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Ciência política e direito constitucional 1ºSemestre

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Ciência política e direito constitucional- 1º semestre:
O direito constitucional:
O direito constitucional tem como características:
-supremacia
-transversalidade
-politicidade
-estadualidade
-legalismo
-juventude
-abertura
 O Estado:
A atividade humana carece de uma intervenção concertada, a cargo de um conjunto de estruturas, de organizações e de procedimentos
O comportamento humano apenas atinge os altos padroes de boa convivência social quando se possa de exercer um poder político.
A ausência de poder político resulta em anomia ou anarquia
Um poder político abusivo e arbitrário que não respeite o espaço vital da liberdade humana resulta numa ditadura ou totalitarismo
O poder político apresenta se como uma alvanca indispensável ao estabelecimento de um conjunto estável de orientações jurídico-normativas
Duas dimensões do poder político:
-dimensão substantiva: o poder político exprime orientações jurídicas destinadas à regulação da vida em comunidade
-dimensão adjetiva: o poder político defende-se a si próprio, criando a obediência que os outros lhe devem.
A origem do poder político assenta em três teses:
Origem naturalista
-O poder político apresenta-se como inevitável à organização social. Sociabilidade inata.
Origem teológica
-O poder político, tal como outros poderes, derivam de Deus. Deus criou o universo, o homem, e também o poder político.
 Três sub-concepções desta tese:
 -Teocrática: o poder político emana diretamente de Deus 
 -Divino sobrenatural: o poder político está em Deus mas manifesta-se através de uma escolha, supostamente feita por Deus.
 -Divino providencial: quem escolhe é o povo, mas este é ajudado por Deus. 
Origem voluntarista
-O poder político tem origem num pacto ou contrato social. Consentimento na limitação da liberdade individual para a criação duma estrutura de poder político a que todos defendesse por igual.
Soberania popular e soberania nacional:
-Soberania popular é quando o poder político reside na comunidade através de cada um dos seus membros.
-Soberania nacional é quando se reconhece o poder político na nação como comunidade sociológica e histórica, não atingindo o indivíduo em singular.
 Pode afirmar-se que o princípio democrático que temos hoje, foi alcançado devido aos debates que se fizeram na defesa das diversas teorias voluntaristas.
 
O poder político e os outros poderes:
-O poder político tem uma característica exclusiva e ausente em todos os outros poderes. Essa característica, é a coercibilidade. A coercibilidade é quando se faz cumprir os comandos, recorrendo à força se necessário. 
- No entanto, devem-se citar três modalidades dos poderes de persuasão, que no entanto, não são dotados de coercibilidade:
 -poder social
 -poder religioso
 -poder comunicacional.
-Interferem nas nossas decisões, são considerados poderes por conseguirem “fazer acatar pelos outros a sua própria vontade” cit. Marcello Caetano
O poder político e as diversas entidades jurídico-políticas
-O poder político ganha um real sentido quando associado às estruturas que vivificam e segregam os seus comandos e que exprimem a respetiva concretização prática e externa-
-A entidade que emblematicamente está ligada ao poder político, e que o interpreta, é o Estado
-Mas o Estado não é a única entidade política que pode protagonizar um desejo de organização coletiva.
-As entidades que podem aproximar-se de Estado, enquanto detentoras de poder político são:
 -Entidades pré-estaduais: formas incipientes de poder político antes da conceção e desenvolvimento do Estado.
 -Entidades infraestaduais: subordinadas do Estado, têm autonomia organizatória e funcional, não se misturando com a realidade estadual. Podem ser, por exemplo, autarquias ou regiões autónomas.
 -Entidades interestaduais: possibilidade de duas ou mais realidades estaduais se associarem. Como por exemplo, as federações e cofederações.
 -Entidades paraestaduais: aproximam-se da realidade estadual, mas não têm esse teor. São exemplos disso, os beligerantes e insurrectos, ou também as minorias nacionais e os movimentos de libertação nacional.
É o direito constitucional o setor jurídico que primacialmente traça o estatuto do Estado, como principal entidade jurídico-política , em nenhuma outra estrutura de poder político o direito constitucional se apresenta com tanta intensidade regulativa.
O Estado em geral
-O Estado é o principal modo de organização política e social.
-É a estrutura juridicamente personalizada que num dado território exerce um poder político soberano, em nome duma comunidade de cidadãos que ao mesmo tempo se vinicula.
-O estado tem três elementos tradicionais: 
O elemento humano (o povo): conjunto de pessoas que, relativamente a determinada estrutura estadual, apresentam com a mesma um laço de viniculação jurídico-política (cidadania)
É importante, pois este escolhe os governantes, pode vir a desempenhar cargos públicos, é em prol dele que se definem prestações sociais e também este cumpre alguns deveres fundamentais, como a proteção contra agressões inimigas que recaem sobre o seu Estado (serviço militar)
O elemento funcional (a soberania): expressa a organização de meios que se destinam a operacionalizar a atividade estadual em ordem a alcançar os respetivos fins.
Soberania na ordem interna-supremacia sobre qualquer outro centro de poder político que lhe deva obediência
Soberania na ordem externa- liberdade e independencia nas relações com outras entidades políticas (direito de celebrar tratados, estabelecer relações diolomáticas, etc…)
O Estado é a autoridade máxima, nenhuma outra com ele podendo embarcar
É ao Estado que compete optar pela existência de outras entidades infraestaduais, é ao Estado que incube o estabelecimento da natureza, da intensidade e dos limites do poder político atribuído a essas infraestruturas infraestaduais.
O Estado é portanto dotado de autonomia, ao exprimir a possibilidade de acionar meios próprios de ação política, tomando o poder estadual soberano como referência (mas com limites), seja porque o poder estadual permite a sua criação, ou pelo contrário, limite os poderes que lhe são delegados.
Competências pessoais- definição do estatuto jurídico de cada cidadão (quem pode ser que quem não pode ser)
Competências territoriais- livremente configurar o regime da utilização e aproveitamento dos seus espaços geográficos.
O elemento espacial (o território): domínio geográfico em que o poder do Estado faz sentido. É nele que está a sede dos órgãos estaduais, onde se aplicam as políticas públicas do Estado, a delimitação do âmbito da aplicação da ordem jurídica estadual, e é também o espaço vital de independência nacional.
Características do Estado:
-complexidade organizatória e funcional (pluralidade de organismos)
-institucionalização dos objetivos das atividades (personalidade coletiva)
-autonomia dos fins (o bem comum, proveniente da personalidade coletiva)
-originariedade do poder (o Estado autodetermina-se e auto-organiza-se) 
-sedetariedade do exercício do poder (localização geológico-espacial)
-coercibilidade dos meios (estruturas de coerção, ex: aplicação da força física para se fazer cumprir uma lei)
(págs 139 e 140)
Fins do Estado:
-segurança, externa (entidades agressoras no plano territorial) e interna (manutenção da ordem pública)
-justiça, comutativa (estabelecer relações de igualdade) e distributiva (dar a cada um aquilo que merece)
-bem-estar, económico (provisão de bens que o mercado não pode forncer) e social (prestação de serviços sociais e culturais a cargo do Estado)
-Cada Estado através da sua constituição se encarregará de concretizar as suas grandes tarefas.
As vicissitudes do Estado
Vicissitudes políticas: mutações no sistema político dos Estados (modificação de regimes políticos, sociais ou económicos)
Vicissitudes territoriais: alterações no elemento territorial (vicissitudes aquisitivas, modificativas e extintivas)
(pág 163 e 164)
As estruturas do Estado
Tipo constitucional de Estado: Estado de direito ou Estado de legalidade
Forma políticade governo: Monarquia ou República
Regime político de governo: Ditadura ou Democracia
Forma de Estado: Estado Unitário ou Estado Composto
Regime económico: Capitalista ou Socialista
Sistema de governo: Parlamentar, Presidencial ou Semipresidencial 
Tipo constitucional de Estado:
-O princípio do Estado de direito surge como um dos principais resultados do constitucionalismo e do liberalismo. (Surgiu também para se opor ao absolutismo)
-“Limitação jurídica do poder público segundo um conjunto de regras que se impunham externamente ao próprio Estado.”
-Já no Estado de legalidade, o direito não é mais do que uma simples ténue ou até mesmo inexistente limitação do poder estadual.
-O direito não é o fundamento nem a medida da racionalidade do poder público, nem serve de parâmetro para a sua validade material, o direito torna-se vazio, de vez em quando sendo preenchido ao sabor dos caprichos do poder instituído.
Formas institucionais de governo:
-Designa como vai ser a faceta simbólica do chefe de Estado.
-A monarquia foi das primeiras formas de governo a ser desenvolvida, e dominaram o panorama histórico até ao nascimento do liberalismo
-Sucessão de cunho hereditário
 Tipos de monarquia:
 -Romana- Estado romano, o Rex surgia determinado por um critério eletivo
 -Feudal- Modelo da idade média, feudalismo
 -Limitada- Estado moderno, o rei contrapunha-se às ordens sociais, com assentos no parlamento
 -Absoluta- idade moderna tardia, Estado absoluto
 -Cesarista- Constitucionalismo napoleónico, napoleao autointitulou-se imperador, sem nenhum precedente herditário
 -Constitucional- Conciliação entre a antiga monarquia absoluta e o novo regime constitucional
 -Parlamentar- Contestação da monarquia, torna-se cada vez mais limitada e sem poder
 -Simbólica (ou Democrática)- Atualmente predomina, o rei não tem poderes efetivos de intervenção política
(página 174)
-A forma institucional republicana é mais tardia e surgiu com particular vigor no contexto do constitucionalismo
-Aceitação de que a chefia de Estado deve ser atribuída a um órgão unipessoal ou colegial que se mostre democraticamente legitimado (através do voto)
Regime político
-Características de um sistema constitucional numa perspetiva mais jurídico-política. Como se organiza a relação entre os governantes e os governados. Relaçoes entre o Estado-poder e o Estado-sociedade.
-Uma ditadura é quando os governantes exercem um poder efetivo e amplo, com indiferença, mesmo contra a vontade dos governados
-Ausência de mecanismos de escolha dos governantes por parte dos governados.
-Ausência de instrumentos de limitação do exercício de poderes dos governantes.
-Ausência de instrumentos de controlo da atividade exercida pelos governantes.
-Autocracia- o governo é de vários (geralmente ditaduras de esquerda)
-Monocracia- o governo é atribuído a uma única pessoa (geralmente ditaduras de direita)
-A democracia significa que o poder públicp postula uma relação de confiança com a comunidade política, em que o respetivo exercício se submete a diversos controlos, jurídicos e políticos.
-“o governo do povo, pelo povo e para o povo”- cit Abraham Lincoln
- Numa democracia, é importante valorizar as minorias, sem elas, não havia democracia (é preciso haver várias opiniões políticas para a democracia se concretizar, ora, se descartarmos o discurso da minoria, atendendo só ao da maioria, ocorre o que costuma ocorrer nas ditaduras).
Forma de Estado
-Unicidade ou pluralidade de estruturas estaduais e dos seus elementos constitutivos
-Estados simples são esquemas mais elementares e simplificados de organização estadual. Unidade dos respetivos elementos constitutivos.
-Um só povo, uma só soberania, um só território.
-Partilha do poder administrativo (autarquias, regiões autónomas)
-Estados compostos, são os que assentam numa multiplicidade de unidades estaduais, que juntos criam uma nova realidade estadual (os 50 estados norte-americanos, juntos, formam os Estados Unidos da América)
-Exemplos de estados compostos são, Estados federados ou federações, e as uniões reais
-Estados unidos da américa, federação russa, união europeia, etc…
Sistema de governo:
-Qual o sistema de governo adotado pelo estado democrático
- O parlamentarismo surgiu no constitucionalismo britânico. Unipolaridade política. É no parlamento que reside o fulcro da decisão política, em conjugação com o governo, surgindo o chefe de Estado como uma dimensão enfraquecida.
-Centralidade do parlamento na decisão política
-Responsabilidade política do governo perante o parlamento
- Enfraquecimento político do chefe de Estado (poucos ou nenhuns poderes efetivos)
 
-O presidencialismo nasceu com a experiência federal norte-americana. Dois núcleos fundamentais de decisão pública, o poder executivo e o legislativo, bipolaridade política. Os dois poderes apresentam-se livres entre si quanto à subsistência política
-Independência política do poder executivo e do poder legislativo
-Junção na mesma pessoa da titularidade do poder executivo (não há distinção entre chefe de Estado, primeiro-ministro e governo
-Legitimidade político-popular do chefe de Estado dada por eleições gerais
-O semipresidencialismo teve origem europeia, é uma mistura do presidencialismo com o parlamentarismo. Trilogia política na ação entre o chefe de Estado, o parlamento e o governo
-Diarquia no executivo, com a efetiva distinção entre o chefe de Estado e o governo
-Legitimidade político-popular do chefe de Estado
-Dupla responsabilidade política do governo perante o chefe de Estado e o parlamento
-Poder de heterodissolução do parlamento pelo chefe de Estado
O constitucionalismo liberal do século XIX
-Nascido na europa e américa do norte
-Estado liberal, limitação interna do Estado pelo direito
-Positivação dos direitos fundamentais de defesa
-Ideia de um poder estadual com separação de poderes numa conceção orgânica e material das funções jurídico-públicas
-Organização económica liberal de cunho fisiocrático
Pra se compreender o Estado liberal tem que se compreender o liberalismo
-surgiu num propósito de rutura com o passado absolutista e monárquico, fazendo vingar uma nova conceção de pessoa e de sociedade- o individualismo. Afirmação do Homem e do cidadão como em si mesmo. O indivíduo com centro da ação política, separado e autónomo do Estado
-Afirmam-se então os direitos fundamentais
-Implementou-se o princípio da separação de poderes
-O poder público absteve-se de intervir na economia
O constitucionalismo social do século XX
-Pós 2ª GM 
-Intervenção do Estado ao nível prestador e regulador
-Estado social, intervenção social
-Aparecimento de novos direitos fundamentais (de igualdade social)
-Sofisticação de diversos mecanismos de organização do poder político (abolição do dogma rígido da separação de poderes)
-Criação de uma organização constitucional da economia (intervenção social)
-Direitos fundamentais sociais, ou de 2ª geração, referentes ao acesso à saúde, educação, segurança social, etc…
-A representação liberal atinge a plenitude da representação democrática com a adoção do sufrágio universal
-Expressão da vontade popular
-Articulação dos poderes do Estado
-Surge a constituição económica
-O Estado intervem como ordenador da atividade económica
O constitucionalismo da pós-modernidade do século XXI
-Crise do Estado social
-Insuficiências do aparelho social
-Realidades como a globalização, a migração e as alterações climáticas fazem surgir as 3ª e 4ª gerações de direitos fundamentais referentes a temas como:
 -degradação ambiental
 -progresso tecnológico
 -multiculturalismo das sociedades
(página 242)
Perspetiva histórica do constitucionalismo português
(apontamentos das aulas)
Monarquia:
-constituição portuguesa, sinédrio, influenciada pela revolução francesa, o rei passa a 2º plano
-1823, D. Miguel faz um golpe de Estado, retorna o absolutismo (período de guerra civil)
-1826, D. Pedro volta, outorga a carta constitucional
-1832, governo setembrista (dura pouco tempo)
-D. Maria II retoma a carta constitucional atéà república
-Rivalidade entre setembristas e cartistas, os 1os defendiam a participação política do rei, e os setembristas defendiam um rei em sentido figurativo.
-As rivalidades atenuam-se, surge o período da regeneração
-O movimento republicano surge
-D. Carlos é assassinado, D. Manuel sobe ao trono até à proclamação da república
A república:
-golpe de estado militar, as forças republicanas ganham
-constituição republicana de 1911 depois das eleições para a assembleia constituinte (constituição democrática e parlamentarista)
-período de rivalidades, e golpes de Estado
-o partido republicano perde prestígio
-golpe de estado de Sidónio Pais (república nova)
-assasinato de Sidónio Pais
-1926, golpe de Estado por Gomes da Costa, opositor do partido republicano
-ditadura militar
-é convidado para o governo António Salazar
-legitimiza-se o poder de Salazar, através da constituição, escrita por ele mesmo, aceite por referendo
-governo ditatorial anticonstitucional (Estado Novo)
-o governo treme com a candidatura de Humberto Delgado
-Salazar revê a constituição
-golpe militar de 25 de abril de 1974
-as forças militares revolucionárias insistem na fundação de um regime comunista
-em 1975 há eleições livres, ganhas pelo PS
-cria-se uma constituição que entra em vigor em 1976
-pacto MFA que exigia (e aliás estava escrito na constituição esse compromisso) a transição para o socialismo, a reforma agrária e etc…
-só com as revisões constitucionais de 1982 e de 1989 é que desaparecem da constituição as imposições exigidas pelo MFA
--//--
As pessoas e os órgão jurídico públicos- pág 1057 a 1069
O presidente da república
-representar a república portuguesa
-garantir a independencia nacional e a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas
-comandante supremo das forças armadas
-atos de natureza internacional- vida internacional do Estado
-atos de natureza governativa- funcionamento do sistema de governo e participação no procedimento legislativo
-atos de natureza administrativa- funcionamento da instituição militar, bem como a atos de gestão dos respetivos serviços
-pode dissolver a assembleia da república e nomear o governo (e também demitir este)
-competência quanto a outros órgãos- presidir a órgãos constucionais, intervir na composição de órgãos através da marcação de eleições , nomeações e dissoluções, participar no seu funcionamento por intermédio da apresentação de mensagens fundamentadas.
-competência para a prática de atos próprios- dar uso à promulgação e ao veto político (existe também o constitucional), realizar referendos, decretar estados de exceção e aplicar indultos
-competência nas relações internacionais- nomear embaixadores, acreditar representantes diplomáticos estrangeiros, ratificar tratados internacionais e declarar Estado de guerra

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