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BEM ESTAR ANIMAL COMPORTAMENTO ANIMAL AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO - Fatores que influenciam o comportamento animal - Indicadores comportamentais ⇨ entendimento do bem-estar animal (bom/ruim) RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS - Fáceis de serem observadas - Indicam um nível mais complexo de funcionamento ⇨ como os animais mudam e controlam seu ambiente - Mensuração mais específica do estado emocional e da experiência - Não invasivo e não intrusivo Médicos Veterinários utilizam o comportamento para avaliação ⇨ sinais clínicos: - Diagnóstico de alterações no funcionamento físico ⇨ doença - Identificação e tratamento de sentimentos negativos (dor, náusea, sofrimento) “Muitas vezes é difícil para as pessoas que trabalham com animais compreender que o uso de princípios de comportamento, tanto no desenho dos equipamentos e das pessoas que trabalham com animais, é geralmente mais eficaz do que a força” (GRANDIN, 2006). Etograma ⇨ listagem descritiva dos padrões de comportamento de um animal como variáveis discretas, chamados atos. Registra a variedade de atividades desenvolvidas por um animal e o tempo gasto em cada uma delas. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO Observar/registrar como os animais utilizam o seu tempo: - Ambiente natural, ambiente restrito Útil no estudo do bem-estar animal ⇨ indica como os “animais se sentem”: Repertório comportamental (escolhas feitas pelo animal): - análise dos estímulos ambientais - Motivação (ímpeto de executar um comportamento) - Influências motivacionais Repertório de comportamentos no meio selvagem: Comportamentos reprodutivos ⇨ cortejo, cópula, parto, cuidados maternos Comportamentos alimentares ⇨ busca, obtenção e consumo de alimentos Repertório de comportamentos é influenciado por: - Experiência - Estado fisiológico (idade, prenhez) - Respostas inatas (espécie, raça) Motivação ⇨ estimula a execução de comportamentos Resultado da avaliação mental do estímulo sensorial ⇨ pode ser interno ou externo Alguns comportamentos são motivados internamente, outros externamente e outros de ambas as formas. Comportamentos motivados internamente ⇨ geralmente relacionados ao estado físico do animal (beber, comer, descansar, dormir, limpar-se). Motivação aumenta se o comportamento não é efetivado. Comportamentos motivados externamente ⇨ geralmente relacionados ao ambiente (visão do predador, odor do alimento) Motivações internas e externas ⇨ comportamento social (brincar) Motivações conflitantes (sede/predador) Compreensão da motivação oculta do comportamento do animal ⇨ estudo do comportamento animal aplicado - Brincadeira X briga - Agressão - Manejo adequado frente as diferentes situações Papel central do cérebro Avaliação de estímulos sensoriais (emoções, motivação, aprendizagem, expectativas, antecipação de eventos negativos ou positivos) Cognição ⇨ capacidade mental de perceber, processar e armazenar informações Emoções positivas (prazer, empolgação) Motivam comportamentos que não são necessários com urgência para a sobrevivência, mas trazem benefícios em longo prazo. Brincar ⇨ prazer ⇨ brincar de novo ⇨ desenvolver habilidades sociais e de presa/predador. Emoções negativas (dor, medo, frustração) Motivam comportamentos relevantes que atendem a uma necessidade imediata Lesão ⇨ dor ⇨ comportamento para proteger a área lesionada Visão de um predador ⇨ medo ⇨ fugir ⇨ sobrevivência Seleção Genética: Genes ⇨ podem influenciar fortemente a motivação dos animais a expressar um comportamento específico em um contexto particular. Arrancamento de penas em aves ⇨ linhagens com menor tendência a arrancar as penas tiveram maior produção de ovos Temperamento em bovinos ⇨ docilidade na sala de ordenha. Necessidades comportamentais ⇨ animais sofrem se privados da oportunidade de expressá-los: - Galinhas poedeiras ⇨ ninho protegido - Suínos ⇨ fuçar - Bezerros ⇨ mamar - Ursos polares ⇨ caminhar longas distâncias - Hamsters, camundongos, ratos ⇨ construir tocas/ninhos INDICADORES COMPORTAMENTAIS: O ANIMAL “NORMAL” - Estado de alerta - Curiosidade - Brincar - Variedade de atividades (exploração) - Interação com outros membros do rebanho/grupo - Interação com humanos/aversão a humanos Afetada por: - Espécie - Raça - Idade (animais jovens ⇨ ativos, brincar e dormir) - Ambiente (adaptações ou limitações) - Tamanho do grupo e interação (presença de dominantes) - Estação (reprodutiva, migratória) O ANIMAL “NORMAL”: INTERAÇÃO COM OUTROS MEMBROS DO REBANHO/GRUPO Interações sociais positivas (vínculo social) ⇨ comportamento afiliativo ⇨ limpeza/catação recíproca - Espécie/raça - Variação de idade e de tamanho - Tamanho do grupo INTERAÇÃO COM HUMANOS - Zona de fuga, tempo, experiência anterior INDICADORES COMPORTAMENTAIS DE BEM-ESTAR COMPROMETIDO • Diversidade de atividades limitada • Ofegar ou suar • Amontoar-se ou tremer • Medo ou agressividade anormais em relação a humanos • Estereotipias e outras anormalidades comportamentais DIVERSIDADE DE ATIVIDADES LIMITADA Pode afetar animais individuais ou todo grupo e envolve: • Espaço restrito (sistemas de produção intensiva ou manutenção em laboratório) • Amarras curtas • Claudicação • Maior tempo deitado (devido à claudicação, doenças, obesidade ou fraqueza) DIVERSIDADE DE ATIVIDADES LIMITADA DEVIDO AO CATIVEIRO “Adaptação adquirida ao desespero” “Estado de espírito de um animal que desistiu ⇨ ausência de esperança” OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO Ambientes restritos ⇨ comportamento limitado Bem-estar ⇨ comprometido por um ambiente restrito ATIVIDADES LIMITADAS DEVIDO À CLAUDICAÇÃO • Estímulo doloroso • Interação anormal com outros membros do rebanho • Dificuldade locomoção para acessar alimento ⇨ magros • Deitados por longos períodos ⇨ queimaduras urinárias/feridas MAIOR TEMPO DEITADO • Inanição crônica ⇨ fraqueza • Doenças ⇨ exaustão ou colapso • Obesidade ⇨ questão importante em animais de estimação OFEGAR E OU SUAR • Estresse causado pelo calor • Febre • Superlotação • Medo Causas: - temperatura do ambiente, - densidade de lotação, - exame clínico (verificar sinais de doenças) AMONTOAR-SE OU TREMER • Frio – Não costuma afetar a maioria dos animais, exceto em ambientes extremos – Animais muito novos – Animais molhados, expostos ao vento – Animais novos não alimentados • Medo MEDO OU AGRESSIVIDADE ANORMAIS EM RELAÇÃO A HUMANOS “Normal” ⇨ depende da espécie, raça e dos contatos anteriores com humanos ⇨ “zona de fuga” Animais aprendem por experiência ⇨ medo ou agressividade anormais podem indicar crueldade sofrida anteriormente Vacas leiteiras adequadamente manejadas ⇨ não devem ter medo das pessoas INTERAÇÕES TÁTEIS NEGATIVAS • Interações negativas durante 15 a 30 segundos diários tornam porcos menos dispostos a se aproximar de humanos parados • Interações positivas tornam porcos mais inclinados a se aproximar de humanos parados INTERAÇÃO DE PORCOS COM TRATADORES OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO • Observação do comportamento ⇨ não indica a importância de determinadas restrições para um animal • Desenvolvimento de metodologias adequadas ESCOLHAS Ofereça ao animal uma diversidade de opções e o deixe escolher Poedeiras com acesso a ninhos em sacos de feijão (SF) e piso puro (PP) Número de vezes que elas escolheram cada tipo de ninho foi registrado em 16 oviposturas Galinhas preferem pôr ovos em ninhos com material solto, que possa ser manipulado com seus corpos e pés. Animais escolhem muito espaço, cama confortável, oportunidade de controlar o seu ambiente e de interagir com os outros. • Estemétodo fornece informações sobre as escolhas ou preferências de um animal • Não responde se o bem-estar do animal fica prejudicado caso ele não consiga o que prefere TRABALHO QUE UM ANIMAL FARÁ PARA OBTER O QUE NECESSITA • Fazer o animal trabalhar por recompensas (alimento ou areia para se banhar) • Quantidade de trabalho que o animal fará ⇨ indica a importância da recompensa para o animal Avaliação do trabalho que porcas gestantes estavam dispostas a fazer para: • Obter acesso a palha para a construção de ninho • Obter acesso a alimentos Motivação da porca para construir um ninho ⇨ muito forte no último dia da gestação O animal trabalha mais duro para conseguir alimento como recompensa, mas em determinados momentos do ciclo, outras motivações podem ser muito fortes TESTES DE AVERSÃO - TRABALHO QUE UM ANIMAL FARÁ PARA ESCAPAR DE UM ESTÍMULO DESAGRADÁVEL Resultados ⇨ úteis para medir agentes estressantes de curta duração. Não servem para medir sofrimento crônico. “Estes testes causam sofrimento!” ESTEREOTIPIAS E OUTRAS ANORMALIDADES COMPORTAMENTAIS “DESVIOS DO COMPORTAMENTO NORMAL” • Comportamento repetitivo • Constante na forma • Sem propósito óbvio no contexto • Frustração passada ou presente (ambiente restritivo) • Adaptativo ⇨ endorfinas (alívio da frustração ?) • Equinos ⇨ aerofagia (genética, falta de oportunidade para pastar) • Carnívoros em cativeiro ⇨ andar de um lado para o outro (falta de espaço, ambiente estéril) • Galinhas poedeiras ⇨ arrancamenteo de penas (genética, atividade, densidade animal) • Animais de companhia ⇨ latidos, andar de um lado para o outro • Comparação no investimento do tempo de girafas em liberdade e em zoológicos • Registro de diversos fatores ambientais para investigar possíveis correlações com diferenças comportamentais GIRAFAS EM LIBERDADE • Muito tempo gasto em locomoção • Nenhum estereótipo observado • Variações nos investimentos do tempo em locais diferentes GIRAFAS EM ZOOLÓGICOS • Pouco tempo gasto em locomoção • Todas mostraram estereótipos, principalmente à noite • Em um dos zoológicos, mais de 60% das noites foram passadas desempenhando comportamentos estereotípicos Padrões anormais de comportamento ⇨ mais comuns em animais mantidos em ambientes estéreis e sem relação com o ambiente natural, com poucos estímulos (atividades), situações com alto grau de frustração e isolamento. BRIGAS • Pós-desmame (suínos) • Feiras • Transporte ao abate • Motivações ⇨ medo, proteção territorial, dominância social, competição por alimentos • Gatilhos ⇨ espaço, mistura de lotes, desmame precoce OUTROS COMPORTAMENTOS • Comportamentos re-direcionados: – Atividades normais direcionadas a receptores inadequados (bezerros mamando em outros bezerros, mordedura de cauda em suínos) • Comportamentos prejudiciais ao próprio animal: – Cães ⇨ lambedura por estresse – Cavalos ⇨ automutilação AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DO COMPORTAMENTO • Frequência • Duração • Número de animais expressando o comportamento: – Brigas em suínos – Porcentagem de animais que vocalizam no manejo e na insensibilização ⇨ abate humanitário INDICADORES COMPORTAMENTAIS Vantagens • Mais fácil/menos invasivo • Requer menos equipamentos • Pode ser feito fora do laboratório Desvantagens • Difícil interpretação • Considerado menos rigoroso por alguns pesquisadores CONCLUSÕES Observações do comportamento animal nos dizem muito sobre as escolhas e sua importância para o animal, bem como seus reflexos sobre seu bem-estar. Quando o comportamento do animal indicar um “bem- estar comprometido”, devemos investigar as causas e promover possíveis soluções. INDICADORES FISIOLÓGICOS E BEM ESTAR ANIMAL RELAÇÕES COM AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS ✓ Respostas de estresse (catecolaminas, glicocorticóides) ✓ Respostas neurológicas (dopamina) ✓ Respostas metabólicas (catabolismo) ✓ Respostas imunológicas (leucócitos sanguíneos) HOMEOSTASE Processos pelos quais animais complexos mantém seu meio interno em função das grandes alterações do meio externo e a formação de produtos de descarte pelas células internas. ALOSTASE Processo pelo qual um organismo varia seu meio interno para atender as demandas ambientais através de alterações fisiológicas e comportamentais. Processos adaptativos usados para manter a estabilidade de um organismo por meio de processos ativos. ESTRESSE Conjunto de reações do organismo que resulta em alterações morfofuncionais como consequência da exposição a diversos agentes físicos e/ou biológicos (externos ou internos). Mecanismo biológico adaptativo adquirido através da evolução e com valor de sobrevivência Eustresse: conjunto de estímulos que desencadeia respostas benéficas ao organismo em relação a aspectos do seu bem-estar físico e/ou mental com a finalidade de manter a homeostase. Distresse: estado de desconforto no qual o animal não é capaz de se adaptar completamente aos fatores estressores e manifesta respostas comportamentais e fisiológicas anormais (comprometimento do bem- estar, gerando muitas vezes, patologias evidentes). RESPOSTAS FISIOLÓGICAS Emoção ⇒ resposta inata, intensa, mas de curta duração a um evento (interno ou externo), que possui componentes comportamentais, fisiológicos (autonômicos), subjetivos e cognitivos (avaliação). Emoções ⇒ moldadas pela evolução, servem como reforçadores naturais ou de retroalimentação interna para orientar o comportamento e garantir a sobrevivência e a reprodução bem-sucedida. Animais ⇒ percebam e avaliam seu ambiente de maneira emocional, e aprendem a evitar situações ou estímulos que provocam emoções negativas e a procurar situações ou estímulos que induzem emoções positivas. Estados emocionais em animais ⇒ relacionados a alterações nas respostas fisiológicas, mediadas principalmente pelo sistema nervoso autônomo (SNA) e pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA). Respostas fisiológicas adaptativas ⇒ alterações na frequência respiratória (FR) e cardíaca (FC), pressão arterial (PA), tamanho da pupila, sudorese, níveis de corticóides e neurotransmissores. Alteração no bem-estar - Alterações estado físico/psicológico - Respostas fisiológicas. Visão atual sobre indicadores fisiológicos de estresse para avaliar BEA ⇒ estresse pode fazer parte da doença, saúde e bem-estar, assim, não é um indicador confiável apenas do estado de comprometimento negativo de um animal. ✓ Em peixes migratórios ⇒ níveis aumentados de cortisol sensibilizaram o hipocampo e outras áreas olfatórias no cérebro para estimular a memória ⇒ encontrar o fluxo aquático original para uma migração reprodutiva com sucesso; ✓ Níveis aumentados de cortisol circulante ⇒ correlacionados com a maior sobrevivência de lagartos e coelhos selvagens; ✓ Em camundongos ⇒ estresse pré-natal induziu o aumento da performance em tarefas motoras, sem aumentar comportamentos relacionados a ansiedade. ESTRESSE ✓ Agentes estressores (desafios): - internos e externos Estresse psicossocial ⇨ fatores sociais ativam uma série de adaptações adrenocorticais, imunológicas e neurobiológicas. Fatores sociais estressores: ✓ mistura de animais desconhecidos, ✓ privação de contato social (isolamento social) ✓ empobrecimento do meio ambiente ✓ imprevisibilidade ✓ redução de espaço (aglomeração) ✓ ordem social perturbadora (instabilidade social) ✓ restrições diversas (alimentos, conforto) Desafios psicossociais ⇨ promovem adaptações celulares e humorais em vários tecidos e órgãos, incluindo o sistema simpático-medular-adrenal e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, bem como outros tecidos periféricos que respondemao cortisol e as catecolaminas. Resposta de estresse ⇨ decorrente de demandas ambientais reais ou percebidas (estressores) que podem ser avaliadas como ameaçadoras ou benignas, dependendo da disponibilidade de recursos adaptáveis de enfrentamento para um animal. AVALIAÇÃO DAS TÉCNINAS DE MEDIÇÃO Prós e contras das técnicas de medição em termos de: Invasividade - severidade da implantação de um instrumento de medição no corpo. Restrição: – Contenção necessária para obter a amostragem. Perturbação/comprometimento: – Efeito do procedimento de amostragem/coleta sobre o parâmetro que está sendo avaliado. RESPOSTAS ✓ Sistema nervoso autônomo: - simpático (adrenalina, noradrenalina) - parassimpático (acetilcolina) ✓ Eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO-MEDULAR ADRENAL ✓ Aumento no volume de ar inspirado – ⇧ frequência respiratória – ⇧ relaxamento dos bronquíolos ✓ Inibição funções corporais não-essenciais FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA ✓ Avaliação do estado atual ✓ Fácil observação ✓ Intimamente relacionada com frequência cardíaca EFEITOS SNS ✓ Aumento do débito cardíaco: – ⇧ frequência cardíaca (taquicardia) – ⇧ contração do músculo cardíaco – ⇧ vasoconstrição periférica ✓ Aumento do fluxo sanguíneo para os músculos: – ⇧ vasoconstrição periférica – contração do baço SNP regula o sistema SNS SNP Coração (nódulo sinoatrial); reduz o débito cardíaco, diminui frequência cardíaca (bradicardia) FC indica o bem-estar em um dado momento Alteração do bem – estar aumento da FC taquicardia (resposta ativa) ou diminuição da FC bradicardia (resposta passiva) Frequência cardíaca de ovinos (75bpm) ⇧ se expostos a: – Pessoa estranha (⇧ 45 bpm) – Pessoa estranha com cão (⇧ 79 bpm) Frequência cardíaca de roedor silvestres ⇩ quando perturbada por: - Barulho repentino - Estímulo visual ameaçador “Comportamento de imobilização” ARRITMIAS CARDÍACAS Nome genérico de diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos - indicadoras de alterações crônicas do bem-estar - Contenção repetida ⇒ arritmias de taquicardia em macacos - Barulho e estímulos ameaçadores repetidos ⇒ arritmias de bradicardia em roedores silvestres MENSURAÇÃO FC - Auscultação (estetoscópio), monitor FC, biotelemetria/remoto ou com implante. PRESSÃO SANGUÍNEA Medida de alterações crônicas do bem-estar Alteração do bem-estar ⇒ alteração da pressão sanguínea (PS) MEDIÇÃO PS – ESFIGMOMANÔMETRO, CATETERIZAÇÃO ARTERIAL. CATECOLAMINAS ✓ A medular da adrenal libera: – Adrenalina (Epinefrina) – Noradrenalina (Norepinefrina) ✓ Especificidade: Adrenalina ⇒ estímulos psicológicos Noradrenalina ⇒ estímulos físicos ✓ Medida de estado agudo: – Liberação imediata (rato ⇒ 1/2 segundos) – Meia-vida curta (rato ⇒ 70 segundos) – Amostragem rápida: sangue e urina EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-ADRENAL CORTISOL ✓ Mobiliza reservatórios de energia em curto prazo ✓ Estimula glicogenólise hepática e suprime secreção insulina (eleva glicemia) ✓ Promove retroalimentação negativa no hipotálamo e hipófise (modula resposta de estresse com alteração da situação) CARACTERÍSTICAS DO EIXO HHA ✓ Não tão imediato quanto o SNA ✓ Medida de mudanças agudas no bem-estar – Glicocorticóides plasmáticos ⇒ aumentam entre 2 e 10 minutos após estímulo – Podem permanecer elevados durante horas (gravidade do estímulo) – Amostragem: saliva, plasma sanguíneo, urina e fezes DOSAGENS DE GLICOCORTICÓIDES NAS FEZES Técnicas não invasivas para monitorar metabólitos de glicocorticoides (cortisol ou corticosterona) em amostras fecais ⇒ ferramenta útil para a avaliação de BEA em várias espécies (fácil aplicação em fazendas ou grupos de animais). Bovinos: transporte, reagrupamento, manipulação, estresse social, casqueamento, sistemas de ordenha, alojamento, eficiência alimentar, períodos pré e pós parto Ovinos: tosquia Equinos: dor, manejo, inseminação artificial, treinamento, transporte, sistemas de criação Galinhas: restrição alimentar, transporte, manejo, densidade de lotação, inspeção de bem-estar. LIMITAÇÕES DO HHA ✓ Experiência anterior (ratos manejados) ✓ Sexo (⇧ fêmeas) ✓ Metabolismo ✓ Horário de coleta das amostras (ritmo circadiano) Perturbação devida ao método ✓ Presença humana, manejo, restrição e método de amostragem RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS OU COMPORTAMENTAIS Processo produtivo em aves poedeiras ⇒ exposição a uma variedade de experiências de estressores agudos e crônicos: - classificação por sexo - vacinação e transporte após a eclosão - aglomeração e mistura com conspecíficos desconhecidos durante a criação - impedimento de necessidades comportamentais quando mantidas em unidades comerciais de postura de ovos Red Junglefowl (ancestral selvagem) ⇒ reagiu mais forte, tanto na resposta comportamental quanto fisiológica (costicosterona) ao estresse de restrição, bem como se recuperou mais rapidamente em relação a White Leghorn. Domesticação ⇒ pode ter alterado as respostas fisiológicas e comportamentais ao estresse agudo, provavelmente como uma adaptação a um espectro diferente de fatores de seleção. INDICAÇÕES DE RESPOSTA AGUDA AO ESTRESSE BEA E RESPOSTA DE ESTRESSE ✓ Qualquer evento na vida do animal ⇒ resposta de estresse (deve ser adaptativa) ✓ Vivenciar estresse ⇒ resposta natural ✓ Preocupação ⇒ animal estressado além de sua capacidade de lidar com a situação ⇒ alterações patológicas ✓ Crônico/más condições inevitáveis ⇒ adaptação inadequada BEA E ESTRESSE CRÔNICO ✓ Decréscimo da imunidade ✓ Hipertensão ✓ Hipertrofia das adrenais ✓ Ausência de crescimento ✓ Perda de peso ✓ Redução da fertilidade ✓ Úlceras gastrointestinais PATOLOGIAS EM ÓRGÃOS ✓ Alterações crônicas do bem-estar ⇒ grande variedade de patologias ✓ Avaliação post-mortem ✓ Patologias incluem: - Hipertrofia da adrenal - Lesões renais - Lesões do miocárdio - Arteriosclerose EXEMPLOS ✓ Instabilidade social em grupos de ratas ⇒ hipertrofia da adrenal (ativação prolongada do SNA e HHA) ✓ Presença de animais dominantes ⇒ lesões renais em camundongos subordinados (pressão alta prolongada e retenção urinária) ✓ Lesões do miocárdio ⇒ períodos de imobilização prolongados (4 horas) em suínos (ativação prolongada SNS) ✓ Arteriosclerose ⇒ engrossamento da musculatura lisa e perda de elasticidade das paredes arteriais (vasoconstrição crônica por ativação prolongada SNA). MENSURAÇÕES NEUROBIOLÓGICAS ✓ Opióides ⇨ endorfinas (analgésico natural, euforia, bem-estar) ✓ Dopamina (controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição, memória, comportamento motivado por recompensa) ✓ Prolactina (comportamento materno, estresse) ✓ Atividade cerebral ✓ Habilidade de aprendizagem e memória MENSURAÇÕES METABÓLICAS ✓ Glicose (cortisol) ⇨ glicogenólise ✓ Ácido lático ⇨ metabolismo muscular anaeróbico (SAM) ✓ Betahidróxibutirato ⇨ metabolismo de gorduras ✓ Hormônios metabólicos ⇨ insulina ✓ Enzimas musculares ⇨ atividade exacerbada (enzimas creatina quinase e aspartato transaminase) MENSURAÇÕES IMUNOLÓGICAS Resposta inata ⇨ neutrófilos/macrófagos e substâncias químicas/sistema complementar ⇨ lesão tecidual (inflamação) Cortisol ⇨ pode aumentar número de neutrófilos sanguíneos (melhora resposta orgânica) ou diminuir atividade dos neutrófilos (aumenta vulnerabilidade a infecções). Resposta imune adaptativa ⇨ resposta humoral por anticorpos (linfócitos B) e imunidade celular (linfócitos T), mediada por mensageiros químicos (citocinas) ⇨ Vacinação BEA BASEADONA ALOSTASE ✓ A estabilidade através da mudança (alostase) e a capacidade de mudar são cruciais para a boa saúde e o bem-estar animal. ✓ BEA ⇒ caracterizado por uma ampla capacidade preditiva fisiológica e comportamental para antecipar os desafios ambientais. ✓ BEA ⇒ garantido quando a faixa reguladora dos mecanismos alostáticos corresponde às demandas ambientais. ✓ Uma carga alostática baixa é essencial para uma boa saúde e BEA. ✓ Projeto estrutural dos organismos ⇒ deve corresponder à demanda funcional (simorfose). ✓ Interpretar comportamento e fisiologia em termos de percepções de animais e não exclusivamente em termos de valores humanos. CONSIDERAÇÕES FINAIS ✓ Existem várias mensurações fisiológicas de BEA ✓ Muitas refletem a resposta de estresse ✓ Resposta de estresse ⇒ SNA e HHA ✓ Resposta aguda ⇒ manutenção da homeostasia ✓ Resposta crônica ⇒ adaptação inadequada ✓ Todas as respostas podem afetar a produção ✓ Necessidade de outras mensurações AVALIAÇÃO E MANEJO DE BEM-ESTAR EM GRUPO Avaliação do animal individual (avaliação da cor da crista e da barbela, do escore das penas e do bico) como avaliar milhares? CONCEITOS DE BEA 1. O bem-estar é uma característica do animal e não algo que o homem pode fornecer, 2. o bem-estar pode variar de muito bom a muito ruim, 3. o bem-estar pode ser medido cientificamente. Enfoque multidimensional ⇒ considerar três aspectos: 1. o estágio emocional do animal, 2. o funcionamento biológico, 3. a habilidade do animal mostrar o padrão normal de comportamento. ASPECTOS/PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DO BEA - Estado físico, mental e natural. PRINCÍPIOS DA AVALIAÇÃO DE BEA A NÍVEL DE GRUPO Grupos de animais – Animais em fazendas, laboratórios, instituições de proteção ou centros de controle de zoonoses, animais silvestres/selvagens. Requisitos para indicadores de bem-estar: – Praticabilidade: restrições de tempo, custos, manuseio dos animais - Confiabilidade: quantidade de erros ao acaso na realização de uma avaliação, incluindo: • Repetibilidade: estabilidade da medição (fotos), repetibilidade intra e inter-observador (treinamento) • Validade: significado do parâmetro, conclusões MÉTODOS DE ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA EPIDEMIOLOGIA ⇒ “estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados com a saúde em populações específicas e a aplicação deste estudo no controle de problemas de saúde”. ▪ Seleção de uma parcela representativa de grupos de animais (todas as unidades leiteiras de uma região) ▪ Amostragem ao acaso de animais de um grupo ▪ Avaliação da severidade e duração de um problema e número de animais afetados (incidência e prevalência) Incidência ⇒ número de casos novos em um determinado período de tempo dividido pelo número de animais sob risco. O período de tempo selecionado é normalmente um ano (incidência anual). Prevalência ⇒ número de animais afetados pela doença em um dado momento. Pode ser calculada dividindo o número de animais doentes pelo número de animais sob risco. MÉTODOS – DADOS DO SISTEMA E EFEITOS ▪ Avaliação dos dados do sistema (parâmetros indiretos): – Medições das instalações – Disponibilidade de água e alimentos – Qualificação do tratador – Registros de medicamentos ▪ Avaliação dos efeitos (parâmetros diretos): – Animal vivo – Animal morto (abatedouro, necropsia) PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE BEA DO PROJETO WELFARE QUALITY Boa alimentação Critérios: ausência de fome e sede prolongadas. Bom alojamento Critérios: conforto em relação ao descanso, conforto térmico, facilidade de movimento. Boa saúde Critérios: ausência de lesões, enfermidades e de dor causada por práticas de manejo. Comportamento adequado Critérios: expressão de comportamento social adequado, expressão adequada de outras condutas, interação humano-animal positiva, estado emocional positivo. APLICAÇÕES ▪ Pesquisa - Monitoramento da saúde e do bem-estar - Avaliação do impacto de intervenções ▪ Esquemas de certificação voluntária ▪ Legislação ▪ Assessoria (medicina preventiva) EXEMPLOS DE PESQUISAS Monitoramento (avaliar): ▪ Sistemas de criação ▪ Recursos individuais (fatores de risco) ▪ Esquemas de certificação ▪ Influência de uma nova legislação ▪ Impacto de projetos AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE CRIAÇÃO Sistemas de alojamento individual para porcas gestantes: • 2,4% mancas • 21,4% cascos muito longos • 41,7% calosidades Alojamento em grupo para porcas gestantes: • 5,3% mancas • 8,3% cascos muito longos • 18,2% calosidades AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE INTERVENÇÕES ▪ Campanhas de vacinação ▪ Educação e treinamento dos proprietários ▪ Antes e depois da intervenção ▪ Localizações com e sem intervenção MONITORAMENTO DA SAÚDE E DO BEM-ESTAR Aplicável a animais silvestres/selvagens ▪ Avaliação de dados do sistema • Disponibilidade de pasto apropriado, acesso à água ▪ Avaliação de efeitos • Escore de condição corporal, número de animais novos, distância de fuga • Parâmetros fisiológicos (cortisol nas fezes) EXEMPLOS DE CERTIFICAÇÃO Esquemas de certificação de propriedades • Geralmente ditados pelo mercado ⇒ preocupação principal ⇒ segurança alimentar SERVIÇO BRASILEIRO DE RASTREABILIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DE BOVINOS E BUBALINOS (SISBOV) O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visando estabelecer normas para a produção de carne bovina com garantia de origem e qualidade, publicou a Instrução Normativa n° 17, de 13/07/2006, com nova estrutura operacional para o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos – SISBOV. SISBOV ⇒ estabelece normas e procedimentos aplicáveis a todas as fases da produção, transformação e distribuição dos serviços agropecuários, para assegurar a rastreabilidade, origem e a identidade dos animais, produtos, subprodutos e insumos agropecuários na cadeia produtiva de bovinos e bubalinos. O novo sistema é de adesão voluntária, permanecendo a obrigatoriedade de adesão para a comercialização para mercados que exijam a rastreabilidade. Rastreabilidade de aves e suínos Programa de rastreabilidade avícola (SISAV) e suinícola (SISUI). Visa a elaboração de softwares de gerenciamento que atendam toda a cadeia produtiva da avicultura e suinocultura nos diversos seguimentos: antes da porteira (insumos em geral); dentro da porteira (produção e características da integração) e fora da porteira (frigoríficos e comercialização). Hoje, o Brasil é o maior exportador mundial não só de carne bovina, mas de frango também, além de ficar em quarto lugar na de suínos. A gripe aviária juntamente com outras enfermidades, que rapidamente se disseminam pelo mundo, abre discussões sobre a importância da criação de sistemas de rastreabilidade nesses setores. No entanto, ainda não há nenhuma legislação que obrigue a rastreabilidade de aves ou suínos. A implantação de uma legislação semelhante ao Sisbov na produção avícola é mais complicada porque teria que ser feita em lotes, e não individualmente como a de bovinos e bubalinos. PARÂMETROS: DIRIGIDOS AOS MÉTODOS Baseado nas boas práticas e pesquisa do bem-estar Avaliado através da observação dos recursos/insumos Animais mantidos ao ar livre têm de dispor sempre de uma área de descanso bem drenada PARÂMETROS DIRIGIDOS AOS OBJETIVOS O nível de recursos exigidos é definido com base no seu efeito sobre os animais em cada propriedade. Avaliado através da observação dos animais. “Animais devem ser alimentados com uma dieta completa, em quantidade suficiente para mantê-los em boa saúde, satisfazer suas necessidades nutricionais e promover um estado positivo de bem-estar”. PLANO DE SAÚDE Cada plantel deve ter um programa escrito de saúde e bem estar, elaborado, onde necessário, com a assessoria de um consultor. Este programa deve definir as atividades de saúde e criação para o ciclo anual completo de produção. O programa deve ser revisto e atualizado anualmente pelo proprietário e deve estar disponível para fiscalização pelas autoridades. QUEM É RESPONSÁVEL? Proprietário • Responsabilidade geral • Formular um plano de procedimentos • Manter registros Consultor (Médico Veterinário/Zootecnista) • Consultoria nos planos e sistema de registros • Avaliação do desempenho • Consultoria para correções Assessor de certificação • Avaliar disponibilidade dos planos de saúde/registros • Avaliar a frequência de revisões • Avaliar a implementação do plano de saúde • Avaliar a eficiência do plano CONCLUSÕES ▪ Praticabilidade, confiabilidade e validade ⇒ requisitos importantes ▪ A combinação de diferentes parâmetros ⇒ dados do sistema e efeitos é indicada ▪ Pesquisas, esquemas de certificação voluntária e ferramentas de assessoria ⇒ aplicáveis na avaliação do bem-estar em grupo ▪ Principal objetivo das avaliações ⇒ melhoria do bem-estar animal
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