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1 Aline David – ATM 2025/B ❖ Identificação de pessoas com suscetibilidade aumentada ou risco para doença genética. ❖ O objetivo da triagem populacional é examinar todos os membros de uma determinada população, independentemente da história familiar. ❖ A triagem genética é uma atividade de saúde pública importante. TIPO DE TRIAGEM GENÉTICA EM POPULAÇÕES ❖ TRIAGEM DE RECÉM-NASCIDOS: testes de triagem neonatal ❖ TRIAGEM PRÉ-NATAL: ultrassonografia obstétrica, triagem no sangue materno, testes invasivos. ❖ TRIAGEM DE SUSCETIBILIDADE: câncer hereditário / doenças neurodegenerativas. ❖ TRIAGEM DE HETEROZIGOTOS: doenças recessivas e ligadas ao X em populações de alta frequência de portadores. TESTE DE TRIAGEM NEONATAL – TESTE DO PEZINHO ❖ CONCEITO DE TRIAGEM → Detecção – através de testes aplicados numa população – de um grupo de indivíduos com probabilidade elevada de apresentarem determinadas patologias. ❖ TRIAGEM NEONATAL → Metodologia de rastreamento especificamente na população com idade de 0 a 30 dias de vida. UM POUCO DE HISTÓRIA... ❖ Década de 60 = diversos países iniciaram programas de Triagem Neonatal. ❖ 1976 = primeira tentativa no Brasil (e na América Latina) ❖ APAE – SP (incluía apenas PKU) ❖ 1980 incluiu hipotireoidismo congênito ❖ Na década de 80, houve o amparo legal para a realização dos programas de Triagem Neonatal em poucos estados brasileiros: ❖ → São Paulo (Lei Estadual n.º 3.914/1983) e Paraná (Lei Estadual n.º 867/1987). ❖ Lei Federal n.º 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) houve a tentativa inicial de formalização da obrigatoriedade dos testes em todo o território nacional. ❖ Em 1992, a legislação federal foi complementada, definindo Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito como as patologias a serem triadas (Portaria GM/MS n.º 22, de 15 de janeiro de 1992). ❖ Em setembro de 1999, foi fundada a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal com a finalidade de reunir os diversos serviços existentes e profissionais ligados à área. ❖ O Ministério da Saúde fez o lançamento, em 6 de junho de 2001 (Portaria GM/MS n.º Triagem Genética em Populações 2 Aline David – ATM 2025/B ❖ 822), do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). ❖ - Objetivo de ampliar a Triagem Neonatal existente (Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito), incluindo a detecção precoce de outras doenças congênitas como as Doenças Falciformes, outras Hemoglobinopatias e a Fibrose Cística. ❖ Designação de pelo menos um Serviço de Referência (com laboratório especializado) em cada estado brasileiro. ❖ Em 2012 teve início o programa de reformulação da triagem neonatal, que visa incluir nacionalmente mais duas doenças: Hiperplasia Adrenal Congênita e Deficiência de Biotinidase. PROCEDIMENTO DE COLETA ❖ Gota de sangue da região plantar do calcanhar, após assepsia adequada com álcool 70%. ❖ Secagem do papel filtro em temperatura ambiente. MOMENTO DA COLETA ❖ Preferencialmente entre o 3º e 5º dia de vida. Não é obrigatório, no entanto, não pode ser muito cedo porque corre o risco de não captar os bebês que tem fenilcetonúria, pois essa doença só aparece quando os bebês mamam quantidade suficiente de leite nos primeiros dias de vida, pois nos primeiros dias o bebê mama menos. Não pode passar de 30 dias de vida. Depois de 30 dias de vida o teste do pezinho não capta mais as doenças, precisa ser outro procedimento. ❖ Antes de 48h invalida a análise para PKU. ❖ Após 30 dias de vida prejudica análise para Fibrose Cística. ❖ Não necessita jejum. ❖ Prematuridade e transfusão são fatores restritivos na triagem da Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias. ❖ Nova coleta deverá ser realizada após 90 dias do nascimento. ❖ Resultados positivos devem ser encaminhados para teste diagnóstico. FENILCETONÚRIA (PKU) ❖ É um erro inato do metabolismo (tipo II), de herança autossômica recessiva, cujo defeito metabólico (geralmente na fenilalanina hidroxilase), leva ao acúmulo de fenilalanina (FAL) no sangue. → Foi a primeira doença genética a ter um tratamento realizado a partir de terapêutica dietética específica. ❖ É a incapacidade de transformar a fenilalanina em tirosina, acumulando a fenilalanina no organismo. ❖ A triagem é realizada através da dosagem quantitativa da Fenilalanina (FAL) sangüínea, obtida de amostras colhidas em papel filtro. ❖ Para que o aumento da FAL possa ser detectado, é fundamental que a criança tenha tido ingestão protéica, portanto, é recomendado que a coleta seja feita após 48 horas do nascimento da criança. ❖ O valor de referência da triagem para a população normal é de FAL menor ou igual a 4mg%. ❖ Um resultado de Triagem Neonatal positivo que tenha normalizado na segunda amostra, especialmente em crianças com retardo no crescimento, microcefalia ou malformações, pode levantar a possibilidade de PKU materna. ❖ A fenilcetonúria materna não diagnosticada é considerada um tipo de teratógeno. ❖ Quadro clínico clássico caracterizado por: - Atraso global do DNPM - Deficiência cognitiva - Comportamento agitado ou padrão autista - Convulsões ou alterações eletroencefalográficas - Odor característico na urina. ❖ Pacientes que recebem o diagnóstico no período neonatal e recebem a terapia dietética adequada precocemente, não apresentarão o quadro clínico acima descrito. 3 Aline David – ATM 2025/B ❖ Tratamento = dieta hipoprotéica suplementada principalmente por uma fórmula de aminoácidos isenta de Fenilalanina (FAL). Se for um bebê será restringida o leite. Quando o bebê vai ficando maior, é restringido tudo o que contém proteínas, tanto de origem animal quanto de origem vegetal. ❖ Usualmente a dieta deve conter entre 250 e 500 mg de FAL/dia, quando o normal de ingesta para um paciente não fenilcetonúrico é de 2.500 mg de FAL/dia. HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO ❖ Ocorre quando a glândula tireoide do recém- nascido não é capaz de produzir quantidades adequadas de hormônios tireoidianos, o que resulta numa redução generalizada dos processos metabólicos. ❖ A patologia pode ser classificada em: • primária – quando a falha ocorre na glândula tireóide; • secundária – quando ocorre deficiência do TSH hipofisário; • terciária – quando ocorre deficiência do TRH hipotalâmico; • resistência periférica à ação dos hormônios tireóideos. ❖ Quadro clínico: ❖ Déficit de crescimento ❖ Atraso de DNPM ❖ Déficit cognitivo grave ❖ Alterações sistêmicas diversas ❖ Tratamento = realizado com reposição hormonal (levotiroxina). ❖ O período ideal para triagem do Hipotireoidismo Congênito é entre o quinto e sétimo dia de vida quando existe estabilização da função hormonal do recém-nascido, e possibilita diagnóstico e tratamento precoce dos casos positivos. ❖ # Medida do hormônio estimulante da Tireóide (TSH) em amostras de sangue colhidas em papel filtro. ❖ Valor de referência: TSH < 20mUI/L. ❖ Medida de TSH e T4 livre em amostra de sangue venoso, obtida o mais cedo possível após os resultados positivos iniciais. ❖ 90% dos casos permanecem positivos. ❖ # Crianças cujas mães eram tratadas durante a gravidez com drogas antitireoidianas ou iodetos (Hipotireoidismo Transitório) são monitorados até que os níveis de T4 e TSH tenham normalizado. ANEMIA FALCIFORME E OUTRAS HEMOGLOBINOPATIAS ❖ Anemia Falciforme é uma doença genética recessiva, devido a um defeito estrutural da cadeia Beta-globina, conduzindo a alteração físico-química na molécula de hemoglobina e na forma das hemácias para uma forma de foice, na ausência de oxigênio. → Presença de HbS, na ausência de HbA (normal) ou em quantidade muito maior. ❖ Beta-talassemia: presença isolada de HbF. ❖ Alfa-talassemia:presença de Hb Barts e HbH. ❖ No Brasil, estima-se que em determinadas regiões a doença Falciforme tem uma incidência de 3 em 1.000 nascidos vivos, e cerca de 7 a 10% são heterozigotos. ❖ Tem muito mais no norte, nordeste e sudeste do brasil porque é uma doença de efeito fundador afro. ❖ A forma de foice da hemácias, faz com que a hemácia não consiga ou com que consiga carregar quase nada de O2. ❖ Quadro clínico: ❖ - Anemia hemolítica ❖ - Crises vaso-oclusivas (crises de dor em membros, dorso, abdômen e tórax) → crises 4 Aline David – ATM 2025/B álgicas, pois nesses locais se acumula as hemácias falcêmicas. ❖ - Insuficiência Renal Progressiva - Acidente vascular cerebral - Pode ocorrer alterações leves no desenvolvimento neurológico, com provável etiologia vaso-oclusiva de sistema nervoso central. ❖ O pico de morbidade e mortalidade está ao redor de 2 a 3 anos de vida. ❖ As principais causas de morte são septicemia e choque (por streptococus pneumoniae ou haemophilus influenzae) e anemia profunda por sequestro esplênico. ❖ Os pais dos portadores são heterozigotos, pois a doença é autossômica recessiva. O filho pode ser portador de anemia falciforme também, mesmo não possuindo a doença. ❖ Tratamento: - Transfusões sanguíneas ❖ - Suporte nas crises álgicas ou eventos vaso- oclusivos ❖ - Hidroxiureia (aumento dos níveis de HbF) - Prevenção de complicações: vacinas, antibióticos, ácido fólico. ❖ Considerações práticas: - Transfusão de sangue pode causar resultados falso negativos ou positivos na triagem. ❖ Caso ocorra, nova amostra só pode ser coletada após pelo menos três meses da data da transfusão → ELETROFORESE DE HEMOGLOBINA, pois no primeiro teste pode ter sido avaliado as hemácias do doador do sangue e não do bebê em si. - Serão identificados também portadores de Hemoglobinopatias (hemoglobina traço), que geralmente são assintomáticos, mas cuja identificação pode ter implicação genética importante na família. FIBROSE CÍSTICA ❖ Doença genética autossômica recessiva que altera especialmente a função pulmonar e pancreática. ❖ A Tripsina é uma enzima produzida no pâncreas e os recém-nascidos com Fibrose Cística possuem altos níveis plasmáticos da mesma. ❖ Dificuldade de transporte entre o sódio e o cloro. O sódio acaba ficando fora carregando água junto com ele. Logo, as secreções produzidas pelo corpo ficam muito aderidas a ele. Por esse motivo aumenta a possibilidade de infecção pulmonar e de vias aéreas, pâncreas exócrino (produz enzimas e vitaminas hidrossolúveis, as enzimas ficam presas e não vão para o duodeno para fazer a absorção das vitaminas, o que faz com que o indivíduo fique magro, etc.), constipação (se deu 48h e o bebê não liberou o mecônio, suor salgado (por conta do cloro em excesso). Detecção da Tripsina Imunoreativa (IRT) → O valor de referência da triagem para a população normal é de até 110 ng/ml. → Em crianças acima de 30 dias de vida, os níveis sanguíneos de IRT podem se apresentar com valores reduzidos mesmo em portadores da patologia. ❖ Os testes confirmatórios (ou em crianças a partir de 30 dias) incluem: -- Teste de eletrólitos no suor -- Análise molecular do gene CFTR (mutação comum em caucasianos: DF508). ❖ Tratamento: - Suporte e prevenção de infecções - Fisioterapia respiratória; enzimas pancreáticas; suporte nutricional. - Antes de se alimentar o paciente deve ingerir enzimas pancreáticas. Todas as vezes cerca de meia hora antes das refeições, para que ele possa absorver o que está sendo ingerido. DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE ❖ É uma doença genética autossômica recessiva que consiste na deficiência da enzima biotinidase, responsável pela absorção e regeneração orgânica da biotina, uma vitamina existente nos alimentos que compõem a dieta normal. ❖ Também é um tipo de erro inato do metabolismo do tipo II. ❖ O problema não é o acúmulo de biotina, mas sim não formar biotina livre, pois, se torna impossível formar produtos como substratos para neurônios e para o sistema tegumentar. ❖ Esta vitamina é indispensável para a atividade de diversas enzimas. ❖ O quadro clínico mais grave é marcado por convulsões, retardo mental e lesões de pele (eczema). ❖ O tratamento é simples, e consiste na administração, por via oral, de uma dose diária suplementar de biotina, a qual permite o 5 Aline David – ATM 2025/B funcionamento normal das diversas enzimas que dela dependem. ❖ O teste de triagem neonatal permite medir o nível de atividade da enzima biotinidase. HIPERPLASIA ADRENAL COMGÊNITA (HAC) ❖ É uma doença genética autossômica recessiva caracterizada por distúrbios no funcionamento das glândulas adrenais. ❖ Por uma alteração nas enzimas necessárias ao funcionamento das glândulas adrenais, a pessoa com HAC não produz os hormônios adrenais na quantidade adequada ao organismo. A glândula adrenal é maior do que o normal e o seu funcionamento é menor. ❖ A triagem neonatal permite avaliar a quantidade do hormônio 17-OH progesterona. → Ele tende a se acumular quando há um bloqueio na produção do hormônio cortisol, como acontece na HAC. - É ocasionada pela falta de uma ou de duas enzimas, fazendo com que a glândula não produza nem aldosterona e nem cortisol, ocasionando o hipoaldosteronismo e o hipocortisolismo. Com a falta de cortisol não tem quebra de glicogênio em jejum. A aldosterona faz com que haja um aumento da secreção de sal na urina, acumulando potássio, o que oide ocasionar arritmias. Há acúmulo de testosterona, nos meninos não faz diferença alguma, mas nas meninas causa virilização (meninas que nascem com alteração da genitália, como hipertrofia do clitóris e micropigmentação dos grandes lábios parecendo uma bolsa escrotal). ❖ FORMA CLÁSSICA PERDEDORA DE SAL: - As glândulas adrenais não conseguem produzir quantidades suficientes de cortisol e aldosterona. - Sem o diagnóstico no tempo correto e o tratamento adequado, essa forma de HAC clássica pode levar à morte. ❖ FORMA CLÁSSICA VIRILIZANTE “SIMPLES”: - As glândulas adrenais produzem quantidades suficientes de aldosterona, mas não suficientes de cortisol. ❖ Hiperpigmentação ❖ Rugosidade ❖ Ausência de Gônadas ❖ Afeta igual meninos e meninas, mas as meninas tem a possibilidade de possuir virilização. ❖ Especialmente nas crianças do sexo masculino, nas quais não se manifestam sinais evidentes da doença nos primeiros dias de vida, a realização da triagem neonatal para o diagnóstico em tempo oportuno torna-se ainda mais importante. ❖ O tratamento da HAC tem por objetivo restituir a quantidade de hormônios que não estão sendo produzidos e consiste na reposição hormonal diária, via oral. ❖ Algumas medidas de suporte ao tratamento são: 6 Aline David – ATM 2025/B ❖ acréscimo de sal para os lactantes ❖ aumento do hormônio glicocorticoide em situações de estresse. ❖ O tratamento precoce evita a desidratação grave e reduz o risco de morte. Reposição de sódio no mamá e reposição de glicocorticoide também. TESTES AMPLIADOS (REDE PRIVADA) ❖ Galactosemia — é uma doença genética que dificulta a conversão de galactose em glicose. - Acúmulo de galactose no organismo, causando problemas de coagulação, icterícia, hipoglicemia, glicosúria, acidose e catarata. ❖ Glicose 6-fosfato desidrogenase (G6PD) – distúrbio metabólico que causa alterações das enzimas fundamentais para proteção das células, especialmente das hemácias. Sem estabilidade, os glóbulos vermelhos podem morrer, causando anemia hemolítica. → Doença ligada ao X (manifestações no sexo masculino) → não é autossômica recessiva. ❖ Aminoacidopatias - análise quantitativa de aminoácidos. Todos os aminoácidos essenciais que podem se acumular no organismo,com exceção da fenilcetonúria. ❖ Distúrbios de beta-oxidação – déficit energético celular. Erros inatos do metabolismo do tipo III. - Pode levar à Síndrome da morte súbita. - Exame: análise de acilcarnitinas. ❖ Infecções congênitas - Toxoplasmose - Sífilis - Rubeola - Chagas - HIV. ❖ Teste da bochcinha → detecta 340 doenças.
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