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Comunicação Popular e Comunitária

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COMUNICAÇÃO POPULAR 
E COMUNITÁRIA
W
BA
01
34
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2.
0
22 
Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Comunicação Popular e Comunitária
1ª edição
33 3
Autoria: Prof. Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Revisão: Prof. Giani Vendramel de Oliveira
Como citar este documento: Figueiredo, Beatriz H. R. Comunicação popular e comunitária. Valinhos: 2019.
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
mailto:editora.educacional@kroton.com.br
http://www.kroton.com.br/
44 
COMUNICAÇÃO POPULAR E COMUNITÁRIA
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Fundamentos da comunicação humana 6
Comunicação popular e comunitária 20
Conceito de comunicação. Filosofia da Linguagem. 
Fundamentos da comunicação popular e comunitária 33
Participação. Meio de comunicação. Democratização da comunicação 44
Novas tecnologias e utilização de técnicas de 
comunicação no cotidiano da prática profissional 56
Comunicação na práxis profissional 69
Fundamentos e impactos das novas tecnologias da informação 82
Práticas de comunicação popular e comunitária e as novas tecnologias 93
55 5
Apresentação da disciplina
Nunca foi tão importante discutir os rumos da Comunicação em nosso 
país. Assunto atemporal, porém de grande influência na história das 
sociedades humanas, a comunicação é sempre uma mediadora entre os 
campos político e social em qualquer que seja a realidade histórica ou 
geográfica de um país.
Quem detém o conhecimento sobre o campo da Comunicação, 
detém o poder diante de um ou mais grupos sociais. A comunicação 
é matéria-prima na relação social. Estamos diariamente inundados de 
textos comunicacionais que têm por objetivo mediar, controlar, incitar, 
provocar respostas de comportamento, informar, entreter, enfim, gerir 
o campo das relações sociais das sociedades contemporâneas.
Pensar sobre os caminhos alternativos do campo da Comunicação 
não é tarefa fácil, mas torna-se todo dia mais essencial. A comunicação 
popular ou comunitária é uma resposta social diante das relações 
comunicacionais que por anos foram mediadas apenas por 
grandes empresas (como os principais canais de televisão 
ou jornais e revistas impressos).
Comunicação comunitária, como o próprio nome diz, é um espaço de 
determinada comunidade e que gera autonomia e poder diante de 
entes do campo social e/ou governamental.
Não importa onde você vá utilizar esse tipo de conhecimento. O que 
importa é que você possa ter acesso a ele. Ter acesso às discussões 
e reflexões que envolvem o campo da Comunicação possibilita que 
qualquer sujeito social possa se tornar emancipado no contexto da 
relação social em que se encontra.
Comunicação é poder. Você vai ouvir isso muitas vezes durante este 
curso porque é diante dessa premissa básica que desenvolvemos toda e 
qualquer reflexão sobre o campo da Comunicação aplicado ao contexto 
popular e comunitário.
66 
Fundamentos 
da comunicação humana
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Objetivos
• Compreender o que é o campo do estudo da 
Comunicação.
• Entender as diferenças básicas entre a comunicação 
de massa e a comunicação comunitária.
• Conhecer os fundamentos da comunicação 
humana no decorrer da história.
77 7
1. Introdução
Nunca foi tão importante discutir os rumos da Comunicação em nosso 
país. Assunto atemporal, porém de grande influência na história das 
sociedades humanas, a comunicação é sempre uma mediadora entre 
os campos político e social em qualquer que seja a realidade histórica 
ou geográfica de um país.
Quem detém o conhecimento sobre o campo da Comunicação, 
detém o poder diante de um ou mais grupos sociais. A comunicação 
é matéria-prima na relação social. Estamos diariamente inundados de 
textos comunicacionais que têm por objetivo mediar, controlar, incitar, 
provocar respostas de comportamento, informar, entreter, enfim, gerir 
o campo das relações sociais das sociedades contemporâneas.
Pensar sobre os caminhos alternativos do campo da Comunicação 
não é tarefa fácil, mas torna-se todo dia mais essencial. A comunicação 
popular ou comunitária é uma resposta social diante das relações 
comunicacionais que por anos foram mediadas apenas por 
grandes empresas (como os principais canais de televisão 
ou jornais e revistas impressos).
Comunicação comunitária, como o próprio nome diz, é um espaço de 
determinada comunidade e que gera autonomia e poder diante de 
entes do campo social e/ou governamental.
Não importa onde você vá utilizar esse tipo de conhecimento. O que 
importa é que você possa ter acesso a ele. Ter acesso às discussões 
e reflexões que envolvem o campo da Comunicação possibilita que 
qualquer sujeito social possa se tornar emancipado no contexto da 
relação social em que se encontra.
Comunicação é poder. Você vai ouvir isso muitas vezes durante 
a disciplina em questão, porque é diante dessa premissa básica 
que desenvolvemos toda e qualquer reflexão sobre o campo da 
Comunicação aplicado ao contexto popular e comunitário.
88 
Estudar o campo da Comunicação é falar sobre o comportamento 
humano no decorrer da história, refletindo sobre os processos criados 
pelo homem para potencializar a sua capacidade de se comunicar, 
aprendendo sobre as ferramentas e as estratégias por meio de uma 
análise histórica, falando de passado para construir diálogos possíveis 
com o presente e abrindo caminhos para o futuro.
O campo da Comunicação é extenso e abarca questões dos estudos 
sociais e políticos, do campo da psicologia social, da filosofia, dos 
estudos da linguagem, do marketing e dos mais novos e avançados 
estudos sobre mídia e tecnologia. Falar de Comunicação é “abraçar 
o mundo” com o intuito de compreendê-lo e de transformar 
esse conhecimento adquirido em potência geradora de controle, 
manutenção ou transformação social. 
Para nos aventurarmos nesta viagem é preciso que comecemos a 
pensar sobre o que compreende efetivamente o ato de se comunicar. 
Ora, eu me comunico quando digo alguma coisa à alguém. Mas será 
que a comunicação se dá apenas pela fala? Não. Comunicamo-nos o 
tempo todo e por várias e inúmeras maneiras, porém devemos pensar 
cuidadosamente sobre esse processo para melhor entendê-lo.
1.1 Teorizando o processo de comunicação
Há uma série de estudos no campo das teorias da comunicação. 
PARA SABER MAIS
Os estudos sobre os processos comunicacionais no 
decorrer da história são abarcados pelo campo das 
Teorias da Comunicação. Estas teorias analisam a área da 
Comunicação Social sob várias óticas com base em olhares 
da sociologia, da filosofia, da economia, dentre outras áreas. 
99 9
As teorias mais conhecidas são a Teoria Hipodérmica, a 
Teoria Funcionalista, a Teoria Culturológica, a Teoria Crítica 
e os Estudos Culturais, todas elas são frutos das Escolas 
Estadunidenses (Escola de Chicago e Escola de Palo Alto), 
Escola Canadense, Escola Francesa, Escola Alemã e Escola 
Inglesa. Há ainda uma linha de estudos da Teoria da 
Comunicação em âmbito nacional. A corrente chamada de 
folkcomunicação foi introduzida no Brasil pelo teórico Luiz 
Beltrão de Andrade Lima, durante a década de 1960.
A teoria mais simples que pretende explicar o processo comunicativo 
diz que temos, em qualquer situação de comunicação, pelo menos um 
emissor, um receptor e uma mensagem. O emissor seria aquele que 
emite a mensagem. O receptor seria aquele que recebe a mensagem. 
A mensagem seriao conteúdo emitido, o texto pronunciado, aquilo 
que é dito. Porém esse processo compreende também outras variáveis. 
É preciso levar em conta a existência de ruídos. Ruídos, mais do que 
simplesmente sons que atrapalham o processo de comunicação, 
podem ser entendidos como elementos que dificultam a recepção da 
mensagem em todo o seu potencial comunicador. Ou seja, um ruído 
pode sim ser um som alto enquanto alguém fala e outro alguém ouve. 
Mas ruídos também podem ser elementos de linguagem pronunciados 
pelo emissor e que não fazem parte do repertório do receptor da 
mensagem. Ruídos podem ser, por exemplo, dificuldades com a língua 
falada pelo emissor quando esta não é a língua pátria do receptor.
Figura 1 – Processo básico de comunicação
Fonte: elaborado pelo autor.
1010 
A mensagem é construída a partir de um determinado código que 
poderia ser definido como um conjunto de sinais organizados segundo 
um padrão preestabelecido. Este documento que você agora lê é um 
suporte de comunicação organizado a partir de um código comum ao 
autor e ao leitor. É por isso que ao ler este documento você consegue 
compreender o que lê. Se ao invés da língua portuguesa este documento 
tivesse sido publicado em russo, talvez você tivesse mais ou total 
dificuldade para compreender o que está escrito. Teríamos então um 
ruído gravíssimo em nosso processo de comunicação.
Há mais um elemento para construirmos esta leitura, ainda básica, 
do processo de comunicação. É o que chamamos de “canal de 
comunicação”. Como esta comunicação se dá? É uma comunicação 
direta, ou seja, entre duas pessoas que se encontram frente a frente? 
Ou é uma comunicação que se dá por meio de telefone, internet, 
televisão, texto impresso, emissora de rádio, etc.? Estes são canais de 
comunicação. É o suporte em que a comunicação se efetiva. Cada meio 
de comunicação tem características próprias que também devem ser 
entendidas para que possamos potencializar o processo comunicacional.
Isso tudo parece básico, mas não é. É importante que tenhamos essas 
ideias cristalizadas para que possamos avançar nos estudos da área da 
Comunicação e para que possamos, posteriormente, fazer uso efetivo e 
eficiente desse conhecimento.
ASSIMILE
Comunicação é o ato de comunicar alguma coisa a alguém. 
Este ato envolve sujeitos e variáveis que precisam ser 
entendidos em toda a sua complexidade. 
Johannes Gutenberg, alemão, foi o responsável pela 
criação e desenvolvimento da prensa móvel, o que 
possibilitou a impressão continuada de publicações como 
1111 11
livros e jornais. É considerado um dos principais nomes 
na história da imprensa (aliás, o nome “imprensa” vem de 
sua criação). A prensa é considerada uma das melhores 
contribuições para as sociedades modernas.
1.2 Comunicação de massa e comunicação comunitária
Você já ouviu falar do termo “comunicação de massa”, não é? O que 
seria esse conceito? Você já pensou sobre ele? Inicialmente, quando 
criado no início do século XX, esse conceito procurava abarcar a ideia 
de uma comunicação advinda do rádio, da televisão e do cinema (os 
chamados novos meios de comunicação) que poderiam alcançar um 
público maior do que a minoria alfabetizada. Apesar de aparentemente 
ser similar ao uso que fazemos do conceito nos dias atuais, ele já não 
possui a mesma carga de significação histórica, em razão de novos 
tipos de suporte (como a internet) que criaram uma nova relação de 
comunicação, menos hierárquica e mais horizontal. 
Atualmente, fazemos uso do termo “comunicação de massa” para 
falarmos de meios de comunicação de largo alcance e de poder 
uniformizador. Um exemplo é a televisão. Ela está em quase 100% dos 
lares brasileiros. Atinge um grupo enorme e heterogêneo de pessoas, 
tornando-as uma massa uniforme em processos de comunicação que 
procuram reforçar os valores que as igualam em detrimento dos valores 
que as diferenciam. Ela fala com todos ao mesmo tempo. Ela fala com a 
massa e nesta relação com a televisão, somos a massa.
PARA SABER MAIS
O conceito de comunicação de massa foi formulado 
na década de 1920 ou 1930 para se aplicar às novas 
possibilidades de comunicação pública que surgiram com 
1212 
a imprensa de massa, o rádio e o cinema. Estes meios 
ampliaram o público potencial para além da minoria 
alfabetizada. Também eram essencialmente novos o 
estilo e a escala industriais da organização de produção 
e divulgação. Grandes populações dos Estados-nação 
poderiam ser atingidas mais ou menos ao mesmo tempo 
com conteúdo basicamente igual, o qual, muitas vezes, 
levava o selo de aprovação de quem tinha poder político e 
social (MCQUAIL, 2012, p. 508-509).
1.3 O papel da comunicação em nosso cotidiano
Você já pensou sobre o papel que a comunicação assume na vida da 
gente? Tudo a nossa volta comunica. Ao acordar, você será inundado 
de mensagens se ligar o rádio, se abrir a janela e encontrar em frente 
à sua casa um outdoor (aqueles grandes painéis publicitários de rua), 
se entrar numa estação de metrô numa grande cidade, ou mesmo se 
ligar a televisão. Em todos os lugares haverá textos que pretendem 
comunicar algo a você. A recepção de cada uma dessas mensagens 
se dará de forma mais ou menos eficiente segundo o seu repertório, 
interesse e disponibilidade ao recebê-las, mas é fato que elas chegarão 
até você. Estamos mergulhados numa sociedade que está mergulhada 
em processos comunicacionais que têm, entre outros interesses, uma 
forte tendência a nos fazer consumidores de algo, seja de um produto, 
de um serviço, de uma ideia ou de uma ideologia. Os textos que estão 
colocados na sociedade são, em grande parte, altamente persuasivos.
Aprofundando esse olhar em apenas um dos meios de comunicação 
ditos “de massa”, provoco uma reflexão: você já pensou sobre a 
importância da televisão em seu cotidiano? Já percebeu como até nossas 
casas são arrumadas em função deste aparelho transmissor de ideias 
e mensagens? Já pensou sobre a dependência que temos deste meio? 
Muitas vezes sequer estamos na sala, mas somos capazes de mantê-la 
1313 13
ligada dias inteiros. O ruído dela nos toca e, se não podemos estar ali 
sentados, absorvidos por aqueles textos audiovisuais, queremos apenas 
ter a sensação de ouvi-los. A televisão se faz presente o tempo todo 
em nossa vida. Aliás, a televisão não se faz presente apenas quando 
temos a possibilidade de ligar o aparelho televisor, ela se faz presente 
no consumo de conteúdos mesmo quando o que temos a nossa frente 
é a tela de um computador conectado à internet. Veja o que te interessa 
em um portal de notícias e reflita sobre a quantidade de informações 
que você acessa sobre a novela, o artista, o reality show, o apresentador, 
etc. Nossa vida é, em certa medida, mediada pela televisão. Aliás, faz-
se importante dizer que isso é um traço cultural e que não é em todos 
os espaços geográficos do mundo que essa dependência da televisão 
existe. Sérgio Mattos destaca em História da televisão brasileira: 
uma visão econômica, social e política que essa dependência está 
intimamente ligada a fatores econômicos e desenvolvimento social.
Historicamente sempre existiu uma preocupação crescente entre os 
estudiosos, principalmente aqueles dos países periféricos, de que as 
corporações globais, as empresas transnacionais que atuam no setor das 
comunicações e as agências de publicidade multinacionais ameaçam a 
política, a economia e a soberania das nações em desenvolvimento. 
O grande impacto da publicidade na mídia dos países de Terceiro 
Mundo foi observado por muitos estudiosos que realizaram pesquisas 
e produziram estudos específicos sobre o imperialismo na mídia, a 
homogeneização cultural, além de constatar a dependência cultural e dos 
veículos de comunicação. (MATTOS, 2010, p. 8)
Elizabeth Bastos Duarte é uma pesquisadora que aborda 
especificamente o tema dos estudos sobre televisão e que propõe uma 
interessante comparação entre tempo, televisão e cinema. Ela diz que:
A televisão ritma nossos dias e nossosanos. A sessão de cinema suspende 
o tempo social, a televisão estrutura nossa temporalidade, nossa vida. 
Mas esse objeto está longe de ser considerado com a seriedade que 
merece. (DUARTE, 2004, p. 7)
1414 
É possível compreender facilmente o que ela quer dizer com isso, basta 
olharmos para nós mesmos. Quando vamos ao cinema, temos o tempo 
“suspenso” durante o período em que estivermos ali absorvidos pela 
grande tela. O cinema é uma espécie de “pausa” em nossa vida, porém 
é preciso entendê-lo também como um meio eficiente de comunicação. 
A televisão organiza a nossa rotina. Há alguns anos marcávamos um 
encontro “depois da novela”, por exemplo. Uma vez ou outra, você já 
deve ter marcado algo para depois do “Jornal XPTO” ou assim que acabar 
o “programa X”, por exemplo. É isso que quer dizer Duarte quando 
afirma que a televisão “ritma nossos dias”.
Outra questão a se pensar sobre a importância desse tema diz respeito 
à influência do campo da comunicação em nosso comportamento. 
A comunicação pode ditar regras, moda ou nos influenciar diante 
de escolhas? Sim, o tempo todo. A novela dita moda, por exemplo. 
Antigamente a novela lançava moda (que poderia ser uma roupa, 
um calçado, um esmalte, um anel, um brinco ou tudo isso junto) e os 
fabricantes e lojistas ganhavam sozinhos muito dinheiro com a moda 
lançada em horário nobre. Atualmente a própria emissora de televisão 
mantém uma loja virtual em que vende os produtos que ela mesma 
lança como moda. E sabemos: vende muito!
1.4 Onde essa história começa?
Mas essa história de comunicação começou quando? É preciso que 
tenhamos em mente que são inerentes ao homem a capacidade e a 
necessidade de comunicação. Desde a pré-história o homem não só 
criou sistemas próprios de comunicação como também deixou registros 
que se tornaram documentos para a humanidade. Eles pintaram 
paredes de cavernas e rochas, imprimindo marcas e símbolos que 
continham certa intenção narrativa.
O processo de comunicação humana foi evoluindo conforme 
o desenvolvimento das sociedades e atingiu o ápice com o 
desenvolvimento da prensa (1455), que possibilitou a reprodução de 
textos e o desenvolvimento da própria história da comunicação e, 
1515 15
dentro desse escopo, a própria história da informação e da imprensa. 
Porém, foi com o desenvolvimento tecnológico que se possibilitou 
criar, ainda no contexto global, suportes como o rádio (1900) e 
posteriormente a televisão (1924). Durante o desenvolvimento das 
sociedades, outras tecnologias vão, aos poucos, transformando a 
nossa relação com esses meios. O controle remoto, por exemplo, foi 
uma pequena, porém significativa, revolução em nossa relação com 
a televisão. Se antes estávamos absolutamente passivos na relação 
com a televisão pois, para vencer essa relação de forças, teríamos 
que levantar de nossos sofás para trocar o canal da televisão, agora 
tínhamos o poder de escolha em nossas mãos. Posteriormente foram 
os canais de televisão fechados que nos deram ainda mais autonomia e 
força na relação com esse aparelho transmissor de mensagens. 
Com o advento da internet, que se popularizou a partir do final do 
século XX, tornamo-nos ainda mais autônomos e, nesse processo, 
fomos capacitados para a interação. Isso fez com que aquela antiga 
fórmula que afirma que o processo de comunicação se dá a partir 
de emissor se tornasse ainda mais complexa. Hoje dizemos que 
o protagonismo não está mais no emissor, mas no receptor da 
mensagem, e devemos estar atentos a um novo processo que se 
naturaliza nessa relação: o feedback (retorno) gerado pelo receptor da 
mensagem que se dá, cada vez mais, de forma imediata e instantânea.
PARA SABER MAIS
A internet surgiu em torno de 1960 em contexto de 
guerra (no auge da chamada Guerra Fria) e era utilizada 
exclusivamente pelo Governo (Ministério da Guerra) 
como uma forma de compartilhamento de informações 
confidenciais. Tornou-se uma tecnologia civil autorizada em 
universidades a partir da década de 1970 e se popularizou, 
ganhando definitivamente o ambiente civil, a partir do início 
dos anos 1990, com a criação do www (World Wide Web).
1616 
2. Considerações finais
O campo da Comunicação é um campo de mediação social. 
A consciência disso nos faz sujeitos sociais mais críticos.
Comunicação comunitária é uma forma importante de gerar autonomia 
ao grupo ou sujeito social que empreende nesse processo.
A necessidade de comunicação não é um comportamento da sociedade 
contemporânea, mas uma necessidade humana possível de ser 
percebida desde o início da história da humanidade.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Como podemos definir o ato de comunicar?
a. Comunicar nada mais é do que falar alguma coisa 
diante de uma ou mais pessoas.
b. Comunicar é o ato de dizer alguma coisa a alguém e 
isso pode se dar por uma linguagem verbal ou não 
verbal, diretamente ao outro ou por meio de canais 
de comunicação.
c. Comunicar é o ato de dizer algo em âmbito oficial e 
por meio de canais de comunicação de massa.
d. Comunicar é o ato de se expressar única e 
exclusivamente diante de outra pessoa, sem 
nenhum tipo de mediação.
e. Comunicar é o ato de oficializar a informação.
1717 17
2. Quais os principais sujeitos existentes em um processo 
de comunicação?
a. Emissor e receptor.
b. Emissor e ouvinte.
c. Comunicador e audiência.
d. Comunicador e sociedade.
e. Locutor e receptor.
3. Por que dizemos que na sociedade contemporânea 
o receptor ganhou protagonismo em um processo 
de comunicação?
a. Porque o receptor, a partir de uma série de 
mudanças sociais que incluem o desenvolvimento 
de diversos suportes tecnológicos, deixou de ser 
passivo na relação de comunicação.
b. Porque é sempre o cliente (receptor) que 
tem a razão.
c. Esta não é uma afirmação verdadeira, uma vez 
que o protagonismo é sempre do sujeito ou do 
veículo que emite a mensagem.
d. Porque atualmente o que interessa não é o que é 
dito, mas o que é compreendido.
e. Porque, na relação de consumo.
1818 
Referências bibliográficas
DUARTE, Elizabeth Bastos. Televisão – ensaios metodológicos. Porto Alegre: 
Sulina, 2004. 
MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e 
política. Petrópolis: Vozes, 2010. 
McQUAIL, Denis. Teorias de comunicação de massa. Porto Alegre: Penso 
Editora, 2012.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: B
Resolução: comunicar nada mais é do que o ato de dizer 
alguma coisa a alguém. Neste processo levamos em conta que 
sempre existirá um emissor, um receptor e uma mensagem 
que será emitida e recebida de forma eficiente quanto mais 
sensíveis estivermos para a percepção de uma série de outros 
fatores como o nível de ruídos existentes no processo de 
comunicação e a compreensão das potencialidades do canal 
de comunicação escolhido.
Feedback de reforço: lembre-se de que a comunicação não é 
apenas verbal.
Questão 2 – Resposta: A
Resolução: qualquer processo de comunicação compreende 
pelo menos um emissor e um receptor. Esse processo pode 
se dar de forma presencial (como numa conversa entre 
amigos) ou por meio de canais de comunicação diversos 
(como rádio, televisão, etc.).
Feedback de reforço: há sempre pelo menos dois sujeitos no 
processo de comunicação: quem diz alguma coisa e quem 
ouve/vê/sente o que é dito.
1919 19
Questão 3 – Resposta: A
Resolução: a partir de uma série de mudanças sociais que 
incluem o desenvolvimento de diversos suportes tecnológicos, o 
receptor passou a interagir durante o processo comunicacional. 
Se antes ele só recebia a mensagem, hoje ele imediatamente 
interage, emite respostas e feedback e altera o quadro teórico 
de como se dá a comunicação.
Feedback de reforço: não somos mais os mesmos sujeitos de 
outros tempos e a própria tecnologia nos transformou.
2020 
Comunicação popular e 
comunitária
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Objetivos
• Compreender o processo de comunicação 
comunitária.
• Refletir sobre a importância dos espaços para a 
comunicação popular ecomunitária.
• Conhecer meios e referências de histórias 
de quem empreendeu no campo da 
comunicação comunitária.
2121 21
1. Introdução
Com o uso de suportes midiáticos e ferramentas comunicacionais, a 
comunidade se organiza para criar um canal de comunicação interno 
que atenda a determinada demanda ou necessidade do grupo social.
Atualmente qualquer agrupamento de pessoas pode vir a desenvolver 
projetos simples de comunicação comunitária. Para isso é preciso, antes, 
detectar uma necessidade ou um desejo do grupo. O que desejamos 
comunicar? Diante das respostas à essa questão, o segundo passo é 
estudar e compreender as características básicas do grupo social que 
será o receptor de nossas mensagens. 
Uma compreensão aprofundada das características e do 
comportamento social daquele grupo de pessoas que apontamos 
como “receptores” de nossas mensagens (ou simplesmente como 
“público”) diante de determinada proposta de comunicação se faz 
fundamental. O cuidado deve ser sempre no sentido de não partir 
do senso comum. Torna-se necessário procurar por ferramentas que 
auxiliem na leitura desse público. Com conhecimentos específicos 
sobre o público e com propriedade diante daquilo que se deseja 
comunicar (o conteúdo), o próximo passo é definir o meio ou suporte 
midiático mais adequado para a demanda. 
2222 
Figura 1 – Processo de Comunicação com base 
em meios e veículos de comunicação
Fonte: elaborado pelo autor.
Não adianta, por exemplo, criar um canal de comunicação via 
internet para falar com um grupo social que tem dificuldade de 
acesso a sinais de internet ou que não tem familiaridade com o 
meio. Parece simples, não é? Porém é neste ponto que residem os 
erros mais comuns no planejamento de uma ação de comunicação 
comunitária. As pessoas escolhem muitas vezes aquilo que lhe está 
mais à mão (pelo meio mais fácil ou mais barato), sem analisar o que 
implica sua escolha diante daquele grupo ou indivíduo social que 
receberá sua mensagem. Não esqueça nossa conversa anterior, em 
que apontávamos que há na sociedade contemporânea uma clara 
mudança de eixo do entendimento do processo de comunicação: o 
protagonismo não está mais em quem fala (o emissor), mas em quem 
recebe e como recebe a mensagem (o receptor).
2323 23
2. Suportes e ações de comunicação comunitária
A mais simples ação de comunicação comunitária poderia ser, por 
exemplo, um carro de som que faça o papel do que chamamos 
popularmente de “rádio itinerante”. 
Pode-se também pensar na impressão de jornais ou panfletos 
informativos que, impressos e reproduzidos por meios simples (à mão 
ou em xerox), distribuídos com certa periodicidade, também ganham 
caráter de comunicação comunitária. 
Pode-se pensar ainda na organização de uma emissora de rádio que 
atenda a determinada demanda local (porém tenha muito cuidado 
com o estudo da legislação brasileira nesse quesito). Transmitir um 
sinal através de ondas de rádio é fácil, mas fazer isso sem as devidas 
tramitações legais é crime. Pode-se pensar em uma rádio web que 
possibilite a transmissão de uma programação de rádio pela internet de 
forma legal e livre. Pode-se pensar também em um programa em vídeo 
web, ou seja, um canal de conteúdo audiovisual transmitido através 
da internet. Ou ainda, em uma ou mais redes sociais transmitindo 
conteúdos por meio da criação de um perfil no Twitter ou de uma 
página no Facebook, por exemplo.
PARA SABER MAIS
Fonte: BrAt_PiKaChU/Istock.com. Acesso em: 17 out. 2019.
2424 
2.1 O conteúdo no campo da comunicação comunitária
Também é preciso pensar no conteúdo a ser transmitido. Criar um 
sistema de comunicação comunitária, seja ele qual for, exige que 
tenhamos certa periodicidade na disponibilização de conteúdo 
para que consigamos criar a cultura do acesso a esse canal de 
comunicação. As pessoas precisam compreender que dentro 
de determinado período de tempo poderão acessar um novo 
conteúdo, criando assim um processo de educação para o consumo 
da informação. A repetição da experiência pelo grupo social 
possibilita que ele desenvolva um comportamento de consumo 
daquela informação. 
É preciso destacar que é muitas vezes pela repetição de determinado 
processo que as pessoas são educadas a consumi-lo. É parte do 
processo de mudança de comportamento e aprendizagem a repetição 
de um padrão que gera, consequentemente, a imitação por parte dos 
indivíduos que compõem o grupo receptor da mensagem daquilo que 
desejamos que seja internalizado.
A imitação tem sido apontada como uma habilidade importante 
no que se refere aos estudos da cultura e vem sendo tratada como 
um aspecto fundamental para a compreensão do trânsito entre 
as informações que estão no mundo e a sua possibilidade de 
internalização. (KATZ; GREINER, 2001, p. 69)
Outro ponto fundamental nessa construção diz respeito ao tipo de 
conteúdo que podemos transmitir em um processo de comunicação 
comunitária. É fato, e já pontuado, que uma ação de comunicação 
comunitária nasce de determinada demanda. Então, antes de tudo, 
é preciso se certificar se o conteúdo elaborado e veiculado atende 
especificamente a demanda identificada como objeto principal do 
projeto de comunicação.
2525 25
Há um conteúdo central que será o nortear da ação e poderá também 
haver conteúdos secundários, porém não menos importantes. Se você 
deseja criar uma emissora de rádio web para discutir os problemas 
cotidianos de determinada comunidade, a sua programação não 
precisa se limitar à abordagem exclusiva dos problemas. Você pode, 
por exemplo, inserir um conteúdo cultural, um horário de transmissão 
musical, entrevistas do campo do entretenimento, uma agenda cultural, 
anúncios de comerciantes locais, entre outras opções de quadros. 
Esse conteúdo que não está na agenda central do projeto, ou seja, 
o chamado conteúdo secundário, é muitas vezes considerado tão 
importante quanto o objeto central de seu projeto. Isso porque é no 
consumo daquilo que enquadramos como entretenimento que se dá 
a fidelização de um público. Um indivíduo social muitas vezes passa 
a consumir determinado conteúdo em razão daquilo que o agrada 
na relação com o veículo, ou seja, às vezes é aquela programação 
musical diária que faz com que você possa conquistar ouvintes que, 
posteriormente, se disponibilizarão a ouvir tudo o que você possa ter 
a dizer. Isso é um processo de conquista e, por assim ser, ele nunca 
é imediato. Isso faz com que você precise ter planejado seu projeto 
sabendo que para a resposta ideal é preciso tempo. Respeitar o tempo 
do receptor para que ele internalize a relação com determinado meio de 
comunicação é parte importante para o sucesso do projeto.
PARA SABER MAIS
Para criar uma emissora de rádio web você precisa apenas 
de um projeto bem elaborado, um computador, um 
software de captação e edição de som, um microfone e 
um endereço eletrônico para disponibilizar o conteúdo na 
internet. Há servidores que oferecem plataformas gratuitas 
para a criação de rádio web. Sobre a produção do conteúdo, 
2626 
uma forma fácil e rápida de aprender a utilizar softwares de 
captação e edição de sons é procurar por tutoriais em sites 
como o YouTube. Experimente!
Mas o que seria o conteúdo central de um projeto de comunicação 
comunitária? Há inúmeras possibilidades de pensarmos isso, porém 
podemos destacar necessidades cotidianas de uma determinada 
comunidade que, ao organizar um canal de comunicação, pode vir a 
ganhar voz em âmbito mais amplo na relação com o espaço social da 
cidade ou mesmo do país. Assuntos como o asfalto que está deteriorado 
em determinada rua, a necessidade de canalização de córrego, a 
violência, questões de saúde e campanhas educacionais, conteúdos de 
cunho de formação política, entre outros, podem estar em pauta como 
assuntos que protagonizam este processo. 
Lembre-se sempre: o campo da comunicação é fundamental para que 
possamos preservar a autonomia de determinado sujeito ou grupo social.
Os campos da comunicação e dainformação são estratégicos na formação 
de sujeitos emancipados, conscientes de seus direitos e deveres e com 
instrumental para a realização de seus sonhos individuais e coletivos. 
(MORIGI; GIRARDI; ALMEIDA, 2011, p. 7)
2.2 Voz das Comunidades: um caso emblemático
Voz das Comunidades é um exemplo emblemático da força de um 
canal de comunicação comunitária. Criado em 2005 por um garoto 
de nome Renê Silva dos Santos, morador do Morro do Adeus, uma 
das 13 comunidades que compõem o Complexo do Alemão (um 
dos maiores complexos de favelas da zona norte do Rio de Janeiro/
RJ), para atender a determinada necessidade local, ganhou enorme 
visibilidade na ocasião da ocupação policial do Complexo do Alemão 
em 2010, quando se iniciava o projeto de pacificação proposto pelo 
2727 27
governo com a instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) 
em morros ocupados pelo tráfico de drogas e considerados pontos 
estratégicos da cidade do Rio de Janeiro.
ASSIMILE
O Complexo do Alemão é um conjunto de favelas localizado 
na zona norte do Rio de Janeiro que por muito tempo 
foi apontado como um dos espaços de maior violência 
da cidade. Sob o domínio do tráfico de drogas por várias 
décadas, foi a partir de 2010, com o projeto de ocupação 
dos morros por Unidades de Polícia Pacificadora, que o 
espaço passou a receber investimentos públicos e ser visto 
como forte potencial turístico e de consumo. Vivem no 
Complexo do Alemão em torno de 70 mil pessoas.
Renê Silva tinha começado seu primeiro projeto com um jornal de 
colégio que pretendia abordar as necessidades internas da sua escola. 
Ele, seu irmão e alguns amigos perceberam que o projeto surtia efeito e 
resolveram, juntos, criar um outro canal de comunicação que atendesse 
às demandas da comunidade em que moravam.
Com mais de vinte anos de existência, o projeto Voz das Comunidades 
não é mais apenas um jornal impresso em papel A4. Tornou-se um 
site, uma página em rede social (Facebook) com aproximadamente 
200 mil seguidores e ainda está presente no Instagram, Twitter, dentre 
outros meios. O conteúdo oferecido diz respeito à realidade e às 
necessidades do Complexo do Alemão. Virou referência não apenas 
na comunidade, mas em toda a cidade e em outras localidades do 
mundo. Tornou-se um caso de estudos diversos. Provou a força da 
comunicação quando organizada de forma planejada e com sólidos 
2828 
objetivos. Atuam hoje no projeto Voz das Comunidades quase 
20 colaboradores, porém Renê Silva continua na coordenação do 
projeto assinando como editor chefe. São noticiados fatos acontecidos 
no contexto do Complexo, há estatísticas de violência e morte de 
moradores por confronto com policiais, tornando-se inclusive fonte de 
informação para grandes veículos de comunicação. Seu diferencial é o 
fato de falar de dentro da comunidade. Foi justamente isso que levou à 
criação do Voz das Comunidades. Renê desejava falar sobre a realidade 
do espaço em que morava com base em fatos e olhares de quem ali 
vive e convive, contrapondo-se a uma leitura superficial da grande 
mídia que olhava e assistia a tudo como quem vê de fora, de cima e 
com olhar estrangeiro.
ASSIMILE
Comunicação comunitária pode ser definida de forma 
bastante simples. Trata-se de um processo de comunicação 
que ocorre a partir da participação e da organização de 
determinada comunidade.
3. Considerações finais
Comunicação comunitária é um campo de organização de grupos 
sociais que vislumbram a autonomia individual e coletiva do espaço 
geográfico atendido ou de dado grupo de organização social. 
Criar e promover canais de comunicação popular ou comunitária 
envolve planejamento, capacidade de gestão e reflexão constante 
sobre o campo da Comunicação. Aprofundar os estudos no campo 
da Comunicação possibilita a criação de projetos sólidos e de grande 
potencial social.
2929 29
Conhecer histórias que se tornaram referências no campo nos ajuda a 
construir o olhar para um projeto particular ou coletivo no exercício de 
observação da experiência do outro.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Como podemos definir “comunicação de massa”?
a. Atualmente, utilizamos esse conceito para abarcar a 
ideia de uma comunicação mediada por grandes meios 
que possuem largo alcance e poder uniformizador.
b. É qualquer meio de comunicação que se utilize de 
suporte tecnológico.
c. É um conceito que não mais utilizamos, pois 
diz respeito ao momento histórico posterior à 
Revolução Industrial.
d. O único exemplo de comunicação de massa que 
temos na sociedade contemporânea é a televisão.
e. É a comunicação advinda de sinais digitais 
mediada pela internet.
2. O que engloba o conceito de comunicação comunitária?
a. É a comunicação que se dá dentro de um grupo social 
determinado e independente de organização ou de 
qualquer tipo de suporte ou canal de comunicação.
b. É a comunicação de massa do século XXI.
3030 
c. É um processo de comunicação dirigido por grandes 
meios para pequenas comunidades.
d. É um processo de comunicação que ocorre 
a partir da participação e da organização de 
determinada comunidade.
e. É a comunicação regional produzida por 
retransmissoras de sinal.
3. O que é uma rádio itinerante?
a. É uma emissora de rádio com várias 
retransmissoras regionais, por isso o conceito 
de itinerância.
b. É um sistema de transmissão de áudio realizado 
por um carro com sistema de som, por isso o 
conceito de itinerância.
c. É a única forma de comunicação comunitária de 
que temos notícias.
d. É um sistema de transmissão de áudio 
extremamente complexo que depende de mais 
de uma retransmissora para que atinja o espaço 
geográfico desejado.
e. Não existe rádio itinerante, pois o rádio necessita 
de ambiente e tecnologia fixos, como é o caso da 
instalação de antenas de transmissão.
3131 31
Referências bibliográficas
MORIGI, Valdir José; GIRARDI, Ilza Maria Tourinho; ALMEIDA, Cristovão Domingos 
(orgs.). Comunicação, informação e cidadania: refletindo práticas e contextos. 
Porto Alegre: Sulina, 2011. 
KATZ, Helena; GREINER, Christine. Corpo e processo de comunicação. Revista 
Fronteiras – Estudos Midiáticos, 2001, v. III, n. 2, dezembro de 2001, p. 65-75. 
Disponível em: <www.helenakatz.pro.br>. Acesso em: 04 set. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
Resolução: é um conceito formulado na primeira metade do 
século XX que se dispunha a abraçar o campo da comunicação 
surgido a partir da imprensa de massa. Atualmente, utilizamos 
esse conceito para falarmos de uma comunicação de largo 
alcance e de poder uniformizador, porém sempre com o 
cuidado de apontar que tal conceito não possui a mesma carga 
de significação histórica, em razão do desenvolvimento de 
novos tipos de suportes midiáticos, como a internet.
Feedback de reforço: massa nos traz a ideia de uma grande 
quantidade de pessoas que se dispõe uniformemente.
Questão 2 – Resposta: D
Resolução: com o uso de suportes midiáticos e ferramentas 
comunicacionais diversas, uma comunidade pode organizar uma 
forma particular de comunicar por meio de canais de comunicação 
que atendem a determinada demanda social.
Feedback de reforço: comunidade nos traz a ideia de um grupo 
social organizado em prol de um bem comum.
http://www.helenakatz.pro.br
3232 
Questão 3 – Resposta: B
Resolução: é um sistema de transmissão de áudio que se dá 
de forma bastante simples: um automóvel que transporte 
um sistema de som externo e circule por determinada região, 
transmitindo a programação.
Feedback de reforço: itinerância é um termo que tem origem no 
latim e significa “ato de deslocar”.
3333 33
Conceito de comunicação. 
Filosofia da Linguagem. 
Fundamentos da comunicação 
popular e comunitária
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Objetivos
• Compreender a epistemologia da palavra 
“comunicação”.
• Conhecer os elementos básicos dos estudos 
da linguagem. 
• Refletir sobre a importância do conhecimento 
teórico no campo da comunicação para melhor 
aproveitamento das ferramentas e da práticacomunicacional.
3434 
1. Introdução
No contexto dos estudos da comunicação comunitária há um necessário 
entendimento da etimologia do conceito de comunicação.
ASSIMILE
Podemos definer como Etimologia o estudo da origem ou 
história das palavras.
O termo “comunicação” traz em sua raiz a representação simbólica da 
ideia de comunidade, pois trata-se de palavra de origem latina, derivada 
do termo “communicare”, que traz em sua significação a ideia de partilhar 
ou tornar comum alguma coisa. 
Isso significa dizer que o ato de comunicar subentende em sua raiz 
a ideia de partilhar conhecimento ou informação. Quem comunica, 
compartilha uma ideia, seja ela qual for. E o que está na base da ideia 
de comunidade? Comunidade seria o espaço do compartilhamento 
comum de experiências. Olhe aí a ideia de “compartilhar” também na 
raiz do que entendemos por comunidade. Há diálogo entre o uso que 
fazemos de ambos os conceitos.
PARA SABER MAIS
Comunidade é palavra que deriva do termo em latim 
“communitas”, que tem por objetivo definir aquilo 
que é comum a determinado grupo. É aquilo que nos 
identifica, é aquilo que partilhamos em comum.
3535 35
Diante desta introdução, vale dizer que se tornam também 
fundamentais os estudos que envolvem a linguagem, afinal a 
linguagem é o instrumento principal de qualquer processo de 
comunicação humana.
2. Uma sucinta passagem pelo campo da 
Filosofia da Linguagem
Há diversos caminhos acadêmicos para nos aprofundarmos no campo 
da linguagem, porém dentro da proposta de estudos aqui apresentada, 
algumas de nossas possibilidades são abraçadas pelo campo de estudos 
da Filosofia da Linguagem.
PARA SABER MAIS
Podemos considerar que os estudos da Filosofia da 
Linguagem surgiram ainda na Grécia Antiga, com Platão e 
Aristóteles. O campo da Filosofia da Linguagem é apontado 
por muitos estudiosos modernos como um dos principais 
campos para a compreensão dos fenômenos filosóficos 
porque compreende o estudo da linguagem, que seria a 
expressão ou forma que damos às ideias e crenças. 
Trata-se de um campo filosófico que estuda essencialmente os 
fenômenos linguísticos, levando em conta, primordialmente, o contexto 
na aplicação da linguagem. Complexo? Vamos simplificar isso.
Quando pensamos em linguagem, falamos da relação entre seres 
vivos e, especificamente, da nossa relação enquanto seres humanos. 
É a linguagem um suporte de comunicação básico para que as relações 
humanas possam acontecer.
3636 
Figura 1 – É a linguagem a base da comunicação humana
Fonte: Spiderstock/Istock.com.
O ser humano, aliás, é considerado o ser vivo que desenvolveu os 
mais complexos códigos de comunicação. Estes códigos fazem parte 
justamente do estudo da linguagem. É preciso reforçar que existe mais 
de um tipo de linguagem e não apenas a verbal (oral ou textual). O texto 
é apenas um dos suportes da linguagem. 
PARA SABER MAIS
Há interessantes discussões acerca dos estudos da 
linguagem no campo da comunicação televisiva. A televisão 
se utiliza de linguagem verbal, porém são fortes o apelo 
e as estratégias de uso de linguagem não verbal, uma vez 
que o meio audiovisual potencializa o uso do corpo como 
instrumento de comunicação para além da fala. 
Na televisão, tudo no corpo comunica. 
Podemos falar de linguagem não verbal (visual) porque os símbolos 
e as imagens também comunicam. Você já pensou no quanto os 
símbolos exprimem textos que geram em nós a compreensão da 
3737 37
mensagem? Um semáforo vermelho nos diz “pare” sem precisar falar 
ou escrever em letras de forma, uma placa de trânsito nos fala o 
que devemos, podemos ou não podemos fazer diante dela, e placa 
não fala, mas sinaliza, simboliza o texto que é apreendido a partir do 
repertório adquirido. 
Podemos falar ainda, quando o assunto é linguagem não verbal, 
daquilo que convencionamos chamar de linguagem corporal, afinal 
nosso corpo comunica. Em contato com o ambiente emitimos uma 
série de informações que o transformam, porém somos também o 
tempo todo transformados por ele, pois recebemos informações do 
ambiente externo que influem na percepção deste corpo no espaço 
numa relação tensionada entre corpo e ambiente.
2.1 Uma interpretação social da palavra
Diante disso, fica claro que aqui não nos interessa simplesmente 
o significado literal de determinado grupo de palavras. Para essa 
compreensão, temos os dicionários.
O que interessa para o campo da Filosofia da Linguagem é, por 
exemplo, o significado que uma palavra adquire em determinados 
contextos. O estudo da filosofia nos leva a um olhar que torna mais 
complexa a relação entre palavra e significado. É preciso compreender 
qual a carga de significações de determinada palavra em cada grupo 
social que a expressa. Essa variação de significação não acontece 
apenas de um grupo para o outro, mas também de um território para 
outro, de uma cultura para outra, enfim, há palavras que ganham 
carga de significação diferente daquela que pode ser exprimida na 
compreensão de um termo consultado em qualquer dicionário. O que 
importa aqui é a relação da palavra com o campo social. Difícil? Diria: 
“filosófico”. E por que nos importa isso? Porque é a comunidade que 
imprime legitimidade a um processo comunicacional.
3838 
2.1 A linguagem, a comunidade e a importância do repertório 
como representação política de uma comunidade
Diante do exposto, torna-se ainda mais complexo o estudo do campo 
da comunicação comunitária. É preciso que saibamos fazer escolhas 
a partir de um repertório de informações necessárias. Não é apenas 
a necessidade de comunicação que envolve um processo como este. 
É preciso que consigamos enxergar todas as variáveis do processo 
comunicacional para que possamos posteriormente potencializar 
a capacidade comunicacional de nossos projetos de comunicação 
popular e comunitária.
Quanto mais aprofundarmos o olhar para o campo dos estudos da 
comunicação, maiores se tornam as chances de potencializarmos o 
nosso projeto de comunicação comunitária. Se soubermos compreender 
o campo de estudos, fazer uso do conhecimento adquirido, nos 
espelharmos em ações de terceiros e perceber a íntima relação entre 
comunicação e estudos sociais, teremos em mãos um cabedal de 
conhecimentos pronto para ser traduzido em práticas efetivas.
É preciso compreender a máxima já afirmada anteriormente de que 
comunicação é poder. O conhecimento dos mecanismos e dos estudos 
do campo nos torna sujeitos mais aptos a lidar com o campo social. 
Saber e compreender o poder da comunicação midiática, que em 
processos de repetição e imitação formam, moldam e medeiam as 
relações sociais, torna o pesquisador autônomo e emancipado.
Há um elemento social preponderante para entendermos a relação 
com os meios de comunicação em nosso país. Foi-nos ensinada, por 
décadas, uma relação de confiança com os meios. Temos como verdade 
tudo o que é transmitido por canais de comunicação. Quanto maior 
a influência do veículo de comunicação, maior é a nossa relação de 
subordinação àquela verdade aparente.
3939 39
Vale destacar aqui mais dois conceitos: o conceito de meio de 
comunicação e o conceito de veículo de comunicação. Você percebe 
diferenças? Meio de comunicação é o tipo de suporte ou canal (por 
exemplo: televisão, rádio, internet). Já o veículo de comunicação é a 
empresa, grupo ou instituição que veicula a informação ou mensagem 
comunicacional (por exemplo, no meio televisivo, podemos citar os 
veículos Globo, SBT, Record, Bandeirantes, etc.).
Diante da reflexão acerca desta relação de dependência que os 
veículos de comunicação despertam em nós, torna-se possível também 
percebermos que a Comunicação, dentro de nosso contexto cultural, é 
um campo de regulação social e de fortes tensões políticas. 
Nesse caminho de análise torna-se ainda possível pensarmos sobre as 
diferenças diante da recepção das mensagens midiáticas. Há um enorme 
campo de variáveis para essa análise. Dentre as informações básicas 
sobre o público que recebedeterminado tipo de mensagem podemos 
pensar em classificações simples, como faixa etária, classe social, sexo 
e nível de escolaridade. Porém, é preciso levar em conta, nessa leitura, 
elementos geográficos ou regionais e culturais.
Aproximando essa análise do campo do estudo da linguagem, há uma 
série de exemplos de ações publicitárias veiculadas em nível nacional 
que tiveram problemas em determinadas regiões com relação ao 
vocabulário veiculado. Um exemplo emblemático foi o comercial de 
lançamento de uma nova marca de cervejas em que o texto dito pelo 
ator iniciava com uma exclamação “Caraca!”. “Caraca” é uma gíria muito 
utilizada em determinados espaços geográficos do Brasil. No Rio de 
Janeiro, por exemplo, é cotidianamente ouvida no jeito de falar do 
carioca. Em São Paulo, é compreendida, mas não é tão usual. Porém, em 
algumas localidades do Norte e Nordeste brasileiros essa é uma palavra 
de significação pejorativa. O comercial da cerveja precisou ser suspenso 
pelo CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e 
4040 
refeito porque o que era para vender um novo produto virou motivo de 
rejeição ao novo produto. Diante desse exemplo é possível perceber o 
quanto é sutil a fórmula de sucesso de um processo de comunicação. 
As variáveis são inúmeras e o cuidado é (e deve ser sempre) constante.
3. Considerações finais
A palavra “comunicação” traz em seu conceito raiz a ideia de partilhar, 
assim como o conceito de “comunidade”. Isso nos faz perceber que 
esses campos estão intimamente ligados, apesar de algumas vezes nos 
serem apresentados como campos de conflito e oposição.
O estudo da linguagem e a compreensão do campo da Filosofia da 
Linguagem são questões primárias e fundamentais para uma melhor 
interação com o campo da Comunicação. 
É preciso compreender a significação que uma palavra assume em 
determinado contexto social para potencializar ações comunicacionais. 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Qual é especificamente o campo de estudos que se 
preocupa com o estudo e a compreensão da linguagem 
no âmbito das relações sociais?
a. Língua Portuguesa.
b. Sociologia.
c. Psicologia.
d. Filosofia da Linguagem.
e. Comunicação.
4141 41
2. Por que dizemos que nos estudos da Filosofia da 
Linguagem é mais importante a compreensão da 
significação da palavra em contexto social do que de seu 
significado junto aos dicionários de língua portuguesa?
a. Porque a Filosofia da Linguagem estuda o campo das 
ciências sociais e não da língua portuguesa.
b. Porque a Filosofia da Linguagem é um campo de 
estudo da história da filosofia apenas.
c. Esta afirmação está incorreta. A Filosofia da 
Linguagem estuda o significado da palavra assim 
como consta em dicionário.
d. Porque a Filosofia da Linguagem estuda a língua 
portuguesa.
e. Porque a Filosofia da Linguagem leva em conta o 
contexto na aplicação da linguagem.
3. O que é linguagem verbal e linguagem não verbal, 
respectivamente?
a. Linguagem verbal é o texto e linguagem não 
verbal é a fala.
b. Linguagem verbal é a fala e linguagem não verbal 
é o texto.
c. Linguagem verbal é a oratória e linguagem não verbal 
é a retórica.
4242 
d. Linguagem verbal é a linguagem oral ou textual e a 
linguagem não verbal é a visual.
e. Não existe distinção entre linguagem verbal e 
não verbal.
Referências bibliográficas
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
HALL, Stuart. Codificação Decodificação. In: Da diáspora: identidades e mediações 
culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MARTÍN-BARBERO, J. Globalização comunicacional e transformação cultural. In: 
MORAES, D. de. (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
Resolução: há diversos campos acadêmicos que tratam do 
estudo da linguagem, porém é a Filosofia da Linguagem que se 
preocupa com os estudos sociais aliados à compreensão do uso de 
determinada linguagem em um dado contexto social.
Feedback de reforço: massa nos traz a ideia de uma grande 
quantidade de pessoas.
Questão 2 – Resposta: E
Resolução: quando pensamos em linguagem, falamos da relação 
entre seres vivos que se comunicam por meio da linguagem, 
por isso é preciso compreender qual a carga de significações 
de determinada palavra em cada grupo social que a expressa. 
Essa significação está além do significado formal expresso em 
um dicionário. Trata-se da compreensão da relação social de 
determinado grupo com a palavra.
4343 43
Feedback de reforço: comunidade nos traz a ideia de um grupo 
social organizado em prol de um bem comum.
Questão 3 – Resposta: D
Resolução: linguagem verbal é o uso do texto ou da fala como 
forma de comunicação. Linguagem não verbal é o uso de imagens, 
símbolos, expressões corporais, gestos, entre outros, como forma 
de comunicação.
Feedback de reforço: itinerância é um termo que tem origem no 
latim e significa “ato de deslocar”.
4444 
Participação. Meio de 
comunicação. Democratização 
da comunicação
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Objetivos
• Compreender como se dá a participação em 
processos de comunicação.
• Refletir sobre como mudanças tecnológicas 
alteram a relação do sujeito social com os 
meios de comunicação. 
• Refletir sobre a importância do debate a respeito 
da democratização da comunicação. 
4545 45
1. Introdução
No contexto contemporâneo, os estudos da comunicação 
comunitária ganham, a cada dia, maior importância. O processo 
de participação popular nos campos social e político é diariamente 
fortalecido. A participação na produção de conteúdos em processos 
comunicacionais ditos “alternativos” se faz cada dia mais presente 
e essas movimentações e organizações populares ganham um 
importante e significativo espaço no campo da comunicação.
O processo de comunicação democrática subentende o direito 
à relação não apenas de receptor de conteúdo, mas também do 
produtor e do disseminador de mensagens e ideias. Faz parte de um 
contexto democrático o direito a “poder dizer”, além do direito de 
“poder receber” (ouvir e ver).
Comunicar-se está para nós no campo daquilo que nos é garantido 
por direito, há também a responsabilidade diante daqueles para quem 
comunicamos algo. É preciso refletir sobre a responsabilidade de quem 
assume o papel de comunicador. 
Quando se estuda jornalismo, por exemplo, muito se fala sobre a 
necessidade primordial de que o jornalista se mantenha sempre 
imparcial diante da notícia. Quando se estuda publicidade, 
muito se fala sobre os valores éticos e morais que precisam ser 
cuidadosamente preservados para que não ultrapassemos limites 
em nome das estratégias que têm por objetivo o incentivo ao 
consumo. Porém, vale aqui uma reflexão sobre os campos de 
atuação do jornalista e do publicitário. No Brasil, será mesmo 
que essas premissas básicas são constantemente respeitadas? 
É fato que não. Há muitos outros interesses políticos e econômicos 
em jogo nas relações empresariais que envolvem o campo da 
comunicação em nosso país.
4646 
2. Planejar e compreender estratégias para ter e 
dar acesso
É preciso que procuremos compreender todos os elementos que 
cercam o campo da comunicação para que possamos atuar de forma 
mais efetiva. Pesquisar, planejar e analisar estratégias existentes com o 
intuito de fazer as melhores escolhas durante o desenvolvimento de um 
projeto de comunicação comunitária é essencial para o sucesso. 
O planejamento envolve um olhar específico sobre os objetivos e a 
prática comunicacional escolhida. O que se deseja comunicar? 
Para quem se deseja comunicar? Com qual intuito você deseja 
comunicar? Onde você pretende chegar? Ou quais resultados 
pretende alcançar? Do que você precisa para atingir seus objetivos? 
Qual o investimento de tempo e financeiro para que possa atingir tais 
objetivos? Quem você precisa ter ao seu lado para desenvolver as 
atividades necessárias? Quais são as leis que regem a área de atuação 
em que você pretende empreender? Com o queou quem você vai 
concorrer? Quais as histórias anteriores que você pode ter como 
referências de acertos e de erros na área de seu projeto?
Como vê, são muitas as perguntas a serem elaboradas e respondidas. 
Há uma fala comum no campo da educação que diz que mais 
importante do que saber respostas é saber formular as perguntas 
corretas. E como você pode saber quais as questões que envolvem a 
área de atuação de seu projeto de comunicação comunitária? 
A resposta é simples: estudando, pesquisando, analisando e ouvindo. 
Aliás, no campo da comunicação é importante saber se comunicar, 
mas é extremamente importante saber ouvir.
4747 47
ASSIMILE
Há uma pequena história do escritor Rubem Alves (2018) 
sobre a nossa incapacidade de ouvir que exemplifica 
bem o quanto o aprendizado de ouvir o outro é essencial. 
Acesse pela internet a crônica Escutatória (que faz parte 
do livro O amor que acende a lua, de sua autoria). Nesta 
crônica, Rubem Alves inicia sua provocação filosófica 
dizendo que todo mundo quer aprender a falar, mas 
ninguém quer aprender a ouvir. 
ALVES, Rubem. O amor que acende a lua. 15. ed. 
Campinas: Papirus Editora, 2018.
2.2 A participação e a democratização da Comunicação
Participação é direito do cidadão em uma relação social de base 
democrática. Porém, a participação é um comportamento que precisa 
ser ensinado e exercitado. Culturalmente, no Brasil, exercitamos muito 
pouco nosso direito à participação. Historicamente não temos uma 
boa relação com a cultura participativa. Talvez seja por causa dos 
anos que passamos sob um regime militar que arrancou à força os 
nossos direitos. Talvez seja por que somos mesmo uma democracia 
ainda jovem. Talvez sejam essas e sejam outras variáveis, como a 
estrutura frágil de educação que ainda temos no país ou a hegemonia 
de um sistema de comunicação que defende quase exclusivamente os 
interesses privados. 
São muitas as leituras, são inúmeros os debates no campo acadêmico, 
mas são poucas as certezas com relação à origem do problema. Quais 
os motivos de nossa dificuldade e de nossa indisponibilidade para a 
solidificação da relação participativa e política na sociedade? Pense em 
você mesmo e reflita. Por que você se dispõe a uma participação política 
tão pequena em seu cotidiano? 
4848 
Para muitos cidadãos brasileiros, a única ação no campo da participação 
política é o voto, que só se dá por ser obrigatório. E por que o voto, que 
é um direito, se mantém ainda obrigatório? Estamos engatinhando no 
campo democrático e há muito a aprendermos sobre a nossa força e 
sobre as formas de participação dentro de um contexto efetivamente 
democrático. É preciso que nos façamos cada vez mais presentes 
diante das decisões de cunho político e social no país. Só assim haverá 
possibilidade de efetivas mudanças.
Podemos afirmar que a internet nos tirou da posição cômoda 
de apenas “receber” aquilo que nos era ofertado no campo da 
comunicação. A relação cotidiana com a internet fez com que 
desenvolvêssemos um comportamento mais participativo. Agora 
desejamos mesmo é ter preservado o nosso direito a interagir. 
É nesse contexto que muita coisa à nossa volta rapidamente se altera e, 
dentre outros temas, começamos a adotar para nós mesmos discussões 
como a que chamamos de “democratização da comunicação”.
2.3 A democratização da mídia 
Mas afinal, o que é essa conversa sobre a “democratização da mídia”? 
Há algum tempo a sociedade e o governo vêm discutindo sobre a 
necessidade de repensar as leis que regulam a área midiática no Brasil. 
Assunto polêmico e duramente combatido por grandes empresas do 
ramo da comunicação que, muitas vezes de forma tendenciosa, noticiam 
discussões acerca do tema como tentativas governistas de censurar o 
sistema de comunicação brasileiro. 
Trata-se de um assunto polêmico, mas essencial de ser debatido. 
O projeto de lei que ficou conhecido como “Nova Lei de Meios” ou 
“Projeto de Regulamentação da Mídia” está disponível na internet para 
que possamos acessá-lo com facilidade. Porém, diante desse novo 
comportamento de participação que temos desenvolvido, ainda não 
4949 49
aprendemos a lidar com a sensação de que a verdade absoluta é sempre 
noticiada por grandes meios de comunicação. Nos mantemos em nossa 
cômoda posição de receber a informação pronta e apenas compartilhá-
la com um clique.
Diante dos estudos do campo da Comunicação, faz-se necessário e 
urgente que descortinemos tudo o que nos embaça o olhar e nos 
disponibilizemos a procurar por mais de uma fonte de pesquisa.
É exercício cotidiano saber que uma notícia nunca deve ser 
apresentada apenas por um lado da situação. É preciso que tenhamos 
acesso a mais de uma visão sobre determinado fato. E assim como 
procuramos por notícias que tenham olhares múltiplos sobre o fato e 
que visem realmente informar (e não confundir), torna-se necessário 
que nos proponhamos a olhar também criticamente para os meios 
de comunicação. Se assim o fizermos, nossa primeira necessidade 
será a de procurar por fontes diversas. Uma mesma notícia nos é 
apresentada de forma completamente diferente se a analisarmos em 
diferentes veículos. 
Mas voltemos à reflexão sobre o projeto de lei que se propõe a 
democratizar a mídia. O que há de democratização na proposta 
dessa lei? E o que há de censura, como afirmam alguns veículos de 
comunicação? A ideia de democratizar a mídia está explicitada como 
uma desarticulação de indivíduos que ocupam cargos políticos e que 
são, ao mesmo tempo, donos de empresas midiáticas. Muitos de nossos 
políticos hoje são donos de canais de televisão, de jornais impressos, 
de emissoras de rádio, entre outros meios. A proposta primordial 
apresentada por esse projeto de lei é a de que um político passará, a 
partir da aprovação da lei, a não mais poder exercer cargo político e 
ser, ao mesmo tempo, dono de um veículo de comunicação. Imagine-se 
dono de uma emissora de rádio em sua cidade. Você se elege vereador 
e, em dado momento de sua carreira, vê seu nome envolvido em um 
5050 
escândalo qualquer. Imagine-se então culpado de determinado ato 
ilícito. Perguntamos: sua emissora estará acima de seus interesses e irá, 
como outros veículos isentos, noticiar os fatos ou primará por defendê-
lo publicamente de tais acusações em nome daquilo que se noticia 
como “verdade”? É fato que há aí um grande conflito de interesses, não 
é? É na premissa básica de que o campo da Comunicação no Brasil não 
é um espaço de interesse privado (e sim de interesse público) que a 
nova lei vem se pautando. 
Aliás, você sabia que uma emissora não é uma empresa privada? 
Emissoras de rádio e televisão são concessões públicas e, por isso 
mesmo, devem atender ao interesse público na mesma proporção 
que atendem ao interesse do proprietário de determinada empresa 
midiática. Este é um outro ponto que pretende garantir a nova lei: 
que as cotas de programação sejam equilibradamente divididas para 
atender aos interesses sociais (com programação do campo social 
e comunitário), aos interesses públicos de governo (com conteúdo 
estatal) e aos interesses privados do detentor do direito de transmissão 
(o “dono” da emissora).
Outra proposta é acabar com aquilo que se chama de “propriedade 
cruzada”. Propriedade cruzada diz respeito aos grandes conglomerados 
de mídia e essa é uma das características do campo das comunicações 
no Brasil. Esse projeto de lei mexe em grandes forças políticas e por 
isso não foi levado à frente até para que possamos vislumbrar a sua 
aprovação. E se mantém apenas como um projeto.
PARA SABER MAIS
O conceito de propriedade cruzada no contexto do estudo 
das novas propostas de regulamentação da mídia diz 
respeito à concentração de poder de algumas empresas e 
conglomerados midiáticos diante de diferentes meios de 
comunicação (uma mesma empresa é detentora de poder 
5151 51
diante de um número X de emissoras e retransmissoras 
de sinal de televisão, de rádio, etc.). O artigo 220 da 
Constituição Brasileira proíbeos monopólios e oligopólios 
diretos e indiretos, porém no Brasil o direito à exploração 
dos meios de comunicação que servem ao país está nas 
mãos de poucas famílias que detêm o poder de uma gama 
variada de veículos de comunicação de largo alcance. 
Entretanto, quem nos diz que é um projeto que visa censurar a imprensa 
brasileira? É preciso que façamos o exercício constante de procurar 
entender qual é o espaço do emissor da mensagem. Que interesses há 
por trás de algumas falas disseminadas pelo campo midiático? Quem 
fala? Para quem é dito? São questões que devemos ter em mente para 
que possamos começar a exercitar a capacidade crítica diante do campo 
da comunicação e só assim poderemos ampliar horizontes e conquistar 
apoio para as mudanças necessárias em um espaço daquilo que é 
possível (não apenas como um sonho distante). 
Ao acessar o projeto da “Nova Lei de Meios” é possível verificar que 
não há, em nenhum de seus artigos, propostas que visem censurar o 
conteúdo veiculado pela empresa midiática. O que há é uma proposta 
de maior equilíbrio na programação e de maior participação social com 
a criação de conselhos consultivos.
ASSIMILE
Um conselho consultivo é formado por representantes 
da sociedade civil e tem por objetivo recomendar, 
sugerir, orientar e fiscalizar as ações do Estado. Existem 
também outros tipos de conselhos, como o normativo e o 
deliberativo, com outras atribuições que não vêm ao caso 
no contexto apresentado.
5252 
Democratizar os meios de comunicação é um processo político que 
exige esforço e pressão popular porque é uma briga com grandes e 
conservadoras forças políticas. Mas é essencial que se faça. Países de 
diversas partes do mundo já o fizeram. 
A lei (Lei n. 4.117/1962) que regula o campo das Telecomunicações 
no Brasil é antiga. Data da década de 1960. Nascida no contexto da 
Ditadura, é uma lei que precisa urgentemente ser revisitada. 
Democratizar significa dar acesso. A ideia é que o espaço para o 
conteúdo nacional possa ser preservado nos meios de comunicação. 
Também está no projeto o fortalecimento da comunicação do Estado 
através das emissoras educativas e dos meios de comunicação 
comunitários. A ideia é que se consiga uma melhor distribuição das 
concessões públicas para que tenhamos uma balança mais equilibrada 
no que diz respeito aos espaços de comunicação do Estado, da iniciativa 
privada e das comunidades.
3. Considerações finais
A comunicação, por ser um espaço de poder, é sempre um campo 
de tensões de forças e interesses políticos. É preciso cuidado ao se 
relacionar com o conteúdo oferecido por grandes canais de comunicação.
Questionar e exercitar o olhar para mais de uma fonte de informação se 
faz necessário para a construção de uma postura crítica em relação ao 
campo social e da comunicação.
As discussões acerca do tema da democratização do acesso à 
comunicação são campos de disputa e por isso o projeto de lei que 
visa democratizar o acesso aos meios de comunicação e preservar a 
veiculação de conteúdos de interesse público se mantém há vários anos 
parado no Congresso.
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VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O que seria uma comunicação democrática?
a. É o campo de comunicação de um país democrático.
b. Não existe comunicação que não seja democrática.
c. É uma comunicação que tem por base o direito à 
verdade, à informação para todos e que compreende 
o direito para além daquele que recebe a mensagem, 
mas dá direito ao sujeito social de também produzir a 
mensagem e veiculá-la.
d. É o campo da comunicação que se desenvolve em 
países democráticos e que é mediado por grandes 
grupos midiáticos.
e. É a comunicação que se faz por grandes grupos 
midiáticos em nosso país, o Brasil.
2. O que significa dizer que meios de comunicação são 
concessões públicas?
a. São autorizações do Estado para que empresas 
explorem o mercado com objetivo mercantil, como 
qualquer outra área da economia.
b. Os meios de comunicação não são simplesmente 
empresas privadas que visam lucro para seus 
proprietários. São, antes de tudo, empresas 
autorizadas pelo Estado para veiculação de 
conteúdo de interesse público.
c. São empresas que concedem conteúdo de 
comunicação ao público consumidor.
5454 
d. É apenas um conceito que traduz o campo da 
concessão pública de conteúdo midiático, não tem 
valor para além do campo conceitual.
e. Meios de comunicação são empresas públicas. 
Não há empresa privada neste campo.
3. O que é democratização da mídia?
a. É uma discussão contemporânea que visa dar 
acesso aos meios de produzir e de receber conteúdo 
midiático, inclusive da veiculação de informação.
b. É a democratização do acesso ao sinal digital para que 
todos possam usufruir da internet.
c. É a democratização do acesso ao conteúdo 
televisionado.
d. É tornar pública todas as empresas do ramo da 
Comunicação.
e. É acabar com as empresas privadas no ramo da 
Comunicação, tornando-as todas concessões públicas.
Referências bibliográficas
ALVES, Rubem. O amor que acende a lua. 15. ed. Campinas: Papirus Editora, 2018.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
HALL, Stuart. Codificação Decodificação. In: Da diáspora: identidades e mediações 
culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MARTÍN-BARBERO, J. Globalização comunicacional e transformação cultural. In: 
MORAES, D. de. (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003.
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Gabarito
Questão 1 – Resposta: C
Resolução: o campo da comunicação democrática subentende um 
sistema de comunicação que prima pela ética e preceitos sociais 
diante do direito à informação e da imparcialidade jornalística. 
Também compreende um espaço de comunicação não concentrado 
por grandes conglomerados midiáticos, mas de acesso igualmente 
facilitado a comunidades e grupos que desejem se organizar para 
serem também emissores de mensagens comunicacionais.
Feedback de reforço: democracia implica no envolvimento e na 
representatividade de grupos representantes da sociedade civil.
Questão 2 – Resposta: B
Resolução: concessão pública é uma espécie de contrato entre 
a empresa que recebe a concessão e o Estado. Nesse contrato, 
o Governo transfere a responsabilidade diante da execução do 
serviço e exploração comercial do setor. No caso da concessão 
pública de um meio de comunicação, como a televisão, a empresa 
que recebe a concessão deve prestar serviço de utilidade pública.
Feedback de reforço: comunicação é direito do cidadão..
Questão 3 – Resposta: A
Resolução: é uma discussão que pretende descentralizar o 
poder sobre os meios de comunicação e que se propõe a ser um 
processo de comunicação que democratize o direito à relação 
não apenas de receptor de conteúdo, mas também de produtor 
e disseminador de conteúdo. É a tentativa de garantir o direito de 
“poder dizer” e de “poder receber”.
Feedback de reforço: a mídia não deve estar concentrada nas 
mãos de alguns poucos grupos empresariais, o monopólio não é 
permitido por lei.
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Novas tecnologias e utilização 
de técnicas de comunicação 
da prática profissional
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Objetivos
• Compreender como se dá a influência do 
desenvolvimento tecnológico no campo do 
consumo da comunicação social.
• Refletir sobre as mudanças comportamentais, 
fruto do desenvolvimento social e tecnológico. 
• Pensar sobre como a tecnologia contribui para 
o desenvolvimento da prática profissional no 
campo da comunicação.
5757 57
1. Introdução
O desenvolvimento das tecnologias sempre foi responsável direto 
por grandes transformações sociais. Com a invenção da máquina de 
escrever (no final do século XIX), e posteriormente do computador 
(na segunda metade do século XX), pudemos perceber uma primeira e 
clara agilização dos processos comunicacionais. A criação do primeiro 
veículo automotor (no início do século XX) encurtou distâncias. 
As experiências com ondas eletromagnéticas e a posterior criação 
do rádio revolucionaram a nossa relaçãocom os tímidos processos 
de comunicação do início do século XX, e a criação e popularização 
da televisão virou a nossa rotina de cabeça para baixo. A sensação 
de aceleração do tempo é o primeiro impacto trazido pelo 
desenvolvimento das tecnologias. 
O século XX pode ser considerado o século da primeira grande revolução 
advinda da tecnologia. Se começamos o século encantados com os 
13 km/h que um carro alcançava na estrada, chegamos na metade 
do século levando o homem a conhecer a lua e terminamos o século 
fazendo clonagem de ovelhas. Porém esse desenvolvimento não nos 
leva sempre às melhores escolhas. Também desenvolvemos a bomba 
atômica e destruímos gerações com os efeitos dela.
2. A tecnologia e a dependência cotidiana
É fato que a tecnologia transforma o cotidiano. Ela reconfigura o 
nosso tempo e as nossas relações. Temos a clara sensação de que o 
tempo está mais curto. As atividades não cabem mais em um único 
dia de trabalho. Mas essa sensação de que o relógio roda mais rápido 
nada mais é do que reflexo de uma sociedade absorvida por sólidos 
processos mediados pela tecnologia.
O cotidiano era mais simples. Vivíamos antes um dia de cada vez e 
fazíamos uma coisa de cada vez. Atualmente estamos absorvidos por 
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uma lógica que nos exige sermos absolutamente integrados a sistemas 
múltiplos. Fazemos mil coisas ao mesmo tempo e, consequentemente, o 
tempo sendo o mesmo, o resultado nunca será. Temos agora as mesmas 
jornadas de oito horas de trabalho e mais do que o dobro de atividades 
para serem cumpridas neste curto espaço de tempo diário. O mercado 
exige um sujeito social adaptado ao contexto das ferramentas e dos 
dispositivos tecnológicos. Somos hoje novos sujeitos sociais.
Podemos procurar por exemplos do cotidiano para pensarmos sobre 
como a tecnologia muda a vida da gente e muda a nós mesmos. 
A tecnologia nos torna dependentes. Estes tempos lembram-nos 
aqueles velhos filmes de ficção científica em que se previa que no 
“futuro” (o nosso presente) o ser humano estaria rendido à máquina.
Você consegue se imaginar sem um celular? Desconectado do mundo? 
Longe de dispositivos tecnológicos ou, mais especificamente, longe da 
internet? Podemos até pensar “ah, a vida era melhor antes...” e numa 
lógica saudosista acreditar que, quem sabe, um dia a gente se veja mais 
livre de tudo isso. Será?
Talvez um dia a sociedade aprenda a lidar melhor com os suportes 
tecnológicos, porém é fato que estaremos a cada dia mais e mais 
absorvidos por uma sociedade que também a cada dia estará mais e 
mais adaptada a processos tecnológicos e, sem dúvida, absolutamente 
conectada à rede.
O celular, quando surgiu, era visto como um “tijolão”, um aparelho 
grande que foi reduzindo em tamanho e aumentando em importância 
nos anos que se seguiram. Atualmente somos tão dependentes dele 
que não podemos esquecê-lo em casa, pois a sensação é de que 
deixamos parte de nós mesmos para trás. Ele se tornou parte do corpo. 
Uma extensão ao corpo a que está acoplado. Para ele transferimos 
parte de nossas capacidades. Hoje, por exemplo, poucos de nós têm 
na memória números de telefone. Transferimos essa memória para 
o celular. Este pequeno aparelho guarda todos aqueles telefones que 
antes sabíamos de cor. 
5959 59
A importância desse aparelho é tanta que não dormimos mais sem 
ele ao lado. Ele nos mantém conectados em 100% de nosso tempo. 
Até para o banho o celular agora nos acompanha. E isso é porque 
não adentramos em um campo em que a dependência se torna 
vício e, consequentemente, doença. Falamos apenas do espaço 
em que ainda caminhamos dentro daquilo que convencionamos 
chamar de “normalidade”. Numa leitura social contemporânea, é 
“normal” essa dependência. 
Algumas situações são apontadas como incômodas. Uma situação 
cotidianamente criticada é aquela em que vemos um grupo de amigos 
em uma mesa de restaurante e todos os membros do grupo estão 
absolutamente seduzidos pelas telas de seus celulares. Eles estão e 
não estão juntos naquele ambiente.
Figura 1 – A vida contemporânea se faz 
simultaneamente on-line e off-line
Fonte: elaborado pelo autor.
Há alguns anos tínhamos inúmeras pesquisas sobre a vida humana na 
contemporaneidade que eram divididas entre uma vida on-line e uma 
6060 
vida off-line. Analisávamos o comportamento humano separando-o 
em ambientes off-line como sendo a vida dita “real”, que acontece 
presencialmente, em contatos diretos do sujeito social com o ambiente 
em que vive, e em ambientes on-line, que seria a vida virtual, aquela 
que levamos na relação com as telas no contexto das redes de 
internet. Dizíamos que não era mais possível pensar em olhar o ser 
humano apenas pela vida off-line porque agora a vida on-line ganhava 
importância expressiva em seu cotidiano.
Pesquisas mais recentes falam que não devemos mais separar 
vida on-line de vida off-line como se fossem leituras de duas vidas 
separadas em um único ser humano. O ser humano atual é on e off-
line ao mesmo tempo. Parece uma conversa filosófica, não é? Mas é 
essencial para entendermos o potencial das redes virtuais no campo 
dos estudos da comunicação. Somos parte da rede agora. A rede já 
não pode mais ser considerada uma escolha externa a nós mesmos. 
Sendo parte, estamos mais absorvidos do que nunca por todos os 
textos que ela emana.
Quando falamos sobre isso, estamos falando de uma outra 
dependência para além do aparelho celular, é a dependência da 
internet. Precisamos estar conectados como se, ao escolher não estar 
na rede, estivéssemos perdendo fatos, experiências e momentos 
imprescindíveis. A sensação de estarmos fora do ar pela falta de um 
sinal é quase a mesma sensação de estarmos perdendo algo. Este 
também é um comportamento novo e que vem sendo estudado por 
pesquisadores do campo. A internet nos traz a constante sensação de 
algo que passou pelos vãos dos dedos e que, ao fazer uma escolha, 
abrimos mão de outras tantas que poderiam ser até melhores. Essa 
sensação de sermos insaciáveis é natural, mas se potencializa com a 
relação em rede porque agora estamos o tempo todo sendo incitados a 
estar em algum lugar e, na rede, essa sensação é sempre a de que esse 
“lugar” não é onde “estamos agora”. Queremos sempre o outro lugar.
6161 61
PARA SABER MAIS
A “sensação de estarmos perdendo algo” é um 
comportamento da vida contemporânea que vem sendo 
estudado por vários especialistas. A este fenômeno eles 
deram o nome de “FOMO”, sigla em inglês que se origina do 
termo “Fear of Missing Out” (que significa “medo de perder 
alguma coisa”) e tem sido campo de contínuos estudos.
Podemos voltar novamente aos filmes de ficção científica. Eles nos 
mostravam um futuro em que poderíamos ser “onipresentes” e estar 
em mais de um lugar ao mesmo tempo. Este futuro se faz presente. 
Os filmes viraram uma representação simbólica de uma realidade 
que se dá por meio das telas. Hoje estamos em vários ambientes ao 
mesmo tempo e, quando não mais se separa vida on-line e off-line, 
somos nós mesmos presentes na rede social (interagindo, postando ou 
compartilhando), na vida presencial, numa conversa privada com um 
amigo ou um grupo, em programas de mensagem instantânea.
Nesse contexto, voltamos a algumas teorias como a que alguns 
sociólogos chamam de “não lugar”. Há lugares no cotidiano em que 
estamos sem estar. A rua seria um exemplo de um “não lugar”. Passamos 
pela rua, mas geralmente não estamos nela. O corpo passa. A cabeça 
está em outro lugar e, com o suporte dos dispositivos tecnológicos, isso 
se torna ainda mais fácil. Aeroportos, rodoviárias e espaços de passagem 
são também exemplos de não lugares. Estamos sem estar.
Outro exemplo de dependência é a relação que criamos em um 
ambiente privado com a televisão e com o computador. Quantos 
de nós, ao chegar em casa, temos como primeira ação, ao adentrar 
pela porta da rua, ligar a televisão e o computador? Muitos. Talvez a 
maioria de nós. É um comportamento quase automático. É como se 
precisássemos desses

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