, chamar ou nomear, com ênfase maior ou menor, uma pessoa ou coisa personificada”. Daí porque também denominamos esta parte do ofício de invocação19 . Invocando-se o destinatário, empregar-se-á o pronome de tratamento (v. “As formas de tratamento”) equivalente ao seu cargo ou função, por extenso – evite abreviá-lo (use Senhor em vez de Sr., p. ex.) –, devendo o vocativo estar situado a 10 cm ou dez espaços duplos da 17 Cf. ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 32. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1994. p. 460; nessa obra, o Prof. Rocha Lima reúne quatro exemplos clássicos, da lavra de Olavo Bilac e Euclides da Cunha, na referência às datas, onde o nome dos meses estão grafados, invariavelmente, com letra minúscula. Cf., também, o Formulário Ortográfico de 1943, constante no Capítulo XII deste Manual, na observação do 3.º caso do item 49. 18 Cf. CUNHA, Celso Ferreira da. e Luís F. Lindley Cintra. Nova gramática do Português contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. p. 156. 19 Essa era a forma empregada no antigo Manual de Correspondência, in: BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Apoio Administrativo. Normas sobre correspondência, comunicação e atos oficiais. Rio de Janeiro, 1972. A Redação Oficial32 borda superior do papel e, horizontalmente, com avanço de parágrafo (2,5 cm ou dez toques). Quanto à pontuação, o Manual da Presidência refere-se apenas ao emprego da vírgula20 que, gramaticalmente, caracteriza o vocativo: “Soldado, qual o seu nome?” Como neste exemplo, quando se trata da mesma linha, depois do vocativo (soldado), escrevemos, evidentemente,a palavra em minúscula (qual); o vocativo no ofício, porém, é especial, porque – embora seja seguido por palavra com inicial maiúscula e na linha seguinte – ele é parte integrante do corpo do texto, o que explica o emprego da vírgula: a. Excelentíssimo Senhor Governador do Estado(,) No entanto, há, nos livros especializados de redação empresarial, além da vírgula, três maneiras de pontuação no vocativo: com os dois-pontos21 (que foram usados na área federal até 1992, quando se privilegiou a vírgula, com o advento do Manual de Redação da Presidência da República); com ponto-final; ou desprovido de qualquer sinal de pontuação22 , sendo mais raros estes dois últimos casos; até a exclamação teria algum sentido: b. Senhora Secretária da Segurança Pública(:) c. Senhor Chefe da Casa Militar do Governador(.) d. Senhor Comandante Geral(!) parte II O texto O texto corresponde à alma do ofício. É a sua essência, sem a qual não haveria o porquê de confeccioná-lo. Deve-se ter muita atenção, quando de sua produção, em razão de que um texto mal redigido implica a não- compreensão por parte de seu decodificador, o destinatário do 20 Cf. BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República. Brasília, Imprensa Nacional, 1991. p. 28. 21 Cf. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 195. 22 Cf. JÚNIOR, op. cit., p. 111. Manual de Redação Policial-Militar 33 documento. Este, não o decodificando, ou o fazendo de modo imperfeito, acaba por ocasionar a conhecida solução de continuidade, i. é, a paralisação da comunicação, como também provoca pedidos indeferidos, mal- entendidos entre comandantes, chefes, diretores ou coordenadores, prejuízos econômicos, pareceres e julgamentos equívocos, dentre outros. Não compreendido, também se transforma o texto num empecilho à Administração, de vez que quanto mais eficaz é a comunicação, menos moroso é o seu resultado. Desta forma, para evitar tal óbice ao serviço público, é necessário observarmos alguns princípios da redação de correspondência: Quanto à mensagem Significa dizer que para se transmitir uma mensagem não interessa apenas o seu conteúdo (aquilo o que se quer dizer), mais igualmente a maneira (como isso será dito). Para tanto, deve-se estudar o destinatário, qualificando-o dentro do organismo público ou privado. Às vezes, um texto oficial é mais formal; outro, menos formal. Tudo depende de com quem estamos nos correspondendo. Quanto ao estilo É a linguagem culta, bem cuidada. Os deslizes gramaticais devem ser evitados ao máximo; mormente os indesejáveis vícios de linguagem: os solecismos, barbarismos, os cacófatos, os clichês, as frases de arrastão e as labirínticas, etc. As IG 10-42 revogadas23 nos deram uma sucinta e boa visão do princípio estilístico: “Art. 30 – A redação oficial (...) deve considerar os seguintes aspectos: correção gramatical – indispensável à análise do documento; clareza – necessária ao seu perfeito entendimento; sobriedade – redação simples, sem ser vulgar; precisão – emprego exato dos vocábulos, para evitar diferentes interpretações; 23 Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Instruções gerais para correspondência no Ministério do Exército: Portaria Ministerial n. 323, de 14 de março de 1975. 1. ed. 1975. IG 10-42. p. 16. A Redação Oficial34 impessoalidade – interesse do serviço acima das opiniões pessoais;” Além dos princípios acima descritos, temos, também, os seguintes: unidade – implica fixar-se numa única idéia central; concisão – consiste no emprego de palavras básicas, simples; construções fáceis, com frases curtas e diretas, eliminando-se palavras e assuntos supérfluos, possibilitando ao leitor uma perfeita compreensão do texto; coerência – desenvolver e coordenar o assunto logicamente, de maneira a facilitar sua interpretação pelo receptor; integridade – consiste em apresentar documento que necessite apenas da aprovação e assinatura do comandante, chefe, diretor ou coordenador de uma OPM, para torná-lo completo. Quanto ao tratamento Nas comunicações oficiais, conseqüentemente, nas correspondências por meio de ofício, o tratamento é revestido de toda uma formalidade, indisponível no trato público, i. é, os signatários dos órgãos não podem dispor, dispensar o tratamento devido a uma determinada autoridade. O grau de respeitabilidade deve ser mantido, tanto na maneira com que nos dirigimos ao decodificador, como no correto emprego dos pronomes de tratamento, capítulo que analisaremos mais adiante (v. “Emprego dos pronomes de tratamento”). Quanto à forma Avanço de parágrafos do texto – equivalente a 2,5 cm ou dez toques; o texto inicia a 1,5 cm ou a três espaços simples do vocativo, sendo que o espaço entre os parágrafos do texto é de 1 cm ou um espaço duplo (“espaço dois”). No texto, salvo o primeiro parágrafo e o fecho24 , todos os parágrafos devem ser numerados, em algarismos arábicos – numeração cardinal –, seguindo-se, se preciso for, do seu fracionamento, visando a possibilitar a 24 As IG 10-42, entretanto, contemplam a numeração do primeiro parágrafo (cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p 48. Manual de Redação Policial-Militar 35 subdivisão e discriminação das partes de um todo sempre que houver necessidade. Essa numeração segue o padrão da redação técnica. Os números dos parágrafos devem estar localizados no início da margem esquerda. Infelizmente, essa regra é pouco difundida nas OPMs. Dos parágrafos, surge o seguinte desdobramento: Desdobramento do parágrafo Subparágrafos a. São divisões do parágrafo, indicados por letras minúsculas, seguidas de ponto: a., b., c., etc.; b. Cada subparágrafo poderá ter um título, redigido em letras minúsculas (exceto a primeira letra que deve ser maiúscula), devendo ser sublinhado. Alíneas a. São as subdivisões dos parágrafos: Alíneas numéricas – indicadas por algarismos arábicos, seguidos de sinal de fechar parênteses: 1), 2), etc.; Alíneas alfabéticas – indicadas por letras minúsculas, seguidas de sinal de fechar parênteses: a), b), etc. b. As alíneas poderão receber títulos, quando necessários, redigidos em letras minúsculas, à exceção da primeira letra, que será maiúscula. Itens a. São as subdivisões das alíneas alfabéticas, sendo de duas espécies: Itens numéricos – indicados por algarismos arábicos, entre parênteses: (1), (2), etc.; Itens alfabéticos – indicados por letras minúsculas, entre parênteses. b. Os itens poderão receber títulos, se preciso for. Subitens a. Subitens são as disposições do alfabeto, em duas espécies: Subitem de transição – indicado pelo sinal de transição; Subitem de ponto – indicado pelo sinal de ponto. A Redação Oficial36 b. Os subitens poderão receber títulos, quando necessários. Obs.: Os documentos, digitados em espaço duplo (1 cm), entre linhas e textos, duplicarão o espaço, quando passarem de uma divisão ou subdivisão para outra. Assim fica a disposição gráfica do desdobramento: 1. (parágrafo) a. (subparágrafo) 1) (alínea numérica) a) (alínea alfabética) (1) (item numérico) (a) (item alfabético) Outras peculiaridades do texto a. O uso de chavões, clichês e frases feitas deve ser evitado, principalmente no início do texto. Descarte frases como25 : “Vimos, pelo presente, solicitar...”, “Damos ciência a todos...”, “ Vimos, através desta, informar...”. Prefira as formas: solicitamos, informamos, comunicamos, enviamos, recomendamos, etc. b. Com base no Manual da Presidência26 e nas IG 10-4227 , a partir da segunda página do texto do ofício e em todas as páginas seguintes, no alto da folha, a 1 cm da margem superior e junto à margem esquerda, deve ser digitada a abreviatura de folha (fl.)28 seguido do seu número; a palavra ofício, antecedida pela preposição “do”, seguido de sua numeração e a data, esta isolada por vírgula. Assim: fl.29 002 do Of. n.º 001/DP, de 25.01.7330 25 Exemplos extraídos da Portaria CGC/021/09/91, publicada no BGO n. 177, de 20. Set. 1991. 26 Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 29. 27 Cf. BRASIL. Ministériodo Exército, op. cit., p. 73. 28 O Manual da Presidência não usa a abreviatura de folha (fl.), e sim uma convenção, com a letra “f’ maiúscula: “Fl.” Cf. BRASIL. Presidência da República, loc. cit. 29 Veja que, contrariamente ao constante no modelo do Manual da Presidência, preferimos manter a expressão “fl.” no singular. Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 43. 30 Atenção para a grafia da data, neste exemplo. Os dias são escritos com dois algarismos arábicos, seguidos dos algarismos que correspondem ao mês e ao ano, tudo separado por ponto. Cf.: BRASIL. Presidência da República, loc. cit. Manual de Redação Policial-Militar 37 c. Ao transcrevermos qualquer texto de lei, regulamento ou documento, conforme o disposto nas IG 10-4231 , devemos iniciar a primeira linha da transcrição com o sinal de aspas, logo após ser deixado o espaço vertical de 1 cm ou um espaço duplo do corpo do texto, para destacá-lo. Essa primeira linha virá a 6,5 cm da borda esquerda do papel, mantendo-se essa margem para as linhas seguintes, sendo que a margem direita deverá ser igual a do corpo do ofício (1,5 cm). No curso dessa transcrição, os artigos, parágrafos e alíneas desnecessários devem ser substituídos por uma linha pontilhada e, ao seu término, utilizamos o sinal de aspas, seguindo-se, novamente, um espaço vertical de 1 cm ou um espaço duplo, antes de continuar o texto. Atenção: como vimos, não é necessário que a transcrição esteja em itálico. d. Nas citações de ato normativo conhecido por nome específico, este virá apresentado claramente, devendo a numeração e a data figurar entre parênteses: Estatuto dos Policiais Militares (Lei Estadual n.º 3.933, de 6 de novembro de 1981)32 . parte III O fecho O fecho dos mais variados documentos sofreu, ao longo dos tempos, profundas transformações; antes, demasiadamente longos; hoje, constituídos de uma só palavra; o bastante, certamente, já que a intenção do fecho é o arremate do texto e a saudação final ao destinatário. Se for esse o desiderato, o fecho não precisa vir rodeado de expressões supérfluas, descartáveis. Configura o último parágrafo do texto. Princípio da redação técnica, a concisão foi um dos responsáveis pela redução dos quinze para apenas dois modelos de encerramento, os quais devem vir centralizados, a 1 cm ou um espaço duplo do final do texto. Exemplos de fechos (arcaicos) de cortesia33 : 31 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 73. 32 ibid., p. 74. 33 Cf. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 26-7. A Redação Oficial38 a. Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos de meu mais elevado respeito...; b. Apresento a V. S.a os meus protestos de elevada estima e distinta consideração; c. Com elevada estima e consideração, subscrevo-me; d. Subscrevo-me atenciosamente; e. Cordiais saudações. O Manual da Presidência34 estabelece o uso do vocábulo respeito- samente para as correspondências dirigidas às autoridades de hierarquia superior à do subscritor do ofício. Nesses termos, usa-se esse fecho na correspondência do comandado ao seu comandante; do Diretor do Departamento de Finanças ao Comandante Geral da Corporação; deste ao Secretário da Segurança Pública, etc. Por outro lado, prescreve o termo atenciosamente para as corres- pondências entre autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. Desta forma, o termo atenciosamente é usado para correspondência entre comandantes, chefes, diretores e coordenadores; também para correspondência do subcomandante geral da PM aos comandantes, chefes, diretores, coordenadores, etc. Esses dois tipos de fechos, vale dizer, foram ratificados pelas IG 10-4235 . Observe que a hierarquia é respeitante à organização funcional castrense. Não subsistindo – o que é rotina nos expedientes – a omissão dos fechos quando o ofício parte do superior para o subordinado. Há quem defenda essa corrente, apresentando como justificativa para tal procedimento o maior grau de informalidade da linguagem, bem como o disposto no art. 43, § 9º, das IG 10-4236 : “O fecho do documento é constituído, exclusivamente, pela assinatura da autoridade competente, salvo se a correspondência for dirigida a civis, quando se acresce uma saudação.” 34 BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 25-6. 35 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 16-7. 36 ibid., p. 18. Manual de Redação Policial-Militar 39 Contudo, não nos parece coerente, sendo até de pouca elegância, a supressão do fecho durante a produção do ofício, podendo até ser aceitável no memorando, que apresenta um modelo mais simples de confecção (v. “O Fecho”). Obs.: No Boletim Geral Ostensivo (BGO) de n.º 177, publicado pela PMBA em 20 set. 199137 , adotou-se o vocábulo “cordialmente” para a correspondência mais formal, e “atenciosamente” para a correspondência menos formal. Entretanto, no ano seguinte (1992), foi publicado o Manual da Presidência, que desconheceu o fecho “cordialmente” para os expedientes públicos. Por que o fecho vem seguido por vírgula? Anteriormente, o fecho de um expediente era assim: “(...) subscrevo-me / atenciosamente(.) / Fulano de Tal”. Ora, o ato de subscrever-se é feito quando se apõe a assinatura, e o “atenciosamente” é um adjunto adverbial da maneira de subscrever-se. Quer dizer que se alguém grafa “subscrevo” e apõe a assinatura, provoca aspecto redundante ilegítimo. Da análise da oração: “Subscrevo-me / atenciosamente / Fulano de Tal.”, temos: Fulano de Tal: sujeito; Subscrevo-me: predicado; Atenciosamente: adjunto adverbial de modo. Desta forma, se antecipo o “atenciosamente” ao todo da frase (ocultando- se a palavra “subscrevo”, em face do pleonasmo), temos um caso de adjunto adverbial deslocado, o que implica o emprego da vírgula (v. , no cap.VI, “Emprego da vírgula”). Por isso é que usamos a vírgula depois dos fechos “respeitosamente” e “atenciosamente”: Atenciosamente(,) (assinatura) Nome Completo (cargo) 37 Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. Portaria n. GCG/021/09/91. Aprova alterações nas correspondências. Boletim Geral Ostensivo, Salvador, 177:5.376-78, set. 1991. A Redação Oficial40 A assinatura e a identificação do signatário As assinaturas dos ofícios devem ser acompanhadas da repetição completa do nome do signatário e da sua identificação, ou seja, a designação do cargo ou função por ele exercida, com a mesma tonalidade do corpo do texto38 , a fim de facilitar a identificação da origem do expediente. A exceção dá-se no tocante aos documentos assinados pelo Presidente da República39 . A identificação do signatário localizar-se-á a 2,5 cm ou três espaços duplos do fecho. Portanto, vem centralizado40. Acima da identificação, conforme as IG 10-4241 , haveria um traço horizontal, dispensado apenas quando o subscritor fosse o Presidente da República ou o Ministro do Exército. Na realidade, esse traço não é mais usual nos expedientes modernos. Convém mencionar que, nas IG 10-42 revogadas, a identificação do signatário era representada pelo nome deste em maiúsculas, em uma linha, e, noutra, logo abaixo, a abreviatura do posto ou graduação, seguida das abreviaturas da função ou cargo e da OM: (assinatura) Nome Completo Ten Cel PM Cmt do 18º BPM As antigas I-7-PM42 quase em tudo aquiesceram com as IG 10-42 revogadas, salvo no que se refere à abreviatura da OM, que dispensa. Também concordamos em eliminar a abreviatura da OM expedidora, por constituir-se redundância, uma vez que, no timbre do ofício, já consta, de maneira bem legível, a referida OM; então, por que repetir? Assim fica: (assinatura) Nome Completo Ten Cel PM Cmt 38 Ao contrário do que observamos em diversos ofícios, os quais vêm com a identificação do signatário em negrito, devem estes vir com a referida identificação no mesmo tom do corpo do texto, i. é, sem o negrito. 39 Cf.BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 26. 40 Opinião contrária e já vencida (pelo Manual da Presidência), onde, em vez de centralizados, viriam a assinatura e identificaçãodo signatário na metade direita do documento; cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 74. 41 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, loc. cit. 42 Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, loc. cit. Manual de Redação Policial-Militar 41 Há uma questão interessante neste tópico, que, certamente, o leitor atento já observou: o posto (ou a graduação) veio abaixo do nome, e não ao término deste e na mesma linha, separado por um traço horizontal (fato este, aliás, já corrigido pelas atuais IG 10-4243 ). Na PMBA, é tradicional assinar-se documentos dos mais diversos tipos seguindo-se da especificação do posto (ou graduação), separado por um travessão e grafado do próprio punho. Logo abaixo, por conseqüência, segue-se o nome, em maiúsculas, e a abreviatura do posto ou graduação. Neste caso, por questões estéticas, o designativo do cargo ou função pode vir grafado por extenso: (assinatura) Nome Completo – Ten Cel PM Comandante As próprias IG 10-42 revogadas admitiam esse tipo de construção, quando apresentavam alguns modelos de correspondência. Ademais, as atuais IG 10-4244 , no anexo B, n.º 10, “a”, advertem que se o signatário for oficial general ou cadete (neste caso, também vale a regra para o aluno oficial da Academia de Polícia Militar – APM) o posto ou título precede o nome. Dessa interpretação, deduz-se que, quando não se tratar de oficial general ou cadete, deve-se escrever o posto ou graduação logo após o nome, e não abaixo dele. Veremos, agora, os casos de substituição do titular da subscrição do expediente, a saber, o substituto interino; o substituto que responde pelo comando, chefia, direção, ou coordenação; a assinatura por delegação e a assinatura no impedimento. O substituto interino Quando o substituto assumir interinamente, o seu nome será digitado em letras maiúsculas, seguido da abreviatura do posto ou graduação, em uma linha; noutra, logo abaixo, a abreviatura do cargo ou função45 , acrescida da abreviatura do termo “interino” (Int.)46 : 43 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 70-1. 44 Essa informação também continha no §1º do art. 62 das instruções revogadas. Nas atuais, cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 74. 45 Observe que, neste caso, o designativo do cargo ou função não vem por extenso. 46 Nas IG 10-42, logo após o cargo e o designativo de interino, também consta a OM expedidora, o que, conforme já analisamos, nos parece desnecessário (cf. Ministério do Exército, op. cit., p. 21) . A Redação Oficial42 (assinatura) Nome Completo - Maj PM Cmt Int. O substituto que responde pelo comando, chefia, direção ou coordenação Quando o substituto responder pelas funções de comando, chefia, direção ou coordenação, o seu nome será grafado em letras maiúsculas em uma linha, seguido da abreviatura do posto ou graduação; em outra, logo abaixo, a abreviatura da expressão “respondendo pelo” (Resp. p/), acrescida do cargo ou função: (assinatura) Nome Completo - Maj PM Resp. p/ Cmd.º Assinatura por delegação É sempre motivo de grande confusão e controvérsia a assinatura por delegação e a assinatura no impedimento, inobstante seja clara e simples a sua distinção. A assinatura por delegação, conforme a sua acepção, decorre de uma prévia delegação de poderes, conferida pelo do titular do cargo ou função pública, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 62 das IG 10- 4247 ; é um ato previsto. Inclusive, quando possível, publicado no boletim interno da Unidade. Logo, há a representação do resultado por parte da autoridade pública delegante. Entrementes, a assinatura no impedimento decorre tão-somente da ausência fortuita do titular do cargo ou função que irá subscrever o documento48 . A assinatura por delegação será antecedida pelo nome, digitado ou datilografado em maiúsculas, e posto (ou graduação) da autoridade 47 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 21. Assim versa o parágrafo único do citado artigo: “Não será objeto de delegação a assinatura de documentos que indiquem tomada de posição sobre problemas fundamentais ou doutrinários, os referentes a assuntos de justiça e disciplina e os de natureza pessoal.” 48 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 21. Manual de Redação Policial-Militar 43 delegante, vindo, então, logo abaixo e, de preferência, a 1 cm ou um espaço duplo, junto à margem esquerda do papel49 , a expressão “Por delegação:” em minúsculas, salvo a sua primeira letra, seguida de dois- pontos; sucedendo-se, preferencialmente, a 2 cm ou dois espaços duplos, a assinatura, o nome (em maiúsculas), o posto (ou graduação) abreviado e a função da autoridade delegada, o que nos dá uma distância de 3 cm50 entre os nomes das autoridades delegante e delegada: (assinatura) Nome Completo - Ten Cel PM Comandante Por delegação: (assinatura) Nome Completo - Maj PM Subcomandante Assim querendo, a autoridade delegada poderá iniciar o texto do ofício com a expressão: “Incumbiu-me o Sr. Comandante, Chefe, Diretor ou Coordenador...” ou outra similar. Para esse caso, a assinatura e a identificação do signatário serão as da autoridade delegada, o que suprimirá, conseqüentemente, a expressão “ Por delegação:”51 Assinatura no impedimento Como dito, a assinatura no impedimento52 decorre da ausência fortuita do titular da subscrição (o comandante, chefe, diretor, coordenador, etc.); isto, porém, quando for de natureza urgente a correspondência. Portanto, o termo que distingue a assinatura por delegação da assinatura no impedimento é a “imprevisibilidade”. Há que haver uma circunstância fortuita ou de força maior que, na urgência do envio do expediente, 49 É comum encontrarmos a expressão “Por delegação:” e o nome da autoridade que assina o documento em posição centralizada, o que é errado. 50 Conforme estipulam as IG 10-42 (cf. Ministério do Exército, op. cit., p. 47 e 74). 51 ibid., p. 21. 52 loc. cit. 3 cm A Redação Oficial44 exija a assinatura deste pela autoridade mais graduada presente, naquele momento, na organização policial-militar. Consistirá na aposição da expressão “no impedimento de”, grafada de forma manuscrita pelo próprio subscritor, no local onde deveria assinar a autoridade titular do cargo ou função, e, abaixo da identificação da autoridade, portanto centralizado53 , a dois centímetros ou dois espaços duplos, assinará a autoridade substituta, seguindo-se, abaixo, o seu nome completo e a abreviatura do posto ou da graduação e, mais abaixo, o seu cargo ou função, tudo escrito em letra de imprensa: No impedimento de (manuscrito) Nome Completo - Ten Cel PM Comandante (assinatura do substituto) Nome Completo - Maj PM (em letra de imprensa) Subcomandante (manuscrito) A grafia manuscrita e em letra de imprensa servem para denotar a urgência do documento. No entanto, em algumas unidades, verificamos que, em vez do procedimento acima descrito, a autoridade subscritora apõe, no espaço destinado à assinatura do titular do cargo ou função, as inicias N. I. (significando “no impedimento”) seguidas da assinatura do substituto, o que é incorreto, embora prático, pois assim não se identifica o subscritor. O destinatário O destinatário é a autoridade receptora do documento; é aquela a quem se destina a mensagem contida no ofício, cabendo-lhe decodificá-la e respondê-la, se o documento já não representar uma resposta a uma anterior consulta, solicitação ou recomendação, ou quando se tratar de uma remessa. Diversamente da quase totalidade dos ofícios expedidos dentro da PMBA, o destinatário vem especificado abaixo do texto do ofício, na sua primeira folha, situado a 2 cm da margem inferior e junto à margem esquerda do papel54 . 53 Observe que difere da assinatura por delegação, que vem junto à margem esquerda do papel. 54 Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 42. Manual de Redação Policial-Militar 45 O Manual da Presidência é claro, embora várias OPMs persistam no uso do antigo modelo de cabeçalho, colocando-se o destinatário logo abaixo da autoridade expedidora do documento,situado próximo à margem superior esquerda, do seguinte modo: Do: Cmt do 18º BPM Ao: Ex.mo Sr. Cel PM Cmt Geral Essa forma é muito parecida com o modelo das IG 10-4255 , que posicionam o cabeçalho na metade superior direita do papel. De plano, anote-se que não mais existe a referência ao signatário (Do: Cmt do 18º BPM). A supressão do signatário foi um modo inteligente e econômico de evitar uma repetição desnecessária e incômoda, uma vez que a autoridade expedidora virá identificada, claramente, logo abaixo do texto, na identificação do signatário, conforme analisamos anteriormente. Os dois-pontos, após as preposições do e ao, também nunca existiram56 . Até mesmo as IG 10-42, que utilizam um cabeçalho similar, os desconhecem. Desta forma, seguindo-se o novo modelo de destinatário, preconizado pelo Manual da Presidência, na localização já anteriormente discriminada, na primeira linha escrevemos, no vocativo, o pronome de tratamento – por extenso – correspondente ao cargo ou função da autoridade receptora; na segunda57 , o cargo ou função, sem o designativo do posto ou da graduação58 , quando policial militar; na terceira, a designação do órgão a que pertence, preside, governa, comanda, dirige, chefia, coordena, etc, e, na quarta, o endereço, escrito de forma sucinta. Se o endereço for 55 Ministério do Exército, op. cit., p. 48. 56 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 44 e 48. É bom dizer, também, que as próprias IG 10-42 revogadas (portanto aquelas de 1975) também não previam os dois-pontos. 57 Nessa segunda linha, preferimos, diferentemente do Manual da Presidência, não discriminar o nome do destinatário, quando a correspondência dirigir-se a autoridades com cargos ou funções bem definidos dentro do organismo público ou privado; este, inclusive, é um procedimento muito tradicional dentro da PMBA, o que também contribui para concisão deste tópico. 58 Detalhe interessante é a referência ao cargo ou função da autoridade sem que seja discriminado o posto ou a sua graduação. Embora seja muito comum nas correspondências castrenses colocarmos a abreviatura do posto ou da graduação antecedendo o cargo ou a função, tal procedimento é incorreto, segundo as IG 10-42. Assim, a expressão “Ao Senhor / Ten Cel PM Cmt do 16º BPM” é corretamente grafada da seguinte forma: “Ao Senhor / Cmt do 16º BPM”. Cf. BRASIL. Ministério do Exército, p. 17: “Art. 37. Nas referências às autoridades, emprega-se apenas o título do cargo...”. A Redação Oficial46 de uma OPM, sendo a correspondência a ser entregue por meio de um mensageiro ou estafeta, são suficientes o CEP e a cidade de destino, em razão da notoriedade do local59 . Quanto à pontuação no endereçamento, note que a seqüência dos elementos, colocados em coluna, comporta a virgulação. Entretanto, este aspecto gramatical sempre foi omitido, atribuindo-se valor de rotulação aos segmentos apresentados. Quando a autoridade tiver o tratamento protocolar de V. Ex.a, grafa-se a primeira linha da seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor”. Quando o tratamento corresponde a V. S.a, grafamos: “Ao Senhor”, e assim sucessivamente, conforme estudaremos no tópico “As formas de tratamento”, constante no cap. IV. A Sua Excelência o Senhor Governador do Estado da Bahia Governadoria Av. Luís Viana Filho, s/n.º, 390 – Ala Sul 41.750-300 – Salvador-BA Ao Senhor Subcomandante Geral da PMBA Quartel do Comando Geral 40.060-030 – Salvador-BA Considerações finais De toda a análise, o leitor atento perceberá que o novo modelo de confecção do ofício, adotado pelo Manual da Presidência, aboliu algumas de suas partes, apresentadas nas IG 10-42 e nos antigos manuais de correspondência60 , as quais devem ser evitadas ao máximo. Estamos nos referindo, notadamente, ao cabeçalho, ao assunto, à referência e ao anexo, pois são totalmente desnecessários, como veremos adiante. 59 Nesse sentido: BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 78. 60 Cf., p. ex., BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 62-3. Manual de Redação Policial-Militar 47 O cabeçalho Já vimos no item “O destinatário” que o cabeçalho não é essencial, tornando-se até um termo redundante. O assunto O assunto, que constitui um pequeno resumo do que será tratado, também chamado de súmula ou ementa61 , revela-se um dado redundante, visto que, no início do texto, o verbo empregado para iniciar a frase já indica o tipo de propósito do signatário. Se o texto referir-se a uma solicitação, inicia-se com a expressão: Solicito de V. Ex.a, ou expressão sinônima; se for uma remessa: Envio a V. S.a, ou similar, etc., percebendo-se, de maneira transparente, que a aposição do assunto serve apenas para ocupar espaço no papel. Essa composição tem uso, atualmente, no memorando, em razão de sua praticidade (v. “O assunto”). A referência Por motivo igual ao visto acima, basta referenciarmos o documento originário no próprio corpo do texto, logo no seu início, assim: “Conforme recomendação constante no Ofício n.º 001/DF, datado de 2 de janeiro de 2000, informo a V. S.a que ...” O anexo Vale a mesma regra dos itens anteriores. O anexo, localizado no alto da página, apenas ocupa precioso espaço. Preferindo-se, poderemos dedicar um só parágrafo para constarmos os anexos: “Em anexo, seguem os seguintes documentos:”. Também podemos aproveitar uma passagem do texto, onde seja pertinente a sua referência: “(...) conforme verificamos no termo de declarações que segue anexo a este expediente...”. Contrapondo a esses termos descartáveis, embora as IG 10-42 ainda os utilizem62 , há outros que, por sua natureza e necessidade, são facultativos na confecção do ofício, embora não tenham sido lembrados pelo Manual 61 ibid., p. 28. 62 Ministério do Exército, op. cit., p. 48. A Redação Oficial48 da Presidência. São eles o slogan da OPM, o endereço no rodapé, o grupo indicador e a distribuição. O slogan O slogan da OPM é tão-só uma frase ou expressão que se identifica com as atribuições da organização policial-militar que expede um documento63 . Vem-se tornando uma praxe na expedição dos ofícios das OPMs, e, por seu uso tornar-se corriqueiro, padronizamos sua localização a 1 cm ou um espaço duplo abaixo do local e data do ofício (v. “O local e a data”), devendo ser grafado, entre aspas, em itálico e com a fonte menor em duas unidades do restante do documento (se o ofício, p. ex., for digitado em fonte 12, escreva o slogan na fonte 10), com o final da frase coincidente com a margem direita do papel. Veja este exemplo, com slogan originário do 18º BPM: Salvador, 23 de fevereiro de 2000. “Guardião do Centro Histórico” O endereço no rodapé Conforme já dissemos, faz parte da composição do timbre, embora – tal como o slogan – o Manual da Presidência não faça nenhum tipo de referência. O endereço da OPM expedidora, constante no rodapé do papel, serve como fonte para uma futura consulta, pois ali não só consta o endereço como também o n.º do telefone e o do fac-simile (fax). Deve, porém, vir de forma concisa e abreviada, quando possível, evitando-se a aposição de dados desnecessários. A distribuição A distribuição visa a controlar o destino dado ao documento e às suas cópias, numa eventual consulta aos arquivos. É uma prática que já vem sendo utilizada por alguns setores da PMBA, inclusive pela Corregedoria. Vem aposta, geralmente, nas cópias dos expedientes, abaixo de sua assinatura, junto à margem esquerda e com tamanho reduzido da fonte em duas unidades do corpo do texto: 63 O seu emprego, contudo, deve condicionar-se a uma prévia autorização do escalão competente. Manual de Redação Policial-Militar 49 (assinatura) Nome Completo - Ten Cel PM Comandante Distribuição: 1a via: Comando Geral 2a via: arquivo Total: duas vias O grupo indicativo Previsto pelas IG-10-42 e também conhecido por grupo indicador64 , o grupo indicativo corresponde às iniciais de quem redigiu o documento (sem se designar o posto ou a graduação), de quem o digitou ou datilografou e, se houver revisão, também as iniciais de quem orevisou65 , todas em maiúsculas, separadas por uma barra inclinada (/). Se uma mesma pessoa realizar duas ou as três etapas da confecção, não precisa repetir as inicias, pois serão apostas apenas uma vez. O grupo indicativo virá na parte inferior, junto à margem esquerda do documento, logo abaixo da distribuição, se esta existir; em não existindo, virá a 1 cm acima da margem inferior, consoante estipulam as IG 10-42. Em qualquer dos casos, virá com o tamanho da fonte reduzido em duas unidades do corpo do texto. Preferencialmente, opte por utilizá-lo apenas nas cópias dos expedientes arquivados na OPM. 64 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 49 e 75. 65 Assim entendem Odacir Beltrão e Mariúsa Beltrão (Cf. BELTRÃO, Odacir e Mariúsa Beltrão. Correspondência: linguagem & comunicação: oficial, empresarial, particular. 19. ed. rev. e atual. por Mariúsa Beltrão. São Paulo, Atlas, 1993. p. 116): “Há duas opiniões sobre a colocação das iniciais do redator e do datilógrafo: a primeira é a favor de seu registro ao alto, logo abaixo do número de expedição do documento, e que previne possível esquecimento por parte do datilógrafo; a segunda é pela colocação das iniciais embaixo, ao pé da folha, para evitar confusão com o prefixo, uma vez que, por exemplo, SC tanto pode significar Seção de Cobranças, quanto Sérgio Castro ou outro nome. “As iniciais são lançadas pela ordem de responsabilidade: OP/MT OP – redator / MT – datilógrafo seguindo as normas vigentes para a redação de nomes próprios, isto é, com as iniciais maiúsculas. “ Se houver revisor, as suas iniciais serão acrescentadas às do redator e datilógrafo: OP/MT/EB OP – redator / MT – revisor / EB – datilógrafo” A Redação Oficial50 (assinatura) Nome Completo - Ten Cel PM Comandante Distribuição: 1a via: Comando Geral 2a via: arquivo Total: duas vias PCLN/PMC O modelo do ofício padrão A seguir, apresentamos o modelo de um ofício padrão, de acordo com as normas estudadas até o momento. Tais quais os modelos do Manual da Presidência, as distâncias do modelo seguinte, bem como dos demais que serão apresentados, estão indicadas em centímetros, para efeito de padronização, sendo que, no sentido horizontal, 1 cm equivale a cerca de 4 toques datilográficos (1 toque = 2,5 mm). No sentido vertical, 1 cm corresponde, de modo aproximado, a um “espaço dois” (o espaço um é igual a 0,5 cm). Se for usado um processador de texto para a confecção do ofício, empregue as medidas em centímetros. Manual de Redação Policial-Militar 51 A Redação Oficial52 III Outrosdocumentos O memorando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O timbre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A numeração A data . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O destinatário O assunto O texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O fecho A identificação do signatário e a assinatura Outras observações O fax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Composição de uma portaria . . . . . . . . . . . Forma e estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O timbre A ordem legislativa O preâmbulo O título A epígrafe A ementa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Autoria ou fundamento legal de autoridade Ordem de execução ou mandado de cumprimento O fecho A matéria legislada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Redação Oficial 54 56 57 58 60 62 62 63 64 Manual de Redação Policial-Militar 55 Depois de analisado o ofício e as suas peculiaridades, passamos ao estudo de alguns outros documentos oficiais, notadamente o memorando, o fax e a portaria, concentrados em um só capítulo, devido à extensão do conteúdo e suas singulaidades já haverem, em boa parte, sido supridas quando estudamos o capítulo anterior (v. “Estudando o ofício”). O memorando O Manual da Presidência67 bem define o memorando: “(...) modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna”. Verificamos, então, em face da simplicidade burocrática, do menor grau de formalidade e do caráter interno, que o memorando, ou papeleta68 – como é conhecido por alguns –, visa à rapidez da difusão da mensagem dentro de um órgão do setor público. Percebemos, também, com base na definição acima, que ele pode partir de um subordinado para um superior, malgrado a posição contrária das IG 10-4269 . Dividimo-lo, para facilitar a compreensão, de maneira similar àquela apresentada no capítulo anterior, no aspecto formal, em razão de as prescrições do memorando seguirem, em sua grande parte, as disposições estabelecidas para o ofício. São, pois, o timbre, a numeração, a data, o destinatário, o assunto, o texto, o fecho, a identificação do signatário e a assinatura. De logo, percebemos que, na ordem dada, a distinção se apresenta no destinatário e no assunto, além de o vocativo deixar de existir. 67 Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 52. 68 Cf. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 60. 69 O memorando é, segundo as IG 10-42, “correspondência que circula no âmbito de uma OM, utilizada por autoridade superior para a transmissão de ordens, instruções, decisões, recomendações, esclarecimentos ou informações.Tem como principal característica a agilidade, devendo sua tramitação pautar-se pela rapidez e pela simplicidade dos procedimentos burocráticos.” Nesse sentido, o tipo de correspondência interna de um subordinado para um superior ou par seria a parte: “correspondência que tramita no âmbito de uma OM, por meio da qual o militar se comunica com um de seus pares ou superior hierárquico, em objeto de serviço” (cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 9-10). Entretanto, somos favoráveis à utilização do memorando em qualquer das situações acima apontadas, tendo em vista que o objetivo maior do Manual da Presidência é a padronização e simplificação dos procedimentos redacionais. A Redação Oficial56 O timbre O Manual da Presidência, tal como no ofício, não faz referência ao tamanho do papel, tampouco ao timbre do memorando. Com base na Instrução Normativa n.º 83 e nas IG 10-4270 , o papel padrão é o de formato “A-5” (14,8 x 21 cm), ou meio-ofício. Todavia, observamos que as novas dimensões do memorando não comportam mais esse tipo de papel, sendo necessário o formato “A-4” (29,7 x 21 cm). Nesse sentido, conforme veremos no modelo de memorando, apresentado mais adiante, podemos notar que o texto propriamente dito se inicia um pouco abaixo do meio do papel, havendo, então, em toda a primeira metade da folha, espaço suficiente para a aposição dos despachos necessários. Por seu turno, o timbre deve vir localizado à esquerda do impresso, ficando o brasão institucional eqüidistante de 1,5 cm ou de três espaços simples das margens superior e esquerda do papel. Note que o timbre do memorando se distingue do timbre do ofício por este vir centralizado, enquanto aquele, à esquerda. Além disso, se fôssemos levar em consideração o antigo formato do papel (“A-5”), deveria o brasão vir impresso em formato menor, com um diâmetro de 1,5 cm, conforme estipula a Instrução Normativa n.º 83, ao revés do brasão do ofício, que tem 2,5 cm de diâmetro. No entanto, optamos em manter esta última medida, em face da maior dimensão do papel. Os dizeres, por sua vez, localizar-se-ão no lado direito do brasão, a 0,6 cm deste. As margens do papel são as mesmas referidas para o ofício, ou seja, a margem esquerda situa-se a 2,5 cm ou dez toques da borda esquerda, e a direita, a 1,5 cm ou seis toques da borda direita. A numeração A numeração vem logo abaixo do timbre. O Manual da Presidência, acrescente-se, não especifica a distância que ela se localiza da margem superior do papel. Convencionamos, então, utilizar a mesma prevista para o ofício,i.é, 5,5 cm ou seis espaços duplos. As demais orientações são as mesmas previstas no item “A numeração do documento”, constante no cap. II, inclusive no que se refere à aposição do termo circular: Memorando n.º 123/UAAF. 70 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 20. Manual de Redação Policial-Militar 57 A data Diferentemente do ofício, a data deve estar situada na mesma linha da numeração do memorando, sendo que o seu término deve coincidir com a margem direita. Repare que não há indicação do local71 , já que o memorando é um documento de trâmite interno. Atenção: não coloque vírgula após a preposição em: Memorando n.º 123/UAAF. Em 25 de janeiro de 1973. O destinatário Outra novidade no memorando. É colocado logo abaixo da numeração, sem se especificar, entretanto, a distância exata72 . Para efeito de padronização, usamos a distância do vocativo, que é de 10 cm ou dez espaços duplos da borda superior do papel (v., no cap. II, “O vocativo”). O destinatário é designado por seu cargo ou função, sem se referenciar o posto, ou a graduação, ou o nome da autoridade. Lembre-se: após a preposição ao, não coloque dois-pontos: Ao Sr. Cmt da 1.ª Cia. O assunto Como já vimos, esse item não consta na composição do ofício. É o resumo do assunto tratado, de maneira mais abreviada possível. Também é conhecido por súmula ou ementa (v. , no cap. II, “O assunto”), sendo digitado em espaço um, vindo logo abaixo do destinatário, no começo da margem esquerda (com a letra inicial maiúscula73 ), precedido da palavra assunto: Assunto: Comunicação Uma advertência: evite escrever verbos como “faz”, “presta”, “relata”, etc., isolados por um travessão, após o substantivo, conforme recomendava o antigo manual da PM de São Paulo74 , pois o seu emprego, embora 71 As IG 10-42 indicam, desnecessariamente, o estado e a cidade de expedição, seguidos da data (cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 44). 72 Utilizam as IG 10-42 o antigo modelo do ofício (v., no cap. II, “O destinatário”). 73 Embora saibamos que depois de dois-pontos segue-se o vocábulo com a inicial minúscula, esta é uma convenção adotada nos expedientes em geral, tendo por objetivo enfatizar o assunto a ser tratado. 74 Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, op. cit. p. 15. A Redação Oficial58 tenha conquistado alguns adeptos na PMBA, atualmente é condenável, além de ser uma redundância: no momento em que se encaminha o expediente, o que se quer já está sendo feito, ou já se está prestando, ou já se está relatando, etc. Portanto, não use a forma: Assunto: Comunicação – faz. O texto Iniciamos o texto propriamente dito a 4 cm verticais abaixo do assunto. As demais regras para a sua composição são as mesmas previstas no item “O texto” do cap. II. O fecho Tem a mesma padronização do item “O fecho”, do capítulo anterior, i.é, empregamos atenciosamente ou respeitosamente, conforme o caso, a 1 cm centralizado e abaixo do final do corpo do texto. Por ser um documento interno, usamos, quase que invariavelmente, atenciosamente (o grau de formalidade é menor). Tal como no ofício e em virtude mesmo do menor formalismo, as IG 10-4275 recomendam que não se faça uso das expressões de cortesia nos memorandos, embora o Manual da Presidência adote uma postura contrária76 . A identificação do signatário e a assinatura Enquanto no ofício a composição desse item se dá a 2,5 cm abaixo do fecho, no memorando, ele virá a 4 cm abaixo do referido fecho do documento. As demais disposições são as mesmas previstas no cap. II, “A assinatura e identificação do signatário”. Outras observações Não usamos o slogan característico da unidade nem o endereço no rodapé do memorando, em virtude de ser um expediente de trâmite interno. A distribuição e o grupo indicativo são facultativos. Observe, também, que o destinatário não vem no final do texto, como no ofício, e 75 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 18 e 44. 76 Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 53. Manual de Redação Policial-Militar 59 sim em seu início. No mais, exceto a referência ao assunto, consulte o item “Considerações finais”, do capítulo anterior. Veja o modelo de memorando abaixo: A Redação Oficial60 O fax O fac-simile (expressão latina que significa “fazer coisa semelhante”77 ), vulgarmente conhecido por fax, é um documento característico dos tempos modernos, muito utilizado na quase totalidade das unidades da PMBA, bem como nos demais setores do serviço público e privado. Visa a agilizar, sobremaneira, a comunicação entre os órgãos, em razão da velocidade com que transmite mensagens, constituindo-se, também, um meio mais barato do que as formas tradicionais de comunicação, como o telex e o telegrama. Optamos em apresentar um modelo de fax, previsto pelo Manual da Presidência 78 , em detrimento do estudo de outras formas de comunicação urgente, a exemplo dos radiogramas, telegramas e do telex, que, com o passar dos anos, vêm-se tornando formas obsoletas de transmissão de mensagens. Ao revés do que muitos pensam, o fax não é tão atual assim. Embora não fosse difundido, esse documento já era previsto pelas IG 10-42 revogadas, que foram publicadas em 1975: “TELECÓPIA E TELEFOTO – designação específica dada à correspondência transmitida por meio de sistema de telecomunicações por ‘fac-simile’.” Além de ser usado na transmissão de mensagens urgentes, também utilizamos o fax para a antecipação de documentos que necessitam de uma rápida oficialização de sua determinação, recomendação, solicitação, etc. Nesses casos, o documento original segue posteriormente pelo veículo ordinário. O fax carece de um formulário em papel “A-4” (29,7 x 21 cm), nos termos do Manual da Presidência, devendo o seu original permanecer arquivado na unidade expedidora, haja vista ser ele transmitido por meio de uma linha de telefone. Convém atentar para o modelo de fax, porque há um hábito na Corporação de enviar, através do aparelho de fax, o próprio ofício; na verdade, apenas basta transpor o conteúdo deste para o formulário exposto na página seguinte. 77 Cf. CARLETI, Amilcare. Dicionário de latim forense. 8. ed. totalmente rev. e ampl. São Paulo, Liv. Ed. Universitária de Direito, 2000. p. 175. 78 ibid., p. 57. Manual de Redação Policial-Militar 61 Anote-se, também, que o modelo apresentado (extraído do Manual da Presidência) vem com moldura, diferentemente das IG 10-4279 , que a evitam, tendo por objetivo a redução de custos. 79 Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 57. A Redação Oficial62 Composição de uma portaria A portaria, confeccionada intracorporação, é um instrumento por meio do qual algumas autoridades policiais-militares – dentro de sua esfera de competência e mediante publicação em boletim – expedem instruções sobre a organização e funcionamento de serviços ocorrentes no âmbito do quartel, regulam atos procedimentais, designam policiais militares para apurar feitos investigatórios (sindicância, inquérito policial-militar, etc.), além de praticar outros atos previstos no seu plexo de atribuições. Forma e estrutura Para facilitar o entendimento, dividimos a composição de uma portaria em três elementos básicos: o timbre, a ordem legislativa e a matéria legislada. O timbre Com base na Instrução Normativa n.º 8380 , utilizamos o formato de papel “A-4” (29,7 x 21 cm), sendo que as normas para a sua composição são as mesmas descritas para a composição do timbre no ofício (v. , no cap. II, “O timbre”). A ordem legislativa A ordem legislativa é composta pelo preâmbulo e pelo fecho da portaria. O preâmbulo Segundo o Manual da Presidência81 , o preâmbulo consiste na parte primeira da portaria, a qual não é incluída no texto, servindo, no entanto, para identificá-la na ordem legislativa. Abrange o título, a autoria ou o fundamento de autoridade e a ordem de execução ou mandado de cumprimento. O título Chamamos de título o conjunto formado pela epígrafe e pela ementa. A epígrafe Na definição do Manual da Presidência82
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