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Capítulo 23: Lei de Gauss A lei de Gauss considera uma superfície fechada imaginária que envolve uma distribuição de cargas. Esta superfície gaussiana, como é chamada, pode ter qualquer forma, mas a forma que facilita o cálculo do campo elétrico é a que reflete a simetria da distribuição de cargas. A lei de Gauss relaciona os campos elétricos nos pontos de uma superfície gaussiana à carga total envolvida pela superfície. Figura: Uma superfície gaussiana esférica. Se os vetores campo elétrico têm o mesmo módulo e apontam radialmente para fora da superfície em todos os pontos, podemos concluir que existe uma carga positiva no interior da superfície e que essa carga possui simetria esférica. Fluxo Suponha que, como na figura abaixo, uma espira quadrada de área A seja exposta a um vento uniforme cuja velocidade é v. Seja Φ a vazão (volume por unidade de tempo) do ar através da espira. Essa vazão depende do ângulo θ entre v e o vetor A referente à área do plano da espira. Figura: (a) Um vento uniforme de velocidade v incide perpendicularmente ao plano de uma espira quadrada de área A. (b) A Componente de v perpendicular ao plano da espira é vcosθ, onde θ é o ângulo entre v e uma normal ao plano. (c) O vetor área A é perpendicular ao plano da espira e faz um ângulo θ com v. (d) O campo de velocidades é interceptado pela espira. Definimos o vetor área A como um vetor cujo módulo é igual a área da espira (nesse caso) e cuja a direção é perpendicular ao plano da área. A vazão Φ através da espira é dada por (01) onde θ é o ângulo entre v e A. Esta vazão através de uma área é um exemplo de fluxo; nessa situação, trata-se de um fluxo volumétrico. Exemplo 1: Seja um fluxo de água uniforme com velocidade constante v na direção do eixo y positivo com módulo de 1 m/s e um cubo formado por faces com área A = 1 m2. Qual é o fluxo de água através da superfície (fechada) no cubo abaixo? (01) Fluxo: Fluxo através da superfície: Fluxo de um Campo Elétrico Considere a figura ao lado, que mostra uma superfície gaussiana arbitrária (assimétrica) imersa em um campo elétrico não-uniforme. - Dividir a superfície em pequenos quadrados de área ΔA suficientemente pequenos para que a curvatura local da superfície possa ser desprezada e os quadrados possam ser considerados planos. - Estes elementos de área podem ser - Estes elementos de área podem ser representados por vetores área ΔA cujo o módulo é a área ΔA. - Todos os vetores ΔA são perpendiculares à superfície gaussiana e apontam para fora da superfície. - Como os quadrados são pequenos, o campo elétricos E pode ser considerado constante no interior de cada quadrado. Uma definição provisória do fluxo do campo elétrico para a superfície gaussiana da figura acima é a seguinte: (02) devemos examinar cada quadrado da superfície gaussiana, calcular o produto escalar de cada quadrado e somar algebricamente. O valor do produto escalar determina se o fluxo através do quadrado é positivo, negativo ou nulo. Fazendo a área dos quadrados ΔA tender a zero tornando uma área diferencial dA. O somatório da equação (02) se torna uma integral, e temos, para a definição de fluxo elétrico:para a definição de fluxo elétrico: (03) O círculo no sinal de integral indica que a integração deve ser realizada para uma superfície fechada. O fluxo do campo elétrico é um escalar, e sua unidade no SI é o N·m2/C. O fluxo elétrico através de uma superfície gaussiana é proporcional ao número de linhas de campo elétrico que atravessam a superfície. Exemplo 2: A figura abaixo mostra uma superfície gaussiana com a forma de um cilindro de raio R imersa em um campo elétrico uniforme E, com o eixo do cilindro paralelo ao campo elétrico. Qual é o fluxo Φ do campo elétrico através desta superfície fechada? Figura: Uma superfície gaussiana cilíndrica, fechada pelos planos das bases, imersa em um campo elétrico uniforme. O eixo do cilindro é paralelo à direção do campo. x Exemplo 3: Um campo elétrico não uniforme dado por Esse campo atravessa o cubo gaussiano que aparece na figura abaixo. Qual é o fluxo elétrico na face direita, na face esquerda e na face superior do cubo? Figura: Um cubo gaussiano, com uma aresta sobre o eixo x, imerso em um campo elétrico não-uniforme. a) Face direita: b) Face esquerda: c) Face superior: Lei de Gauss A lei de Gauss relaciona o fluxo total Φ de um campo elétrico através de uma superfície fechada (superfície gaussiana) à carga total qenv que é envolvida por esta superfície: (04) Usando a definição de fluxo, podemos escrever a lei de Gauss na seguinte forma: (05)(05) a total qenv é a soma algébrica de todas as cargas positivas e negativas envolvidas pela superfície gaussiana e pode ser positiva, negativa ou nula. Se qenv é positiva, o fluxo é para fora; se qenv é negativa, o fluxo é para dentro. A carga do lado de fora da superfície não é incluída no termo qenv da lei de Gauss. Superfície S1: O campo elétrico aponta para fora em todos os pontos da superfície; o fluxo do campo elétrico através desta superfície é positivo. Superfície S2: O campo elétrico aponta para dentro em todos os pontos da superfície; o fluxo do campo elétrico é negativo. Superfície S : Esta superfície não envolve Superfície S3: Esta superfície não envolve nenhuma carga; o fluxo do campo elétrico através desta superfície deve ser nulo. Superfície S4: A carga total envolvida por esta superfície é nula; o fluxo do campo elétrico através desta superfície deve ser zero. Exemplo 4: A figura abaixo mostra cinco pedaços de plástico eletricamente carregados e uma moeda neutra. A figura mostra também uma superfície gaussiana S vista de perfil. Qual é o fluxo elétrico que atravessa a superfície S se q1 = q4 = 3,1 nC, q2 = q5 = -5,9 nC e q3= -3,1 nC? Figura: Cinco pedaços de plástico eletricamente carregados e uma moeda neutra. Uma superfície gaussiana, vista de perfil, envolve três dos pedaços de plástico e a moeda. Exemplo 5: A figura abaixo mostra uma carga pontual positiva q envolvida por uma superfície gaussiana esférica concêntrica de raio r. Demonstre a lei de Coulomb a partir da lei de Gauss. Figura: Uma superfície gaussiana esférica com centro em uma carga pontual q. A partir da lei de Gauss: Um condutor Carregado A lei de Gauss permite demonstrar um teorema importante a respeito dos condutores: Se uma carga em excesso é introduzida em um condutor, a carga se concentra na superfície do condutor; o interior do condutor continua a ser neutro. Equilíbrio estático. Um condutor Carregado com uma Cavidade Interna Como E = 0 no interior do condutor, não existe carga em excesso na superfície da cavidade interna; toda a carga em excesso permanece na superfície externa do condutor. O Campo Elétrico Externo Exemplo 6: Entretanto, o campo elétrico próximo à superfície de um condutor pode ser determinado com facilidade usando a lei de Gauss. Para isso, consideramos uma região da superfície suficientemente pequena para que possamos desprezar a curvatura e usamos um plano para representar a região (E é constante). O E é proporcional à densidade de cargas superficiais do condutor. Exemplo 7: A figura abaixo mostra uma seção reta de uma casca metálica esférica de raio interno R. Uma carga pontual de -5 μC está situada a uma distância R/2 do centro da casca. Se a casca é eletricamente neutra, quais são as cargas (induzidas) na superfície interna e na superfície externa? Qual é a configuração do campo elétrico do lado de dentro e do lado de fora da casca? Superfície interna: 5 μC , a carga envolvida é zero. Superfície externa: -5 μC . Do lado de dentro da casca: a configuração de linhas de campo elétrico é assimétrica por causa da assimetria da distribuição de carga positiva. Do lado de fora: as linhas de campo elétrico é simétrica, radialmente para dentro, como se a carga pontual estivesse no centro da casca. Esta configuração do campoelétrico externo à casca, é a mesma para qualquer posição da carga pontual no interior da casca. Aplicando a Lei de Gauss: Simetria Cilíndrica Uma barra de plástico cilíndrica de comprimento infinito com uma densidade linear uniforme de cargas positivas λ. Exemplo 8: Vamos obter uma expressão para o módulo do campo elétrico E a uma distância r do eixo da barra. A superfície gaussiana escolhida deve ter a mesma simetria da carga, foi escolhido um cilindro circular de raio r e altura h, coaxial cilindro circular de raio r e altura h, coaxial com a barra. Como 2πr é a circunferência do cilindro e h é a altura, a área A da superfície lateral é 2πr·h. O fluxo de E através dessa superfície é O fluxo através das bases do cilindro é zero porque E é paralelo aos planos das bases, ou seja, perpendicular aos vetores A. é o E produzido por uma reta de carga infinitamente longa em um ponto situado a distância r da reta. Aplicando a Lei de Gauss: Simetria Planar Placa Não condutora Exemplo 9: A figura mostra uma parte de uma placa fina, infinita, não condutora, com uma densidade superficial de cargas positivas σ. Uma folha de plástico, com uma das superfícies uniformemente carregada, pode ser um bom modelo. Vamos calcular o campo elétrico E a uma distância r da placa. Duas Placas Condutoras Exemplo 10: A figura (a) mostra uma vista de perfil de uma placa condutora, fina, infinita, com excesso de cargas positivas na sua superfície. (c) Como as placas são condutoras, quando as aproximamos as cargas em excesso de uma placa atraem as cargas em excesso da outra, e todas as cargas em excesso se concentram nas superfícies internas das placas. Agora a quantidade de cargas é duas vezes maior nas superfícies internas. O campo elétrico do lado de fora das placas é zero. Aplicando a Lei de Gauss: Simetria Esférica Uma casca uniforme de cargas atrai ou repele uma partícula carregada situada ao lado de fora da casca como se toda a carga da casca estivesse situada no centro. Se uma partícula carregada está situada no interior de uma casca uniforme de cargas a casca não exerce nenhuma força eletrostática sobre a partícula. - S2 Casca esférica, campo em r ≥ R: - S1 Casca esférica, campo em r < R: Distribuição esférica, campo em r ≥ R: Distribuição esférica, campo em r < R: Distribuição uniforme de cargas:
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