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Ferro Fundido Vermicular Aquiles Silva de Oliveira UNIMEP 2007 DEFINIÇÃO • São ligas Fe-C-Si que caracterizam-se pela presença de grafita na forma de lamelas de maior espessura e menor comprimento, com extremidades arredondadas (vermículos ou bastonetes). PROPRIEDADES • Propriedades físicas e mecânicas intermediárias entre o ferro fundido cinzento e o nodular; • Comparado ao ferro fundido cinzento, apresenta resistência mecânica 75% maior, 40% a mais de módulo de elasticidade e resistência a fadiga duas vazes maior; Condutividade Térmica Porque é Difícil Produzir o FV? • Janela do processo é muito estreita e não é estacionária (desloca-se de acordo com as variáveis de processo). • Exemplo: quanto maior o teor de oxigênio e enxofre dissolvido no banho, maior é o consumo de magnésio (difícil controle da composição quimica). • Processo é sensível as adições de inoculante ( quanto maior o nível de inoculação menor deve ser a adição de magnésio). Variáveis do Processo Janela de Processo do FV Faixa de magnésio para a produção de vermicular (Sergeant & Evans, The British Foudr. ) Faixa de magnésio para a produção de vermicular (Hörle et all, Giess Praxis 8/89 ) Caracterísiticas da Grafita • Grafita nodular: diminui condutividade térmica, diminui usinabilidade e aumenta resistência mecânica. – No ferro fundido nodular, a grafita esferoidal tem reduzido efeito na resistência mecânica (70 a 90% da resistência mecânica de um aço com a mesma matriz metálica). – Propriedades são determinadas pela matriz metálica. • Grafita lamelar: baixa resistência mecânica podendo causar a falha prematura no componente. – No ferro fundido cinzento a grafita é interconectada (matriz metálica fica descontinuada). Acentuado efeito de entalhe. Aproximadamente 30% da resistência mecânica de um aço com a mesma matriz metálica. – Propriedades são determinadas pela qualidade, tipo, tamanho e distribuição da grafita. Influência da Grafita Nodular Efeito de Entalhe Modelo de origem da trinca em ferro fundido cinzento Caracterísiticas da Grafita • Grafita vermicular: tem a forma de vermículos ou bastonetes, porém é menos ramificada que no ferro fundido cinzento. • No ferro fundido vermicular o efeito de entalhe é intermediário. Desta forma a resistência mecânica também é intermediária sendo aproximadamente 40 a 60% de um aço com a mesma matriz metálica. • Depende mais da grafita que da matriz. Ramificação da Grafita Esquema de um esqueleto de grafita e características da seção plana. Forma de Crescimento da Grafita Lamelar e Esferoidal Diversas formas de crescimento de grafita (Stefanescu & Loper, Giess Praxis 5/81) Formas da Grafita Formas da Grafita Formas da Grafita Vermicular Formas da Grafita Vermicular Formas da Grafita Vermicular Processos de Fabricação do Vermicular • Mg • Mg-Ti • Ce • Mg-Ti-Ce • Alto S • Nitrogênio Nitrogênio • Adições de FeMn nitrogenado em banho de ferro fundido contendo pequenos teores de Al e Ti. Adição de produtos químicos contendo Nitrogênio ferricianeto de potássio ou carburante contendo N tal como o coque calcinado de petróleo); • Processo pouco utilizado -> teores residuais superiores a 0,008 -0,010% podem resultar na formação de porosidades de gases. Cério • Adições de 0,02 a 0,05% de cério em ferros fundidos contendo baixo teor de enxofre; • Adição pode ser feita através de ligas contendo Ce e Ca ou outras terras raras; • Pouco utilizado atualmente devido as dificuldades de controle do processo. Favorece a formação de grafita nodular e promove a formação de carbonetos em seções finas. Magnésio • Janela do processo é muito estreita (difícil controle do processo); • Adições elevadas resultam na formação de grafita nodular enquanto teores insuficientes podem levar a ocorrência de grafita lamelar; • Atualmente, o processo é utilizado em conjunto com o processo SinterCast, NovaCast ou OxyCast. Magnésio + Titânio • A adição de teores de 0,08 a 0,15% de titânio juntamente com teores residuais de Mg aumenta consideravelmente a janela de processo; • A faixa de Mg situa-se entre 0,015 e 0,035% podendo ser adicionado na forma de liga FeSiMg, NiMg, CuMg, etc; • É o processo mais utilizado para a produção do FFV obtendo-se bons resultados em peças desde tampas de seção fina e coletores de gases de exaustão até moldes de vidraria e grandes lingoteiras; • Dificuldades do processo: adição de Ti deve ser cuidadosa pois afeta a usinabilidade das peças fundidas. Efeito do processo de obtenção: 0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 20 40 60 80 100 % grafita vermicular L R ( M P a ) TR/Ce Mg Mg+Ti Log. (Mg) A Pieske, L M Chaves Filho, F Assada. Obtenção de ferros fundidos com grafita vermicular. Congresso ILAFA, nov/76, Rio de Janeiro. 3,6C - 2,1Si - 0,25Mn – 0,020S – 0,09P Bloco Y 25 mm, matriz com 50-80% perlita Processo de Fabricação Vermicular Mg+Ti FUSÃO ADIÇÃO DE ELEMENTOS DE LIGA (Si, Mo, Ti) CONTROLE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA ADIÇÃO CONTROLADA DE MAGNÉSIO VAZAMENTO DAS PEÇAS CONTROLE DA MICROESTRUTURA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE MOTOR • Grafita nodular: 20% máximo; – Quanto maior o percentual de grafita nodular, menor será a fundibilidade da liga, menor a usinabilidade e principalmente, menor será a condutividade térmica do componente; • Grafita lamelar: é fundamental evitar este tipo de grafita (na prática admite-se grafita lamelar < 1% em amostra retirada na região mais crítica do bloco – mancal); – O principal objetivo é eliminar áreas fracas localizadas que podem levar à falha prematura do componente; • Matriz: predominantemente perlítica -> proporciona maior resistência mecânica e maior rigidez do componente (ideal acima de 90% perlita). Propriedades Tipicas do FFV (10% Nodular) Propriedades Temperatura (°C) 70% Perlita 100% Perlita Limite de 25 420 450 Resistência 100 415 430 (MPa) 300 375 410 Limite de 25 315 370 Escoamento (0,2%) 100 295 335 (MPa) 300 284 320 Módulo de 25 145 145 Elasticidade 100 140 140 (GPa) 300 130 130 25 1,5 1 Alongamento 100 1,5 1 (%) 300 1 1 Limite de 25 195 210 Fadiga sem 100 185 190 Entalhe (MPa) 300 185 175 Relação 25 0,46 0,44 Fadiga/ 100 0,45 0,44 Resistência 300 0,44 0,43 Condutividade 25 37 36 Térmica 100 37 36 (W/m°C) 300 36 35 Coeficiente de 25 11 11 Expansão 100 11,5 11,5 Térmica (μm/m°C) 300 12 12 25 0,26 0,26 Coeficiente de 100 0,26 0,26 Poisson 300 0,27 0,26 Dureza Brinell (HB) 25 190 - 225 207 - 255 Propriedades do FFV (10 a 30% Nodular) Propriedades Unidades GJV-300 GJV-400 GJV-500 Ferrítico Ferrítico/Perlítico Perlítico Resistência à Tração N/mm2 300 400 500 Limite Escoamento 0,2% N/mm2 240 300 340 Alongamento à Ruptura % 1,5 1 0,5 Resistência à Compressão N/mm2 600 800 1000 Dureza Brinell HB 140 - 210 190 - 250 240 - 280 Resistência à Flexão N/mm2 160 200 250 Alternante Resistência à Tração/ N/mm2 100 135 175 Compressão Alternante Coeficiente do Efeito 1,4 1,3 1,2 de Entalhe βk Módulo de Elasticidade kN/mm2 140 160 170 (tração) Módulo de Elasticidade kN/mm2 140 160 170 (compressão) Contração Transversal 0,25 0,25 0,25 Densidade g/cm3 7 7,0 - 7,1 7,0 - 7,1 Condutividade Térmica W/mK 45 40 35 Coeficiente Linear de mm/mK 11 11 11 Dilatação Térmica Capacidade J/(g.K) 0,5 0,5 0,5 PROPRIEDADES • Grafita nodular: pode conter mais do que 50% de grafita nodular; – Não afeta a fundibilidade -> pequena complexidade geométrica comparado a um bloco de motor ou cabeçote de cilindro; • Grafita lamelar: deve ser isento (<1% aceitável); • Matriz: essencialmente ferrítica (10% de perlita máximo); – Proporciona maior estabilidade dimensional a altas temperaturas. PRODUÇÃO DE COLETORES DE ESCAPE Coletores CGI, produzidos com o processo Mg-Ti – especificação típica (Giesserei Praxis 8/89) No tubo No flange Forma da grafita (III) >50>30 % perlita Max 30 LR – MPa Min 300 LE – MPa Min 240 Along - % Min 3 HB 30 155 – 205 Coeficiente de dilatação térmica – um/m.K 14 Especificação de Material para Coletores de FFV ligado Si/Mo. (Mg+Ti) Volantes em CGI 300 (Mg-Ti) (Giesserei Praxis 8/89) Especific Real grafita III - % 50 min 80-95 Perlita - % 20 max 10-20 LR – MPa 300 min 334-338 LE – MPa 240 min 258-272 Along - % 3 min 3-7,5 HB superfície 160-200 154-179 HB núcleo 160-200 153-170 APLICAÇÕES O ferro fundido vermicular é empregado em aplicações onde é necessário uma combinação de propriedades tais como elevada resistência mecânica e alta condutividade térmica. • Volantes; • Coletores de exaustão; • Placas de base; • Blocos de motores; • Cabeçotes de cilindro; • Discos de freio; • Carcaças de transmissão Cabeçote do Cilindro Bloco de Motor Microestrutura do bloco de motor Coletores de Escape Microestrutura do Coletor de Escape Disco de Freio Capa do mancal a) Caixa de marcha intermediária; b) Garfos de conecção; c) Roda dentada. Produção de coletores em vermicular SiMo na GF Herzogenburg, Áustria (Giess-Praxis, 11/2000) • Processo Mg-Ti • 0,010-0,013% S • 3,4-3,6 C • 3,9-4,1 Si (antes da inoculação) • Cu + Mn < 0,35% • 0,5% Mo • 0,14-0,16 Ti • Mg = 0,015-0,020% após conversor • Mg = 0,010-0,015% no forno vazador • Conversor GF • Forno vazador • Pré- inoculação no abastecimento do forno = 0,2% Inolate 40 • Inoculação no jato = 0,2% Inolate 40 • Controles: – Dureza no flange do cabeçote = 195 a 245 HB 10/3000 – Velocidade sônica (no flange de saída) – Metalografia cp = 50% min vermicular Produção de coletores em vermicular SiMo na GF Herzogenburg, Áustria (Giess-Praxis, 11/2000) Controle do Processo via Análise Térmica • SINTERCAST; • NOVACAST; • OXYCAST. • SINTERCAST: A análise térmica permite controlar algumas características da curva de resfriamento, tais como superresfriamento, recalescência, temperatura do eutético e velocidade de resfriamento durante a solidificação; • A avaliação destes fatores dá uma idéia (previsão) do grau de nucleação do banho tratado e da forma da grafita na amostra solidificada, possibilitando tomar ações corretivas antes do vazamento do produto final. Controle do Processo via Análise Térmica • NOVACAST: A análise térmica neste caso é utilizada para avaliar a quantidade e o tipo de ligação do oxigênio no ferro fundido; • A atividade do oxigênio está relacionada diretamente com a localização relativa da temperatura de liquidus no diagrama Fe-C. • OXYCAST: Processo de medição da atividade do oxigênio por meio de uma sonda de medição EMK desenvolvida pela ElektroNite (célula de medição eletroquímica), auxiliado por análise térmica para verificação do superresfriamento. Processo tem dois estágios: – Pré tratamento com liga de Mg para serem realizadas as medições; – Ajuste fino do processo com a adição de Mg e agente de inoculação por um dispositivo de alimentação de arame com alma de inoculante. Painel de controle do processo NovaCast. Câmara de reação com liga nodulizante e filtro. Requisitos do processo in-mold. A simulação é ferramenta importante para o processo in- mold. Uso de forno vazador com o processo in-mold. Vazamento em Forno Pressurizado ©SinterCast SCP 055/0401 Holding Untreated Iron The SinterCast Process ©SinterCast SCP 025/0401 Mg-fade Simulation With Wall ReactionWith Wall ReactionWithout Wall ReactionWithout Wall Reaction O Processo SinterCast ©SinterCast SCP 020/0600 The CGI Wall Reaction Controle de Processo: Atividade do oxigênio livre do ferro liquido pela Fundição Celox Tempo de Medição <20 seg Sistema de Controle do Processo (FeedBack) Calculo do Cumprimento do Fio de FeSiMg Parâmetros de Controle: •Temperatura ( oC) •Atividade de O2 (ao ppm) •Taxa de Tempo (min.) A atividade do oxigênio deve ser medida sob condições bem definidas Lança com vibração para medida de atividade de oxigênio. Diagrama Força Eletromotriz (EMK) – Temperatura Eutética mínima (TEmin), indicando-se o campo de ferro fundido vermicular. (Hummer et all Giess Rundschau 7-8/99)
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