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Modelagem de Máquinas Elétricas 18 18 resultante (devido ao maior fluxo no interior do vórtice). Quanto maior a tensão induzida, maior será o fluxo de corrente resultante e, portanto, maiores serão as perdas do tipo I2R. Por outro lado, quanto maior a resistividade do material em que as correntes fluem, menor será o fluxo de corrente para uma dada tensão induzida no vórtice. Esses fatos possibilitam duas abordagens possíveis para reduzir as perdas por corrente parasita em um transformador ou máquina elétrica. Se um núcleo ferromagnético, submetido a um fluxo magnético alternado, for dividido em muitas camadas ou lâminas delgadas, então o tamanho máximo de um vórtice de corrente será reduzido, resultando uma tensão induzida menor, uma corrente menor e perdas menores. Essa redução é grosseiramente proporcional à espessura dessas lâminas, de modo que as mais finas são melhores. O núcleo é construído com muitas lâminas em paralelo. Uma resina isolante é usada entre elas, limitando os caminhos das correntes parasitas a áreas muito pequenas. Como as camadas isolantes são extremamente finas, há uma diminuição das perdas por correntes parasitas e um efeito muito pequeno sobre as propriedades magnéticas do núcleo. A segunda abordagem para reduzir as perdas por correntes parasitas consiste em aumentar a resistividade do material do núcleo. Frequentemente, isso é feito pela adição de um pouco de silício ao aço do núcleo. Para um dado fluxo, se a resistência do núcleo for mais elevada, então as correntes e as perdas I2R serão menores. Para controlar as correntes parasitas, podem-se usar lâminas ou materiais de alta resistividade. Em muitos casos, ambas as abordagens são utilizadas. Em conjunto, elas podem reduzir as perdas devido às correntes parasitas a tal ponto que se tornam muito inferiores às perdas por histerese no núcleo. 1.1.2.3 PRODUÇÃO DE FORÇA INDUZIDA EM UM CONDUTOR Um segundo efeito importante de um campo magnético no seu entorno é que ele induz uma força em um fio que esteja conduzindo uma corrente dentro do campo. O conceito básico envolvido está ilustrado na figura 1.9. A figura mostra um condutor que está presente no interior de um campo magnético uniforme de densidade de fluxo B, que aponta para dentro da página. O condutor tem 𝑙 metros Modelagem de Máquinas Elétricas 19 19 de comprimento e conduz uma corrente de i Ampères. A força induzida no condutor é dada por 𝐹 = i 𝑙 B sen (1.22) em que é o ângulo entre o fio condutor e o vetor densidade de fluxo. Figura 1.9: Fio condutor de corrente na presença de um campo magnético. A indução de uma força em um fio condutor por uma corrente na presença de um campo magnético é o fundamento da chamada ação de motor. Quase todo tipo de motor depende desse princípio básico para produzir as forças e conjugados que o colocam em movimento. 1.1.2.4 TENSÃO INDUZIDA EM UM CONDUTOR QUE SE DESLOCA DENTRO DE UM CAMPO MAGNÉTICO Há uma terceira forma importante pela qual um campo magnético interage com seu entorno. Se um condutor estiver orientado adequadamente e se deslocando dentro de um campo magnético, então uma tensão será induzida nele. Essa ideia é apresentada na figura 1.10. A tensão induzida no condutor é dada por Eind = (v x B) x 𝒍 (1.23) em que v - velocidade do condutor; B - vetor densidade de fluxo magnético; 𝒍 - comprimento do condutor dentro do campo magnético. O vetor 𝒍 tem a mesma direção do condutor e aponta para a extremidade que faz o menor ângulo com o vetor v x B. A tensão no condutor é produzida de modo que o polo positivo aponta no mesmo sentido do vetor v x B. Figura 1.10: Condutor movendo-se na presença de um campo magnético. 1.2 CONCEITOS ELEMENTARES DE MÁQUINAS ELÉTRICAS A equação e = d/dt (equação 1.20), pode ser usada para determinar as tensões induzidas por campos magnéticos variáveis no tempo. A conversão Modelagem de Máquinas Elétricas 20 20 eletromagnética de energia ocorre quando surgem alterações no fluxo concatenado decorrentes do movimento mecânico. Nas máquinas rotativas, as tensões são geradas nos enrolamentos ou grupos de bobinas quando esses giram mecanicamente dentro de um campo magnético, ou quando um campo magnético gira mecanicamente próximo aos enrolamentos, ou ainda quando o circuito magnético é projetado de modo que a relutância varie com a rotação do rotor. Por meio desses métodos, o fluxo concatenado em uma bobina específica é alterado ciclicamente e uma tensão variável no tempo é gerada. Um grupo dessas bobinas, conectadas em conjunto, é referido comumente como enrolamento de armadura. Em geral, o termo enrolamento de armadura de uma máquina rotativa é usado para se referir a um enrolamento ou grupo de enrolamentos que conduzam corrente alternada. Em máquinas CA, tais como as síncronas ou as de indução, os enrolamentos de armadura alojam-se tipicamente na parte estacionária do motor conhecida como estator. Em uma máquina CC, o enrolamento de armadura encontra-se na parte rotativa conhecida como rotor. A figura 1.11 mostra o rotor de uma máquina CC. O enrolamento de armadura de uma máquina CC consiste em muitas bobinas conectadas entre si para formar um laço fechado. Quando o rotor está girando, um contato mecânico rotativo é usado para fornecer corrente ao enrolamento de armadura. Figura 1.11: Armadura de um motor CC. Tipicamente, as máquinas síncronas e CC apresentam um segundo enrolamento (ou conjunto de enrolamentos) que conduz corrente contínua e que é usado para produzir o fluxo principal de operação da máquina. Tal enrolamento é referido tipicamente como enrolamento de campo. O enrolamento de campo em uma máquina CC encontra-se no estator, ao passo que, no caso de uma máquina síncrona, ele é encontrado no rotor, caso em que a corrente deve ser fornecida ao enrolamento de campo por meio de um contato mecânico rotativo. Os imãs permanentes também produzem fluxo magnético constante e, em algumas máquinas, são usados no lugar dos enrolamentos de campo. Na maioria das máquinas rotativas, o estator e o rotor são feitos de aço elétrico e os enrolamentos são instalados em ranhuras alojadas nessas estruturas. O Modelagem de Máquinas Elétricas 21 21 uso de um material como esse, de alta permeabilidade, maximiza o acoplamento entre as bobinas e aumenta a densidade de energia magnética associada à interação eletromecânica. Também permite que o projetista de máquinas consiga dar forma aos campos magnéticos e distribua-os de acordo com as exigências de projeto de cada máquina em particular. O fluxo variável no tempo, presente nas estruturas da armadura dessas máquinas, tende a induzir correntes, conhecidas como correntes parasitas, no aço elétrico. As correntes parasitas podem ser uma grande fonte de perda nessas máquinas e podem reduzir significativamente o seu desempenho. Para minimizar os efeitos das correntes parasitas, a estrutura de armadura é construída tipicamente de chapas delgadas de aço elétrico isoladas entre si. Isso está ilustrado na figura 1.12 em que mostra, para um motor CA, o núcleo do estator sendo construído como um empilhamento ou pacote de chapas individuais. Figura 1.12: Núcleo de estator parcialmente terminado de um motor CA. Em algumas máquinas, tais como máquinas de relutância variável e motores de passo, o rotor não tem enrolamentos. A operação dessas máquinas depende da não uniformidade da relutância de entreferro, associada às variações de posição do rotor, e também das correntes variáveis no tempo que são aplicadas aos seus enrolamentos de estator. Em tais máquinas, tanto as estruturas do estator como as do rotor estão sujeitas a um fluxo magnético variável no tempo e, como resultado, ambas podem necessitar de chapas para reduzir as perdas por correntes parasitas.As máquinas elétricas rotativas assumem diversas formas e são conhecidas por diversos nomes: CC, síncronas, de imã permanente, de indução, de relutância variável, de histerese, sem escovas, etc. Embora essas máquinas aparentem ser bastante diferentes, os princípios físicos que regem o seu comportamento são bastante similares e, frequentemente, é útil pensar nelas em termos de um mesmo ponto de vista físico. Por exemplo, a análise de uma máquina CC mostra que, associada tanto ao rotor como ao estator, há distribuições fixas de fluxo magnético no espaço e que as características de produção de conjugado da máquina CC provêm da tendência desses fluxos a se alinhar entre si. Uma máquina de indução, apesar de muitas diferenças fundamentais, trabalha exatamente de acordo com o mesmo princípio. É possível identificar distribuições de fluxo associadas ao rotor e o Modelagem de Máquinas Elétricas 22 22 estator. Embora não sejam estacionárias, mas estejam na realidade girando em sincronismo, como no motor CC, elas estão distanciadas entre si por uma separação angular constante, e o conjugado é produzido pela tendência dessas distribuições de fluxo a se alinhar entre si. 1.3 ÀS MÁQUINAS CA E CC 1.3.1 MÁQUINAS CA As máquinas CA tradicionais classificam-se em duas categorias: síncronas e de indução. Nas máquinas síncronas, as correntes do enrolamento do rotor são fornecidas através de contatos rotativos fixados diretamente na parte estacionária do motor. Nas máquinas de indução, as correntes são induzidas nos enrolamentos do rotor por meio da combinação da variação, no tempo, de correntes no estator e do movimento do rotor em relação ao estator. 1.3.1.1 MÁQUINA SÍNCRONA Uma descrição preliminar do desempenho de uma máquina síncrona pode ser obtida discutindo a tensão induzida na armadura do gerador síncrono CA de polos salientes, muito simplificado, que está mostrado esquematicamente na figura 1.13. O enrolamento de campo dessa máquina produz apenas um par de polos magnéticos (como os de uma barra imantada), e por essa razão essa máquina é referida como máquina de dois polos. Figura 1.13: Vista esquemática de um gerador síncrono monofásico com um único enrolamento e dois polos. Com raras exceções, o enrolamento de armadura de uma máquina síncrona localiza-se no estator, e o enrolamento de campo, no rotor, esse também é o caso da máquina simplificada na figura 1.13. O enrolamento de campo é excitado por uma corrente contínua, que é levada até ele por meio de escovas estacionárias de carvão que fazem contato com anéis coletores ou anéis deslizantes girantes. Usualmente, essa disposição para os dois enrolamentos é ditada por fatores de ordem prática: é Modelagem de Máquinas Elétricas 23 23 vantajoso ter o enrolamento de campo, único e de baixa potência, no rotor e o enrolamento de armadura, de potência elevada e geralmente polifásico, no estator. O enrolamento de armadura consiste aqui em uma única bobina com N espiras. Está mostrada por meio de uma vista transversal dos seus lados a e –a que estão alojados em ranhuras estreitas, diametralmente opostas, localizadas na periferia interna do estator da figura 1.13. Os condutores que formam esses lados da bobina são paralelos ao eixo da máquina e são ligados em série por terminais de conexão (não mostrados na figura). O rotor é girado a velocidade constante a partir de uma fonte de potência mecânica conectada ao seu eixo. Supõe-se que o enrolamento de armadura esteja em circuito aberto e, portanto, o fluxo dessa máquina será produzido apenas pelo enrolamento de campo. Os caminhos de fluxo estão mostrados esquematicamente por linhas tracejadas na figura 1.13. Em uma análise altamente idealizada dessa máquina, será assumido que a distribuição do fluxo magnético no entreferro é senoidal. A distribuição radial resultante da densidade de fluxo B está mostrada na figura 1.14, item a) como função do ângulo espacial a (medição em relação ao eixo magnético do enrolamento de armadura) ao longo da periferia do rotor. Na prática, moldando-se as faces dos polos de forma adequada, pode-se conseguir que a densidade de fluxo, no entreferro de máquinas reais de polos salientes, esteja muito próxima de uma distribuição senoidal. Figura 1.14: a) Distribuição espacial da densidade de fluxo e b) a forma de onda correspondente da tensão gerada no gerador monofásico da figura 1.13. A medida que o rotor gira, o fluxo concatenado do enrolamento de armadura varia no tempo. Tendo em vista as suposições de distribuição senoidal da densidade de fluxo e de velocidade constante do rotor, a tensão resultante na bobina será senoidal no tempo, como está mostrado na figura 1.14, item b). A tensão da bobina passa por um ciclo completo a cada revolução da máquina de dois polos da figura 1.13. Sua frequência em ciclos por segundo (Hz) é a mesma que a velocidade do rotor em rotações por segundo: a frequência elétrica da tensão gerada está sincronizada com a velocidade mecânica; sendo essa a razão para a expressão máquina síncrona. Assim, uma máquina síncrona de dois polos deve girar a 3.600 rotações por minuto para produzir uma tensão de 60 Hz. Modelagem de Máquinas Elétricas 24 24 Um número bem elevado de máquinas síncronas tem mais de dois polos. Como exemplo específico, a figura 1.15 mostra esquematicamente um gerador monofásico de quatro polos. As bobinas de campo estão ligadas de modo que os polos tenham polaridades alternadas. Há dois comprimentos de onda completos, ou ciclos, na distribuição de fluxo ao longo da periferia, como se mostra na figura 1.16. O enrolamento de armadura consiste agora em duas bobinas a1, -a1, a2, -a2 ligadas em série pelos seus terminais de conexão. A cada bobina corresponde um comprimento de onda de fluxo. Agora a tensão gerada passa por dois ciclos completos a cada revolução do rotor. A frequência em Hertz será assim o dobro da velocidade em rotações por segundo. Figura 1.15: Vista esquemática de um gerador simples, síncrono, monofásico e de quatro polos. Figura 1.16: Distribuição espacial da densidade de fluxo de entreferro em um gerador síncrono ideal de quatro polos. Quando uma máquina tem mais de dois polos, é conveniente concentrar-se em apenas um par de polos e assegurar-se de que as condições elétricas, magnéticas e mecânicas associadas aos demais pares de polos sejam repetições das do par considerado. Por essa razão, é conveniente expressar os ângulos em graus elétricos ou radianos elétricos em vez de unidades mecânicas. Um par de polos em uma máquina de múltiplos polos, ou um ciclo de distribuição de fluxo, é igual a 360º elétricos ou 2 𝜋 radianos elétricos. Por exemplo, como há polos/2 comprimentos de onda, ou ciclos, a cada revolução completa, resulta, que ae = ( 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 2 ) a (1.24) em que ae é o ângulo em unidades elétricas e a é o ângulo espacial. Essa mesma relação aplica-se a todas as medidas angulares de uma máquina de múltiplos polos; seus valores em unidades elétricas serão iguais a (polos/2) vezes seus valores espaciais reais. A tensão de uma bobina de uma máquina de múltiplos polos passa por um ciclo completo toda vez que um par de polos passa pela bobina ou (polos/2) vezes a cada revolução. A frequência elétrica 𝑓e da tensão gerada em uma máquina síncrona é, portanto, Modelagem de Máquinas Elétricas 25 25 𝑓e = ( 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 2 ) 𝑛 60 (Hz) (1.25) em que n é a velocidade mecânica em rotações por minuto, e, portando, n / 60 é a velocidade em rotações por segundo. A frequência elétrica da tensão gerada em radianos por segundo é c = (polos /2) m, em que m é a velocidade mecânica em radianos por segundo. Os rotores mostrados nas figuras 1.13 e 1.15 tem polos salientes com enrolamentos concentrados. A figura 1.17mostra esquematicamente um rotor de polos não salientes, referidos também como cilíndricos ou lisos. O enrolamento de campo é um enrolamento distribuído de dois polos; os lados da bobina estão distribuídos em múltiplas ranhuras ao longo da periferia do rotor e posicionados de modo tal que uma distribuição aproximadamente senoidal de fluxo radial, no entreferro, seja produzida. Figura 1.17: Enrolamento de campo elementar de um rotor cilíndrico de dois polos. A relação entre a frequência elétrica e a velocidade de um rotor, dada pela equação (1.25), pode servir de base para se compreender a razão pela qual alguns geradores síncronos têm rotores com estruturas de polos salientes, ao passo que outros tem rotores cilíndricos. A maioria dos sistemas de potência do mundo operam com frequência de 50 ou 60 Hz. Uma estrutura de polos salientes é característica de geradores hidrelétricos, porque as turbinas hidráulicas operam em velocidades relativamente baixas e, portanto, um número relativamente elevado de polos é necessário para produzir a frequência desejada; a estrutura de polos salientes é mecanicamente melhor adaptada a essa situação. Entretanto, as turbinas a vapor ou a gás operam melhor em velocidades relativamente elevadas. Como consequência, os alternadores acionados por turbina, ou geradores a turbina, são comumente máquinas de rotor cilíndrico de dois ou quatros polos. Os rotores são feitos a partir de uma única peça forjada de aço ou de diversas peças. A maioria dos sistemas de potência do mundo é trifásica e, consequentemente, os geradores síncronos são máquinas trifásicas com pouquíssimas exceções. Para se produzir um conjunto de três tensões defasadas de 120º elétricos no tempo, devem ser usadas no mínimo três bobinas defasadas de 120º elétricos no espaço. Uma vista esquemática simplificada de uma máquina Modelagem de Máquinas Elétricas 26 26 trifásica de dois polos, com uma bobina por fase, está mostrada na figura 1.18, item a). As três fases são indicadas pelas letras a, b e c. em uma máquina elementar de quatro polos, um mínimo de dois conjuntos de bobinas como esse devem ser usados, como se ilustra na figura 1.18, item b); em uma máquina elementar com múltiplos polos, o número mínimo de conjunto de bobinas é dado pela metade do número de polos. Figura 1.18: Vistas esquemáticas de geradores trifásicos: a) dois polos, b) quatro polos e c) ligação em Y dos enrolamentos. As duas bobinas de cada fase da figura 1.18, item b) são conectadas em série de modo que suas tensões sejam somadas, e as três fases podem então ser ligadas em Y ou em . A figura 1.18, item c) mostra como as bobinas podem ser interligadas para formar uma ligação em Y. No entanto, observa-se que, como as tensões de cada fase são idênticas, uma conexão em paralelo também é possível, por exemplo, a bobina (a, -a) em paralelo com a bobina (a’, -a’), e assim por diante. Quando um gerador síncrono fornece potência elétrica a uma carga, a corrente de armadura cria no entreferro uma onda de fluxo magnético que gira na velocidade síncrona. Esse fluxo reage ao fluxo criado pela corrente de campo, resultando um conjugado eletromecânico a partir da tendência desses dois campos magnéticos a se alinhar entre si. Em um gerador, esse conjugado opõe-se à rotação, e então um conjugado mecânico deve ser aplicado a partir do acionador mecânico primário para que o rotação seja mantida. Esse conjugado eletromecânico é o mecanismo através do qual o gerador síncrono converte energia mecânica em elétrica. Por outro lado, um gerador síncrono pode funcionar também como motor síncrono. Uma vista em corte longitudinal de um motor trifásico síncrono de 60 Hz está mostrada na figura 1.19. Uma corrente alternada é aplicada ao enrolamento de armadura do estator, e uma excitação CC, ao enrolamento de campo do rotor. O campo magnético produzido pelas correntes de armadura gira em velocidade síncrona. Para produzir um conjugado eletromecânico constante, os campos magnéticos do estator e do rotor devem ser constantes em amplitude e estacionários um em relação ao outro. Em um motor síncrono, a velocidade de regime permanente é determinada pelo número de polos e pela frequência da corrente de armadura. Modelagem de Máquinas Elétricas 27 27 Portanto, um motor síncrono, operado a partir de uma fonte CA de frequência constante, funciona com velocidade constante em regime permanente. Figura 1.19: Vista em corte longitudinal de um motor síncrono de alta velocidade. A excitatriz mostrada no lado esquerdo do rotor é um pequeno gerador CA com um conjunto rotativo de retificares semicondutores acoplado ao eixo. Em um motor, o conjugado eletromecânico tem o sentido da rotação e contrabalança o conjugado oposto necessário para movimentar a carga mecânica. O fluxo produzido pelas correntes, na armadura de um motor síncrono, gira à frente do fluxo produzido pelo campo. Portanto, arrasta esse último (e consequentemente o rotor) fazendo trabalho. O oposto ocorre em um gerador síncrono, no qual o campo faz trabalho quando seu fluxo arrasta o da armadura, que vem atrás. Tanto em geradores como em motores, são produzidos um conjugado eletromecânico e uma tensão rotacional. Esses são os fenômenos essenciais da conversão eletromecânica de energia. 1.3.1.2 MÁQUINA DE INDUÇÃO Um segundo tipo de máquina CA é a máquina de indução. Como na máquina síncrona, o enrolamento do estator de uma máquina de indução é excitado com correntes alternadas. Contrastando com uma máquina síncrona, na qual o enrolamento de campo é excitado com corrente CC, correntes alternadas fluem nos enrolamentos do rotor de uma máquina de indução. Nas máquinas de indução, as correntes alternadas são aplicadas diretamente aos enrolamentos do estator e, então, correntes no rotor são produzidas por indução, isto é, por ação de transformador. Desse modo, a máquina de indução pode ser vista como um transformador generalizado em que potência elétrica é transformada entre o rotor e o estator, juntamente com uma mudança de frequência e um fluxo de potência mecânica. Embora o motor de indução seja o mais comum de todos os motores, raramente é usado como gerador, pois as suas características de desempenho como gerador, na maioria das aplicações, não são satisfatórias. No entanto, em anos recentes tem-se constatado que ele é bem adequado em aplicações envolvendo energia eólica. A máquina de indução também pode ser usada como conversor de frequência. Modelagem de Máquinas Elétricas 28 28 No motor de indução, os enrolamentos de estator são essencialmente os mesmos do motor síncrono. Entretanto, os enrolamentos de rotor são eletricamente curto-circuitados e frequentemente não tem conexões externas; as correntes são induzidas por ação de transformador. Uma vista em corte longitudinal de um motor de indução do tipo gaiola de esquilo está mostrada na figura 1.20. Aqui, os enrolamentos são na realidade barras sólidas de alumínio que são fundidas nas ranhuras do rotor e colocadas em curto-circuito por anéis de alumínio fundido localizados em cada extremidade do rotor. Esse tipo de construção de rotor resulta em motores de indução que são relativamente baratos e altamente confiáveis, fatores esses que contribuem à sua imensa popularidade e ampla aplicação. Figura 1.20: Vista em corte longitudinal de um motor de indução do tipo gaiola de esquilo. Como em um motor síncrono, o fluxo de armadura do motor de indução adianta-se em relação ao do rotor e produz em conjugado eletromecânico. De fato, como na máquina síncrona, vê-se que há um sincronismo entre os fluxos do rotor e do estator, quando esses giram, e que o conjugado está relacionado com o deslocamento relativo entre eles. Diferentemente de uma máquina síncrona, entretanto, o rotor em si deuma máquina de indução não gira em sincronismo; há um escorregamento do rotor em relação ao fluxo síncrono da armadura, dando origem às correntes induzidas no rotor e, portanto, ao conjugado. Os motores de indução operam em velocidades inferiores à velocidade mecânica síncrona. Uma curva característica típica de velocidade versus conjugado para um motor de indução está mostrada na figura 1.21. Figura 1.21: Curva característica de velocidade versus conjugado de um motor de indução típico. 1.3.2 MÁQUINA CC O enrolamento de armadura de um gerador CC está no rotor com a corrente saindo dele por meio de escovas de carvão. O enrolamento de campo está no estator e é excitado por corrente contínua. Uma vista em corte longitudinal de um motor CC está mostrada na figura 1.22. Figura 1.22: Vista em corte longitudinal de um típico motor CC de potência elevada. Modelagem de Máquinas Elétricas 29 29 Um gerador CC de dois polos muito elementar está mostrado na figura 1.23. O enrolamento de armadura, consistindo em uma única bobina de N espiras, está indicado pelos dois lados da bobina a e –a colocados em pontos diametralmente opostos sobre o rotor com os condutores paralelos ao eixo. O rotor gira normalmente a velocidade constante a partir de uma fonte de potência mecânica conectada ao eixo. Usualmente, a distribuição de fluxo no entreferro aproxima-se de uma onda de picos achatados, ao invés da onda senoidal encontrada nas máquinas CA, como se mostra na figura 1.24, item a). A rotação da bobina gera uma tensão de bobina que é uma função de tempo, tendo a mesma forma que a onda de distribuição da densidade de fluxo espacial. Figura 1.23: Máquina CC elementar com comutador. Figura 1.24: a) Distribuição espacial da densidade de fluxo no entreferro de uma máquina CC elementar; b) forma de onda da tensão entre as escovas. Embora o propósito final seja a geração de uma tensão contínua, a tensão induzida em uma bobina individual de armadura é uma tensão alternada que, portanto, deve ser retificada. A tensão de saída de uma máquina CA pode ser retificada usando retificadores semicondutores externos. Isso é diferente da máquina CC convencional, na qual a retificação é produzida mecanicamente por meio de um comutador. Esse é um cilindro formado de segmentos de cobre isolados entre si por mica, ou algum outro material altamente isolante, e montado, mas isolado, sobre o eixo do rotor. Escovas estacionárias de carvão, mantidas apoiadas contra a superfície do comutador, conectam o enrolamento aos terminais externos da armadura. O comutador e as escovas podem ser vistos facilmente na figura 1.22. A necessidade de comutação é a razão pela qual os enrolamentos de armadura das máquinas CC são colocados no rotor. No caso do gerador CC elementar, o comutador assume a forma mostrada na figura 1.23. Para o sentido de rotação mostrado, o comutador em qualquer instante conecta o lado da bobina que está próximo ao polo sul à escova positiva, e o que está próximo ao polo norte, à escova negativa. O comutador executa uma retificação de onda completa, transformando a forma de onda de tensão, presente entre as Modelagem de Máquinas Elétricas 30 30 escovas, na forma de onda da figura 1.24, item b), e tornando disponível uma tensão unipolar para o circuito externo. O efeito da corrente contínua no enrolamento de campo de uma máquina CC é a criação de uma distribuição de fluxo magnético estacionária em relação ao estator. De modo similar, o efeito do comutador é tal que, quando uma corrente contínua flui através das escovas, a armadura cria uma distribuição de fluxo magnético que também é fixa no espaço e cujo eixo, determinado pelo projeto da máquina e pela posição das escovas, é tipicamente perpendicular ao eixo do fluxo de campo. Assim, exatamente como nas máquinas CA, é a interação dessas duas distribuições de fluxo que cria o conjugado da máquina CC. Se a máquina estiver atuando como gerador, esse conjugado opõe-se à rotação. Se estiver atuando como motor, o conjugado eletromecânico atua no sentido da rotação. 1.4 FMM DE ENROLAMENTOS DISTRIBUÍDOS A maioria das armaduras tem enrolamentos distribuídos, isto é, enrolamentos que se estendem por diversas ranhuras ao redor da periferia do entreferro. As bobinas individuais são conectadas entre si de modo que resulte um campo magnético com o mesmo número de polos que o enrolamento de campo. Os campos magnéticos dos enrolamentos distribuídos podem ser analisados examinando-se o campo produzido por um enrolamento que tenha uma única bobina de N espiras compreendendo 180º elétricos, como se mostra na figura 1.25, item a). Uma bobina que se estende por 180º elétricos é conhecida como bobina de passo pleno. Os pontos e cruzes indicam fluxos de corrente que se aproximam ou se afastam de um observador, respectivamente. Por simplicidade, o rotor cilíndrico mostrado é concêntrico. As linhas tracejadas da figura 1.25, item a) mostram, de forma genérica, a natureza do campo magnético produzido pela corrente na bobina. Como as permeabilidades do ferro da armadura e do campo são muito maiores que a do ar, pode-se supor com exatidão suficiente que toda a relutância do circuito magnético encontra-se no entreferro. Pela simetria da estrutura, é evidente que a intensidade do campo magnético Hg de entreferro na posição angular a, sob um dos polos, é a mesma em módulo que aquela localizada no ângulo a + 𝜋, sob o polo oposto. Entretanto, os campos apresentam sentidos opostos. Modelagem de Máquinas Elétricas 31 31 Figura 1.25: a) Vista esquemática do fluxo produzido por um enrolamento concentrado de passo pleno em uma máquina de entreferro uniforme. b) a fmm produzida no entreferro por uma corrente nesse enrolamento. Ao longo de qualquer dos caminhos fechados, mostrados pelas linhas de fluxo da figura 1.25, item a) a fmm é N i. A suposição de que toda a relutância do circuito magnético esteja no entreferro leva ao resultado de que a integral de linha H dentro do ferro é muito pequena, podendo ser desprezada. Assim, é razoável desprezarmos as quedas de fmm que ocorrem nas partes do circuito magnético que estão dentro do ferro. Por simetria, podemos argumentar que os campos Hg no entreferro nos lados opostos do rotor são iguais em módulo mas opostos em sentido. Segue-se que a fmm no entreferro deve estar distribuída de modo uniforme. Como cada linha de fluxo cruza o entreferro duas vezes, a queda de fmm no entreferro deve ser igual à metade do total ou N i / 2. A figura 1.25, item b) mostra o entreferro e o enrolamento em forma desenvolvida, isto é, dispostos em forma plana. A distribuição da fmm no entreferro é mostrada pela distribuição de amplitude N i / 2, semelhante a degraus. Supondo que as aberturas das ranhuras sejam estreitas, a fmm faz um salto abrupto de N i ao passar de um lado a outro da bobina. 1.4.1 MÁQUINAS CA A análise de Fourier pode mostrar que a fmm produzida no entreferro por uma única bobina como a de passo da figura 1.25, consiste em uma componente espacial harmônica fundamental mais uma série de componentes harmônicas de ordem mais elevada. No projeto de máquinas CA, muitos esforços são feitos para distribuir as bobinas construindo-se os enrolamentos de modo a minimizar as componentes harmônicas de ordem mais elevada e a produzir uma fmm de entreferro, que é constituída predominantemente pela componente espacial fundamental senoidal. A onda retangular da fmm de entreferro da bobina concentrada de dois polos e passo pleno da figura 1.25, item b) pode ser decomposta em uma série de Fourier, compreendendo uma componente fundamental e uma série de harmônicas ímpares. A componente fundamental 𝐹g1 é Modelagem de Máquinas Elétricas 32 32 𝐹g1 = 4 𝜋 ( 𝑁 𝑖 2 ) cos a (1.26) em que a é medido a partir do eixo magnético da bobina do estator, como mostrado pela senóide tracejada da figura 1.25, item b). É uma onda senoidal espacial de amplitude (𝐹g1) pico = 4 𝜋 ( 𝑁 𝑖 2 ) (1.27) com seu pico alinhado com o eixo magnético da bobina. Agora, considera-se um enrolamento distribuído, consistindo em bobinas distribuídas por diversas ranhuras. Por exemplo, a figura 1.26, item a) mostra a fase a do enrolamento de armadura de uma máquina CA trifásica de dois polos que foi um tanto simplificada. As fases b e c ocupam as ranhuras vazias. Os enrolamentos das três fases são idênticos e posicionados, tendo os seus eixos magnéticos separados de 120º entre si. Neste momento, vai-se dar atenção apenas à fmm de entreferro da fase a. O enrolamento está disposto em duas camadas. Cada bobina de passo pleno de Nb espiras tem um lado no topo de uma ranhura e o outro lado no fundo de uma ranhura distanciada de um polo. Em máquinas reais, essa disposição de duas camadas simplifica o problema geométrico de se fazer passar as espiras dos terminais das bobinas individuais umas pelas outras. Figura 1.26: A fmm de uma fase de um enrolamento trifásico distribuído de dois polos com bobinas de passo pleno. A figura 1.26, item b) mostra um polo desse enrolamento desenvolvido no plano. Com as bobinas conectadas em série e, desse modo, conduzindo a mesma corrente, a onda de fmm é uma série de degraus de altura 2 Nb ia cada um (igual aos Ampères-espiras na ranhura), onde ia é a corrente de enrolamento. Sua componente fundamental espacial é mostrada pela senóide. Pode-se ver que o enrolamento distribuído produz uma onda que se aproxima mais de uma onda de fmm senoidal do que a bobina concentrada da figura 1.25. A amplitude da componente harmônica fundamental espacial da onda de fmm de um enrolamento distribuído é menor do que a soma das componentes fundamentais das bobinas individuais, porque os eixos magnéticos das bobinas individuais não estão alinhados com a resultante. A forma modificada da equação Modelagem de Máquinas Elétricas 33 33 (1.26) para um enrolamento distribuído de múltiplos polos, tendo Nfase espiras por fase em série é 𝐹g1 = 4 𝜋 ( 𝑘𝑒𝑛𝑟 𝑁𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 ) ia cos ( 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 2 𝑎) (1.28) em que o fator 4/𝜋 surge da análise da série de Fourier da onda retangular da fmm de uma bobina concentrada com passo pleno, como na equação (1.26), e o fator de enrolamento kenr leva em consideração a distribuição do enrolamento. Esse fator é necessário porque as fmm produzidas pelas bobinas individuais de qualquer grupo de uma fase tem eixos magnéticos diferentes. Quando elas são ligadas em série para formar o enrolamento de fase, a sua soma fasorial é então menor do que a soma numérica. Para a maioria dos enrolamentos trifásicos, o valor de kenr está tipicamente no intervalo de 0,85 a 0,95. O fator kenr Nfase é o número efetivo de espiras por fase em série para a fmm fundamental. A amplitude de pico dessa onda de fmm é (𝐹g1) pico = 4 𝜋 ( 𝑘𝑒𝑛𝑟 𝑁𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 ) ia (1.29) A equação (1.28) descreve a componente espacial fundamental da onda de fmm produzida pela corrente da fase a de um enrolamento distribuído. Se a corrente da fase a for senoidal no tempo, por exemplo, ia = Im cos t, o resultado será uma onda de fmm que é estacionário no espaço e varia senoidalmente em relação a a e ao tempo. De modo semelhante, frequentemente, os enrolamentos do rotor são distribuídos nas ranhuras para reduzir os efeitos das harmônicas espaciais. A figura 1.27, item a) mostra o rotor de um gerador típico de dois polos e rotor cilíndrico. Embora o enrolamento seja simétrico em relação ao eixo do rotor, o número de espiras por ranhura pode ser variado para controlar as diversas harmônicas. Na figura 1.27, item b) pode ser que há menos espiras nas ranhuras próximas da face do polo. Além disso, pode-se variar o distanciamento entre as ranhuras. Em relação aos enrolamentos distribuídos de armadura, a onda fundamental de fmm no entreferro de um enrolamento de rotor de múltiplos polos pode ser obtida a partir da equação (1.28) em termos do número total Nr de espiras em série, a corrente de enrolamento Ir e um fator de enrolamento kr, obtendo-se Modelagem de Máquinas Elétricas 34 34 𝐹g1 = 4 𝜋 ( 𝑘𝑟 𝑁𝑟 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 ) Ir cos ( 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 2 𝑟) (1.30) em que r é o ângulo espacial medido em relação ao eixo magnético do rotor, como mostrado na figura 1.27, item b). Sua amplitude de pico é (𝐹g1) pico = 4 𝜋 ( 𝑘𝑟 𝑁𝑟 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 ) Ir (1.31) Figura 1.27: A fmm de entreferro do enrolamento distribuído do rotor de um gerador de rotor cilíndrico. 1.4.2 MÁQUINA CC Devido às restrições impostas pelo comutador à colocação do enrolamento, a onda de fmm da armadura de um máquina CC aproxima-se mais da forma de onda em dente de serra do que da forma de onda senoidal das máquinas CA. Por exemplo, a figura 1.28 mostra esquematicamente em corte transversal a armadura de uma máquina CC de dois polos. Na prática, em todas as máquinas CC, com exceção das muito pequenas, um número mais elevado de bobinas e ranhuras seria provavelmente usado. Os sentidos das correntes são mostrados por pontos e cruzes. As conexões da bobina do enrolamento da armadura são tais que esse enrolamento produz um campo magnético cujo eixo é vertical, sendo assim perpendicular ao eixo do enrolamento de campo. À medida que a armadura gira, as conexões entre as bobinas e os circuitos externos são alteradas pelo comutador de modo tal que o campo magnético da armadura permaneça vertical. Assim, o fluxo da armadura está sempre perpendicular ao produzido pelo enrolamento de campo, resultando um conjugado unidirecional contínuo. Figura 1.28: Corte transversal de uma máquina CC de dois polos. A figura 1.29, item a) mostra esse enrolamento desenvolvido no plano. A fmm está mostrada na figura 1.29, item b). Assumindo que as ranhuras sejam estreitas, ela consistirá em uma série de degraus. Supondo-se um enrolamento de duas camadas e bobinas de passo pleno, a altura de cada degrau será igual ao número de Ampères-espiras 2 Nb ib em uma ranhura, em que Nb é o número de espiras em cada bobina e ib é a corrente da bobina. O valor de pico da onda de fmm ocorre na
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