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Hipertensão arterial secundária 1. Definir hipertensão secundária e hipertensão resistente, descrevendo os aspectos mais importantes da sua epidemiologia no contexto da população hipertensa: A hipertensão secundária ocorre em cerca 5% dos casos da doença e resulta de uma desordem pré-existente. Pessoas que apresentam hipertensão secundária podem mais comumente ter dificuldade no controle da pressão arterial por resistência à ação de medicamentos anti-hipertensivos. Algumas formas de hipertensão secundária têm sido mais prevalentes nos últimos anos, como a doença renovascular por aterosclerose associada a maior longevidade e envelhecimento da população, o hiperaldosteronismo primário por mudanças de paradigmas de rastreamento e a síndrome de apneia obstrutiva do sono, pelo aumento da obesidade. A Hipertensão Arterial Resistente é definida quando a Pressão Arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três fármacos anti- hipertensivos com ações sinérgicas em doses máximas preconizadas e toleradas, sendo um deles preferencialmente um diurético, ou quando em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos, mesmo com a PA controlada. HAR verdadeira deve ser diferenciada da pseudorresistência, que ocorre em razão de não adesão ao tratamento, medidas inadequadas da PA, uso de doses ou esquemas terapêuticos não apropriados, ou presença do efeito do avental branco. Embora a exata prevalência de HAR ainda não esteja estabelecida, estima- se que essa condição atinja 12-15% dos hipertensos. A análise dos dados do National Health and Nutrition Examination Survey no período de 2003 a 2008 mostrou que 12,8% dos hipertensos em uso de anti-hipertensivos nos Estados Unidos foram certificados como HAR. http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hipertensao_secundaria.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hiperaldosteronismo_primario.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hiperaldosteronismo_primario.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/apneia_obstrutiva_do_sono.htm 2. Descrever as principais causas de hipertensão endócrina e suas respectivas prevalências: Hipotireoidismo: A HAS ocorre em 20% dos pacientes com hipotireoidismo. O diagnóstico precoce é feito pela dosagem de TSH aumentado e confirmado com a diminuição gradativa de T4 livre. Achados clínicos mais comuns são ganhos de peso, queda de cabelo e fraqueza muscular. Hipertireoidismo: A apresentação clínica mimetiza um quadro hiperadrenérgico. Os principais sintomas incluem: palpitação, tremor, fadiga, intolerância ao calor, hiperatividade, perda de peso e labilidade emocional. Os sinais mais importantes são: exoftalmia, hipertermia, reflexos exaltados, primeira bulha com acentuação do componente pulmonar e pele úmida. O diagnóstico é confirmado por nível de TSH baixo e um elevado de T4 livre. Hiperaldosteronismo primário: A prevalência do HAP em hipertensos é de 3-22%, sendo mais alta em hipertensos em estágio 3 e/ou resistentes.Suspeita de HAP ocorre quando HA se associa a: hipocalemia espontânea ou induzida por DIU; incidentaloma de adrenal; HAR; história familiar de HA ou de DCbV antes dos 40 anos; SM. A prevalência de hipocalemia no HAP é 9-37%. Feocromocitomas: Feocromocitomas (FEO) são tumores de células cromafins do eixo simpático-adreno-medular produtores de catecolaminas. De 10% a 15% são extradrenais (paragangliomas), 10% são bilaterais e 10% são malignos. Presença de HA persistente ou paroxística (50%), paroxismos de cefaleia, sudorese profusa e palpitações (tríade clássica) são indicativos da doença, tendo a concomitância da tríade clássica com CH sensibilidade de 89% e especificidade de 67% para o diagnóstico. Acromegalia: A grande maioria dos casos de acromegalia decorre do excesso de hormônio de crescimento (GH) produzido por um adenoma da glândula pituitária. As alterações estruturais e funcionais da acromegalia respondem bem ao controle dos níveis sanguíneos de GH. Em muitos casos, há cura com controle da PA, particularmente, quando o diagnóstico e o tratamento da acromegalia são realizados precocemente. Síndrome de Cushing: A HAS com obesidade central, fascies em lua cheia, pletora, fraqueza muscular, cansaço fácil, hirsutismo, estrias abdominais e distúrbios emocionais levantam a suspeita clínica de HAS secundária à síndrome de Cushing. Essa síndrome resulta do excesso de cortisol, que aumenta a retenção de sódio e de água, promovendo expansão de volume, sendo este um dos fatores da síndrome relacionados com o aparecimento de HAS em cerca de 80% dos casos. Hiperaldosteronismo primário 3. Definir hiperaldosteronismo primário e suas etiologias, especificando a importância do seu diagnóstico diante de um paciente diagnosticado com HAS: O hiperaldosteronismo primário (HAP) ou síndrome de Conn é uma síndrome que inclui uma gama de desordens caracterizadas pela produção excessiva e autônoma de aldosterona (independente do sistema renina- angiotensina), com supressão da atividade de renina plasmática, presença de hipertensão arterial sistêmica e, em 50% dos casos, hipocalemia e alcalose. Antes considerada uma causa rara de hipertensão, o hiperaldosteronismo primário (HAP) pode estar presente em a 5% a 10% da população de hipertensos. É ainda mais prevalente em portadores de hipertensão de difícil controle. ✓ Em condições fisiológicas, a produção de aldosterona é estimulada pela ativação do sistema reninaangiotensina (SRA) como resultado de eventual perda de sódio e/ou fluidos pelo organismo. Tanto o SRA como a aldosterona participam do processo de re-equilíbrio homeostático imediato, caminhando sempre na mesma direção e em paralelo: ou ambos ativados - o segundo como consequência do primeiro - ou, então, ambos suprimidos pelo excesso de oferta de sódio e/ou fluidos. No HAP, a produção autônoma e excessiva de aldosterona por um APA ou pelo HAI inicia um processo de retenção de sódio predominantemente nos túbulos renais (mas também no epitélio gastrintestinal e glândulas sudoríparas) que, com o tempo, resulta em acúmulo de sódio, expansão do volume do líquido extracelular (LEC) e consequente supressão da liberação de renina pelas células do aparelho justaglomerular do rim. Exposição prolongada a este distúrbio culmina com a elevação da pressão arterial e a presença de hipocalemia e alcalose metabólica, com os consequentes sinais e sintomas de ambos. As duas principais etiologias são: adenoma produtor de aldosterona (APA) e a hiperplasia adrenal bilateral ou hiperaldosteronismo idiopático, sendo o APA mais frequente. Adenoma produtor de aldosterona → quase sempre unilateral e com usualmente menos de 3 cm de diâmetro. Responde pobremente ao SRAA, no entanto, o faz de forma exuberante ao ACTH, liberando grande quantidade de aldosterona. Entretanto, alguns adenomas são apenas parcialmente autônomos e exibem uma resposta evidente aos estímulos pelo SRAA, já que preservam receptores para angiotensina nas células tumorais. Esse subgrupo é denominado APA- responsivo à angiotensina. Hiperaldosteronismo idiopático bilateral (HAI) → atualmente corresponde a cerca de 40-80% dos casos. O HAI é associado à hiperplasia bilateral da zona glomerulosa. Caracteriza-se por um estado de renina baixa e hipopotassemia, mas, em contraste com o APA, a atividade da renina plasmática não é severamente suprimida, assim como há menor produção de aldosterona. Hiperplasia adrenal primária unilateral (HAPr) → é considerada, juntamente com o APA responsivo à angiotensina, uma variante não clássica do HAP. Caracteriza-se por uma adrenal hiperplásica que, morfologicamente, é semelhante à encontrada no HAI, mas exibe comportamento bioquímico autônomo, independenteda angiotensina. Consequentemente, as respostas hormonais às manobras diagnósticas e ao teste terapêutico com espironolactona são similares às dos APA e opostas às do HAI clássico. 4. Listar as indicações de rastreamento do hiperaldosteronismo primário: Principais indicações de rastreio: • Hipopotassemia espontânea ou induzida pelo uso de diuréticos; • Incidentaloma adrenal; • História familiar de HAS ou de doença cerebrovascular antes dos quarenta anos; • Parentes de primeiro grau com HAP; • HAS estágios II e III; • HAS resistente. Hipopotassemia espontânea ou induzida por diurético está presente na maioria dos pacientes, embora normopotassemia tenha sido registrada em até 30% dos casos, provavelmente em consequência de uma baixa ingesta de sal e consequente perda de potássio tubular distal diminuída em associação a uma menor concentração de sódio tubular. A maioria dos pacientes desenvolve hipopotassemia com carga de sal, e isso tem-se constituído em parte do procedimento de rastreamento. Screening laboratorial Deve ser feita a dosagem da concentração de aldosterona plasmática (CAP) e a atividade plasmática da renina (APR). O padrão laboratorial mais comumente encontrado consiste em níveis elevados de aldosterona com atividade da renina suprimida. A atividade da renina plasmática é baixa na maioria dos pacientes e não aumenta com a restrição de sal, postura ereta ou administração de furosemida, entretanto uma baixa APR por si só pode ser encontrada em uma variante de hipertensão essencial. Os níveis de aldosterona podem ser normais ou aumentados e, assim, suas dosagens não têm utilidade na diferenciação de hipertensão essencial e hiperaldosteronismo. Uma relação aldosterona/renina elevada pode ser mais útil e, se exceder a 50, é quase diagnóstica (APR expressa em ng/ml/h e aldosterona em ng/dL). Em condições ideais, o paciente deve estar sem medicação anti-hipertensiva convencional por um período de duas a quatro semanas para avaliação do SRAA e de seis semanas no caso do uso de espironolactona. Na avaliação inicial, não há necessidade da suspensão de outras drogas hipertensivas. A substituição das medicações deve ser feita por outros anti-hipertensivos como prasozina, terasozina, doxasozina, metildopa, hidralazina e verapamil, pois essas drogas têm poucos efeitos no SRAA. Porém, muitas vezes o paciente não pode suspender as medicações que poderiam interferir no eixo SRAA, como antagonistas da angiotensina II, beta-bloqueadores, inibidores da ECA, haja vista que a HAS é grave. Nesses casos, mantém-se as drogas e suspende-se apenas aquelas que interferem mais significativamente no eixo, como diuréticos espoliadores e poupadores de potássio (espironolactona, amilorida e triantereno). Em virtude da hipopotassemia deprimir a secreção de aldosterona, os pacientes devem ser examinados repletos de potássio e depois de 2 horas de postura ereta, uma vez que este exame é mais acurado do que na posição supina. Daí surge a importância de se corrigir a hipocalemia antes da avaliação inicial por exames laboratoriais. 5. Descrever o quadro clínico do hiperaldosteronismo primário, bem como os exames complementares utilizados no seu rastreamento e confirmação diagnóstica: Classicamente, o HAP é caracterizado pela produção excessiva de aldosterona, supressão da atividade plasmática de renina (APR) e presença de hipertensão arterial, hipocalemia e alcalose. A hipertensão nesses pacientes não difere da de qualquer outra síndrome hipertensiva, mas pode apresentar queda significante na posição ortostática em ausência de taquicardia reflexa. Os níveis pressóricos são variáveis e tendem a ser mais elevados nos casos de HAI do que nos de APA. Cefaléia occipital ou holocrânica, escotomas, zumbidos, tensão muscular, sensação de cansaço e nictúria são queixas inespecíficas comuns. A hipertensão pode não estar presente à época do diagnóstico, em especial no paciente que esteja fazendo uso de dieta sem ou com pouco sal. Embora hipocalemia espontânea não seja obrigatória, sinais e sintomas que sugiram sua presença em paciente hipertenso (poliúria, desânimo, fraqueza muscular, câimbras, parestesias, paralisia intermitente até franca tetania, positividade do sinal de Chvostek ou de Trousseau) são fortemente suspeitos de HAP. Outros sinais de alerta para a possibilidade de hipocalemia incluem: arritmias cardíacas, sinais eletrocardiográficos (como alargamento de QT, achatamento de T e presença de ondas U), intolerância à glicose e hipoosmolalidade urinária (diabetes insípidus nefrogênico). As manifestações clínicas tornam-se evidentes com o tempo e na dependência do grau de elevação da pressão arterial sistêmica e da redução da concentração plasmática de potássio. _______________________________________________________ A maioria dos pacientes com hiperaldosteronismo primário é assintomática, embora alguns apresentem sintomas relacionados à hipertensão (cefaleia, palpitações), à hipocalemia (poliúria, nictúria, cãibras, tetania, parestesias, fraqueza muscular) ou ambas. Nos casos de hipocalemia grave, fibrilação ventricular, quadriparesia ou rabdomiólise podem surgir inclusive como manifestações iniciais do HAP. A fraqueza muscular pode ser vista na hipocalemia grave. Alguns doentes apresentam episódios de paralisia muscular. A deficiência de potássio também provoca lesões nos túbulos renais (proximal = nefropatia hipocalêmica vacuolar/distal → diabetes insípidus nefrogênico), resultando em poliúria e polidipsia, além de tendência ao agravamento da própria hipocalemia. A despeito da produção elevada e contínua de aldosterona, caracteristicamente os pacientes com HAP não têm edema, exceto se houver nefropatia ou insuficiência renal associada. Isso provavelmente se deve a um “escape” em que os efeitos retentores de sódio do excesso crônico de mineralocorticoides são contrabalanceados pelo aumento da produção do hormônio natriurético atrial (ANP). A hipertensão arterial no HAP geralmente é de moderada a grave. Os níveis pressóricos tendem a ser mais elevados em indivíduos com APA do que naqueles com HAI. Complicações cardiovasculares (ICC, AVE, DRC) são mais frequentes no hiperaldosteronismo primário do que na HAS idiopática, mesmo para um nível idêntico de pressão arterial. O motivo principal para a ocorrência de tais complicações é o efeito tóxico direto da própria aldosterona nos tecidos. Intolerância à glicose ou diabetes mellitus são encontrados em até 25% dos casos, consequentes à redução da secreção e ação da insulina induzida pela depleção intracelular de potássio. Testes confirmatórios: A autonomia da secreção de aldosterona nos casos suspeitos de HAP, especialmente nos casos subclínicos (normocalêmicos e até mesmo normotensos), deve necessariamente ser comprovada pela ausência de resposta aos testes de supressão. Pacientes com relação CAP/ARP ≥ 100 e com renina suprimida não necessitam de testes confirmatórios, passando-se diretamente para a avaliação por imagem. Desde que a renina esteja suprimida, os testes confirmatórios podem ser realizados na vigência de qualquer medicação. Deve-se, preferencialmente, suspender todas as medicações que interfiram na relação CAP/ARP. Portanto, preferir a utilização de outras drogas anti-hipertensivas, como: verapamil, hidralazina e alfa-bloqueadores. Teste da sobrecarga oral de sódio: realizado pelo acréscimo de 3 g de NaCl em cada uma das três refeições diárias, por três dias consecutivos. No terceiro dia, coleta-se urina de 24 h para dosagem de aldosterona, sódio e creatinina. Aldosterona urinária > 12 mcg/24 h na presença de excreção urinária de sódio compatível com “sobrecarga salina” (Na+ urinário > 200250 mEq) é compatível com HAP. Durante a realizaçãodo teste, é preciso monitorar a PA e a calemia, medindo-os com frequência. Este teste discrimina com grande precisão entre HAP e HAS essencial (sensibilidade de 96% e especificidade de 93%). Sua realização está contraindicada em pacientes com HAS grave de difícil controle, hipocalemia grave, AVE ou IAM; Teste da sobrecarga intravenosa de sódio/infusão salina: realizado através da infusão de 2L de SF 0,9%, IV, em quatro horas, com o paciente deitado. A concentração de aldosterona plasmática deve ser obtida antes e depois da expansão intravascular. Em indivíduos normais, a expansão volêmica promove queda na produção de aldosterona (CAP<5 ng/dl). Por outro lado, nos portadores de HAP, a aldosterona plasmática não se altera ou cai muito pouco, permanecendo com a CAP>10 ng/dl. Apresenta sensibilidade de 90%, especificidade de 84%, VPP de 92% e VPN de 79%. Está contraindicado em paciente com ICC ou HAS grave e mal controlada; Teste da fludrocortisona: administra-se 0,1 mg de fludrocortisona (Florinefe®) a cada 6 horas, por três dias, com dosagens da aldosterona plasmática e/ou urinária antes e ao final do período de administração da droga. Suplementos de potássio também devem ser administrados para manter os níveis de K+ próximos de 4 mEq/L, assim como administração de suplementos de Na+ 30 mEq, 3 vezes ao dia junto às refeições e ingestão dietética liberal, mantendo a excreção urinária de sódio ≥ 3 mEq/kg. A dosagem de renina e do cortisol plasmático às 07 h e 10 h também é útil para a interpretação dos resultados. CAP em amostra de 24 h maior que 14 µg/dia confirma o diagnóstico de HAP. Outros dados também podem ser considerados para o diagnóstico: CAP > 6 mcg no quarto dia, APR<1,0 e cortisol às 10 h < 7 h; Teste do captopril: em pacientes com hipertensão essencial a administração oral de 25-50 mg de captopril está associada a uma supressão da produção de aldosterona mediada pela diminuição de angiotensina II, uma resposta não observada no hiperaldosteronismo primário, no qual a atividade da renina plasmática é cronicamente suprimida e a produção de aldosterona é autônoma. Captopril é dado com o paciente em decúbito, em dieta normo ou hiperssódica e com níveis normais de potássio antes do teste. Os níveis de aldosterona, renina e cortisol são medidos nos tempos 0, 60 e 120 min, e um valor para aldosterona menor que 15 ng/dl, após o captopril, é considerado normal. A relação aldosterona/renina pode ser mais sensível, com níveis acima de 50 fortemente sugestivos de HAP. O teste é considerado positivo se não houver queda >30% da aldosterona sérica ou se a aldosterona sérica for >12 ng/dL. É importante avaliar se houve incremento nos níveis de cortisol e subtrair o incremento % da variação da aldosterona, já que aldosteronomas possuem receptor para o ACTH. Pode haver falsos positivos e negativos; Teste da furosemida: após o paciente permanecer deitado por, no mínimo, 30 min, administrar furosemida 40 mg por via endovenosa e colher renina após 2 h de deambulação. O teste é considerado positivo se a ARP for < 2 ng/ml/h. Existe risco de hipocalemia e arritmias associadas. Avaliação radiológica em busca da etiologia: Após confirmação laboratorial do hiperaldosteronismo, o próximo passo é estabelecer a etiologia. Para isso é necessária avaliação radiológica. Tomografia computadorizada (TC) → a TC apresenta acurácia diagnóstica de até 90% e representa o exame de imagem de escolha. Com seu aprimoramento técnico, tornou-se possível detectar adenomas com 1 cm e até mesmo 0,5 cm. A TC só deve ser feita, contudo, após diagnóstico bioquímico de HAP, para evitar que um incidentaloma adrenal seja confundido com um aldosteronoma. Deve ser solicitada a tomografia computadorizada de alta resolução do abdome superior. Apresenta sensibilidade de 40-100%. Ressonância magnética → é um procedimento mais caro, com resolução espacial um pouco menor e oferece pouca ou nenhuma vantagem adicional sobre a TC. Apresenta, ainda, sensibilidade diagnóstica semelhante à esta. Em diversos estudos, sua sensibilidade variou de 60-100%. Cintilografia de adrenal → pode diferenciar se a lesão é unilateral ou bilateral, mas apresenta baixa sensibilidade para HAP. Uma opção nos casos de APA de pequenas dimensões é a realização deste exame com 131-iodo- colesterol (NP-59). A hipercaptação unilateral numa glândula aparentemente normal indica a presença de um aldosteronoma. Isso não ocorre nos casos de HAI. A sensibilidade desse exame mostrou-se bastante variável na detecção dos APA (50-100%). Atualmente, esse procedimento não é mais empregado, já que a produção do traçador foi interrompida. FDG-PET scan (tomografia com emissão de pósitrons) → apresenta 97% de sensibilidade e especificidade de 91% na distinção entre lesões adrenais malignas e benignas. As principais características de malignidade são alterações do formato da adrenal, como bordas irregulares ou espiculadas; calcificações intraparenquimatosas ou periféricas; e presença de septação espessa intra-adrenal. Cateterismo das veias adrenais (CVA) → esse método diagnóstico, no qual aldosterona e cortisol são colhidos em ambos efluentes adrenais, permite estabelecer em definitivo se a fonte de produção excessiva da aldosterona é uni ou bilateral. Representa, portanto, o meio mais específico de diferenciação entre APA e HAI. É feito pela cateterização seletiva das veias adrenais através das veias femorais para coleta simultânea de aldosterona e cortisol. Uma amostra de sangue periférico deve ser colhida para o cálculo do índice de seletividade (cortisol adrenal/cortisol periférico), que tipicamente deve ser maior do que 5:1 ou maior do que 2:1, se realizado durante estímulo com Cortrosina® (administração contínua de 250 mcg em 400 ml de solução glicosada a 5%, na taxa de 100 ml/h), o que confirma o sucesso da canulação das adrenais, que é especialmente difícil do lado direito, onde a veia é mais curta e angulada. Confirmada a correta cateterização, calcula-se o índice de lateralização, que compara a relação aldosterona/ cortisol entre as duas veias adrenais. Valor > 4:1 (ou 2:1 com Cortrosina) caracterizam doença unilateral. Está indicado para todos os pacientes com programação cirúrgica, com exceção de pacientes com idade inferior a 40 anos com adenoma unilateral (>1,5 cm) e adrenal contralateral normal, suspeita de carcinoma adrenal ou suspeita de hiperaldosteronismo familiar. Beijos da Lina <3
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