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Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 1 GEOMORFOLOGIA DINÂMICA A superfície terrestre não é plana nem uniforme em toda a sua extensão. Ao contrário, caracteriza-se por elevações e depressões de diferentes formas (horizontais ou tabulares, convexa, côncavas, angulares e escarpadas) que constituem seu relevo. A Geomorfologia é a ciência que estuda as formas de relevo, sua gênese, composição (materiais) e os processos que nelas atuam. O relevo da superfície terrestre é o resultado da interação da litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera, ou seja dos processos de troca de energia e matéria que se desenvolvem nessa interface, no tempo e no espaço. No espaço, o relevo varia da escala planetária (continentes e oceanos) à continental (cadeias de montanhas, planaltos, depressões e grandes planícies) e à local (escaras, morros, colinas, terraços, pequenas planícies etc.) No tempo, sua formação varia da escala geológica àquela do homem. A Geomorfologia está dividida por áreas, são elas: * Geomorfologia Sintética – estudo dos diferentes tipos morfológicos resultantes * Geomorfologia Dinâmica – estudo dos processos que dão origem às diferentes formas de relevo: processos internos (endógenos) + processos externos (exógenos). * Geomorfologia Climática – estudo da relação da diferentes formas de relevo com o clima O presente trabalho tem por objetivo apresentar a Geomorfologia Dinâmica, suas aplicações, e seus objetos de estudo. A morfogênese refere-se à origem e ao desenvolvimento das formas de relevo, as quais são resultantes da atuação dos processos endógenos e exógenos. Os processos endógenos têm origem no interior da Terra e manifestam-se por meio dos movimentos sísmicos, do vulcanismo, do magmatismo intrusivo e do tectonismo. Os processos exógenos são movimentos externos que atuam na superfície da Terra destruindo elevações, construindo formas e preenchendo depressões. Eles englobam o intemperismo físico (fragmentação das rochas), químico e bioquímico (decomposição das rochas); a erosão (ou denudação), que se refere à remoção do material intemperizado; a acumulação, o material removido e o transportado pela erosão é depositado. Os agentes dos processos exógenos são a água e o gelo (ação mecânica e química), o vento, a ação da gravidade, as alterações de temperatura, os organismos(fauna e flora) e o homem. Intemperismo Processo de alteração das rochas por fragmentação (intemperismo físico) e decomposição (intemperismo químico e biológico). O intemperismo ocorre quando as rochas, expostas à energia solar, à água pluvial e fluvial, ás ondas, ao gelo e ao vento, são submetidas as novas condições de pressão, temperatura e umidade. Dos três grandes grupos de rochas (ígneas ou magmáticas, metamórficas e sedimentares), as de origem magmáticas e metamórfica constituem 95% do volume total da crosta superior da Terra, mas ocupam apenas 25% de sua superfície. As rochas sedimentares (e metassedimentares) ocupam apenas 5% do volume, mas cobrem 75% da superfície da crosta. A resistência das rochas ao intemperismo está relacionada principalmente com o seu grau de coesão. O material decomposto (intemperizado), localizado sobre a rocha matriz, que não sofreu transporte nem processo de edafização, é denominado regolito. O solo é a camada superficial da crosta terrestre suficientemente intemperizada por processos físicos, químicos e biológicos (pedogênese) para suportar o crescimento das plantas com raízes. Sua espessura pode variar de alguns centímetros a vários metros. Os perfis dos solos desenvolvidos compreendem três horizontes principais: A, B, C, o último dos quais corresponde ao regolito. Erosão Esse termo engloba a remoção e o transporte de material intemperizado. Os tipos de processos erosivos mais importantes, principalmente em áreas de clima tropical úmido, como ocorre em grande parte do Brasil, são: erosão pluvial, resultante da ação da água da chuva, erosão fluvial gerada pela ação Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 2 das águas dos rios e movimentos de massa que é o desprendimento e transporte de solo e/ou material rochoso vertente abaixo, pela atuação da gravidade e da água, basicamente. O deslocamento do material ocorre em diferentes escalas e velocidade, variando de lento (rastejamento) a movimentos rápidos, deslizamentos e tombamentos. Parte da água da chuva cai diretamente no solo, outra é interceptada pela cobertura vegetal, podendo retornar à atmosfera pela evaporação ou chegar ao solo. A parte da água do ciclo hidrológico que chega ao solo diretamente pelo impacto das gotas, ou indiretamente, após ser interceptada pela vegetação, é a que vai participar da erosão pluvial. De acordo com Guerra, Silva e Botelho (1999), o processo erosivo realizado pela ação da água pluvial, pode ser dividido nos seguintes estágios: Salpicamento (splash): ocorre a partir do momento em que as gotas de chuva batem no solo e podem causar a remoção ou ruptura dos agregados, selando o topo do solo, e a conseqüente formação de crostas. Formação de poças (ponds): poças são formadas na superfície (nas pequenas depressãoes) à medida que o solo torna-se saturado com a infiltração da água. È o estágio que antecede o escoamento superficial. Escoamento superficial (runoff): è o responsável pelos processos erosivos de superfície. A água que se acumula nas depressões do terreno começa a escoar pelas vertentes quando o solo está saturado, e as poças não conseguem mais conter a água. Inicialmente o fluxo é difuso, provocando a erosão laminar. O fluxo linear é o estágio seguinte, quando começa uma concentração do fluxo de água. O desenvolvimento de microrravinas é o terceiro estágio da evolução do escoamento superficial. O quarto estágio é a formação de microrravinas com cabeceiras. As ravinas tendem a evoluir por meio de bifurcações em pontos de ruptura (knickpoints), e novas ravinas são formadas. profundidade, são denominadas voçorocas Finalmente, as ravinas podem evoluir para processos erosivos de maior proporção: as voçorocas. De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT (1989), até 50 cm de largura e profundidade são consideradas ravinas, acima de 50cm de largura e As cabeceiras de drenagem e mananciais são áreas particularmente suscetíveis à erosão. As voçorocas tendem a se estabelecer nessas áreas, onde ocorre a denominada erosão regressiva ou remontante. A erosão por ravinas e voçorocas é causada por vários mecanismos que atuam em diferentes escalas temporais e espaciais. Derivam de rotas de fluxos de água que podem ocorrer na superfície: escoamento subsuperficial. O escoamento subsuperficial refere-se ao movimento lateral da água na subsuperfície, nas camadas superiores do solo. Ele controla o intemperismo e afeta diretamente a erodibilidade dos solos, influenciando no transporte de minerais em solução. Quando o escoamento ocorre em fluxos concentrados, em túneis ou dutos, ele provoca o colapso da superfície situada acima, resultando na formação de voçorocas. Erosão fluvial Os rios são poderosos agentes geomorfologicos capazes de erodir, transportar e depositar sedimentos. Todo material erodido pelo rio e por ele transportado compõe a sua carga, que pode ser dissolvida, em suspensão e do leito. A carga dissolvida é formada pelos íons e moléculas derivados do intemperismo químico e da decomposição dos componentes biogênicos presentes na água. A composição da carga dissolvida depende de vários fatores ambientais, entre os quais, clima, geologia, relevo e cobertura vegetal da bacia em que se insere o rio. Rios alimentados por água que atravessam pântanos, em geral, são ricos emsubstâncias orgânicas dissolvidas. Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 3 A carga em suspensão consiste de partículas sólidas, orgânicas e inorgânicas. A partículas inorgânicas em suspensão geralmente são formadas por siltes e argilas, cuja dimensão e peso permitem que sejam mantidos suspensos pela turbulência e pelos vórtices. Partículas de areia também podem ser mantidas em suspensão por correntes fortes, por pequenos períodos de tempo. A erosão dos canais e leitos fluviais pode ocorrer por meio de três diferentes processos: corrosão, abrasão e cavitação. O processo de corrosão se dá por intemperismo químico resultante do contato da água com o canal e o leito fluvial. O processo de abrasão representa a ação mecânica da água que ao se mover sobre o leito e dentro do canal, remove as camadas já intemperizadas. O processo de cavitação ocorre em canais cujas correntes estão sujeitas a grande velocidade, tais como nos trechos de corredeiras e quedas d’água. Nesse processo a ação erosiva se dá pela ação de ondas produzidas por bolhas formadas pelas mudanças de pressão no volume de água. Os rios podem erodir seus canais verticalmente, aprofundando o talvegue, ou lateralmente, alargando o canal. O processo de aprofundamento do canal é denominado erosão vertical e o de ampliação da largura do leito, erosão lateral. A erosão vertical dos canais aluviais ocorre quando há a remoção de areias e cascalhos do leito fluvial. Nos canais escavado sem rochas, a erosão vertical ocorre pela abrasão imposta pela carga do leito. A erosão lateral ocorre quando as margens do canal são removidas, geralmente por solamento basal e colapso. Movimento de Massa Os desastres naturais constituem hoje um dos grandes problemas socioeconômicos do mundo. Dentre os fenômenos que mais se destacam, podemos citar os terremotos, as inundações e os movimentos de massa. O Brasil, devido às condições climáticas com intensas chuvas de verão e geomorfólogicas, com grandes maciços montanhosos, está muito suscetível à ocorrência dos movimentos de massa. Além da frequência elevada desses movimentos, em razão das condições naturais, ocorre também um grande número de acidentes associados a atuação antrópica nas vertentes. Com relação às atividades antrópicas em áreas urbanas, a que mais preocupa é a ocupação irregular das encostas, com o consequente desmatamenteo e o corte de taludes, propiciando uma maior suscetibilidade à ocorrência dos movimentos de massa. Os movimentos de massa podem ter diversas classificações, devido à grande variedade de materiais, processos e fatores condicionantes apud (Fernandes; Amaral, 1996). De acordo com Selby (1993), as classificações seguem como critérios de diferenciação: o tipo de material mobilizado, a velocidade e o mecanismo do movimento, o modo de deformação, a geometria da massa movimentada e o conteúdo de água. Entre as diferentes classificações, podemos destacar as propostas por Sharpe (1938), Carson e Kirkby (1972), Varnes (1978) e Sassa(1989). No Brasil, destacam-se as desenvolvidas por Guidicini e Nieble (1984) e IPT (1991), que classificam os movimentos de massa em: quedas de blocos, subsidências, escorregamentos (translacionais e rotacionais) e escoamentos (rastejos e corridas). As quedas de blocos podem ser divididas em quedas de rocha ou de solo. São movimentos rápidos em queda livre pela ação da gravidade e típicos de áreas muito íngremes (Guidicini; Nieble, 1984). Nas áreas onde esse tipo de movimento ocorre, normalmente existe a presença de fraturas nos paredões rochosos ou há um desgaste na base da encosta, o que provoca a queda superior do bloco. Além disso, descontinuidades e/ou alívios de tensão poderão ocasionar quedas. As subsidências são movimentos em que o deslocamento da massa normalmente é vertical, com uma componente horizontal nula ou praticamente. Esse fenômeno pode ter origem natural (epirogenia e falhamentos) ou antrópica, pela retirada de material subterrâneo, como: água, petróleo, gás e minério. Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 4 Os escorregamentos caracterizam-se como processos que ocorrem de forma rápida, com um plano de ruptura definido, o qual separa o material escorregado do não movimentado. Eles podem ser divididos em dois tipos; os rotacionais e os translacionais. Os escorregamentos rotacionais são caracterizados por possuírem uma superfície de ruptura curva, côncava, que desloca normalmente uma grande quantidade de material de forma rotacional. Esse tipo de escorregamento está muito vinculado a regiões com formações de pacotes de solo bem desenvolvidos. Seu início, muitas vezes, vincula-se ao desgaste natural da base da encosta, devido ao sistema fluvial ou, então, ao desenvolvimento de condições artificiais, como por exemplo, o corte da encosta para a construção de estradas. Os escorregamentos translacionais são caracterizados por apresentarem, um plano de ruptura abrupto, bem definido, planar, e por serem um movimento de curta duração. Esses movimentos ocorrem durante chuvas intensas, quando é elevada a poro-pressão em uma superfície de descontinuidade. A poro-pressão positiva da água no plano de ruptura altera a estabilidade da encosta, reduzindo a tensão cisalhante do solo e a tensão normal. A ruptura ou a instabilidade da encosta vão depender de equilíbrio entre as forças estabilizadoras e desestabilizadoras. Os escoamentos são movimentos contínuos e não apresentam necessariamente uma superfície definida. Eles podem ser divididos de acordo com sua velocidade, em lentos (rastejo) e rápidos (corrida de massa) Os rastejos são movimentos muito lentos e contínuos, que ocorrem nas vertentes, sem limites definidos. Podem envolver grande quantidade de material, cuja movimentação normalmente é provocada pela ação da gravidade. As corridas de massa são caracterizadas por movimentos rápidos, nos quais, os materiais se comportam como fluidos altamente viscosos. Esses movimentos mobilizam um expressivo volume de material (inclusive grandes blocos de rochas) em um curto período de tempo, com grande velocidade e capacidade de transporte, o qual alcança grandes distâncias. Esse tipo de movimentos ocorre, em geral, em locais onde há uma abundância de material facilmente mobilizável por meio da adição de água. Essas condições são comumente encontradas especialmente nos setores côncavos das encostas. Acumulação Refere-se a deposição do material removido e transportado pelos agentes da erosão. As principais feições de relevo resultantes da acumulação da água pluvial são os tálus e os cones de dejeção. O tálus é formado de fragmentos de rochas removidos e depositados na base da vertente, resultantes de movimentos de massa antigos, e serve de fonte para novos movimentos de massa quando desestabilizados, principalmente por elevada pluviosidade. maior competência do fluxo O cone de dejeção é um depósito de material detrítico grosseiro na base da vertente. Resultante de escoamento concentrado em canais temporários ou por torrentes, tem forma cônica, abrindo em leque para a jusante, e o eixo é coincidente com a linha de Com base na morfogênese, as formas de relevo são classificadas de acordo com os processos que lhes deram origem. Desse modo, as formas de relevo podem ser de origem: estrutural (tectônica), vulcânica, denudacional, fluvial, lacustre, marinha, glacial, eólica, cárstica, biológica e antropogênica. Há cerca de 4,5 bilhões de anos, os gases e a poeira que constituiriam o sistema solar começaram, pela força da gravidade, a se separar e se aglutinar, formando os planetas e o Sol. Posteriormente (4 bilhões de anos), formou-se, peladiferenciação dos elementos mais pesados, o núcleo da Terra, com 3.700Km de diâmetro, constituído predominantemente por ferro e níquel. Ao seu redor, desenvolveu-se o manto, com espessura de 2.900 km, constituído predominantemente por silício e magnésio. Finalmente, há cerca de 3,7 bilhões de anos, solidificou-se a crosta, uma camada superficial cobrindo todo o planeta. A crosta diferenciou-se em oceânica (ou simática), com cerca de 7 Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 5 km de espessura e composição predominantemente basáltica, e continental (ou siáltica), com 30 km – 40 km de espessura média e formada por rochas félsicas e ultamáficas. As crostas oceânica e continental, com a parte superior do manto, formam uma camada rígida com 100km a 350 km de espessura, denominada litosfera. Abaixo, ainda no manto superior, ocorre a astenosfera, que apresenta condições de temperatura e pressão que permitem certa mobilidade das placas em escala do tempo geológico. Uma placa tectônica é uma porção de litosfera limitada por zonas de convergência, zonas de subducção e zonas conservativas. Atualmente, a Terra tem sete placas tectónicas principais e muitas mais sub-placas de menores dimensões. Segundo a teoria da tectónica de placas, as placas tectónicas são criadas nas zonas de divergência, ou "zonas de rifte", e são consumidas em zonas de subducção. É nas zonas de fronteira entre placas que se regista a grande maioria dos terramotos e erupções vulcânicas. São atualmente reconhecidas 52 placas tectónicas, 14 principais e 38 menores. Limites convergentes, zonas de convergência ou limites destrutivos são áreas de convergência das placas tectónicas que passam a se tangenciar como consequência de movimentos convergentes horizontais que ocorrem entre si denominados de movimentos orogénicos (do grego oros: montanha e gene: criação); tais movimentos ocorrem em virtude da diferença de calor e pressão que ocorre na astenosfera fazendo com que as placas, que sobre ela flutuam, se movam. Como resposta ao atrito em tais áreas, verifica-se não só uma profunda instabilidade sísmica como também, em muitas vezes, a presença de fendas inter-tectónicas que possibilitam o extravazamento de magma (astenosfera) para o meio externo. Tipos de limites convergentes Os limites convergentes entre diferentes placas tectónicas podem ocorrer em três situações distintas. Num limite oceânico-oceânico, a convergência dá-se entre duas porções de crosta oceânica; se é um limite oceânico-continental, a convergência dá-se entre uma zona da crosta oceânica e uma zona da crosta continental; por último, o limite continental, ocorre convergência entre duas porções de crosta continental. Limite oceânico-oceânico Quando duas zonas da crusta oceânica convergem ocorre geralmente subducção da fracção mais densa (correspondente à mais antiga). A zona subductada é a primeira a sofrer metamorfismo devido aos elevados aumentos de pressão e temperatura. Como nesta situação a pressão aumenta mais rapidamente que a temperatura, o principal mecanismo de metamorfização é a desidratação, que resulta na libertação de fluidos. Estes fluidos ascendem ao manto não subductado onde vão contribuir para um aumento da pressão, que vai diminuir o ponto de fusão dos peridotitos (rochas mantélicas, essencialmente constituídas por olivina, clino e ortopiroxena), que fundem parcialmente, originando magmas basálticos. Durante a ascensão, o magma pode sofrer diferenciação e formar rochas ígneas de diferentes composições, desde básicas, intermédias e ácidas, embora estes casos sejam excepções, devido à pouca espessura da crusta oceânica, pelo que as rochas que aqui se encontram são geralmente básicas. Estes fenómenos de vulcanismo podem resultar na formação de ilhas oceânicas em arcos insulares, como é o caso do Japão. Limite oceânico-continental Quando a colisão ocorre entre uma placa oceânica e uma placa continental, geralmente a placa oceânica (mais densa) mergulha sob a placa continental, formando uma zona de subducção. Tal como no caso anterior, existe metamorfismo de alta pressão e temperaturas intermédias, pelo que ocorre ascensão de fluidos que contribuem para a fusão parcial dos peridotitos originando, tal como no caso anterior, magmas basálticos. Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 6 A crosta continental é bem mais espessa que a oceânica e, a quando a subducção, pode ocorrer dobramento da crosta continental que sofre um espessamento acompanhado por metamorfismo regional. Nas zonas mais profundas da crusta continental pode ocorrer fusão parcial, da qual resultam magmas graníticos. Estes podem misturar-se com os magmas basálticos (formados a maior profundidade) e com os intermédios (formados por diferenciação magmática), pelo que nestas zonas pode existir uma grande diversidade química e litológica de vulcanismo e plutonismo (formação de rochas ígneas em profundidade). Nestes limites formam-se arcos magmáticos continentais, ou arcos vulcânicos, ocorrendo sempre orogenia, como no caso dos Andes na América do Sul (encontro das Placa Sul-americana e a de Placa de Nazsca). Limite continental-continental Neste tipo de limite ocorre a colisão entre duas porções de crusta continental. Como ambas placas possuem baixa densidade não existe propriamente subducção (ou é mínima), juntando-se as duas placas que se dobram e deformam, ocorrendo invariavelmente orogenia. À semelhança dos limites oceano-continente, todas as associações vulcânicas e plutónicas são possíveis, embora exista uma predominância de rochas graníticas. É este o processo que está na origem dos Himalaias, resultando da colisão das placas indiana e euroasiática. Limite divergente Um limite divergente ocorre em encontros de placas tectônicas que se movem em direções e sentidos opostos, sendo assim, há adição de material magmático à crosta terrestre neste ponto. Um exemplo de limite de placas divergente é o encontro entre a placa Sulamericana e a placa Africana no meio do Oceano Atlântico. O material adicionado forma o assoalho oceânico e provoca o afastamento das duas placas em questão. Este tipo de limite entre placas está muitas as vezes associado à dorsal meso- oceânica. A superfície do planeta Terra é constituída por irregularidades, que são chamadas de relevos. Existem irregularidades tanto no continente quanto no fundo dos oceanos, denominados respectivamente de relevo continental e submarino. O relevo é um dos elementos naturais que mais se destacam na paisagem, embora uns mais do que outros. Diante das afirmações, os tipos de relevo são: planaltos, cadeias de montanhas, depressões e planícies. Planaltos: relevo constituído por irregularidades (de forma ondulada), grande parte dos casos localizados em altitudes superiores a 300 metros acima do nível do mar. São considerados planaltos: serras escarpas e chapadas. Um dos aspectos particulares desse tipo de relevo é que o mesmo libera sedimentos para as áreas mais aplainadas ou baixas, favorecendo o surgimento de depressões e de planícies. Cadeias de montanhas: são formadas por um conjunto de montanhas que se encontram aglomeradas em uma região. As mesmas possuem grandes altitudes, bem superiores em relação aos outros tipos de relevos continentais, além de serem bastante acidentadas com encostas íngremes. Em razão dessa característica, as cadeias de montanhas sofrem freqüentemente com os processos erosivos proporcionados pela ação do vento, água e gelo. As cadeias de montanhas ou cordilheiras abastecem de sedimentos as áreas ao seu redor. Depressões: relevo caracterizado pelo rebaixamento repentino do relevo, ou seja,corresponde a uma área com altitude mais baixa que as áreas que circundam. As depressões são classificadas em dois tipos: depressão relativa (que apresenta altitude mais baixa que as áreas ao redor, mas estão acima do nível do mar) e absoluta (se apresenta abaixo no nível do mar). As depressões geralmente são planas, em razão dos processos erosivos aos quais se sujeitaram ao longo de milhares de anos. Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 7 Planícies: tipo de relevo caracterizado por apresentar uma superfície bastante plana, oriunda da sedimentação provocada por processos erosivos ocorridos em pontos mais elevados. É bom ressaltar que existem planícies em diversas altitudes, no entanto, a maioria se encontra em elevações modestas em relação ao nível do mar. O ciclo das rochas representa as diversas possibilidades de transformação de um tipo de rocha em outro. As setas que interligam as rochas ígneas, sedimentares e metamórficas indicam processos relacionados à dinâmica geológica da crosta terrestre. Os continentes se originaram ao longo do tempo geológico pela transferência de materiais menos densos do manto para a superfície terrestre. As rochas, uma vez expostas à atmosfera e à biosfera passam a sofrer a ação do intemperismo, através de reações de oxidação, hidratação, solubilização, ataques por substâncias orgânicas, variações diárias e sazonais de temperatura, entre outras. O intemperismo faz com que as rochas percam sua coesão, sendo erodidas, transportadas e depositadas em depressões onde, após a diagênese, passam a constituir as rochas sedimentares. A cadeia de processos de formação de rochas sedimentares pode atuar sobre qualquer rocha (ígnea, metamórfica, sedimentar) exposta à superfície da Terra. Devido à deriva dos continentes, as rochas podem ser levadas a ambientes muito diferentes daqueles onde elas se formaram. Qualquer tipo de rocha (ígnea, sedimentar, metamórfica) que sofra a ação de, por exemplo, altas pressões e temperaturas, sofre as transformações mineralógicas e texturais, tornando-se uma rocha metamórfica. Se as condições de metamorfismo forem muito intensas, as rochas podem se fundir, gerando magmas que, ao se solidificar, darão origem a novas rochas ígneas. O ciclo das rochas existe desde os primórdios da história geológica da Terra e, através dele, a crosta de nosso planeta está em constante transformação e evolução. Rochas ígneas As rochas ígneas (do latim ignis, fogo), também conhecidas como rochas magmáticas, são formadas pela solidificação (cristalização) de um magma, que é um líquido com alta temperatura, em torno de 700 a 1200oC, proveniente do interior da Terra. As rochas ígneas podem conter jazidas de vários metais (p. ex. ouro, platina, cobre, estanho) e trazem à superfície do planeta importantes informações sobre as regiões profundas da crosta e do manto terrestre. O tamanho dos cristais das rochas ígneas é, em geral, proporcional ao tempo de resfriamento do magma, isto é, quanto mais lenta for a cristalização de um magma, maiores são os cristais formados e vice-versa. Magmas cristalizados a grandes profundidades no interior da crosta esfriam lentamente, possibilitando que seus cristais se desenvolvam até atingir tamanhos visíveis a olho nu (>> 1 m). Rochas ígneas deste tipo são denominadas rochas plutônicas (p. ex. granito). Nos vulcões, o magma (lava) atinge a superfície da crosta e entra em contato com a temperatura ambiente, resfriando-se muito rapidamente. Como a solidificação é praticamente instantânea, os cristais não têm tempo para se desenvolver, sendo portanto muito pequenos, invisíveis a olho nu (<<1mm). Rochas deste tipo são denominadas rochas vulcânicas (p. ex. basalto). Quando o magma se cristaliza muito próximo à superfície, mas ainda no interior da crosta, o resfriamento é um pouco mais lento que o das rochas vulcânicas, permitindo que os cristais sejam visíveis a olho nu, embora ainda de tamanho pequeno (~1mm). Rochas deste tipo são denominadas rochas sub-vulcânicas (p. ex. diabásio). Rochas sedimentares As rochas sedimentares são o produto de uma cadeia de processos que ocorrem na superfície do planeta e se iniciam pelo intemperismo das rochas expostas à atmosfera. As rochas intemperizadas perdem sua coesão e passam a ser erodidas e transportadas por diferentes agentes (água, gelo, vento, gravidade), até sua sedimentação em depressões da crosta Geomorfologia Dinâmica Apostila – Prof. Jorge 8 terrestre, denominadas bacias sedimentares. A transformação dos sedimentos inconsolidados (p. ex. areia) em rochas sedimentares (p. ex. arenito) é denominada diagênese, sendo causada por compactação e cristalização de materiais que cimentam os grãos dos sedimentos. As rochas sedimentares fornecem importantes informações sobre as variações ambientais ao longo do tempo geológico. Os fósseis, que são vestígios de seres vivos antigos preservados nestas rochas, são a chave para a compreensão da origem e evolução da vida. A importância econômica das rochas sedimentares está em suas reservas de petróleo, gás natural e carvão mineral, as principais fontes de energia do mundo moderno. As rochas sedimentares formadas pela acumulação de fragmentos de minerais ou de rochas intemperizadas são denominadas rochas clásticas ou detríticas (p. ex. arenito). Existem também rochas sedimentares formadas pela precipitação de sais a partir de soluções aquosas saturadas (p. ex. evaporito) ou pela atividade de organismos em ambientes marinhos (p. ex. calcário), sendo denominadas rochas não-clásticas ou químicas. Rochas metamórficas As rochas metamórficas são o produto da transformação de qualquer tipo de rocha levada a um ambiente onde as condições físicas (pressão, temperatura) são muito distintas daquelas onde a rocha se formou. Nestes ambientes, os minerais podem se tornar instáveis e reagir formando outros minerais, estáveis nas condições vigentes. Como os minerais são estáveis em campos definidos de pressão e temperatura, a identificação de minerais das rochas metamórficas permite reconhecer as condições físicas em que ocorreu o metamorfismo. O estudo das rochas metamórficas permite a identificação de grandes eventos geotectônicos ocorridos no passado, fundamentais para o entendimento da atual configuração dos continentes. As cadeias de montanhas (p. ex. Andes, Alpes, Himalaias) são grandes enrugamentos da crosta terrestre, causados pelas colisões de placas tectônicas. As elevadas pressões e temperaturas existentes no interior das cadeias de montanhas são o principal mecanismo formador de rochas metamórficas. O metamorfismo pode ocorrer também ao longo de planos de deslocamentos de grandes blocos de rocha (alta pressão) ou nas imediações de grandes volumes de magmas, devido à dissipação de calor (alta temperatura). http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAXLEAA/geomorfologia-dinamica http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAXLEAA/geomorfologia-dinamica
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