Buscar

Estudo de caso

Prévia do material em texto

3° Atividade Penal
Discente: Myllena Procópio Balbueno
1) Qual é o efeito extrapenal da Lei nº 13.654/18, no que tange a arma branca?
O efeito extrapenal seria mais ou menos a possibilidade de revisão da pena e do regime de cumprimento que ao retirar a majorante, a lei deve retroagir em benefício ao réu. No §2° do artigo 157 do Código Penal, era possível encontrar um aumento de pena quando o roubo era praticado com o emprego de arma. No entanto, a definição de “arma”, era ampla pois encontrava-se aquelas criadas para ataque e defesa, denominadas “próprias” e aquelas concebidas com finalidade diversa, mas que podem ser utilizadas em ataque e defesa, conhecidas como “impróprias”, como cabo de vassoura por exemplo. Sendo assim, como o conceito é amplo, faria com que os magistrados das execuções penais tivessem trabalhos extras, reanalisando os processos (executivos de penas) em que presos foram condenados pelo delito de roubo majorado pelo emprego de arma. Para tanto, tal inciso mencionado acima foi revogado pela Lei 13.654/2018, onde foi inserido o emprego de arma de fogo, sendo assim ocorreu a chamada novatio legis in melius (nova lei que beneficia o réu de alguma forma). 
2)É possível aplicar a alteração da  Lei nº 13.964/2019 ao caso de Tício? Explique?
De acordo com o princípio constitucional da irretroatividade da lei prevista no art 5°, inciso XL da nossa Carta Magna, não. A lei anticrime (13.964/2019) traz penas mais severas do que as previstas para o caso de Tício, O pacote anticrime somente teve vigência em 23/01/2020 e o fato foi ocorrido em 10/01/2017, sendo assim, o crime praticado antes da vigência de uma lei, não será atingido por ela, mesmo que ele ainda esteja em processo. De acordo com Pacelli (2019): “Toda lei que pretender a sua aplicação a uma hipótese passada terá sua validade condicionada à natureza de seu conteúdo: se for benéfica, poderá ser aplicada; se não o for, ou seja, se contiver nova definição de crime, ou o aumento de pena, ou, ainda, qualquer outro prejuízo ao agente, não poderá ser aplicada.”
2) Caso Tício tivesse sido condenado a 5 anos e 4 meses de pena privativa de liberdade em 08/02/2018, será possível requerer a redução da pena com base em alguma norma posterior benéfica?  Explique. Quem é o juiz competente para aplicar a nova lei?
Sim. O juiz que previu a execução fundamentou sua decisão no no inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal, o qual prevê que “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa, e § 2º  A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade. No entanto, em 23/04/2018, houve a vigência de outra lei, qual seja a 13.654/18, favorecendo Tício já que ele poderá requerer a redução da pena, utilizando-se como fundamentos o inciso XL, art. 5° da CF/88: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”, o artigo 66 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e a Súmula 471 do STJ. Ainda para complementar, podemos citar ainda o autor Rogério Greco que defende que a lei tem a capacidade de “se movimentar no tempo regulando fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou retroagir no tempo a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência, desde que benéficas ao agente.”
REFERENCIAS 
PACELLI, Eugênio; CALLEGARI, André. Manual de Direito Penal. – 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2019.
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral. v. 1. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.
LEITÃO JÚNIOR, Joaquim. Comentários e Estudos Aprofundados sobre a Lei n.º 13.654/2018. Genjurídico.Com.Br. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2018/07/30/comentarios-e-estudos-aprofundados-sobre-lei-n-o-13-654-2018/. Acesso em: 20 fev. 2021.
Vade Mecum RT 2020/ Equipe RT. – 17.Ed. – São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020

Continue navegando