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Estudo de Caso III Foi protocolada denúncia no CRF-GO referente ao óbito de uma paciente após a ingestão de medicamento de baixo índice terapêutico, manipulado em uma farmácia. Após a investigação, foi possível constatar que o óbito decorreu da intoxicação causada pelo medicamento, em razão da dosagem muito acima dos níveis suportados pelos seres humanos. Na receita, o medicamento estava prescrito como clonidina 30 cápsulas de 35 μg (1 por dia durante 30 dias). Em razão da letra ininteligível constante na receita médica, o medicamento foi manipulado na dosagem de 35 mg cada cápsula. A manipulação ocorreu fora do horário de trabalho do responsável técnico e foi realizada por uma estagiária. Identifique as possíveis irregularidades ocorridas no caso acima, apontando os procedimentos inadequados, possíveis erros e responsabilidades do farmacêutico, com base na legislação profissional: Resolução CFF nº 596/14; Resolução CFF nº 357/01; RDC Anvisa nº 67/07. Resolução: No caso á farmacêutica em questão precisa lidar com uma denúncia, que chegou até o CRF, sobre o uso de um medicamento manipulado o qual apresentava alteração na dose e que provocou a morte de uma paciente. Juntamente com a fatalidade da situação, observamos alguns fatores que podem ser agravantes do caso, como a manipulação fora do horário de trabalho do farmacêutico responsável, realizada por estagiária, sem a devida supervisão. Além da manipulação de um medicamento para o qual a indicação da dose estava com letra ininteligível. Devido a esses fatores, podemos relacionar as seguintes irregularidades, que, por sua vez, podem ter outros desdobramentos, de acordo com a discussão do grupo e o nível de aprofundamento jurídico. De acordo com a Resolução nº 596/2014, que dispõe sobre o Código de Ética Farmacêutica (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2014), observam-se as infrações cometidas pelo descumprimento dos seus artigos: 2º, 3º, 4º, dos itens VII, IX, e XI do artigo 12, dos itens IV, XVIII e XX do artigo 14. Levando em consideração a Resolução nº 357/2001 (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2001), que dispõe sobre as Boas Práticas de Farmácia, podem ser elencadas as infrações cometidas pelo descumprimento dos artigos 7º, 8º; a não observância do artigo 10; o descumprimento dos artigos 19, 44, 45, 46 e 50. Podem ser relacionadas, ainda, irregularidades no cumprimento da RDC nº 67/2007 (ANVISA, 2007) que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais, além do Código Penal. Diante desse cenário, pode-se trabalhar com algumas possibilidades de penas aplicadas. Caso tenha sido a primeira infração e submissão à comissão de ética do CRF, valem os enquadramentos feitos pelo código de ética e outras leis em vigor. Considerando que o profissional possa ser enquadrado pela Resolução nº 596/2014 do Código de Ética Farmacêutica (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2014), nos itens e artigos citados anteriormente, observa-se uma falta grave (art. 9º do Anexo III da Resolução nº 596/2014) e duas medianas (art. 8º do Anexo III da Resolução nº 596/2014). De acordo com a defesa realizada, pode-se definir uma pena correspondente à infração maior (no caso, é uma infração grave) e considerar as outras infrações, ou não, ou até como agravantes, gerando uma suspensão de três meses do exercício profissional, com ou sem multa de um a três salários mínimos regionais, previstos para infrações medianas. Caso ocorra reincidência nas infrações, a pena aplicada é aumentada de acordo com o Código de Ética Farmacêutica.
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