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TCC Virgínia Viganó

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TECNOLOGIA 
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIRGÍNIA VIGANÓ 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO PARA ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAXIAS DO SUL 
2016 
 
 
 
VIRGÍNIA VIGANÓ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO PARA ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudo entregue como parte dos 
requisitos para aprovação na 
disciplina de Trabalho de Conclusão 
de Curso II do Curso de Engenharia 
Ambiental da Universidade de Caxias 
do Sul, sob a orientação do Prof. Dr. 
Geraldo Antônio Reichert e 
coordenação do Prof. Tiago 
Panizzon. 
 
 
 
 
 
 
CAXIAS DO SUL 
2016 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Etapas da metodologia utilizada no estudo ............................................... 12 
Figura 2 - Método de células ou trincheiras escavadas ............................................ 23 
Figura 3 - Método da área ......................................................................................... 24 
Figura 4 - Método das depressões ou meia encostas ............................................... 24 
Figura 5 - Superposição de camadas constituintes de um típico aterro de resíduos 
Classe I ..................................................................................................................... 26 
Figura 6 - Sistema de impermeabilização inferior para aterro de resíduos sólidos 
inertes, segundo as diretivas europeias .................................................................... 32 
Figura 7 - Sistema de impermeabilização inferior para aterro de resíduos sólidos não 
perigosos, segundo as diretivas europeias ............................................................... 33 
Figura 8 - Sistema de impermeabilização inferior para aterro de resíduos sólidos 
perigosos, segundo as diretivas europeias ............................................................... 33 
Figura 9 - Sistema de impermeabilização recomendados pela USEPA para aterros de 
resíduos não perigosos ............................................................................................. 34 
Figura 10 - Sistemas de impermeabilização recomendados pela USEPA para aterro 
de resíduos perigosos ............................................................................................... 35 
Figura 11 - Sistemas de impermeabilização recomendados pela USEPA para aterro 
de resíduos perigosos, com o uso de geossintéticos ................................................ 36 
Figura 12 - Condições hidrogeológicas que não requerem a impermeabilização do 
terreno natural no aterro de resíduos sólidos ............................................................ 36 
Figura 13 - Condições hidrogeológicas que requerem a impermeabilização do terreno 
natural no aterro de resíduos sólidos ........................................................................ 37 
Figura 14 - Sistema de impermeabilização inferior duplo .......................................... 37 
Figura 15 - Sistemas de impermeabilização inferior simples e composto ................. 38 
Figura 16 - Representação esquemática das camadas constituintes da 
impermeabilização de fundo do aterro ...................................................................... 40 
Figura 17 - Componentes básicos de sistemas de cobertura final ............................ 41 
Figura 18 - Célula de aterro antes da impermeabilização com camada de 
geomembrana ........................................................................................................... 45 
Figura 19 - Célula de aterro após a impermeabilização com camada de geomembrana
 .................................................................................................................................. 45 
Figura 20 - Danos na geomembrana provocados na sua instalação ........................ 46 
 
 
Figura 21 - Danos na geomembrana durante a operação do aterro ......................... 46 
Figura 22 - Método de disposição dos painéis de geomembrana na vala do aterro . 47 
Figura 23 - Geomembrana sendo instalada em aterro sanitário ............................... 47 
Figura 24 - Vala de ancoragem do sistema de impermeabilização ........................... 48 
Figura 25 - Ancoragem da geomembrana com solo local ......................................... 48 
Figura 26 - Disposição do fornecimento de geomembrana (em rolos) ...................... 49 
Figura 27 - Sistema de impermeabilização de fundo onde o geotêxtil possui função de 
proteção da geomembrana ....................................................................................... 50 
Figura 28 - Arranjo estrutural do geotêxtil não-tecido ................................................ 51 
Figura 29 - Geotêxtil não-tecido ................................................................................ 51 
Figura 30 - Arranjo estrutural do geotêxtil tecido ....................................................... 52 
Figura 31 - Geotêxtil tecido ....................................................................................... 52 
Figura 32 - Instalação de geotêxtil na base de um aterro ......................................... 52 
Figura 33 - Método de disposição do geotêxtil no aterro ........................................... 53 
Figura 34 - Geocomposto drenante com georrede .................................................... 53 
Figura 35 - Geocomposto drenante com geoespaçador ........................................... 54 
Figura 36 - Bentonita entre duas camadas de geotêxtil ............................................ 54 
Figura 37 - Teste das peneiras conforme NBR 7184 (ABNT, 1984) ......................... 56 
Figura 38 - Processo de escavação do solo ............................................................. 57 
Figura 39 - Compactação com o uso de rolo pé de carneiro ..................................... 58 
Figura 40 - Mecanismo de advecção, com a propagação do contaminante diluído no 
fluido na direção de fluxo e com concentração constante ......................................... 59 
Figura 41 - Mecanismo da dispersão, onde a concentração da massa contaminante 
diminui ao longo do transporte .................................................................................. 60 
Figura 42 - A dispersão mecânica causada pela diferença de velocidade devido à 
mudança na área dos canais vazios do solo, que faz com que a solução se disperse
 .................................................................................................................................. 61 
Figura 43 - Projeto adequado de sistema composto de impermeabilização com contato 
íntimo entre geomembrana e argila compactada ...................................................... 62 
Figura 44 - Isoterma linear ........................................................................................ 64 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Tipos de camadas e suas principais características ............................... 30 
Quadro 2 - Critérios para dispensa de impermeabilização complementar ................ 39 
Quadro 3 - Características, vantagens e desvantagens de determinadas 
geomembranas sintéticas ......................................................................................... 44 
Quadro 4 - Normas a serem atendidas nos ensaios de geomembrana .................... 49 
Quadro 5 - Comparativo entre os coeficientes de permeabilidade de alguns sistemas 
de impermeabilização ............................................................................................... 55 
Quadro 6 - Comparativo entre os sistemas de impermeabilização de fundo e de 
cobertura no Brasil, Estados Unidos e União Europeia ............................................. 66 
Quadro 7 - Vantagens e desvantagens do uso de solo e de geomembrana como 
camadas impermeabilizantes ....................................................................................67 
Quadro 8 - Quadro comparativo entre os sistemas de proteção ambiental nos locais 
estudados .................................................................................................................. 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Coeficientes de permeabilidade e espessura das camadas de solo para 
aterros de resíduos na União Europeia ..................................................................... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 
 METODOLOGIA ................................................................................................ 11 
 REQUISITOS LEGAIS ....................................................................................... 13 
 BRASIL .............................................................................................. 13 
 UNIÃO EUROPEIA ............................................................................ 17 
 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA .................................................... 19 
 ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................... 21 
 ELEMENTOS DE PROJETO ............................................................. 23 
 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO PARA ATERRO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS .................................................................................................................. 28 
 UNIÃO EUROPEIA ............................................................................ 31 
 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA .................................................... 34 
 BRASIL .............................................................................................. 36 
 MATERIAIS UTILIZADOS NAS BARREIRAS IMPERMEABILIZANTES ......... 42 
 GEOSSINTÉTICOS ........................................................................... 42 
 Geomembranas (GM)................................................................... 42 
 Geotêxtil (GT) ............................................................................... 50 
 Geocompostos ............................................................................. 53 
 Barreira mineral ............................................................................ 55 
 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CONTAMINANTES NO SOLO ..... 59 
 COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 
UTILIZADOS NA UNIÃO EUROPEIA, NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO 
BRASIL ..................................................................................................................... 65 
 CONCLUSÕES .................................................................................................. 74 
 LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 76 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 77 
APÊNDICE A - ARTIGO CIENTÍFICO ...................................................................... 85
8 
 
 INTRODUÇÃO 
 
Uma consequência inerente de todas as atividades humanas é a geração de 
resíduos sólidos. Com o aumento da população e o advento das tecnologias houve 
um ascensão significativa na aquisição de bens de consumo e, por consequência, na 
geração de resíduos sólidos. Por isso, o gerenciamento dos resíduos é um desafio da 
atualidade, enfrentado pela sociedade e pelo poder público. Segundo estimativa do 
Ministério das Cidades (BRASIL, 2015), 58,6% da massa total de resíduos coletada 
no país é disposta de forma ambientalmente adequada, sendo 38,6% da massa de 
resíduos ainda disposta de forma inadequada. 
Embora existam diversas tecnologias disponíveis no mercado, possibilitando 
a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos, segundo recomenda 
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), uma fração dos mesmos necessita 
ser encaminhada para um sistema para disposição final. A PNRS define essa fração 
de resíduos em seu artigo 3º, inciso XV, como os rejeitos (BRASIL, 2010). 
Segundo Coelho, Serra e Lustosa (2013), a utilização de aterros apresenta-
se no Brasil e na maioria dos países do mundo como a principal alternativa de 
disposição final de resíduos. Essa técnica, definida pela norma técnica NBR 8.419 
(ABNT, 1992) como o confinamento de resíduos na menor área possível, obedecendo 
a critérios de ordem técnica, ambiental, social e econômica, é amplamente utilizada 
devido à sua relativa simplicidade de execução, alta capacidade diária de absorção 
da geração de resíduos e baixo custo de implantação, se comparada a outras 
tecnologias existentes no mercado. 
O homem aprendeu ao longo dos anos as tristes consequências da sua 
incapacidade de proteger adequadamente o ambiente que o rodeia. Um dos 
problemas que se tem verificado é a migração de poluentes através dos solos 
subsuperficiais para as águas superficiais e subterrâneas. Sendo o aterro uma das 
melhores e mais amplamente utilizadas alternativas para disposição final de resíduos, 
é de suma importância a qualidade do mesmo. 
Um dos componentes de proteção ambiental fundamentais dos aterros de 
resíduos é o sistema de impermeabilização de base e de cobertura, além de outros 
como o de drenagem pluvial, de gases e de lixiviado. É fundamental que a concepção 
do projeto seja coerente com a realidade local e que o empreendimento seja 
executado com materiais e equipamentos adequados, mão de obra qualificada e 
9 
 
controle tecnológico. Os sistemas de proteção ambiental precisam garantir que o 
entorno da área seja preservado ao máximo, evitando a sua contaminação pelos 
resíduos sólidos depositados no aterro, de modo a atender os parâmetros fixados na 
legislação pertinente para o local. 
O sistema de impermeabilização consiste em uma sobreposição de camadas 
constituídas por elementos de baixo coeficiente de permeabilidade. Esse sistema evita 
que ocorra a contaminação do meio ambiente pelos resíduos dispostos no aterro. O 
mesmo é aplicado na cobertura do aterro, com a finalidade de evitar a fuga do biogás, 
além de diminuir a taxa de infiltração de água da chuva na massa resíduos e, 
consequentemente, a geração de líquidos lixiviados para tratamento; e na base do 
aterro, a fim de reter a passagem de líquidos lixiviados para o subsolo e para as águas 
subterrâneas e superficiais, contaminando a área. No geral, as camadas de 
impermeabilização são compostas por solos naturais, solos compactados e materiais 
geossintéticos, ou ainda, uma combinação destes elementos, quando o sistema é 
chamado de composto. A combinação de materiais é bastante utilizada em países 
como os Estados Unidos da América e a União Europeia. O uso de um ou de outro 
tipo de sistema depende da tipologia dos resíduos que serão dispostos no aterro e 
das características da área. Esses fatores determinarão o nível de segurança 
necessário na obra e, assim, poderão ser avaliadas as alternativas mais viáveis, 
considerando a realidade do local onde o empreendimento está localizado. 
Conforme Soares (2012), a grande preocupação em relação aos aterros de 
resíduos é o confinamento eficiente dos resíduos acondicionados, a fim de evitar a 
liberação de substâncias nocivas ao meio ambiente e à saúde humana. Isso porque a 
decomposição dos resíduos gera um líquido denominado lixiviado, com alta carga 
poluidora, o qual poderá contaminar o subsolo e os recursos hídricos se percolar 
diretamente no solo. Na degradação da matéria orgânica, além do lixiviado, também 
são gerados gases poluentes como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). 
A importância de um sistema de impermeabilização em um aterro de resíduos 
sólidos pode ser exemplificada por Gallas et al. (2005), que relatam a detecção de 
plumas de contaminação por lixiviado em um aterro sanitário localizadono município 
de Londrina (PR). A pluma de contaminação engloba o subsolo e o lençol freático e 
está situada à jusante da área estudada. Este tipo de contaminação geralmente ocorre 
pois o sistema de impermeabilização de base não retém o lixiviado gerado pela 
decomposição dos resíduos no aterro. Igualmente, Nakamura (2012), associam a 
10 
 
contaminação das águas subterrâneas no entorno de um aterro sanitário situado no 
município de Visconde do Rio Branco (MG) a problemas na impermeabilização da 
cobertura das células do referido aterro. 
Percebe-se que danos ambientais de grande extensão e, por vezes, 
irreversíveis, podem ocorrer na operação de um aterro por falhas no sistema de 
impermeabilização. O solo e as águas superficiais e subterrâneas podem ser 
contaminados devido às altas concentrações de espécies químicas presentes no 
lixiviado dos aterros de resíduos sólidos. Portanto, sempre deve-se buscar uma 
avaliação do local que abrigará o aterro, a fim de conhecer as características da área 
para dimensionar um sistema de impermeabilização eficiente. Isso é possível 
conhecendo-se as características e a função de cada camada de impermeabilização, 
a fim de efetuar o seu uso da melhor forma possível. 
O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo acerca dos sistemas de 
impermeabilização indicados para aterros de resíduos sólidos urbanos e industriais 
na União Europeia, nos Estados Unidos e no Brasil. Esse estudo compreende o 
levantamento dos aspectos legais, técnicos e ambientais relativos ao assunto. Nesse 
contexto, dá-se ênfase aos materiais utilizados como camadas de impermeabilização 
e as suas propriedades e uso. Buscou-se, também, identificar os mecanismos de 
transferência de contaminantes no solo para a compreensão das questões técnicas 
que resultam na escolha de um sistema adequado que evite a contaminação 
ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 METODOLOGIA 
 
O presente trabalho trata-se de um estudo realizado a partir de fontes 
secundárias, de cunho qualitativo exploratório, tendo as informações levantadas sido 
analisadas de forma indutiva. A finalidade desta pesquisa é reunir os conhecimentos 
acerca dos sistemas de disposição final de resíduos no Brasil, Estados Unidos e 
Europa. 
Conforme Gil (2008) a pesquisa exploratória tem como objetivo explanar e 
propiciar um maior conhecimento sobre determinado problema. Neste tipo de 
pesquisa, o autor procura um maior conhecimento sobre o tema de estudo. Segundo 
Vergara (2000) este tipo de pesquisa é realizada em áreas onde há pouco 
conhecimento científico reunido e/ou sistematizado. A pesquisa ainda foi classificada 
como de cunho qualitativo, pois não se utilizou de ferramentas estatísticas na análise 
de seu problema. 
Conforme explanado, os dados pesquisados foram analisados de forma 
indutiva. Segundo Prodanov e Freitas (2013), no raciocínio indutivo, a generalização 
deriva de comparações ou de observações de casos da realidade concreta. As 
constatações particulares levam à elaboração de generalizações entre os fenômenos 
ou assuntos que se deseja conhecer. 
Por meio de um método comparativo foi realizada uma análise e uma 
investigação documental da legislação do Brasil, dos Estados Unidos e da União 
Europeia. Essa pesquisa ainda contempla informações específicas sobre sistemas de 
disposição de resíduos sólidos, já levantadas por profissionais qualificados. Os dados 
foram extraídos dos estudos encontrados de forma descritiva, com o objetivo de reunir 
o conhecimento produzido até o momento sobre o tema em questão. 
De acordo com Gil (2008) o método comparativo procede da investigação de 
indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e as 
similaridades entre os mesmos. Para Prodanov e Freitas (2013), o método 
comparativo está centrado em estudar semelhanças e diferenças, com o objetivo de 
verificar semelhanças e explicar divergências. O método comparativo, ao ocupar-se 
das explicações de fenômenos, permite analisar o dado concreto, deduzindo 
elementos constantes, abstratos ou gerais nele presentes. 
O trabalho foi desenvolvido em três etapas principais. A Figura 1 apresenta 
as referidas etapas realizadas na metodologia adotada. 
12 
 
 
Figura 1 - Etapas da metodologia utilizada no estudo 
Fonte: Autora. 
 
Na etapa de definições foi realizada uma análise referente aos objetivos do 
presente estudo e das opções de pesquisa e metodologia, bem como as suas 
limitações. Foi necessária uma familiarização com o tema proposto, assim como a 
formulação de uma estratégia para o cumprimento das etapas a serem vencidas para 
a finalização do estudo. Para isso, foi desenvolvido um sumário preliminar, o qual 
norteou os trabalhos executados num primeiro momento. 
O período de desenvolvimento contempla a etapa mais produtiva do trabalho. 
Nesta fase foram reunidas, selecionadas e explanadas as informações pertinentes ao 
estudo. Foi, ainda, realizada a análise das informações e as comparações as quais se 
propôs efetuar, buscando-se aproximar ao máximo da realidade dos locais de estudo. 
Na fase de conclusões e ponderações foi realizada uma síntese do assunto 
onde as informações obtidas foram confrontadas de modo a apresentar uma análise 
crítica a respeito dos dados levantados. Ainda, elaborou-se um artigo científico com 
base no presente estudo, que é apresentado no Apêndice A. 
 
 
 
 
Definições
•Explanação/Definição do problema;
•Planejamento da pesquisa;
•Familiarização com o tema escolhido.
Desenvolvimento
•Revisão bibliográfica e de requisitos legais;
•Redação prévia/Formatação/Correções;
•Comparação das informações levantadas.
Conclusões e 
ponderações
•Formulação das conclusões;
•Análise crítica dos resultados do estudo;
•Elaboração de artigo científico.
13 
 
 REQUISITOS LEGAIS 
 
As principais leis, normativas e diretivas aplicáveis no Brasil, na União 
Europeia e nos Estados Unidos que possuem relação com o assunto deste trabalho, 
estão apresentadas nos tópicos a seguir. 
 
 BRASIL 
 
A legislação ambiental brasileira, no geral, trata da conservação ambiental nas 
esferas federais, estaduais e municipais, condicionando a utilização dos recursos 
naturais e punindo com multas e até reclusão o poluidor. Além disso, a referida 
legislação também prevê a recuperação e a reabilitação da área degradada, se 
confirmada a contaminação no local. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, lei suprema do 
país, expressa o direito de todos do acesso ao meio ambiente e da qualidade de vida, 
conforme capítulo VI, artigo 225: 
 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). 
 
A nível federal destaca-se também a Política Nacional de Meio Ambiente 
(PNMA), Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que em seu artigo 2º traz a seguinte 
redação: 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos 
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana 
[...] (BRASIL,1981). 
 
 
O aterro sanitário e o aterro industrial são considerados como alternativas 
tecnológicas que reduzem a degradação ambiental. Isso pode ser exemplificado com 
relação à qualidade do ar, já que a emissão de gases poluentes é evitada; e com 
relação à qualidade do solo e das águas subterrâneas, uma vez que o sistema de 
impermeabilização projetado para o aterro deve evitar este tipo de contaminação. Em 
suma, os projetos de aterros devem ser elaborados de modo a proteger a água, o 
14 
 
solo, o ar e a saúde pública como um todo dos constituintes dos resíduos sólidos:matéria orgânica, inorgânica e resíduos perigosos. 
Os resíduos sólidos são caracterizados pela PNRS, em seu artigo 3º, inciso 
XVI, como: 
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades 
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe 
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, 
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades 
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos 
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis 
em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010). 
 
A fim de que os mesmos possam ser gerenciados adequadamente, a 
Associação Brasileira de Normas Técnicas, por meio da NBR 10.004 (ABNT, 2004), 
categoriza os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e 
à saúde pública, dividindo-os em três classes: 
• Resíduos Classe I - Perigosos: são aqueles que apresentam uma ou 
mais características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade 
e patogenicidade; 
• Resíduos Classe II - Não perigosos, que se subdividem em: 
o Resíduos Classe II - A (não inertes): são aqueles que não se 
enquadram nas classificações de Resíduo Classe I - Perigoso ou de 
Resíduo Classe II B - Inerte. Estes resíduos podem apresentar 
propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou 
solubilidade em água; 
o Resíduos Classe II - B (inertes): quaisquer resíduos que possam 
ter seus constituintes solubilizados (em água destilada ou deionizada 
à temperatura ambiente) a concentrações superiores aos padrões de 
potabilidade de água, conforme Anexo G da NBR 10004 (ABNT, 
2004). 
Os resíduos Classe I - Perigosos, apresentam uma ressalva. Atualmente, os 
resíduos perigosos inflamáveis, assim como os resíduos líquidos (óleos, por exemplo), 
já não são depositados em aterros em diversos estados e, inclusive, no Rio Grande 
do Sul. Uma restrição imposta pela Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente 
(FEPAM), por meio da Portaria nº 16/2010, proíbe a destinação de resíduos com estas 
características em aterros. 
15 
 
Os resíduos da construção civil (RCC) são classificados como classe II - B 
(inertes) pela NBR 10004 (ABNT, 2004) e como classe A pela Resolução do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), nº 307, de 5 de julho de 2002. A mesma 
Resolução determina que estes podem ser encaminhados para disposição em aterros 
de resíduos sólidos projetados para inertes. 
A PNRS deixa claro em seu artigo 15, inciso V, que uma de suas metas é a 
eliminação dos lixões e a recuperação dos locais utilizados como depósito de resíduos 
sem nenhum sistema de controle (BRASIL, 2010). Um lixão não dispõe de um sistema 
de controle da poluição, ou seja, a PNRS expõe que locais que não possuem um 
sistema de impermeabilização não podem operar. 
Outro ponto da PNRS a ser destacado está em seu artigo 9º, o qual estabelece 
uma ordem de prioridades a ser seguida no gerenciamento de resíduos sólidos: a não 
geração, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e 
a disposição final (BRASIL, 2010). A disposição final ambientalmente adequada 
baseia-se na distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas 
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à 
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010). Percebe-
se que a própria legislação cita o aterro de resíduos sólidos como destino final 
ambientalmente adequado para os rejeitos. Portanto, verifica-se a relevância do tema, 
sendo que todos os aterros devem possuir um sistema de impermeabilização. 
Ambas as leis supracitadas expressam o direito dos cidadãos a um meio 
ambiente sadio e equilibrado, visando à qualidade de vida das pessoas. A função para 
a qual são projetados os sistemas de impermeabilização é justamente esta: manter o 
equilíbrio ambiental, preservando os recursos naturais para que os indivíduos possam 
usufruir deles. Por meio dos sistemas de impermeabilização, é possível manter a 
preservação do solo, da água e do ar nos locais onde está inserido o aterro de 
resíduos sólidos e no seu entorno, mantendo as relações ecossistêmicas o mais 
próximo possível de seu curso natural. 
Também cabe aqui relacionar as normas técnicas a nível federal, publicadas 
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pertinentes ao assunto: 
• NBR 10.157 de 1987, referente aos critérios para projeto, construção e 
operação de aterros de resíduos perigosos; 
• NBR 8.419, de 1992, referente aos critérios para apresentação de 
projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos; 
16 
 
• NBR 13.896, de 1997, referente aos critérios para projeto, implantação 
e operação de aterros de resíduos não perigosos; 
• NBR 10.004, de 2004, referente à classificação dos resíduos sólidos; 
• NBR 15.113, de 2004, referente a resíduos sólidos da construção civil e 
resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação e; 
• NBR 15.849, de 2010, referente a diretrizes para localização, projeto, 
implantação, operação e encerramento de aterros sanitários de pequeno 
porte. 
Todas estas normas supracitadas apresentam requisitos para o 
dimensionamento dos sistemas de impermeabilização em aterros de resíduos. 
Destaca-se, dentre estas, a norma NBR 13.896, em seu subitem 4.1.1 alínea b coloca 
como critério para localização de aterros de resíduos sólidos a existência, no local, de 
um depósito natural de solo com coeficiente de permeabilidade inferior a 10-6 cm/s e 
uma zona não saturada com espessura superior a 3,0 m. Além das normas 
elencadas, há uma única norma sobre as geomembranas, material que constitui-se 
como um tipo de camada de impermeabilização, pela ABNT, que é a NBR 15.352 
(ABNT, 2006). Esta norma estabelece os requisitos mínimos para as mantas 
termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) e de polietileno linear 
(PEBDL), destinadas à execução de impermeabilização. 
No âmbito estadual, especificamente no estado do Rio Grande do Sul, a 
Política Estadual de Resíduos Sólidos, Lei nº 14.528, de 2014, em seu artigo 3º 
menciona que uma disposição final ambientalmente adequada corresponde a 
depositar resíduos sólidos em aterros, observando as normas pertinentes. No Rio 
Grande do Sul também tem-se a Lei nº 9.921, de 1993, referente à gestão dos 
resíduos sólidos. Esta, em seu artigo 5º, menciona a necessidade de uma preparação 
do terreno para receber os resíduos sólidos, conforme transcreve-se: 
 
Quando a destinação final for disposição no solo, deverão ser tomadas 
medidas adequadas para proteção das águas superficiais e subterrâneas, 
obedecendo aos critérios e normas estabelecidas pelo órgão ambiental do 
Estado (RIO GRANDE DO SUL, 1993). 
 
Em consonância com a legislação já citada, a Lei Federal nº 9.605, de 12 de 
fevereiro de 1998, conhecida como a Lei dos Crimes Ambientais, afirma que: 
 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou 
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a 
17 
 
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, 
de um a quatro anos, e multa (BRASIL, 1998). 
 
Além do pagamento de multas e da reclusão do infrator, segundo a Lei dos 
Crimes Ambientais, o poluidor deverá promover a recuperação do local afetado. A 
Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 420, de 28 de 
dezembro de 2009, dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo 
quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o 
gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em 
decorrência de atividades antrópicas. A referida resolução obriga o poluidor a realizar 
a remediação de uma área com vistas à sua reabilitação, no caso de confirmada a 
contaminação do solo. 
Em relação à proteçãodo ar e das águas, a Resolução CONAMA nº 003, de 
28 de junho de 1990, dispõem sobre os padrões de qualidade do ar e a Resolução 
CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, alterada pela Resolução nº 410/2009, a 
Resolução nº 430/2011 e a Resolução CONAMA nº 396, de 04 de abril de 2008, 
dispõe sobre a qualidade da água. 
 
 UNIÃO EUROPEIA 
 
Na União Europeia, a legislação é aplicada através das denominadas 
diretivas. As diretivas europeias são legislações criadas para serem aplicadas em 
seus países membros, após a devida ratificação por parte dos mesmos. Segundo 
Guimarães (2014), em 1975, surgiu na UE a Diretiva 75/442/CE, com o objetivo de 
garantir que os resíduos fossem aproveitados ou eliminados sem colocar em perigo a 
saúde humana e sem utilizar processos ou métodos suscetíveis a agredir o ambiente. 
Conforme a autora, ao longo do tempo essa diretiva foi sendo alterada. Em 
1991, começou-se a exigir autorização para as operações de disposição de resíduos, 
segundo a quantidade, as normas técnicas, o tipo de material e o local da eliminação. 
Além disso, a referida diretiva procurou incentivar a recuperação e reutilização dos 
resíduos, prevendo o princípio do poluidor-pagador, devendo os custos com a 
destinação dos resíduos serem suportados pelos geradores. 
Em 1999, foi promulgada a Diretiva 1999/31/CE, relativa à deposição de 
resíduos em aterros. Essa Diretiva definiu aterro de resíduos sólidos como a 
instalação de eliminação de resíduos através da sua deposição acima ou abaixo da 
18 
 
superfície natural. De acordo com a referida legislação, os resíduos sólidos são 
classificados em: 
• Resíduos sólidos urbanos; 
• Resíduos sólidos perigosos; 
• Resíduos sólidos não perigosos; 
• Resíduos sólidos inertes. 
Segundo a Diretiva 1999/31/CE, resíduos líquidos, resíduos que nas 
condições de aterro são explosivos, corrosivos, oxidantes ou inflamáveis; resíduos 
hospitalares e pneus usados, com exceção dos pneus utilizados como elementos de 
proteção em aterros e dos pneus que tenham um diâmetro exterior superior a 1400 
mm não são admitidos em aterros. 
A mesma Diretiva também contempla metas para a minimização da geração 
de resíduos, processos para o recebimento dos resíduos no aterro e critérios para 
localização e projetos dos aterros. As metas envolvem a redução do teor de matéria-
orgânica presente nos resíduos, a fim de reduzir as emissões de gases poluentes 
oriundos da degradação destes resíduos. A Diretiva propõe metas progressivas de 
redução do teor de resíduos biodegradáveis em 5 anos, 8 anos e 15 anos, as quais 
são de 75%, 50% e 35%, respectivamente. Essa porcentagem é calculada sobre a 
quantidade total (por peso) de resíduos urbanos biodegradáveis produzidos em 1995 
ou no ano mais recente antes de 1995, para o qual existam dados normalizados do 
Eurostat (organização estatística da Comissão Europeia que produz dados 
estatísticos e promove a harmonização dos métodos estatísticos entre os estados 
membros). 
Conforme a Diretiva 1999/31/CE os aterros de resíduos sólidos devem 
implementar um controle de poluição das águas superficiais, águas subterrâneas, solo 
e atmosfera. Na mesma legislação são expostos os requisitos técnicos para aterros 
de resíduos de todos os tipos, especialmente no que se refere aos sistemas de 
impermeabilização. 
A União Europeia também possui a diretiva 2003/33/CE, que estabelece os 
critérios e processos de admissão de resíduos com base na diretiva 1999/31/CE e 
uma Diretiva de Responsabilidade Ambiental, a 2004/35/CE. Esta legislação prevê a 
reparação dos danos ambientais pelo poluidor, no caso de degradação ambiental. No 
caso de danos causados por contaminação oriunda da ineficiência dos sistemas de 
proteção do aterro de resíduos, o operador será responsabilizado. 
19 
 
 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 
 
Nos Estados Unidos, conforme Kronbauer et al. (2010) em 1976 foi 
promulgada a Lei de Recuperação e Conservação de Recursos Naturais a qual 
assegura a todos os cidadãos americanos o direito a um meio ambiente preservado. 
Mais tarde, em 1990, o Congresso aprovou a Lei de Prevenção da Poluição, cujo 
propósito era obrigar o emprego de todas as formas de reutilização de resíduos 
autorizando o descarte em aterros somente quando este for a última alternativa. 
Ao pesquisar a legislação, as normas técnicas e as diretivas relacionados ao 
assunto, verificou-se que os Estados Unidos tiveram a sua primeira legislação 
impondo critérios para a implantação de aterros de resíduos sólidos promulgada no 
ano de 1979, sendo que, atualmente, a legislação em vigor é datada de 1993. 
Os aterros de resíduos sólidos surgem nos Estados Unidos nos anos 1930. 
Um dos primeiros registros que se tem é da concepção do aterro sanitário da cidade 
de Fresno, considerado o primeiro aterro sanitário moderno. O mesmo foi inaugurado 
em 1937 e encerrado em 1987. Estima-se que o aterro tenha recebido entre 4,7 e 8 
milhões de metros cúbicos de resíduos (MELOSI M., 2004 apud SILVA, 2014). 
Em 1959, percebendo a importância do tema, a Sociedade Americana de 
Engenheiros Civis, lança diretrizes para a implantação de aterros de resíduos sólidos 
nos Estados Unidos. Estas diretrizes eram relativas à compactação dos resíduos e à 
sua cobertura diária com solo, a fim de minimizar a formação de odores e o 
aparecimento de roedores e outros tipos de animais (SILVA, 2014). Entretanto, estes 
aterros ainda não possuíam uma barreira protetora adequada, levando à 
contaminação de solos, cursos d’água e águas subterrâneas. 
Os primeiros critérios para a implantação de aterros de resíduos sólidos nos 
EUA foram apresentados em 1979 pela Environmental Protection Agency (EPA) 
(MELOSI M., 2004 apud SILVA, 2014). Anos mais tarde, em 1991, a EPA apresenta 
o Solid Waste Disposal Facility. Neste documento eram descritos requisitos de 
implantação, operação, monitoramento e encerramento de aterros de resíduos sólidos 
urbanos (FRANCHETTI, 2009 apud SILVA, 2014). 
Atualmente, a legislação em vigor nos Estados Unidos é o código de 
regulamentos federal (CFR), de 1993, o qual apresenta 50 títulos, sendo que o seu 
título 40, editado pela Environmental Protection Agency dos EUA (USEPA) diz 
respeito à proteção da saúde humana e do meio ambiente. Os dois subcapítulos do 
20 
 
título 40 que versam a respeito de aterros de resíduos são o C (Partes 50 a 99) e o I 
(Partes 239 a 282). O subcapítulo C, parte 60, trata sobre a qualidade do ar. Nele são 
fixados limites de emissões, bem como programas voltados ao controle da qualidade 
do ar. Esta subparte determina padrões para poluentes lançados na atmosfera como 
o metano. A parte 258, do subcapítulo I, trata especificamente sobre aterros de 
resíduos sólidos. A subparte D determina os critérios de projeto para aterros, inclusive 
os sistemas de impermeabilização de base e de cobertura. Nesta subparte estão 
definidos os critérios para os sistemas de impermeabilização. 
21 
 
 ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
Da mesma forma que os resíduos são classificados pela NBR 10.004 (ABNT, 
2004), visando um adequado gerenciamento, os aterros de resíduos sólidos também 
possuem classificação, segundo a tipologia dos resíduos dispostos nos mesmos. 
Conforme Pinto (2011), os aterros de resíduos sólidos podem ser classificados como: 
• Aterros de resíduos sólidos Classe I; 
• Aterros de resíduos sólidos Classe IIA; ou 
• Aterros de resíduos sólidos Classe IIB. 
A NBR 8.419 (ABNT, 1992), que trata da “Apresentação de projetos de aterros 
sanitários de resíduos sólidos urbanos” define aterro sanitário de RSU como: 
 
Técnica de disposição de resíduos industriais no solo, sem causar danos ou 
riscos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos 
ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os 
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume 
permissível, cobrindo-os com uma camadade terra na conclusão de cada 
jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário (ABNT, 1992). 
 
Os aterros sanitários, Classe IIA, são definidos pela NBR 8.419 em seu item 
3.2 como uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar 
danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, 
método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à 
menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma 
camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, 
se necessário (ABNT, 1992). 
A NBR 15.113 (ABNT, 2004) define aterro para resíduos sólidos Classe IIB 
em seu item 3.3: 
Aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes: área onde são 
empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil classe A, 
conforme classificação da Resolução CONAMA n° 307, e resíduos inertes no 
solo, visando a preservação de materiais segregados, de forma a possibilitar 
o uso futuro dos materiais e/ou futura utilização da área, conforme princípios 
de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos 
à saúde pública e ao meio ambiente. 
 
Os aterros para resíduos sólidos ainda são denominados como aterros 
industriais quando recebem rejeitos provenientes do setor de indústria, comércio e 
prestação de serviços, podendo estes rejeitos serem classificados como Classe I, 
Classe IIA ou Classe IIB e aterros sanitários, quando são destinados ao recebimento 
de resíduos sólidos urbanos. 
22 
 
Catapreta et al. (2005) expõe que nos países em desenvolvimento, como o 
Brasil, a alternativa mais amplamente adotada para disposição final dos resíduos 
sólidos urbanos (RSU) gerados diariamente pela população é o aterro sanitário. Esta 
alternativa, segundo os autores, representa a solução técnica e economicamente mais 
viável para a disposição de RSU. 
De acordo com McDougall et al. (2001), a deposição de materiais em aterro 
sanitário é a única técnica de disposição final de resíduos, pois outras opções, como 
o tratamento biológico ou térmico, também produzem resíduos que, posteriormente, 
precisam ser depositados em aterro. 
No Brasil, a PNRS estabelece uma ordem de prioridades no gerenciamento 
de resíduos, conforme seu artigo 9º: 
 
Art. 9º Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada 
a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, 
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final 
ambientalmente adequada dos rejeitos. (BRASIL, 2010). 
 
É importante destacar que, conforme o artigo supracitado, apenas os rejeitos 
devem ser encaminhados para disposição final. Todavia, por questões de 
nomenclatura já consagrada na bibliografia existente e na legislação pertinente, 
continua-se utilizando o termo aterro de resíduos sólidos. 
Além das características da área, um dos principais aspectos interferentes na 
implantação de um aterro de resíduos sólidos é a tipologia de resíduos que o 
empreendimento irá receber. A classificação dos resíduos a serem recebidos definirá 
o tipo de aterro a ser implantado. 
Carvalho (1999) comenta que é comum o equívoco entre os termos aterro 
sanitário, lixões e depósito de resíduos. Lima (1991) destaca que nos lixões ou 
depósitos de resíduos inexistem critérios técnicos ou ambientais para a disposição de 
resíduos. Todavia, o aterro sanitário deve ser executado de tal forma que não 
comprometa a qualidade do solo e das águas superficiais. Para isso, na fase de 
dimensionamento devem ser projetadas estruturas como: sistema de drenagem 
pluvial, de gases e de lixiviado, bem como de tratamento do lixiviado, recobrimento 
diário dos resíduos com uma camada de solo, sistema de impermeabilização de base 
e de fundo, entre outras medidas. 
Da mesma forma ocorre com os aterros de resíduos sólidos industriais. 
Conforme Boscov (2008), aterros de resíduos sólidos urbanos ou industriais são 
23 
 
projetados com base nos mesmos princípios, o de conter e de confinar o resíduo, 
sendo que a diferença entre os tipos de aterros é o grau de segurança necessário 
para que se cumpram tais premissas. Deve-se ter um cuidado especial em aterro 
industriais que é o controle dos resíduos a serem dispostos, pois, em aterros 
industriais, só podem ser dispostos resíduos quimicamente compatíveis, ou seja, 
aqueles que não reagem entre si, nem com as águas de chuva infiltradas. 
 
 ELEMENTOS DE PROJETO 
 
Segundo Loureiro (2005), os aterros não podem ser vistos como um simples 
local de armazenamento de resíduos mas devem ser avaliados também como obras 
geotécnicas no comportamento das distintas etapas de operação e degradação. 
Devido a isso, deve-se observar a prática mais adequada ao local para a sua 
implantação. 
Na implantação de aterros de resíduos sólidos, destacam-se os seguintes 
métodos: métodos de células ou trincheiras escavadas, método da área e método das 
depressões ou meia encostas. Conforme Reichert (2007), o método das células ou 
trincheiras escavadas (Figura 2) é indicado para locais onde há profundidade 
suficiente para escavação e onde o lençol freático não está próximo à superfície. O 
solo proveniente das escavações geralmente é utilizado para a cobertura diária e final. 
Segundo Reichert (2007), as células normalmente têm formato quadrado e as 
trincheiras são retangulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Tchobanouglos et al. (1993 apud REICHERT, 2007). 
 
De acordo com Reichert (2007) o método da área (Figura 3) é utilizado quando 
o terreno não é apropriado para escavações de células ou de trincheiras. Esta situação 
Figura 2 - Método de células ou trincheiras escavadas 
24 
 
ocorre em locais onde o nível do lençol freático está próximo à superfície. O material 
de cobertura deve ser importado de áreas adjacentes ou de áreas de empréstimo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Tchobanouglos et al. (1993 apud REICHERT, 2007). 
 
O autor supracitado afirma que depressões, áreas de escavações, saibreiras, 
argileiras e pedreiras, com a sua capacidade útil esgotada também podem ser 
utilizadas para aterros (Figura 4). A disposição dos resíduos irá variar conforme a 
geometria e as características do local. Visto que estes locais geralmente não dispõem 
de material para cobertura diária, este deverá ser importado de fora da área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Tchobanouglos et al. (1993 apud REICHERT, 2007). 
 
A seleção de áreas favoráveis para a implantação de aterros é realizada com 
base em critérios técnicos, econômicos e ambientais. Existem metodologias que 
conferem pontuações às áreas disponíveis para este fim, a fim de auxiliar e justificar 
uma escolha técnica. Bagchi (1994) ressalta que, para que um aterro sanitário possa 
ser implantado, a área escolhida para o projeto deve cumprir critérios locacionais e 
geotécnicos. Destacam-se alguns fatores tais como geotecnica local, recursos 
Figura 3 - Método da área 
Figura 4 - Método das depressões ou meia encostas 
25 
 
hídricos, dados de pluviometria, fauna e flora, zoneamento ambiental, disponibilidade 
de infraestrutura e distância dos núcleos populacionais. 
É importante ressaltar que o que difere na implantação de cada tipo de aterro 
são os critérios de segurança considerados no projeto dos mesmos. Estes critérios 
são observados nas normas técnicas pertinentes: NBR 8.418, de 1984, referente aos 
critérios para apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos; 
NBR 13.896, de 1997, referente aos critérios para projeto, implantação e operação de 
aterros de resíduos não perigosos; NBR 10.157, de 1987, referente aos critérios para 
projeto, construção e operação de aterros de resíduos perigosos; NBR 8.419, de 1992, 
referente aos critérios para apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos 
sólidos urbanos; NBR 15.113, de 2004, referente a resíduossólidos da construção 
civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação; e 
NBR 15.849, de 2010, referente a diretrizes para localização, projeto, implantação, 
operação e encerramento de aterros sanitários de pequeno porte. 
Conforme Reichert (2007) o projeto de um aterro deve buscar minimizar os 
riscos à saúde pública e ao meio ambiente em caso de falhas na construção ou 
operação. Com base nesta premissa, o projeto de um aterro de resíduos sólidos 
deverá contemplar a concepção de estruturas de engenharia que desempenhem esta 
função. 
De acordo com Azambuja (2007), o projeto de um aterro de resíduos não pode 
ser segmentado em atividades estanques. A sua concepção, a escolha dos materiais 
que serão utilizados na sua implantação e a forma de operação dependerão não só 
do tipo de resíduo com que se pretende lidar, mas também com o ambiente geológico 
geotécnico onde se insere o empreendimento. Para cada local, se adapta uma forma 
de aterro diferente em consonância com as características do meio, de seus recursos 
e das demandas que deverá atender. 
Conforme Reichert (2007), em linhas gerais, o projeto de um aterro contempla 
os seguintes sistemas: 
• Sistema de drenagem superficial (pluvial): possui como objetivos a coleta 
e a drenagem das águas de chuva, a fim de evitar a erosão nos taludes e no 
sistema viário e o aumento do volume de percolados por infiltrações 
superficiais. Geralmente é constituído de canais escavados no solo ou por 
canaletas que podem ser de diferentes formatos e materiais; 
26 
 
• Sistema de impermeabilização: possui a função de impedir a infiltração 
de águas da chuva na massa de resíduos após o encerramento do aterro 
(impermeabilização superior) e garantir um confinamento eficiente dos 
resíduos e lixiviados gerados, impedindo a infiltração de poluentes no subsolo 
e aquíferos adjacentes (impermeabilização inferior). O sistema deve ser: 
estanque, durável, resistente e compatível com os resíduos que serão 
depositados no aterro. Os materiais mais usados para a impermeabilização 
em aterro são as argilas compactadas e as geomembranas sintéticas; 
• Sistema de drenagem de lixiviados: os líquidos que chegam ao fundo do 
aterro provenientes de águas da chuva e da decomposição dos resíduos 
podem ser chamados de lixiviado. Este, devido a sua composição (elevada 
carga orgânica, metais pesados e grupos microbianos) precisa ser drenado 
para um sistema de tratamento. O dreno geralmente é confeccionado com o 
uso de brita ou areia; 
• Sistema de drenagem de gases: o biogás resultante da decomposição 
anaeróbia da matéria orgânica, deve ser drenado por meio de drenos 
horizontais e verticais, neste último caso sempre conectados aos drenos de 
lixiviado na base do aterro. Os drenos de gases são desenvolvidos com o uso 
de brita graduada. 
Na Figura 5 podem-se verificar algumas das estruturas supramencionadas. 
Além das estruturas acima elencadas, deve-se implantar monitoramento geotécnico e 
ambiental, além das instalações de apoio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Azambuja (2007). 
Figura 5 - Superposição de camadas constituintes de um típico aterro de resíduos 
 
27 
 
 
Segundo Susin (2010), por se tratar de uma obra que busca o isolamento do 
resíduo mediante confinamento, deve-se considerar a decomposição do mesmo no 
interior da célula. Desta forma, justifica-se a instalação de sistemas de drenagem de 
gases e de lixiviado, assim como de impermeabilização de base e de cobertura no 
aterro. Caso não ocorra a execução destes sistemas, especialmente o de 
impermeabilização, poderá correr a contaminação do solo e, posteriormente, das 
águas superficiais e subterrâneas. 
 
 
 
 
 
28 
 
 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO PARA ATERRO DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS 
 
A norma NBR 10.157 - Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, 
implantação e operação (1987), assim como a norma NBR 13.896 - Aterros de 
resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação (1997) 
definem impermeabilização como sendo “deposição de camadas de materiais 
artificiais ou naturais, que impeça ou reduza substancialmente a infiltração no solo dos 
líquidos percolados, através da massa de resíduos” (ABNT, 1987) e (ABNT, 1997). 
Em relação às normativas sobre aterros sanitários, a norma NBR 8.419 
(ABNT, 1992), a qual estabelece critérios para apresentação de projetos de aterros 
sanitários de resíduos sólidos urbanos, expõe que um sistema de impermeabilização 
deverá ser implementado quando solicitado pelo órgão ambiental pertinente. Ainda, 
quando fala-se em normas técnicas referentes a aterros sanitários, a norma NBR 
15.849 (ABNT, 2010), relativa às diretrizes para localização, projeto, implantação, 
operação e encerramento de aterros sanitários de pequeno porte, define sistema de 
impermeabilização como: “elemento de proteção ambiental destinado a isolar os 
resíduos do solo natural de maneira a minimizar a infiltração de lixiviados e de biogás” 
(ABNT, 2010). 
No que tange às características do terreno natural que irá receber o aterro de 
resíduos sólidos, a norma NBR 13.896 (ABNT, 1997), em seu subitem 4.1.1, alínea b 
coloca como critério o seguinte: 
 
Geologia e tipos de solos existentes - tais indicações são importantes na 
determinação da capacidade de depuração do solo e da velocidade de 
infiltração. Considera-se desejável a existência, no local, de um depósito 
natural extenso e homogêneo de materiais com coeficiente de 
permeabilidade inferior a 10-6 cm/s e uma zona não saturada com espessura 
superior a 3,0 m (ABNT, 1997). 
 
A NBR 13.896 (ABNT, 1997), ainda expõe em seu subitem 5.2.1, que trata 
sobre impermeabilização do aterro, o que segue: 
 
Sempre que as condições hidrogeológicas do local escolhido para a 
implantação do aterro não atenderem às especificações de 4.1.1-b) deve ser 
implantada uma camada impermeabilizante da superfície inferior conforme: 
ser constituída com materiais de propriedades químicas compatíveis com o 
resíduo, com suficiente espessura e resistência, de modo a evitar rupturas 
devido a pressões hidrostáticas e hidrogeológicas, contato físico com o 
líquido percolado ou resíduos, condições climáticas e tensões da instalação 
da impermeabilização ou aquelas originárias da operação diária; 
29 
 
ser colocada sobre base ou fundação capaz de suportá-la, bem como resistir 
aos gradientes de pressão acima e abaixo da impermeabilização, de forma a 
evitar sua ruptura por assentamento, compressão ou levantamento do aterro; 
ser instalada de forma a cobrir toda a área, de modo que o resíduo ou líquido 
percolado não entre em contato com o solo natural (ABNT, 1997). 
 
Da mesma forma que a NBR 13.896, a norma NBR 10.157 - Aterros de 
resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e operação, concorda com o 
item supramencionado, 5.2.1, possuindo inclusive a mesma redação. 
A construção de sistemas de impermeabilização em aterros também objetiva 
impedir a infiltração de águas da chuva na massa de resíduos, após a conclusão da 
operação de aterramento, quando deve ocorrer a impermeabilização superior da 
massa resíduos (REICHERT, 2007). A norma NBR 13.896, menciona em seu subitem 
5.8.2; b) e a NBR 10.157 expõe em seu item 9.2; b) que o plano de encerramento de 
um aterro de resíduos sólidos deverá prever: o projeto e a construção da cobertura 
final, de forma a minimizar a infiltração de água na célula, exigir pouca manutenção, 
não estar sujeita à erosão, acomodar assentamento sem fratura e possuir um 
coeficiente de permeabilidade inferior ao solo natural da área do aterro. 
Um sistema de cobertura final tem por objetivo minimizar a infiltração das 
águas pluviais no aterro, além de outros aspectos elencados por Reichert (2007), 
conforme cita-se: 
• Promover uma boa drenagem superficial; 
• Resistir à erosão; 
• Restringir a migração do biogás ou melhorar a suarecuperação 
energética; 
• Separar os resíduos dos vetores como animais, insetos e roedores; 
• Melhorar o aspecto estético e paisagístico; 
• Minimizar a manutenção de longo prazo; 
• Proteger a saúde humana e o meio ambiente. 
Cada camada individual que compõe o sistema de impermeabilização do 
aterro é denominada de camada impermeabilizante, barreira de impermeabilização, 
entre outras nomenclaturas semelhantes que podem ser utilizadas. Carvalho (1999) 
ressalta que existem diversos tipos de camadas impermeabilizantes, dentre estas 
destacam-se como as mais utilizadas: 
• Solos locais compactados; 
• Solos argilosos compactados (CCL); 
30 
 
• Geomembranas (GM); 
• Geocomposto bentonítico (GCL). 
Em relação aos tipos de camadas impermeabilizantes, Locastro e De Angelis 
(2016) comentam que independentemente das camadas adotadas, o sistema a ser 
executado deve proporcionar qualidade e segurança. Além dos tipos de camadas 
mais usuais, expostos anteriormente, os autores destacam em seu trabalho algumas 
alternativas e suas características (Quadro 1). 
 
Quadro 1 - Tipos de camadas e suas principais características 
Camada Características 
Lodo aplicado como 
camada de cobertura 
• Conforme Bizarreta e de Campos (2011 apud Locastro e De Angelis 
(2016)), o lodo apresenta permeabilidade de 1,5x10-5 cm/s; 
• Segundo Locastro e De Angelis (2016), o lodo não está sujeito a formação 
de trincas, o que evita a passagem de gás metano pela cobertura e 
proporciona o seu melhor aproveitamento. 
Resíduos de 
construção e demolição 
(RCD) aplicados como 
camada de cobertura 
• De acordo com Catapreta et al. (2011 apud Locastro e De Angelis (2016)) 
os RCDs apresentam permeabilidade de 2,3x10-3 a 5,9x10-3 cm/s; 
• Locastro e De Angelis (2016) afirmam que, com o uso dos RCDs, o custo 
total da obra diminui visto que o custo da impermeabilização é reduzido. 
Todavia, os autores também expõem que, devido a sua alta 
permeabilidade, contribui para que o lixiviado gerado percole mais 
facilmente pelo maciço de resíduos, o que pode ser um ponto negativo. 
Barreira capilar 
aplicada como camada 
de cobertura 
• Conforme Almeida et al. (2011 apud Locastro e De Angelis (2016)) estes 
sistemas caracterizam-se por duas camadas de materiais com 
granulometrias diferentes. Uma camada de materiais mais finos sobre 
uma camada de materiais grossos, ambos porosos; 
• Locastro e De Angelis (2016) explicam que devido à retenção de água 
nos poros menores, esta água, ao invés de percoladar na massa de 
resíduos, pode ser removida por evapotranspiração ao ser drenada. 
Como vantagens deste sistema, os autores colocam que podem ser 
utilizados resíduos de compostagem, entre outros, tornando o processo 
ambientalmente sustentável e evitando-se custos com solos de áreas de 
empréstimo. 
Solo cimento aplicado 
como 
impermeabilização de 
base 
• Segundo Korf e Prietto (2011) apud Locastro e De Angelis (2016) este 
composto é formado adicionando-se a solos argilosos a proporção de 2% 
de cimento; 
• Ainda, conforme os autores supracitados, o referido processo faz com 
que a camada apresente capacidade para retenção de metais pesados 
como cádmio e chumbo. 
Bentonita aplicada 
como 
impermeabilização de 
base 
• De acordo com Locastro e De Angelis (2016) o composto resultante da 
combinação de solo local compactado e bentonita, na proporção de 4%, 
resulta em uma barreira impermeabilizante com coeficiente de 
permeabilidade de 10-7 cm/s; 
• Lima et al. (2011 apud Locastro e De Angelis (2016)) explicam que as 
bentonitas são argilo-minerais que se expandem com a umidade. Por 
meio da entrada de água a camada se expande devido à absorção e após 
ocorre a adsorção, em um segundo momento, causando uma nova 
expansão. 
• Locastro e De Angelis (2016) destacam que o uso deste tipo de camada 
representa uma redução nos custos da obra, visto que em diversos locais 
do país há a disponibilidade de solos bentoníticos. 
Fonte: Adaptado de Locastro e De Angelis (2016). 
31 
 
 
Locastro e De Angelis (2016) concluem que, dentre as tipologias estudadas, 
aquelas compostas pela combinação de solo compactado e geossintéticos foram as 
que apresentaram melhor segurança e menores impactos ambientais. 
Percebe-se que todas as medidas preventivas possíveis, em relação à 
preservação do meio ambiente, devem ser adotadas quando fala-se em sistemas de 
impermeabilização. Isto deve-se refletir tanto na escolha da área, quanto na 
concepção do projeto do aterro. A escolha de um ou de outro tipo de camada é 
influenciada pelo uso a que se destina, pelo ambiente físico, pela química do lixiviado 
e pela taxa de infiltração no local. Além destes fatores, deve-se observar a legislação 
e os critérios que são estabelecidos na região onde o empreendimento será instalado. 
 
 
 UNIÃO EUROPEIA 
 
A Comunidade Europeia possui uma diretiva, a 1999/31/CE, relativa à 
disposição de resíduos sólidos. Esta tem por objetivo prever medidas referentes à 
implantação de aterros de resíduos sólidos. A referida legislação classifica os aterros 
como: de resíduos perigosos, não perigosos e inertes. 
Na União Europeia, os aterros não podem receber pneus usados ou resíduos 
líquidos, inflamáveis, explosivos ou corrosivos, ou ainda resíduos provenientes de 
estabelecimentos hospitalares e resultantes de práticas médicas e veterinárias. A 
Diretiva 1999/31/CE ainda cita que apenas podem ser encaminhados para aterro 
resíduos que tenham sido previamente tratados. Quanto aos resíduos sólidos 
urbanos, estes são depositados em aterros para resíduos não perigosos. 
Em relação às normas técnicas para impermeabilização de aterros de 
resíduos na Comunidade Europeia estas são estabelecidas pela diretiva 1999/31/CE. 
A referida Diretiva denomina a camada impermeabilizante de fundo do aterro como 
barreira geológica e a define da seguinte forma: 
 
A barreira geológica é determinada pelas condições geológicas e 
hidrogeológicas inferiores e adjacentes ao local de implantação do aterro das 
quais resulte um efeito atenuador suficiente para impedir qualquer potencial 
risco para os solos e as águas subterrâneas (UNIÃO EUROPEIA, 1999). 
 
Para desempenhar o efeito atenuador de que fala a Diretiva, a base e os 
taludes de confinamento do aterro devem consistir numa camada mineral natural que 
32 
 
satisfaça as condições de condutividade hidráulica e espessura, de acordo com as 
especificações da Tabela 1. 
 
Tabela 1 - Coeficientes de permeabilidade e espessura das camadas de solo para 
aterros de resíduos na União Europeia 
Classe do aterro Aterro para resíduos inertes 
Aterro para 
resíduos não 
perigosos 
Aterro para 
resíduos perigosos 
Coeficiente de 
permeabilidade (K, m/s) ≤ 1 x 10
-7 ≤ 1 x 10-9 ≤ 1 x 10-9 
Espessura da camada (m) ≥ 1 m ≥ 1 m ≥ 5 m 
Fonte: União Europeia (1999). 
 
Além da camada de solo citada anteriormente, todos os aterros, com exceção 
dos aterros para resíduos inertes, devem ainda ser providos de uma barreira de 
impermeabilização artificial (constituída por uma geomembrana ou dispositivo 
equivalente) e um sistema de drenagem de águas pluviais; um sistema de captação, 
drenagem e coleta de lixiviados. Nas Figura 6, Figura 7 e Figura 8 ilustram-se os 
sistemas de impermeabilização indicados para aterros de resíduos sólidos inertes, 
aterros de resíduos sólidos não perigosos e aterros de resíduos sólidos perigosos, 
segundo as diretivas europeias. 
 
Figura 6 - Sistema de impermeabilização inferior para aterro de resíduos sólidos 
inertes, segundo as diretivas europeias 
 
Fonte: A autora (2016), baseado na Diretiva Europeia 1999/31/CE. 
33 
 
Figura 7 - Sistema de impermeabilização inferior para aterro de resíduos sólidos não 
perigosos, segundo as diretivas europeias 
 
Fonte: A autora (2016), baseado na Diretiva Europeia 1999/31/CE. 
 
Figura 8 - Sistema de impermeabilização inferior para aterro de resíduos sólidos 
perigosos, segundo as diretivaseuropeias 
 
Fonte: a autora (2016), baseado na Diretiva Europeia 1999/31/CE. 
34 
 
 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 
 
Segundo Dos Santos (2011) nos Estados Unidos da América o código de 
regulamentos federal (CFR), em seu título 40, versa a respeito da proteção do meio 
ambiente. A regulamentação 258 do mesmo, estabelecida pela Agência de Proteção 
Ambiental dos EUA (USEPA), apresenta as regulações para os aterros de resíduos 
sólidos. Segundo a referida normativa, um projeto de aterro de resíduos sólidos pode 
ser elaborado de duas formas: com base em normas técnicas ou com base em 
desempenho. 
Um projeto baseado no desempenho deve comprovar que é capaz de manter 
os níveis de contaminação abaixo dos valores máximos estabelecidos pela USEPA. 
Todavia, em um projeto com base nas normas técnicas norte americanas, o sistema 
de impermeabilização inferior para aterros de resíduos não perigosos deve ser 
composto por uma camada de solo compactado de, no mínimo, 0,6 m de espessura 
e condutividade hidráulica máxima de 1x10-7 m/s, uma camada de geomembrana, com 
espessura de, no mínimo, 0,00254 cm e sistema de drenagem, conforme exposto na 
Figura 9. A camada de drenagem pode ser instalada diretamente sobre a camada de 
geomembrana ou pode ser utilizada uma camada de geotêxtil para fins de proteção 
da geomembrana. 
 
Figura 9 - Sistema de impermeabilização recomendados pela USEPA para aterros 
de resíduos não perigosos 
 
Fonte: A autora (2016), baseado em USEPA 40 CFR, Parte 258. 
 
O sistema de impermeabilização inferior acima exposto é considerado pela 
USEPA como um sistema simples. O referido órgão de controle ambiental considera 
35 
 
como sistema simples aquele composto por, pelo menos uma camada de solo 
associada a uma camada de geomembrana (LODI, ZORNBERG E BUENO, 2009). 
Em relação aos aterros de resíduos sólidos perigosos, a USEPA requer a 
instalação de um sistema de impermeabilização duplo, isto é, com duas camadas de 
geomembrana. Além disso, uma camada de 0,9 m de solo compactado com 
condutividade hidráulica máxima de 1x10-9 m/s, uma camada de detecção de 
infiltrações e um sistema de drenagem (Figura 10). 
 
Figura 10 - Sistemas de impermeabilização recomendados pela USEPA para aterro 
de resíduos perigosos 
 
Fonte: A autora (2016), baseado em USEPA 40 CFR, Parte 258. 
 
Segundo Lodi, Zornberg e Bueno (2009) a USEPA também considera 
substituições nas camadas impermeabilizantes de materiais minerais por 
geossintéticos. Estas trocas podem ser as seguintes: 
• Geocomposto argiloso (GCL) por solo argiloso compactado (CCL); 
• Georredes (GN) no lugar de camada de areia para detecção de 
infiltrações; e 
• Geotêxteis (GT) por areia para filtro. 
Na Figura 11 é apresentado um modelo, considerando essas substituições de 
materiais. 
 
 
 
36 
 
Figura 11 - Sistemas de impermeabilização recomendados pela USEPA para aterro 
de resíduos perigosos, com o uso de geossintéticos 
 
Fonte: A autora (2016), baseado em USEPA 40 CFR, Parte 258. 
 
 BRASIL 
 
No Brasil, as normas que servem como base para o dimensionamento dos 
sistemas de impermeabilização são as normas da ABNT. Entretanto, também deve-
se seguir as orientações dos órgãos ambientais de cada região do país, caso existam. 
A NBR 13.896 (ABNT, 1997), referente aos critérios para projeto, implantação 
e operação de aterros de resíduos não perigosos, indica que, para locais onde o 
terreno natural apresente um coeficiente de permeabilidade inferior a 10-6 cm/s e uma 
profundidade do nível d’água igual ou superior a 3,0 m, não há necessidade de 
impermeabilização da superfície do terreno natural (Figura 12). 
 
Figura 12 - Condições hidrogeológicas que não requerem a impermeabilização do 
terreno natural no aterro de resíduos sólidos 
 
Fonte: CETESB (1993). 
37 
 
Porém, em locais onde o nível do lençol freático esteja a 1,5 m ou a uma 
distância menor, recomenda-se a impermeabilização do terreno natural. Esta 
condição também é válida para solos com um valor de permeabilidade maior do que 
10-6 cm/s (Figura 13). 
 
Figura 13 - Condições hidrogeológicas que requerem a impermeabilização do 
terreno natural no aterro de resíduos sólidos 
 
Fonte: CETESB (1993). 
 
Em relação aos aterros de resíduos perigosos, a NBR 10.157 (ABNT, 1987) 
recomenda a implantação de um sistema de impermeabilização duplo. Segundo 
Reichert (2007), os sistemas duplos (Figura 14) são construídos com duas camadas 
espaçadas por material drenante (geralmente o material drenante é areia ou uma 
geomalha), que tem por finalidade detectar e coletar os líquidos ou gases que 
porventura venham a passar pela camada impermeabilizante imediatamente acima. 
 
Figura 14 - Sistema de impermeabilização inferior duplo 
 
Fonte: Adaptado de Reichert (2007). 
 
38 
 
Cada uma das duas camadas do sistema duplo pode ser simples ou 
composta. Os sistemas simples são construídos com apenas uma camada, 
geralmente de argila compactada ou geomembrana, e os sistemas compostos são 
construídos com duas camadas de diferentes materiais, geralmente uma camada de 
argila compactada mais uma geomembrana sobreposta, supondo-se uma perfeita 
aderência entre geomembrana e a argila, conforme Figura 15. 
 
Figura 15 - Sistemas de impermeabilização inferior simples e composto 
 
Fonte: Adaptado de Reichert (2007). 
 
A NBR 15.849 (ABNT, 2010), referente a diretrizes para localização, projeto, 
implantação, operação e encerramento de aterros sanitários de pequeno porte, indica 
que o aterro deverá ser dotado de sistema de impermeabilização complementar 
quando: 
a) O solo local não apresente a permeabilidade mínima, dados o excedente 
hídrico e a profundidade do freático (Quadro 2); 
b) A profundidade do freático não atinja a mínima requerida, dados a 
permeabilidade e o excedente hídrico, conforme Quadro 2; 
c) O excedente hídrico local supere os especificados no Quadro 2, dadas 
a permeabilidade e a profundidade do freático; 
d) Seja significativa a fração orgânica presente nos resíduos a serem 
dispostos. 
 
 
 
39 
 
Quadro 2 - Critérios para dispensa de impermeabilização complementar 
Limites máximos do 
excedente hídrico¹ (EH, 
mm/ano) para a dispensa da 
impermeabilização 
complementar² 
Fração orgânica dos resíduos ≤ 
30% 
Fração orgânica dos resíduos > 
30% 
Profundidade do freático (m) Profundidade do freático (m) 
1,5 < n 
≤ 3 
3 < n 
< 6 
6 ≤ n < 
9 n ≥ 9 
1,5 < n 
≤ 3 
3 < n < 
6 
6 ≤ n < 
9 n ≥ 9 
Coeficiente de 
permeabilidade 
do solo local k 
(cm/s) 
k ≤ 1x10-6 250 500 1000 1500 188 375 750 1125 
1x10-6 < k 
≤ 1x10-5 200 400 800 1200 150 300 600 900 
1x10-5 < k 
≤ 1x10-4 150 300 600 900 113 225 450 675 
Fonte: NBR 15.849 (ABNT, 2010). 
 
Ainda conforme a NBR 15.849 (ABNT, 2010), no caso de não ser indicada 
impermeabilização complementar pelo Quadro 2, devem ser executados o 
revolvimento e a recomposição, em pelo menos três camadas, de um horizonte 
mínimo de 0,60 m do solo local na base do aterro mantendo-se no mínimo o 
coeficiente de permeabilidade do solo natural. 
Conforme Reichert (2007), quando sistemas simples são adotados, deve-se 
sempre preferir a impermeabilização com argila compactada à colocação de uma 
camada simples de geomembrana. Isto porque a camada mineral tem melhor 
desempenho e resistência a longo prazo. Entretanto, apesar da eficiência da argila 
compactada, e de sua resistência adequada a longo prazo, pode ocorrer contração 
das camadas argilosas, resultando em trincas e, consequentemente, na diminuição 
de sua eficiência (LODI, ZORNBERG e BUENO, 2009). Com relação às 
geomembranas em camadas simples, convém destacar que estas não são utilizadas 
de forma isolada, devido a problemas tais como puncionamento, rasgos, imperfeições 
e/ou defeitos que possam apresentar, resultando em aumento de fluxo e diminuição 
da eficiência da camada impermeabilizante (LODI; ZORNBERG; BUENO, 2009). 
É relevantemencionar que alguns órgãos ambientais, como o órgão ambiental 
licenciador do Rio Grande do Sul, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental 
Henrique Luiz Roessler - Fepam, não aceitam o uso de camada simples para 
impermeabilização de aterros de resíduos sólidos no estado (REICHERT, 2007). 
Lodi, Zornberg e Bueno (2009) comentam que têm sido empregados na 
impermeabilização de aterros, materiais sintéticos associados a solos naturais, a fim 
de minimizar a percolação dos líquidos e gases provenientes do aterro e evitar que 
estes atinjam o solo e as águas subterrâneas. Portanto, percebe-se que a combinação 
de solo argiloso compactado e geomembrana apresenta-se como uma das 
40 
 
configurações mais indicadas para a impermeabilização de base do aterro em termos 
de proteção do solo e dos recursos hídricos e também a fim de evitar a fuga do biogás 
pelo fundo e pelas laterais do aterro. 
Boscov (2008) comenta que o revestimento de fundo de um aterro de resíduos 
sólidos é geralmente composto, de baixo para cima, por: camada de argila 
compactada; geomembrana; geotêxtil; material drenante granular e camada de 
separação e filtração de granulometria intermediária entre os resíduos e a camada 
drenante (Figura 16). 
 
Figura 16 - Representação esquemática das camadas constituintes da 
impermeabilização de fundo do aterro 
 
Fonte: A autora (2016), com base em Boscov (2008). 
 
É importante salientar que os sistemas de impermeabilização diferem para 
aterros de resíduos perigosos para aterros de resíduos não perigosos. No caso de 
aterros de resíduos perigosos, cada situação aspira um projeto específico, baseado 
na periculosidade e na origem do resíduo, todavia, geralmente, são utilizados 
sistemas duplos de impermeabilização inferior, a fim de se obter um fator de 
segurança mais alto. 
Ainda sobre os aterros de resíduos perigosos, de acordo com Azambuja 
(2007), contaminantes podem ascender no aterro, impregnando os materiais de 
cobertura e, posteriormente, serem lixiviados pelas águas da chuva e carregados até 
os mananciais. Devido a isso, são implementadas barreiras impermeabilizantes na 
cobertura de aterros de resíduos perigosos. Da mesma forma, esta preocupação é 
uma demanda dos aterros sanitários. Nestes, a impermeabilização superior também 
possui uma outra finalidade, que é a de reter o biogás no interior do aterro e drená-lo 
adequadamente. 
41 
 
Em relação aos sistemas de cobertura dos aterros (impermeabilização 
superior), os mesmos devem ser construídos objetivando controlar a entrada de água 
e ar; minimizar a migração de líquidos lixiviados e biogás para fora do aterro; servir 
como elemento de redução de odores, vetores de doenças e outros inconvenientes; 
servir como sistema de controle de águas superficiais e facilitar a recomposição da 
paisagem (CATAPRETA et al., 2005). 
Reichert (2007) apresenta uma proposta de configuração de sistema de 
cobertura final (Figura 17). O autor sugere que a camada de argila tenha uma 
espessura entre 50 e 60 cm, e seja compactada até uma permeabilidade da ordem de 
1 x 10-5 cm/s. Segundo Lodi, Zornberg e Bueno (2009), quando se utilizam barreiras 
impermeáveis, é comum que sejam executados drenos na forma de colchões ou 
trincheiras sobre estas. De acordo com Bueno, Benvenuto e Vilar (2004) esses drenos 
visam captar os gases e percolados gerados e prevenir o desenvolvimento de 
subpressões que iriam instabilizar a obra; quando instalados sob o sistema de 
impermeabilização podem ser destinados a proteger o meio ambiente contra 
eventuais falhas e fugas de efluentes contaminantes e, quando instalados sobre os 
efluentes ou resíduos, em suas coberturas, visam captar as águas pluviais e impedi-
las de penetrar nos resíduos. 
 
Figura 17 - Componentes básicos de sistemas de cobertura final 
 
Fonte: A autora (2016), baseado em Reichert (2007). 
 
42 
 
 MATERIAIS UTILIZADOS NAS BARREIRAS IMPERMEABILIZANTES 
 
Segundo Reichert (2007), os materiais mais utilizados para a 
impermeabilização em aterros são as argilas compactadas e as geomembranas 
sintéticas. Também são utilizadas, principalmente nos Estados Unidos da América, as 
membranas duplas de geotêxtil com uma camada intermediária fina de argila 
bentonítica. 
As camadas impermeabilizantes devem apresentar propriedades como 
estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência a intempéries e 
compatibilidade com os resíduos a serem aterrados (CARVALHO, 1999). Este 
capítulo tem o objetivo de ser uma contribuição em relação ao desempenho das 
camadas impermeabilizantes no que tange às propriedades acima mencionadas. 
 
 GEOSSINTÉTICOS 
 
Segundo Da Costa et al. (2015), define-se geossintético como sendo um 
material plano, fabricado a partir de polímeros, naturais ou sintéticos, utilizado em 
contato com o solo ou outros materiais em obras de engenharia. O uso de 
geossintéticos constitui prática bastante comum na área da geotécnica. Conforme 
Ferreira (2010), para que um geossintético desempenhe a sua função com eficácia, 
faz-se necessário conhecer algumas propriedades. Estas características visam 
garantir a sua funcionalidade ao longo do tempo de vida útil do projeto. O autor ainda 
destaca que os principais fatores que influenciam nas propriedades do material são o 
tipo de polímero que o constitui, o processo de fabricação e o tempo de duração do 
mesmo. Os principais geossintéticos utilizados nas camadas que compõem os 
sistemas de impermeabilização de aterros são as geomembranas, os geotêxteis e os 
geocompostos bentoníticos. 
 
 Geomembranas (GM) 
 
Conforme Costa et al. (2008), as geomembranas são membranas compostas 
predominantemente por materiais termoplásticos, elastoméricos e asfálticos. Segundo 
Reichert (2007), entre os materiais mais utilizados na confecção destes materiais 
estão: borracha butílica; borracha de epicloridrina (ECO); borracha de nitrila; borracha 
de etilo-propileno (EPDM); elastômeros termoplásticos; neopreno (borracha de 
43 
 
cloropreno); cloreto de polivinila (PVC); polietileno de alta densidade (PEAD); 
polietileno clorado (CPE); polietileno clorossulfonado (CSPE); poliolefinas 
elastificadas (ELPO); e termopolímero de etileno-propileno (EPT). 
Reichert (2007) destaca que, na seleção de uma geomembrana para um 
aterro de resíduos sólidos, o material selecionado deve atender aos seguintes 
requisitos: 
• Resistir satisfatoriamente ao ataque de todos os produtos químicos aos 
quais estiver exposto, assim como às radiações ultravioleta e aos 
microrganismos; 
• Apresentar resistência às intempéries para suportar os ciclos de 
umedecimento e secagem e de frio e de calor; 
• Apresentar adequada resistência à tração e flexibilidade e alongamento 
suficientes para suportar os esforços de instalação e de operação, sem 
apresentar falhas; 
• Resistir à laceração, abrasão e punção de qualquer material pontiagudo 
ou cortante que possa estar presente nos resíduos; 
• Apresentar facilidade para execução de emendas e reparos em campo, 
sob quaisquer circunstâncias. 
No Quadro 3 são apresentadas as características, vantagens e desvantagens 
do uso dos diversos materiais que são empregados na fabricação de geomembranas. 
Embora existam diversos materiais possíveis de serem utilizados na 
fabricação de geomembranas, as configurações mais utilizadas são aquelas cuja 
matéria prima é o cloreto de polivinila (PVC) e o polietileno de alta densidade (PEAD), 
isso devido a suas resistências e versatilidade em relação às demais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Quadro 3 - Características, vantagens e desvantagens de determinadas 
geomembranas sintéticas 
Material Características Vantagens Desvantagens 
Borracha 
butílica 
Copolímero de 
isobutileno com 
pequenas 
quantidades 
de isopreno. 
Baixa permeabilidade a vapor d’água e 
gás; estabilidade térmica; resistência 
ao intemperismo e à ozona; 
resistência à tração, ruptura

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