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Encefalites Virais Equina Por: Fabiana Magalhães de Carvalho As encefalites equinas (ou encefalomielite) são doenças zoonóticas causadas pelo vírus do gênero Alphavirus, no qual pertencem três espécies responsáveis por causar a doença: vírus da encefalite equina do leste (EEL), vírus da encefalite equina do oeste (EEO) e vírus da encefalite equina venezuelana (EEV). Os vírus receberam essa denominação de acordo com a localização de sua primeira identificação, e se classificam como encefalite equina americana a doença encefalite equina do leste e a do oeste. A encefalite equina é uma doença infectocontagiosa zoonótica, de caráter agudo, causada pelo vírus da família Togaviridae, gênero Alphavirus, que tem uma grande variedade de hospedeiros e reservatórios, incluindo aves e mamíferos, e que apresentam intenso tropismo pelo sistema nervoso central. A doença ocorre através da inoculação do agente pela picada do mosquito vetor Culex sp., o vírus replica em tecidos próximos ao local da inoculação, nos linfonodos regionais e depois pela corrente sanguínea parte para os tecidos extraneurais, como as células endoteliais e as células dos músculos estriados. Ao invadir o cérebro o vírus pode se multiplicar as células endoteliais, infectar o plexo coróide e epêndima, ou também sendo transportado no interior de monócitos e linfócitos. O vírus pode se replicar no trato respiratório superior, pâncreas e fígado, e também nos órgão linfoides. Todos os complexos virais EEL e EEV e a maioria dos EEO ocorrem apenas no hemisfério ocidental. O vírus da EEO já foi isolado no oeste da América do Norte, incluindo o Canadá, até o sul da Argentina. O vírus da EEL foi detectado no leste do Canadá e em todos os estados norte-americanos. Esse vírus é geralmente associado a pântanos e sua distribuição não é homogênea. A EEV tem distribuição variada em partes do México, América do Sul e Central. Epidemias do vírus tendem a ocorrer na América do Sul e Central e alguns surtos se espalharam para a América do Norte. No Brasil os três tipos de encefalites equinas são de comunicação obrigatória em qualquer caso suspeito e/ou confirmação laboratorial. A EEO e a EEL tem registros recentes nos anos de 2017 e 2018, e quanto a EEV há registros da sua ocorrência em 2012. Os sintomas podem ser inespecíficos como febre, anorexia e depressão, seguido por sinais neurológicos que podem incluir alteração mental, hipersensibilidade a estímulos, movimentos musculares involuntários, visão prejudicada, alterações comportamentais (andar errante, pressão de cabeça, andar em círculos), incapacidade de engolir, ataxia, paresia, paralisia e convulsões. As lesões macroscópicas da encefalite equina são geralmente inespecíficas. Equídeos com EEV podem não ter lesões no SNC ou pode haver extensa necrose com hemorragias. Os focos necróticos são às vezes vistos no pâncreas, fígado e coração, mas em geral, as lesões extracranianas são muito variáveis para serem diagnosticamente úteis. Congestão do cérebro e meninges tem sido encontrada em alguns casos de EEL e EEO, e traumas ante-mortem podem resultar em hemorragias equimóticas com qualquer um dos vírus da encefalomielite. A análise microscópica do tecido cerebral é frequentemente diagnóstica. A lesão típica é uma inflamação grave da substância cinzenta. Degeneração neuronal, infiltração por células inflamatórias, gliose, manguito perivascular e hemorragias podem ser observadas. EEO, EEL e EEV às vezes diferem na localização e padrão das lesões no cérebro. As EEL e EEO podem ser diagnosticados por sorologia, particularmente pela presença de anticorpos em ELISA de captura (IgM) ou um aumento de 4 vezes no título no teste de neutralização por redução de placas (PRN). Quanto a EEV ela pode ser diagnosticada por isolamento de vírus ou sorologia e as cepas endêmicas podem ser recuperadas do sangue durante o estágio inicial da doença, mas os equídeos não são mais virêmicos uma vez que desenvolvem sinais neurológicos. Os vírus da EEV pode ser isolado na necropsia, mas pode não estar mais presente em muitos casos sintomáticos.
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